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INTRODUÇÃO À BÍBLIA

Valnice Milhomens

INTRODUÇÃO

Sendo a Bíblia a expressa Palavra de Deus; a fonte da Revelação Divina e a nossa “única regra de fé e
prática,” precisamos aprofundar o conhecimento dela, em todos os seus aspectos. Aqui apresentamos
uma introdução bastante rudimentar, com o propósito de dar uma visão geral do modo como ela é
apresentada. Trata-se de uma introdução à matéria da Faculdade Teológica, propriamente dita.

Estudar Introdução Bíblica é estudar sobre a Bíblia, em si. Quanto o texto que ela apresenta, é matéria
do estudo aprofundado de outras disciplinas bíblicas específicas.

O QUE É UMA INTRODUÇÃO BÍBLICA? Uma visão panorâmica da Bíblia. A forma como foi composta.
Sua estrutura. Quanto ao texto que ela apresenta, é matéria do estudo aprofundado de outras
disciplinas bíblicas específicas.

Há que conhecer e compreender os ambientes físico, cultural, histórico e religioso nos quais o texto
sagrado foi produzido. Temas que serão abordados em disciplinas como Antigo Testamento e Novo
Testamento, Hermenêutica Bíblica, Exegese, entre outras.

Em síntese, Introdução Bíblica é estudar sobre a Bíblia, de forma geral, ficando o texto propriamente

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dito para o estudo aprofundado das matérias bíblicas específicas. A ênfase principal está nos processos
que resultaram no texto.

GENERALIDADES

A Bíblia não é um livro só, mas uma “biblioteca” de 66 livros. Ela e foi escrita por cerca de 40 autores
durante um período de mais de 1.500 anos. Entre 1400 a.C. a 110 d.C.

• OS QUARENTA ESCRITORES DA BÍBLIA ERAM: Pastores, Reis, Pescadores, Camponeses, Nosso


primeiro contato com a Bíblia é devocional. Sempre a usaremos dessa forma.
• Entretanto o estudante da Palavra de Deus deve prosseguir em outros níveis de leitura e estudo
da Bíblia.

Médicos, Cobradores de impostos. Seus escritos ocorreram em Roma, Jerusalém, Babilônia (Iraque),
Pérsia (Irã), Grécia, Turquia.

Seus autores viveram em épocas diferentes, e nenhum tinha conhecimento de que o seu livro seria
unido a outro.

• 66 Livros
• 1500 anos
• Mais de 10.000 eventos
• Uma história!
• Unidade do tema!
• Sem contradições!
• 40 escritores!
• 15 séculos,
• Ainda assim afirma UM AUTOR

A PALAVRA BÍBLIA. Vem do latim "Biblia,” a qual por sua vez, vem do grego BIBLOS. Pais apostólicos da
Igreja usaram expressões como: “Escritura Divina, Divina Biblioteca, Letras do Senhor, Código Divino”.
Na Igreja grega, a partir do Sec. V, com João Crisóstomo, a expressão A BIBLIA começa a figurar como
título do conjunto de todos os sessenta e seis livros, uma vez que até então o conceito de livros
inspirados e sagrados era destinado aos escritos vetero- testamentários. O título foi aceito pelos
teólogos do início da Idade Média, sob a forma do plural neutro "BÍBLIA", título esse que permanece
até hoje.

PERÍODO

O autor mais antigo é Moisés, que escreveu os livros do Pentateuco, e o mais novo é o apóstolo João,
cujo último livro escrito foi o Apocalipse.

O período de tempo entre Moisés e João é de mais de 1.500 anos, no entanto, todos estes livros, unidos,
concordam perfeitamente uns com os outros e nada se choca dentro da Palavra de Deus. Este é o
primeiro e grande sinal de que a Bíblia não é produzida pela mente humana, pois embora haja 40
autores, há uma única mente que os controla. A do Espírito Santo de Deus, autor da revelação. “Porque
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a profecia nunca foi produzida por vontade dos homens, mas os homens da parte de Deus falaram
movidos pelo Espírito Santo” (2 Pedro 1:21).

UNIDADE

Analisando os escritos, percebemos, de modo claro, que o Espírito respeita a personalidade e a cultura
de cada um dos escritores, pois, em sua maneira de se expressarem, refletem sua personalidade,
cultura, nível intelectual, etc. Vemos, então, que Deus não despersonaliza as pessoas. Encontramos
textos bem escritos, que saem da pena do Dr. Lucas e um texto rude que sai da pena de Pedro; porém,
todos eles concordam e têm o mesmo selo do Espírito e inspiração Divina.

EM QUE A BÍBLIA FOI ESCRITA E EM QUE LÍNGUAS

No tempo em que a Bíblia foi escrita não existia papel, comuito menos a imprensa. A Bíblia foi escrita à
mão, e em diversos materiais, como cerâmica, papiro e pergaminho.

CERÂMICA: conhecida como a arte mais antiga da humanidade. O barro servia para fazer desde vasos,
até chapas, nas quais se escrevia. Muitos textos bíblicos foram escritos nesses "tijolos".

PAPIRO: planta originária do Egito. Nascia e crescia espontaneamente às margens do Rio Nilo, chegando
até a altura de 4 metros. Do Egito o papiro passou para a Síria, Sicília e Israel (onde foi escrita a Bíblia).
Do papiro era feita uma espécie de folha de papel para nela se escrever. Seu caniço era aberto em tiras
e prensado ainda úmido. O papiro era ainda usado na fabricação de barcos e cestos. Dizem que 3.000
a.C os egípcios já escreviam no papiro. Tais folhas eram escritas só de um lado e depois guardadas em
rolos.

PERGAMINHO: feito de couro curtido de carneiro. Começou a ser usado como "papel" na cidade de
Pérgamo, pelo rei Éumens II, 200 a.C. Pérgamo era uma importante cidade da Ásia Menor. Os egípcios,
com inveja da grande importância da biblioteca de Pérgamo, não quiseram mais vender papiro para os
moradores daquela cidade. Por isso, o rei de Pérgamo se viu obrigado a usar outro material para a
escrita, que foi a pele de ovelha. O pergaminho se espalhou rapidamente para outras regiões.

O Antigo Testamento foi escrito em hebraico, à exceção do livro de Daniel. O hebraico era a língua dos
israelitas e o aramaico dos povos vizinhos. Como o povo israelita foi transportado para o cativeiro, as
novas gerações aprenderam a falar em aramaico. O profeta Daniel escreveu alguns textos em aramaico
que, por isto, não são aceitos como parte das Escrituras Sagradas pelos israelitas.

O Novo Testamento foi escrito em grego. Atualmente há uma corrente de comentaristas que afirmam
que grande parte do Novo Testamento foi escrito em hebraico e que estes textos foram perdidos. Como
foram os gentios que levaram o Evangelho ao mundo, o texto que prevaleceu foi o grego. Esta afirmativa
é baseada em que os autores dos escritos do Novo Testamento eram judeus, exceção feita a Lucas.
Salientamos que a Igreja primitiva era composta essencialmente de judeus e só no fim do primeiro
século é que os gentios se tornaram a maioria. A partir do ano 135 da nossa era, encontramos uma
Igreja predominantemente gentílica.

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Eles escreviam em folhas de papiro e pergaminho. Há milhares de manuscritos. As traduções
começaram devido à necessidade de expansão e divulgação da Palavra de Deus.

ESTUDO

É importante estudarmos a Bíblia em diferentes versões, porque às vezes uma tradução pode dar
interpretação fora do original. Devemos estudar as Escrituras na dependência do Espírito Santo, pois é
Ele quem revela o que está por trás das letras.

Para estudar um assunto na Bíblia, temos que ir de Gênesis a Apocalipse e ver qual é o ensino geral,
para que, à medida que meditarmos, o Espírito vá fazendo a ligação entre os vários textos. Temos um
bom auxílio o estudo bíblico, que é a Concordância Bíblica. A melhor que temos na língua portuguesa é
a da Sociedade Bíblica do Brasil e, caso domine bem o inglês, a melhor é a de Strong. Quanto aos
Comentários da Bíblia, temos que ter cuidado, pois eles são uma análise que o comentarista faz,
refletindo seu nível de conhecimento, de experiência e posição doutrinária, na époco em que o
escreveram. Portanto, todo comentário é passível de erro.

ESTRUTURA DA BÍBLIA

DIVISÕES: A Bíblia tem duas grandes divisões: Antigo Testamento e Novo Testamento. A palavra
Testamento significa aliança.

O Antigo Testamento tem 39 livros e, à exceção dos 11 primeiros capítulos de Gênesis, conta a história
de Israel.

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No Novo Testamento, temos:

• Os Evangelhos, que discorrem sobre o ministério de Jesus, suas pregações, ensinos e milagres
(4).
• livro de Atos, que narra o nascimento da Igreja e sua expansão (1).
• As Cartas Paulinas (13), dirigidas às Igrejas, trata dos problemas locais e doutrinários.
• As Cartas Gerais (Pedro, João, Tiago e Judas) e
• Apocalipse (Revelação), que é uma palavra especial que Jesus manda à sua Igreja e uma visão
escatológica.

O ANTIGO TESTAMENTO tem 5 divisões:

• Livros da Lei ou Pentateuco- Gênesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio . Foram escritos
por Moisés. Total de 05 livros.
• Históricos - Josué, Juízes, Rute, 1 Samuel, 2 Samuel, 1 Reis, 2 Reis, 1 Crônicas, 2 Crônicas, Esdras,
Neemias e Ester. Contam a história de Israel. Total de 12 livros.
• Poéticos- Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes e Cantares. São livros devocionais. Total de 05 livros.
• Profetas Maiores- Isaías, Jeremias, Lamentações de Jeremias, Ezequiel e Daniel. São chamados
de maiores porque tem muitos capítulos. Total de 05 livros.
• Profetas Menores- Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias,
Ageu, Zacarias e Malaquias. São chamados de menores porque tem poucos capítulos. Total de
12 livros.

Os livros não estão em ordem cronológica. Daí a dificuldade que muitos têm em ler toda a Bíblia.
Mostraremos uma maneira simples de se estudar o Antigo Testamento e, para isto, iremos situá-lo
dentro da história. Apresentamos um gráfico onde, em ordem crescente, teremos uma visão de todo o
período do Antigo Testamento.

PERÍODOS DO ANTIGO TESTAMENTO

1. COMEÇOS

O primeiro período é dos Começos, regisrados em Gênesis, nos capítulos 1 a 11. Esse período cobre

2.000 anos de história, sem contar o período da criação, que pode ser de milhões de anos. Esses
capítulos dizem respeito à Criação do homem, Queda, Dilúvio e ao Novo Começo com Noé e seus filhos
Sem, Cão e Jafé. Nesses capítulos de Gênesis, especialmente os três primeiros, encontramos, em forma
embrionária, o coração de qualquer doutrina dentro da Bíblia. É preciso esclarecer que as Escrituras não
vão narrar tudo o que aconteceu. O coração do Antigo Testamento é Israel e, de Gênesis 12 a Malaquias,
tudo se concentra na vida do povo de Israel.

2. PATRIARCAS

O próximo período é o dos Patriarcas. Os patriarcas são: Abraão, Isaque, Jacó (Israel) e José. Vamos
encontrá-los em Gênesis, a partir do capítulo 12, até ao capítulo 50.
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3. ISRAEL NO EGITO

O terceiro, é Israel no Egito. Este período durou 430 anos. A narração está de Gênesis 46 a Êxodo

A partir do capítulo 3 de Êxodo, temos uma nova fase, quando Deus chama Moisés para tirar o povo do
Egito. Este período se estende até à morte dos primogênitos, saída do Egito, a travessia do Mar
Vermelho e o cântico de vitória que se encontra em Êxodo 15.

Por que Deus chamou a Moisés? Ele queria um libertador, um estadista para levar o povo à
independência e, para isto, em Sua sabedoria infinita, fez com que Moisés fosse criado no palácio de
Faraó, em liberdade, educado como rei, para formar dentro dele uma identidade de líder com uma visão
de homem livre. Nos quinze primeiros capítulos de Êxodo encontramos Moisés voltando ao Egito,
falando com Faraó o que Deus lhe tinha ordenado, as 10 pragas, a morte dos primogênitos e a saída
triunfal rumo ao deserto, pelo Mar Vermelho, e o cântico de vitória.

4. DESERTO

O quarto período corresponde aos 40 anos que o povo passou no Deserto. Este é narrado de Êxodo 16
a Deuteronômio. Compreende os livros de Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. É o
estabelecimento da nação de Israel e de sua constituição.

Em Êxodo encontramos a construção do tabernáculo, o qual é uma figura de Jesus.

O livro de Levítico é o manual para os sacerdotes e para o templo. Lá se encontram as orientações de


como fazer os sacrifícios para cada tipo de pecado e Jesus está presente em todos esses tipos.

Em Números encontramos a genealogia, os espias indo à terra de Canaã, a incredulidade, o castigo de


Deus e o povo peregrinando por um período de 40 anos no deserto, antes que pudesse entrar na terra
prometida.

O livro de Deuteronômio registra os discursos de Moisés e sua despedida. Nesses discursos, ele recorda
a lei e o que Deus fez. O livro termina com a narrativa de sua morte.

5. CONQUISTA

O próximo período é o da Conquista da terra prometida, feita por Josué, sucessor de Moisés, e que
durou 10 anos. Apenas uma parte da terra foi conquistada. Encontramos este relato no livro de Josué.

6. JUÍZES

O sexto, corresponde ao período dos Juízes, cuja duração foi de 300 anos. O governo de Israel era
teocrático, ou seja, os líderes, no caso Moisés e Josué, consultavam a YHWH em busca de direção. Neste
período da história de Israel encontramos um ciclo:

• Apostasia - o povo cai na idolatria;


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• Opressão - o inimigo vem com opressão, porque o povo se torna idólatra;
• Arrependimento -o povo se arrepende e clama ao Senhor por livramento;
• Libertação - Deus levanta um juiz, que liberta o povo, e este passa a servi-lO, enquanto o líder
vive.

Quando morre este líder, volta-se ao início do ciclo.

Por que isto aconteceu? Há uma tendência ao desvio, devido ao enfraquecimento da visão. Neste
período já não há aqueles que viram o maná caindo do céu, a água saindo da rocha, que conheceram
Moisés e Josué. É a história que já não tem a força do testemunho. O termo mais correto a ser usado
seria de libertador, um comandante ou de um general de exército, em vez de juiz. O relato deste período
encontra-se em Juízes, Rute e 1 Samuel 1-9.

No fim deste período temos um grande juiz, sacerdote e profeta, que é Samuel, e é aí onde o povo pede
um rei, dando início a um novo período.

7. REINO UNIDO

O Reino Unido durou um período de 120 anos, e os reis foram: Saul, Davi e Salomão. Cada um reinou
durante 40 anos, sendo que Davi começou o seu reinado por volta de 1.000 aC., marcando assim o meio
do período entre Abraão e Jesus Cristo. O Reino Unido era chamado de Israel.

8. REINO DIVIDIDO / CATIVEIRO ASSÍRIO

O Reino Dividido teve início com Roboão, que era filho de Salomão, e durou um período de 209 anos.
Ele foi dividido por volta de 931 aC e permaneceu assim até o ano de 722 aC. Neste reino dividido temos:

O Reino do Norte, também chamado de Israel, que foi formado pelas 10 tribos, a saber: Rúben, Issacar,
Zebulom, Dã, Naftali, Gade, Aser, Efraim, Manassés , Simeão e cuja capital era Samaria e

O Reino do Sul, também chamado de Judá, formado por duas tribos: a de Judá e a de Benjamim, cuja
capital era Jerusalém.

O pecado que determinou a destruição do Reino do Norte foi a idolatria. Jeroboão, que foi seu primeiro
rei, logo que assumiu a liderança, mandou construir dois bezerros de ouro, dizendo serem estes os
deuses que os tinham feito subir do Egito, levando o povo a adorá-los. Desde essa época foi profetizado
que a nação seria levada para além do Eufrates, quando ainda nem existia o Império Assírio. O povo que
residia no Norte ou Israel, era chamado de israelita.

No ano 722 a.C. Israel é levado para o cativeiro assírio e Samaria é destruída. A partir desta época os
judeus, descendentes de Davi e Benjamim, deixaram de se comunicar com os samaritanos, devido ao
fato do início do culto misto.

Cada império tinha uma política de conquista e a do rei da Assíria era de destruir as cidades e espalhar
as pessoas em outros países, com a finalidade de impedir uma reorganização de forças e possível
tentativa de retomada da nação. Por isso, tendo Samaria sido destruída, foi habitada por estrangeiros,
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que trouxeram à cidade seus costumes e seus deuses. A cidade, então, foi invadida por animais ferozes
e os seus moradores chegaram à conclusão de que isto estava acontecendo porque eles não sabiam
adorar os deuses da terra. Daí mandaram chamar os levitas para ensinarem aos moradores como se
adorava o deus de Samaria, surgindo, então, o culto samaritano, que é um culto misto.

Israel ou Reino do Norte foi para o cativeiro assírio até o dia de hoje, estando ainda disperso em vária
nações. Alguns remanescentes voltaram ao novo Estado de Israel, mas há tribos que ainda estão
perdidas.

9. JUDÁ SOZINHO

Neste período temos Judá sozinho. É um pequeno país no meio de grandes conflitos mundiais. Durou
136 anos. Estende-se de 722 aC a 586 aC, quando Jerusalém é destruída e o povo levado para a
Babilônia.

10. CATIVEIRO BABILÔNICO

O povo judeu é levado cativo para a Babilônia. O Templo é destruído e Jerusalém arrasada.

Cada império tinha uma política diferente, mas atrás de todas elas Deus está falando. A política da Assíria
era espalhar os conquistados em várias nações e a da Babilônia era tomar nobres da terra conquistada,
treiná-los e dar-lhes uma boa qualidade de vida. Neste período do cativeiro houve prosperidade e o
povo deixou suas atividades pastoris para ser um povo devotado ao comércio. Foi na Babilônia que os
judeus aprenderam a ser comerciantes.

O povo vai para a Babilônia, em várias levas, e as pessoas importantes da casa real são treinadas em
administração. É assim que Daniel ocupa posições importantes no governo babilônico e a posição de
Primeiro Ministro no império Medo-Persa.

É durante este período que Judá deixa de ser um reino, passando à simples condição de Província da
Judeia. O judaísmo surgiu nesta época. É neste período que alguns costumes começam a se desenvolver
e um deles é o da Sinagoga. O povo começa a falar em aramaico e não mais em hebraico. Este cativeiro
durou 70 anos, contando a partir da primeira deportação dos judeus.

11. RETORNO

Judá é quem regressa do cativeiro babilônico para a Judeia, que ainda é uma província. Este retorno
acontece em 539aC e dois fatos importantes ocorrem: reconstrução do templo e a reconstrução dos
muros.

12. PERÍODO INTERBÍBLICO

É um período de silêncio na revelação profética, que durou 400 anos. É o intervalo entre o Antigo e o
Novo Testamentos.

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SÚMULA DOS LIVROS DO ANTIGO TESTAMENTO

Todo o Antigo Testamento é o relato desta história aqui:

Começos---- Patriarcas---- Israel no Egito---- Êxodo---- No deserto---- A conquista---- Juízes Reino

Unido---- Reino Dividido---- Cativeiro Assírio---- Judá sozinho---- Cativeiro Babilônico Retorno –
Período Interbíblico

O PENTATEUCO, também conhecido como os cinco livros da Lei, que são os cinco primeiros livros da
Bíblia, a saber, Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio, contam a história dos Começos,
Patriarcas, Israel no Egito, Êxodo e Deserto.

A CONQUISTA da terra é contada no livro de Josué e a de juízes no livro de Juízes.

A história do REINO UNIDO está escrita nos livros de Samuel (primeiro e segundo) e em 1º Reis nos 11
primeiros capítulos.

O relato do REINO DIVIDIDO está a partir do 12º capítulo do livro de 1 Reis e todo o livro de 2 Reis.

Rute foi escrito no período dos Juízes e Ester o foi no Retorno.

Os livros das Crônicas foram escritos depois da volta do cativeiro babilônico. Foi no período deste
cativeiro que o judaísmo surgiu como religião. Após o regresso, sua primeira preocupação foi em como
guardar a Lei de uma maneira tal que não fossem levados de novo ao cativeiro. Foi, então, quando eles
começaram a interpretar os 10 mandamentos em centenas de mandamentos, surgindo o partido dos
fariseus, que são os radicais, e o partido dos saduceus, os liberais. Fizeram uma revisão das genealogias,
porque quem não fosse puro não podia ficar. Nesta preocupação eles reescreveram a história dos reis.
Crônicas é o relato da casa de Davi e aí encontramos todos os reis de Judá, desde Davi até o cativeiro.

Jó é um livro poético talvez escrito por Moisés, provavelmente quando ele estava em Midiã. Não se
encontra nele nada da lei nem dos costumes e ordenanças que Deus deu a Moisés.

Os livros de Salmos, Provérbios, Eclesiastes e Cantares de Salomão foram introduzidos no Reino Unido,
especialmente a partir de Davi e Salomão. É um período rico em literatura. Os Salmos são hinos, poesias
e cânticos. Provérbios são ditos. Eclesiastes é sobre a vaidade da vida e Cantares um poema de amor.

Os Profetas que profetizaram durante o Reino Dividido foram Obadias, Joel, Jonas, Oseias e Amós. Os
que profetizaram em Judá Sozinho foram Miqueias, Isaías, Sofonias, Naum, Habacuque e Jeremias.
Lamentações de Jeremias foram escritos depois da destruição de Jerusalém. No Cativeiro Babilônico
encontramos Ezequiel e Daniel. No Retorno temos Ageu, Zacarias e Malaquias.

Todo o Antigo Testamento é a história do povo de Israel, com mensagens dirigidas em épocas
específicas. Temos o tratamento de Deus com Israel e encontramos as coisas boas e ruins que o povo
fez, além dos bons e maus reis. Vemos com isto que Deus não nos usa por causa daquilo que somos,
mas apesar d quo somos. Não é o que eu sou; é o que Ele é em mim.

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Israel está no meio de povos pagãos com o objetivo de mostrar ao mundo que Yahweh é o único Senhor.
As nações têm a concepção de que cada povo tem um deus e esse era o próprio entendimento de Israel.
Nos Salmos e nos próprios Profetas, quando estudados em ordem cronológica, veremos um crescimento
no entendimento de Deus.

A Bíblia não é um relato de tudo o que Deus fez, revelou e falou. Deus não está limitado pelas páginas
deste livro. O que temos é um pouco do que Deus fez, revelou e falou. Deus não parou de falar, Ele
ainda revela. Mas tudo o que Ele fala hoje deve ser peneirado pelos princípios que estão dentro deste
livro.

PERÍODO INTERBÍBLICO

TRANSIÇÃO ENTRE O PERÍODO PROFÉTICO E JOÃO BATISTA

Nesse período de 400 anos vários livros foram escritos. Surge então a seguinte pergunta: Por que estes
livros não estão na Bíblia Evangélica? Cremos que o Espírito Santo orientou as autoridades religiosas
quando determinaram quais seriam os livros sagrados ou canônicos. A palavra CÂNON significa "vara de
medir".

Quais os livros que estariam enquadrados dentro do padrão? O ponto principal do padrão para um livro
ser considerado sagrado no Antigo Testamento era a inspiração e a autoridade proféticas. Como depois
de Malaquias não houve mais profetas, os livros escritos neste período não foram aceitos. Os livros que
nós, os evangélicos, aceitamos como sagrados são exatamente os livros que sagrados para os judeus.

Os livros que foram introduzidos na Bíblia Católica o foram no século XVI de nossa era, por causa de uma
disputa no Concílio de Trento, após a Reforma Protestante.

OS IMPÉRIOS

A plenitude do tempo: um mundo preparado para a vinda de Cristo

“Mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para
remir os que estavam debaixo da lei, a fim de recebermos a adoção de filhos” (Gálatas 4:4,5).

Paulo queria dizer que Deus havia marcado um tempo ideal em “seu calendário” para a inda de Seu
Filho ao mundo. Isto nos leva à conclusão de que Sua mão invisível esteve usando a História a fim de
preparar o caminho para o advento do Messias.

Antes que Cristo viesse, muitas coisas teriam de acontecer. Impérios levantar-se-iam e cairiam. Cada um
deixaria atrás de si sua marca na história, adicionaria um ingrediente essencial ao trabalho que Deus
estava fazendo na preparação do mundo para a vinda do Redentor.

Quando do nascimento de Cristo, havia três culturas principais que compunham o mundo da época.

• A antiga cultura hebraica,


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• A cultura grega e
• A cultura romana

À medida que avançamos na história, vemos Deus usando nações pagãs para realizar Seus propósitos.

Hoje nós temos países, povos independentes, mas naqueles dias havia grandes impérios. O mais forte
exercia autoridade sobre o mais fraco. Aquele que vinha e conquistava o império do momento se
tornava senhor. Cada um tinha sua política própria de conquista. Deus tem profetizado o levantamento
e queda de impérios.

Todo o Antigo Testamento caminha para um ponto, que é a Nova Aliança e Deus prepara, na história, o
próprio mundo para a vinda de Cristo Jesus. Deus controla os acontecimentos mundiais, fazendo com
que eles convirjam exatamente para aquele ponto principal que Ele tem determinado, sem que ninguém
o saiba. Vejamos os Impérios e suas controbuições na preparação do mundo para o advindo de Jesus
Cristo

IMPÉRIO EGÍPCIO

O EGITO foi um grande império. Ali os 70 Israelitas se tornaram um grande povo. Pode ter chegado a
três milhões, quando partiram rumo a Canaã. Além de ter se tornado uma multidão, ali Moisés foi criado
e treinado como Estadista. Estava, portanto, preparado para liderar um povo no caminho da
transformação de escravos em nação independente sob o geverdo de Yahweh.

O Egito foi o meio de preservar Israel e sua família


através da fome. Foi também no Egito que Deus
mostrou sua supremacia sobre os deuses egípcios,
pois vemos que cada uma das pragas enviadas contra
o Egito era uma manifestação do poder de Deus sobre
os reinos do paganismo.

Seu poder e o cuidado providencial também são vistos


quando Ele leva Seu povo para fora do cativeiro no
Egito para para a terra prometida.

Deus também usou nações como Assíria e Babilônia


para punir seu povo por seus pecados e revelar Sua
santidade e justiça. A Pérsia foi usada por Ele para
libertar os judeus e permitir que retornassem à sua
terra natal depois de seu cativeiro na Babilônia.

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IMPÉRIO ASSÍRIO

A ASSÍRIA foi também um grande império e destruiu Samaria. Sua


política era destruir e quando conquistava um povo queimava as
cidades e espalhava as pessoas entre as nações. Com a destruição
de Samaria, Israel é disperso e Deus está por trás dessa dispersão,
uma vez que os isrealitas são espalhados entre os povos, levando a
crença em Yahweh. Após este, vem o Babilônico.

IMPÉRIO BABILÔNICO

A BABILÔNIA foi quem destruiu Jerusalém. Sua política não era de


destruir, mas sujeitar os povos e usar os nobres para ajudarem no
governo. Jerusalém só foi destruída porque o seu rei se rebelou e
fez aliança com o Egito contra a Babilônia, apesar da palavra
enviada por Deus através do profeta Jeremias, exortando-o a que
se entregasse ao rei da Babilônia. A contribuição importante foi o
surgimento das Sinagogas. As Sinagogas são centros de estudo da
Palavra de Deus. Onde há hebreus há necessidade de se cultuar a
Deus e de se ensinar a Lei. Então, no meio das nações, a Palavra
de Deus é proclamada. Deus esta por trás disto.

IMPÉRIO MEDO-PERSA

A MÉDIA e a PÉRSIA vieram após o Império Babilônico e sua


política consistia em mandar o povo de volta à sua cidade para
reconstruir o templo. E é por isso que quando se levanta Ciro,
no primeiro ano do seu reinado, ele decreta que o povo
regresse a Jerusalém e reconstrua o Templo.

Ele fez isso não apenas com os judeus, mas também com todos
os outros povos que subjugou. Ele deu liberdade ao povo. Foi
uma fase de reestruturação. Neste regresso o povo adquire
uma estrutura religiosa e passa também a falar a língua de
outros povos que é o aramaico.

IMPÉRIO GREGO

A GRÉCIA surge após o Medo-Persa. Tem outra política. Alexandre, o Grande, tinha uma visão: a Grécia
dos filósofos, da cultura, do conhecimento. E onde ele ia implantava escolas, bibliotecas e difundia a
língua grega. Neste império todas as nações passaram a aprender o grego e eram bilingues, isto é,
falavam sua língua materna e o grego. A cultura helênica ou grega foi difundida e nós sabemos que onde
a cultura prevalece é mais fácil do Evangelho entrar

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porque ele é luz e o conhecimento traz luz à mente. Na Idade
Média, onde o povo não tinha acesso à cultura, está presente a
ignorância e o fanatismo. Quando vem a Renascença, quando a
cultura passa a ser acessível a todos, deu-se origem às reformas.
O Novo Testamento foi traduzido, já que encontrou um povo
que tinha acesso à cultura e rapidament e floresceu o
Protestantismo.

Foi neste período que surgiu a versão da Bíblia em grego, a Septuaginta, e assim os gentios têm acesso
à Palavra de Deus. Ele usou tudo isto a fim de levar o mundo para dentro do seu propósito eterno, que
é a Redenção.

Quando Alexandre, o Grande, morreu, teve o seu reino dividido entre os seus generais e é nesta época
que a Judeia, ora é controlada pela Síria, ora pelo
Egito. Antíoco Epifânio

fica na disputa e surge Judas, o Macabeu (que


significa Martelo), que luta pela independência
da Judeia e durante o espaço de 100 anos (162
aC. a 62 aC.) a nação foi independente. Foi uma
dinastia desse grupo de dirigentes sacerdotais,
que eram ao mesmo tempo reis e governantes.
Estenderam as fronteiras e chegaram até os
limites dos dias de Salomão.

IMPÉRIO ROMANO

ROMA assume o controle no ano de 62 aC. e derruba o governo Macabeu. Herodes, que era edomita
(vem de Edom - Esaú), assume o governo, tornando-se rei da Judeia. É ele quem constrói o grande
Templo. Roma conservou a cultura grega e destacou-se pela lei e justiça. A Lei romana era justa.

O Direito Romano deu uma certa estabilidade ao império e é por isto que ele durou tantos séculos.
Surgiu também a Paz Romana, isto é, não havia guerra e todos os povos estavam unificados e debaixo
de um mesmo governo, o romano, o qual era justo para os moldes da época.

Roma respeitou os deuses dos povos


subjugados e acrescentou mais um
deus, o imperador. Os únicos rebeldes
do Império Romano eram os judeus e
eram os únicos que tinham permissão
para adorar o seu Deus, porque não
houve quem conseguisse convencê-los
do contrário. Essa firmeza e tenacidade
são marcas de Deus.

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Roma constrói grandes estradas por todo o império. Deus está por trás disto, preparando o caminho
para os missionários cristãos. Unifica a língua, é um só império e, portanto, não precisa de passaporte.
Há tribunais romanos em todos os lugares, que garantem a ordem e a lei. Não há guerra, não há conflitos
desta natureza e há boas estradas por todo o império para a propagação das Boas Novas.

Sobre esse período, escrev Schaff: "Os romanos eram a nação prática e política da antiguidade. Seu
chamado era levar a cabo a ideia do estado e do direito civil e unir as nações do mundo em um império
colossal ... Os romanos do acreditavam que eram chamados a governar o mundo. Eles olhavam para
todos os estrangeiros ... como inimigos a serem conquistados e reduzidos à servidão. Guerra e triunfo
foram a sua mais alta concepção de glória e felicidade humanas”. Tacitus, um dos seus maiores
historiadores, chamou-os de “os insaciáveis ladrões do mundo.”

Mas o Império Romano também desempenhou um papel importante na preparação do mundo para
Cristo. O império universal de Roma foi o fundamento do império universal do Evangelho. O Império
Romano alcançou desde a Palestina, no leste, até a Gália, no oeste, da Grã-Bretanha, no norte e norte
da África, no sul. Foi o maior império que o mundo já viu até agora. Todo o império estava sob a proteção
do direito romano. Os romanos construíram estradas por todo o seu império, a fim de transportar
rapidamente suas tropas de um lugar para outro. Os apóstolos do cristianismo usaram esses caminhos
para levar facilmente o evangelho aos quatro cantos do império, e conseguiram fazê-lo com segurança,
pois as estradas eram protegidas pelas tropas romanas.

“Assim,” diz Schaff, “foi o caminho para o Cristianismo preparado de todos os lados, positiva e
negativamente, direta e indiretamente, na teoria e na prática, pela verdade e pelo erro, pela falsa crença
e pela incredulidade - aqueles irmãos hostis, que ainda não pode viver à parte - pela religião judaica,
pela cultura grega e pela conquista romana; pela tentativa em vão de amalgamação do pensamento
judaico e pagão, pela exposta impotência da civilização natural, filosofia, arte e poder político, pela
decadência das antigas religiões, pela distração universal e miséria sem esperança da época, e pelos
anseios de todas as almas sinceras e nobres pela religião da salvação ”.

E assim, vemos a mão providencial de Deus trabalhando juntando todas as peças e preparando o mundo
para a vinda de Cristo, "na plenitude dos tempos".

Schaff diz novamente: “Os judeus foram escolhidos para coisas eternas, para manter o santuário da
verdadeira religião. Os gregos prepararam os elementos da cultura natural, da ciência e da arte, para o
uso da igreja. Os romanos desenvolveram a ideia de direito e organizaram o mundo civilizado em um
império universal, pronto para servir à universalidade espiritual do evangelho. Tanto os gregos como os
romanos eram servos inconscientes de Jesus Cristo, ‘o Deus desconhecido’".

É nesse tempo que começa o período do Novo Testamento.

NOVO TESTAMENTO

NASCIMENTO DE JESUS

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Os eruditos normalmente jogam o nascimento de Cristo entre 4 e 5 aC. Herodes, o Grande, morreu no
ano 04 aC. Analisando o Evangelho de Mateus, há um incidente com os magos. Os magos vieram do
Oriente a Jerusalém. Quanto tempo existiu entre o momento em que viram a estrela e a visita a
Jerusalém? A Bíblia não informa, no entanto nós podemos calcular. Em primeiro lugar Jesus estava numa
casa, em segundo lugar Herodes fica a espera que os magos regressem, dizendo onde Ele se encontra,
mas como eles não voltam, Herodes faz um cálculo de acordo com a conversa que teve com eles,
levando em consideração a data em que a estrela apareceu até o encontro com os mesmos e determina
que todas as crianças de 2 anos para baixo sejam mortas. O massacre das crianças em Belém deve ter
ocorrido cerca de 2 anos após o nascimento de Cristo. nesta linha de raciocínio chegamos ao ano 6. Se
supusermos que ele, Herodes, viveu 01 ano após o massacre, vamos para o ano 07. Jesus pode ter
nascido no ano 7 antes da nossa era, no máximo 6.

DIVISÕES DO NOVO TESTAMENTO

O Novo Testamento começa com João, o Batista, ou João o imergidor. Tem 05 divisões:

EVANGELHOS - Mateus, Marcos, Lucas e João. Total de 4 livros.

• HISTÓRICO - Atos.
• CARTAS PAULINAS - Romanos, I e II Coríntios, Gálatas, Efésios, Filipenses, Colossenses, I e II
Tessalonicenses, I e II Timóteo, Tito, Filemon. Total de 13 livros.
• CARTAS GERAIS - Hebreus, Tiago, I e II Pedro, I, II e III de João e Judas. Total de 08 livros.
• REVELAÇÃO - Apocalipse.

EVANGELHOS

Os Evangelhos falam da vida de Jesus e eles podem ser divididos em duas partes: os Sinóticos e o

Quarto Evangelho.

A palavra Sinótico significa semelhante e diz respeito aos três Evangelhos que são semelhantes: Mateus,
Marcos e Lucas. Estes escritos têm o mesmo corpo e parece que todos seguiram o mesmo esboço, o do
Evangelho de Marcos.

O Evangelho de Marcos está contido quase que 100% dentro do Evangelho de Mateus. Mateus tem
detalhes que os outros dois não têm e Lucas apresenta mais detalhes do que Mateus.

O Quarto Evangelho é o de João, que foge totalmente ao estilo dos três primeiros.

MATEUS foi escrito para os judeus e daí o cuidado de tomar cada acontecimento e interpretá-lo dentro
da profecia do Velho Testamento. Neste livro encontramos com frequência a expressão "para que se
cumprisse o que fora dito pelo profeta," num total de 17 vezes.

MARCOS foi escrito para os romanos. Como os romanos gostavam de heróis, vemos que este livro
caracteriza-se por frases curtas e objetivas e com muita ação. Encontramos também descrição de
sentimentos bem humanos, com por exemplo: "E olhando Jesus para eles e indignando-se".
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LUCAS foi escrito para os gregos e endereçado a uma pessoa chamada Teófilo. O seu estilo é de quem
não viu a Jesus. Lucas não olha muito para Jesus como homem; então ele é reverente e destaca a vida
de oração de Jesus e o ministério das mulheres. Ele mesmo declara que investigou acuradamente os
fatos antes de escrevê-los e possui detalhes que os outros não têm, como é o caso de Maria. Ele não
tinha preconceitos judaicos e Maria não andava proclamando que Jesus foi concebido pelo Espírito
Santo, pois ninguém iria acreditar, já que todos pensavam que Ele era filho do carpinteiro José. Mas
Lucas, como historiador, investigou todos os fatos e escreveu em ordem um relato sobre este fato e
encontramos os cânticos que os outros não têm e, especialmente, os primeiros capítulos oferecem-nos
detalhes que nenhum dos outros relata.

JOÃO escreveu o seu evangelho no fim do primeiro século, quando os outros evangelhos já estavam
circulando. O motivo maior que o levou a escrever foi o surgimento de uma doutrina chamada Gnóstica.
Gnose significa conhecimento e estes gnósticos discutiam em torno da pessoa de Jesus Cristo,
levantando questões como estas: "Jesus Cristo foi homem ou não?" "Aquele corpo que se via era
aparente ou real?" "O mal está no espírito ou está na matéria?". O dualismo era um dos principais
fundamentos do Gnosticismo. Eles defendiam uma separação entre os mundos material e espiritual,
porque para eles a matéria estava sempre identificada com o mal e o espírito com o bem. Por isto, Deus
não poderia ter criado este mundo material.

Para interpretar Cristo, eles adotaram a doutrina conhecida como Docetismo. A palavra veio do grego,
dokeo, que significa parecer. Como a matéria era má, Cristo não podia ter um corpo humano, apesar de
a Bíblia dizer ao contrário. Como bem espiritual absoluto, Cristo não se misturava com a matéria. O
homem Jesus era ou um fantasma com a aparência de corpo material(docetismo) ou Cristo tomou o
corpo humano de Jesus apenas por pouco tempo, entre o batismo do homem Jesus e o começo de seu
sofrimento na cruz. A tarefa de Cristo era ensinar uma gnosis ou conhecimento especial que ajudaria o
homem a se salvar por um processo intelectual.

João escreve para combater esta heresia e inicia o seu livro com a seguinte afirmação: "No princípio era
o Logos e o Logos estava com Deus e o Logos era Deus." E mais adiante ele diz: "e o Logos se fez carne
e habitou entre nós." Os gregos usavam muito esta palavra Logos. Logos era a Divindade. Neste período,
no fim do primeiro século, a igreja estava cheia de gregos, pois tinha crescido e se expandido. Em sua
Epístola ele afirma: "Quem não confessa que Jesus veio em carne, esse não é de Deus".

Este é o primeiro problema que surge em relação à Cristologia, o conhecimento de Cristo. Os discípulos
tinham que provar ao mundo que Jesus era Deus. E a grande prova que eles traziam é o fato que Ele
ressuscitou. E como provar que Ele ressuscitou se não vi os milagres? A prova de que Ele está vivo é
esta: "Levanta-te em nome de Jesus e anda." Paulo diz que os gentios se converteram por força de sinais
e prodígios.

Os cristãos têm muita dificuldade de entender a humanidade de Jesus. Temos uma tendência a
espiritualizar todas as coisas e em nossa mente é difícil entender Jesus como homem. Esta é a razão de
não querermos fazer o que Ele fez, de não crermos que somos capazes de fazer o que Ele fez com a
unção do Espírito Santo que ele nos dá.

João escreveu para solucionar esses problemas. Ele escreve mais de um ponto de vista teológico, é mais
um ensino e os discursos de Jesus. João selecionou 07 sinais no seu Evangelho para provas e diz de modo
claro qual o seu objetivo: "Estas coisas vos escrevi para que creias que Jesus é o Cristo, Filho de Deus e
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para que crendo tenhais vida em Seu nome." Nos seus escritos encontramos discursos feitos por Jesus
e a maior parte é dedicada aos Seus últimos dias.

Do capítulo 13 ao 21 encontramos o relato dos fatos acontecidos nos na véspera da morte de Jesus, Sua
morte, sepultura e ressurreição. O capítulo 13 começa com a Ceia, o lava-pés. Nos capítulos 14, 15 e 16
encontramos ensinos sólidos e é o único que nos fala dos ensinos que Ele deixou naquela noite. A grande
oração sacerdotal encontra-se no capítulo 17.

Assim os Evangelhos abrangem a vida de Cristo, começando com João Batista e terminando com Jesus
dizendo aos seus discípulos que esperem em Jerusalém até que do alto sejam revestidos de poder.

ATOS - HISTÓRICO

O livro de Atos foi escrito por Lucas nele estão os atos do Espírito Santo, isto é, o que Jesus continuou a
fazer e a ensinar, só que agora através de Seus apóstolos possuidos pelo Espírito Santo. Encontramos
nele a descida do Espírito Santo, o nascimento e estabelecimento da Igreja em Jerusalém, indo para a
Judeia, Samaria e chegando até à capital do Império Romano. Há um pouco sobre o ministério de Pedro
e temos o apóstolo Paulo em cena a partir do capítulo 13 até o fim do livro, quando está preso em Roma.

Ao lermos o último capítulo de Atos, temos a sensação de que não terminou e isto é porque estamos
escrevendo ainda este livro, pois é o que Jesus continua fazendo e ensinando através de nós, a Igreja.
Cada um de nós está escrevendo um capítulo no livro de Atos.

CARTAS

Temos um total de 21 cartas. Algumas foram escritas para a Igreja com a finalidade de resolução de
problemas, outras foram cartas pessoais, algumas destinadas a uma Igreja em particular, outras eram
cartas circulares. O apóstolo Paulo ocupa o primeiro lugar no número de cartas, com um total de 13.

As cartas não estão em ordem cronológica. A primeira carta a ser escrita foi a Epístola de Paulo aos
Gálatas, depois as Epístolas aos Tessalonicenses e a última a ser escrita foi a II Epístola de Paulo a
Timóteo. Algumas delas foram escritas na prisão: Efésios, Filipenses, Colossenses e Filemom. Podemos
verificar, ao estudar as Cartas Paulinas em ordem cronológica, que Paulo foi crescendo no entendimento
da pessoa de Jesus Cristo. A descrição de Cristo em Colossenses é tremenda!

ROMANOS - Romanos é considerado o Evangelho de Paulo; é teologia profunda. Esta carta é uma
exposição do Evangelho que Paulo pregava e os assuntos das outras cartas estão mencionados dentro
dela. O tema central é a justificação pela fé.

A grande carta para a Igreja é a de Efésios.

A 1ª Epístola de Paulo aos Coríntios foi escrita a uma Igreja que atravessava muitos problemas, mas que
era uma comunidade pronta a ouvir e a se consertar, visto que no teor de sua Segunda Carta ele revela
que está satisfeito porque soube que o povo se contristou e recebeu sua palavra.

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As duas cartas a Timóteo foram escritas com a finalidade de aconselhar e exortar o jovem evangelista
no seu trabalho ministerial.

Quando escreve a Tito, Paulo tem como propósito trazer-lhe conselhos e exortações acerca dos deveres
e das doutrinas ministeriais.

A carta a Filemom é pessoal e lhe solicita que perdoe a Onésimo, um escravo fugitivo, e lhe devolva a
confiança.

HEBREUS - Esta carta é dirigida a um grupo de cristãos hebreus e mostra a supremacia do Cristianismo
sobre o Judaísmo, sobre a Lei e sobre Moisés. Sua autoria não é conhecida mas o importante é que o
Espírito Santo inspirou-a e traz uma visão clara da Nova Aliança.

TIAGO - Tiago foi o pilar da Igreja em Jerusalém. Ele era judeu, não fala muito de Jesus Cristo. Esta carta
parece entrar em conflito com as Epístolas de Paulo, mas não existe conflito entre eles. Paulo coloca
que a nossa salvação não procede de nós mesmos, é pela fé. Tiago está mostrando que esta fé tem um
fruto. Não somos salvos pelas obras, mas as obras atestam a nossa fé, porque podemos ter obras sem
fé, mas nunca teremos fé sem termos obras.

As cartas de João falam muito de Cristo, da salvação e foram escritas "para que saibais que tendes a vida
eterna; para que creiais no nome daquele que é o Senhor."

A carta de Judas de apenas um capítulo, aborda um assunto muito semelhante à 2 Carta de Pedro. A
principal preocupação desse autor é com as heresias e os falsos mestres. É meio irmão de Jesus. Judas
conta que seu objetivo ao escrever esta carta era fazer um tratado sobre a salvação, mas que mudou de
idéia em razão de algumas pessoas não estarem ensinando uma doutrina correta.

APOCALIPSE É A GRANDE REVELAÇÃO DE JESUS CRISTO.

O critério número 01 utilizado no Novo Testamento para dizer que um livro é sagrado ou canônico é
que este tivesse sido escrito por um apóstolo ou por uma pessoa apostólica, isto é, alguém debaixo de
uma autoridade apostólica. O requisito para ser apóstolo era ter sido testemunha pessoal de Jesus e da
sua ressurreição. Marcos não era apóstolo mas escreveu sob a supervisão de Pedro e Lucas escreveu
sob a supervisão de Paulo.

O outro critério era que os escritos fossem universalmente aceitos pelas Igrejas. as cartas foram
circulando e ganhando aceitação e todos atestavam que era a Palavra de Deus. Pedro mesmo refere-se
aos escritos de Paulo como Escritura.

Este estudo visa lhe despertar a estudar a eterna e imutável Palavra de Deus para que a cada dia esteja
crescendo no conhecimento e entendimento do Senhor.

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ORDEM CRONOLÓGICA DO VELHO TESTAMENTO Cativeiro Assírio
(Reino Norte) Jerusalém
539 a.C
722 a.C. Destruída Período
Samaria destruída 586 a.C. Inter-
Reinado de Jeroboão/Idolatria
40 anos cada:
Bíblico
Povo disperso nas
Ciclo repetitive Saul nações
Cativeiro Retorno
Davi 400 anos
Apostasia Salomão Babilônico
Opressão Judá 539 a.C
Êxodo Arrependimento sozinho Transição
1450 Libertação 70 anos
Reino Dividido Reconstrução dos
a.C. 136 anos doTemplo e Profetas e
Abraão Reino Unido 722 a 586 dos Muros João Batista
209 anos a.C. Judá torna-se
Isaque Juízes 931 a 722 Província da
Criação Jacó 120 anos
Queda Conquistas a.C Judeia
José (Israel)
Dilúvio 300 anos Reinos: Judaísmo,
Novo Deserto Norte=Israel Sinagogas
Começo (Noé 10 anos Salmos 10 tribos Aramaico
e filhos)
Israel Egito Josué Provérbios Sul =Judá
Isaías
40 anos Teocracia 2 tribos
Patriarcas Eclesiastes Jeremias Ageu
Êx 15-Dt Cantares
430 anos Oséias Miqueias Zacarias
Começos Gn 46 a Cântico de Joel Naum Malaquias
Êx 14 Moisés. Amós Obadias
2.000 anos Gn 12-50 Juízes 1 e 2 Sm
Mara Josué Obadias Sofonias Ezequiel
Moisés/sarça Rute 1 Rs 1-11 Jonas Habacuque Daniel
Gn 1-11 10 pragas Êxodo 1 Sm 1-9 1 Crônicas
Morte dos
Levítico 2 Cr 1-11 1 Rs 12-24 2 Rs 18-25
Primogênitos
2 Rs 1-17
Esdras
Êxodo Números 2 Cr 29-36
2 Cr 12-28 Neemias
Mar Verme- Deut. Ester
lho

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