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A FÉ ELABORADA NO CONCÍLIO DE NICEIA SOBRE A


DIVINDADE DO FILHO

Aluno: Victor de Menezes Paim da Silva

RA: 00222159

O Concílio de Niceia aconteceu em 325, convocado pelo imperador


Constantino I, com o objetivo de combater a heresia do arianismo, que deliberava de
modo equívoco sobre a questão da divindade do Filho. O Filho, pra Ário, fora criado,
ou seja, feito, mas era uma criatura superior. Ele seria um Deus “feito”, em muito
superior a nós, seres humanos comuns, e diante do Pai, o Deus único, seria ele uma
criatura. As contingências humanas como a fome, a fadiga, os sentimentos de
fraqueza, os sofrimentos na cruz, a ignorância a respeito do juízo, seriam mostras de
que o Filho está sujeito à mudanças que são incompatíveis com a divindade. Jesus,
segundo Ário é, portanto, um Deus inferior, pois um Deus verídico não passaria por
tais contingenciamentos.

Assim, no esquema ariano, Jesus precisou ser santificado pelo Pai no


batismo, e ser aí adotado como Filho. Sua glória e ressurreição igualmente não
viriam de si, mas do Pai. De modo resumido pode-se dizer o seguinte: O Verbo,
inferior ao Pai, preexistente em relação ao mundo dos anjos e ao mundo físico, mas
sujeito à mudanças, uniu-se a uma carne humana, para nela desempenhar o papel
da alma que ele substitui. Assumiu a condição humana, participando assim de todas
as suas mudanças e de todas as suas paixões. Porém, ele porta-se de tal modo, de
forma tão meritória que é tornado perfeito e associado à divindade. O Pai é maior
que o Filho e que o Espírito, ele é o único Deus: o Filho e o Espírito são suas
primeiras criaturas.

Para combater tal heresia o Concílio de Niceia fará sua definição em forma
de adendos ao chamado Símbolo de Cesareia, que já tinha sido formulado anos
antes. Fora acrescido então as proposições em relação ao Filho: “[...] Cremos em
um só Senhor, Jesus Cristo, Filho de Deus, gerado do Pai, único gerado, isto é, da
substância do Pai, Deus de Deus, luz da luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro,
gerado, não criado, consubstancial ao Pai, por quem tudo foi feito, o que está no céu
e o que está na terra...”
A primeira proposição em relação ao Filho diz “Isto é da substância do Pai”,
a pretensão portanto é esclarecer que o Filho é verdadeiramente gerado do Pai,
tendo ambos a mesma natureza, e o primeiro tem sua origem no último. A Escritura
fornece abundantes testemunhos em relação à consubstancialidade do Pai com o
Filho, especialmente o Evangelho de João, em que frases como “Eu e o Pai somos
um”; “Quem me vê, vê o Pai”; “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus,
e o Verbo era Deus” são bases para o assentimento dado pelos padres conciliares e
Niceia.

Já a segunda proposição diz “Gerado, não criado”. A escolha desse termo


“gerado” reforça a linguagem utilizada pelas Sagradas Escrituras, que fala da
geração do Verbo. O termo criação não ficaria bem, uma vez que um ser criado por
Deus é diferente daquele que o criou, dessemelhante n que se refere à identidade e
à substância, diferente do ser gerado, que é produzido conforme a mesma
identidade e substância.

Assim, este Concílio teve muita relevância porque abriu um precedente para
os concílios posteriores, uma vez que representou a primeira discussão técnica
acerca de aspectos da cristologia com a elaboração de esmerados artigos que
dirimiram dúvidas e heresias acerca da divindade do Filho. Portanto, houve uma
defesa do depósito da fé transmitido até então, em que sempre se afirmou que
Jesus Cristo era Deus, vide o testemunho das Escrituras e da Tradição Apostólica.

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