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UNIVERSIDADE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO

MESTRADO EM ENGENHARIA AGRONÓMICA


PROJETO EM ENGENHARIA AGRONÓMICA

Replantação de Vinha na Região dos Vinhos Verdes e Conversão de


Vinha para Modo de Produção Biológica na Região dos Vinhos do Douro

Promotor:
Thyro Wines

Elaboração:
André Granjo, 67010
Mónica Alves, 72474
Oiliam Carlos Stolarski, 72852

Vila Real, 2021


Replantação de Vinha e Conversão de Vinha para Modo de Produção Biológica

Sumário
Apresentação.................................................................................................... 1
1. Introdução ..................................................................................................... 2
2. Objetivos ....................................................................................................... 4
2.1. Objetivos específicos do projeto.................................................................. 4
2.2. Objetivos estratégicos do promotor ............................................................. 5
3. Caracterização do promotor e da propriedade .......................................... 5
3.1. Historial do produtor .................................................................................... 5
3.2. Descrição da situação pré-existente e pretensão ........................................ 6
3.2.1. Instalações pré-existentes ........................................................................ 8
4. Caracterização dos recursos hídricos ....................................................... 8
5. Caracterização dos caminhos ................................................................... 10
6. Descrição das condições edafoclimáticas e relevo ................................ 11
6.1. Solo ........................................................................................................... 11
6.2. Clima ......................................................................................................... 12
6.3. Precipitação............................................................................................... 13
6.4. Geadas ...................................................................................................... 14
6.5. Humidade relativa do ar, temperatura, radiação e insolação .................... 15
6.6. Horas de frio .............................................................................................. 16
6.7. Declive e exposição .................................................................................. 17
7. Descritivo das operações .......................................................................... 18
7.1. Etapas e metas de realização do projeto de investimento .................. 18
8. Descrição do investimento ........................................................................ 20
8.1. Material vegetal e sistema de condução ................................................... 20
8.2 Plantação ................................................................................................... 21
8.3. Rega .......................................................................................................... 21
8.4. Edifícios ..................................................................................................... 22
8.5. Caminhos .................................................................................................. 23
8.6. Máquinas e equipamentos ........................................................................ 23
8.7. Investimento em inovação e capacitação organizacional .......................... 25
9. Custos de exploração ................................................................................ 25
9.1. Correção do solo ....................................................................................... 29
9.2. Tratamentos fitossanitários ....................................................................... 29
9.3. Engarrafamento e rotulagem ..................................................................... 32
Replantação de Vinha e Conversão de Vinha para Modo de Produção Biológica.

10. Análise do potencial mercado e preços ................................................. 32


11. Recursos financeiros: proveitos e subsídios ........................................ 33
11.1. Proveitos da exploração .......................................................................... 33
11.2. Subsídios................................................................................................. 35
11.3. Financiamento ......................................................................................... 35
12. Custos e Proveitos ................................................................................... 36
13. Análise da viabilidade económica .......................................................... 39
14. Considerações finais ............................................................................... 40
15. Referências ............................................................................................... 41
16. Anexos ...................................................................................................... 42
Replantação de Vinha e Conversão de Vinha para Modo de Produção Biológica

Lista de Tabela e Anexos

Tabela 3.2.1. Descrição das parcelas, do uso pré-existente e da pretensão. ................ 6


Tabela 3.2.2. Descrição da parcela em Quinta de Vilarinho, com uso pré-existente e
pretensão...................................................................................................................... 7
Tabela 7.1.1. Cronograma de realização do investimento. ......................................... 19
Tabela 8.1.1. Descrição do material vegetal a utilizar por parcela, compasso de
plantação e custo........................................................................................................ 20
Tabela 8.1.2. Sistema de condução que será adotado para as castas Alicante Bouschet,
Tinto Cão e Arinto, localizadas na região onde será feita a reestruturação da vinha. . 20
Tabela 8.2.1. Especificações do investimento na instalação da nova vinha e custo
(subcontratação). ........................................................................................................ 21
Tabela 8.3.1. Cálculo das necessidades de rega por área. ......................................... 22
Tabela8.3.2. Descrição dos custos associados aos principais componentes que compõe
o sistema de rega para a vinha a instalar.................................................................... 22
Tabela 8.4.1. Especificações do investimento com o abrigo. ...................................... 22
Tabela 8.5.1. Descrição dos custos para reforma da via de acesso à Vilarinha através
da Enxertada. ............................................................................................................. 23
Tabela 8.6.1. Especificação de maquinários e implementos como investimento inicial.
................................................................................................................................... 24
Tabela 8.6.2. Preço de mercado das máquinas e alfaias, com indicação do valor resídual
(10% do investimento inicial), depreciação anual (valor de mercado menos o valor
resídual, dividido pelo período do projeto, igual a 13 anos), custo variável (somo dos
custos anuais com reparo, manutenção, lubrificante, desgaste dos pneus). As fórmulas
e os cálculos utilizados para obter os custos variáveis encontram-se no documento excel
“Máquinas, equipamentos e calendário cultural”. ........................................................ 25
Tabela 8.7.1. Definição dos investimentos em inovação e capacitação organizacional.
................................................................................................................................... 25
Tabela 9.1. Calendário cultural para realização de todas as operações necessárias à
cultura da videira, com o número de horas ao longo dos meses do ano para cada tipo
de atividade. ............................................................................................................... 27
Tabela 9.2. Descrição dos equipamentos, materiais e/ou produtos necessários para
cada operação cultural................................................................................................ 28
Tabela 9.1.1. Especificação dos fatores de produção necessários para a correção do
solo, com indicação do preço ao longo dos anos. ....................................................... 29
Tabela 9.2.1 Calendário fitossanitário na vinha em modo de produção biológico. ...... 30
Tabela 9.3. Custos previstos com o engarrafamento e rotulagem de garrafas de vinho
verde, branco, rosé, tinto e colheita tardia. ................................................................. 32
Tabela 11.1.1. Proveitos da exploração, considerando a comercialização de vinhos
verde, banco, rosé, tinto e colheita tardia. Os valores relativos á produção foram obtidos
a partir de um rendimento médio na região e que espera obter nas parcelas em questão.
................................................................................................................................... 34
Replantação de Vinha e Conversão de Vinha para Modo de Produção Biológica.

Tabela 11.1.2. Proveitos da exploração, considerando a comercialização de uvas para


empresas locais vinificadoras. Os valores relativos á produção foram obtidos a partir de
um rendimento médio na região e que espera obter nas parcelas em questão........... 34
Tabela 12.1. Resumo dos investimentos previstos para o projeto, sendo que a soma do
capital deverá receber um incentivo de 50% do valor total, pois trata-se de um
investimento elegível PDR 2020. ................................................................................ 36
Tabela 12.2. Custos e proveitos do projeto de replantação de vinha e conversão de vinha
para o modo de produção biológico, onde são apresentadas a relação das despesas
totais do projeto, considerando os encargos financeiros e as despesas da exploração,
bem como há a indicação dos proveitos e subsídios que perfazem a receita do projeto.
Consta também o fluxo de caixa, a partir da análise conjunta das entradas e saídas. 38
Tabela 14.1. Taxa Interna de Retorno (TIR) e Valor Atual Líquido (VAL). ................... 40
Anexo 1. Orçamento para aquisição de Trator e Alfaias. ............................................ 42
Anexo 2. Características técnicas do trator agrícola. .................................................. 43
Anexo 3. Características técnicas da capinadeira. ...................................................... 43
Anexo 4. Características técnicas do triturador. .......................................................... 44
Anexo 5. Características técnicas do reboque agrícola. .............................................. 44
Anexo 6. Características técnicas do intercepas. ........................................................ 45
Anexo 7. Características técnicas do pulverizador. ..................................................... 46
Anexo 8. Orçamento para a rega e sistema de automatização. .................................. 47
Anexo 9. Orçamento para a realização da surriba. ..................................................... 48
Anexo 10. Orçamento para fazer o embardamento..................................................... 49
Anexo 11. Orçamento para a plantação. ..................................................................... 50
Anexo 12. Orçamento para aquisição de materiais para plantação. ............................ 51
Anexo 13. Análises de solo para correção inicial. ....................................................... 52
Replantação de Vinha e Conversão de Vinha para Modo de Produção Biológica

Lista de Figuras

Figura 1.1. Evolução da produção de uvas no mundo. ................................................ 3


Figura 1.2. Distribuição da produção de uvas no mundo por continentes. ................... 3
Figura 1.3. Produção de uvas: Top 10 dos maiores países produtores mundiais. ........ 4
Figura 3.2.1. Classificação do Uso e Ocupação do Solo da propriedade a partir dos
dados disponibilizados pela Direção-Geral do Território (COS 2018). ......................... 6
Figura 1.2. Localização das parcelas de produção de vinhas, com indicação do limite da
propriedade, tipo de casta e Região Demarcada. Na denominação das castas, a
nomenclatura “mix de castas” refere-se ao conjunto de castas cultivadas (Semillon,
Touriga Nacional, Tinta Roriz, Malvasia Fina, Cerceal e Gouveio Real). ..................... 8
Figura 4.2. Localização da propriedade em relação à Região Demarcada do Douro e
caracterização dos recursos hídricos. ........................................................................ 10
Figura 5.1. Localização dos caminhos pré-existentes na propriedade e seu entorno, com
indicação do caminho que precisa de intervenção/melhorias e da extensão total. ..... 11
Figura 6.1.1. Carta de solo da região do entorno das propriedades, segundo a
classificação da FAO e classificação do solo da Bacia do Douro quanto à acidez,
adaptado do Atlas do Ambiente. ................................................................................ 12
Figura 6.3.1. Precipitação média anual (mm) e distribuição em relação ao número de
dias do ano. ............................................................................................................... 14
Figura 6.4.1. Número de dias do ano em que há o registo de geadas e quantidade de
meses do ano agrícola com geada. ........................................................................... 15
Figura 6.5.1. Caracterização da humidade relativa do ar às 9 T.M.G. (%), referente à
Carta I.6 do Atlas do Ambiente; Temperatura diária do ar, valores médios anuais (graus
centígrados), referente à Carta I.2 do Atlas do Ambiente; Radiação solar global
(kcal/cm²), referente à Carta I.3 do Atlas do Ambiente; Insolação média anual (horas),
referente à Carta I.1 do Atlas do Ambiente. Sistema de projeção: Lisboa Hayford Gauss
(IgeoE). ...................................................................................................................... 16
Figura 6.6.1. Estimativa do número de horas de frio da propriedade a partir de dados
disponibilizados pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA). .................. 17
Figura 6.7.1. Declive do terreno e exposição do solo obtido a partir do Modelo Digital do
Terreno (MDT) com precisão de 25 m, desenvolvido por Gonçalves e Morgado (2008).
17
Figura 9.1. Estimativa do número de horas envolvida em cada operação na produção
de vinha. .................................................................................................................... 28
Figura 14.1. Ponto em que as despesas totais e a receita total são iguais, ou seja,
"uniforme". ................................................................................................................. 39
Figura 14.2. Ponto de equilíbrio, onde os custos são pagos e não há lucro ou prejuízo.
40
Replantação de Vinha e Conversão de Vinha para Modo de Produção Biológica.

Apresentação
Este documento foi elaborado no âmbito da unidade curricular de Projeto
em Engenharia Agronómica com o objetivo de familiarizar os alunos à
metodologia do projeto no domínio da engenharia agronómica, numa perspectiva
integradora de conhecimentos já adquiridos no mestrado. Trata-se de um projeto
de replantação de vinhas na Região dos Vinhos Verdes e de conversão para o
modo de produção biológica na Região dos Vinhos do Douro.
O proponente do projeto é a empresa Thyro Wines, cujos terrenos
agrícolas estão localizados entre as freguesias de Barrô e São Martinho de
Mouros, na margem Sul do rio Douro, mais precisamente na Quinta de Vilarinho
e na Quinta da Enxertada, cuja viticultura passará a ser feita em modo de
produção biológica, com total respeito pelo terroir, pelas gentes, costumes e
paisagens envolventes.
Na primeira parte do projeto consta o histórico das áreas, com a descrição
detalhada do promotor. Adicionalmente, apresenta-se a descrição das pré-
existências e os usos pretendidos, detalhando-se a localização espacial e a área
de cada parcela. Para melhor compreensão dos fatores que podem influenciar
na cultura e na produção, também é feita a caracterização das condições
edafoclimáticas.
Na sequência, trazemos os aspetos relacionados às operações culturais
e aos investimentos necessários para garantir a produção desejada, as
condições técnicas adequadas e um retorno financeiro satisfatório, assegurando
um projeto financeira e tecnicamente viável.
A viabilidade do projeto é apresentada no final do documento, através do
detalhe de investimentos e custos de produção, considerando as depreciações
e encargos, chegando-se então na definição da viabilidade do projeto. Para
tanto, são considerados aspetos económicos, como a taxa interna de retorno
(TIR) e o valor presente líquido (VAL).

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Replantação de Vinha e Conversão de Vinha para Modo de Produção Biológica.

1. Introdução
Portugal apresenta uma diversidade de condições climáticas e
pedológicas que permitem o cultivo de várias culturas por todo o país. Ora a
vinha não é exceção, e como já é uma cultura com muita tradição em Portugal e
já está enraizada na nossa cultura decidimos então fazer o nosso projeto sobre
ela.
Prova desta tradição, é por exemplo a existência da Região Demarcada
do Douro (RDD), que se estende ao longo do Rio Douro e seus afluentes numa
área equivalente a 250 000 hectares entre Barqueiros e Barca d’Alva. Esta região
tem origem na delimitação territorial de 1756, data da primeira demarcação das
‘Vinhas do Alto Douro’, que definiu mundialmente o primeiro modelo institucional
de organização de uma região vinícola. Originalmente estabelecida para regular
a produção do vinho fortificado a que chamamos de ‘vinho do Porto’, hoje a RDD
circunscreve a Denominação de Origem Controlada dos vinhos do Porto e Douro
(MUSEU DO DOURO, 2021).
A produção de vinho neste território é uma lição sobre a capacidade e
determinação do homem na otimização dos recursos naturais. As vinhas foram
construídas num território marcado por declives acentuados e pela quase
inexistência de terra e água. Os vinhedos que cobrem os grandes declives
levantam-se do rio Douro e configuram um imenso escadório de socalcos e
patamares que tornam a paisagem bela e única no Mundo e em Portugal. Em
2001 foi inscrita na lista do Património Mundial da Humanidade da Organização
das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO, 2001),
conforme consta no Aviso n.º 4498/2021 (PORTUGAL, 2021). Esta área
corresponde a uma “língua” de cerca de 24 600 hectares que se estendem ao
longo das margens do rio.
Também a questão do próprio Terroir caraterístico da região onde se
produz o vinho é muito importante, em que por definição é um saber coletivo de
interações entre um meio físico e biológico identificável e as práticas vitícolas
aplicadas, que conferem caraterísticas distintivas aos vinhos dessa mesma
região. Ou seja, por palavras mais simples e de melhor entendimento, o Terroir
engloba a casta usada, porta enxerto, tipo de solo e sua textura, práticas
agrícolas usadas na vinha e também de certa forma a paisagem natural
envolvente (DEMOSSIER, 2011; VAUDOUR, 2002). Em suma, é como se
criássemos um “Cartão de Cidadão” da região em que produzimos o nosso
vinho.
O setor vitícola em Portugal é um setor muito atrativo para quem quiser
investir e criar riqueza nacional e prova disto são os 176 805 ha destinados à
produção de vinho e os 5,9 milhões de hectolitros de vinho produzidos, em 2018
segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE, 2019). A produção de uva de
mesa é outra opção possível no nosso país, mas tendo uma expressão muito
menor que a uva para vinho, com cerca de 2 000 ha destinados e uma produção
de 17,5 toneladas, segundo a mesma fonte.

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Replantação de Vinha e Conversão de Vinha para Modo de Produção Biológica.

Realça-se ainda que a região Norte é a que destina maior área e tem
maior produção, seguida da região Centro e Alentejo. Nesta última apesar de ter
menor área consegue ter maior produtividade se comparada com as regiões
referidas. Na região Norte é de realçar duas regiões demarcadas de grande peso
internacional – Região dos Vinhos do Douro e Região dos Vinhos Verdes.
Por fim, o setor vitícola é um mercado exigente e competitivo, em forte
crescimento e composto por vários tipos de produções de vinho como por
exemplos brancos, tintos, rosés, espumantes, generosos, licorosos e
espirituosos (aguardentes) em que cada produtor produz o tipo que mais lhe
interessa e convém.
A nível mundial segundo a Organização das Nações Unidadas para
Alimentação e Agricultura (FAO, 2021), entre 2010 a 2019 a produção de uvas
foi variando em área e nas toneladas produzidas, como consta na Figura 1.1.

Figura 1.1. Evolução da produção de uvas no mundo.

Por continentes mundiais a produção de uvas segundo a mesma fonte no


mesmo período de anos está como mostra a Figura 1.2, onde observa-se que a
Europa se destaca como a maior produção (36,8%), seguida pela Ásia, com
34,1%.

Figura 1.2. Distribuição da produção de uvas no mundo por continentes.

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Replantação de Vinha e Conversão de Vinha para Modo de Produção Biológica.

Por último, os dez principais países produtores de uvas do mundo estão


representados na Figura 1.3, sendo a China a maior produtora, seguida por Itália
e Estados Unidos da América.

Figura 1.3. Produção de uvas: Top 10 dos maiores países produtores mundiais.

Embora Portugal não esteja entre os 10 maiores produtores de uva a nível


global, é um país com tradição na produção de vinhos, que se diferenciam pela
qualidade, sendo apreciados por diferentes países com tradição de consumo.
Tendo em vista que a área de cultivo de uva está a aumentar e também,
considerando que a região onde se pretende instalar o projeto possui uma
vocação para produção de vinhos, pretende-se, portanto, explorar as
características locais, como as condições edafoclimáticas, bem como a
tipicidade para produção de vinhos tintos, rosé, branco e vinhas velhas.

2. Objetivos
O objetivo deste documento é apresentar o projeto técnico e económico
para a replantação de vinhas na Região dos Vinhos Verdes e de conversão para
o modo de produção biológica na Região dos Vinhos do Douro.

2.1. Objetivos específicos do projeto


a) Caracterizar o proponente e o histórico da área, bem como a pretensão
para cada parcela;
b) Descrever os aspetos relacionados ao clima, solo e ao relevo da região;
c) Estabelecer as receitas esperadas com o projeto conforme os produtos
que serão comercializados;
d) Caracterizar os investimentos necessários, dimensionar as máquinas e
equipamentos, indicar o calendário cultural e todos os custos fixos e variáveis
que estão associados à produção;
e) Avaliar a atratividade do projeto e a viabilidade económica, através de
indicadores financeiros.

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2.2. Objetivos estratégicos do promotor


Os objetivos estratégicos do promotor estão alinhados com um forte
contributo para a competitividade da empresa a nível local, nacional e
internacional:
a) Aumentar o volume de produção e criar diferentes fontes de receita;
b) Aumento da produtividade com redução de custos de manutenção,
vindima e movimentação interno, adquirindo equipamentos que
possibilitem independência produtiva;
c) Preservação dos solos e da biodiversidade, pela natureza intrínseca do
modo de produção biológica e pela filosofia do produtor, pretendendo-
se alcançar continuamente uma regulação dos serviços do
ecossistema, protegendo todos os componentes que dele fazem parte,
como é o caso do solo, dos recursos hídricos, dos seres vivos que
fazem parte do habitat (polinizadores, insetos, aves e alguns
mamíferos), flora autóctone / vegetação natural;
d) Introdução da inovação de processos e inovação organizacional.
Melhorar as condições de atividades de gestão e profissionalização da
empresa, nomeadamente com apoio de consultoria externa,
desenvolvimento de uma marca própria imagem e recurso a software
de gestão;
e) Melhorar as condições para uma gestão agrícola mais eficiente,
nomeadamente com recursos a automatização da rega;
f) Preservação do meio ambiente, cumprimento de normas ambientais,
gestão dos recursos hídricos, nomeadamente pela utilização de
equipamento de rega eficiente (gota-a-gota) e contador, no que diz
respeito consumos de água, evitando desperdícios;
g) Contribuir para a ocupação do território, no seu uso ativo e rentável,
contribuindo à sua dimensão, para o combate ao esvaziamento
demográfico e desperdício de recursos, criando empregos local;
h) Para o país o projeto contribui para o esforço nacional de aumentar o
nível da sua balança de pagamentos, pela via das vendas nacionais,
mas acima de tudo aposta nas exportações.

3. Caracterização do promotor e da propriedade


3.1. Historial do produtor
O produtor é um jovem descendente de uma família duriense, sendo que
o seu avô era um homem dedicado aos negócios agrícolas.
Durante alguns anos as terras estiveram entregues a um empreiteiro
agrícola, sendo a sua exploração deficitária em termos financeiros.
O jovem pretende assim entrar no ramo da viticultura e tornar a exploração
destas terras num negócio sustentável, dando continuidade à atividade agrícola
desenvolvida até então, melhorando as condições de produção da vinha
existente na região dos Vinhos do Douro e reconvertendo a vinha antiga da
região dos Vinhos Verdes.

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Replantação de Vinha e Conversão de Vinha para Modo de Produção Biológica.

Com isto o promotor pretende entrar no mercado com vinhos de marca


própria (Thyro Wines) e vender o excedente de uva a grandes empresas
vinificadoras locais, refletindo-se na rentabilidade da exploração a médio-longo
prazo.
3.2. Descrição da situação pré-existente e pretensão
A propriedade está localizada na região norte do distrito de Viseu, no
concelho de Resende, sendo que a porção localizada a nordeste situa-se na
Freguesia de Barrô (Região dos Vinhos do Douro) e as partes central e
sudoeste, estão na Freguesia de São Martinho de Mouros (Região dos Vinhos
Verdes). Com base na classificação do uso e ocupação do solo de 2018 (DGT,
2019), grande parte da propriedade tem finalidade agrícola, que soma 14,76
hectares da cobertura, seguido pela cobertura florestal, que corresponde a 1,96
hectares. De acordo com a classificação para o período, a vinha apresenta-se
como a principal cultura, com 9,98 hectares, seguido pelos pomares (4,34
hectares) e pelas florestas de pinheiro-bravo (1,43 hectares), conforme consta
na Figura 3.2.1.

Figura 3.2.1. Classificação do Uso e Ocupação do Solo da propriedade a partir dos dados
disponibilizados pela Direção-Geral do Território (COS 2018).

Parte dos terrenos existentes estão localizados na região dos vinhos


verdes e são constituídos por várias parcelas maioritariamente constituídos por
vinhas com mais de 25 anos, pouco produtivas e com sistemas de condução que
não permitem uma boa eficiência produtiva, conforme se identifica abaixo, na
Tabela 3.2.1.
Tabela 3.2.1. Descrição das parcelas, do uso pré-existente e da pretensão.
Área
Parcela Local Pré-Existência Pretensão
(ha)
Vinha com 25 Entrelinha 3 m Entrelinha
Reestruturação
1 Enxertada 0.54 anos, forma Arinto, Pedernã, 2,40 m
de Vinha Regada
alta aramada Avesso Arinto

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Replantação de Vinha e Conversão de Vinha para Modo de Produção Biológica.

Área
Parcela Local Pré-Existência Pretensão
(ha)
Estreme
Contínua, Cordão
MPB
Entrelinha
Entrelinha de 2 m Vinha Regada
Vinha com 90 2,40 m
Santa Vinha velha, Estreme
2 0.52 anos, forma Tinto Cão
Cristina variedades não Contínua, Cordão
alta aramada e Alicante
identificadas MPB
Bouschet
Vinha com 25 Entrelinha 2 m Vinha Regada
Entrelinha
anos, forma Arinto, Pedernã, Estreme
3 Enxertada 0.78 2,40 m
alta aramada Avesso Contínua, Cordão
Arinto
MPB
Vinha não
Entrelinha 2 m
Regada
Vinha com 80 Vinha velha, Entrelinha
(sequeiro)
4 Covelo 0.72 anos, forma variedades não 2,40 m
Estreme
alta aramada identificadas Arinto
Contínua, Cordão
MPB

O produtor pretende ainda agregar ao projeto de investimento a


exploração, através de contrato de comodato, de uma vinha localizada na região
dos vinhos do Douro, constituída por várias parcelas de vinha em bom estado de
produção, conforme se identifica abaixo, na Tabela 3.2.2.
Tabela 3.2.2. Descrição da parcela em Quinta de Vilarinho, com uso pré-existente e pretensão.
Área
Parcela Local Pré-Existência Pretensão
(ha)
Vinha com 25 Entrelinha 2,4 m Conversão
Quinta de anos, forma Semillon, Touriga Nacional para MPB;
5 4,38
vilarinho média aramada Tinta Roriz, Malvasia Fina, Manter em
Cordão Cerceal, Gouveio Real sequeiro

Portanto, o projeto de produção de vinhas considera um total de 6,94 ha,


que estão distribuídos em 5 grandes parcelas, sendo uma na Quinta de Vilarinho
(4,38 ha), uma na Quinta Covelo (0,72 ha) e três na Quinta Enxertada e Santa
Cristina (1,84 ha). Na figura a seguir é apresentada a localização espacial das
parcelas em relação ao limite do imóvel, com indicação das castas que serão
utilizadas (Figura 3.2.2).

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Figura 3.2.2. Localização das parcelas de produção de vinhas, com indicação do limite da
propriedade, tipo de casta e Região Demarcada. Na denominação das castas, a nomenclatura
“mix de castas” refere-se ao conjunto de castas cultivadas (Semillon, Touriga Nacional, Tinta
Roriz, Malvasia Fina, Cerceal e Gouveio Real).

A reestruturação da vinha será feita com o objetivo de reduzir a mão-de-


obra nas operações culturais e aumentar as produtividades.

3.2.1. Instalações pré-existentes


A propriedade que se destina o projeto não possui qualquer tipo de
instalação como armazéns e galpões. Possui apenas a sede e canais de
captação e distribuição de água, como será apresentado a seguir, na
caracterização do meio físico.

4. Caracterização dos recursos hídricos


A propriedade faz parte da bacia hidrográfica do rio Douro, sendo a
principal bacia da região Norte de Portugal. A noroeste das parcelas encontra-
se a albufeira Carrapatelo, que dista pouca mais de 500 metros em relação à
parcela mais próxima. A albufeira possui 81,11 km de perímetro e 1.501,49
hectares (Figura 4.1).

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Figura 4.1. Localização espacial das propriedades em relação à bacia, albufeiras e principais
redes hidrográficas. Representação a partir do conjunto de dados geográficos do Departamento
de Tecnologias e Sistemas de Informação.

A propriedade é rica em fontes de água. Adjacente à parcela central, há


um afluente do Rio Douro que garante a disponibilidade de água durante todos
os períodos do ano. No interior da Quinta da Enxertada há três nascentes
perenes, caracterizadas por apresentar um fluxo contínuo de água, inclusive na
estação seca, embora com menor vazão. Não obstante, há uma nascente
intermitente, que apresenta fluxo de água durante a estação das chuvas, mas
que tende a secar durante a estação seca do ano. A propriedade é abastecida
por água oriunda de uma poça que recebe água das nascentes. Essa água é
canalizada e direcionada até um reservatório, a partir do qual se pretende
assegurar a rega da nova vinha a instalar (Figura 4.2).

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Figura 4.2. Localização da propriedade em relação à Região Demarcada do Douro e


caracterização dos recursos hídricos.

Nota-se que a existência de reservatórios de água (poça) e de diversas


nascentes naturais na exploração, permitirá efetuar rega em determinadas zonas
da nova vinha (que se apresenta de seguida), nas alturas de maior necessidade
e nas alturas de maior escassez de água. A instalação de rega nessas novas
áreas, conforme será detalhada no projeto, permitirá que a nova vinha entre mais
rápido em produção, garantindo uma menor taxa de mortes e maior quantidade
e qualidade com regularidade interanual.

5. Caracterização dos caminhos


A propriedade possui caminhos consolidados, que se encontram em bom
estado de conservação, que juntos somam 2.952 m de extensão, distribuídos
entre as parcelas de Enxertada, Vilarinho e Covelo. Adjacente há uma estrada
publica, com revestimento (Figura 5.1). Entretanto, o acesso da parcela da
Enxertada até Vilarinho encontra-se em mau estado de conservação e que,
portanto, precisará ser reformado, sendo que os custos associados a essa
operação, serão apresentados ao longo do projeto.

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Figura 5.1. Localização dos caminhos pré-existentes na propriedade e seu entorno, com
indicação do caminho que precisa de intervenção/melhorias e da extensão total.

6. Descrição das condições edafoclimáticas e relevo


6.1. Solo
O solo da região é classificado como Cambissolos, tipo mais frequente
em Portugal, dominando nas áreas húmidas e de relevo mais acentuado do norte
onde a rocha mãe é granítica e no maciço calcário estremenho. Caracterizam-
se de maneira geral por serem jovens, sem quantidades apreciáveis de argila,
matéria orgânica e compostos de alumínio e ferro. O subtipo de solo é húmico,
ou seja, apresenta um horizonte A húmbrico a mólico assente sobre um horizonte
B câmbico com uma saturação por base inferior a 50%. Além disso não
apresentam propriedades vérticas (slickensides) e possuem material calcário
(LOURENÇO, 2012). De acordo com a concentração de areia, limo e argila, os
solos da propriedade são categorizados como Franco-Arenosos e Franco-Argilo-
Limosos, com grande presença de granitos, sendo pobres em matéria orgânica,
boro e ricos em fósforo, potássio, cálcio e magnésio. Segundo a Carta de Acidez
e Alcalinidade de solos de Portugal, a região possui um solo predominantemente
ácido, com valores de pH entre 4,6 a 5,5 (Figura 6.1.1).

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Figura 6.1.1. Carta de solo da região do entorno das propriedades, segundo a classificação da
FAO e classificação do solo da Bacia do Douro quanto à acidez, adaptado do Atlas do Ambiente.

6.2. Clima
As propriedades estão inseridas em região de domínio de climas
temperados tipo C, onde a temperatura média do mês mais frio está
compreendida entre 0 e 18 °C. De acordo com Koppen, o subtipo climático da
região é Cs, onde se se observa um período marcadamente seco no verão.
Ainda se observa uma terceira variante, representado pela letra “b”, indicando
que o verão é temperado, temperatura média do mês mais quente menor ou
igual a 22 °C e com quatro meses ou mais com temperatura média superior a 10
°C. O tipo climático Csb, abrange quase todo o litoral oeste de Portugal
Continental e numerosas áreas montanhosas (Figura 6.2.1).

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Figura 6.2.1. Classificação climática de Köppen-Geiger com base na classificação estabelecida


para a Península Ibérica e Ilhas Baleares pela Agência Estatal de Meteorologia e Departamento
de Meteorologia (1971-2000).

6.3. Precipitação
Segundo o Atlas do Ambiente, informações obtidas a partir da Agência
Portuguesa do Ambiente e do Sistema Nacional de Informação do Ambiente
(SNIAmb), a propriedade está inserida em região onde os valores médios de
precipitação situam-se entre 800 a 1000 mm por ano, sendo bem distribuídas ao
longo do ano, em número de dias igual ou superior a 100 (Figura 6.3.1).

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Figura 6.3.1. Precipitação média anual (mm) e distribuição em relação ao número de dias do
ano.

6.4. Geadas
A propriedade está localizada em região onde há ocorrência de geadas,
entre 30 a 40 dias do ano. Com base no ano agrícola (outubro a setembro), a
duração da geada considerando os valores médios é equivalente a 3 a 4 meses
(Figura 6.4.1).

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Figura 6.4.1. Número de dias do ano em que há o registo de geadas e quantidade de meses do
ano agrícola com geada.

6.5. Humidade relativa do ar, temperatura, radiação e insolação


A humidade relativa do ar é considerada elevada, variando entre 75 a
80%. Quanto à temperatura média anual, os valores situam-se entre 15 a 16°C,
podendo apresentar valores médios inferiores, entre 12,5 a 15°C, pois se
encontra em uma zona de transição. Os valores de radiação solar variam de 145
a 150 Kcal/cm² e a insolação situa-se entre 2.400 a 2.500 horas (Figura 6.5.1).

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Figura 6.5.1. Caracterização da humidade relativa do ar às 9 T.M.G. (%), referente à Carta I.6
do Atlas do Ambiente; Temperatura diária do ar, valores médios anuais (graus centígrados),
referente à Carta I.2 do Atlas do Ambiente; Radiação solar global (kcal/cm²), referente à Carta
I.3 do Atlas do Ambiente; Insolação média anual (horas), referente à Carta I.1 do Atlas do
Ambiente. Sistema de projeção: Lisboa Hayford Gauss (IgeoE).

6.6. Horas de frio


Para obter as horas de frio, utilizou-se dos dados disponibilizados pelas
estações meteorológicas vinculadas ao Instituto Português do Mar e da
Atmosfera (IPMA). Foram obtidas informações de quatro estações
meteorológicas mais próximas, sendo a estação de Luzin a mais distante,
localizada a uma distância de aproximadamente 30 Km. Para determinar o
número de horas com temperaturas inferiores a 7,2°C na propriedade, realizou-
se uma interpolação dos dados com o uso do software ArcMap 10.7.1, através
do método de regressão krigagem (modelo circular), indicando que o total de
horas de frio estimada varia entre 1.520 a 1.793 (Figura 6.6.1).

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Figura 6.6.1. Estimativa do número de horas de frio da propriedade a partir de dados


disponibilizados pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).

6.7. Declive e exposição


Em relação à variação altitudinal, a propriedade se encontra entre as cotas
170 a 285 m em relação ao nível médio do mar, com declividade do solo
predominante entre 0 a 36%, com pequenas porções superiores a 45%.
Portanto, em grande parte da propriedade pode ser feito o uso de maquinários
agrícolas. Quanto à exposição do solo, nota-se que as parcelas estão
posicionadas no terreno com exposição predominantemente Noroeste e Oeste
(Figura 6.7.1).

Figura 6.7.1. Declive do terreno e exposição do solo obtido a partir do Modelo Digital do Terreno
(MDT) com precisão de 25 m, desenvolvido por Gonçalves e Morgado (2008).

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7. Descritivo das operações


7.1. Etapas e metas de realização do projeto de investimento
O presente projeto está estruturado em diferentes fases, conforme
apresentado a seguir.
1ª Fase: Serão realizadas atividades e operações necessárias para se ter
uma vinha, como por exemplo, a compra do material vegetal, a plantação com
demais operações associadas a ela, incluindo os materiais, mão-de-obra e
serviço de trator e alfaias, como também, a montagem do sistema de rega,
construção do reservatório para armazenamento de água e ainda, a correção
inicial do solo.
2ª Fase: Serão feitas as atividades e operações com menor grau de
prioridade, como por exemplo, a compra de máquinas e equipamentos para a
manutenção; aquisição de material de inovação/organização, tais como o
software de primavera; a construção de edifícios e melhorias e manutenção de
caminhos. Entende-se que estas atividades não são tão urgentes no primeiro
ano do projeto.
Depois de cumpridas estas duas fases de investimento mais intensivo a
nível monetário do projeto, inicia-se a manutenção e gestão cuidada das
atividades que se fazem nas vinhas, como exemplo, os tratamentos
fitossanitários, as podas, os cortes de enrelvamentos, entre outras.
Na Tabela 7.1.1 consta o cronograma relativo às fases deste projeto de
investimento, com as atividades descritas acima, para se perceber melhor em
que período serão realizadas.

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Tabela 7.1.1. Cronograma de realização do investimento.


2022 2023
Atividade
J F M A M J J A S O N D J F M A M J J A S O N D
Construção de caminhos

Construção de edifícios

Compra de máquinas/equipamentos

Investimenento em inovação/organização

Instalação do sistema de rega

Construção do reservatório de água


Plantação (Mão-de-obra + Serviço de trator +
Material de construção da vinha)
Plantação (Compra do material vegetal)

Correção do solo

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8. Descrição do investimento

8.1. Material vegetal e sistema de condução da nova vinha


Em uma das parcelas na Santa Cristina, pretende-se utilizar como
material vegetal o enxerto pronto de Alicante Bouschet que tem como porta-
enxerto o material 1103P. O espaçamento será de 2,4 x 1 m e o número de
videiras será equivalente a 1.083 para uma área de 0,26 hectares. Em outra
parcela pretende-se utilizar o enxerto pronto Tinto Cão que tem como porta-
enxerto o mesmo material que será utilizado para Alicante Bouschet, seguindo a
mesma orientação de compasso, totalizando 1.083 videiras. Nas parcelas da
Enxertada, tem-se o Arinto como a casta que será conduzida sob espaçamento
de 2,4 x 1,2 m, perfazendo um total de 4.583 videiras para uma área de 1,32
hectares. Na parcela localizada na Covelo, assim como na Enxertada, o Arinto
será a única casta presente, sob um compasso de 2,4 x 1,2 m, contabilizando o
total de 2.500 videiras em uma área de 0,72 hectares. Com exceção de Covelo,
cuja produção será sob a forma de sequeiro, para as demais parcelas, será
adotado o sistema de regadio (Tabela 8.1.1).
Tabela 8.1.1. Descrição do material vegetal a utilizar por parcela, compasso de plantação e custo.
Área Espaçamento Nº
Local Material Vegetal Rega Custo
(ha) (m) plantas
Enxerto Pronto Alicante
Santa
Bouschet com porta enxerto 0,26 2,4 x 1 Sim 1083 1083€
Cristina
1103P
Enxertada Arinto 1,32 2,4 x 1,2 Sim 4583 4583€
Santa Enxerto Pronto Tinto Cão
0,26 2,4 x 1 Sim 1083 1083€
Cristina com porta enxerto 1103P
Covelo Arinto 0,72 2,4 x 1,2 Não 2500 2500€
Total - 2,56 - - 9250 9250€

No que diz respeito ao sistema de condução, as castas Alicante Bouschet


e Tinto Cão serão conduzidas em cordão unilateral, deixando um talão recuado,
na zona imediatamente antes de formar o braço (cerca de 10 cm abaixo do
arame). Desta forma quando os talões no braço começarem a secar, morrer ou
a ficar altos, permite uma poda de rejuvenescimento, formando um novo braço
com recurso aos lançamentos do talão recuado. No braço serão deixados 3
talões, mais um recuado, com 2 olhos em cada. Em relação à casta Arinto, o
sistema de condução deverá ser em cordão bilateral, sendo 3 talão para cada
braço, com 2 olhos por talão e um espaçamento de 1,2 m, respeitando uma altura
de 0,7 m (Tabela 8.1.2).
Tabela 8.1.2. Sistema de condução que será adotado para as castas Alicante Bouschet, Tinto
Cão e Arinto, localizadas na região onde será feita a reestruturação da vinha.
Número Número Espaçameno
Forma de Número Altura
Casta de talão de olhos entre videiras
condução de talão (m)
recuado por talão (m)
Alicante Cordão
3 1 2 1 0,7
Bouschet unilateral
Cordão
Tinto Cão 3 1 2 1 0,7
unilateral

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Número Número Espaçameno


Forma de Número Altura
Casta de talão de olhos entre videiras
condução de talão (m)
recuado por talão (m)
Cordão
Arinto 6 - 2 1,2 0,7
bilateral

8.2 Plantação
As operações de reconversão da vinha serão realizadas em uma área
equivalente a 2,56 hectares que se distribuem entre as parcelas Santa Cristina,
Enxertada e Covelo. Deverá ser feita a surriba com arranque da vinha antiga,
posteriormente será realizado o embardamento, que consiste na instalação dos
postes, arames, gripples, arriostas, cana tutora e protetores de vides. A seguir é
apresentado o orçamento para a realização dessas operações, que inclui a a
mão-de-obra e a maquinaria (Tabela 8.2.1).
Tabela 8.2.1. Especificações do investimento na instalação da nova vinha e custo
(subcontratação).
Descrição das atividades de plantação Unidade Valor final (€)
Desmatação surriba (cava funda ao longo do terreno
2,56 ha 14 080,00 €
abertura de patamares onde necessário)
Embardamento 2,56 ha 2 040,00 €
Postes Tratados 1.850 unit. 8 047,50 €
Arame tri galvanizado 2.312,5 kg 2 890,63 €
Griples 2.400 unit. 2 520,00 €
Arriostas de borboleta 12 mm 400 unit. 500,00 €
Cana tutora 9.250 unit. 1 387,50 €
Protetor de vides 9.250 unit. 3 237,50 €
Mão De Obra para plantação (2,56 ha) 26 dias 1 560,00 €
Serviço de Trator (plantação com água) 2,56 ha 102 horas 2 550,00 €
Total - 38 813,13 €

8.3. Rega
A rega deverá ser realizada nas parcelas localizadas na Enxertada e
Santa Cristina. O sistema de rega será suspenso, sendo linha simples, com tubo
gota-a-gota e espaçamento entre gotejadores de 0,33 m. O débito de cada
gotejador deve ser 1,6 litros e deverá ser considerada a rega de 1h por dia. Será
necessário 37,2 m³, que serão distribuídos pela cultura em dias diferentes.
Deverá ser instalado um reservatório de 20 m³, com dimensões de 2 metros de
altura e diâmetro 3,60 m. Convém salientar que a definição do tamanho do
reservatório considera a possibilidade de futura expansão da área de vinha.
A rega será deficitária e controlada, sendo necessária a utilização de
bomba de apoio para levar água das nascentes até o reservatório. Serão
utilizadas condutas principais, para distribuir a água do reservatório até as
parcelas, bem como condutas secundárias para o sistema gota-a-gota. O
sistema de rega deve contar com um conjunto de assessórios como
eletroválvulas e passadores de água.

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A definição da quantidade de rega necessária para as parcelas é


apresentada na Tabela 8.3.1, cujo volume (L) foi determinado a partir do
espaçamento da cultura, considerando o tamanho das parcelas e o número de
gotejadores por planta.
Tabela 8.3.1. Cálculo das necessidades de rega por área.
Area Espaçamento Nº Nº Débito
Local Casta Rega
(ha) (m) plantas gotejadores hora (L)
Santa Cristina Alicante Bouschet 0,26 2,4 x 1 Sim 1.083 3283 5.253
Enxertada Arinto 1,32 2,4 x 1,2 Sim 4.583 16667 26.667
Santa Cristina Tinto Cão 0,26 2,4 x 1 Sim 1.083 3283 5.253
Covelo Arinto 0,72 2,4 x 1,2 Não 2.500 - -
Total - 2,56 - - 9250 23232 37.172

Os custos associados à instalação de rega gota a gota na Enxertada e em


Santa Cristina é apresentado a seguir, com a descrição dos componentes e
sistema de automação (Tabela 8.3.2).
Tabela 8.3.2. Descrição dos custos associados aos principais componentes que compõe o
sistema de rega para a vinha a instalar.
Sistema de rega para a vinha Valor total (€)
Sistema de bombagem 856,42
Sistema de filtragem (filtro de disco + filtro da rega) 380,99
Condutas secundárias e tubagem gota a gota 3.693,03
Condutas principais (537 m) 1.342,50
Sistema de automatização 723,94
Reservatório 1800,00
Filtro de areia 150,00
Total 8.946,88

8.4. Edifícios
A construção de um abrigo numa exploração é de extrema importância
pois, uma vez cumpridas as normas de enquadramento paisagístico e a não
afetação da estabilidade ou do equilíbrio ecológico do sistema biofísico e dos
valores naturais, este torna-se útil para apoio a toda a atividade agrícola no
sentido de alocar todos os materiais e equipamentos protegendo-os quer de
eventuais furtos quer de estarem dispostos às intempéries e consequente
gradual degradação com respetivos prejuízos para o agricultor. Assim, o
agricultor pode arrumar e organizar as suas alfaias e demais equipamentos
agrícolas e respetivo trator, tornando o armazém um local de convergência de
toda a atividade agrícola. A estimativa do custo para construção do abrigo para
as máquinas e equipamentos é apresentada a seguir, na Tabela 8.4.1.
Tabela 8.4.1. Especificações do investimento com o abrigo.
Descrição Unidade Quantidade Valor unitário (€) Valor Final (€)
Abrigo para máquinas e
m2 200 150 30.000,00
equipamentos

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8.5. Caminhos
A propriedade possui caminhos consolidados, que em sua grande maioria
se encontram em bom estado de conservação. Entretanto, o acesso das
parcelas da Enxerta às parcelas de Vilarinho encontra-se em mau estado de
conservação e precisará ser reformado. A descrição desse caminho e os custos
associados à reforma, são apresentados na Tabela 8.5.1.
Tabela 8.5.1. Descrição dos custos para reforma da via de acesso à Vilarinha através da
Enxertada.
Altura do Volume de Tipo de Custo Custo
Dimensão
revestimento (m) revestimento (m³) revestimento (€)/m³ final (€)
400 x 3,5 m 0,1 140 Tout venant 30 4.200 €

8.6. Máquinas e equipamentos


Pretende-se que todas as operações relacionadas ao projeto sejam
desenvolvidas por equipamentos próprios. Com isso, a partir do calendário
cultural, que será apresentado mais adiante, definiu-se as máquinas e
equipamentos que precisarão ser adquiridos. A relação completa consta na
Tabela 8.6.1, juntamente com a especificação de cada item.

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Tabela 8.6.1. Especificação de maquinários e implementos como investimento inicial.


Maquinário/ Largura de Largura Potencia Requerida
Marca Modelo Especificações
Implemento trabalho (m) efetiva (m) (CV)
Cilindrada: 1.758cm3
Trator (47 CV) Deutz-Fahr Agrokid230 DT Arco 1,675 1,745 -
Peso: 1,32ton
Cronos Linear Alpha 0,620 de
Pulverizador de jato 2,4 (entre
Rocha TL1 E Turbina 300 litros capacidade diâmetro na > 30
transportado linhas)
620mm turbina
5-10 km/h para trabalhar a
Intercepas Joper IC-500 D 1 1 -
5-10 cm
Capinadeira corta-mato Galucho CM 1500 Peso: 500 kg 1,50 1,50 45
Peso: 320 kg; 540 R.P.M
Triturador de martelos Niubo TLG -140 mínimas para trabalhar 1,40 1,59 25-35
com o cardan
Eixo simples;
Pneus: 10.0/80-12 8PR
Reboque Massil MLS – 2500 Trib Met 1,5 1,5 Não Aplicável
Dimensões (m): 2.50 x
1.40 x 0.45
Total - - - - - -

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O custo do trator que se pretende incluir no projeto, bem como dos demais
equipamentos, encontram-se na Tabela 8.6.2. Nota-se que o maior investimento
será com o trator, seguido pela alfaia intercepas e pulverizador. Para cada item
apresentado a seguir, calculou-se o valor resídual, que consiste no valor do bem
ao final do projeto, além da depreciação, sendo este um valor anual, que por sua
vez é incorporado na produção. Por último, apresentam-se os custos variáveis
de cada item, que considera aspectos necessários para o funcionamento e
operação de cada máquina e equipamento.
Tabela 8.6.2. Preço de mercado das máquinas e alfaias, com indicação do valor residual (10%
do investimento inicial), depreciação anual (valor de mercado menos o valor residual, dividido
pelo período do projeto, igual a 13 anos), custo variável (somo dos custos anuais com reparo,
manutenção, lubrificante, desgaste dos pneus). As fórmulas e os cálculos utilizados para obter
os custos variáveis encontram-se no documento excel “Máquinas, equipamentos e calendário
cultural”.
Preço de Valor Depreciação Custo Variável
Máquinas/Alfaias
mercado (€) Residual (VR) (€/ano) (CV €/ano)
Trator (47 CV) 22 500,00 € 2 250,00 € 1 557,69 € 1 121,00 €
Pulverizador de jato
3 400,00 € 340,00 € 235,38 € 98,30 €
transportado
Intercepas 4 160,00 € 416,00 € 288,00 € 115,50 €
Capinadeira corta-mato 1 600,00 € 160,00 € 110,77 € 24,70 €
Triturador de martelos 3 380,00 € 338,00 € 234,00 € 27,90 €
Reboque 3 300,00 € 330,00 € 228,46 € 43,00 €
Total 38 340,00 € 3 834,00 € 2 654,31 € 1 430,40 €

8.7. Investimento em inovação e capacitação organizacional


Não obstante a viticultura ser considerada um setor tradicional, observa-
se que a nova geração de agricultores está cada vez mais focalizada em mudar
essa visão do setor e de apostar em metodologias de gestão e tecnologias
avançadas, de forma a promover a competitividade das suas empresas através
da aposta permanente na Inovação organizacional e de processos produtivos.
Dessa forma, para o presente projeto, pretende-se contar com o apoio de
consultoria técnica em projetos de investimentos, aquisição de software
primavera para gestão e ainda, o desenvolvimento de marca e registo (Tabela
8.7.1).
Tabela 8.7.1. Definição dos investimentos em inovação e capacitação organizacional.
Investimento Custo (€)
Consultoria Técnica de apoio ao projeto de
3.000,00
investimento
Software primavera 750,00
Desenvolvimento de Marca e Registo de
1.000,00
Marca

9. Custos de exploração
Os custos de exploração estão associados às operações culturais que
serão desenvolvidas em todas as parcelas e foram obtidos a partir do calendário

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cultural, que pode ser consultado na Tabela 9.1. Além do número de horas de
máquinas e equipamentos, consta o total de mão-de-obra para realização das
operações culturais na vinha. Quanto aos equipamentos, nota-se que todos
serão utilizados em conjunto com o trator vinhateiro. Portanto, o total de horas
previstas para o trator equivale a soma das horas de cada equipamento
individualizado, somado a uma quantia de horas equivalente, que se refere ao
período em que o trator poderá ser utilizado para demais atividades na
propriedade.

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Tabela 9.1. Calendário cultural para realização de todas as operações necessárias à cultura da videira, com o número de horas ao longo dos meses do ano
para cada tipo de atividade.
Equipamentos, maquinário e Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Total (h)
mão-de-obra 1 2 3 1 2 3 1 2 3 1 2 3 1 2 3 1 2 3 1 2 3 1 2 3 1 2 3 1 2 3 1 2 3 1 2 3
Equipamento
Triturador de martelo 10 10 21
Capinadeira corta-mato 10 10 10 10 39
Pulverizador 14 14 14 14 14 72
Intercepas 17 17 17 17 69
Reboque 12 12 12 35
Sub-total 10 25 12 41 27 14 14 14 27 27 12 12 236
Mão-de-obra
Poda manual 174 174 174 174 174 868
Amarração 121 121 121 121 486
Desladroamento e despampa 83 83
Condução e orientação dos
35 35 69
pâmpanos
Desponta 139 139 139 416
Vindima 666 666
Replantação de videiras mortas 52 52 104
Sub-total 174 174 174 174 121 121 118 35 139 139 139 666 174 174 174 2693
Total de horas (Equipamentos +
174 174 184 198 133 121 41 27 118 14 14 35 14 139 139 166 693 12 12 174 174 174 2928
mão-de-obra)
Trabalhador fixo (horas) 56 56 56 56 56 56 56 56 56 56 56 56 56 56 56 56 56 56 56 56 56 56 56 56 56 56 56 56 56 56 56 56 56 56 56 56 2016
Trabalhador temporario (horas) 118 118 128 142 77 65 62 83 83 110 637 118 118 118 1975

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Dentre as operações apresentadas na Tabela 9.1, evidencia-se que a


mão-de-obra manual será a que mais exigirá horas para sua realização,
sobretudo no período de poda e de vindima, seguido pela amarração e desponta,
respetivamente. Em relação aos equipamentos, o pulverizador e o intercepas
serão mais exigidos, seguido pelo corta-mato e o reboque, que será mais
utilizado no período de vindima e também para distribuição de fatores de
produção e limpeza da área (Figura 9.1).

Replantação de videiras mortas


Vindima
Desponta
Condução e orientação dos pâmpanos
Desladroamento e despampa
Amarração
Poda manual
Reboque
Intercepas
Pulverizador
Capinadeira corta-mato
Triturador de martelo

0 500 1000
Total de horas
Figura 9.1. Estimativa do número de horas envolvida em cada operação na produção de vinha.

Como complemento à Tabela 9.1, apresenta-se a seguir, na Tabela 9.2 a


relação dos equipamentos que serão utilizados para cada atividade, com
indicação dos materiais e/ou produtos que podem ser utilizados.
Tabela 9.2. Descrição dos equipamentos, materiais e/ou produtos necessários para cada
operação cultural.
Atividades Equipamentos Materiais / Produtos
Adubação e correção do solo Trator
Nutri +
com matéria orgânica Reboque
Poda de Formação / Poda de
Manual Tesouras Felco 60€
Inverno
Amarra dos sarmentos e Empa Manual Fios de poda
Trator
Trituração de sarmentos -
Triturador
1,25kg/100L
Trator
Pulverização com Cobre Calda Bordalesa
Pulverizador de mangueiras
136,80€ (25kg)
Replantação de videiras mortas Videira nova na forma de
Ferro de plantar videira
no início da primavera enxerto pronto
Trator
Corte das infestantes na linha -
Intercepas
Corte de ervas nos taludes Roçadora -
Corte do enrelvamento na Trator
entrelinha Capinadeira
Desladroamento e Despampa Manual -

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Atividades Equipamentos Materiais / Produtos


Condução e Orientação dos
Manual Fios de amarra
Pâmpanos
Proteção Cultural – Trator
-
Pulverizações diversas Pulverizador
Trator
Vindima Caixas de colheita
Reboque

9.1. Correção do solo


No que diz respeito à correção do solo, deverá ser feita a aplicação de
calcário, estrume e boro, conforme consta na análise de solo realizadas em cada
parcela, que podem ser consultadas no Anexo 13. Nota-se que as
recomendações foram estabelecidas até o 3º ano, sendo que, após esse
período, recomenda-se realização de novas análises foliares e de solo (Tabela
9.1.1.
Tabela 9.1.1. Especificação dos fatores de produção necessários para a correção do solo, com
indicação do preço ao longo dos anos.
Quantidade
Aplicação ao Preço 1ºano
recomendada 2º ano 3º ano
Solo €/kg (plantação)
após análise
Calcário 1,2t/ha 0,036 299,81 € 299,81 € 299,81 €
Estrume 25t/ha 0,024 4 164,00 € - € 832,80 €
Boro 1kg/ha 0,792 - € 5,50 € - €
Total - 0,852 4 463,81 € 305,31 € 1 132,61 €

9.2. Tratamentos fitossanitários


Devem ser realizados diferentes tratamentos fitossanitários adequados ao
MPB ao longo dos estados fenológicos da videira, que se estende desde o
repouso vegetativo até o fecho dos cachos e o pintor. No repouso vegetativo
deverá ser feita a aplicação de calda bordalesa após poda, conforme as
proporções especificadas na Tabela 9.2.1. Posteriormente, no abrolhamento,
deverá ser feita a aplicação de enxofre para a escoriose e oídio. Esse mesmo
tratamento precisará ser feito na saída das folhas, devido à escoriose. Quando
as folhas estiverem abertas, o inimigo à cultura será a traça, que por sua vez,
deverá ser controlada através da instalação de armadilhas tipo delta. No período
em que os cachos estiverem visíveis, deverá ser o controle do míldio, com
aplicação de calda bordalesa e também para o controle do oídio, com enxofre
molhável. Posteriormente, o oídio e o míldio precisaram ser controlados nas
diferentes fases que antecedem o pintor, com atenção para o período da
floração, quando um novo controle de traça deverá ser realizado, só que desta
vez, com Bacillus thurigiensis. No que diz respeito aos tratamentos fitossanitários
e aferição dos custos inerentes, os mesmos são detalhados na tabela 9.2.1.
estimando-se o custo anual.

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Tabela 9.2.1 Calendário fitossanitário na vinha em modo de produção biológico.


Consumo total
Estado Produto Consumo Preço Custo
Doença/praga Concentração de fitofármaco
fenológico comercial L/ha €/Kg ou L Total (€)
(L) ou (kg)
Repouso Calda bordalesa
Vários 2 kg / 100 L 300 41,64 4,70 € 195,71 €
Vegetativo 1,5 kg / 100 L
Abrolhamento Escoriose /oídio Enxofre molhável 1 kg/100 L 600 41,64 1,11 € 46,04 €
Saída das
Escoriose Enxofre molhável 1 kg/100 L 600 41,64 1,11 € 46,22 €
Folhas
1 armadilha por parcela de 3ha
(Quando numa semana estão 4
vezes mais traças do que o
Colocação de 4 armadilhas
Folhas Abertas Traça normal isso é sinal de que houve - - 40,00 €
armadilhas delta; com Turex
um voo e a lagarta aparece.
Combate-se com o Bacillus
thurigiensis (Bt) 100 g / 100 L )
Míldio (temperaturas
Calda bordalesa
noturnas > 11ºC com Prevenção = 1,5 kg / 100 L 600 62,46 4,70 € 293,56 €
1,5 kg / 100 L
chuva ou orvalho)
Cachos Visíveis
Prevenção = 1 kg / 100 L,
Oídio Enxofre molhável 600 62,46 1,11 € 69,33 €
Combate 2,5kg / 100 L

Míldio (temperaturas
Cachos NORDOX óxido
noturnas > 11ºC com 0,2 kg / 100 L 600 8,328 18,00 € 149,90 €
separados cuproso 75%
chuva ou orvalho)
Bacillus
Traça thurigiensis (Bt) - 100 g / 100 L + 1kg de açúcar 600 4,164 325,40 € 1 354,97 €
Turex
Floração
Míldio (temperaturas
NORDOX óxido
noturnas > 11ºC com 0,2 kg / 100 L 600 8,328 18,00 € 149,90 €
cuproso 75%
chuva ou orvalho)

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Consumo total
Estado Produto Consumo Preço Custo
Doença/praga Concentração de fitofármaco
fenológico comercial L/ha €/Kg ou L Total (€)
(L) ou (kg)
Míldio (temperaturas
NORDOX óxido
noturnas > 11ºC com 0,2 kg / 100 L 800 11,104 18,00 € 199,87 €
cuproso 75%
chuva ou orvalho)
Bago de
Oídio (sempre que as
chumbo
condições de Prevenção = 1 kg / 100 L,
Enxofre molhável 1000 69,4 1,11 € 77,03 €
ocorrência do Míldio Combate 2,5kg / 100 L
são favoráveis)
Míldio (temperaturas
NORDOX óxido
noturnas > 11ºC com 0,2 kg / 100 L 1000 13,88 18,00 € 249,84 €
Bago de ervilha cuproso 75%
chuva ou orvalho)
/ Fecho dos
cachos até ao Oídio (se não houver
tratamento para o Prevenção = 1 kg / 100 L,
pintor Enxofre molhável 1000 69,4 1,11 € 77,03 €
míldio o Enxofre deve Combate 2,5kg / 100 L
ser em Flor)
Total geral - - - - - -
2.949,41 €

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9.3. Engarrafamento e rotulagem


Relacionado com a produção de vinho, é considerado um custo de
engarrafamento e rotulagem, calculado a partir da produção esperada para os
diferentes anos, considerando que as garrafas de vinho verde, branco, rosé e
tinto terão capacidade de 750 ml e no caso do vinho de colheita tardia, 330 ml.
Os custos associados são apresentados na Tabela 9.3.
Tabela 9.3. Custos previstos com o engarrafamento e rotulagem de garrafas de vinho verde,
branco, rosé, tinto e colheita tardia.
Custos com
Tipo de Nº de Volume
Casta engarrafamento e
vinho garrafas garrafa (ml)
rotulagem (€)
Verde Arinto 3350 750 3.350,00 €

Semillon,
Branco Cerceal, 3350 750 3.350,00 €
Malvasia Fina

Touriga
Rosé 2050 750 2.050,00 €
Nacional

Touriga
Tinto Nacional, Tinta 3350 750 3.350,00 €
Roriz

Tinto Cão,
Tinto Alicante 2050 750 2.050,00 €
Bouschet

Colheita Semillon ou Boal


3000 330 3.000,00 €
tardia do Douro

Total - 17150 - 17.150,00 €

10. Análise do potencial mercado e preços


Para os vinhos, o promotor adotará a estratégia de preço premium, tendo
em conta que não tem escala para competir pela quantidade. Apostará, portanto,
numa estratégia de marca, comunicando elevada qualidade, associada a um
conceito de lifestyle, especificamente a associação a camadas sociais elevadas,
com gosto por literatura e envolvimento com sustentabilidade do planeta. Neste
sentido os clientes serão Horeca (restaurantes e hotéis) e retalho gourmet.
Adicionalmente, pretende romper o preconceito da baixa qualidade dos
vinhos biológicos, apresentando no mercado vinhos certificados em Modo de
Produção Biológica de elevada qualidade, remetendo para terroirs únicos, com
elevada qualidade, complexidade sensorial e distintiva.

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11. Recursos financeiros: proveitos e subsídios

11.1. Proveitos da exploração


Os proveitos oriundos da vinha resultam da venda de uva diretamente a
empresas locais vinificadoras e da venda de vinho de marca própria (Thyro),
conforme se apresenta detalhadamente na Tabela 11.1.1 e 11.1.2, considerando
o ano de entrada em produção das novas vinhas a instalar e o ano em que os
diversos vinhos de marca própria ficam disponíveis para serem comercializados
(considerando tempo de cuba e/ou barrica).
Adicionalmente, o promotor espera receber um benefício anual relativo à
produção de uva na região dos Vinhos do Douro (Vilarinho), num máximo de
3.000 L, com preço de 925€/pipa (1 pipa = 550L ou 750 kg).

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Tabela 11.1.1. Proveitos da exploração, considerando a comercialização de vinhos verde, banco, rosé, tinto e colheita tardia. Os valores relativos á produção
foram obtidos a partir de um rendimento médio na região e que espera obter nas parcelas em questão.
Volume Preço Quantidade de 1º Ano de vindima / 1º Ano
Tipo de Nº de Vendas total Rendimento de
Casta garrafa unitário Uva necessária de Disponibilização no
vinho garrafas (€) Produção (kg/L)
(ml) (€) (ton) Mercado
Verde Arinto 3350 750 3,5 11.725,00 € 1,5 3,8 2026 / 2027 Anual

Semillon,
Cerceal,
Branco 3350 750 4,5 15.075,00 € 1,5 3,8 2022 /2023 Anual
Malvasia
Fina

Touriga
Rosé 2050 750 4 8.200,00 € 1,5 2,3 2023 / 2024 Anual
Nacional

Touriga
Tinto Nacional, 3350 750 6 20.100,00 € 1,5 3,8 2024 / 2026 Anual
Tinta Roriz

Tinto Cão,
Tinto Alicante 2050 750 6 12.300,00 € 1,5 2,3 2026 / 2028 Anual
Bouschet

Semillon ou
Colheita
Boal do 3000 330 10 30.000,00 € 7,0 6,9 2024 / 2026 Trienal
tardia
Douro
Total - 17150 - - 77.400,00 € - - -

Tabela 11.1.2. Proveitos da exploração, considerando a comercialização de uvas para empresas locais vinificadoras. Os valores relativos á produção foram
obtidos a partir de um rendimento médio na região e que espera obter nas parcelas em questão.
Decrição das Receitas da venda de uva a terceiros
Total
vendas 2022 2023 2024 2025 2026 2027 2028 2029 2030 2031 2032 2033 2034
Venda de uva no
22,20 € 19,90 € 12,40 € 20,67 € 16,53 € 12,43 € 23,33 € 29,04 € 22,14 € 29,04 € 29,04 € 22,14 € 29,04 € 287,90 €
ano (ton)
Venda de uva no
11 100,00 € 9 950,00 € 6 200,03 € 10 335,75 € 8 265,36 € 6 214,80 € 11 664,00 € 14 520,00 € 11 070,00 € 14 520,00 € 14 520,00 € 11 070,00 € 14 520,00 € 143 949,94 €
ano (€)

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11.2. Subsídios
A seguir são apresentas as fontes de subsídios para a realização do
projeto de replantação de vinhas e conversão para modo de produção biológica.
1 - As fontes de financiamento estimadas para o projeto passarão numa
primeira fase por uma candidatura ao PDR2020, conforme consta na operação
3.1.2, que se aplica à investimento de jovens agricultores na exploração agrícola,
ao que estabelece: prémio à instalação por Jovem Agricultor - 25.000€ + 50% de
taxa de incentivo - Subsídio não reembolsável.
Para cálculo do apoio ao incentivo não reembolsável, dado que o
promotor se encontra em zona considerada desfavorecida (10%), tendo a taxa
base aplicável (30%) e ainda a majoração de 10% uma vez que se instala pela
primeira vez obtém uma ajuda de 50% considerada enquanto incentivo estimado
ao valor elegível do projeto. O valor do prémio de primeira instalação será de
25.000€.
2 – Anualmente, o promotor irá apresentar candidatura às medidas para
manutenção de atividade agrícola em zonas desfavorecidas e a medidas
agroambientais do PDR, estimando-se um subsídio de 4.248,60€ / ano para o
primeiro ano e 5.458,14€ / ano para os anos subsequentes, considerando as
seguintes medidas acumuladas:
- Medida 9 - Manutenção da atividade agrícola em zonas desfavorecidas
(MZD) | Zonas de Montanha – Entre 3 e 10ha – 190€/ha
- Operação 7.1 - Agricultura Biológica - Entre 5 e 10 ha – 494€/ha; Entre
0,5 e 5 ha – 618€/ha
- Operação 7.6.1 – Culturas Permanentes Tradicionais Culturas
Permanentes Tradicionais (aplicável apenas a Vilarinho, na região dos vinhos do
Douro) - >=0,3 e < 10 hectares – 162 € /ha
3 – Para apoiar a contratação de um colaborador, a empresa irá recorrer
a apoio da medida ATIVAR.PT do IEFP, que disponibiliza um incentivo para
contratação sem termo. O valor do apoio é de 12 x IAS (Indexante dos Apoios
Sociais) x 1,25 = 6.582,15€.
Os pagamentos do reembolso ao promotor são feitos da seguinte forma:
A primeira prestação, no valor de 60% do apoio financeiro, é paga após o início
de vigência do contrato de trabalho; 2ª prestação de 20% do apoio financeiro no
13º mês de vigência do contrato e terceira prestação, no valor de 20% do apoio
financeiro, no 25º mês de vigência do contrato.

11.3. Financiamento
Os custos iniciais para implantação do projeto serão financiados a uma
taxa de 3% ao ano sobre o valor total do investimento, subtraindo-se o valor dos
subsídios. Os investimentos deverão ser recuperados a partir dos proveitos e
demais subsídios conquistados com o projeto. Nesse sentido, para o
investimento inicial de 135.492,51 €, considera-se um abatimento de 92.746,26
€ provenientes de subsídios, dos quais 25.000,00 € estão vinculados ao Prêmio
Jovem Agricultor e os outros 67.746,26 € são resultantes do incentivo de 50%,

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conforme Operação 3.1.2. Com isso, deverá ser feito um financiamento


equivalente a 42.746,26 €, a uma taxa de juro de 3%, que será amortizado na
totalidade ao final do terceiro ano de projeto, quando o fluxo de caixa se tornar
positivo (Tabela 12.2).

12. Custos e Proveitos


Os custos foram obtidos a partir da soma dos encargos financeiros e das
despesas da exploração. Os encargos financeiros correspondem aos
investimentos iniciais do projeto, custos com trabalhadores fixos, seguro,
depreciação e licenças para exploração de recursos e taxas diversas. Os
investimentos perfazem o maior custo do projeto, já que envolve a implantação
das vinhas e a compra de maquinaria e equipamentos, além da instalação do
sistema de rega, construção de caminhos entre outros aspectos exemplificados
na Tabela 12.1. Tais custos foram divididos nos dois primeiros anos de projeto,
sendo que o valor previsto no investimento inicial é elegível ao PDR 2020.
Tabela 12.1. Resumo dos investimentos previstos para o projeto, sendo que a soma do capital
deverá receber um incentivo de 50% do valor total, pois trata-se de um investimento elegível
PDR 2020.
Preço Total (S/
Designação Quantidade Unidade 2022 2023
Unitário IVA)
Enxerto pronto 9250 unidade 1,00 € 9 250,00 € 9 250,00 € -
Surriba (Anexo 9) 1 subcontratação 14 080,00 € 14 080,00 € 14 080,00 € -
Embardamento (Anexo 10) 1 subcontratação 2 040,00 € 2 040,00 € 2 040,00 € -
Plantação (Anexo 11) 1 subcontratação 4 110,00 € 4 110,00 € 4 110,00 € -
Postes, arames, tutores,
1 subcontratação 18 583,13 € 18 583,13 € 18 583,13 € -
acessórios (Anexo 12)
Rega e Sistema de
1 subcontratação 6 846,88 € 6 846,88 € 6 846,88 € -
Automatização (Anexo 8)
Filtro de Areia 1 unidade 150,00 € 150,00 € 150,00 € -
Condutas Principais 537 m 2,50 € 1 342,50 € 1 342,50 € -
Abrigo para alfaias 200 m2 150,00 € 30 000,00 € - 30 000,00 €
Reservatório 20 m3 90,00 € 1 800,00 € 1 800,00 € -
Caminhos 140 m3 30,00 € 4 200,00 € - 4 200,00 €
Trator (Anexo 2) 1 unidade 22 500,00 € 22 500,00 € - 22 500,00 €
Pulverizador (Anexo 7) 1 unidade 3 400,00 € 3 400,00 € - 3 400,00 €
Intercepas (Anexo 6) 1 unidade 4 160,00 € 4 160,00 € - 4 160,00 €
Capinadeira (Anexo 3) 1 unidade 1 600,00 € 1 600,00 € - 1 600,00 €
Triturador (Anexo 4) 1 unidade 3 380,00 € 3 380,00 € - 3 380,00 €
Reboque (Anexo 5) 1 unidade 3 300,00 € 3 300,00 € - 3 300,00 €
ERP Primavera 1 unidade 750,00 € 750,00 € - 750,00 €
Consultoria e Marca 1 unidade 4 000,00 € 4 000,00 € 1 500,00 € 2 500,00 €
Total de Investimento Elegível PDR2020 135 492,51 € 59 702,51 € 75 790,00 €

Aos encargos financeiros somam-se ainda os honorários dos


trabalhadores fixos, considerando que cada colaborador receberá o equivalente
a 667,00 € mensais. Sobre esse valor, soma-se os encargos sociais (34,8%),
subsídio de férias e subsídio de Natal, além do subsídio de alimentação, que
corresponde a 90,40€/mês.
Quanto às despesas de exploração, são atribuídas as despesas com
mão-de-obra ocasional, sendo considerado um valor de 3,75 €/hora. Convém
destacar que o total de horas previstas para trabalhadores ocasionais foi obtida

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a partir do calendário cultural, apresentado anteriormente. Não obstante,


incluíram-se também as despesas com fatores de produção, custos com a
manutenção de máquinas e equipamentos, engarrafamento e rotulagem, cujos
valores também já foram apresentados, porém encontram-se sintetizados na
Tabela 12.2, que apresenta os custos e proveitos globais do projeto.

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Tabela 12.2. Custos e proveitos do projeto de replantação de vinha e conversão de vinha para o modo de produção biológico, onde são apresentadas a relação
das despesas totais do projeto, considerando os encargos financeiros e as despesas da exploração, bem como há a indicação dos proveitos e subsídios que
perfazem a receita do projeto. Consta também o fluxo de caixa, a partir da análise conjunta das entradas e saídas.
Período do projeto
CUSTO DO PROJETO
2022 2023 2024 2025 2026 2027 2028 2029 2030 2031 2032 2033 2034
ENCARGOS FINANCEIROS
Investimento PDR 2020 59 702,51 € 75 790,00 € - - - - - - - - - - -
Trabalhadores fixos (Tx. 3% a.a.) 13 582,02 € 13 989,48 € 14 409,17 € 14 841,44 € 15 286,69 € 15 745,29 € 16 217,65 € 16 704,18 € 17 205,30 € 17 721,46 € 18 253,10 € 18 800,70 € 19 364,72 €
Seguros (Trator + Acidentes de Trabalho) 1 151,37 € 1 151,37 € 1 151,37 € 1 151,37 € 1 151,37 € 1 151,37 € 1 151,37 € 1 151,37 € 1 151,37 € 1 151,37 € 1 151,37 € 1 151,37 € 1 151,37 €
Depreciação 2 654,31 € 2 654,31 € 2 654,31 € 2 654,31 € 2 654,31 € 2 654,31 € 2 654,31 € 2 654,31 € 2 654,31 € 2 654,31 € 2 654,31 € 2 654,31 € 2 654,31 €
Licenças e Taxas Diversas 650,00 € 650,00 € 150,00 € 150,00 € 150,00 € 150,00 € 150,00 € 150,00 € 150,00 € 150,00 € 150,00 € 150,00 € 150,00 €
Sub-total 77 740,21 € 94 235,16 € 18 364,85 € 18 797,12 € 19 242,37 € 19 700,97 € 20 173,32 € 20 659,85 € 21 160,98 € 21 677,14 € 22 208,78 € 22 756,38 € 23 320,40 €
DESPESAS DA EXPLORAÇÃO
Mão-de-obra ocasional 4 665,94 € 4 665,94 € 7 406,25 € 7 406,25 € 7 406,25 € 7 406,25 € 7 406,25 € 7 406,25 € 7 406,25 € 7 406,25 € 7 406,25 € 7 406,25 € 7 406,25 €
Fatores de produção 6 325,25 € 2 166,75 € 2 994,05 € 2 954,91 € 3 782,21 € 2 954,91 € 3 782,21 € 2 954,91 € 3 782,21 € 2 954,91 € 3 782,21 € 2 954,91 € 3 782,21 €
Custo de manutenção (equipamentos +
1 430,40 € 1 430,40 € 1 430,40 € 1 430,40 € 1 430,40 € 1 430,40 € 1 430,40 € 1 430,40 € 1 430,40 € 1 430,40 € 1 430,40 € 1 430,40 € 1 430,40 €
trator)
Custos de Engarrafamento e Rotulagem 0,00 € 3 350,00 € 5 400,00 € 5 400,00 € 11 750,00 € 12 100,00 € 14 150,00 € 17 150,00 € 14 150,00 € 14 150,00 € 17 150,00 € 14 150,00 € 14 150,00 €
Avença Enólogo 0,00 € 400,00 € 400,00 € 500,00 € 500,00 € 600,00 € 600,00 € 600,00 € 600,00 € 600,00 € 600,00 € 650,00 € 650,00 €
Custo Financiamento (Tx. 3% a.a.) 1 282,39 € 1 282,39 € 44 028,64 € - - - - - - - - - -
Sub-total 13 703,98 € 13 295,48 € 61 659,35 € 17 691,56 € 24 868,86 € 24 491,56 € 27 368,86 € 29 541,56 € 27 368,86 € 26 541,56 € 30 368,86 € 26 591,56 € 27 418,86 €
Despesas Totais 91 444,19 € 107 530,64 € 80 024,19 € 36 488,68 € 44 111,23 € 44 192,53 € 47 542,19 € 50 201,42 € 48 529,84 € 48 218,70 € 52 577,64 € 49 347,94 € 50 739,26 €
PROVEITOS
Venda de Uva 11 100,00 € 9 950,00 € 6 200,03 € 10 335,75 € 8 265,36 € 6 214,80 € 11 664,00 € 14 520,00 € 11 070,00 € 14 520,00 € 14 520,00 € 11 070,00 € 14 520,00 €
Venda de Vinho 0,00 € 15 075,00 € 23 275,00 € 23 275,00 € 65 100,00 € 65 100,00 € 77 400,00 € 77 400,00 € 77 400,00 € 77 400,00 € 77 400,00 € 77 400,00 € 77 400,00 €
Sub-total 11 100,00 € 25 025,00 € 29 475,03 € 33 610,75 € 73 365,36 € 71 314,80 € 89 064,00 € 91 920,00 € 88 470,00 € 91 920,00 € 91 920,00 € 88 470,00 € 91 920,00 €
SUBSÍDIOS
Medida 9 - Manutenção da atividade
agrícola em zonas desfavorecidas (MZD) | 832,20 € 1 318,60 € 1 318,60 € 1 318,60 € 1 318,60 € 1 318,60 € 1 318,60 € 1 318,60 € 1 318,60 € 1 318,60 € 1 318,60 € 1 318,60 € 1 318,60 €
Zonas de Montanha
Operação 7.1 - Agricultura Biológica 2 706,84 € 3 428,36 € 3 428,36 € 3 428,36 € 3 428,36 € 3 428,36 € 3 428,36 € 3 428,36 € 3 428,36 € 3 428,36 € 3 428,36 € 3 428,36 € 3 428,36 €
Operação 7.6.1 – Culturas Permanentes
Tradicionais Culturas Permanentes
709,56 € 711,18 € 711,18 € 711,18 € 711,18 € 711,18 € 711,18 € 711,18 € 711,18 € 711,18 € 711,18 € 711,18 € 711,18 €
Tradicionais (aplicável apenas a Vilarinho,
na região dos vinhos do Douro)
Prémio Jovem Agricultor 25 000,00 € - - - - - - - - - - - -
Incentivo Operação 3.1.2 - 50% - 29 851,26 € 37 895,00 € - - - - - - - - - -
Ativar.PT (funcionário) 3 949,29 € 1 316,43 € 1 316,43 € - - - - - - - - - -
Benefício Douro/Vilarinho 5 045,45 € 5 045,45 € 5 045,45 € 5 045,45 € 5 045,45 € 5 045,45 € 5 045,45 € 5 045,45 € 5 045,45 € 5 045,45 € 5 045,45 € 5 045,45 € 5 045,45 €
Sub-total 38 243,34 € 41 671,28 € 49 715,02 € 10 503,59 € 10 503,59 € 10 503,59 € 10 503,59 € 10 503,59 € 10 503,59 € 10 503,59 € 10 503,59 € 10 503,59 € 10 503,59 €
Receita Total 49 343,34 € 66 696,28 € 79 190,05 € 44 114,35 € 83 868,95 € 81 818,39 € 99 567,59 € 102 423,59 € 98 973,59 € 102 423,59 € 102 423,59 € 98 973,59 € 102 423,59 €
RESULTADO DA EXPLORAÇÃO
Valor líquido -42 100,85 € -40 834,36 € -834,14 € 7 625,66 € 39 757,73 € 37 625,87 € 52 025,41 € 52 222,18 € 50 443,75 € 54 204,89 € 49 845,95 € 49 625,66 € 51 684,34 €
Valor residual (VR) - - - - - - - - - - - - 3 834,00 €
Fluxo de caixa -39 446,54 € -38 180,05 € 1 820,16 € 10 279,97 € 42 412,04 € 40 280,17 € 54 679,72 € 54 876,49 € 53 098,06 € 56 859,20 € 52 500,26 € 52 279,97 € 58 172,64 €

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Replantação de Vinha e Conversão de Vinha para Modo de Produção Biológica.

13. Análise da viabilidade económica


A seguir é apresentada a análise do ponto de equilíbrio, que tem por
objetivo determinar a produção mínima que deve ser excedida para que o
investimento comece a dar lucro. Na Figura 13.1 constam os valores das receitas
totais que serão obtidas com a venda de produtos e os subsídios, juntamente
com as despesas totais. Nota-se que a partir do terceiro ano as despesas do
projeto diminuem e ficam próximas às receitas, que a partir do quarto ano,
tornam-se superiores às despesas. Portanto, é a partir desse período em que se
inicia a recuperação do capital inicialmente investido.

120 000,00 €

100 000,00 €

80 000,00 €
Valor (€)

60 000,00 €

40 000,00 €

20 000,00 €
Despesas Totais
Receita Total
0,00 €

Anos do Projetos
Figura 13.1. Ponto em que as despesas totais e a receita total são iguais, ou seja, "uniforme".

A recuperação do capital investido, iniciada em 2025 será obtida em sua


integridade, a partir do quinto ano do projeto, quando então os encargos
financeiros e as despesas de exploração tornar-se-ão inferiores ao cash-flow.
Nesse momento atinge-se o “break-even point”, ou seja, quando não há perda e
nem ganho. A partir de 2026 é esperado um aumento progressivo nas receitas
e uma estabilização nas despesas (Figura 13.2).

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Replantação de Vinha e Conversão de Vinha para Modo de Produção Biológica.

120 000,00 €

100 000,00 €
ENCARGOS FINANCEIROS
80 000,00 € DESPESAS DA EXPLORAÇÃO

60 000,00 € Fluxo de caixa


Valor (€)

40 000,00 €

20 000,00 €

0,00 €

-20 000,00 €

-40 000,00 €

-60 000,00 €
Anos do Projetos
Figura 13.2. Ponto de equilíbrio, onde os custos são pagos e não há lucro ou prejuízo.

Para determinar a viabilidade do projeto, recorreu-se à análise da Taxa


Interna de Retorno (TIR), obtida a partir dos cash-flows. Adicionalmente, avaliou-
se o Valor Atual Líquido (VAL), sendo este um indicador da rentabilidade do
projeto. Os valores obtidos são apresentados na Tabela 13.1. Percebe-se que a
TIR foi superior a 30% e, portanto, o investimento é economicamente atrativo.
Com uma TIR elevada, o valor líquido do investimento será maior que o seu
custo de oportunidade. A soma dos fluxos de caixas do projeto, descontada uma
taxa de juros de 5% durante o tempo de vida do projeto, menos os investimentos
iniciais, trará um retorno positivo, que corresponde a um valor de 236.913,71 €.
Sobre este valor, ao subtrair o custo com o financiamento, que corresponde a
46.593,42 €, teremos um retorno equivalente a 190.320,29 €. Tal retorno será
positivo até uma taxa de 19%, acima disso, embora a VAL seja positiva até 31%,
o retorno será inferior ao custo do financiamento.
Tabela 13.1. Taxa Interna de Retorno (TIR) e Valor Atual Líquido (VAL).
VAL – Custo do
TIR 31,20%
financiamento
VAL (5%) 236 913,71 € 190 320,29 €
VAL (10%) 140 055,91 € 93 462,49 €
VAL (20%) 43 021,99 € -3 571,43 €
VAL (30%) 2 927,48 € -43 665,94 €
VAL (31,20%) 0,00 € -46 593,42 €

14. Considerações finais


A região onde se pretende instalar o projeto possui condições
edafoclimáticas favoráveis para o desenvolvimento da cultura pretendida. Não
obstante, o fato de as parcelas estarem inseridas na Região Demarcada do
Douro (RDD) ou mesmo na Região Demarcada dos Vinhos Verdes (RDVV)
contribuem positivamente para a valorização da uva e dos vinhos produzidos.
Outro aspecto importante são os apoios e os subsídios que também devem
auxiliar na instalação e manutenção do projeto.

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Replantação de Vinha e Conversão de Vinha para Modo de Produção Biológica.

Conclui-se, a partir da análise dos investimentos para instalação e


manutenção das vinhas, que o presente projeto de replantação de conversão de
vinhas para o modo de produção biológico possui um valor de retorno maior que
o seu custo de investimento, portanto, é atrativo, sendo um investimento seguro
e que certamente trará retorno económico ao promotor.
Salvaguarda-se que o sucesso do projeto implica o desenvolvimento, em
paralelo, de um bom plano de marketing para a marca Thyro e de uma eficaz
estratégia de comercialização dos vinhos.

15. Referências
DEMOSSIER, M. Beyond terroir: territorial construction, hegemonic discourses,
and French wine culture. Journal of the Royal Anthropological
Institute, n.17, p.685-705, 2011.
GONÇALVES, J.A., MORGADO, A. Use of the SRTM DEM as a geo-referencing
tool by elevation matching. International Archives Photogrammetry,
Remote Sensing and Spatial Information Sciences. Vol. XXXVII. Part
B2, 879-883. Beijing 2008.
IEFP. Instituto do Emprego e Formação Profissional. Disponível em:
<https://www.iefp.pt/>. Acesso em 25 mai. de 2021.
INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA. Estatísticas Agrícolas 2018.
Lisboa: Instituto Nacional de Estatística – INE, 2019, 168p.
LOURENÇO, A. M. R. M. R. Caracterização de solos entre Coimbra e
Montemor-o-Velho, Portugal Central um estudo de magnetismo
ambiental. Dissertação (doutoramento em Geologia), Faculdade de
Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, 228 p., 2012.
MUSEU DO DOURO. Região Demarcada do Douro. Disponível em: <
https://www.museudodouro.pt/regiao-demarcada-do-douro>. Acesso
em 29 de maio de 2021.
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDADAS PARA ALIMENTAÇÃO E
AGRICULTURA. FAOSTAT: Crops. Disponível em: <
http://www.fao.org/faostat/en/#data/QC>. Acesso em 27 de maio de
2021.
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A EDUCAÇÃO, A CIÊNCIA E A
CULTURA. Alto Douro Wine Region. Disponível em: <
http://whc.unesco.org/en/list/1046>. Acesso em 28 de maio de 2021.
PDR2020. Programa de Desenvolvimento Rural 2014-2020. Disponível em:
<www.pdr-2020.pt>. Acesso em 25 mai. de 2021.
PORTUGAL. Aviso n.º 4498/2021. Cultura: Gabinete da Secretária de Estado
Adjunta e do Património Cultural. Diário da República, n°49, p.93, 2021.
VOUDOUR, E. The Quality of Grapes and Wine in Relation to Geography:
Notions of Terroir at Various Scales. Journal of Wine Research. V.13,
n.2, p.117-141, 2002.

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Replantação de Vinha e Conversão de Vinha para Modo de Produção Biológica.

16. Anexos
Anexo 1. Orçamento para aquisição de Trator e Alfaias.

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Anexo 2. Características técnicas do trator agrícola.

Anexo 3. Características técnicas da capinadeira.

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Anexo 4. Características técnicas do triturador.

Anexo 5. Características técnicas do reboque agrícola.

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Anexo 6. Características técnicas do intercepas.

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Anexo 7. Características técnicas do pulverizador.

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Anexo 8. Orçamento para a rega e sistema de automatização.

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Anexo 9. Orçamento para a realização da surriba.

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Anexo 10. Orçamento para fazer o embardamento.

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Anexo 11. Orçamento para a plantação.

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Anexo 12. Orçamento para aquisição de materiais para plantação.

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Anexo 13. Análises de solo para correção inicial.

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