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Bruna Ramos, Laura Sanches do Carmo, Maurício Miguel de Morais e Pedro Teixeira.

Questão 1: Antônio, de 40 anos, Celso, de 38 anos e Cleomar, de 20 anos, combinaram


previamente de realizar um assalto a um ônibus rodoviário, visando subtrair dinheiro e
os pertences dos passageiros. Ficaram à espreita num ponto deserto da rodovia,
impedindo a passagem, e quando o ônibus passou pelo local, Antônio e Celso
abordaram repentinamente com armas de fogo, entraram no ônibus, e empunhando as
armas saquearam cada um dos passageiros, levando todos seus pertences e o dinheiro
que tinham. Enquanto isso, Cleomar ficou do lado de fora do ônibus, dentro do carro,
dando cobertura. Assim, que Antônio e Celso saíram do ônibus carregando o produto da
ação criminosa, entraram no carro dirigido por Cleomar e empreenderam fuga. Um
passageiro, discretamente filmou a ação criminosa, e entregou para a polícia o vídeo,
que permitiu a identificação dos criminosos, que foram encontrados dia após, mas o
dinheiro e os pertences roubados não foram encontrados, pois, afirmaram que usaram o
dinheiro para pagar dívidas de jogo, pois estavam recebendo ameaça de uma
organização criminosa. Antônio e Celso confessaram e Cleomar negou a participação,
mas o motorista do ônibus reconheceu o mesmo como participante da ação criminosa.
Antônio era reincidente pela prática de roubo, Celso era primário de maus antecedentes,
pois tinha histórico de violência doméstica contra sua esposa, e Cleomar não tinha
antecedentes criminais. Os três tinham residências fixas, mas estavam desempregos, e
tinham o hábito de jogavam compulsivamente em cassinos clandestinos, e, por isso,
estavam endividados. Os três foram denunciados e processados conjuntamente e
condenados pela prática criminosas. Como juiz do caso, tipifique o crime, calcule a
pena de acordo com o sistema trifásico de dosimetria penal e aplique o regime inicial de
cumprimento de pena.

- Antônio; Art.157 (roubo) = tipo do crime


1 Fase (Pena Base)
Roubo com arma de fogo= 1/8
Desemprego+ vicio em jogo=1/8
Crime premeditado= 1/8
Pena mínima de 4 anos+ 1/8 de 4(3x) = 5,5 anos de pena base
2 Fase (Agravantes e Atenuantes)
Agravantes
Art. 61, II b= 1/6
Art. 62 (Concurso de pessoas) = 1/6
Art. 63 (Reincidência) = 1/6
5,5+ 1/6 de 5,5 (3x) = 8,25 anos
Atenuantes
Art. 65 (Confissão) = 1/6
8,25- 1/6= 6,875 anos
Art. 65 (Confissão) = 1/6
8,25-1/6 de 8,25= 6,875 anos
3 Fase (Causas de diminuição e aumento)
Art. 157 Violência com grave ameaça e uso de arma de jogo = 2/3
6,875+2/3 de 6,875= 11,4582
A pena de Antônio é de 11 anos, 5 meses e 14 dias em regime fechado.

-Celso; Art.157 (roubo) = tipo do crime


1 Fase (Pena Base)
Roubo com arma de fogo= 1/8
Desemprego+ vicio em jogo=1/8
Crime premeditado= 1/8
Antecedente = 1/8
Pena mínima (4 anos)
4 anos + 1/8 de 4(4x) = 4+2= 6 anos de pena base
2 Fase (Agravantes e Atenuantes)
Agravantes
Art. 61, II b= 1/6
Art. 62 (Concurso de pessoas) = 1/6
6+1/6 de 6 (2x) = 8 anos
Atenuantes
Art. 65 (Confissão) = 1/6
8- 1/6 de 8= 6,6 anos
3 Fase (Causas de diminuição e aumento)
Art. 157 Violência com grave ameaça e uso de arma de jogo = 2/3
6,6 + 2/3= 11 anos
A pena de Celso é de 11 anos em regime fechado inicialmente.
- Cleomar; Art.157 (roubo) = tipo do crime
1 Fase (Pena Base)
Desemprego+ vicio em jogo=1/8
Crime premeditado= 1/8
Ficou no carro acobertando= 1/8
Pena mínima 4 anos
4anos + 1/8 de 4(3x) = 5,5 anos de pena base
2 Fase (Agravantes e Atenuantes)
Agravantes
Art. 61, II b= 1/6
Art. 62, I = 1/6
5,5+1/6 de 5,5(2x) = 7,3 anos
Atenuantes
Art. 65, I (Menoridade relativa) = 1/6
7,3- 1/6de 7,3= 6,083 anos
3 Fase (Causas de diminuição e aumento)
Art. 29 (participe)= 1/3 a 1/6
A função de Cleomar de “dar fuga” aos outros dois foi cumprida com êxito, tanto que
os pertences das vítimas nunca foram recuperados graças ao sucesso da fuga
dos participantes, por isso entendemos cabível a fração de 1/6, a fim de maximizar a
pena do indivíduo.
6,083-1/6 de 6,083= 6,083- 2,027= 5,069
A pena de Cleomar é de 5 anos e 24 dias, em regime semiaberto
2 - Antônio, com 20 anos de idade, foi acusado no processo criminal pela conduta de
perseguir Aline, com 22 anos de idade, reiteradamente. Foi apurado pelas provas
constantes dos autos que o acusado era um indivíduo ocioso, que não gostava de
trabalhar e vivia às custas de sua mãe aposentada, fazendo pequenos trabalhos
esporádicos. Comumente frequentava bares e consumia bebidas alcoólicas, mas não
tinha antecedentes criminais. As testemunhas que conviviam com ele afirmaram que
não era violento e não tinham notícias de envolvimento em brigas ou confusões.
Também, foi apurado que a Aline era ex-namorada do réu, mas há mais de seis meses
eles teriam rompido o relacionamento. Narra à denúncia que esse fato não foi aceito por
Antônio, que sempre vivia atrás da vítima tentando reatar o namoro, de forma incisiva,
com o envio de mensagens por e-mails e WhatsApp, com ligações a todo instante
importunando a vítima e ameaçando sua integridade psicológica, seguindo a vítima
pelos locais onde ela frequentava, e perturbando sua esfera de privacidade. No dia 25 de
maio de 2022, em torno das 18 horas, Antônio, tomado por uma crise de ciúmes, por ter
ficado sabendo que Aline estava se relacionando com outro rapaz, abordou a vítima ao
sair do trabalho, e a força, coloco-a no seu carro e a levou para sua casa com a intenção
de mantê-la em cárcere privado, pois não admitia a possibilidade de sua ex-namorada se
relacionar com outra pessoa. A vítima foi mantida por 20 dias trancada no porão da casa
de António, até que no dia 15 de junho de 2002, por uma denúncia anônima, a polícia
invadiu o cativeiro e libertou a vítima, mas o agente não foi encontrado no local. Depois
Antônio procurou a autoridade policial e confessou a sua conduta criminosa. Nesse
período, Antônio não agrediu e em nenhum momento abusou da vítima ou faltou com
os cuidados necessários. A vítima não apresentou nenhuma lesão ou problemas de saúde
em razão do cárcere privado. O agente em seu depoimento disse amar demais a vítima e
que não poderia viver sem ela, mas que jamais faria qualquer coisa para prejudicar sua
vida ou sua saúde. Provado o fato e autoria do crime, você como juiz do processo penal
deve tipificar a conduta criminosa de Antônio. Calcule a pena do condenado de forma
motivada, utilizando o Sistema Trifásico de dosimetria, estabelecendo o regime inicial
de cumprimento da pena

RESPOSTA:
Procedimento na fixação da pena-base. De acordo com o caso, afirma-se o crime de
Perseguição com base no artigo 147-A, do Código Penal, e o crime de Sequestro e
Cárcere Privado conforme o artigo 148, II, do Código Penal. Dessa forma, aduz
concurso material heterogêneo, ou seja, o réu praticou mais de um delito, sendo estes
diferentes.
Primeira fase da dosimetria penal, deve-se considerar as circunstâncias judiciais
presentes no artigo 59, do Código Penal, para fixar a pena-base. Expõe-se os seguintes
critérios:

1 – Culpabilidade: desfavorável, conduta altamente reprovável.


2 - Antecedentes: bons antecedentes.
* Reincidência: não possui, é réu primário.
3 – Conduta Social: desfavorável; agente ocioso, vivia às custas da mãe aposentada e,
frequentemente, consumia bebidas alcoólicas.
4 – Personalidade do agente: favorável, segundo as testemunhas o réu não apresentava
grau elevado de periculosidade.
5 – Motivos do crime, raramente é levado em consideração na primeira fase, pois,
comumente, configura-se como qualificadora, causa de aumento ou diminuição de pena
ou, ainda, agravante ou atenuante genérica, como é o caso supracitado:
* Desfavorável
* Rompimento do namoro entre a vítima e o réu, há mais de 6 meses, não foi aceito
pelo réu.
6 – Circunstâncias do crime, aplicar-se-á na segunda fase.
* Desfavorável
* Perseguição, artigo 147-A, do Código Penal.
* Motivo fútil ou torpe, artigo 61, II, a.
6 – Consequências do crime: o caso supracitado não discorre sobre as consequências,
logo, é neutro.
7 – Comportamento da vítima: não é exposta (neutro).
Há dois pontos favoráveis, três desfavoráveis e dois nulos.
Art. 147-A, do CP, pena: reclusão de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.
Termo de oscilação máxima: 24 meses – 6 meses = 18 meses.
Valor de cada circunstância negativa, 1/8 do termo de oscilação: 1/8 de 18 meses, igual
a 2,25 meses.
1 mês ------------------- 30 dias 1 dia ----------------------- 24 horas
0,25 --------------------- X 0,5 dias ------------------- X
0,25 meses = 7,5 dias 0,5 dias = 12 horas
VALOR DE CADA CIRCUNSTÂNCIA NEGATIVA: 2 meses, 7 dias e 12 horas a ser
somadas.
Tem-se três circunstâncias desfavoráveis: 2,25 x 3 = 6,75 meses. Ou seja, 6 meses, 22
dias e 12 horas.
1 mês -------------------- 30 dias 1 dia ------------------ 24 horas
0,75 ---------------------- x 0,5 ------------------- X
0,75 meses = 22,5 dias 0,5 horas = 12 horas

Conforme entendimento jurisprudencial, deve-se partir da pena mínima cominada.


Sendo assim, soma-se 6 meses com 6 meses, 22 dias e 12 horas, ou seja, a pena-base é
de 12 meses, 22 dias e 12 horas.

Segunda fase da Dosimetria da Pena:


Pena-base: 12 meses, 22 dias e 12 horas.
Atenuantes: Antônio, menor de 21 anos, tem direito à redução da pena em 1/6 com base
no art. 65, I, do Código Penal.
Agravantes: Agrava-se a pena do réu com base no art. 61, II, a, pois é motivo torpe, isto
é, aumenta-se em 1/6.
12 meses, 22 dias e 12 horas = 9.300 horas
1/6 de 9.300 horas = 1.500 horas
Ou seja, 62 dias e 12 horas.
No caso citado, como há uma agravante e uma atenuante, anula-se as duas, ou seja,
mantêm-se a pena em 12 meses, 22 dias e 12 horas.

Terceira fase da Dosimetria da Pena:


Resultado da segunda fase: 12 meses, 22 dias e 12 horas ou 9.300 horas.
Em análise ao art. 147-A, não há causas especiais de diminuição ou aumento da pena.
Antônio é réu primário, aplicar-se-á uma pena privativa de liberdade de 12 meses, 22
dias e 12 horas em regime aberto.

Procedimento na fixação da pena-base: Sequestro e cárcere privado, art. 148, § 1º, III,
do Código Penal; Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos. Crime durou mais que
15 dias, logo, fundamenta-se a aplicação do inciso citado.
Primeira fase da dosimetria da pena:
1 – Culpabilidade: conduta reprovável
2 – Antecedentes: bons antecedentes (favorável)
Não é reincidente (réu primário)
3 – Conduta social: reprovável (agente ocioso, vivia às custas da mãe aposentada e,
frequentemente, consumia bebidas alcoólicas).
4 – Personalidade do agente: favorável, segundo as testemunhas.
5 – Motivos do crime: desfavorável (crise de ciúmes; não aceitava que a vítima se
relacionasse com outras pessoas)
6 - Circunstâncias do crime: Favorável (não abusou da vítima; não a agrediu; não faltou
com os cuidados necessários)
7 – Consequências do crime: nulo, o texto não as menciona.
8 – Comportamento da vítima: nulo, não há menção no caso supracitado.
Há três pontos desfavoráveis, três favoráveis e dois pontos nulos
Termo de oscilação máxima: 5 anos – 2 anos = 3 anos
Anula-se os pontos desfavoráveis e os favoráveis, pois há três de cada. Dessa forma,
tem-se uma pena-base de 2 anos.

Segunda fase da Dosimetria da Pena:


Resultado da primeira fase: 2 anos
Atenuantes:
* Agente menor de 21 anos (art. 65, I, do CP)
* Confessou o crime (art. 65, III, d, do CP)
Agravantes:
* Motivo torpe (art. 61, II, a)

Valor de cada atenuante/agravante: 1/6 de 2 anos. Para facilitar o cálculo, transforma-se


os 2 anos em 24 meses, ou seja, 1/6 de 24 meses, resultando em 4 meses.

Cálculo das atenuantes: 4 meses x 2 atenuantes = 8 meses. 24 meses – 8 meses = 16


meses.
Dessa forma, diminui-se a pena em 8 meses, dá-se o montante em 16 meses
Cálculo das agravantes: 4 meses x 1 agravante = 4 meses. 4 meses + 16 meses = 20
meses.

Ao final da segunda fase, conclui-se uma pena em 20 meses.

Terceira fase da Dosimetria Penal:


Evidencia-se que não há causas de aumento ou de diminuição de pena. É mantido,
portanto, o montante estabelecido na segunda fase: 20 meses.

RESPOSTA FINAL:
Na ótica do art. 69, do Código Penal, Antônio, réu, está diante de um concurso material
heterogêneo, isto é, praticou mais de um delito com ações e resultados diferentes.
Ademais, conforme o dispositivo citado, deve-se somar o montante das penas, ou seja,
12 meses, 22 dias e 12 horas (primeiro delito), somados a 20 meses (segundo delito),
resultando em 32 meses, 22 dias e 12 horas. Assim sendo, aduz uma pena privativa de
liberdade com reclusão em 2 anos, 8 meses, 22 dias e 12 horas, iniciada em regime
aberto, pois, como é confirmado, o réu não é reincidente.

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