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A laquietacao do Discurso © 6 0 othar de Denise nao é 0 olhar (RE)LER MICHEL, PECHEUX HOJE distanciado do historiador mas o de quem, de dentro da disciplina que ee Denise Maldidicr para falar do movimento de idéias que se vai instalando nessa inquictacao teorica, ou como ela diz, uma expressao althusseriana, nessa “aventura teérica”. E Denise Maldidier conta, pois, a historia de que ela mesma participa como autora fundamental. Para isso toma Pécheux e sua vant A Inquietacao fater-idesse objeto, do Discurso Pécheux sb podia fazé-lo pela construgao da teoriae (RE)LER MICHEL PECHEUX HOJE metodo, Tarein Bice, emis dificil quand tata de ioe citecio commen ‘éndiie ‘02 discumo Kae em que a andlise \ Sos precede. em sua v 3 Somstituigao, « propria teoria. "Ou Teja, & porque 0 Y asalista tom. umn ‘objeto ser analisado que a teoria vaise impondo. Nio hi uma teoria j4 pronta sitva de analise. Nio foi assim — a partir de uma teoria ja pronta =" que a anilise de discurso se constituiu a partir de seu fundador Michel Pécheux. Dai a tase dos “tateamentos” teéricos © analiticos, Ee esta historia que ‘conta Denise Maldicier neste livro. Um belo A inquictacas do Dis« E)LER MICHEL PEC nates tternasionats de Cotatg Mr ipateingan do dur — (Role Mice PEchews Hoje ‘Canpina Wigan, Bow isan 4 Unpigen Teen? Orin ies para catalog stems rpusgemne dla 4014 Copyright by © Denise Maldidier cenlilmente cedidos para publicagio em a Pontes Editores Lida, Proibida re Dircitos autorais lingua portuguese pa produgiio por qualquer meio mecinico ou eletrnico. Coordlenagao edioriut: Ernesto Gui Editoracao elerrénica e cape: Bekel Wayne Revisdo: Equipe de revisores da Pontes Editores PONTES EDITORES ‘Av. Dr. Arlindo Joaquim de Lemos, 1333, ardimn Proen 13095-001 Campinas SP Brasil Fone (019) 3252.6011 Fax (019) 3253.0769 E-mail: ponteseditor@lexxa.com.br 2003 Impresso no Bi Agradecimentos ” Agradeyo com envigto Angélique Pechinx ena ajude tiga era neccssdria o meu enpreeadinente, Meu reconhecimerto vai a Clautine Masnche, Pail tery ¢ Jean-Marie Matandin que acctaram a reedcao de wxtot qe le Meaney x eta Langage its ¢ Husa que erica Thavian aatepurado, SUMARIO 008, QUE SE LUTE POR F J Eni P, Orlandi IRE) | PRCHEUX HOJE 2 MICHE A Bntrada na Vida Intele, 0 TEMPO DAS GRANI 1969-1975, ES CONSTRUGO 1969 — “Andlise Automé ica do Discurso’ 1971-1971 —A Entrada em Linglistica 1971 0 Antigo do Numero 24 de “Lat 1972-1974 — Elos em diregdo a teoria do discurso, 1975 — Do Niimero 37 de “Langages” Semaniica ¢ Discurso’ Margo de 1975 ~ O niimero 37 de “Langages Maio de 1975 —*Semantica e Discurso” TENTATIVAS = 1976-1979. 1977 —“Remontemos de Fou ault a Spinova’ 1978 — “86 ha & usa do que fall EVO DE CIENCIA TAMBEM MERECE 4 DESCONSTRUGAO DOMESTICADA 1980-1983, 1983-1983. NOTAS Agradeco a M, e MMe Kopylov, a Francine Maziore ¢ 0 Pascale Matiidier-Pargamin que tormaramn possével publicacto deste livre em lingua portuguese. i Ol O OBJETO DE CIENCIA TAMBEM MERECE QUE SE LUTE POR ELE Michel Pécheux no Rio de Janeiro em um Cor Iiticas, Assisti sua comunicagiio em ‘mexicanos onde ele expunha seu Irabalho, Ble insistia entao em que ideologia nao funciona, como um sistema fechado mas cheio de “furos”. Isio sepode ler em outros de seus textos, como “Ler o Arquivo Hoje" Nesta mesma ocasitio, em um dos bares cheirandoa sco de Jaranja ¢ pastéis sendo fritos, conversamos durante um bom tempo. O que guard dessa conversa € que, para el devia continua a explorara tipologia em que eu estava tra balhando na época (discurso polémico, Kidien e autor {© que eu, a0 apresentar the, ao mesmo tempo criticava pois sabia que a andlise de discurso ndo se faz através de tipologias. No entanto, dizia ele, as tipologias podem ser tum bom instrumento explorat6rio, Era relevante insistir. A segunda coisa fol Sia surpresa, me dizia, em saber que. 0 Brasil (e no 36 no México) havia alguem tao bem inform do em anilise de discurso, Prometeu-me que viriaao Brasil, ja meu convite,no ano seguinte. A terceira fo! sua opiniao de que eu nao devi 's, como planejava, pois, para ele, fu estava fazendo coisas mais interessantes aqui do que 0 {que se estava passando na Franga naqucle momento. Ele Viriae poderiamos rabalhar aqui mesmo. E. finalmente. me disse que cu deveria lero queele considerava seu livro mais, importante: Les Vérités de Lar Palice, caja tradugao coorde- nei mais tarde sob o nome de Semdntica ¢ Discurso. Nao 6 pelt leitara de seus textos mas também por esta sua fala no Congresso era para mim presente 0 empenho ‘com que ele queria se fazer compreender em relagao a uni “objeto que ele construano gesto mesmo de tentar discern Jo, Comosabemos que Teoria, Método, Procedimentos Ana ’ lticos © Objewo t n uma relagdo imanente, ao falar dese ‘objeto, cle 6 podia faz8-to pela construcao da teoria e do mévodo. Tarefa ainda mais diffeil quando se tata de uma cieneia como a apiliso de discurso em que a analise prece. de, em sua constituigao, a propria teoria. Ou seja, € porque ita tom um objeto a ser analisado que a teonia vai so ido. Nao hii uma teoria ja pronta que sirva de instr ‘mento para a anslise, Nao foi assim ~ a partir de uma teoria jpronta — que a unalise Ge discurso se consti 1 fundador Michel Pé e6ricos © ans E € esta historia que conta Denise Maldidier neste livro. ‘Um belo exemplo, its, éo modo que temos, os analistas de discurso e oultos, de fazer a histétia das teorias € mo a fia, Explico me. O olhar de Denise nto ¢ o olhar 9 dohistoriador mas o de quem, dedentroda disci plina que praticou, conta sua hist6ria. Tomando, portanto, luna posigto frente a istéria da eiencia etomando acronolo” gia como mero pretexto pare falar do movimento de idéias ‘que se vai instalando nessa inquietagio tedrica, ou como eh, indo uma expressio althusseriana, nessa “aventu- onta, pois, @ historia de que ela mesma panicipa como autora fundamental. Para isso wore, Pécheux sus produgio. E nos faz passear pelos seus bas ores conhecendonao 36.0 que fazia Michel Pecheux mas os ‘Brupos com quem convivia ou se confrontava, os autores que Frequentava, as polemicas que Suscitava. Além disso, vemos também, como, do ponto de vista institucional, ofato dele ter conseguids, juntoa P. Henry eM. Plon, entre outros, formar tum grupo com atividades regulares, conseguir alocar-se em Solida com 9 rsa, mas com comseuencias para a pesca e mais geral. A filosofia, as ciéncias da linguageme asc ‘humana e sockais em geral estayam em questo lo dese novo objeto. Certamente, 0 que diz Denive desse percurso, que €0 de tum autor mas também ode um fundador, 6 relative ao lugar que ela mesma, enquanto partieipante do grupo eenquanio TingUista ocupava nessa histéria intelectual. Mas o que res alta, nao de suas palavras tais quais, mas da observagio surso que ela mostra, € que win fundador encontrat uuma grande dificuldade em ser “oavido”, nem sempre po- endo contar com quem the dé forga, em termos de argu- mentos (e6ricos, para que o aleance disso que se estaya _gestando tivesse sts consequéncias mais aguckas. A ingui- ‘ctagio do fildsofo, que fundava uma nova forma de conhe ‘eimento e estabelecia wm novo objeto de linguagem — que Fiziaparte das disciplinas de interpretagiio mas quc exigiao gesto deseritive — respondia balbucio precavido de inte is sustentados em sua disciplinas ja estabelecidas & ls politica (que respingava na ciéncia) desse objeto navo, oi, mu tas veres, a de tentarem forgar o autor a abrir mio desse objeto, seja integrando-o a lingustiea, ou 4 psicanilise ou 2 historia, Nao por acaso mas porque cra no campo dessas regides weonicas € sas Contradigoes que Michel Pecheux. discurso, Ao eriticar, em “Sobre a (des)eonstnigao d Flas ling “0 prego que a lingiiistica pazava a0 ogicismo e 20 sociologismo, essas aliangas que eramo sin. tom ap do objeto priprio da lingifstica, Michel o objeto discurso em face ta his- inilise. Seguindo 0 principio de Danton, que ele assumia também como seu: nao se deve destruir sem colocar alzo no lugar. Ou seia, cra pensando fessas regioes do conhecimento, eplocando questoes delas para clas mesmas, que ele ia estubelecendo um novo territ6 io de conhecim sm, da historia (¢ do sent n exquecer que. para destocar-se nesse novo territOrio, ¢ tendo 6 diseurso como objeto, era preciso re-pensiira questio da ideologia, passando pela linguagem. Croio que este ¢ 0 ponto forte de sua construgio toric lerdiscutide o modo mesmo como se define e como funcio- tna a ideologia, colocande a discurso comoo Ingarde acesso tc observagao da relacio entee a materialidade especitica da ideologia © a matcrialidads da lingua. A partir dai a ideolo fis deixa de ser concebida como 0 era na filosofia oa nas ciéneiae sociais para adquirir um nove sentido: © que se estabelece quando pensar Gpria produgiio dos sujei tos e dos sentidos, Inverte-se @ plo de observagio: nao se parte dos sentidos produzidos. observa-se o,modode produ Denise Maldidier, com enorme compreensa, to, nem 0 que diz 0 proprio Michel Pécheux aqui apontada a importincia dessa nogao de ideologia que, en bora muito usiida rio campo das ciéncias humanas ¢ sociais, fa ponto de perder o sentido e banalizar-se, re-signifiea se ‘quando se pensao objeto discurso. que, 20 entrar no. poda lingustica, sustentaa necessidade da produgao de um ovo objeto para as cigncias da linguagem., Gragas ao tra- balho de Michel Pécheus Por outro lado, cabe muito bem a Denise Maldidier 0 trabalho que ela se colocou com a eserita deste texto’ hhistoriando a nos cond a multas reflexOes, Parte ¢ test histGria desde seus inicios, Denise Maldidier tem a particu lasidade de ser uma lingiista que reflete sobr diseurso do lado da historia”. devemos a ela muito do, desenvolvimento de nogoes comoade 5 boragdo do que € meméria e de como a hist6ria pode ser concebida pelo/como discurso. Com sua s6lida formagio de lingiisa raz para a questio que relaciona historia, sujeitoe linguagem, a eapacidade de analisar, descrever em detalhe asformas do discurso. Ela 6, sem diivida, exemplarcom sew (vabulho, na dificil tarefa de associar, de maneira ao mesino tempo sutile forte, prati ‘analise de discur so, Pot dis primeiras a se em a Foleo (embremos de sua primorosa andlise sobre materiais, discursives da Guerra da Argélia). © que nao 6 aerescenia~ n a0 que se podia conhecer sobre discurso mas sobre a propria agua, de um lado, e o modo de se fazer e dizer historia, de outro. Rest referir 4 amiga © colega com quem ti ‘emo o privikigio de conviver eguelevavaextiemaments a sério os lagos que uniam a amizade ao seu empenho em raticar a anilise de discurso de forma consegiiente, sem facilidade, Esteve no Brasil e dirigiu semindrios ricos em discussdes sobre o que é nossa prities da andise de discur so e nossos desenvolvimenios teériens, no Brasil. Esteve Sempre atenta as nossas eluboragdes, se prestando a ums cescuta que sabia reeonhecer o lugar do qusl se estava falan: do, dentro de uma historia das idéias eda poltica. Com essa tradayo, retribulmos o gesio, disponibilizando suas refle- xdes Sobre Michel Pécheux e a andlise de diseurso para © piiblico em geral. Eni P. Orlandi Campinas, Side setembro de 2003 (RE)LER MICHEL PECHEUX HOJE (Thoms Herbert, 1966) Michel Pécheus foi pouco lide quando vivia, Seu nome no entanio figura nas bibliografias bem leitas de artigos & ses de unalise de discurso. E a esta disciplina que eleé ido em goral. Com raziio, Mas o que o discurso pode Fepresentar em sew pensamento parece perdido. Conceitos {que ele tinha forjado esto em erraneia: banalizaclos, eo ddos do terreno em que foram elaboritlos, trago teérico de que se esqueceu o enuncinder Ler Michel Pecheux hoje? O tempo das voltas nao passou certamente, 0 da reflexao talver tenha ‘chegatlo. Para além de sua inserigao hist6rica em ur 6poca € uma Tinguagem que ji estao longe de nds, o pensamer de Michel Pécheux € um pensamento forte, No encontic de Varios “continentes”, mesmo sea tentagio da grande conse ‘trugdo fot viva em certo momento, nao produziu nem sin Michel Pécheux nio constrain no firme. Ele € bem 0 ho. * mem dos andaimes suspensos de que fala, desde 1966 Thomas Herbert, sa paraos Cahiers de I unalys Em unm obra multiforme, que tozou dominios tio diver sos como a historia das ciéneias, a fllosolta,a information, ete, escolhi fazer prosseguir a “aventura tedrica” "do dis O discurso me parece, em Michel Pécheux, um verda deiro no, Nao & jamais um objeto primeiro ouempirico. Eo lugar teérico em que se intineum literalmente todas suas grandes questoes sobre a agua, a hist6ria, 0 sujeito, A ort nalidade da aventura teérica do discurso prende-seaof que cla se desenvolve no duple pkino do pensamento te6rico do dispositive da anilise de disearso, que € seu instrumen: to, Michel Pécheux esteve ao mesmo tempo do lado da reo: ria do discurso € do lado da andlise de discurso. Minka historia de set itinerario, através dos texios de que propo: nnho a leitura, nao se identificard & historia da andlise de discurso® No entanto, encontrar-se-4 com ela, fora de preo- ‘eupages muito téenicas, Desejando dar hoje a ler (ou a reler) textos de Mic Pechewx, nao posso coneeber uma onlem que ad historia, Vou entao tentar descrever um percurso, cujo tem po tne parece, justamente, pontuado pela Historia. O pro- jeto de Michel Pécheux nasceu na conjuntura dos anos de 1960, sob o signo da articulagao entre a lingstica, o ma terialismo historic e a psicanslise. Ele, progressivamen: te, 0 amadurece, explicitoy, retificou. Seu percurso en contra em cheio a virada da Conjuntura te6rica que s¢ avoluma na Pranga a partir de 1975, Critica da teoria e das cocréncias globalizantes, desestabilizagao das positividades, de tum lado, Retorno do sujeito, derivas na Girecao do vivido ¢ do individuo, de outro. Deslizamento da politica para o expeticulo! Era a grande quebra. Deixit ‘vamos o tempo da “uta de classes na teoria” para entrar Jebate”, Neste novo contexto, Michel Pécheux ten- #6 limite do possivel, re-pensar tudo ¢ que o discur fo, enquuante conceiio Tigado a um dispositive, desiznava para ele. Tu gostaria de seguir este pereurso em urna narragio: do tempo das grandes construgoes ao das tentativas, depois 20 dda desconstrugito Tentamente operada an 0 fim, em 1983. Mais do que de uma “sed de uma rememoraciky': ew evocarei acontecimentos, encontros, Ie furas. uma “aventura a varias vozes"®, Michel Pecheux mava o trabalho comum, Ele esereveu bastante com ami- ‘om colaboradores. Nao ter de uns e outros. Falarei pois em todos as vases des fextos de Michel Pécheux. A ENTRADA NA VIDA INTELECTUAL, Michel Pécheux nasceu em 1938. No licew de frmarse seu gosto pelo alemio: tudo parece desting-lo a tomar Jlemao, Seu sucesso na Escola Nor ‘mal Superior da rua d°Ulm decide diferentemente “autori zando-0” aser Hl6sofo, Ele obtém a aaregayaio de fMloso em 1963, A ENS da rua "Ulm n nos ide 60, uma escola presiigiosa, 6 (e6rico. cemauico pensamento busé interdiseipl se professor ¢ novo folego nos encontros s inéditos. Althusser j4 chegou af, elabo. rando, com seus alunos, Lire le Capital; mesmo sé La 86 fara seu Semingrio na rua d'Uim em 196: J. candlise esta presente, Além disso, hd os Ci i culo marxista-leninista e, sobretudo, 0 Cireulo de episterologia, que publica os Cakiers pour Vanalyse. FE. nesta revista que Michel Pscheux, sob o nome de Thomas Hebert, dissemos, publica em 1966 sou primeiro artigo. ‘Quand ele entra ha Fscola, & ainda sartrian, nao rompeu com stit infincia extélica, O encontro com Althusser sera Uecisivo: ele az 0 choque de um pensamento politico, decide sua “entrada em politica”, Na Rua d’ Lm, se esta” belece um outro laco essencial: com Canguilhem, que 0 orienta para a histéria das eigncias ¢ a epistemologia. F ‘com sett apoio que Michel Pécheux entra no CNRS em ‘outubro de 1966 no Laboratorio de Psicologia social diri ido por Robert Pages, O projeto de pesquisa que ele apre- Sentava incidia sobre a “transmissao de mensagens com conteddo insGlito". Em sum, um estudo sobre as balelas preludiava a chegada de Michel Pécheux no dominio da psicologia social. NoCNRS, Michel Pécheux encontra Paul Henry e Michel Pion. © primeito tom uma formacao de matemitico € de linguista, 0 segundo vem di psicologia. Eles se eneontram naeritiea da anslise de contevido e da psicologiasocial. Uma Conivéncia imediata se estabelece entre eles, Eles 16om, dis. teem, trabalham juntos. A "Comuna dos és amigos” est na retaguarda do grande projeto de Michel Pécheut. Se fosse necessiiio, nesses anos de aprendiz: um nome, win polo, et Wo hesitaris: Althusser €, para Michel Pécheux, aquele que faz brexar 2 Ga, 0 que faz nascer os projetos de longo curso, A toda wma eragao, alids, ele oferesia a possibilidade de marxismo fora de uma vulgata mecanicista ‘deolagia rescion te de wan aprox teérica, Sua leitura * do Capital tinha a ver ‘com os métodos de interpretego freudiana dos sonhos. ‘Ao longo de minha 10, mediremos 0 choque~ ini do encontro com Althusser. Poderiamos colocar em sfg0 A obra de Michel Péchewx estas linhas de Louis Althusser tiralas de Lire le Capital: “F « partir de Freud {que comegamos a suspeitar da que escatar, loge 0 que Fal (ese calar). quer dizer: que rer dizer” do falar edo cescutar descobre, sob a inocéneia da palavra ¢ da escuta, a profundidade assinalével de um duplo fundo, © “querer di Ze" do discurso do ineonsciente ~ esse duplo fundo de que “Tingifstica modern, nos mecanismos de linguagers, pen S08 efeitos e as condigdes formais™. O TEMPO DAS GRAND! CONSTRUCOES ~ 1969-1975 1969 - “ANALISE AUTOMATICA DO DISCURSO” ‘Nao posso imaginar urna obra sobre Michel Pacheux que o permitisserevisitaro estranho livro que aparece na Dunod, 1959 como tiuilo provocador de Andiise Auramdtica do Discurso. & © momento inaugural do caminho que quero di fa percorrer, Nele se ligam ~ pela primeira vez — todos os fios Cconstititivos de um objeto radcaltnente nove: odisciersy. Esta primeira “imdquina discursival, como dird Michel Pécheux them mais tarde, desempenhari ao mesmo tempo para ele o papel do momento quase mitico da fundaca remodelado sem cessar,erticado, corrigido, falm ‘donada, mas sempre presente. A expressiio AAD 69 designa: i posieriormente este palo original ‘Que nes mesmos, depois, s6 possamos ler este livre como lum esbogo, como 0 laboratério de uma teona do diseurso ainda por vir, que Sejamos surpreendidos por algumas de suas ingeniuidades ou ambigti gma na 80 eS Sencial: Andlive Automatica da. Discurso & um livto onigi- hal que chocou langando, a sua maneira, questOes funda- mentais sobre os textos, a leitura, o sentido. Paul Henry ¢ Michel Plon, seus amigos, contam como naseew © projeto de construir uma maquina que seria uma imiquina de euerra, ma espécie de “cavalo de Tria dest nado a ser inoduzido mas eignelas socials para af produ ‘uma reviravolta” Tsto nos leva ds precupgées de Michel Pécheus, pesquisa dor do CNRS no Laboratcrio de psicologia social, duplamente tergajado em tornode Canguilben ede Althusser em uma refte: io sobre a hist6ria das ciencizs ¢ da ideologia”. A elaboragio a Andlise Automatica do Discurso, que é 0 objeto de uma texe ‘universitaria defendida em 1968, é éstriamente conterpordinea 9 das contribuigdesdle Thomas Hebert nos Cahiers pour analyse revisia do Citculo de epistemelogia tla Ecole Normale. Sob fesse pscurlGnino — estratégia deliberada como o sugere Paul Henry? — , Michel Pa i808 nos qual, dife runtemente do que faz.em seu liv, ele se refere abertamente Imaterialismo histérico e a psi xdes sobreasituayio tericadas {dx psicologia social cies sociais, espe jo de 1968, “Notas pant esi tempo, sod 0 modo «dia revista marxista La Pensée um artigo i ‘as humanase 9 momento atual”. sas lem terreno da epistemologia e da critica das ciéncias humans e socials, Elas exclarecem a esteanheza (premonitéria) do recurso, 2infomuitica e permite nio se desgarrar: 0 dispositiva, o cont juntesde procedimentos informatizados x6 valerem sua relacio ‘com ateoria Paul Henry" lembraa fascinagao de Michel Peckeux. pels maquings. 4 elaboragao de uma analise automdica, soe, {> umn dispositive tSerigo complexo informatizatlo, se insereve fem sitt reflextio de enti sobre: as priticas © os instruments entfficos. Panicle, que esté entay muito proxirno de Bachelard ‘eCanguilhen, os instrumenios, antes de se toarem centificos, podem constiuirsimpies téenicas, Assim, as balangas foram por muito tomate ia das balangas, uma rane suramenter em fela- a ua tori, Por se escharece 6 projetode Michel Pecheux Festestins das anos 60. No postoem que se encontra, cle € con fontado coma: iéncias ditas humans, mais par cailarmente a psicologia social, Centralmente, ele contesta que possam se batizar de ciencias as disciplinas que, sob 0 cobertamento do sujeito psicolésico, ignoram, ou nao querem Saber, de sia relagao com a politica, que ainda por cima se parumentamcomos arbutos da cientificiiade Inétodos la estatistica e da lingistica. E por inétodos: a contagem da frequcneia, as variantes d ‘contetido, mas também asaplicaedesestruturalistas as domini 18 os mais variados, que Se abrea iniroduglo ds Anelise Auto Imatica do Discurso. B todo 0 livro deve ser lido como um con junto dle proposigdes altemativas: © dispositive da anise do discurso se quer um iastrumente cientifico; ele Eo primero mo- elo de ania maquina de ler que arrancariaa leitura da subjetivi dade. Mas este dispositive esta ligado a uma teoria que. na €po- ‘a, permaiece inscrita no vao. A teoria dodiseurso, ainda que a {expresso nao figure com todas as letras, est ainda por nascer. Pode se adivinhar que teria ver com umateoria da ideologia termo "ideologia” & apenas mencionaclo) e, sem div st eoriado inconsciente, Quaisguer qu que aparece como tun disfarce”, 0 livro inteiro sugere o que € dito explicitamente ris Gillimas paginas: uma teoria do discurso & postilada, enguanto tecria geral dh predugio dos efeitos de Ssentidos, que no seri nem o substitalo do uma teoria da ideoto: fia nom o de uma teoria geral da predugao dos efeitos de venti- dos, que nao sera nem o substitute de tina teoria da idevlogia nem teoria do inconscieme, mas poderd imervir no campo dessasteoris (texto 1"), Michel Pécheux, posterionnen: invocari, sob 0 vocdbulo ironico do Lephice Entenie, 0% nes de Mars, Freud ¢ Saussure. Em 1969, Mant ¢ Freud s0 ‘apenas evocados, Sassure, ele, esta bem presente Saussure, mas umbém a “eiéneia linguistics” e a brisa que ela faz passar sobre o campo dis iddias na Pr Jakobson ¢ a “revolugio chomskiana” esto no horizonte* do livro de Michel Pécheux. Apesar de todas as fragilida- dles que se possam ai ver. 6 a arrumagiio do lado da lin- falistica que faz sta fore, Desde este momento, e quais: quer que sejam os remangjamentos que virao, 0 discurse deve ser omade como unt conceito que nao Se confunde hem com 0 discurso empfrico sustentado por um sujeito hem com o texto, um eonceito que estoura qualquer con: cepgio comunicacional da linguagem. As paginas que Michel Pe Saussure guandaram sua for ‘gai clas inauguram uma problematica original que nlo vai pararde ve aprofundar, O sliscurso construido por Michel fio invoes de Forma alguma Saussure é. para ele, 0 ponto de ori gem dacitnein-lingdistica, A seus olhos, 0 deslocamento operado por Saussure, da fungao para fancions ingtia é um adlquirido cie daquilo que, nos termo: d corte saussuria sistema. Quando ele sein fico irteversivel. O essencial mga sobre 0 “efeito jo de sua concepeao de valor saussuriano que ele invoca. Mas a sime fala é iluséria. istica cientifica (tendo passa, escreve ele, como se a lingua) liherasse um residuo que € 0 co! filoséfico de sujeito livre, pensado como © pensivel, o correlato neces: \stitui © discwerse como uma reform ebaragada de suas implicagoes sub: mo, oessencial, que nao vai 10 do sistema fala saussuriana. de: jetivas, Desde este mom 0 sujeito psicoldgico. Mas o conceita de discurso ao me mo tempo em que € teorizado com apoio critica em Saussure, constroi-se no sentido proprio do termo no dis: {ivo elaborado por Michel Pec ‘da Andlise Auomdtica do Discurso € a ofici snd © objeto novo. Aqui ele tem nom “processo de prod lo nas relagbes & nos proce ico Pécheun. Este daya, conjuntamente, a teoria de um objeto nove e os mei (98 de discerni-lo. De fato, neste fim dos anos 60,0 fi ‘cupada com as cieneias ham na em que Se apr “process discursivo © discurso dew nas contribu, paralelamen- te ao lingista Jean Dubois. para a fundacao de uma nova disciplina: a analise de discurso!. Michel Pécheux, q to a cle, trazia par iddgias Fandamentais. Inic pensar esta pr sigs de product". sefommulacioda nebo deseritiva de Sreunstancias”“de umm digcurse, O conceto, indo do mma Zismo, ert utlizado em pstcotogia soctal™. Tata-se de um {entaliva para caracterizar, nos termos de una teoria sock tivoxelermentos do esquer da comnicagao le akon" si esignavaa a con: cepslo central de discurse daerninado por win “exter or", como se dizia entdo, para evocar tudo 0 que, fora a kizem, faz que urn diseurso sejt 0 que &: 0 teeido his- iGrico-soetal que constiua. Ao mesmo tempo, panel oneraictio na consinicie do corpus; verdadero A tro, pode-se dizer mais tare, para selecionar as sequenet ursivas que formam o espago fechado do corpus. Jnglo teorla-dispositiva, a hipdtese de uma correspondéncia entre “um estado determinado das cond ses de produgdo” e “ums estrutura definida do provesso de produgao do discurso™ subentende a consirugio do Corpus com conjunto de seqineins dominadas por ur estado supostamente estavel das condigoes de produao". © texto, euja unidade remete Ade um sujet ou insti ‘Gio, € pulverizado. °F impossivel, afirma Michel Pécheus, tuatigar unt discurso como um texto [.u)) 6 necessirio fefen10 a0 conjunto de discursos possivels, 4 partir de tim estado definido das condligdes de prod 0D. ant a auasainsinad pre: clecomporta dus ses distintas, A primeira, dita registro da superficie mia, ela € 0 prelidio necessario & seg viamente “automética”. Tra s do corpus que consiste isto 6, em desfazer 0s tes de uni niimern de lugares fixo, Ela desemboca 80 e3 Clarecimento de clases distribucionais compardvets a las ses de equivalencia de Harris, a partir dus quais os jontruir o¥ "oininios sem {os espeeificos de umm processo discursivo, Sem aparecer ‘como una referencia explicit, o bnguista atnericano Zell Harris, como 0 sublinha Michel Pécheux desde 1971, € 0 verdadero inspirador do métoo, talver. até do disposit vo. Esta importineia de Harris parece me ter pot contrapartida axecalgus da enunciacao © o lugar de “po- bro” dado q Benveniste. Descontianga face a tudo que pa. rece fazer voltar o sujetto, de um lado. De outro lado, apoio Sobre unt linguista estritamente distribucionalista, fecha: do no postilado behaviorist segundo o qual a lingdistica tno esti “armada” para falar do sentido € pode “somente definir a ocorréncia de um elemento lingiifstico em fungao da ocorréncia de outros elementos linguisticos””, Harris fern 6 lingtista necessirio a Michel Pécheux para analisar (05 “efeitos de sentido", determinado, como ele estava, 2 perseguira Formagao do sentido para além da unidade que tim sujeito dia seu texto, na propria derrota da discursividade, ‘Quando se olla depois, 0 livre de Michel Pécheux € $6 © primeiro momento de umn itinerdrio. Ele comega ape teoria do discurso, ele comporta sinais de fraqueza. Po idemos rir de suas ingenuidades cientificistas, de seu cs era vezes improvisado, avizinhando as formalizacoes ditas. Mais seriamente, retenhamos a auséncia signiticau 4, eu 0 sugeri, da emmnciacio, simbolo de um reiomo do Sujeito por cima do corte saussuriano, Notemos uma con: cepsio ainda pobre da lingua, fortemente marcada pela Jeologia estrutural: 0 “fundo invariante” versus a sele- Gio/combinagao, isto é, a sintaxe versus o Iéxico, Mas a ‘Andlise Automitica do Discurso, em sia estranheza mes ‘mo, € 0 momento febril de uma construgao. A miquina discursiva nao tem nada da maquina universal, pata anal ‘sar discursos, esperada desde sempre pelos teenocratas tata-se antes, segundo a expresso de Althusser, de “imu dar de terreno”, apoiando-se sobre a Hinguistica © a informatica, sem fazer delas simples ferramentas. Para além das objecoes de toda espécie qe 0 procedimento fara sur tt, nele Como Nos outros, o essenetal jl est Hk: o discurso. nao se da na evidencia desses encudeamentos: € preciso desconstruit a discussividade pat Sikimas paginas jogam ao mar; voltando para a questio da Ieitura, "0 principio da dupla diferenga". Lé-se af, em uma Tinguagem ainda froux: ia do nao dito constitutive do discurso, a primeira figura, em sumra, de um conceito fausente, que dominar cl lode imerdiscurse, Michel Pécheux dirt mais tarde de seu Livro tedrica”. Nele se inscieve a maior parte de Seus temes, Suas angdstias também, Sua cconclusio é bem a de um fil6soto: “proviséria’ 1971-1971 ~ A ENTRADA EM LINGUISTICA ‘AAD 69 ora uma maquina de abrir questoos mais do {que de darrespostas, No dia seguinte asia aparigo, Michel Péchoux volta ao trabalho em uma tensio sempre exiremss centre a teoria et pritica, E presiso pensar mais prof mene a prépria alma da maquina: ao mesmo tempo, cso rever detalles das sta ccia de informatica 0 faz sentir a necessidade da linguist ‘ca, De certa maneira, AAD 69 decidiu seu destino: ele se Tard linguista, Antes de 1908, ele tinha seguido os se ros de Antoine Culiolie conheceu Catherine Fuchs. Ble se Inistura agora mais & vontade com os debates de lingilistas fe encontns, enire outros, Sophie Fischer e Cyril Vek Participa do seminirio do EPRASS® em que jovens pes quisadores se apresentam em torno de “B.C.G." (Bresson, Caliolie Grize) oli, presidente do CETA (Centro de cestudos para a tradueuo iutiomidtica de Grenoble) repre- ‘epoca tim ponto de encontro entre a Hinguistica 4 informatica, Do lado da informatica, a atividade de Michel Pécheus, nesses anos, nfo se desmente, Dewle 1970, Jeologia” (LIDI), implantado {rio de psicologin social de Paris VIL, constitu ‘o*'suporte privilegiado” da empresa da AAD 69. amente Christiane Kervadee, uma linguista ciados elem 4 gue, associada até 20 firm As pes- quisassobre o discurso, Em 1972, Michel Pécheux encon- traJacqueline Léon, Ela sera a colaboradora segura, 6 poate de ancoragem séliddo de todas as aventuras inform Maison des Sciences de 1’Homme, cla desempenha um el importante no Centro de eileulo para as ciéncias humana. que se tornou 0 Lahorat6rio de informatica em sm 1976. Existem contactos desde esta épocacom Claude Del Vigna, Aluin Lecomie e Jean Jacques Courtine, Estes dois tillimos fandarao mais, tarde 0 Gripode pesy ise de discurso (GRAD) de Grenoble-Il, que Ihe assegurari a ligagdo com Achour ‘Quamara. Nesses anos, uma parte esssencial dit atividade dda informatica, na reflexdo sobre o tratamento Formal da Vingua A finalidade € clara: tratase de fazer uma gram tics de reconhecimento do Francés para melhorar 0 dispo- sitivo da AAD 69. Além do "Mani 299310 do método da andlise de di lizado com Claudine nicrativa de reconhecimento automati- um documento de trabalho elaborado por Henry. Léon. Pécheux propord,em 1974, ‘0s “Primeiros elementos de um analisador morfo-sintatico do francés Splodo este trabalho, que parece se situar As margens da -undameniais: entre elas, mi AADOD.A emaiciagaio podlia tanto menos ser elidida na medida em que depois de “anos de estruturalismo purola irrompia, no campo do fran- ‘68s, no priprio seio do estruturalismo, aaravés dos de Jakobson ede Benveniste. Ela era pletamente outra, o proprio centro da teoria lingtistica de “ulioli, Fin Tigagio direta com a questio da producto de lum enuneiado por umm sujeito enunciador, a entinciagio po- dia parecer a porta régia de entradano diseurso. Pierte Fiala Iembra-se das discussées apaixonadas que ola suseitava, Michel Pécheux refletia: & claro que, para ele, nfo era pela 26 enunciagao qt do lado da seman 70, preciso antes dizer algo sobre o texto aparecido, em 1970, Sob a tipla assinatura de Antoine Culicli, Catherine Fuchs & Michel Pécheus. Consideragdes tedricas-a propssito do tote nento formal da. inguagem foi editado pela Duneal na série “Documentos de Linguistica Quantitative”, A primeira puted ‘obra reprosuzia o artigo de Culiol, aparecid no Cahiers peur analyse nimero 9 (1968), “A formalizazdo ern lingiistica”, € ropumnia, neste tex, nox digicas por Clio, Fuchs, Péchen a segunda parte, de Fuchs Pécheux, era uma tentativa de apli- eagio: “Lexis-e Metalexis: 0 problema dos determinants”. sezund texto traballa, em ura quadro coliofane, asoperagies ‘que destinam seu valor aos detemminantes (extra, lechagem, ercuno). Ele abenda a questio dos “eis tpos le relaivas” tuma questao central para a reflexio sobre 0 discuno. Mich Pécheus af revela um bom “culioliano”, mas, em certs notas «da primeira parte, poxemos ler clementos que anureiam suas, Tunuras elaboraies. Assim, « idéia de formacies diseursivas submetidas a deteminugdes mio lingbisticas (nota 2,p, 14): um ‘comentirio da oposigao calicliana entre maxlul modlulagio estilistica (nota7,p.18). Lingao-entreo ereito desemtico pro pela enisténeia do interdscursa, © 0 que deriva da estate” ‘Sonsciente de um enunciador: ums pre-figuragao daguiloque, no inimero 37 da revista Fangages, se chanaré a “teoria ds dis esaecimientos Enfin,o comego devin rellexdo sobreo ap io diomeiralimente oposa de todas as tipologias a vir, suze- Findo a aptidao dos discursos idenlbgicos a simular o diseurso, cientiico, ema retomado mais tarde em Semdnica e Discurso. (NDT: Em frances, o titulo dese livro e Verites de la Paice, intraduzivel em sen jogo de sentidos. Mantivernox tle da tradugio brasileira, Ed. da Unicamp, 988). Michel Pscheux, nao sex4 culiofiano, masa teoria cubiotiana da lexis the ofere- 7 na reflextio que opie pre-asseverado & assewrado. A winerpretsgao desta opoxig6 no dominio do discurso est na origem de uma tese central: a primazia tedrica fe pric da iter. sobre 0 innraaiseurse. 1971-0 ARTIGO DO NUMERO 24 DE “LANGAGES” im [4 deoutubro de 197, na pagina hleias" do L Hiananité, ‘aparece um texto de Michel Pécheux com 0 thle “Lingua, lin- uagem, discurso”. Os leitores do jomallcomunistativeram de ‘lguma forma a primazia do astivo publicado dois meses mais tarde no nfimero 24 da revista Langages. O amigo de Langage’, ‘escrito em colaboragiio com Claudine Hache e Paul Henry, s¢ “A semAntica €0 cone saussuriano: Ingua, Enguagem, discurso™. Pelo termo abordado assim como pelo lugar de pu blicagio, Michel Péchex fazia uma entrada estrondoss, vere ‘mos, a0 campo ca linglistica. A ocasio, é verdad, ent exeepet ‘onal. O namero, dedicao a Benveniste que acabavade moter, ‘ert consagrado 4 epistemologis da linguistica. Concebido © 20. ‘ordenado por Julia Kristéva, além de Michel Pcheux © seus Ccoluboradores, ele reunia ox names prestigiosos de R.P. Both, Jean Claude Chevalier, Jacques Derida eS. Y Kuroda. Quando, se rele hoje este ndimero de Langaes se seme betn a febre fervia nesta época tomada pelo “desenvolvimento da gram serativa’, “a exportagdodo procedimento ingiisico nas cienci ‘as humasnas”. Isto, expleava Julia Kristeva em seu texto dein trodugiio, colocava a urzéncia © a necessidade de uma cepistemologia alinguiviea Michel Pécheux pareeia pois iniso- trazia seu texto era uma grande violencia nt propdsito da Hingufstica, na dinegin. esta vez, dos travidas pela historia das esto estreitamente ligadas esse texlo de “intervenicao epistemol6gica”: somerte esta ex _pressio da Gpocame pascce descrever justamenteo tipo de tarefa {ue se atria um fldsoto spaixorado pela ciénca pelt pot ca, Mesmo que isto possa parecer paradoxal, a forga da a propriamente lingiistiea ~ a questao do corte saussuriano e seus “recobrimentes” — esié apoieaa em uma anilise politico-tesrica, ‘da conjuntura quese interroga sobre o papel ambiguo de eéncia piloto desempenhado em muitas disciplinas pela lingistica. A Suspeita cle que pode-se tratar muitobem deextensies indevidas ‘e metaféricas dos conceitos da linglstica nutre o retorno sobre iouistca, desemboczndo sobre a questio funk critica do estruty ‘que, Sob onome de lin ‘suagens, estende As egncias humana, a0 estudo dos textos, a0 Cconjunto dos objetos ¢ dos componamentos, zs descobertas da lingQistica estrutural, Bsta critica, j4 esbogada no livro de 1969, permite melhor situar Michel Pécheux em seu tempo: cele recusa um método universal de “anailise geral do espirito ‘apresentaguo de Communications 4, citado em. L-Hunanité), ura Ciéncia das ci8ncias que ignoraria 0 ¢s ‘as reacties sociais, ce que fakt 0 maierialismo hist6- ‘Seu “esinuturalismo”” nao sera desta espécie. Rjpido sobre esa questio que € s6 um ponto de partida, 0 texto de Langages se organiza de inicio em ‘Saussure € a semantica. Em um sentido, cle inauey reflexto sobre at ling percorre tod obra nar-se mais tarde dutGnoma, “O que trabatha a lingtiisti (?" se pergunta Michel Pécheus no inicio de Semdnticn & Disctesso em 1975, em Remrontemos no coléquio do México de novembro de 1977, mas também e desta ver de maneira central, no livro que esérever’i com Frangoise Gadetem 1981 ‘La Langue Introuvable. assim como em seu artigo de DRLAV fem 1982: "Sobre a (des)construczo das teoras linguist Em 1971, como o mostra a estrutura do artigo, a reflexto, sobre Saussure ¢ a linguistica nao é auiOnoma: ela desem~ boca sobre o discurso eujas bases teéricas ela aprofunda. A. ‘da semantica tem por corokino um -1 diseursiva” que se é ccitando Danton. A terceirapante do artigo déa ver um exem, » plo ~ magre, nao € o objeto essencial — do. functoaamento da woria. AAD 69 censiderava o deslecamento operade por Saussure © propunhao discurse como reformulagao da fala Ssaussuriana. A ancorigem em Saussure estava firmen mmareada, O artigo de 1971 re trabalha a evidencia primeira de um corte saussuriano definitivamente adquiridee proc. ra, segundo uma iniciativa ja vomada ma historia das cient as, 0 que, na propria obrade Saussure, autoriza passos para tds, Modo de dizer de que hii contradig&es. que a cigneia ‘nao surge de um unico bloco! Qual é pois 6 "né da rupture saussuriana”, se p ‘ele, Com uma formula um pouco misteriosa por sia propria densidice 1 prince pio da subordinacite da significagde ao valor. Dos dois| termos, cuja relacao nio € posta claramente por Saussur Michel Pecheux liga o primeiro, a signifieagao, a fala Sujeito, 0 Segundo 8 lingua. Quer dizer que, conforme a st primis intuigao, ele continia a ver na definiga abstrata da lingua como sistema 0 essencial da «lescober saussuiriana, eneentrando se ao lado de Claudine Normand: cuja leitura, ao conwirio da vulgata Saussuriana sempre dominante, acentua 0 concelio de valor. Uma leiwira que wubjetivistas. Uma leitura que funda igual- do lingwista, a possibilidace de estudar ‘sda lingua. Por que nome do pro. e Fayem ressurgi © sujeito? Michel Pécheux. no priprio texto do Curso de Linguistica Geral revela.o ponto fraco, a contradigio: ela segundo ele, na analogia que, a despeito dos estoreos de Saussure para ligi-la 3 Mingus, faint o individual. Bi aberta por Saussure, “pela qual yao se precipitar © formalismo ¢ 0 subjetivismo”” Esta andise do corte saussuriano e de seu recobrimento tendencial preluit tse fundamenial sobre as a. Aqui se formula pela primeira yer uma idéia que Michel Pécheux nao vai parar de trabalhar, uma verdadeira idéia forga, uma ‘obexsdo também, O seniido, objet da semfntica, excede 0 rica, ciéncia da lingua, A semntica no deri ondagem hingistica, enol do ina, Era o que jt prostapunita 0 livio de. 1909. Sobre o proprio terreno da linguistic, Michel Péchewx aprofinda sua afnmagio. Orci Gcinio epousa sobre intuigan muito forte de que mio se po- cle visar as sistematicdas da ngus.como um continua de ves, Fara alem dos nivesfonolozico, morfolgsicoe sit Sassi soz, a semaatia no apenas ThomGlogo aox ourtos.B qu “olago que liga 1s “hignificagdes” de um texto as condigbes sécio historias dsc texto to é de Formalguma secundaria, rs eonstiuivo diag propriassipificagoes”, Sao igualmente Visas, por esta tomnadade pos jesestntaral pos sanssuana, que porno morielo fenoldgico mo domino do se riversis liad a torie gerativa. A erica frontal, Ela designa cluamenteas sematicasimgistces conio Tzares de rcotrimenta do come saussuriano. E neste poo rm problemitica do- discus di nndanga de terreno” que el sypde,O textode Lanaagesper rns intepretar aque Permaneeta az m0 VO de 196, Do do da linguistic, 0 diseurso tem agora ur sssento me. Qu ten, ls patna ronal Levine, srg ma: ""As paavras dar ce sentido segs as Po Sig@es mustentadas por aqusles que a3 empregam nfo 5 to mara assergao por uma baralidade "seo linguisiea” que prdesse permanover insenta na concepxoakoboniana dain {its como celigo plobal cingindsabrastemas.O pensarento “ha lingua que subentendia a anise automatica do dscurso se emriqueceu o valor saissuriano se confunde, par Michel Pach, com o prineipiod unidade da ling, ete uikimo {que funda aprativa do ingista em suas operagies de comnt Go, compargto..Aproendemos suo aparecin Yrmuta decisiva no pensamento de Michel Deoheux: ha um Juncionamento das lnguas em relaga a elas meses 50 proccamene qua ingtstea descreve quando fal de fono Se morfologia © octet Sachem 0, cujadeserigs mento aulénomo que Sera preciso pensar os processes igcursivos, A questio do lugar da sintaxe nest to an dscns, O materialism historieo &a posicio explicia de ‘onde se realiza« intervencao epistemol6gica contra uma dupla smeaca, « do empirismo, “% problematica subjeivista cenuraia no individuo” e ado formalismo que sonfunde “a lingua como, ‘objeto com o campo da linguageny”. Ea partir do materialism, historico que se fur aincicagio de novos abjetos, no caso 0 dis curso, expliciamente posto em relagao com a ideologia, Mes. Michel Pecheux decdidamente nos surpreenders sempre, Em algumas linhas apertadavem que cada palavea 6 umconeeito. ele langa, como um navio incendiro, a primeira formulacao da eoria do discurso?: “Asfomagoes ideol6gieas |] comportam, essariamente como um de seus Componentes Um OU mais inagbes discursivas interrelacionadas quedeterminam 0 que pode e deve ser dito (articulado sob a forma de uma arengs, fle um semao, de am de uma exposigao, de um programa, cte) «partir de uma posicdo dada em uma conju tuea daxda,”, Tudo ow quase tudo ja estava em seu lugar Cu- riosimente, Althusser no foi nomeado. 1972-1974 — KLOS EM DIRECAO A TEORIA DO DISCURSO Em junho de 1970, na revista La Pensee tinha apareci Jgo de Althusser: “Ideologia ¢ aparelhos uma pesquisa)”. Seria ne: Digamos em uma palavra que ele trazia instrumentos intelectuais a todos os que trabalha vam sobre as praticas sociais: de um lado, os aparelhos, Ideoldgicas, observados na dtica da reprodugio das condi- {g0es de producdo pela classe dominante bureussa, pet fam pensar a materialidade das ideologias tomadas no proprio funcionamento das instituigBes: de outro lado, » Althusser, pelo viés de sia two ea “inter punha uma nova categoria: a de sujeito da Para Michel Pcheus, athusserian engajado na linguagem, esi artigo foi decisivo, Desde suas "Notas para ura teoria geral das ideologias” de 1968, ele tha caminhado. Sus reflexdes sobre 0 discurso 0 levavam exitamente 40 ponto de éencontro da Lingua com a ideoiogia. Em 1969, vimos,o termo festava ausente: era no entanto a ideologia que cra designad pe las formulas filosSficas postulando “um nivel intermediirio en tre & singularidade individual e a universalidade”. Em 1971, a relagdoenute ideologia ediscurso éexpli reveste de sua expresstio definitiva, Em uma perspectiva althusseriana, mesmo se falta a referéneia wo antigode La Pensce, ‘odiscurso ¢ implicitamente assimilado a uma pritica expeciff. «a, requerida pela relacI0 de forgis sociais e sempre realizado Wes de um aparelho. O novo objeto se inscreve ja, como 0, postula o artigo de L Humanite, no materialise historic, ‘A formulagdoque encontramos nontimero 24 de Larigages (ver acima, p. 28) estava prometida a. um destino histo vul ‘mesmo iempo, o campo da analise de discurso, largamente in: ‘vestido pelos linglistas c historiacores marxistas, era o lugar de cconfronios te6ricos muito vivos. A clivagem principal se stuava ‘entre aqueles que. na perspectiva de uma teona do discurso, pro- curavam “articular” IIngua, ideologia e discurso, e aqueles que, proximes dix “Sociolingllfstica’’, se prendiam 4 deserigo da dite: renciagio lingiisica dos grupos sock 6 1975 -_ ‘SEMANTICA EF, DISCURSO” ‘Ontimero 37 da revista Languages e Semdntica e Discur- so aparecem os dois com um més de intervalo: respectiva mente em marzo e mao de 1975, E preciso restabelecer cronologia mascarada por esta quase simultaneidade de ap- recimento. Entre a elaboragao do um niimero de Langages & seu aparecimente ha tradicional i distfincia tempor ral importante. O numero 37 de Langages. coordenado por Michel Pécheux e intitulade “Anilise de diseurso, ngua e idcologias” foi composto bem antes de Semuintica e Discua~ so. Maspero, que publicava o livro de Michel Pécheux. na colegio “Teoria”, dirigida por Althusser, apresentava 0 esta- do mais recente de suas reflexdes, Esta observagio, sobre 0 tempo da escrita. 6 necessaria. Sem duvida € verdade que, 00 inimeso 37 de Langages, Michel Pecheux se dirige avs lin listas, enquanto esereve, para a colegio de Althusser e tal ‘er para ele mesmo, seu segundo livro. Sem diivida seu art- go coloca 0 acento sobre o dispositive, enquanto Semanticae Discurso se quer teérico. Mas essas diferencas nao explicam tudo. Entre os dois textos seu pensamento amadureceu. Se: -mamtica e Discurso & 0 grande livro de Michel Pécheux. Ele presenta o estado mais acabado da teoria, O artigo de Langages, apesar de seu interesse, 6 um texto de transiglo. RAGES" A |ARCO DE 1975 — 0 NUMERO 37 DE “LANGAGES” - Nesse ntimero da grande revista de linguistica, quero me demorar sobre © longo artigo intitulado “Aualizagoes © perspectivas a propésito da andlise automatica do dis- Seu tile diz sem concessao 0 que ele se propoe ser. Para esta nova versio do livro de 1969, 0 filsofo in- quieto quis trabalhar com uma linglista, De forma nats ral, ele se voliou para Catherine Fuchs que ele havia en contrado havia tempos em torno de Culioli e das questdes postas pelo tratamento formal das Iinauas. Bles tinkam escrito juntos o texto que apareceu na Dunod, em 1970, € continuavam a rabalhar em uma “gramaitica de reconhe- cimento”, Para Michel Pécheux, esta questie se inserevia entralmente em seu projeto tedrico. A gramitica do reco" rnhecimento, aa qual cle pensava, devia ser "suscetivel de responder as exigéncias tebricas internas da Tingstica € ‘de uma aplicagio a “um campo exter "Com 0 artigo do nimero 37 de Langages, ele queria nchero alraso tomado em relagio A teoria pelos “pro. Sedimentes praticos do tratamento dos textos”. Deste artigo, que faz uma belo espago ao dispasitivotée- nico linguistico, escolh: mostrar © que pertence a Miche! Pecheux: « primeira pare, teonca, um paso novo em dite G40 a teoria do discurso, A weoria, desta ver, se 1eem sta elagao com @ modelo de anslise. Nenhum texto de Miche! Péchieux exprimira até af, com tanto vigor, as relagbes da andlise de discurso ¢ ds feoria do discurso. A apropriagio critica das observagies ¢ objecies levantadas pela AAD 69 vai de par com um singular amadurecimento da reflexio teorica desde 1971, O texto é, em um sentido, a eescrita de todos os textes precedentes; ele traz marcas de retomos fe flexives, de remanjeamentes e de retificagdes, de atualiza «ges ow de apreensbes, os estigrnas di inguictacho, definide, ao mesino tempo. o campo tebrieo, 0 “quar dro epistemologico” do empreendimento que articula tres regioes deconhecimento cient (© materialismo hist6rico como teoria das for gies sociais e de suas transiormagies, af compreen dlida a teoria das ideologias; A linglifstica como teoria 20 mesmo tempo dos me- anisms sintatiens dos processes de enunciagio; ‘A teoria do discurso como teoria da determinacao os processos semanticos, Intervém uma quarta referéucia de “uma teoria da subje- tividade (ée natureza psicanalitica)” Eapontado 0 que vaiestar no centro da proposta: a ques: da leitura, na sua ligngdo com a do sujeito. 38 E preciso dimensionaro caminho percomride dewde 1971 artigo do numero 37 de Langages faz eco a longa runit ago de Michel Péchoux e de setis amigos sobre 9 tunoso artigo de Althusser. O problema do disco af vai artica- lar, em um deslocamento sensivel, # questio do seta do sentido. Paralelamente aparecera pelaprimeira ver aul 1 deixada por conta nos textos anteriores: aenunciagdo, ‘A primeira parte do artigo, que leremos intezralmente, cor tir 6 pedestal da anslise de discurso, Seu titulo enuincia ds ter mos que delimizam a problemiitica, 0 espago da construgao, conceptual que subeateree o dispositivo: “Formagio social, in ‘gua, discarso”. Ei ditegio aos ingtistas, Miche! Péchews fz lumurespicie de relato tebrico que. com apoio em Althusser leva, ‘a funcionamento da instania ideoibpiea, “A interpelagii” —dos aparelhos ideol6aicas de estado como lugares de ifrontamentos ‘de posigtes politico ideol6gicas-—, as formagoes ideologicas 6&8 farmagbes discusivas que slo seus" componentes” necessaries A citagao candnica do niimero 24 de Langages (ver acim, p. 24) esta presente em autocitagdo agi. Mas a reveréncia 3 Ie Constitutiva da ideologia, segunco a fémmula althusseriana “A ideologia interpela os indi viduos em sujeitos” mexeu com, tudo, O novo tedrico toma forma, onde se conju a questio da produigiio da sentido © a do sijeito. A “teoria dos dois esquecimentos” procurara desi Nilo era sufi . no modelo da formagao social e formagivo ideoldgici, para fazerdela um eonceitoclaro. Michel Pecheux propoe aqui o cexemplo das forma ideologia felt giosa no modo de produgao feudal. Em um texto tiem sem pre limpido, porque é oreflexo de uim pensamento queainda, Se procura, varias observagoes ajuda 4 apreensiio do com to de fornagdo diseursiva. A primeira concert a exis téncia, no interior do discursivo, de destocamentes que te fletem “exterioridade relativa’” da formecao ideolégica: ‘sem utilizar 6 termo (mas a referencia « Pail Heney 6 uma, indicagio segura, ver texto TIT), Michel Pécheux desereve cexatamente o pr so, dediscursos anteriores que fornecem como que a ha pnma” da formagao discursiva, a quall Se cols sujeito, um efeito de evidencia. A ob loca uim haga entre 0 efeito subjerivo | producio do sentido no interior da formagio discursiva. Ea ‘ceva de uma reflexao que encontrara sua plenitude em Se: mantica ¢ Discurso. Mas. eu gostaria de notar aqui a rela (Gio colocada por Michel Pécheux entre esta teorizacio € 08 Procedimentos executados desde a AAD 69. Come se. da jjusante, ese texto inaugural nio parasse de se desambigiizar. ‘Os dominios semanticos da AAD 69 sio designados no mero 37 de Longages como “familias parafristicas” que cconstiiuem as matrizes dos sentidas, O recarsoa Harris re ccebe indiretamente sua justifieagio, Ele foi decisive para estacar uma nocio de pardirase discursiva que nio revo: bre nem uma nog Tinglifstica nem uma nocdo légica. Ele forneceu um elemento para alimentar a mudanea de terreno. O efeito de sentido produzido, para o sujeito, no interior da Formugao discursiva, desemboca no tema que articula cen~ tralmente a reflexao: a ilusdo subjetiva, melhor, ailusio que tem osujeito de estar “na fonte do sentido”. Anuneia-se aqui © futuro "efeite Munchnausen”” de Semantica e Discurso. Mas o tema assim abordado vai exigir um retorno sobre a inguistics, e, notad sobre a questo da enunciagio, Na “auializagio” que quer fazer Michel Pecheus, «re: flexiio sobre a rclagao entre lingilistica ¢ teoria do diseurso. Gcssencial, Eh marca, inserevendo-se na via aber pelt AAD 69 ¢ aprofundada pelo arti e 0 “corte iment Sen werge emiao, uma formulagio que vai definir por muito tempo a relagio lingua/discurso: € ada base sobrea qual se desenvolvem os processos discursivos. Ou ainda a da “lingua” como condi ‘ea0 de possibilidads do discarso. Mas, se pergunta Michel Pécheux, sea lingua & o “lugar material em que se realizam fos efeitos de sentido”, de que € feita esta materialidade? Maneira de se interrogar sobre o que deriva da lingiistica, Em 1971, a resposta do Michel Pecheux era simples: as i, scene,

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