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Prefácio
Prólogo
Parte I
01
02
03
04
05
06
Parte II
07
08
09
10
11
12
Epílogo
Contatos da autora
Sinopse
um amor sobreviver?
Importante
Esse livro é um SPIN OFF dos livros Rejeitada pelo CEO e Amada
pelo CEO. Pablo Marini e Nina Moreira são personagens secundárias das
tramas anteriores, portanto, aparecem nos mesmos. Assim, torna-se
necessária a leitura dos livros anteriores para o melhor entendimento
deste.
No passado...
Chiara, minha irmã mais nova estava em êxtase desde que soube que
passei em Administração em uma das universidades públicas da cidade.
Ela era apaixonada e completamente louca para conhecer o lugar.
Enquanto eu, odiava ficar longe de casa. Contudo, era a melhor opção e
não teria prestado a prova se não tivesse coragem de me mudar de fato.
São apenas quatro anos, tornou-se meu mantra nos últimos meses, além de
tudo, naquela primeira semana de aulas.
Suspirei fundo, andando pelo campus e procurado um lugar para
prender minha bicicleta. Parei perto de uma sombra, e agradeci ao meu
Assim que meu corpo foi para frente, preparei-me para sentir o
baque da bicicleta sobre o mesmo. Fechei os olhos e tentei proteger meu
rosto. A cena seria cômica, se não fosse trágica. Porém, senti a presença de
mais alguém, e felizmente, a bicicleta permanecera em pé. Busquei a
pessoa com os olhos, e tive que fazer sombra com as mãos no momento
que a luz solar incidiu diretamente em nós. Parece que meu anjo da guarda
tirara a sombra de questão, talvez sendo substituído por outro alguém
físico. Assim que consegui vencer os raios solares, fui presentada por
olhos negros.
naquele lugar. Conhecer alguém não era algo ruim, no fim das contas.
momento. Era até mesmo metódica para fazer amizades. Porém, o cara que
sequer sabia o nome e me inspecionava por completo, parecia agradável
demais.
alguém.
Ao menos, era boa em lidar com o caos. Muitas vezes, minha mãe
me denominava como o próprio.
formada, assim como Pablo. Sabia que aquele era um momento crucial
para ambos. Longe de todas as comemorações, estávamos nós na kitnet
que continuaria como minha por apenas mais uma semana.
— Como assim?
— Não falamos sobre, mas... Sabe que tenho a pós fora do país. —
comentou e assenti. Seria difícil, e imaginava que ambos sofreríamos com
a distância. Mas ainda assim, acreditava que estávamos destinados. Ao
que nós.
Ele não se deu por vencido. Logo se levantou e senti suas mãos
segurarem os dois lados de meu rosto, e conseguia enxergar o pedido
silencioso de que mudasse minha resposta – que mudasse de ideia.
Eu não podia.
Nem eu poderia fazer tal coisa. Não seria capaz. Entretanto, dar-lhe
meu sim desestruturaria nossas vidas. E de outros mais. Por ele, valia a
pena o risco de esperar. O risco de um dia, ser a mulher certa no momento
Suas mãos se afastaram, assim como, seu corpo. Ele não disse
nada, enquanto eu partia nossos corações. Deu-me suas costas como adeus
e em seguida apenas me virei, para não ter que vê-lo partir. De algum
modo, soara como a confirmação que ele necessitava para me deixar.
Parte I
foto que salvei. Olhar para aquele momento congelado, era como ser
São Paulo para visitar minha irmã, ou até mesmo a trabalho, nada de fato
se desenrolou.
foi ligada.
chegamos ali. Mas vir para São Paulo e encontrar fornecedores para a
padaria que administrava para minha mãe, sempre resultava na mesma
coisa. Eu, Pablo e uma cama. O que nunca era o bastante para mim. Ao
menos, não mais. Não depois de seis anos nos limitando àquilo. Sabia que
ele não daria um passo à frente, e as suas atitudes, eram claras.
abraço.
— Não te culpo por ter medo de investir em nós. Mas acredito que
merecemos mais do que apenas isso. — cruzei os braços sob os seios. —
Só quero que saiba que me importo contigo e que não é fácil encarar essa
situação.
e outros motivos que o melhor era evitar estar onde sabia que ele estaria.
Esquentar a cama do homem que amei, e ainda estava enraizado em mim,
não era meu objetivo de vida. Olhei mais uma vez para o visor e pensei em
quanto tempo fazia que não conversávamos. De repente, tudo ficou ainda
mais estranho entre nós. Nem eu mesma nos entendia, apenas tentava
fingir que o fazia.
Pablo não me perdoava pelo passado, e eu, não insistia em algo que
parecia fadado ao fracasso. Talvez fosse uma boa covarde. Culparia meu
signo ou até mesmo a parte podre do que deveria ser meu pai. Como ele,
me parecia em alguns aspectos – sabia sumir como ninguém.
Contudo aquela ligação era por algo além. Não para fingir que
ainda éramos os mesmos ou simplesmente ouvir sua voz. Chiara precisava
— Pablo.
— Não, quer dizer... Cael fez merda com sua irmã. — comentou,
sem mais delongas, e tive que rir.
— Vou falar com Anne Liv amanhã cedo, e com certeza, se não
tiver encomendado a morte de Cael, ela quebrará a cara dele, e resolverá
— Até que você tenha coragem de falar sobre nós. — falei sem
parecia pesar demais sobre nós. Por isso não liguei durante os dias que se
passaram. Temia que nos encontrássemos sem ter o que dizer. Eu tinha e
muito, mas a coragem ainda faltava. Sequer entendia como chegamos ali.
— Nina, eu...
Não era boa em fingir desinteresse, e com toda certeza, mas ainda
assim, me doía imaginar que algo mudara naqueles dias. Esperava meu
momento de tê-lo de volta. Mesmo que parecesse demorar demais. Talvez
ele percebesse que queria tentar, assim como eu.
— Eu estou noivo.
— Nina...
Talvez o destino apenas não seja ele. Sem esbarrão. Sem nada.
Casamento era algo importante para ele. Sabia que Pablo não o faria por
nada.
certeza, o destino me dera uma boa dica quando senti vontade de comprar
aquela garrafa.
Ele bebeu um longo gole e fez uma careta no fim. Nada melhor
do que o amargo da bebida para superar o amargo daquele amor que sentia.
Olhei para o celular e sabia que ela tinha desligado. Passei uma
mão pelo cabelo e a outra, apertei com força o aparelho. Queria era poder
ir até ela e lhe dizer que não queria machucá-la. Sentia-me em seu lugar,
mais uma vez. Ela já tinha quebrado meu coração, entretanto, eu o fazia
Tão típico de Nina, que sequer poderia esperar algo contrário. Ela
se escondia quando se sentia acuada. Por mais que tivesse tentado me
convencer de que ela não sentiria nada quando soltasse tal informação, e
repensado se deveria ou não lhe contar, sua reação não era inesperada.
Colocava-me em seu lugar. Por tal coisa, tinha contado a ela. Não gostaria
de descobrir por outro alguém que a mulher que marcara minha vida, e que
estava junto a mim a um mês atrás, estava noiva de outra pessoa.
coisa. Não fora nada planejado, e de repente, teria um filho com aquela
mulher e tentava me convencer de que ela era uma ótima companhia.
Suspirei fundo, e tentei focar no lado bom daquilo tudo. Nina e eu não
tínhamos chance de dar certo. Tínhamos uma percepção diferente de
objetivos, e infelizmente, nunca nos encontrávamos no momento que as
coisas se encaixavam.
Mais uma vez, era em meio ao caos que tudo parecia se ajeitar.
silêncio. Como naquele exato minuto. Sentia seus olhos sobre mim, e sabia
que já estava impaciente com minha demora para responder. Nina se
intitulava o próprio caos, mas mal sabia, que era o que mais amava nela.
O que era completamente raro, já que quase ninguém despertava tal
sentido. Sempre evitei me sentir assim, tão exposto. Entretanto, era difícil
manter-me alheio, quando a mulher que eu amava, olhava-me de forma
tão intensa.
mim. Pode parecer boba e por Deus, até mesmo os livros clichês que
Chiara ama e vive me narrando apenas para me atazanar, ou porque ela
gosta mesmo... — se perdeu no assunto, como sempre, e tive que sorrir.
Mas ainda assim, não conseguia desviar de seus lábios. — Enfim, sem
mais enrolações... Eu ouvi só pro meu prazer e... — ela se calou e desviou
o olhar rapidamente, como se pensasse muito sobre aquilo.
— Ei, o que foi? — fora minha vez de tocar seu rosto e ela fechou
os olhos.
— Eu sinto isso... E nem sei determinar o que seja. Desde o dia que
a gente se olhou pela primeira vez, até mesmo naquele simples aperto de
mãos. — confessou e meu coração disparou no mesmo instante. Nina
Moreira me desestabilizava. — Eu ouvi só pro meu prazer, e apenas
consegui pensar em você... — seus lindos olhos se encontram com os
meus. — Na gente.
— Nina, eu...
— Sei que pode parecer repentino, mas... Eu te quero.
segundo que ela proferiu aquilo. Apenas puxei-a para mim, e nossos
lábios se encontraram. Um encaixe perfeito, e de repente, vi-me perdido
no que apenas ela proporcionava – caos. Nossas línguas se encontraram,
assim como nossos corpos. Nina estava sobre mim e nem saberia dizer
— Eu sempre te quis.
tentar tal coisa. Contudo, como ela mesma disse na época: haviam coisas
maiores do que nós. Naquele momento, existia de fato.
“Não fala nada
Eu te imagino
Eu te conserto
minha mãe dormia feito pedra e não seria atormentada por meu showzinho
particular. Aquela música significava tanto, que de repente, vi-me perdida
na mesma. Era como se relembrasse o primeiro beijo com Pablo. Sentei-
me na cama e pedi internamente para que aquele amor fosse arrancado de
meu peito. Nunca dera certo. Nunca pareceu durar o que deveria. Éramos
errados um para o outro. Éramos perdidos um do outro. Por que diabos
ainda éramos amigos?
nunca encontraria alguém para dividir a vida, e tudo bem com aquilo,
imaginei que Pablo seguisse o mesmo pensamento. Santa inocência!
Ele já quis ser casar comigo e sabia que não era pelo fato de ele ser
mais velho. Ele tinha me pedido para dividirmos a vida, assim como, ir
com ele para o exterior em sua pós graduação. Eu tinha outros planos, e
eles não incluíam tal coisa. Nem mesmo o casamento. Minha prioridade
era meu trabalho e minha família. Tudo era estruturado para que
terminasse a faculdade, e começasse a trabalhar para ajudar a custear os
estudos de minha irmã, assim como, não deixar minha mãe sozinha. Minha
lo. Nada me permitia tal coisa. No fundo, torcia para apenas ser maluca. E
forma.
confessara a ela que o cara que me marcou tanto no passado, estava mais
pessoalmente Anne Liv, sua chefe. Ela era a prima mais nova de Pablo, e
tinha uma vaga ideia de que ele não falara de mim para ela. Sorri sem
vontade, assim que Chiara me encarou pelo ombro, andando à frente da
ampla sacada. Nunca estivera naquele lugar, ao menos. O que não traria
Sorri pelas lembranças boas e entendi o que de fato faria ali. Lutara
por Pablo e sabia daquilo. Porém, nunca fora firme o suficiente ou
demonstrei de fato o que queria. Se eu estava certa ou ele errado, não era
algo que pesava em minha balança. Sentia que de todas as pessoas que
passaram em minha vida, ele era uma das quais nunca quis magoar, mas o
fiz. Portanto, pedir perdão nunca foi em vão, mesmo não me arrependendo
de minha escolha.
ponto alto de felicidade, ainda mais que, duvidava que teria maturidade
suficiente para dividir a vida daquela forma com alguém. Ao menos, a dez
anos atrás.
separar a unhadas. Mas era velha o bastante para usar a frase que mamãe
tanto espalhava pela casa “o que não te mata, te fortalece”. No meu caso,
era direcionado para o sarcasmo, ironia e deboche. Sempre pronta para um
enfretamento.
lembrando que brigamos pelo telefone, uma discussão sem muito proveito,
já que estava bêbada demais para lhe odiar, e ele, fez questão de deixar
claro que realmente queria o casamento.
Ali estava, com um sorriso falso, encarando os dois. Por mais que
ela parecesse se encaixar perfeitamente nele, e ficariam lindos em uma
moldura, sabia que não era o suficiente para simplesmente virar as costas e
sair.
Eu era diferente de muitas pessoas, e principalmente, de Pablo.
Gostava daquilo, até mesmo, porque no final a gente se completava. Se
não fosse real, não teríamos nos amado tanto quando mais novos, e muito
menos, nos entregado um ao outro nos últimos seis anos. Por mais que
outras pessoas passassem em nossas vidas, algo ficou claro durante aquele
tempo – éramos importantes demais um para o outro. Era a única certeza
Aquele era o jogo que ele queria jogar? Pois então, voltávamos de
fato a seis ano atrás. Fazendo-nos de desconhecidos. Quem começara
aquilo poderia ter sido eu, quando não me adiantei no momento que Chiara
nos apresentou, entretanto, Pablo coibiu por completo. Eu queria evitar
abrir feridas para minha irmã e envolvê-la naquela bagunça que existia.
Ele, nunca de fato entendi o motivo. Talvez por respeitar minha decisão,
sem ao menos, entendê-la.
— Sou Nina Moreira. Acho que nunca ouviu falar de mim, mas...
Naquele momento, queria de fato era tirar meu salto quinze e enfiar
na cara bonita dele. Enquanto a noiva era simplesmente uma pessoa
cordial, ele parecia não querer passar um segundo a sós comigo. Bom,
aquilo contava em algo. Ou ele me odiava por completo, ou me ter por
perto lhe trazia o mesmo que eu sentia – saudade.
bagunça. Pensei e repensei meus atos, e sabia que não existiria abertura
com Pablo. Portanto, o melhor era arriscar alto. Mesmo que depois, aquilo
me custasse mais alto ainda. Andei até a cadeira ao lado da grande mesa de
madeira, e não perdi mais nenhum segundo.
04
será que você não é nada que eu penso?[6]
— To grávida.
Nunca conseguira perder tal ligação com ela. Não depois do que
vivemos durante a faculdade. Nina fora de longe o melhor relacionamento
que já tive, ao mesmo tempo que, mais sincero e intenso. O problema, era
que na mesma proporção que nos amávamos, nos perdemos. Nina e eu
parecia querer.
Ela apenas assentiu e passou por mim. Senti como se parte de meu
ser fosse junto a ela. Ao mesmo tempo que sabia que as coisas não
— Sei que costumo resolver tudo tarde demais... Mas já venho tentando há
anos, Pablo. Anos esperando uma chance. Percebi que esperei demais e
respeitei demais o que disse que queria. Sexo por sexo, nunca fomos
apenas isso. Deixei claro há um mês, e de repente, você apareceu noivo.
Não sei seus motivos, mas sei os meus para não querer que se case... Quero
a gente de volta.
que era tarde demais para aquilo. Por mais que meu corpo e mente
— Sei o que faz aqui e o jogo que quer, mas eu não vou cair nisso.
— falei duramente, sem querer insistir. Se ficasse ali, ia ceder, e não era
algo que poderia fazer. Tinha tomado uma decisão e não voltaria atrás.
Nem por Nina. — Não sou o mesmo idiota de antes, Nina. — confessei,
porque era da forma que me lembrava de ser tratado por ela. Logo depois
que negou meu pedido de casamento. Porém, de algum jeito, sempre
éramos jogados um para o outro.
Eu sabia?
Vamos ser honestos! Você nunca estaria nessa festa se não te contasse
sobre o noivado!
que fosse, queria ter te ferido. Mas eu sei que perdão não é o suficiente. Já
tinha acontecido e eu não voltaria atrás. A questão é que nunca me
entendeu, ou tentou ao menos... Você fugiu para sua pós fora do país, e
ficamos quatro anos sem notícias um do outro. — se aproximou e tocou
meu peito. Notei seu semblante mudar e a mágoa ali. — Acima de tudo, eu
era sua amiga. Você me deixou para trás feito nada, Pablo. Mesmo assim,
quando a gente se viu de novo, fui parar sob e sobre o seu corpo e... Você
se arrependeu e o ciclo começou. Acha que foi fácil? Acordar no outro dia
Talvez. Carma? Acredito muito nisso! Mas... Vamos ser honestos aqui,
não é? Um mês atrás estávamos fodendo e agora, está noivo! Só eu que
não vejo linearidade nisso? Ou qualquer sentido?
— A gente não soube lidar naquela época, nem depois... Por que
saberíamos hoje?
mais.
Mais uma vez ela deu um passo e tocou meu peito, como se
buscando algo. Meu coração acelerou ainda mais, sobre seu simples toque.
Ela então me encarou e ali, sabia que não desistiria tão fácil.
— Você ainda me ama, sei disso. — sorriu de lado, mas sabia que
não por arrogância. Porque ela realmente queria se apegar aquilo. E eu a
amava, apesar dos pesares. Contudo, por mais clichê que possa parecer,
amor nem sempre era o suficiente. No nosso caso, nunca foi ou chegaria a
ser. — Eu vou me afastar, mas... não vou desistir, Pablo.
compreender. Porém, sentia que ela fora a melhor coisa que acontecera em
minha vida, e daquela vez, era eu quem escolhia por nós. Não podíamos
ser. Não mais.
05
não fala nada, deixa tudo assim por mim[7]
Eu tentei.
agitação e do ritmo frenético de São Paulo. Encarei minha velha casa, tão
amada. Pensei em como me habituei a estar ali. A estar com minha mãe.
Éramos companheiras de vida, e nunca conseguira deixar aquele lugar. Era
como um complemento meu. A preocupação deixada por meu pai, quando
nos abandonou e a deixou a cargo de duas filhas, diminuíra ao longo dos
anos. Quando percebi que além de minha mãe, ela era uma amiga.
Tudo o que realmente queria era deitar em seu colo e pedir algum
conselho, algo que realmente funcionasse. Porém, nunca fora aquele tipo
de pessoa. Sempre guardara tudo, era acostumada a ser fechada. Por mais
que ela fosse a pessoa em que mais confiava no mundo.
tinha certeza da imensidão que ele representava. Havia muito mais do que
o passado que nos separava, e infelizmente, tinha plena noção.
O problema não era pensar nos prós e contras, mas sim, por agir
como egoísta. Pablo estava certo sobre aquilo. Esperei a ponta se romper
entre nós, ou ao menos, apenas um fio delicado se manter. Um fio que não
poderia mais segurar o que tanto tivemos e principalmente, o que
perdemos. Talvez ele fora meu amor de verão, como um romance ou
novela. O problema era que nunca chegara a acreditar fielmente em tais
histórias.
partes boas que ficaram. Em tudo que vivemos e ainda era gostoso de
lembrar.
Era feliz solteira e nunca quis outro homem como o quis para mim.
Mesmo que não da maneira que o mesmo sonhava. Eu o amava e o
presente. E ele me entendia, assim como, compreendia que ele era a pessoa
mais transparente que conhecera.
escolheu São Paulo e infelizmente, se apaixonou pelo seu chefe. Não que
pensasse nele como a pior pessoa do mundo, porém, depois de magoá-la,
se tornou o primeiro da lista que chutaria a bolas sem pensar duas vezes.
Segundo ele, fora atração à primeira vista, mas ele nunca fora o
tipo de cara faz sexo por uma noite. Ele estava mais para o tipo que
gostava de todo o processo antes e depois. Muitas vezes, o depois não
chegava. Ainda mais, com pessoas que estavam de passagem. Porém, meu
amigo era cabeça dura demais para desistir do que desejava.
Ele assentiu e seu semblante mudou. Algo que sempre era nítido
em seus olhos para comigo, ou com qualquer um que realmente gostava,
era preocupação. Lúcio cuidava de quem amava, e os protegia do que
podia. Infelizmente, ele não podia sequer traçar um plano para me proteger
de mim mesma, e os sentimentos que não abandonava. Como o ditado
E bom, é isso. — suspirei fundo e Lúcio tocou meu rosto, fazendo um leve
carinho.
— É o seu jeito de ser. Se for para te amar, tem que ser com todo
pacote de defeitos incluso. — deu um leve beijo em minha testa. — Mas
sei que logo vai fugir do assunto, então... Que tal uma noitada daquelas?
surtar de felicidade.
ficamos juntos.
— Sou sincero.
Quando parei, notei que a vizinha da frente, estava mais uma vez
em sua cadeira, com um aparelho eletrônico na mão. Parecia o tal Kindle
que Chiara comprara e se esbaldara de ler por horas, até mesmo dias.
correr disso. Helena, com certeza não merece um joguinho desses. Então,
por favor, pare de sair com gente que não combina contigo, e tenta, ao
menos, valorizar alguém que praticamente baba por onde você anda.
— Até já.
direção a casa que ficava ao lado da minha. Antes de entrar, dei um leve
aceno para Helena, que demorou alguns segundos para me notar. Seus
olhos estavam presos no espécime masculino que passava pela calçada. Ela
devolveu o cumprimento com um sorriso, e fiz o mesmo.
aflições para fora. Sorri, deixando uma lágrima descer, sem ao menos notar
o quanto me abalava. Aqueles momentos me lembravam Pablo. Fazíamos
aquilo, juntos, na época da faculdade. Um sertanejo ou qualquer outra
música, e nós dois correndo de um lado para o outro nos arrumando.
Dona de mim
Dona de mim.”[8]
Por mais que não fizéssemos sentido algum, eu não desistiria. Aos
vinte e nove, não era difícil encarar tal coisa. Aos menos, não tanto. No fim,
além de uma novela mexicana, poderia ser um romance da Sessão da Tarde.
Bastava escolher corretamente, e quem sabe, conseguir o homem que amava
de volta.
06
eu te recriei só pro meu prazer[9]
Bati com a mão na testa e acabei sorrindo. Pedir para ele o lavar o
carro não fora a ideia mais inteligente do dia estando de ressaca. Mas com
Tanto fiz
Tá facin de entender
Sinto em te dizer
quando vi, já pensava nos olhos negros que não deveriam estar pairando
sobre mim. Querendo ou não, qualquer música me lembrava Pablo. Fora o
que mais dividimos nos quatro anos da faculdade. Como amigos. Como
amantes. Perdi praticamente todas minhas playlists favoritas,
toda vida, e que amava como um irmão. Lúcio sequer fingiu estar
incomodado, começou a dançar segundo a música que escolhera, o que me
fez gargalhar e ir desligar a água. Naquele momento, conseguira perdão
pelo lapso de minutos em uma guerra desnecessária de desperdício. Louca,
mas consciente.
— Vou socar a sua cara! — falei, sem conseguir evitar e Lúcio deu
de ombros.
— Esse carro está sujo, mas sei que não foi só por isso que me
chamou. Sou um bom ombro para chorar, né não?
— Vou começar a cobrar pelo seu showzinho. — ignorei seu
comentário, tentando aliviar a tensão, e Lúcio parou, encostando-se no
A voz de Chiara me fez rir. Minha irmã era parte do tudo que ainda
problema ainda era que não conseguir aceitar. Era como se algo sempre me
jogasse para ele. Seja na faculdade, no nosso reencontro, nos encontros que
tivemos... Seja naquele exato momento em que me sentia obrigada a fazer
algo.
chance, não daríamos certo. Nina e eu éramos como óleo e água, e com o
tempo, e amadurecendo toda a ideia do que nos tornamos, consegui
entender. Existiam amores que valem por uma vida, e o nosso, fora
exatamente daquela maneira.
em que lhe falei sobre o noivado. Assim como, quando ela me dera as
costas no aniversário e disse que não desistiria. Algo me dizia, que de fato,
“Eu quis tanto ser a tua paz, quis tanto que você fosse o meu
encontro. Quis tanto dar, tanto receber. Quis precisar, sem exigências. E
sem solicitações, aceitar o que me era dado. Sem ir além, compreende?
Não queria pedir mais do que você tinha, assim como eu não daria mais do
que dispunha, por limitação humana. Mas o que tinha, era seu.”
ligações, ele tinha entendido que não aceitaria algum convite. A vida dera
um giro de 360 graus, e de repente, vi-me como tia babona de uma irmã
que carregava gêmeas.
Assim como, vi-me fazendo amizades que nunca pensei. Anne Liv
se tornou uma pessoa constante e importante em minha vida. Não sei se
pelo fato de Cael e Chiara se acertarem, ou até mesmo, a gravidez
inesperada de minha irmã. Mas em algum momento, nosso santo bateu, e
tínhamos ficado próximas.
sobre a própria Bruna. Pelo que Anne deixou a entender, a própria família
Marini não compactuava com o casamento. Os pais de Pablo, como
sempre, estavam em algum lugar do mundo, incomunicáveis. Os tios dele,
que eram mais próximos, apenas disseram que não imaginavam porque o
E eu?
chance que tanto esperei para poder me tornar parte de nós, novamente.
exato lugar que deveria. Andei mais um pouco, e sorri para algumas
pessoas desconhecidas que passavam. Percebi o quanto era bom ser cara de
pau naquele exato momento, porque apenas fingia costume. Por dentro,
estava a ponto de explodir.
mesma. Olhar para aquela mulher, que significava tanto para ele, fazia-me
sentir ainda mais culpada. Porque estava prestes a tentar acabar com aquele
momento.
Não entendi sobre o que ela falava, mas assenti. Ela se afastou, e
sem me dar tempo para agradecer, apenas me encarou mais uma vez.
Não era conhecida por meia palavras, tampouco por ser medrosa.
Inconsequente e maluca eram características atribuídas, na maioria das
vezes. Naquele instante, apenas queria que Pablo enxergasse amor. O
nosso amor. Em minha tola mente, queria acreditar que ele me esperava.
Estava mais do que na hora de parar de assistir novela mexicana na hora do
café da tarde.
Com a gente.
minha maior vontade era poder soltá-lo e sairmos de moto por aí. Como
antes. — Vai porque você me ama. — suspirei fundo, e seu semblante
mudou de incisivo para confuso. — Assim como, eu te amo...
perdidamente. — completei e ele desviou o olhar, como se não pudesse
acreditar.
Seis palavras.
que soubesse. — Está optando pelo certo e não pelo que quer?
Foi a única coisa que saiu de minha boca. Meu coração pareceu
Nunca pensei que chegaria aquele momento com uma mulher que
não fosse Nina, mas ali estava. Faltando apenas cinco minutos para descer
e entrar em meu casamento. Passei a mão pelos cabelos, sentindo-me ainda
mais perdido por dentro. Era a coisa certa a se fazer. Ao menos, tentava
Uma escolha que nunca entendera de fato, mas poder discar seu
número de vez em quando e apenas ouvir sua voz, era como encontrar a
paz que precisava. Nina era de fato, uma parte da minha história que nunca
quis apagar. O problema consistia em que tínhamos visões muito
quando mais novo, de que ela voltaria atrás na sua decisão e entenderia que
a pedi em casamento porque queria ficar com ela pelo resto de nossas
vidas, não precisava terminar com um sim. Ela poderia pedir um tempo
para pensar e poderíamos ao menos tentar.
nenhum relacionamento.
Virei o rosto para perguntar como ele entrara sem fazer barulho,
mas era óbvio. Ficara perdido demais em minha própria mente que sequer
o notei.
Eu entendia o que Cael fazia ali, assim como, o fizera com ele
quando se perdeu por completo por Chiara. A questão era, que naquela
equação de nós, tudo se encaixara perfeitamente. No papel era simples,
matemática resultava em exatidão. No romance, Nina e eu nunca
Dizem que uma mentira dita em voz alta várias vezes se torna
verdade. Começava ali. Uma vez e contando...
Cael abriu a boca para dizer algo, ao mesmo tempo que ouvimos
sabia por cima sobre Nina, ainda mais, depois que tive de lhe explicar
sobre a falsa gravidez da mulher que ela nem conhecia.
Ela respirou fundo e mais uma lágrima desceu. O fato de ela não
conseguir falar, apenas me mostrou que Heitor nunca estaria ali ao acaso.
Ele tinha certeza de que era o pai, assim como, Bruna também parecia
saber.
positivo de sua cabeça. Bruna parecia tão perdida, que simplesmente, não
conseguia reagir aquilo. — Eu não vou discutir sobre isso agora porque
claramente, parece tão perdida em si, que não consegue nem admitir o que
fez. Mas lembre de algo, Bruna. Não se brinca com a vida de ninguém. —
fosse, por dentro, sentia que o ar faltava, e ainda não conseguia assimilar o
quanto fora enganado em tudo aquilo. Sequer precisei ouvi-la dizer.
esteve lá. Assim como, Nina estivera em mim. A diferença entre nós, era
que fizera uma escolha. Escolhi estar com Bruna por querer. Por pretender
amá-la. E ela, claramente, porque queria uma tábua de salvação.
Ele puxou uma de minhas mãos e levou-a até seus lábios. Sorri,
para tal intimidade que nunca sentira com outro alguém. Entretanto, era
difícil entender como conseguia estar perto dele. Como era tão fácil com
ele.
meu. Nunca entenderia como ficamos tanto tempo apenas na linha tênue
da amizade. Desde o primeiro olhar era como se nos necessitássemos. E
ali, naquela cama de solteiro da minha kitnet, conseguíamos chegar ao
céu e inferno sempre que queríamos.
fato, de gostar tanto que ele os fizesse. Simplesmente, por ser ele.
— Eu te amo.
demais para o meu gosto, não poderia ter vindo para casa dele. Passei a
mão pelo meu corpo e tentei encontrar algum resquício de outra pessoa.
do tipo que batia primeiro e pensava depois. Talvez fosse errado. Mas não
permitiria que seja lá quem fosse desse o primeiro passo.
— Não faça promessas que não vai cumprir. — falei alto, e ouvi
sua risada a minhas costas.
— Típico de Nina!
poderia ficar preso a outra mulher por uma mentira, sentia-me ainda pior.
A mulher que eu queria estava a minha frente, assim como, quando nos
pediu uma chance meses atrás. Era hora de colocar as cartas na mesa.
Finalmente entendia tudo a nosso respeito. Sempre éramos jogados um
— Olha, eu gosto que me olhe, mas... não posso fingir que entendo
— Bruna mentiu sobre isso. Eu não sou o pai. — falei de uma vez e
a boca de Nina se abriu, como se espantada. — Heitor, o ex dela, apareceu
no casamento antes mesmo de descermos, e descobri tudo.
— Não quer saber como veio parar aqui primeiro? — rebati e ela
negou com a cabeça, como se certa daquilo.
— Não deve ter sido fácil isso. Você foi enganado, Pablo. Como
realmente se sente sobre?
demais. Mas ainda assim, éramos nós, e era a chance que precisávamos.
— Onde?
cantar mpb ou descer até o chão com funk – era ela por completo. — E aí
me trouxe para cá? — olhou ao redor e parecia estranhar.
poderia acontecer, ela apenas me abraçou, como se para comprovar que era
real. Fiz o mesmo, porque passara a noite velando seu sono. Tudo nela me
chamava, e mesmo querendo acreditar que em meio ao caos, nos
encontrávamos. Era real. Porque ela era o meu caos.
mãos, trazendo-as para os meus lábios. — Evitamos isso por tanto tempo e
não podemos mais. Eu te quero na minha vida, Nina.
— Acho que sim. — soltei os ombros. — Mas ainda não sei por
onde.
Ela pareceu pensar e assentiu para o nada algumas vezes. Sabia que
não era tão simples, mesmo que parecesse. Ainda existiam algumas
interrogações entre nós.
Ela tocou meu rosto com as duas mãos e pareceu admirar cada
detalhe.
Moreira era como um lar para mim. Finalmente, estávamos ali sem
via. Naquele momento entendia, que tínhamos que chegar até ali. De
alguma forma torta, parecia tudo mais leve e explicado. Sem mais
nenhuma dúvida entre nós. Nos queríamos e não tínhamos mais medo.
mesmo. — provocou e gargalhei. Pablo era tão provocativo quanto eu. Ali,
relembrei claramente como funcionávamos e porque, nunca desistimos um
do outro. Quando juntos, éramos únicos.
— Acho que não preciso mostrar tudo, mas... Fica claro que nunca
terminei a pintura.
Encarei-o surpresa.
— Eu sei. Mas preciso que saiba que neguei seu pedido não por
falta de amor... Casamento nunca foi sinônimo disso para mim. — fui
sincera e ele assentiu, e pela primeira vez, enxerguei compreensão em seus
olhos. — Temos ideias diferentes sobre, ou até mesmo, tínhamos... Mas eu
te amava, Pablo. Até hoje, eu te amo.
— Eu sei do que falo, e por mais que seja um elogio, a teoria não é
minha. E nem teoria é! É uma crença oriental e tem nome. — bradei e ele
sorriu amplamente. — Senti falta até mesmo disso. — confessei e senti
— Por que sinto que tem algo mais para me dizer? — indagou e dei
de ombros.
— E eu a você.
seu corpo nu. Cada toque era único e senti-me viva novamente.
— Por que acha que estou pensando muito em uma única coisa? —
rebateu, sorrindo de lado. — Posso estar considerando muitas, nesse exato
momento.
futuro.
forçar a...
E hoje vejo, que o que te importa, também é importante para mim. Porém,
acho que é bom deixar claro algo.
sorri e sabia que ela realmente o teria feito. Rei Leão era um dos seus
filmes favoritos, se não fosse o primeiro da lista. — Mas enfim, voltando a
questões reais... Como seus pais estão?
— Oi, Chia.
— Irmã, você leu algo que Anne Liv mandou? Ou algo que eu te
mandei? — indagou. — Aposto que não, já que só agora atendeu minha
— Bem está, mas com mais ódio ainda. Enquanto Pablo sumia por
aí e você fez o mesmo, Anne Liv pareceu ficar possessa. Ainda mais,
porque Heitor jogou a verdade para ela. Aí já viu... Nunca vi Anne tão
brava em toda minha vida. E olha que ela já foi minha chefe.
— Isso sim vale a pena. Fico tão feliz por você, que poderia
explodir.
— Vou mudar de um dia pro outro, assim como minha vida fez.
Sempre quis ser ruiva.
você?
— Ok mandona. Eu te amo.
— Só que sei que Anne Liv faz artes marciais. Tenho medo de ela
perder a cabeça e fazer alguma merda.
— A tal Bruna foi uma vaca, e não tem como negar isso. Mentir
dessa forma... Aliás, preciso te perguntar algo.
— Uma loira linda, que ouvi dizer que ficará ruiva em breve.
Sorri amplamente.
Meses depois...
mostrar que era o momento certo. Nina até mesmo pensou que seria
complicado ficar longe de sua mãe, depois de tantos anos juntas. Até
mesmo, cogitou a possibilidade de que ela se mudasse para o apartamento
com eles.
velha, assim como, ela teria mais um motivo para ir à cidade. Além de
claro, as gêmeas de Chiara, que enrolavam todos em seus dedinhos,
Sabia bem porque ela fazia tal coisa. O pedido de casamento que
ele fizera, marcara ambos de uma forma sem igual. Nina ainda se culpava
pela forma como o tratara, mesmo que a resposta fosse negativa. Pablo a
perdoara, mas sabia que ela não o fizera consigo mesma. Ela não admitia,
mas ele teve aquilo claro, ao vê-la ali.
mais de dez anos. Era algo que queria melhorar na memória dele, assim
como, diminuir sua culpa. Queria marcar aquele homem apenas com amor.
de algum móvel, que era seu ponto favorito. Os dois se tornaram uma parte
da alegria do casal. Trazendo ainda mais sentido para o que faziam.
os olhos pidões.
— Vai se vestir de preto para mim, e ficar ainda mais sexy com
— Então, saiba que o que temos me basta. Mas admiro que fez, e
tem feito por mim. — Pablo admitiu, sorrindo de leve. — E vou aproveitar
para colocar uma pedra negra, como os meus olhos no seu dedo. Assim
deixar ir. Soube que ainda era meu, era teu, era nosso... no momento em
que te vi voar – para longe demais. Soube quando ganhei e até mesmo,
estraçalhei teu coração. Soube sem querer, sem poder, sem esperar...
A você que leu essa história até aqui e que de alguma forma,
E caso queira conhecer algum outro romance meu, eles estão todos
disponíveis aqui: ebooks.
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Hawaii.