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Semiologia da Pele

Função: Tratamentos já efetuados e conseqüências;


- Proteção contra perdas e injúrias; Periodicidade;
- Produção de estruturas queratinizadas; Ambiente, manejo e hábitos;
- Flexibilidade (permite movimento) e reservatório (de Contactantes; * Ectoparasitos;
água e gordura); EX: há presença de prurido? Se sim, verificar grau de
- Termorregulação e imunoregulação; 1-10. Deve-se medir a presença, intensidade,
- Pigmentação; manifestação e localização.
- Secreção de glândulas sudoríparas e sebáceas; OBS: em casos de doença sistêmica, podem haver
- Produção vitamina D (ativada pelos rins); mais sinais clínicos como hipotireoidismo (animal pouco
- Identificação e percepção. ativo, bradicárdico, obeso sem comer muito) ou
hiperadrenocorticismo/HAC (animal com poliúria,
● Revisão Anatômica e Fisiológica: polidipsia, polifagia).
Lesões Cutâneas: alopecia, prurido, eritema e
Camadas da pele: seborréia.
-Epiderme: é a primeira barreira. Os cães com Nas informações do exame, devem constar:
problemas de pele crônicos têm a pele mais grossa e
escura pela alta produção de melanina. ⟶ Distribuição:
- Localizada (1-3 lesões);
-Derme: é onde ficam as glândulas e folículos do pelo. - Disseminada (até 50%);
Existem fases nos pelos dos cachorros, e é por isso - Generalizada (acima de 50%).
que cães de pelo curto, perdem mais fios – pois as
fases ocorrem mais rapidamente. Essas fases são: ⟶ Topografia: simetria.
- Anágena: crescimento ativo do pelo;
- Catágena: regressão do pelo; ⟶ Profundidade: superficial ou profunda.
- Telógena: quando o pelo morto é empurrado pelo
fio anágeno. ⟶ Configuração:
Aqui também estão localizadas as glândulas perianais, - Circular;
sacos anais e caudal. - Linear;
#SP: quando a glândula caudal é mais desenvolvida nos - Geográfico;
felinos, pode haver a chamada “Cauda de Garanhão”, - Puntiforme.
ocorrendo alopecia e seborréia local.
⟶ Morfologia: lesões elementares
-Hipoderme: região dos adipócitos que protegem - Alteração de cor;
contra traumatismos externos, além do processo de - Alteração de espessura;
isolamento térmico. - Formação sólida;
- Coleção líquida;
Exame de Pele: - Perda e reparo tecidual.
Identificação:
⟶ Idade: ● Lesões Elementares:
- Filhotes com menos de 6 meses: sarna demodécica, Alterações de cor
sarna otodécica, sarcóptica, notoédrica, dermatofitose, Manchas vásculo-sanguíneas:
impetigo, celulite juvenil e papilomatose. - Eritema – mais comum;
- Adultos com menos de 6 anos: dermatopatias - Petéquia e púrpura;
alérgicas, distúrbios de queratinização e piodermatites. -Telangiectasia (a pele fica fica, só pode ser visualizada
- Adultos com mais de 6 anos: dermatopatias as vezes);
hormonais.
- Idosos: desordens tumorais. Manchas pigmentares ou discrômicas:
- Hiperpigmentação – mais comum e hipercromia;
⟶ Sexual: neoplasias testiculares, fístulas perianais, - Mancha senil;
abcessos felinos (machos) e escabiose. - Hipopigmentação, hipocromia e acromia;
⟶ Racial.
Alterações de espessura
Anamnese: - Liquenificação (mais comum) ou lignificação;
Queixa principal; - Hiperqueratose ou queratose;
Antecedentes; - Edema;
Início do quadro e evolução; - Esclerose;
- Cicatriz; - Seca: quando a escama descola do pelo;
- Oleosa: quando o cheiro é mais forte e a escama é
Formações sólidas mais aderida;
Processo inflamatório, infeccioso ou neoplásico: - Mista.
- Pápula e placa; Também pode ser primária (como em Basset,
- Nódulo e tumor; Cocker) ou secundária.
- Vegetação;
- Verrucosidade; Anti-seborréicos - Xampús:
⟶ Queratolíticos: removem a camada córnea (mais
Coleções líquidas superficial).
- Pústula (mais comum) – 90% dos casos é por Ex: Peróxido de benzoíla;
Stapylococcus pseudointermedius; ⟶ Queratoplásticos: auxiliam na queratinização e
- Vesícula e bolha; epitelização com efeito citostático na camada basal.
- Cisto;
- Abscesso e flegmão; Princípios Ativos – Seborréia Seca:
- Hematoma; - Enxofre (1-5%): queratolítico/queratoplástico,
antibacteriano, antifúngico, antiparasitário e
Perdas e reparos teciduais antipruriginoso; Tem ação sinérgica com ácido
- Escama; salicílico.
- Erosão; -Ácido salicílico (0,5-3%): queratolítico/queratoplástico,
- Escoriação; ação antibacteriana eantipruriginosa fraca.
- Ulceração;
- Colarinho epidérmico; Princípios Ativos – Seborréia Oleosa:
- Crosta – produção final da descamação; - Peróxido de benzoíla (2,5-5%): queratolítico,
- Fístulas; desengordurante, antibacteriano e antipruriginoso. É
- Comedo. ressecante.
- Sulfeto de selênio (1-2,5%): queratolítico/
Dermatologia queratoplástico, desengordurante e anti-fúngico. É o
● Tratamento: carro chefe para seborréia oleosa.
Tratamento tópico;
⟶ Princípio ativo: o amitraz é muito utilizado após o Princípios Ativos – Seborréia Mista:
banho em tratamentos de demodicose; -Alcatrão (0,5-4%): queratoplástico, desengordurante
⟶ Tricotomia, etc. e antipruriginoso. Tem ação sinérgica com ácido
OBS: a seborréia é muito comum em pacientes salicílico e enxofre.
dermatopatas, e pode ser classificada em:

Dermatopatias Parasitárias
Demodicose ● Diagnóstico: parasitológico de raspado cutâneo ou
Sarna demodécica causada pelo Demodex canis/injai; impressão em fita adesiva (no lugar da lâmina de
É mais comum em cães jovens (3m – 1 ano); bisturi).
Em cães adultos, pode ocorrer em função do uso de #SP: em Sharpeis, a indicação é sempre de biópsia
corticóide, HAC, tumores e hipotireoidismo; cutânea pela dificuldade de encontrar o ácaro.

● Tratamento
Pode ser dividida em:
- Localizada: enfermidade benigna (com remissão Pode haver remissão espontânea em animais jovens;
espontânea em 6-8 sem), de 3-5 áreas de alopecia na Deve-se comprovar a doença para fazer o uso de
cabeça e extremidades de membros, com ausência medicamentos imunosupressores.
de prurido; - Castração;
- Generalizada: mais de 5 lesões, havendo dermatite - Controle da infecção bacteriana secundária;
crônica com alopecia, eritema, descamação, crostas e ⟶ Xampu antibacteriano- peróxido de benzoíla (pois
piodermite secundária, com prurido. Pode haver limpa bem o folículo piloso). Se houver pouca foliculite,
também pododermatite e linfadenomegalia; pode-se optar pela Clorexidina;
⟶ Antimicrobiano sistêmico DEPENDENDO do grau
● Padrão lesional: cabeça, pescoço e membros; da lesão: amoxicilina com ácido clavulânico ou
cefalosporinas por 3 semanas;
⟶ A classe Isoxazoline possui ação inseticida e
parasiticida por 12 semanas. São o Advocate; Acaricidas sistêmicos:
⟶ Amitraz -> FDA: Solução 0,025-0,05%, a cada 7- ⟶ Ivermectina: 0,2-0,4 mg/kg, 2 a 3 doses
14 dias. Há cura em 60-80% dos casos. Duração do semanal/quinzenal;
tratamento: 6 sem – 6m. Efeito adverso: sedação/72h. ⟶ Selamectina: 2 a 3 doses quinzenais.
Cuidados: idade mínima de 3 meses;
⟶ Ivermectina: sem aprovação do FDA, PO, SID/10-18 Sarna Otodécica
semanas – mas NÃO O IVOMEC; Sarna causada pelo Otodectes cynotis.
⟶ Moxidectina: sem aprovação do FDAPO, 3-7
meses spot on**; ● Tratamento:
⟶ Doramectina; Acaricidas tópicos:
⟶ Milbemicina oxima: sem aprovação do FDA a cada ⟶ Fipronil 2 gotas solução 10% (filhotes).
24 horas, PO;
Acaricidas sistêmicos:
Em caso de exame negativo: suspende-se tratamento. ⟶ Ivermectina;
Se houverem 3 raspados negativos, o paciente está ⟶ Selamectina;
de alta clínica; ⟶ Moxidectina.
Em caso de exame positivo: tratar por mais 30 dias.
O animal é considerado curado quando está há 1 ano
sem tratamento e sem recidivas.
Piolhos
Trichodectes, Felicola e Linognathus.

Sarna Sarcóptica: Piodermites


Sarna causada pelo Sarcoptes scabiei/canis. Acomete São infecções bacterianas primárias ou secundárias,
animais de 1-6 meses. causadas por Staphylococcus spp. ou S.
Como cusam muito prurido, formam eritema, pápulas, pseudointermedius 90%. Essas bactérias são habitantes
crostas e escoriações. da flora cutânea sadia dos cães. Patologicamente,
causam imunossupressão e alterações da barreira
● Locais: cabeça (margem auricular), abdômen e patas. cutânea.

● Diagnóstico:
São classificadas em:
- Reflexo oto-podal: 80% casos; Piodermite superficial: podem se apresentar na forma
- EPP (40-60%) – raspado da orelha, cabeça e axila. de impetigo, piodermite mucocutânea ou foliculite
bacteriana superficial.
● Tratamento: deve ser realizado na suspeita por ter
um diagnóstico difícil, tanto nos contactantes, quanto Piodermite de superfície: causando dermatite
no ambiente. piotraumática ou intertrigo. Piodermite profunda: causa
uma foliculite/furunculose profunda.
Acaricidas tópicos:
● Sinais Clínicos
⟶ Amitraz;
⟶ Fipronil (filhotes); - Presença de pústulas
- Pápulas
Acaricidas sistêmicos: - Vesículas
⟶ Isoxazoline; - Alopecia
⟶ Ivermectina: 0,2-0,4 mg/kg, 7-14 dias/4-6 sem; - Crostas
⟶ Selamectina: 6-12 mg/kg, 14 dias/ 3 aplicações; -Colarinho epidérmico
⟶ Moxidectina spot on/ inj. 0,2 mg/kg, 7 dias/ 3-6 - Erosão
sem. - Foliculite
- Furunculose
- Celulite.
Sarna Notoédrica – Escabiose do Gato:
Sarna causada pelo Notoedres cati. ● Diagnóstico:
- Citologia;
● Diagnóstico: EPP.
- Cultura e atb.
● Tratamento:
● Tratamento:
Acaricidas tópicos:
Terapia empírica ATB 2x/dia:
⟶ Amitraz (2ml/l).
⟶ Cefalexina: 30 mg/kg;
⟶ Amoxi + clavulanato: 15 mg/kg;
⟶ Clindamicina: 11 mg/kg; Tratamento tópico:

Dermatopatias Fúngicas
Malassezia
Pode causar dermatopatia ou otopatia. No tratamento de gatos de convivem com outros
Causada pela Malassezia pachydermatis, é uma animais, deve-se fazer cultura fungica de todos os
dermatopatia relevante principalmente em cães. animais, fazer a separação deles. O tratamento de
portadores deve ser tópico, e o de dermatopatas de
● SinaisClínicos: lesões descamativas, eritematosas ou ser tópico + sistêmico.
hiperpigmentadas. Podem também apresentar essa
dermatite em locais untuosos, como interdígito e Dermatite Atópica Canina
pregas cutâneas. É uma dermatopatia alérgica, pruriginosa, inflamatória,
de predisposição genética, com sinais clínicos
● Tratamento: característicos, associada à IgE direcionada, na maioria
Fungicidas tópicos – 3 em 3 dias: das vezes, a alérgenos ambientais.
⟶ Xampus: miconazol 2% + clorexidine 3% OU Predisposição genética e alterações na barreira
cetoconazol 2-3%. cutânea:
⟶ Creme, gel ou loção: imidazóis: cetoconazole, - Mutação do gene codificador da filagrina;
miconazole, clotrimazole e tiabendazole. - Composição lipídica do estrato córneo (deficiência de
ceramidas);
Dermatofitose - Perda de água transepidérmica, transepidermal water
Pode ser causada por Microsporum canis ou loss-TEWL;
Trichophyton mentagrophites.
São micoses superficiais. Infecções secundárias: hiperreagem a bactérias e
malassezia, por exemplo.
● SinaisClínicos:
- Lesão anular; Alérgenos ambientais:
- SEM prurido; - Dermatophagoides pteronyssinus;
- Configuração variável; - Dermatophagoides farinae.
- Rarefação ou alopecia com descamação; Trofoalérgenos: alergia alimentar.
- Pode causar (raramente) o Kerion, que é uma Inicia com a exposição -> sensibilização -> liberação
protuberância preenchida por pus. de citocinas -> ativação da enzima Jak com proc.
Inflamatório -> estimulação da coceira -> danos à
● Localização: cabeça e membros. epiderme.
* Diagnóstico: Ocorre em animais de 1-3 anos de idade.
- Luz de Wood; Predisposição:
- Cultura fúngica. -Genética;
-Racial: West highland terrir, Boxer, Pastor Alemão,
● Tratamento:
Bulldog, Golden, Shih-Tzu, Lhasa e Labrador.
- Isolamento, tosa, identificação de portadores, uso de
● Sinais Clínicos:
anti-fúngicos tópicos, uso de anti-fúngicos sistêmicos e
higiene ambiental com hipoclorito de sódio 1:10. -Prurido sine materia (sem lesão – sazonal/perene);
- Eritema e pápulas;
Fungicidas tópicos: igual a Malassezia. - Pode ser localizado ou generalizado;
- Regiões: extremidade distal de membros, face,
Agentes anti-fúngicos – 6 semanas: abdome, pavilhão auricular e áreas de flexura;
⟶ Imidazole -> Cetoconazole: aumenta absorção - Pode ocorrer lambedura dos membros (discromia
com alimento, a metabolização é hepática. Dose: 5-10 ferruginosa) e atrito da face contra o chão;
mg/kg, SID. Efeitos adversos: anorexia, náusea e - Otite externa em 86% dos casos;
vômito. É embriotóxico e teratogênico em ratos. - Conjuntivite, epífora e blefaroespasmo (rinite).
⟶ Triazoles -> Itraconazole: absorção aumenta com
● Diagnóstico:
alimento (gordura). Dose: 5 mg/kg, SID.
Embriotoxicidade e terapias de pulso. Critérios de Fravot (2010) – pelo menos 5:
- Início antes dos 3a;
- Em cães que vivem dentro casa; - Liquenificação e hiperpigmentação;
- Característica corticosensível;
- Prurido sine matéria; ● Localização: região dorso-lombar (76%), cauda e
- Afeta patas anteriores; região inguinal.
- Afeta orelhas; Em gatos, o pescoço é comum.
- Não afeta margem das orelhas; OBS: é preciso que uma pulga pique o animal a cada
-. Não afeta área dorsolombar. 5-7 dias para que a hipersensibilidade ocorra no animal
suscetível.
Diagnósticos diferenciais;
- Testes in vitro ou in vivo. ● Tratamento:
- Não tem cura, mas melhora de 50-80%. Indicação inicial de 15-15 dias.
- As pulgas tem efeito somatório. ⟶ Fipronil;
⟶ Acetamiprina- Dropline;
● Tratamento: ⟶ Imidacloprida- Advantage;
DAC Aguda: terapia tópica ⟶ Fluralaner- Bravecto;
⟶ Banhos com ceramidas + ácidos graxos; ⟶ Spinosad- Comfotis e Trifexis;
⟶ Spray aceponato de hidrocortisona; terapia ⟶ Selamectina- Revolution;
sistêmica ⟶ Nitempiran- Capstar.
⟶ Prednisona 1 mg/kg.
DAC Crônica: terapia tópica Hipersensibilidade Alimentar (HA)
⟶ Xampus: aspecto pele e pelos; É a hipersensibilidade a 1 ou mais componentes da dieta
⟶ Spray aceponato de hidrocortisona; (ocorre pela IgE).
⟶ Tacrolimus 0,1% pomada. 25% dos animais atópicos tem HA.
Terapia sistêmica ● SinaisClínicos:
⟶ AH: hidroxizine (2 mg/kg BID); Lesão primária: pápulas e eritema;
⟶ Ácidos graxos; Lesão secundária: piodermite, colaretes epidérmicos,
⟶ Prednisona: 1 mg/kg, SID/ 15 dias → 0,5 mg/kg, seborreia e hiperpigmentação;
SID/ 15 dias → 0,5 mg/kg, 48h* → 0,5 mg/kg, 72h.
⟶ Ciclosporina: 5 mg/kg, SID/ 2 meses → suspender ● Localização:face, orelhas, patas, axilas e região
1 dia sem/2sem. → 4x/semana. inguinal;
Otite externa em 80% dos casos.
Exclusão de alérgenos: pó e ácaros de pó, fungos e
bolores, pólen. ● Tratamento:
Dieta de eliminação (6 a 8 semanas):
⟶ Imunoterapia: ⟶ Caseira: proteína “nova” (cordeiro, coelho, salmão)
- ↑ limiar de tolerância do animal a alérgenos e arroz/batata (1:2 a 1:4);
específicos; Comercial: Hill`s e Royal canin.
- Doses múltiplas crescentes de alérgenos com ⟶ Dieta de provocação: ração antiga pra fechar
resposta do organismo que produz ac. Específicos; diagnóstico – deve haver prurido em 7-14 dias.
- Eficácia: 60-80% dos cães; Também pode ser feita com ingredientes
- Resposta clínica: 6 a 8 meses. selecionados quando houver suspeita.

Dermatite Alérgica a Picada de Pulga ● Diagnóstico Diferencial


Os alérgenos estão presentes na saliva da pulga Avaliar a presença de pulgas;
Ctenocephalides felis, Ctenocephalides canis e Pulex Alterar a dieta do animal;
irritans. Não são necessários testes sorológicos;
Os cães atópicos tem 4x mais chance de ter DAPP. Nunca tentar diagnosticar atopia ou HA em um animal
com pulgas;
● SinaisClínicos: Uso do corticóide controverso;
- Prurido; Dermatites alérgicas associadas.
- Escoriações;
- Perda de pelos;

Doenças Micóticas
Esporotricose ⟶ Itraconazol solução (melhor do que cápsulas para
Causada pelo fungo Sporothrix schenckii. gatos):
Fungo dimórfico: leveduras na forma infectante e -1,25-1,5 mg/kg PO q 24h por 2 meses ou mais;
miceliano no ambiente. OBS: essa solução refere-se ao produto vendido dessa
Vive normalmente no solo rico em humus e cascas de forma, e não ao p.a. manipulado.
árvores. ⟶ Monitorar função hepática (ALT) mensalmente.
Infecta soluções de continuidade. É inoculado por ⟶ Geralmente ↑ após 60 dias de tratamento.
espinhos, arranhaduras e lascas de madeira. ⟶ Sinais adversos mais comuns: anorexia e vômitos.
Ocorre mais em cães de caça e gatos errantes Nesses casos, parar de administrar, reduzir a dose pela
(machos). metade e dar BID depois dos sinais terem
desaparecido.
● SinaisClínicos: ⟶ Anti-secretores reduzem esses sinais, mas
Forma cutânea: mais comum em gatos. Nódulos também a eficácia da terapia.
múltiplos (mais cabeça, pescoço e base da cauda) que ⟶ Fluconazole: 10 mg/kg PO q 24h por 80 semanas;
ulceram ou não. Exsudato purulento, crostas e pode ⟶ Terbinafina: 30 mg/kg PO q 24 h por 2 meses ou
haver hiperqueratose. Pode haver extensa necrose, mais (eficácia de 5,9% ou 7,4% quando associada ao
expondo músculos e ossos. itraconazol);
⟶ Iodeto de potássio (solução hipersaturada): gatos:
Forma cutaneolinfática: nódulos distais num membro. 10-20 mg/kg PO com alimento q 12-24h / 2 meses ou
A infecção ascende pelos vasos linfáticos e aparecem mais. Cães 40 mg/kg PO c/ alimento q 8h;
nódulos secundários que podem ulcerar e drenar pus.
Linfadenomegalia regional. ● Observar efeitos de iodismo:
- Gatos: depressão, vômito, anorexia, fasciculações,
Forma disseminada: pacientes imunocomprometidos hipotermia, colapso cardiovascular. Interromper o
com vários órgãos envolvidos. tratamento e não retornar.
Causa uma reação inflamatória piogranulomatosa - Cães: pelagem ressecada, escamas (caspas),
nodular a difusa. secreção oculonasal, vômito, depressão, colapso.
A lesão inicia-se na derme e avança profundamente Interromper por 1 semana e, em casos de sintomas
até a musculatura. leves, retornar com mesma dose. Em caso de
sintomas graves, considerar outro tratamento.

● Diagnóstico: ● Profilaxia:
Ferimentos que não cicatrizam e irresponsivos à Castração de gatos machos (para evitar que fujam);
antibioticoterapia; Limpeza do pátio de debris vegetais e acúmulo de
húmus;
-Citologia: exsudato corado com PAS (periodic acid Isolar animais doentes;
Schiff) ou GMS (metenamina prata de Gomori). Esse Manter as garras aparadas.
método evidencia leveduras pleomórficas em gatos;
- Cultura: exsudato ou biópsia profunda; ● Saúde Pública:
- Histopatologia; É uma zoonose;
- DFA (imunofluorescência direta); A contaminação humana a partir de gatos é mais fácil
- Inoculação em testículo de camundongo. do que a partir de cães;
Usar luvas ao contato com os exsudatos;
● Tratamento: Lavar a pele com soluções de iodo-povidine ou
A resolução da doença é em aprox. 3 meses. clorexidine.
O tratamento deve ser continuado por mais 4
semanas após a cura clínica. Criptococose
⟶ Itraconazole cápsulas: Causada por Cryptococcus neoformans e C. gattii. É
- Dose tradicional (pode não resultar em melhora, mas um fungo saprofítico, leveduriforme, com cápsula
é menos tóxica): 5-10 mg/kg PO q 12-24 h por 2 meses espessa (essa cápsula pode não estar presente em
ou mais; formas livres).
- Dose elevada (cura nos pacientes onde a dose Está presente em fezes e debris de pombos (viável
tradicional não apresentou resultados, mas com mais por até 2 anos). O C. gattii está associado a eucalipto.
efeitos colaterais e tóxicos): 8,3 – 27,7 mg/kg PO q A ave não fica doente devido à alta temperatura
12-24 horas por 6 meses ou mais; corporal.
OBS: sempre tem que ser dado com alimento, de A principal rota de infecção é aerógena em áreas
preferência ácido como molho ou suco de tomate. com pombos.
Estabelece-se no trato respiratório superior e ● Tratamento:
dissemina-se para o resto do organismo. ⟶ Anfotericina B (cão): 0,25 - 0,5 mg/kg EV bolus
A cápsula inibe fagocitose e defesa celular- mediada. em dextrose 5% 3x/semana até dose cumulativa de
A imunodepressão predispõe à doença. 4 – 10 mg/kg;
⟶ Anfotericina B (gato): 0,1 - 0,5 mg/kg EV bolus em
● Lesões: dextrose 5% 3x/semana até dose cumulativa de 4 –
Gatos: lesão granulomatosa nasal, pulmonar, meningite, 10 mg/kg;
neurite periférica, coriorretinite piogranulomatosa. ⟶ Flucitosina (cão): 50 - 75 mg/kg PO q 8h / 1 – 12
meses;
● Granulomas renais (30%). ⟶ Flucitosina (gato): 30 mg/kg PO q 6h; 50 mg/kg q
Cães: meningoencefalite, neurite periférica, 8h; 75 mg/kg q 12h / 1 - 12 meses;
coriorretinite piogranulomatosa. 50% têm lesões ⟶ Cetoconazole (cão): 5 - 15 mg/kg PO q 12 h / 3 –
pulmonares. 5 meses;
⟶ Cetoconazole (gato): 5-10 mg/kg q 12h ou 10-20
● Sinais Clínicos: mg/kg q 24h PO / 3 - 10 meses;
Gatos: ⟶ Itraconazole (cão): 5-10 mg/kg q 12h ou 20 mg/kg
- É a micose sistêmica mais comum. q 24h PO / 3 - 10 meses;
- Mais comum sinais resp. sup.: espirros, fungadas, ⟶ Itraconazole (gato): 50 mg/dia / gato < 3,2 kg PO
secreção mucopurulenta a hemorrágica unilateral ou ou 100 mg/dia/gato > 3,2 kg PO;
bilateral. Em até 70% dos casos pólipos nasais podem ⟶ Fluconazole: 5 - 10 mg/kg PO q 12-24h / 4-5
aparecer na narina; meses;
- Deformidade nasal; A flucitosina deve ser associada a outra terapia, pois
- Lesões ulcerativas e proliferativas na cavidade oral; o fungo desenvolve resistência em tratamentos
- 40% cursam com lesões cutâneas: nódulos firmes prolongados.
ou flutuantes que podem ulcerar; Normalmente, o tratamento dura de 3 meses a 1 ano.
- Prurido ausente ou leve; A avaliação do teste sorológico de antígeno capsular
- Linfadenomegalia regional; deve ser feita a cada 2 meses até 6 meses após o
- Sinais neurológicos variados; término do trat. Continuar com o trat por 2 meses
-Sinais oculares: cegueira, pupilas dilatas não além do teste ficar não reagente; se os títulos ficarem
responsivas à luz, coriorretinite e panoftalmite. baixos, continuar o trat. por pelo menos 3 meses após
baixar os títulos e a resolução dos sinais clínicos.
Cães: Depois, se os títulos aumentarem significativamente,
- Afeta mais o SNC (meningoencefalomielite) e os retomar a terapia. Em pacientes com infecção SNC, a
olhos; manutenção é vitalícia.
- Nistagmo, convulsões, lateralização de cabeça,
paresia a paraplegia ou tetraplegia, paralisia facial, andar ● Profilaxia:
em círculos; Deve-se evitar concentrações de pombos e suas
- Coriorretinite granulomatosa exsudativa, pupilas fezes, especialmente em locais abrigados, sombrios e
dilatadas, uveíte anterior; úmidos;
- Úlceras cutâneas, língua, nariz, gengivas;
- Febre em 25%; Importante limpar as áreas onde ficam os pombos
- Raramente: tosse seca, claudicação, vômitos, com uma solução de 40 g/L de cal hidratada + 1,5 g/L
descarga nasal serosa ou hemorrágica e de NaOH.
linfadenomegalia periférica.

● Diagnóstico:
● Saúde Pública:
Citologia de exsudatos, liquor, aspirados de tecidos ou
humor vítreo/aquoso: pesquisa do fungo com sua Os animais de estimação mamíferos não transmitem
grande cápsula por Wright, Giemsa, Gram tinta da Índia. diretamente aos humanos, pois os fungos não
aerossolizam destes. Porém recomenda-se cautela.
- Sorologia: detecção de antígeno capsular por Ambos os animais e os humanos contraem mais a
aglutinação de látex. Feito em soro, urina ou liquor. doença das fezes dos pombos.

- Biópsia: tratar a amostra com KOH e corado com Histoplasmose


PAS, prata de metenamina ou Masson- Fontana. Causada pelo Histoplasma capsulatum, que é um fungo
dimórfico miceliano em vida livre e levedura nos
Cultivo em Sabouraud de amostra de exsudato, liquor, tecidos.
urina, sinóvia ou tecido.
Está presente na excreta de aves e morcegos. Evitar contato com fezes de aves ou morcegos.
Homem e animais são hospedeiros acidentais. A Aplicar solução de formalina a 3% em galinheiros
infecção é aerógena, principalmente em contato com antes de mover a cama.
excreta de aves (galinheiros) e morcegos (cavernas).
É uma inflamação granulomatosa que forma nódulos ● Saúde Pública:
pulmonares calcificados o fibrosados (às vezes achados Apesar de homens e animais compartilharem da
de necropsia em casos de resolução espontânea). doença, não a transmitem mutuamente, porém
Pode- se identificar o fungo com PAS, metenamina de adquirem-na das mesmas fontes. NÃO É ZOONOSE.
prata de Gomori, Gridley.
Aspergilose e Peniciliose
● Sinais Clínicos: Causadas por Aspergillus fumigatus, A. flavus, A.
Gatos: nidulans, A. niger e Penicillium spp.
- Depressão, perda de peso, febre, palidez de São fungos ubíquos na natureza, seus esporos são
mucosas, dispnéia, taquipnéia, sons pulmonares aspirados diariamente sem colonizar tecidos,
anormais, linfadenomegalia visceral e periférica, normalmente.
hepatomegalia, lesões oculares e ósseas. Raramente Causam infecções geralmente em animais com
ulcera a pele. imunodepressão, terapia antineoplásica e fases
terminais de neoplasias.
Cães:
- Igual aos gatos, porém também tem tosse e sinais A transmissão é aerógena, por exposição prolongada
gastrintestinais, como diarréia crônica de intestino e maciça.
grosso ou de intestino delgado, com tenesmo e Não transmite-se de um indivíduo a outro.
hematoquezia. Também pode haver ascite, icterícia e Algumas vezes, ocorre em cães aparentemente sem
esplenomegalia. Raramente vômitos e sinais nenhuma imunodepressão. Os dolicocéfalos e
neurológicos. mesocéfalos mais suscetíveis.
Muitos são assintomáticos, com resolução pulmonar Sua forma disseminada pode causar osteomielite focal
espontânea. e múltiplos granulomas pálidos no rim e baço
(ocasionalmente pâncreas, linfonodos, miocárdio e
● Diagnóstico:
fígado).
- Biópsia com histopatologia: medula óssea, pulmão, Pode-se fazer pesquisa de hifas septadas ramificadas,
fígado, linfonodos, baço ou intestino grosso (raspados coradas com PAS ou metenamina de prata de Gomori.
de mucosa). Infiltrados predominantemente neutrofílicos.
- Imunofluorescência direta de exsudatos.
- Isolamento em cultura: Sabouraud (cuidado, pois é ● SinaisClínicos:
muito patogênico). Aspirado por agulha fina ou fluidos -Sistêmico: em animais severamente
corporais. imunocomprometidos. Inicia no pulmão, seios
- Inoculação em camundongos. paranasais ou tubo digestivo e dissemina-se pelo
-Prova da histoplasmina: teste intradérmico semelhante sangue. Pode causar dor vertebral, paraparesia,
à tuberculina. Só positiva 1 a 2 meses pós-infecção e paraplegia, claudicação com aumento de volume do
permanece positivo por anos. membro e trajetos fistulosos (osteomielite).
● Tratamento:
Desenvolve-se por meses. Ocasionalmente afeta SNC,
Se for pulmonar no cão geralmente é autolimitante, edema SC, linfadenomegalia e piometra. Uveíte ou
mas recomenda-se terapia para evitar disseminação. endoftalmite costuma preceder as demais lesões por
A terapia vai 2 meses além da cura clínica. alguns meses.
⟶ Cetoconazole (cão): 10-15 mg/kg PO q 12h / 4 – 6
meses; ● Localizada: atinge nariz, fossas nasais, ouvido, seios
paranasais ou cavidades tuberculosas antigas. A forma
⟶ Cetoconazole (gato): 50 mg/gato PO SID / 4 – 6
invasiva é osteolítica e necrosante e a não-invasiva
meses;
forma “bolas” de fungos na superfície mucosa.
⟶ Anfotericina B: 0,25 - 0,5 mg/kg EV QOD (seg.-
qua. sex.) até dose cumulativa de 5-10 mg/kg (cão) ou
Evidentes: descarga nasal profusa sanguíneo-
4 – 8 mg/kg (gato). Pode associar ao cetoconazole
purulenta (pode alternar com períodos de franca
em casos severos;
epistaxe), ulceração/despigmentação da trufa e dor e
⟶ Itraconazole: 5-10 mg/kg PO q 24h / 4 - 6 meses;
desconforto na face.
⟶ Fluconazole: 2,5 - 5 mg/kg PO q 12 - 24 h / 4-6
meses.
● Diagnóstico:
- Radiografia da cavidade e seios nasais: 80% dos
● Profilaxia:
casos cursam com aumento da radiolucência na área leveduriforme em infecções). Infecta mais cães e
mais rostral e densidade mista mais caudal, 30% humanos, mas também pode acometer gatos, equinos
densidade mista. Destruição dos etmoturbinados. e mamíferos silvestres.
Osteomielite do seio frontal (80%); O reservatório é o solo, principalmente arenoso, ácido
- Rinoscopia com broncoscópio pediátrico flexível (3 – e próximo de água.
5 mm diâmetro): placas fúngicas brancas, amarelas ou Não permanecem muito tempo no ambiente (apenas
verde claras nos turbinados. A destruição dos em condições ideais, sempre próximo à água).
turbinados facilita o exame; Aumenta a incidência no período de chuvas, e
-Sorologia: AGID (6% falsos +), contra- aumenta a possibilidade de infecção em contato com
imunoeletroforese (15% falsos +) , IFA e ELISA; solo escavado.
- Cultura de material nasal em meio Sabouraud. Pode Tende a ser enzoótico.
dar falso positivo já que o fungo é ubíquo; Na maioria das vezes a transmissão é através de
-Hemograma: neutrofilia madura (casos disseminados); inalação dos esporos do ambiente.
Diferenciar de neoplasia nasal. Estes, estabelecem-se nos pulmões e convertem-se
em leveduras.
● Tratamento: Muito difícil a transmissão através de material eliminado
Sistêmico: na tosse, pois as leveduras são muito grandes para
⟶ Itraconazole (cão): 5 mg/kg PO q 12h / 6-8 sem. entrar nas vias aéreas terminais como aerossol.
(60-70% eficácia). Muito incomumente pode infectar ferimentos (quando
⟶ Fluconazole (cão): 2,5-5 mg/kg PO q 12h / 6-8 ocorre lesão cutânea, quase sempre é uma
sem. (60-70% eficácia). manifestação da doença sistêmica).
⟶ Cetoconazole: 5-10 mg/kg (cão) 10-15 mg/kg (gato) Existe um maior risco para cães que frequentam
PO q 12h / 6-8 sem (43-50% eficácia). ambientes externos, principalmente praias e margens
⟶ Tiabendazole (cão): 10-20 mg/kg PO q 12h / 6-8 de cursos d água, mas pode ocorrer em animais sem
sem. (43% eficácia). acesso à rua.
Maior risco em cães de caça e maior incidência em
algumas raças, como Dobermanns. A maior prevalência
Tópico: é aos 2 anos de idade (1-5 anos).
⟶ Anfotericina B ou natamicina (sem mais eficácia A partir dos pulmões, dissemina-se por todo o corpo,
que cetoconazole ou tiabendazole sistêmico). com preferência por pele, olhos, ossos, linfonodos,
⟶ Enilconazole (cão): 10 mg/kg irrigação nasal e de tecido SC, parte externa das narinas, cérebro e
sinus com cateteres cirurgicamente fixados q 12h / 1 gônadas.
sem. (80-90% eficácia). Menos frequentemente atinge boca, vias nasais,
Há uma técnica onde não é necessária a cirurgia. O próstata, fígado, glândula mamária, vulva e coração.
paciente é anestesiado e suas cavidades nasais A disseminação ocorre pelas vias linfáticas e
banhadas com solução de clotrimazole 1% por 1 hora vasculares. Mesmo com quase todos os casos tendo
(60 ml cada cavidade – cães grandes; 30 ml cada se iniciado nos pulmões, as lesões nesse local podem
cavidade – cães pequenos). Fazer uma ou duas estar curadas no momento em que começam a se
repetições com intervalos de 3 semanas (geralmente manifestar lesões em outros locais.
1 repetição é suficiente – 87% de cura e há cães que A resistência (imunidade) à infecção se dá por defesa
se curam com aplicação única – 65%). celular (linfócitos T).
Cirurgias, como rinotomia ou turbinectomia sem A maioria dos cães que não apresenta uma doença
colocação dos cateteres, não têm nenhum benefício agressiva e disseminada, recupera-se
ou são prejudiciais. espontaneamente.
Lesões purulentas a piogranulomatosas.
● Profilaxia: Observa-se as leveduras, macrófagos, neutrófilos e
Detecção de patologias imunodepressoras, gigantócitos multinucleados.
especialmente neutropênicas. Linfonodos hiperplásicos, com elevado número de
plasmócitos e macrófagos.
● Saúde Pública: As leveduras são melhor observadas com colorações
Pessoas não adquirem a doença dos animais, e sim do especiais: de Gridley para fungos, metenamina de prata
mesmo ambiente de onde estes a contraíram. de Gomori ou PAS (ácido-periódico de Schiff).
Deve haver cautela com pessoas imunodeprimidas.
● Sinais Clínicos:
Blastomicose - Anorexia, perda de peso, dispnéia, tosse, doença
Causada pelo Blastomyces dermatitidis, que é um ocular, claudicação ou lesões de pele.
fungo dimórfico (forma miceliana saprofítica e - Os sinais podem ter iniciado há alguns dias até 1
semana, mas há casos onde estão presentes por até ⟶ Anfotericina B é a droga de escolha: AMB
1 ano. desoxicolato 0,5 mg/kg IV QOD durante 2-3 horas
- Em alguns animais a doença estabiliza por semanas a (parar se uréia sérica chegar a 50 mg/dl). Parar quando
meses, para progredir e piorar depois, subitamente. dose cumulativa chegar a 8-10 mg/kg ou quando
- 40-60% com febre ≥ 39,4oC. chegar a 4-6 mg/kg – nesse último caso começar
- Cães com doença pulmonar severa estão terapia com triazólico nesse ponto.
severamente debilitados e magros. ⟶ AMB lipídica é menos nefrotóxica, mas mais cara.
- A maioria tem lesões pulmonares, com sons Parar quando dose cumulativa chegar a 12 mg/kg.
pulmonaressecos e pronunciados. ⟶ Itraconazole (cães): 5 mg/kg PO SID / 60 d.
- Pode haver tosse. ⟶ Fluconazole (cães): 5 mg/kg PO q 12h / 60 d.
- No raio x torácico: alterações difusas, nodulares
intersticiais e broncointersticiais e padrões de massa ● Prognóstico:
em 50% ou mais dos cães. Bom
- Linfadenomegalia regional ou intratorácica. Fazer raios x torácicos controle a cada 4-6 semanas.
- Até 40% têm lesões oculares, sendo uveíte a mais Os casos de pior prognóstico: envolvimento pulmonar
comum. Também pode haver coriorretinite, neurite severo ou de SNC (no último caso, a morte é quase
óptica, descolamento de retina, vitrite e hemorragia certa).
vítrea. Pode haver edema de córnea e glaucoma. A severidade dos infiltrados pulmonares piora na
- Pode haver panoftalmite que exija remoção do globo primeira semana de tratamento em 23% dos cães
ocular. (caso desenvolva dispnéia grave, entrar com
- Podem haver lesões de pele ulceradas drenando dexametasona 0,25-0,5 mg/kg IV / 2-3 dias).
fluido serossanguinolento ou purulento. Em caso de sinal ocular, justifica-se o uso simultâneo
de corticóide tópico/sistêmico.
-Outras lesões podem ser granulomatosas, Pode haver recorrência em 6 meses a 3 anos depois
proliferativas e carnosas. A maioria das lesões cutâneas de encerrada a terapia. Entrão, trata-se novamente
é no plano nasal, face e leitos ungueais. com 60-90 dias de itraconazole.
- Existem relatos de lesões ósseas, com claudicação
como principal ou único sinal clínico. Geralmente estão ● Saúde Pública:
no esqueleto apendicular e são osteolíticas com Não é transmitida de animais para pessoas nem entre
espessamento periostal e inchaço de tecidos moles. pessoas por via inalatória.
- A maioria das lesões são solitárias e localizam-se Pode haver transmissão por inoculação por mordidas
distalmente ao cotovelo ou joelho. Deve-se fazer um ou instrumentos pérfuro-cortantes.
diagnóstico diferencial de neoplasia ou osteomielite
bacteriana. Ptiose
Causada por Pythium insidiosum, um “pseudo-fungo”.
● Diagnóstico:
Mais semelhante a leveduras pelas características de
- Exames de imagem: RX tórax, tomografia cerebral, material genético.
ressonância magnética (detecta granulomas em Ocorre mais no Pantanal e áreas costumeiramente
váriosórgãos). alagadas.
-Hematologia: leve anemia normocrômica normocítica Zoósporos móveis liberam-se dos esporângios e
(inflamação crônica), leucocitose moderada, linfopenia, sãoatraídos por pelos dos animais e penetram na pele
hiperglobulinemia e hipercalcemia ocasional em doença (através de lesões pré- existentes, na maioria das
granulomatosa. vezes).
-Identificação do microrganismo: citologia, Nos tecidos animais, desenvolvem-se como hifas e
histopatologia ou cultura. produzem lesões granulomatosas de grande tamanho.
-Aspirados de linfonodos – os exsudatos de lesões Afeta mais comumente equinos. Também pode
fornecem as leveduras em mais de 50% dos casos. infectar bovinos, caninos, felinos e humanos.
-Citologia: reação piogranulomatosa com macrófagos Os animais infectam-se ficando parados em águas
(ocasionalmente, predomina reação supurativa). estagnadas com zoósporos recém formados.
- Aspiração transtraqueal: positivo em 69-76%. Ainda não claro se penetram só por lesões cutâneas
- Sorologia: AGID (imunodifusão em ágar gel) ou ou nos folículos pilosos.
ELISA. Também pode haver infecção por ingestão da água
em cães. O agente penetra profundamente na
● Tratamento:
mucosa gastroduodenal.
⟶ Antibacterianos não são necessários (apenas 3% Afeta mais estômago e duodeno (especialmente antro
das culturas de lavados traqueais revelam co-infecção pilórico), com espessamento de parede, causando uma
bacteriana). enterite infiltrativa granulomatosa.
Granulomas nos membros (mais extremidades, - Cultura: cresce rapidamente em Sabouraud ou ágar-
períneo, cabeça ou cauda). sangue. Não macerar tecido antes de colocar no ágar.
Lesões piogranulomatosas ulcerativas com áreas de -Sorologia: só experimental em equinos (imunodifusão
necrose. em ágar-gel).
“Kunkers” (cancros): hifas recobertas por massas
branco-amareladas e células necróticas, semelhantes a ● Tratamento:
corais nas lesões cutâneas. Excisão completa ampla dos tecidos lesados
(amputação do membro).
● SinaisClínicos: Após remoção das massas cutâneas: anfotericina B
Forma gastrointestinal: vômito, anorexia crônica, perda ou iodeto de potássio/sódio ou itraconazole +
de peso, diarréia (às vezes sanguinolenta) e massas terbinafina.
nodulares à palpação abdominal. Na manifestação gastroduodenal, o tratamento seria a
ressecção total dos órgãos envolvidos e mais a terapia
Forma cutânea: dermatite piogranulomatosa antifúngica, provando ser inviável.
exsudativa com áreas de necrose. Grandes lesões Autovacinas com hifas sonicadas geram resultado
intumescidas com trajetos fistulosos rapidamente variável em equinos.
destrutivas. Pode fazer toda a circunferência no
membro. O prurido é variável. ● Profilaxia:
Drenar banhados e pântanos suspeitos de conter o
Forma sistêmica: vários órgãos, mas é rara. Ocorre agente.
mais comumente quando animal estava submetido a Evitar que os animais adentrem ou bebam em águas
corticóides. paradas.

● Diagnóstico: ● Saúde Pública:


- Citologia: tecido macerado fixado em KOH 10%: Os animais, a princípio, não infectam humanos, que
pesquisa de hifas largas, ramificadas e pouco septadas. podem adquirir a infecção do mesmo local que os
- Histopatologia: colorações de prata mais indicadas. animais adquiriram. Porém recomenda-se cautela e
Estruturas praticamente indistinguíveis de fungos luvas ao lidar com animais infectados.
verdadeiros.

Endocrinologia Clínica
● Glândulas estudadas: Dosagens Hormonais e Teste de Função
-Encéfalo: representando o eixo-hipotálamo-hipófise, Endócrina:
meio de controle de várias glândulas. Tipos de Avaliação Endócrina:
- Pâncreas: produz insulina e glucagon. - Testes dinâmicos (supressão – indicado quando a
- Adrenal: produz vários hormônios, dentre eles, glândula tem excesso de prod. hormonal ou
cortisol e aldosterona. estimulação – baixa prod. hormonal). São realizados
- Tireóide: produzindo as tironinas T3/T4. com coleta de sangue.
- Provas funcionais: medidas seriadas (coleta-se sangue
● Bioquímica dos Hormônios: para dosagem hormonal durante um certo período)
Da molécula mais simples a mais complexa: ou medidas pareadas (coleta-se sangue para dosagem
- Hormônios Peptídicos: catecolaminas, serotoninas, hormonal e do metabólito envolvido).
T3/T4, TRH, ACTH, glucagon, insulina, GH, PTH, FSH,
LH e TSH.
- Hormônios Esteroides: cortoesteróides, esteroides Doencas Tireoidianas
gonadais e vitamina D.
A quantidade de AA em cada cadeia pode dificultar o ● Tireóide:

diagnóstico da endocrinopatia. -Anatomia da tireóide: glândula localizada na região


cervical ventral.
Endocrinopatias -Histologia da tireóide: é formada pela célula tireócito,
com o folículo tireoidiano dentro, onde está
Principais causas:
armazenada a tireoglobulina, que transforma os
- Prod. subnormal de hormônios;
hormônios T3/T4.
- Prod. excessiva de hormônios;
- Hormônios da Tireóide: T3/T4.
- Resistência à ação hormonal.
- A partir do iodo proveniente da dieta, esses
hormônios são produzidos dentro do tireócito.
O estímulo para que ocorra a prod. é o eixo ● Controle: dosagem de T4 2 meses depois do início
hipotalâmico hipofisário, onde: TRH prod. pelo da administração. Vai ser feito com a mensuração do
hipotálamo estimula hipófise -> hipófise prod. TSH -> T4 basal, e uma nova dosagem de T4 6h após essa
TSH atua sobre a tireóide para prod. e liberação de adm.
T3/T4.
O aumento de T3/T4 bloqueia a prod. de TSH e TRH Hipertireoidismo
pelo eixo hipotalâmico-hipofisário. Mais comum em gatos.
Quanto mais ativo for um folículo, menor ele é Causas: neoplasia da tireóide por exposição do animal
histologicamente. à fatores bociogênicos, principalmente bisofenóis
O pico da prod. de TSH ocorre em torno de meio dia, (selante do alimento úmido).
ou seja, a coleta das dosagens do T4 deve ocorrer
nesses picos. ●Sinais Clínicos: alterações no SNC, mas relacionado
com agressividade e intolerância à
Hipotireoidismo manipulação/capacidade de responder a uma situação
Mais comum em cães. estressante). Poliúria, polidpsia, nódulos hiperplásicos
Causas: tireoidite linfocítica e atrofia tireoidiana palpáveis (podem variar de 1mm-3cm).
idiopática.
● Diagnóstico: igual ao hipo.
● Sinais Clínicos: efeitos no SNC, que dependerão da
severidade da red. ou amento da prod. hormonal. ● Tratamento:
drogas antitireoidinas;
⟶ Metimazol na dose de 2,5mg/kg via oral a cada
São: 12h.
Letargia, sonolência e aumento do peso corporal. No
exame físico observa-se bradicardia, alterações Obesidade
dermatológicas e mixedema (acúmulo de ● Causas:
glicosaminoglicanos e ác. hialurônico no tecido SC com - Condição genética: essa condição faz com que os
edema associado). pacientes aumentem a expressão de determinantes
● Sinais Clínicos: resenha e anamnese auxiliam muito neuroendócrinos, que facilitam o armazenamento de
nos sintomas mais importantes. O aparecimento energia. Os principais determinantes são leptina,
desses sinais ocorre de forma gradual e sutil. adiponectina, grelina e insulina.
Hemograma, avaliação bioquímica (o animal
desenvolve anemia, hipercolesterolemia/trigliceridemia). - Ingestão alimentar: componentes da dieta e pressão
Nos gatos, policitemia, alteração renal por aumento da social por competição (quando outro animal chega na
uréia e casa), tédio, desejo de agradar ou estímulo do tutor.
creatinina.
●Diagnóstico

●Diagnóstico: A confirmação ocorre pela mensuração - Medidas morfométricas (circunferência pélvica e


e dosagem hormonal, ou seja: técnica laboratorial de altura/distância à patela e ao calcâneo.
ensaio de diálise de equilíbrio. Pode-se mensurar TSH
também. ● Consequências: ortopédicas, cardiovasculares,
metabólicas/endócrinas, respiratórias,
Em ambas situações, é importante lembrar da dermatológicas,urinárias e neoplasia.
Síndrome do Eutireoideo Doente. Aqui, a doença
● Tratamento: orientação comportamental do tutor
crônica vai fazer com que a concentração de T4
diminua, mas esse animal não tem hipotireoidismo – (sobre o fornecimento de alimentação), restrição
pode ter qualquer outra doença. No caso dos gatos, calórica (ração específica com mais de 10% de gordura
tem efeito contrário -> o hipertireoidismo oculto. Aqui, e menos de 10% de gordura) e atividade física.
a doença crônica faz com que a concentração de T4
diminua, impossibilitando o diagnóstico. Endocrinologia do Pâncreas
Relacionado com a produção de insulina pelas células
● Tratamento: reposição hormonal; Beta, nas ilhotas de Langerhans;
⟶Levotiroxina Sódica (T4 sintético) na concentração A molécula da insulina é muito delicada e derivada de
de 10-20 ug/kg, a cada 12h. Indicação de jejum 2h antes proteína. Esse fato influencia no tratamento, pois
e 2h depois para favorecer sua absorção, sem qualquer modificação dessa estrutura desmancha a
esquecer de nenhuma dose. insulina;
Raramente, um indivíduo que tenha pancreatite
obrigatoriamente desenvolve diabetes;
A insulina também atua sobre o metabolismo dos desenvolveu a patologia em 4 meses após ter sido
aminoácidos e ácidos graxos. Os carboidratos e ácidos acompanhamento há dois anos.
graxos são responsáveis pela energia;
Existe 2 tipos de diabetes, mas a mais comum é a do
● Ações da insulina: relacionadas com a captação da tipo 1:
glicose. Ela atua sobre transportadores de glicose, - Diabetes tipo 1 -> DM Dependente de Insulina (DMDI).
proteínas e ác. graxos, induzindo a hipoglicemia no Aqui, não existem mais cél. Beta funcionais;
período pós-prandial; - Diabetes tipo 2 -> não dependente de insulina, mas
não é comum em animais;
● Hormônios contra reguladores da insulina: os - O diabetes tipo 3 é o diabetes secundário,
hormônios glucagon, catecolaminas, cortisol e GH relacionado com endocrinopatias como
produzem a glicose no período de jejum, elevando a hipercortisolismo, a acromegalia, etc;
glicemia. Por isso os animais sobrevivem mesmo - O diabetes transitório é comum em felinos. Nesse
bastante tempo sem comer; tipo, o animal desenvolve sinais clínicos, chega a
precisar receber insulina, mas alguns meses depois
Quando um animal que possui o pâncreas com alguma essa necessidade de insulina diminui, e esse animal não
condição genética a desenvolver diabetes de repente, precisa mais do tratamento. Ele é tratado como tipo 1;
ou o aumento desses hormônios contrarreguladores
cria um desafio para o órgão, fazendo com que A obesidade pode causar resistência insulínica no início
naquele momento ele não responda bem e diminua a e esse animal é classificado como tipo 2 porque ainda
produção de insulina. existe insulina funcionando. Em algum momento o
EX: glucagonoma – quando ocorre uma alteração na pâncreas pode sofrer uma alteração, parar de produzir
prod. de glucagon; estresse crônico – aumenta a prod. e tornar o paciente diabético do tipo 1.
das catecolaminas; hiperadrenocorticismo pode
aumentar a prod. de insulina; uma fêmea não castrada ●Sinaisclínicos: hipoinsulinismo -> causa hiperglicemia,
que possui um aumento da prod. de progesterona, que ultrapassa o limiar renal pra glicosúria, elevando
também pode aumentar a prod. de GH. para poliúria -> aumentando a eliminação de água que
leva à uma desidratação -> aumentando a
Existem dois transportadores de glicose importantes: osmolaridade no centro da sede e causando a polidipsia
- GLUT-4: transportador de glicose dependente de de forma compensatória, polifagia e perda de peso.
insulina. Presente no tecido muscular (reserva de AA) Essa nunca esquecer dos 4 “P”.
e adiposo (reserva de ác. graxos).
- GLUT-2: transportador de glicose independente de ● Nível glicêmico – relacionado com hiperglicemia e
insulina. Presente nas células hepáticas (principal glicosúria:
reserva de glicose). - Cães: 180 a 220 mg/dL
Em momentos de necessidade, há quebra desse - Gatos: 200 a 280 mg/dL
depósito para aumentar energia na circulação. A
interferência disso no paciente diabético, com relação Ao avaliar se um paciente tem a possibildade de
ao GLUT-4: a função específica da insulina é aumentar desenvolver diabetes e sua glicemia passou do normal
a expressão desse transportador de glicose, que (150/180), ele ainda pode não estar apresentado poliúria
permite sua entrada na célula alvo. Em locais como e polidipsia por não ter ultrapassado o limiar renal. O
tecido musc. e adiposo, precisamos obrigatoriamente início dos sinais clínicos ocorre quando se desenvolve
da insulina para a glicosúria.
que ocorra do AA e do ác. graxo nesses locais. Essa é A entrada da glicose no centro da saciedade pra dar a
a explicação pro paciente diabético que emagrece. sensação de satisfeito durante a alimentação.
Portanto, a polifagia ocorre pela ausência da saciedade.
Diabetes Melito A perda de peso ocorre porque os tecidos musc. E
Etiologia: doenças do pâncreas exócrino, adiposo, ao não recerem AA e ác. graxos, quebram
hereditariedade (é a mais importante, porém esses elementos por perceberem que ocorreu uma
normalmente não se sabe muito sobre o histórico falta de energia, que deve ser substituída para que não
familiar do paciente), endocrinopatias, estresse, falte energia no SNC. Essas quebras diminuem a massa
administração excessiva de glicocorticóide ou muscular e tecido adiposo.
progestinas.
Ex: estresse crônico em poodle -> adotaram um gato ● Acidose Metabólica: ocorre quando existe muita
que ficava correndo atrás do cão pra brincar o tempo glicose na circulação e um aumento da formação dos
inteiro, tornando a situação estressante pro animal. Ele corpos cetônicos, levando à essa complicação a curto
prazo e bem importante. Esse animal possui os
mesmos sinais, porém mais agravado.
OBS: a via de adm normalmente é SC, porém nas
● Diagnóstico: raças predispostas -> poodle. A partir insulinas rápidas (situação de cetoacidose) aplica-se via
dos 7 anos, existe o pico de desenvolvimento de IM ou IV por infusão (NUNCA em bolus).
diabetes nos animais (principalmente 9/10 anos). A ⟶ Dose: de 0,5 a 1 Ul/kg;
hiporexia ou anorexia e vômito, são indicativos de que ⟶ Quanto maior o animal, menor a dose.
o animal já está desenvolvendo sinais. ⟶ A glicemia vai variar de 100-250 mg/dL antes da
Nunca deixar o tutor tirar a água do animal, pois a administração da insulina;
poliúria ocorre de qualquer forma e a polidpsia é ⟶ Recomendações ao tutor: ração e insulina deve ser
compensatória. O animal ficará desidratado se o tutor administrado no mesmo horário. Fornecer a dieta (o
fizer isso. cão precisa ter comido) e em seguida aplicar a insulina.
-Exames complementares: NÃO EXISTE DIABÉTICO ⟶ Sempre homogeinizar lentamente o frasco de
SEM HIPERGLICEMIA E GLICOSÚRIA. Devem ser insulina para administrar no paciente. Deve ser
realizados após um jejum sólido de 12h e jejum hídrico armazenado na geladeira.
de 2h, de preferência pela manhã. Hiperglicemia,
hipercolesterolemia, hiperfosfatasemia, azotemia ● Monitoramento da insulinoterapia: sinais clínicos,
(elevação nos níveis de uréia/creatinina), exames de rotina, proteínas glicosiladas e curva
hipertrigliceridemia, exame de urina – se coletado por glicêmica.
cistocentese, fazer urocultura e antibiograma. Esse paciente sempre vai voltar em jejum pras
Cetonúria NÃO indica a presença de Cetoacidose. Ela revisões.
se baseia nos sinais clínicos clássicos e na azotemia. Pelo menos 21 dias depois do início do tratamento,
deve-se coletar a dosagem de frutosamina, pois auxilia
● Complicações: no no diagnóstico do diabetes em felinos, e no controle
- Curto prazo: crise hipoglicêmica (quando o animal é do tratamento do diabetes em cães.
sensível à adm. da insulina) e cetoacidose diabética. - Frutosamina: é um produto resultante de um período
- Longo prazo: degeneração dos tecidos em de hiperglicemia persistente anterior ao momento da
decorrência da glicosilação de proteínas – reação coleta. Ela é formada de forma irreversível, com tempo
irreversível da glicose com proteínas plasmáticas. Pode de duração de 14-21 dias. Portanto, um mês depois do
haver glicosilação da albumina, formando frutosamina início do tratamento, pode-se avaliar se o paciente
ou glicolisação da hemoglobina, formando a seguiu com a hiperglicemia persistente através da
hemoglobina glicosilada. frutosamina. Administrando insulina e evitando o pico
- Albumina -> meia vida de 14/21 dias. hiperglicêmico, sua formação diminui, porém não volta
Consequentemente, a frutosamina tem a mesma meia ao normal por ser irreversível.
vida;
- Hemoglobina -> meia vida de 90 dias; - Ajuste de dose: aumenta 1 dose a mais da unidade
- Essa degeneração mais importante não ocorre em internacional da dose total que o animal começou a
animais pela sua expectativa de vida. receber a cada revisão. Se o final do tratamento, essa
dose estiver muito alta, tem algo errado. O animal pode
● Tratamento: rotina (horários -> de refeição, de adm ter síndrome do ovário remanescente, ou alguma
de insulina), tipo de dieta que o paciente recebe outra doença.
(melhor a específica pra diabético – gordura e
carboidratos simples estão PROIBIDOS. Essa dieta inclui - Curva Glicêmica: técnica de monitoramento da
uma maior quantidade de fibra, e menor quantidade de dosagem da insulina que define a eficácia da insulina,
carboidratos complexos), exercício físico (ajuda muito qual o nadir glicêmico (menor nível glicêmico – o
na condição glicêmica por diminuir a glicemia) e insulina objetivo é 100) e durante quanto tempo essa insulina
(controle rigoroso pra evitar pico de glicemia pós- está atuando. De preferência, deve ser realizada na
prandial). Tudo deve ser feito da mesma forma e na casa do paciente para evitar algum fator externo que
mesma hora todos os dias. OBS: Não adianta mudar interfira na glicemia, ou internar 3 dias antes de
toda a rotina do animal, o tutor precisa estar tranquilo começar a curva glicêmica – que é extremamente
e mudar aos poucos. É importante identificar qualquer estressante.
distúrbio causador de resistência insulínica – ex:
fêmeas não castradas – a progesterona pode Primeiramente, coletamos glicemia imediatamente
atrapalhar, por isso, recomenda-se castração. antes de aplicar a primeira dose de insulina do dia, e
depois, faz-se coletas a cada 2h até onde seria a
⟶ Insulinoterapia: 100Ul/mL ou 40 UI/mL próxima aplicação. Quando não há funcionamento, lista-
- Rápida -> duração de 4h - cetoacidose; se hormônios contrarreguladores que podem estar
- Intermediária -> duração de 12h - cães; causando resistência da ação da insulina. Portanto, ela
- Prolongadas -> duração de 24h - gatos. deve ser feita quando nada funciona e não se sabe
porque. Normalmente, o problema está relacionado
com a habilidade do tutor, que pode estar aplicando o cetoacidose. Ele vai se alimentar normalmente e parar
fármaco de maneira errada, reaproveitamento de de vomitar. Após sua reestabilização, ele recebe alta e
agulha, prazo de validade errado, etc. continua o tratamento domiciliar.

- Cetoacidose diabética: ocorre por deficiência de


insulina (ins. Pancreática, resistência insulínica ou
iatrogenia – falha do tutor) ou por aumento dos
hormônios de estresse (jejum, desidratação, infecção Endocrinologia da Adrenal
ou doença crônica). Hormônios:
- Aumento dos corpos cetônicos -> elevam a - Glicocorticóides: cortisol.
presença desses corpos cetônicos na circulação -> Ex: doença primária: problema na glândula; doença
causam acidose metabólica -> causando prostração, secundária: problema na hipófise – na prod. de de
náusea, anorexia e vômito, e posteriormente a ACTH; doença terciária: problema no hipotálamo - na
desidratação. prod. de CRH.
Associando hiperglicemia, cetonemia e desidratação,
aumenta a osmolaridade plasmática que baixa a - Mineralocorticóides: sistema renina angiotensina
perfusão de órgãos, ocasionando azotemia. aldosterona.
A maior complicação desse quadro é a doença renal. - Esteróides Androgênios: a partir do LH e FSH.
● Diagnóstico: glicemia acima de 500 mg/dL, urinálise - Catecolaminas: frente à uma ativação de SNA
com cetonúria e ITU, uréia e creatinina elevados, simpático.
indicando uma azotemia pré-renal, hipernatremia e
hipocalemia. Essa dosagem eletrolítica é importante Principal doença: hipercortisolismo.
porque o sódio elevado causa hiperosmolaridade
plasmática. Hipercortisolismo
É chamada de hiperadrenocorticismo ou síndrome de
● Tratamento:
Cushing, mas não é o nome mais adequado.
⟶ Fluidoterapia NaCl 0,9% ou RL – dose de choque: Relacionada com o excesso de cortisol.
60 a 100 mL/kg/h (nunca em Bolus) Pode ocorrer por 2 motivos, onde:
⟶ Insulinoterapia de ação rápida (regular, lispro ou
aspart) ESPONTÂNEO:
⟶ Suplementação eletrólica 1mL KCl/100Ml - Adenoma pituitário
⟶ Correção da acidose (faz-se com adm de - Tumor de adrenal
bicarbonato, porém é fácil de causar alcalose – que é
mais fatal, por isso só fazer se souber exatamente o IATROGÊNICO:
pH). - Adm. alta ou por um período prolongado de
glicocorticoide, como em casos de doenças
A redução da glicemia deve ocorrer lentamente, em imunomediadas ou processos neoplásicos importantes.
um período de 48h. A velocidade rápida de redução
glicêmica faz com que o animal desenvolva um edema ● Sinais Clínicos: alopecia, abdome abaulado
cerebral com lesões cerebrais irreversíveis. Ele entra (relacionado com a fragilidade da musculatura em
em coma e não volta mais. decorrência do aumento de cortisol), neuropatia
periférica, maior tendência à contaminação bacteriana
Adm da Insulina regular: secundária, poliúria e polidpsia, comedos e
- 0,2 Ul/kg IM; telangiectasia. A hepatomegalia também ocorre
- De hora em hora, regula-se a glicemia; porque o excesso de cortisol estimula uma prod. de
- Junto com a fluidoterapia, dilui-se KCl pra fornecer isoenzima semelhante à fosfatase alcalina, que
junto no gotejamento; consequentemente estará alta. Pode haver prepúcio
- Avaliar a glicemia 1h depois. Se nesse prazo a glicemia pendular e atrofia testicular.
passou de 500 para 200, temos a opção de não aplicar
a insulina regular, por observar que nesse tempo a Atualmente existe um exame da dosagem dessa
diferença glicêmica foi muito grande. Por isso, opta-se isoenzima.
por preservar o paciente;
- A fluidoterapia na dose de choque reestabelece ● Diagnóstico: aumento da fosfatase, leucocitose,
hidratação e aumenta taxa de filtração glomerular, que hipostenúria, podem apresentar diabetes
ajuda na eliminação de parte dessa glicose no sangue; concomitante.
- Temos 48h pra tirar um paciente do quadro de
- Teste Endócrino: é o teste de supressão por baixa ⟶Mitotano: o nome comercial é Lisodren. Promove
dose de dexametasona – pois no indivíduo normal, uma necrose seletiva da região do córtex da adrenal,
consegue suprimir a prod. de cortisol por até 48h e produtora de cortisol. Se esse tratamento não for
por ser um glicocorticoide sintético, não interfere no controlado, essa necrose pode ser extensa, causando
valor no cortisol. Sua duração é de 8h. Então, coleta- complicações pela destruição da adrenal. É mais caro.
se sangue para amostra basal, realiza-se uma manobra
terapêutica e mais duas amostras com intervalo de 4h. É feito em duas fases do tratamento: indução (calcula-
se dose diária (de 50-75mg/kg) e fraciona em duas
Na primeira coleta, faz-se dosagem de cortisol e ou três administrações – dura em torno de 3 a 14 dias)
imediatamente depois, aplica-se dexametasona via IV e manutenção (existe um teste de estimulação com
na dose de 0,01mg/kg. Antes de iniciar o teste, o animal ACTH para diagnóstico de hipercortisolismo
precisa estar em jejum de 12h, mas durante o teste, iatrogênico, mas o resultado leva 2 semanas pra
não, principalmente pelo fato de poliúria e polidpsia. chegar, por isso é pouco usado. Então, mede-se
Esse teste não apresenta riscos, porém, é quantidade de água ingerida antes da fase de indução,
indispensável que ele esteja clinicamente estável – e ao ter redução de 50% de
então, em casos de animais diabéticos e quase água ingerida, passa-se pra fase de manutenção). Essa
entrando em cetoacidose, é importante sua manutenção dura o resto da vida.
estabilização. A interpretação do resultado se dá pelo
comparativo entre as 3 amostras. Existem duas possibilidades de efeitos indesejáveis
durante a indução: sensibilidade gastrointestinal pela
Confirma-se o diagnóstico quando não existe diferença adm. do medicamento com sinais de vômito, diarreia e
significativa na dosagem de cortisol depois da anorexia, ou uma crise de adrenal com sinais de
dexametasona. Esse teste confirma o hipercortisolismo hipoadrenocorticismo, com prostração, bradicardia,
ESPONTÂNEO, pois ao suprimir o eixo, o hipotálamo vômito e diarreia – neste caso, para-se a indução,
e hipófise recebam um bloqueio na prod. de CRH e melhora o paciente clinicamente e retoma em menor
ACTH, impossibilitando que a adrenal produza o dose, pois a crise de adrenal é uma emergência
cortisol. médica.
Ou seja, induzimos um hipocortisolismo SEM sinais
No caso do iatrogênico, a adrenal não produz mais clínicos.
nada. Por isso o teste não funciona. Tudo já foi
suprimido pelo uso do corticoide. Para escolha da droga, depende da experiência prática
Existe a possibilidade de um falso negativo. Nesses do veterinário, disponibilidade financeira do tutor,
casos, o teste deve ser repetido em até 3 meses. disponibilidade do medicamento, etc.
Se no ultrassom, for observado o aumento das duas
O tratamento é específico e perigoso, então não se adrenais de forma homogênea, pode-se suspeitar que
inicia sem uma confirmação. a origem seja pituitária. Se for observado aumento de
uma adrenal, suspeita-se de problema unilateral da
Os livros recomendam a alta dose de dexametasona adrenal.
(10x) pra diferenciar adenoma pituitário e tumor de
adrenal, mas sempre fazer o teste normal primeiro pra ⟶ Teste Endócrino: coleta-se sangue pra cortisol
confirmar a suspeita. basal, aplica-se ACTH e 1h depois, o sangue deverá ser
coletado novamente. É esperado que exista uma
● Tratamento: resposta – não muito alta pela estimulação do ACTH
- Procedimento cirúrgico: p/ produzir cortisol. Se não houver estímulo, existe alto
⟶Hipofisectomia (tumor de hipófise) – atualmente, risco de induzir um hipoadrenocorticismo clinicamente
está sendo estudada. identificável. Também utilizado pra identificar
⟶Adrenalectomia (tumor de adrenal) – hipercortisolismo iatrogênico.
principalmente se for unilateral. É raro em gatos pela resistência desse animais aos
- Quimioterapia: glicocorticoides.
⟶ Trilostano: o nome comercial é Vetoryl. Seu
mecanismo de ação se baseia em um inibidor de O objetivo do tratamento é diminuir o nível de cortisol
enzima específica (3 beta desidrogenase), que quando circulante, mas é importante reconhecer as
bloqueada, bloqueia a prod. de cortisol somente. Por complicações. São elas:
ser um inibidor enzimático, é considerado mais seguro - Diabetes: primeiro estabiliza-se o animal pra só depois
e bem tolerado pelos animais. Dose: 2mg/kg PO SID. fazer o teste de supressão, principalmente se estiver
Pode chegar até 10mg/kg. Alguns pacientes precisam em cetoacidose – o animal pode vir a óbito.
receber essa medicação BID. Está disponível em - Neuropatia periférica.
cápsulas. Esse tratamento é para sempre. - Alterações locomotoras.
- Aldosterona: manutenção de vol., P.A e nível de Na
Hipoadrenocorticismo e K.
Pode ser:
●Diagnóstico: com base nos sinais clínicos, históricos e
- Primário: quando 90% do córtex da adrenal é
destruído, diminuindo prod. de cortisol e aldosterona. grau de suspeição. Dosagem de Na e K – quando essa
relação for menor que 27, pode-se confirmar a
- Secundário: quando a hipófise diminui a prod. de doença se fizermos o teste de estimulação com
ACTH, que diminui a prod. de cortisol pela adrenal. ACTH. Também pode-se fazer a relação entre ACTH
Se um paciente recebe terapia com glicocorticoide – cortisol, e Aldosterona – Renina. A informação em
sem redução gradativa, ele desenvolve o relação a renina define se o problema está relacionado
hipoadrenocorticismo secundário porque o cortisol com a glândula ou mecanismo de feedback.
bloqueia o eixo. Não é irreversível.
●Tratamento
- Iatrogênico: em pacientes que recebem mitotano ou
trilostano e desenvolvem a crise de adrenal. ⟶ Fluidoterapia (pra reposição de volume e pressão)
com solução fisiológica NaCl 100mg/kg, NUNCA
● SinaisClínicos: suplementar K,
- Hipocortisolemia: letargia, fraqueza, depressão, ⟶ Pode-se suplementar glico/mineralocorticoides. Os
anorexia, vômito e diarreia. glicocorticoides são importantes pra situação de jejum
- Hipoaldesteronemia: hipovolemia, hipotensão e prolongado e resposta ao estresse. Se evitarmos
bradicardia pelo excesso do nível de K. jejum e estresse, o corticoide pode ser aplicado em
- A desidratação e hipovolemia podem ter ação doses baixas a cada 24/48/72h ou até mesmo não
compensatória de taquicardia. aplicar. O animal precisa da suplementação de
- Cortisol: manutenção em resposta ao estresse e mineralocorticoides principalmente. A droga de escolha
jejum. pra essa suplementação é o acetato de fludrocortisona
0,0125 a 0,025 mk/kg.

Gastroenterologia de Pequenos Animais


Doenças Esofágicas Corpo Estranho Esofágico
Sinais Clínicos: Locais de obstrução:
- Regurgitação – principal sinal; - Esôfago torácico;
- Disfagia – dificuldade de deglutição; - Base do coração;
- Sialorréia; - Esôfago caudal (mais comum de obstruir).
- Odinofagia – dor ao se alimentar. É uma das causas de estenose.
Em alterações mais crônicas: perda de peso, aversão Sempre que houver corpo estranho nesse órgão,
ao alimento, etc. deve haver suspeita de necrose por contato. Pode ter
- Diferenciar vômito (alimento digerido, tempo mais perfuração (depende de qual e como é o corpo
tardio, presença de sangue/conteúdo biliar) e estranho), pneumonia aspirativa e fístula. A perda de
regurgitação (alimento não digerido, não tem mímica peso é bem pequena.
do vômito, tem engasgo).
- O esôfago não possui a camada serosa, isso significa ● Diagnóstico
que há um retardo de cicatrização, por levar mais - RX simples de tórax
tempo do que o habitual. - Esofagrograma
- Esofagoscopia.
Quais são essas doenças?
- Corpo estranho esofágico; ● O tratamento de eleição é a esofagoscopia, e se
- Neoplasia esofágica; nãohouver possibilidade de remoção, a indicação é
- Megaesôfago; cirúrgica.
- Esofagite;
- Estenose; ● Prognóstico: bom se não houver perfuração.
- Anomalia do anel vascular;
- Hérnia de hiato. ●Terapia adjuvante pós remoção
OBS: O esôfago do chow-chow pode apresentar ⟶ ATB
alteração de coloração da mucosa, isso é fisiológico. ⟶Omeprazol (para que não haja refluxo
gastroesofágico (quando tem conteúdo gástrico que
migra pro esôfago – como o pH do estômago é ácido, ⟶ Pró-cinético (Plasil, Cisaprida)
quando ocorre o contato, a lesão pode ser maior), pró- ⟶ Protetor de mucosa (Sucralfato)
cinético, corticoide (apenas em suspeita de lesão muito ⟶ Em casos severos, sonda gástrica.
acentuada pra que o processo cicatricial diminua e não
haja risco de estenose posterior) e sonda gástrica (em Anomalia do Anel Vascular
lesões acentuadas pra não haver contato de alimento, A mais comum é a persistência do arco aórtico direito
etc). embrionário que pode persistir e aprisionar o esôfago
em um anel de tecido.
Megaesôfago
Pode ser congênito ou adquirido. ● Sinal clínico: regurgitação;
É uma alteração de peristaltismo, onde o paciente
apresenta uma distensão esofágica (fraqueza ● Diagnóstico
esofágica). - Esofagograma (dilatação do esôfago cranial à base
do coração)
Congênita - Endoscopia.
- Regurgitação;
-Perda de peso, tosse ou febre (a maior complicação ●Tratamento
é a pneumonia por aspiração); ⟶ Cirúrgico (ressecção do vaso anômalo).
- Animais jovens.
- Raças predispostas: Schnauzer, Dogue Alemão, ● Prognóstico: reservado.
Dálmata.
Hérnia de Hiato
●Tratamento
É considerada uma anormalidade diafragmática que
⟶ Manejo alimentar (principal tratamento - o animal permite que parte do estômago se prolapse pra
deve ficar elevado para conseguir se alimentar, cavidade torácica.
múltiplas vezes ao dia e em pequena quantidade) - Raça Predisposta: Sharpei.
⟶ Cisaprida (funciona como um pró-cinético, mas não
é 100% garantido) e sonda gástrica (permite que o ●Diagnóstico RX simples, esofagograma e endoscopia.
paciente receba totalmente a alimentação para
conseguir se desenvolver normalmente). ●Tratamento: geralmente cirúrgico, mas clínico
quando o surgimento dos sinais clínicos for tardio.
Adquirido: Fazer uso de fármacos para regular ph ácido, pró
- Causas: miastenia, HAC, esofagite grave, cinético e protetor de mucosa.
miopatas/neuropatias, intoxicações, botulismo e tétano.
- Regurgitação é o principal sinal clínico e pode ● Prognóstico: bom.
apresentar perda de peso.
- Raças predispostas: pastor alemão, Golden retrivier e
setter irlandês. Estenose Esofágica
Causas: corpos estranhos e refluxo gastroesofágico.
●Diagnóstico: RX simples (principalmente) e
esofagograma. ●Tratamento
⟶ Endoscopia, através do balão de dilatação (de 3-4
● Prognóstico: reservado. sessões na maioria das vezes).

Esofagite Neoplasias Esofágicas


Causas: refluxo gastroesofágico, vômito persistente Raro nos cães.
(o conteúdo gástrico sempre fica passando, causando
lesão), corpo estranho esofágico, ingestão de Malignos: CCE, Leimiossarcoma, Fibrossarcoma e
substâncias cáusticas ou ingestão de tetraciclina (como Osteossarcoma.
doxi comprimido em felinos).
Benigno: Leimioma e Plasmocitoma.
●Diagnóstico
-Esofagoscopia (não é possível visualizar por exames ●Diagnóstico

de imagem). - RX simples/contrastado
- Endoscopia
●Tratamento - Biópsia.
⟶ Diminuição da acidez gástrica (Omeprazol - BID)
●Tratamento: é difícil. Procedimento cirúrgico pode ● Nos linfomas, é possível fazer só a quimio.
causar ruptura, a menos que seja lesão pequena e
benigna. Hiperplasia Pilórica Benigna
Aumento de volume no piloro que causa uma
Doenças Gástricas diminuição do seu tamanho, causando um retardo no
- Gastrite aguda; esvaziamento gástrico.
- Gastrite crônica;
- Hipertrofia muscular pilórica benigna; ● Sinais clínicos: vômito persistente em animais jovens
- Corpos estranhos gástricos; e perda de peso.
- Ulceração/erosão gastrointestinal;
- Neoplasia gástrica. - Raças Predispostas: cães braquicefálicos.

Gastrite Aguda ● Diagnóstico


Causas: ingestão de alimentos - Biópsia.
estragados/contaminados, corpos estranhos,
plantastóxicas e agentes químicos ou fármacos. ●Tratamento
Acomete mais os cães. ⟶ Piloroplastia.

●Sinais clínicos: vômito, apatia, febre e dor abdominal. ● Prognóstico: bom.

● Se for só uma lesão primária, o tratamento é Alguns pacientes devem fazer refeições frequentes e
sintomático de 2-3 dias. Se não houver melhora clínica, em pouca quantidade, e um pró-cinético.
faz-se exames como endoscopia. O tratamento geral
faz referência ao regulador de pH, pró cinético, Corpo Estranho Gástrico
protetor de mucosa e anti-emético (Serenia mais Qualquer coisa ingerida pelo animal que não pode ser
usado, mas também pode usar Ondansetrona ou Plasil). digerida ou que são digeridas muito lentamente.

Gastrite Crônica ● Sinais clínicos: vômito por obstrução da saída


Existem alguns tipos, como: gástrica, distensão gástrica e irritação da mucosa.
- Linfocítica-plasmocitária (reação imunológica que
pode ou não ser inflamatória) – é a mais comum; ● Diagnóstico
- Eosinofílica (relação alérgica); - US/RX
- Atrófica.
Em felinos, é mais comum a presença do corpo
● Sinais clínicos: vômito intermitente e anorexia. estranho linear.

● Diagnóstico: biópsia e endoscopia. ●Tratamento


⟶ Cirúrgico ou por Endoscopia

Neoplasias Gástricas Ulceracão/Erosão


São incomuns nos cães. Corresponde a menos de 1% Causas: AINE’S, corticoesteróide, mastocitoma,
de todos os tumores. estresse e IR/IH/DII.
O mais comum nos cães é o adenocarcinomas e É mais comum em cães.
linfoma alimentar nos gatos. Interligada com alteração de permeabilidade da região,
Pode desenvolver uma anemia por deficiência de Fe ou seja, ocorre hipóxia.
se tiver sangramento no TGI.
Depende muito de quando é feito o diagnóstico, pois ● Sinais clínicos: hiporexia, hematêmese, raro algia à
os sintomas são parecidos com outras alterações. palpação abdominal.

● Sinasclínicos: hematêmese, perda de peso, anorexia ● Diagnóstico: depende do histórico completo pela
– mas geralmente são assintomáticos até a doença relação com fármacos, hemograma e bioquímicos,
estar bem desenvolvida. endoscopia.

●Tratamento ●Tratamento
⟶ Cirúrgico ⟶ Sintomático (omeprazol, pró-cinetico, protetor de
⟶ Quimioterapia. mucosa e anti-emético).
Doenças Intestinais
Enterite Aguda Obstrução linfática que causa dilatação e ruptura dos
Alterações genéticas e raciais: lácteos instestinais, com derramamento de conteúdo
- Boxer e Bulldog: colite histiocítica ulcerativa e E. Coli. linfático.
- Pastor alemão: diarreia responsiva a atb e doenças - Raças Predispostas: Yorkshire e Rotweiller.
intestinais crônicas.
● Sinais clínicos: diarreia crônica, perda de peso
Influência da dieta: importante, ascite e vômitos.
- Associação entre dieta e raça: setter irlandês e
gliadina. ● Diagnóstico
- Deficiência de cobalamina em sharpei. - Biópsia.
- Por isso, indica-se rações intestinas (com mais fibras), -Nos exames, podem ser encontrado hipoalbuminemia,
rações hipoalergênicas ou rações low fat (com baixo hipocolesterolemia ou hipocalcemia.
teor de gordura).
Quando o paciente tem uma diarreia muito extrema, ●Tratamento
deve-se fazer um bioquímico completo pra descartar ⟶ Ração low fat (base)
outras doenças que causam diarreia aguda de causas ⟶ Corticoide
secundárias. ⟶ ATB

Quando se tem uma alteração importante de flora, é Linfoma Alimentar


conveniente utilizar probiótico e fibra. Etiologia desconhecida em cães.
Pode estar associada a FELV em felinos.
Doenca Inflamatória Intestinal Extra intestinal é mais comum em cães.
É uma enterite crônica.
Uma das causas mais comuns de vômito e diarreia em ● Sinais clínicos: perda de peso, anorexia, diarreia ID,
cães. vômito e aumento dos linfonodos.
O animal pode apresentar perda de peso com fezes
normas. ● Diagnóstico
Se o duodeno estiver acometido, o vômito bilioso pode - Biópsia.
ser o principal sinal clínico.
Colite
● Diagnóstico Causas: corpo estranho, hipersensibilidade alimentar,
- Biópsia. diarreia responsiva a fibras, verminose, IRC, pancreatite
e hipóxia.
● Tratamento
Pode ser responsiva à dieta, então faz- se dieta ● Sinais clínicos: muco, hematoquezia, tenesmo.
hipoalergênica, corticoide (em dose imunossupressora
pra diminuir a resposta do organismo à inflamação) e ●Tratamento
ATB. ⟶ Dieta rica em fibras
⟶ Metrodinidazol
● Prognóstico: ruim. ⟶ Mesalazina.

Linfangiectasia

Doencas Hepatobiliares
Funções: exames bioquímicos são muito importantes. Se estiver
O fígado possui alta capacidade de reserva funcional, diminuída, ocorre alteração de produção.
portanto, os sinais clínicos nem sempre são aparentes.
Alta capacidade de regeneração. ●SinaisClínicos: anorexia, depressão, letargia, perda de
Relação direta com as toxinas, pois aqui que são peso, estatura corporal baixa, pelame fraco, náusea,
metabolizadas. vômito, diarreia, desidratação, poliúria e polidipsia. Os
Responsável pela síntese de albumina, por isso, os sinais mas específicos (não patognomônicos) são
aumento de vol. abdominal (pode estar normal,
aumentado global, aumentado em região específica ou -Outros exames: hemograma (anemia arregenerativa,
diminuído), presença de efusão (ascite, ruptura de shunt), colesterol (colestase grave ou cirrose), glicemia
tumor hepático c/ conteúdo sanguinolento), presença (hipoglicemia), eletrólitos (hipocalcemia, alcalose
de organomegalia, hipotonia muscular, icterícia, metabólica).
bilirrubina, fezes acólicas, encefalopatia hepática (andar
em círculos, convulsões, head pressing) e ● Diagnóstico:
coagulopatias (produção dos fatores de coag. no - Histórico e sinais clínicos;
fígado, que faz com que percam a produção na - Urinálise;
totalidade). - Perfil bioquímico;
- RX/US;
Hepatomegalia Generalizada - Hemograma;
- Neoplasia metastática; - Testes de função hepática;
- Colangite em felinos; - Citologia e biópsia hepáticas.
- Obstrução aguda do ducto biliar;
- Hepatotoxicidade aguda;
- Lipidose; Hepatite Aguda
- ICD; Relacionado com intoxicações, infecciosas
● Tratamento contínuo com anticonvulsivante. (principalmente leptospirose), metabólicas ou
farmacológicas.
Hepatomegalia focal/assimétrica: Pode levar a uma IH Fulminante.
- Neoplasia metastática; É uma alteração súbita, que pode se mostrar grave.
- Hiperplasia nodular; Risco de desenvolver CID.
- Doença hepática crônica; Menos comum que a crônica.As causas nem sempre
- Abcessos; são identificáveis. O que influencia nisso realmente é o
- Cistos. histórico do animal.
Ou é fulminante, ou o paciente se recupera sem
Micro-Hepatia: nenhuma lesão permanente.
- Doença hepática crônica;
- Desvio portossistêmico congênito. ● Sinais clínicos: anorexia, vômito, polidipsia,
- Primeiramente, avalia-se tamanho do fígado para desidratação, encefalopatia hepática, icterícia, petéquia,
iniciar um direcionamento. hematêmese e melena.

Causas de hiperbilirrubinemia: ● Diagnóstico


- Aumento na prod. de bilirrubina -> hemólise aguda; - Aumento de ALT e AST;
- Hiperbilirrubinemia;
- Hipocalemia;
Ascite - Trombocitopenia,
Relação específica com uma hipertensão venosa - Hepato/esplenomegalia e aumento no tempo de
portal. coagulação.
Pode estar relacionada com ICC.
● Tratamento
Encefalopatia Hepática Eliminação da causa, tratamento de suporte e
Resultado da exposição do cérebro a toxinas intestinas sintomático
que não foram absorvidas pelo fígado. ⟶ Fluidoterapia + glicose + K
Muito comum por amônia. ⟶ Anti-emético: Maropitant/Cerenia,
⟶ Anti-secretores: Omeprazol/Pantoprazol
● Sinais clínicos: andar em círculos, head pressing, ⟶ Protetores gástricos: Sucralfato
convulsões. ⟶ Protetores hepáticos: SAME
⟶ Acetilcisteína -> toxicidade por paracetamol ou
Testes Laboratoriais Silimarina)
- Lesões de hepatócitos: ALT (enzima de eleição), ⟶ Correção das anormalidades (desidratação,
AST e hipovolemia, hipoglicemia, etc).
- Sorbitol desidrogenase. ⟶ Coagulopatia: vitamina K/transf. Plasma;
- Colestase: FA e GGT. ⟶ EH: infusão de propofol ou enema lactulose;
-Disfunção hepática: bilirrubina total, albumina, amônia ⟶ Ascite: tratamento da causa;
e ácidos biliares (podem indicar alterações crônicas). ⟶ Nutrição: carboidratos e proteínas de alta
digestibilidade.
- Biópsia, etc. Pequisar tríade.
Hepatite Crônica
Apoptose celular ou necrose. ● Tratamento:
Acomete animais jovens e de meia idade. ⟶ Dieta: com alto teor de proteína e gordura. O
Perda de massa e função hepática tratamento primordial é a alimentação. Ele precisa
Aumento persistente de ALT. voltar a comer. O prognóstico é definido através da
Diferenciações para hepatite aguda: microhepatia, alimentação. Ao chegar, é necessário alimentá-lo
ascite, albumina baixa, anemia por doença crônica e as através da sonda nasogástrica ou esofágica.
enzimas hepáticas podem estar com pouco aumento. ⟶ Correção de hidratação, vit. K e eletrólitos.
● Sinais clínicos: vômito, diarreia, poliúria, polidpsia, ⟶ Cuidar pro paciente não desenvolver aversão ao
icterícia, edema, fibrose e hipertensão portal. alimento, por isso a importância de controlar vômito e
náusea.
● Diagnóstico ⟶ Sonda deve ser trocada/tirada de 7-10 dias.
- Biópsia, ALT, AST, GGT, FA, albumina, uréia, ⟶ Antiemético/antiácido.
microhepatia, EX/Eco e mensuração de ác. ⟶ Cobalamina se alteração intestinal concomitante.
biliares/conc. De amônia.
Colangio-Hepatite
● Tratamento: Inflamação do trato biliar e hepático, podendo ser
⟶ Interromper a inflamação: prednisona. neutrofílica ou linfocítica.
⟶ Colerético: ác. ursodesoxicólico. É a segunda maior hepatopatia em felinos, também
⟶ Antioxidantes: vit. E, SAMe ou Silimarina como conhecida como tríade.
adjuvante, mas a resposta não é tão significativa. Pode ocorrer pela alta incidência de doença
⟶ Antifibróticos: colchicina. inflamatória intestinal, vômito crônico com pressão
⟶ Manejo da ascite: espironolactona e restrição de intraduodenal e refluxo pancreático, microflora
sal dietético. intestinal e pela antomia do ducto biliar e pancreático.
⟶ Manejo da EH: fluidoterapia, jejum/dieta, enema, Neutrofílica/Supurativa: relação direta com infecção
lactulose e ATB (se houver alteração intestinal bacteriana ascendente, normalmente por E. coli,
concomitante). Clostridium, Streptococcus e Salmonella. O comum é
⟶ Convulsões: fluidoterapia com glicose ou diazepam. ocorrer em animais de 3,3 anos (jovens a adultos
⟶ Manejo nutricional: se houver um grau alto de jovens). Histórico recente.
acúmulo de cobre, corrigir níveis de vitaminas e
minerais, etc. ● Sinais clínicos: anorexia, letargia, vômito, febre,
icterícia, dor abdominal e desidratação.
Neoplasias Hepáticas
Cães: mais comum maligno, com metástase comum. ● Diagnóstico
Gatos: mais comum benigno. - Neutrofilia com desvio à esquerda
Adenoma carcinoma hepatocelular/biliar, linfoma, - Aumento de GGT, ALT, BT e FA.
mastocitoma, sarcoma, etc. - US com dilatação das vias biliares e espessamento da
vesícula. Importante fazer aspirado (PAAF) da V.B (não
Fazer biópsia. Se for linfoma ou masto, dá pra fazer é uma coleta simples), fazendo cultura e antibiograma.
citologia.
●Tratamento:
⟶ ATB de 4-6 semanas, podendo ser Ampicilina,
Lipidose Hepática Cefalosporinas + fluorquinolona/aminoglico,
Muito comum em felinos. Metronidazol, Amoxicilina c/ ác. clavulânico, Ursacol.
É um acúmulo grave de triglicerídeos nos hepatócitos, ⟶ Fluidoterapia.
gerando uma perda aguda que pode ser reversível – ⟶ Alimentação constante.
depende do tempo de diagnóstico e se está isolada.
Causas: anorexia prolongada, estresse, obesidade. ● Prognóstico: favorável.
Relacionada com várias doenças, como DII,
colangiohepatite, pancreatite, linfoma, etc.
Linfocítica/Não Supurativa
● Sinais Clínicos: icterícia, perda de massa muscular, Não tem relação com presença de bactérica, não se
anorexia, vômito, desidratação, hepatomegalia e EH. sabe muito a etiologia.
Evolução lenta, por isso considerada crônica.
● Diagnóstico Acomete animais adultos/idosos, 9 anos em média.
- US Histórico de melhoras, pioras, por isso mais difícil a
- Aumento de FA, ALT e GGT resolução.
Congênito: ocasionado por vasos embrionários
● Sinais clínicos: perda de peso, anorexia, icterícia, anômalos.
letargia, ascita ou hepatomegalia concomitante. Não associados com hipertensão portal. Ocorre em
animais jovens. Mais comum em gatos, principalmente
● Diagnóstico persas e himalaias.
- Biópsia hepática Em felinos com íris de coloração Cu e hipersalivação,
- US sugere-se shunt.
- Bioquímico. Adquirido: em resposta a hipertensão portal.
Normalmente em animais com hepatite crônica.
● Tratamento: Maiscomum em cães.
⟶ Prednisolona (p/ conter inflamação).
⟶ ATB (em inflamações secundárias). ● Sinais clínicos em cães: ascite, andar em círculos,
⟶ Ursacol (ajuda na presença de lama biliar e cegueira, convulsões, poliúria, polidipsia, urólito de urato.
inflamação por excretar a bile).
⟶ SAMe, vit. E e Silimarina (protetor hepático). ●Sinais clínicos em gatos: hipersalivação, convulsões,
etc.
● Prognóstico: reservado. Normalmente não tem cura,
apenas evita-se cirrose. ● Diagnóstico
- Dosagem de ác. biliares em jejum e pós- Prandial
SHUNT – Desvio Portossistêmico - Microcitose
Alta concentração de amônica. - US
Geralmente ocorre atrofia hepática importante. - Biópsia, etc.

Doenças Pancreáticas
Pancreatite Aguda Sintomas agudos: anorexia, desidratação, letargia, algia
Predisposição: terriers, Cocker, gatos de pelo curto e abdominal, icterícia e vômitos (raro).
cães idosos. Sintomas crônicos: letargia, perda de peso,
Fatores de risco: obesidade, isquemia, HAC, fármacos, desidratação e perda de apetite.
trauma ou DII.
Pancreatite Crônica
● Sinais clínicos: desidratação, anorexia, vômitos e Relacionada com insuficiência pancreática exócrina.
fraqueza. Posição de prece por dor abdominal. Perda de peso apesar de comer muito bem.
Atrofia das cél. Acinares pancreáticas.
● Diagnóstico Raças predispostas: pastor alemão e schnauzer.
- US padrão ouro, mas também pode ser feito RX Muitas vezes relacionado à desbiose.
- Biópsia (pouco comum).
● Sinais clínicos: diarreia crônica do ID, polifagia, perda
●Tratamento de peso crônica, coprofagia e esteatorréia.
⟶ Fluidoterapia
⟶ Nutrição ● Diagnóstico: tripsinogênio (TLI) – padrão ouro. Em
⟶ Analgesia último caso, teste de desafio dos triglicerídeos.
⟶ Anti-emético.
●Tratamento
Em felinos: todos os sexos, raças e idade. ⟶ Suplementação enzimática pro resto da vida
Normalmente por trauma, drogas, infecções, parasitas ⟶ ATB se houver desbiose
e doenças como lipidose ou colangiohepatite. ⟶ Dieta com baixo teor de gordura (low fat).

Otites
A otite é a inflamação do canal auricular externo largura do canal devido ao espessamento das dobras,
resultando em hiperplasia das glândulas ceruminosas, podendo resultar em calcificação da cartilagem
aumento de produção de cerúmen, fibrose resultante auricular.
do espessamento da derme e epiderme, redução da
Essa é a doença mais comum do canal auditivo prejudicam muito a eficácia de antibacterianos
externo, podendo atingir a concha acústica. aminoglicosídeos (gentamicina e neomicina).
Podem ocorrer uni ou bilateralmente e ser
caracterizadas quanto à evolução clínica em aguda ou Se houver suspeita da ruptura de tímpano, usar
crônica. aminoglicosídeo tópico pode desencadear um grave
quadro de ototoxicidade, com síndrome vestibular
É muito mais fácil perfurar o tímpano de gato com (geralmente reversível, mas às vezes, sequelar) ou
um swab, pela diferença no comprimento e angulação surdez permanente.
dos condutos auditivos dos cães.
As orelhas saudáveis só devem ser limpas onde Na otite crônica é obrigatório o bacteriológico com
alcança o dedo, com algodão ou gaze com antibiograma (se a otite for bilateral, fazer de cada
ceruminolítico. conduto) e micológico. Também deve-se fazer
tratamento tópico + sistêmico antibacteriano (se
Não é indicado arrancar pelos do conduto de orelhas houver etiologia bacteriana - geralmente tem, mesmo
saudáveis por ser porta de entrada para cocos que não sendo a causa inicial). O tratamento será longo
habitam normalmente o local. Orelhas doentes podem (semanas) e muitas vezes precisará de manutenção
requerer limpezas mais frequentes e controle dos vitalícia (limpeza periódica - a periodicidade depende
pelos com cortes (evitar arrancamentos). Tosar a de cada caso: pode ser duas a uma vez por semana
parte interna da pina ajuda muito na prevenção de a uma vez cada 2 semanas), com cereuminolítico e
recidivas por deixar as orelhas pendulares mais aplicação tópica do produto antibacteriano/antifúngico.
arejadas. Muitas vezes para sempre.

Orelhas cheias de secreção inviabilizam exame Na otite crônica, a hiperceratose/estenose/alteração


otoscópico profundo e mesmo o tratamento. Por isso, interna da orelha são irreversíveis, o que por si só é
deve ser feita a lavagem de condutos com um fator de recidiva da patologia.
turbilhonamento somente de solução fisiológica morna,
aplicada com uma seringa e cateter ou sonda, até sair Inflamações crônicas podem gerar neoplasias malignas
limpo. Deve ser indicado o uso prévio de ceruminolítico por transformação neoplásica do epitélio pela irritação
sem ácido uns dois dias antes da lavagem - encher os crônica. Nesse caso, cirurgias abrangentes com biópsia
condutos com o produto, duas vezes ao dia, são indicadas.
massagear e deixar o animal remover naturalmente
sacudindo a cabeça. Apesar da sujeira, é muito eficaz. ● Exame clínico das orelhas:
Para animais que não podem ser anestesiados, tentar - Visual;
fazer apenas essa limpeza farmacológica. - Olfativo;
- Palpação;
Os corpos estranhos no conduto auditivo são - Swab;
geralmente causados por nós de pelos desprendidos - Aparelhos (otoscópio);
ou plugs de fibrina e secreção. por isso o exame com -Recursos laboratoriais (citologia, parasitologia, cultura
otoscópio é importante, para detectar e remover esse bacteriana e fúngica, biópsia).
material, que, se não forem removidos, causarão
recidivas. Fórmula magistral para solução de limpeza rotineira:
- Ácido lático 2980 mg;
As otites unilaterais são as que exigem mais cuidado - Ácido salicílico 110 mg;
no exame clínico, pois, com frequência, aquele - Veículo qsp 100 ml.
conduto auditivo tem algo diferente.
As copatogenias entre agentes etiológicos, ● Etiologia das otites:
especialmente entre leveduras e bactérias, devem ser - Parasitária;
tratadas como entidades separadas. - Fúngica;
- Neoplasias;
A maioria dos produtos de limpeza para otites contêm - Alérgica;
ácidos, que podem ser irritantes para o conduto - Bacteriana;
auditivo inflamado, agravando o quadro. Estes são - Ceruminosa/Seborreica;
melhores para limpezas de manutenção do que - Corpo estranho.
terapêuticas, Para limpezas terapêuticas, utilizamos
produtos sem ácidos (só com os detergentes de ● Fatores predisponentes:
cerume). Os ácidos dificultam o desenvolvimento de - Anatomia (forma da pina, pilosidade do conduto
bactérias Pseudomonas e leveduras Malassezia, porém auditivo, pregas cutâneas);
- Umidade;
- Seborréia; ⟶ Afoxolaner: 2,5 mg/kg PO (cães) dose única:
- Corpo estranho; eficácia 98% (pode repetir em 30 dias, mas
- “Vento”; geralmente não será necessário);
-Comportamentais (lamber ouvidos uns dos outros); ⟶ Sarolaner: (cães) eficácia de 99,4% com dose
- Endocrinopatias (hipotireoidismo). única.

-Raças Predispostas: Cocker; Sharpei; Poodle; Basset. Otite Fúngica


Causada pela Mallasezia pachydermatis, é mais comum
● Sinais Clínicos: em cães do que em gatos.
- Prurido; É a complicação mais comum em casos de otite
- Algia; alérgica e pode surgir como uma superinfecção após
- Odor fétido; antibioticoterapia. O mecanismo patológico é ainda
- Secreção anormal; desconhecido, mas acredita-se estar relacionado a sub
- Eritema e descamação; produtos metabólicos do crescimento e morte das
- Inquietude e irritabilidade; leveduras.
- Vocalização (choro); O cerume é de cor marrom escura a negra e possui
- Lateralização da cabeça; odor característico.
- Síndrome vestibular.
A otite ceruminosa também pode favorecer a
● Complicações das Otites: proliferação da Malassezia em função da presença de
- Cronificação e/ou sistematização; gordura.
- Abscedação;
- Síndrome vestibular; No exame otoscópico, é possível visualizar a aparência
- Oto-hematoma; de “pedras de pavimentação” e ausência de tímpano.
- Estenose do conduto auditivo; A endocrinopatia mais predisponente para otite é o
- Miíase; hipotireoidismo, que espessa o conduto auditivo
- Neoplasia; (mixedema), o deixa tortuoso e favorece proliferação
- Abandono ou eutanásia. do fungo.
OBS: nos casos de otohematoma, a indicação é
cirúrgica. ● Diagnóstico:
- Citologia de secreção: + 15 leveduras/campo
Otite Parasitária imersão,coradas por Wright;
A sarna otodécica causada pelo Otodectes cynotis, é a - Cultivo em meios para fungos;
mais comum, considerada a causa primária de otite em - Características da secreção.
mais de 50% dos gatos com esta afecção, mas nos
cães esta incidência não é tão grande. ● Tratamento:
Alimentam-se de cél. epiteliais, linfa e sangue, podendo ⟶Tiabendazole tópico SID/ 3 sem. Depois
ser complicada por infecção bacteriana secundária. manutenção variável;
⟶ Clotrimazole tópico;
A orelha fica cheio de pontos pretos. ⟶ Solução ácido bórico 2% + ácido acético 2% SID
Cerúmen marrom escuro. encher os ouvidos e depois secar / 2 sem.;
⟶ Itraconazole (casos graves): 5 mg/kg PO
● Diagnóstico: 2x/semana / 3 semanas OU 5 mg/kg PO SID/2d
- Cor do exsudato ou cerume; consecut / 3 semanas OU 5 mg/kg PO SID em
- Otoscópio; semanas alternadas por 3-4 semanas.
- Swab.
Otite Ceruminosa/Seborreica
●Tratamento:
Nessa otite específica ocorre uma produção excessiva
⟶ Ivermectina (0,2 mg/kg SC R. 3 sem. – 97,4% de cerume.
eficácia); Ocorre a presença de sebo no conduto auditivo por
⟶ Selamectina (“spot on” 1x – reavaliar 4 sem.); uma hiperplasia das glândulas de cerume.
⟶ Moxidectina (“spot on” 1x – reavaliar 4 sem.); Geralmente é acompanhada de uma seborreia
⟶ Fipronil (3 gtt tópico – eficácia 89,5%); generalizada, mas pode ser localizada.
⟶ Fluralaner: oral (cães) spot on (cães e gatos): Alterações de queratinização ou glandulares podem
eficácia praticamente 100% com dose única; causar otite ceruminosa.
Cerúmen castanho claro.
● Tratamento: ceruminolíticos umidade, pode aumentar sua proliferação e causar a
Fórmula manipulada: otite. Dentre as causas primárias podemos citar a
⟶ Propilenoglicol 30,9 g; presença de ácaros, corpos estranhos, atopia ou
⟶ Mentol 0,52 g; causas iatrogênicas.
⟶ Alantoína 0,26 g;
⟶ Tintura de Benjoim 0,1 g; ● Diagnóstico:
⟶ Veículo qsp 100 ml. - Cultura e antibiograma;
Cerumin®: trietanolamina + borato de 8- - Na presença de secreções mais liquefeitas, como as
hidroxiquinolina em veículo de EDTA sódico; catarrais ou purulentas, a análise de lâminas coradas
Epiotic ® : Ácido Salicílico (0,11g), ácido lático (2,88 g), com panótico rápido pode revelar a presença de
microcápsulas (1g) e veículo qsp100,0 mL. leveduras ou bactérias. Neste contexto, a coloração de
Gram é útil na diferenciação.
Otite Bacteriana
● Tratamento:
Pode ser causada por Staphylococcus spp,
Streptococcus spp, Pseudomonas aeruginosa, Proteus ⟶ SoluçãoTRIS-EDTA: lavagem ótica SID, 10’ antes de
mirabilis, Escherichia coli ou Enterococcus spp. outra terapia tópica - 6,05 g EDTA dissódico + 12 g
As bactérias raramente são causas primárias de otite ⟶ Trometamina (Trizma base) e água destilada q.s.p.
externa, portanto um diagnóstico de "otite bacteriana" 1 L.
é frequentemente incompleto. ⟶ Ajustar o pH p/ 8 c/ ác. clorídrico ou ác. acético e
autoclavar por 15’. Querendo 100 ml, usar 605 mg de
● Causas: a microbiota auricular normal dos cães é EDTA + 1,2 g Trometamina.
composta por algumas bactérias e leveduras. Se essa ⟶ Sulfadiazina de prata.
microbiota sofrer alterações de temperatura e

Abcessos e Flegmões
Conceitos evoluem para abscesso, ainda mais quando tratados
-Abcesso: inflamações purulentas, geralmente sépticas, precocemente.
com delimitação clara capsular, mais frequentemente
no tecido subcutâneo (mas pode ocorrer em outros ● Formação da cápsula: o processo purulento vai
tecidos). sendo rodeado de fibroblastos que produzem uma
cápsula de tecido fibroso que sequestra e delimita o
Etiologia: inflamação purulenta, séptica (etiologia foco infeccioso. É o abscesso. No início, a delimitação
bacteriana ou fúngica, geralmente) ou não (abscessos não é muito clara, pois há bastante inflamação e
estéreis), delimitada por uma cápsula fibrosa. edema em volta.

-Flegmão: inflamações purulentas, geralmente ● Organização: o abscesso vai ficando cada vez mais
sépticas, sem delimitação clara, mais frequentemente delimitado pela cápsula fibrosa e destaca-se o aumento
no tecido subcutâneo (mas pode ocorrer em outros de volume semelhante a tumor. Por ação enzimática
tecidos). interna, a cápsula vai adelgaçando e ele vai ficando
cada vez mais “flutuante”, macio ao toque. A
Etiologia: inoculação de patógenos por mordidas, sensibilidade dolorosa costuma reduzir nessa etapa. À
corpos estranhos penetrantes, injeções ou idiopáticos. punção, revela pus.

Abscesso ● Fistulação: o processo de lise da cápsula continua até


É a infecção piogênica mais comum em felinos. que haja comunicação do meio interno (pus) com o
Ocorre mais em gatos, porque a pele é espessa e meio externo, havendo uma drenagem. Os sinais
elástica, e fecha rapidamente sobre ferimentos clínicos sistêmicos costumam regredir nessa etapa.
puntiformes (mordidas). Há acúmulo de exsudatos no
subcutâneo. ● Reabsorção ou fibrose: o tecido circundante vai
assimilando o abscesso por fagocitose de macrófagos,
● Fases do Abscesso: e às vezes, fica uma cicatriz fibrosa no local.
Flegmão: há um processo piogênico espalhado no
tecido, com dor e edema, sem delimitação clara. Nos ● Causas – Abcessos Estéreis:
membros, costuma produzir claudicação. À puncão, se - Medicamentos irritantes injetáveis;-
costuma obter apenas sangue. Alguns flegmões não - Adjuvante vacinal;
- Neoplasias volumosas com áreas que necrosam por febre ou claudicação, mesmo na ausência do inchaço.
falta de circulação (comum em neoplasias mamárias). -Pode haver leucopenia em casos de celulite (consumo
tissular excessivo de leucócitos) ou quando estiver
OBS: existe relação direta com leucemia viral felina e associada leucemia viral ou imunodeficiência viral felina.
hemoplamose, que também podem ser transmitidas - A neutrofilia madura ocorre na fase flegmonosa e do
por mordidas. abscesso organizado.
- Em abscessos recorrentes: procurar por corpo
● Causas – Fistulações Crônicas: estranho, osteomielite, Nocardia, Mycobacterium,
- Fístula oro-facial ou oro-nasal (abscesso dentário); fungos ou formas bacterianas L (sem parede celular).
-Corpos estranhos (espinhos de ouriço, fragmentos de
dentes); ● Tratamento:
- Osteomielite ou esquírulas ósseas; ⟶ Tricotomia e drenagem com incisão ampla para
- Metalose (formação de corrente elétrica entre dois evitar que feche antes de ter debelado o foco
metais de fixação interna, com ligas diferentes – entre infecciosos, e lavagem com H2O, soluções iodadas ou
placas e parafusos, entre pinos, entre cerclagem e clorexidine.
outro metal); ⟶ Antimicrobianos:
- Fios de sutura; - Utilizam-se em abscessos maiores ou quando há
- Infecções fúngicas; comprometimento geral mais grave;
- Formas “L” bacterianas (bactérias que perderam a - Normalmente são ineficazes para penetração na
parede e ficaram só com a membrana): raro; cápsula de abscessos maduros;
Neoplasias. - Normalmente se escolhem beta-lactâmicos. Para
anaeróbios, ampicilina e amoxicilina não costumam ser
● Sinais Clínicos: tão eficazes quanto a própria penicilina.
Geralmente os abscessos localizam-se nas patas, face, - Cloranfenicol pode ser utilizado, mas é bacteriostático
dorso e base da cauda, áreas mais facilmente e pode causar anorexia;
lesionadas. - Cefalosporinas de segunda e terceira gerações,
Em infecção mais extensa, há febre de 39,7 - 40,6ºC, clindamicina e metronidazole são eficazes contra
anorexia, depressão e linfadenopatia cervical. anaeróbios;
Dor local com edema e aumento de volume, mais na - As formas L bacterianas são suscetíveis a
fase flegmonosa. tetraciclinas.
Abscessos maduros são macios e flutuantes. ⟶ Cirurgia:
Pus mal-cheiroso e marrom-avermelhado é mais - Abscessos imaturos, flegmões e celulites devem ser
indicativo de presença de anaeróbios. organizadas para poderem ser drenados
Geralmente após a fistulação, aliviam ou desaparecem cirurgicamente. Para induzir esse processo, utilizam-se
os sinais sistêmicos. compressas quentes ou soluções hipersaturadas
salinas, como sal de Epson.
● Sequelas: claudicação ou paralisia devida à miosite, - Drenos podem ser utilizados ou não após a incisão e
osteomielite, artrite séptica ou discospondilite. lavagem.
Fístulas que drenam intermitentemente e respondem - Utilizar antimicrobianos.
temporariamente à antibioticoterapia, podem estar - Abscessos retrobulbares dever ser drenados atrás
drenando de foco em osteomielite. do último molar.
Abscessos internos são de difícil diagnóstico até que - Fístulas oronasais, geralmente se originam de foco
rompam ou sejam localizados por ultrassonografia. infeccioso na base do canino ou pré-molares, e os
Normalmente originam-se de êmbolos sépticos de dentes devem ser tratados adequadamente ou
outros focos infecciosos. extraídos em caso de necessidade.
Abscessos pulmonares geralmente originam-se de - Em caso de osteomielite, deve-se retirar todo o osso
pneumonia por aspiração. não desvitalizado (não sangrante).
- Castração preventiva de brigas em machos.
● Diagnóstico:
- Suspeitar em estabelecimento agudo de anorexia,

Parvovirose Canina
Conceitos: Vírus sem envelope, com material genético de DNA –
Segunda virose mais importante dos cães. isso é importante porque os vírus envelopados são
Causada pelo Parvovirus canino (CPV 2). mais frágeis.
Por isso, o CPV 2 é considerado um dos vírus mais rapidamente deslocado pro IG, sem dar tempo de ser
resistentes. digerido.
O CPV 1 é considerado um vírus minúsculo dos cães,
não é patológico. Os pacientes com parvo podem ter uma copatogenia
Existem 3 grupos: CPV 2 A, CPV 2 B (mais comum bacteriana pelas enterobacterianas. São essas que
no brasil) e CPV 2 C. normalmente levam o animal à morte.
Muitos cães podem apresentar parvo sem
Patogenia: períodos de incubação de 3-4 dias. hematoquezia visível a olho nu. Isso acontece nos cães
Sua eliminação é chamada de explosão. O animal que possuem a imunidade parcial. Quanto mais intensa
elimina o vírus nas fezes 2 dias antes de apresentar a hematoquezia, mais difícil o tratamento.
os sinais clínicos. Apesar de ser uma eliminação curta,
a contaminação é muito grande. Favorecem surtos: estresse, superpopulação (a
Uma fonte de infecção frequente é o consultório: associação dos dois primeiros costuma ocorrer nas
então, até mesmo o termômetro e balança devem feiras de filhotes), doença pré-existentes e o fato de
ser desinfetados. não mamar o colostro.
Essa desinfecção em termômetros deve ocorrer por
no mínimo 30min de contato. Pode ser feito com ● Sinais Clínicos:
álcool. - Febre;
- Vômitos – sem presença de sangue;
OBS: soluções com hipoclorito devem ser utilizadas na - Anorexia total;
hora. - Adipsia;
- Prostração;
-Raças predispostas: canídeos domésticos e silvestres. - Desidratação;
Nas raças predispostas, o prognóstico não é favorável. - Fraqueza;
Ex: pitbull, chihuahua, labrador, Golden, rotweiller (é a - Depressão;
mais suscetível). - Letargia;
A maioria dos casos de parvovirose ocorre dentro do - Anorexia.
primeiro ano do animal, mas pode ocorrer depois
dessa fase. OBS 1: Podem haver sinais neurológicos mas devido à
A clostridiose intestinal pode ser confundida com hipoglicemia e/ou hemorragia intracraniana pela
parvo, mas acomete mais animais adultos.Depois que o CID.Também pode se dever à sepse e desequilíbrios
animal se recupera, ele não tem outro eletrolíticos ácido-básicos.
episódio da doença.
OBS 2: Nunca se utiliza água com pressão pra lavar
● Patogenia: boxes de isolamento, pois as partículas do vírus se
Geralmente fecal-oral. Causa uma doença sistêmica, espalham pelo canil e outras animais as aspiram.
atacando o sistema linfático e a M.O vermelha.
O vírus penetra pela boca, se multiplica nos linfonodos, OBS 3: Cães acometidos podem desenvolver
linfa, faz uma viremia e chega até o sistema intussuscepção intestinal em qualquer momento da
gastrointestinal. doença. Isso intensifica os vômitos.
A forma neonatal pode ocorrer quando o animal
contrai o parvovírus no útero, ou em filhotes com OBS 3: Os animais podem apresentar CID, que muitas
menos de 8 semanas. Essa forma congênita causa vezes leva o animal a óbito.
lesões no coração do animal, causando morte súbita
ou demonstrando sinais cardíacos muito cedo. Os linfonodos normalmente estarão com o córtex
As moscas representam um papel importante na hemorrágicos. O baço sangra, o timo necrosa.
disseminação ambiental do vírus, ao pousarem em
fezes contaminadas. Os cães podem carrear o vírus Quando um animal morre de parvovirose, é
napelagem por longos períodos. importante fraturar um osso pra analisar a medula, pois
ela estará hemorrágica e liquefeita.
Quando as cél. tem uma taxa mitótica alta, o vírus as
necrosa. Mas nem sempre essas células morrem. O Porém, o diagnóstico é feito microscopicamente.
ataque do vírus ocorre na cripta do intestino, mas
ataca todo o vilo, destruindo-o. Por isso, é comum Importante fazer reposição de líquido – a hidratação
causar hematoquezia nos animais. Essa hematoquezia deve ser checada todos os dias. O fluido de escolha é
é de origem do ID – pois como a capacidade absortiva o ringer lactato, via IV ou intra óssea em último caso –
do ID fica praticamente anulada, esse sangue é no fêmur, com cloreto de potássio acrescentado.
Sempre verificar glicemia, pois é comum que os ● Tratamento:
filhotes apresentem hipoglicemia. ⟶ Inicia-se imediatamente e prossegue até a
cessação dos vômitos e diarreia.
● Diagnóstico: ⟶ Fluidoterapia.
-Pode haver linfopenia e leucopenia no hemograma. ⟶ Antibioticoterapia - parenteral:
- A linfopenia pode chegar a diminuição absoluta. - Metronidazol;
- São os leucócitos que mais se reduzem no - Amoxicilina com clavulanato;
hemograma. Pode haver neutropenia com desvio à - Ampicilina.
esquerda degenerativo e aparecimento de neutrófilos ⟶ Anti-emético:
com corpúsculos de inclusão tóxicos. - Maropitant;
- O vírus só é detectado se estiver sendo eliminado - Se necessário, pode ser associado com
nas fezes. Pode haver falso negativo, mas nunca falso Ondansetrona ou Metoclopramida.
positivo. ⟶ Anti-secretor - IV:
- O hematócrito pode estar elevado em função da - Omeprazol (é o mais potente);
desidratação – falsa elevação. - Pode ser substituído por Ranitidina.
- Redução súbita no plaquetograma em animais com ⟶ Espasmolítico:
CID. - Se houver dor abdominal;
- Ele precisará de transfusão de sangue ou plasma. - Escopolamina.
- US Abdominal: espessamento intestinal, aumento do ⟶ Transfusão de sangue – em casos de CID;
peristaltismo, conteúdo líquido ou gasoso nas alças – ⟶ Probiótico – na fase de convalescença.
mas não tem muita relevância. OBS: não se faz mais jejum. Se estimula a alimentação
- PCR. desse animal. Rações como Recovery é boa. A
- Além disso, podem ser feitos exames como presença de alimento no intestino reduz a invasão
microscopia eletrônica, hemaglutinação fecal, bacteriana pra circulação.
isolamento viral, aglutinação de látex e ELISA.
- Na sorologia, também podem ser feitos testes de OBS 2: se o animal for a óbito, indica-se o tutor a não
inibição de hemaglutinação (altos títulos de até 1:10.240), adquirir cães filhotes de 6-8 meses. Se adquirir, o
vírus-neutralização, imunofluorescência e calendário vacinal deve estar completo.
radioimunoensaio.

Panleucopenia Felina
Conceitos: Os sobreviventes desenvolvem altas taxas de
É a “parvovirose felina”. imunoglobulinas, aproximadamente 7 dias pós-
Atinge mais filhotes, mas pode atingir gatos adultos infecção, baixando a viremia.
com FIV/FELV. Nestes, a maior infeção é no tecido A endotoxemia por bactérias Gram – com ou sem
linfático, medula óssea e criptas da mucosa intestinal. bacteremia é comum, e pode acarretar em CID.

Os animais infectados eliminam o vírus no máximo por ● Sinais Clínicos:


6 semanas depois da recuperação, nas fezes e urina. - Vômitos muito intensos;
- Diarreia por má-absorção e hipersecreção – porém
Existe uma forma de panleucopenia chamada de sem hematoquezia. No máx. estrias de sangue. É vista
congênita ou neonatal. Aqui, o vírus tem tropismo pelo com menos frequência, e quando ocorre, é
SNC, principalmente pelo cerebelo, fazendo com que maistardiamente no curso da doença.
ele não se desenvolva. Então, o animal apresenta - Desidratação extrema;
hipoplasia cerebelar, apresentando como sequelas um - Sialorréia se houver náusea;
quadro de ataxia, tremores de intenção. Pode haver - Pode ocorrer febre (40 a 41,6 ), depressão e
lesões na medula espinhal e cérebro, cursando com anorexia.
hidrocefalia.
● Diagnóstico:
Esses animais sobrevivem e podem se adaptar com - Associam-se os sinais clínicos com o hemograma
essa lesão. leucopênico com diminuição de linfócitos. A
neutropenia é muito importante.
Gatos que apresentam esse tipo de sinal clínico desde - Pode haver confusão com salmonelose aguda, pois
jovens, é patognomônico da panleucopenia. também cursa com severa leucopenia. Diferencia-se
Podem apresentar cegueira também, mas é raro. pela cultura fecal das bactérias.
- PCR. ● Tratamento:
- O teste mais usual é a soroneutralização, onde se ⟶ Igual ao cão, porém, a fluidoterapia não pode ser
utiliza um número calculado de vírus + antissoro + soro feita na mesma intensidade do cão. Podem vir a óbito
do paciente: dilui-se progressivamente e inocula-se em por edema pulmonar.
cultura de células. A titulação é dada pela maior diluição ⟶ Não usar Maropitant – pois é indicado para cães e
até aparecer efeito citopatogênico na cultura celular. se ele for a óbito, o médico veterinário pode ser
processado.
Isso significa que o animal possuía um elevado nível de ⟶ Profilaxia: vacinação.
imunoglobulinas. Também se pode fazer o teste de
fixação do complemento.

Coronavirose
Conceitos: 100%, por isso, os surtos em ninhadas são muito
Atinge o trato digestório dos cães e gatos. comuns.
Causado por coronavírus entérico felino e canino.
Seu material genético de RNA multifragmentado. Isso ● Sinais Clínicos:
aumenta a taxa de mutabilidade do vírus. - Gastroenterite de início súbito, normalmente em
filhotes;
Nos gatos, o coronavírus entérico pode sofrer - Diarreia;
mutação durante a infecção e causar PIF. - Vômitos;
- Desidratação em casos agravados;
No coronavírus, os enterócitos do meio do vilo que - A recuperação espontânea dá-se em 8-10 dias.
são necrosados. Por causa disso, o topo do vilo
também morre – então o animal perde da metade pra ● Diagnóstico:
cima do vilo. São produzidas uma intensa inflamação e - Sorológico ou “teste rápido”.
hipersecreção. Porém, normalmente é uma doença
benigna por se limitar somente ao trato gastrointestinal. ● Tratamento:
⟶ Somente sintomático.
É um vírus envelopado, portanto, é um vírus frágil. ⟶Não se utiliza antibioticoterapia após o diagnóstico.
Mas em condições ideais, podem sobreviver por até 7
semanas nas fezes secas. Porém, qualquer sabão e ● Prevenção: vacinação, porém seu grau de eficácia é
desinfetante o mata. muito baixo. Então, o animal pode contrair igual porém
O envelope é um elemento que facilita a infecção do em um quadro mais brando. Não existe vacina pra
vírus na célula, e não pra protege-lo. gatos.
É altamente difusível na população: transmissão é

Rotavirose
Conceitos: É o principal agente viral de enterites em humanos e
Geralmente acomete animais que ainda estão em bovinos.
mamando. O vírus infecta o topo dos vilos intestinais (enterócitos
É muito resistente. maduros), atrofiando-os.
Seu curso é muito rápido. O diagnóstico não é possível.
Desconfia-se da doença em surtos de gastroenterite O tratamento é sintomático.
nesses animais que ainda mamam.
Potencial zoonótico.

Papilomatose Viral
Conceitos: É um vírus oncogênico, causando neoplasia benigna
É causada pelo Papiloma Vírus. nos cães.
Vírus de DNA sem envelope – portanto, bem O vírus infecta as células basais do estrato germinativo,
resistente. e há uma resposta mitótica exacerbada nos locais de
infecção, gerando acantose e hiperqueratose.
- A transmissão é pela saliva que leva partículas virais.
Forma oral: animais com menos de dois anos de idade. Os tumores são bem característicos, de aspecto
- Formam-se verrugas na mucosa oral. O período de rugoso, podendo ser pedunculados, ter consistência
incubação é de 8 semanas normalmente. firme e podem se destacar com facilidade.
- Primeiramente o vírus provoca uma pequena
hiperplasia da mucosa, para posteriormente formarem- ● Sinais
Clínicos:
se as verrugas. Formação de verrugas;
- Sua base pode ser ampla ou estreita. O animal pode tentar coçar a língua.
- Sua defesa é pelos Linfócitos Tc.
- Quando o papiloma for machucado, a imunidade ● Diagnóstico:
celular é ativada e ocorre a cura espontânea.
- Geralmente visual porque a lesão é inconfundível.
Forma cutânea: qualquer idade. - Mas pode ser feito histopatologia, onde serão
- Não tem cura espontânea. encontrados corpúsculos de inclusão.

Forma ocular: qualquer idade. ● Tratamento:


- Não tem cura espontânea. ⟶ Remoção com bisturi eletrônico.
-Afeta a conjuntiva, córnea e margem das pálpebras. ⟶ Em papilomas que não incomodam o animal,
muitas vezes não é necessário fazer nada.
Existe o papiloma não viral, sendo não transmissível. ⟶ Fitoterapia a base de Tuia na forma oral.
- Raças predispostas de papilomatoses graves: São
Bernardo e Beagle.

Salmonelose
Conceitos: antibioticoterapia prolongada, especialmente ampicilina
Pode cursar com leucopenia, pois muitos leucócitos para cães. Pode inclusive prolongar o curso da doença.
saem na diarreia.
Geralmente é um habitante transitório do intestino. Grande parte das bactérias é destruída pelo pH
estomacal.
Pode se multiplicar no intestino ou em alimentos com
substrato proteico (carne, ovos), mas podem se O estresse pode reativar a eliminação:
disseminar sistemicamente para outros órgãos. imunossupressão, gastroenterites virais, etc.
É zoonose.
● Sinais Clínicos:
É resistente apesar de não formar esporos. Os - Diarreia aquosa, geralmente sem sangue e
desinfetantes devem estar em contato por 1h com o abundante.
ambiente. - Cólicas – espasmos na musculatura do intestino.
- Vômitos podem ocorrer, e gatos hipersalivam devido
Costumam habitar água contaminada por esgoto e ao vômito persistente..
permanecem por longos períodos em peixes e
moluscos, em seus tratos digestivos, mesmo por ● Diagnóstico:
bastante tempo após não haver mais detecção das -Episódios de gastroenterite melhorando e piorando.
bactérias na água. - Suspeita quando o animal tem acesso à alimentos
que possam ter salmonelose.
Também infectam mais produtos cárneos crus. Em - Urocultura de swab retal ou de fezes.
ordem decrescente: carne de suíno, bovino, peru e - Grande potencial zoonótico.
cavalo.
● Tratamento:
Animais de menos de um ano são mais suscetíveis. ⟶ Sintomático por serem auto limitantes.
Neonatos podem adquirir a infecção de secreções ⟶ Não é necessário o uso de ATB pela bactéria ser
maternas. Quando a transmissão é “in utero” há empurrada no intestino, mas pode ser feito.
abortos ou neonatos fracos e doentes. ⟶ Em casos de mais animais no ambiente, todos
devem ser tratados com antibioticoterapia de curta
Fatores que desequilibram a flora entérica facilitam o duração.
estabelecimento da salmonelose, como
⟶ Em caso de doença aguda sem sinais sistêmicos:
soluções poliônicas parenterais; glicose hipertônica para
diminuir a perda de fluido pela diarréia.
⟶ A transfusão de plasma pode ser feita em casos
de hipoalbuminemia e endotoxemia (pelo menos 250
ml).
⟶ Resistem a desinfetantes comuns.
⟶ Os animais podem eliminar a bactéria pelas fezes
(via mais importante), por via oral e conjuntival. Gatos,
pelo hábito de se lamber, podem contaminar o pelo. O
maior risco de contaminação é para pacientes
imunodeficientes.

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