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TCC - II Repositório
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Resumo
Abstract
The present work aims to demonstrate the sexual violence suffered by children and
adolescents within the family and in the society that currently becomes more frequent
in the world. What guarantees and rights these victims acquire under Brazilian law.
How the power of the family can intervene so that this situation does not happen, as
well as identifying the victim and, thus, starting the investigation process. The issue
of punishment of the aggressor, as defined in the Penal Code, will be addressed.
Key-words: Sexual Violence. Children and adolescentes. Brazilian Legislation.
Pedophilia.
1. INTRODUÇÃO
O presente artigo é um estudo sobre o assunto de abuso sexual contra
crianças e adolescentes no âmbito intrafamiliar, na sociedade e a intervenção da
legislação brasileira. A metodologia utilizada para a elaboração deste estudo foi a
análise bibliográfica, artigos científicos, legislação pertinente e notícias sobre o tema.
Ainda, será abordado um estudo acerca do abuso sexual que ocorre no seio
da família, o que gera muita insegurança para a vítima que se mantêm silente seja
pela coação do agente ou até mesmo do medo de não ser compreendida, afinal,
aquele ambiente deveria ser de cuidado e confiança. A violência sexual intrafamiliar
ocorre de diferentes formas, seja pelos pais, padrastos, madrasta, irmãos, tios(as),
avós ou primos(as).
2. DO CONCEITO DE CRIANÇA
2.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA
Na Idade Média, entre os séculos XIV e XV, o conceito de criança não era
definido e a infância era caracterizada pelas atitudes infantis dos indivíduos até os
sete anos de idade.
1
ARIÈS, Philippe. História social da criança e da família. Rio de Janeiro: LTC, 2006, p. 06
sua mãe, ingressava na sociedade dos adultos e não se distinguia mais destes”2.
Essa fase foi classificada por Franco Frabboni por Infância Negada.3
Portanto, conforme Lucimary Andrade, o século XVI e XVII foi marcado por
relacionar-se:
2
Ibid., p. 156
3
FRABBONI, op.cit.
4
ARIÈS, Id. 1979, p. 14
5
NETO, Elydio dos Santos. SILVA, Marta Regina Paulo da. Quebrando as armadilhas da adultez: o
papel da infância na formação das educadoras e educadores. UMESP: 2007
6
PAULA, Elaine de. Crianças e Infâncias: Universos a Desvendar. Programa de Mestrado em
Educação da UFSC. I semestre de 2005. p.1-3. Disponível em: www.scielo.br
7
SCHMIDT, Maria Auxiliadora Moreira dos Santos. Infância Sol do Mundo: a primeira conferência
nacional de educação e a construção da infância brasileira. 1997. p. 28
8
ANDRADE, Lucimary Bernabé Pedrosa de. Educação Infantil: discurso, legislação e práticas
institucionais. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2010. p. 128
trabalhavam nas indústrias, as crianças privilegiadas e ricas iam para as escolas,
porém; as crianças pobres deveriam ir trabalhar juntamente com seus pais.9 Isso
porque, a esfera nobre não entendia ser vantajoso para a sociedade a educação de
crianças pobres, bastando, para elas, uma educação da ocupação e da piedade.10
Nos séculos XVIII e XIX, as crianças sofriam a rigidez dos adultos, sendo
retiradas do convívio social e alocadas em colégios internos (aquelas que podiam ter
educação), sendo estas instituições de educação destacadas por correções físicas e
maus tratos. Mediante este ponto de vista, Ariès destaca que “a escola confinou uma
infância outrora livre num regime disciplinar cada vez mais rigoroso que nos séculos
XVIII e XIX resultou no enclausuramento total do internato”.11
Essa fase é denominada por Frabboni como Infância de Direitos, pois foi, a
partir deste ponto, que a sociedade começou, progressivamente, a compreender
como a infância é importante para o bom desenvolvimento do ser humano, que será
refletido em uma fase adulta mais saudável e com um tempo relativamente maior de
vida.13
9
FRABBONI, 1998, passim.
10
OLIVEIRA, Zilma Ramos de (org.). Educação infantil: muitos olhares. 2. ed. São Paulo: Cortez,
1995
11
ARIÈS, 2006, passim
12
PRIORE, Mary Del. História das Crianças no Brasil. 7. ed. São Paulo: Contexto, 2013. p. 9-10
13
FRABBONI, 1998, passim.
Nota-se que o conceito de criança foi construído ao longo do tempo. De
acordo com as pesquisas realizadas por Ângela Andrade a discussão sobre o
conceito de criança indica que elas foram tratadas como um ser que ainda não é um
sujeito de direitos, pensamentos e sentimentos próprios, mas, ao se tornarem
adultos passaram a ser reconhecidos, sendo, no entanto, apenas uma extensão de
seus pais. Destaca ainda, que na sociedade atual observa-se que "a infância como
realidade social, tem frequentemente permanecida afastada e excluída das reflexões
sobre problemas sociais e qualidade de vida", isso porque "a moratória infantil (o
ainda não) faz com que a criança esteja sempre em lugar de objeto em um processo
macrossocial encaminhado a uma futura sociedade ideal".14
Conceber a criança como ser social que ela é, significa: considerar que ela
tem uma história, que pertence a uma classe social determinada, que
estabelece relações definidas segundo um contexto de origem, que
apresenta uma linguagem decorrente dessas relações sociais e culturais
estabelecidas, que ocupa um espaço que não é só geográfico, mas que
também dá valor, ou seja, ela é valorizada de acordo com os padrões de
14
ANDRADE, Ângela Nobre de. A criança na sociedade contemporânea: do "ainda não" ao cidadão
em exercício. Psicologia Reflexão Crítica vol n.1 Porto Alegre 1998. Disponível em: www.scielo.br
15
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Diretrizes Curriculares Nacionais Para A Educação Infantil. 2010.
Disponível em: http://www.uac.ufscar.br/domumentos-1/diretrizescurriculares_2012.pdf.
16
MAIA, Janaina Nogueira. Concepções de criança, infância e educação dos professores de
Educação Infantil. Campo Grande, 2012. p. 135
seu contexto familiar e de acordo com a sua própria inserção nesse
17
contexto.
A violência sexual, seja contra qual indivíduo for, é uma das formas mais
cruéis de violência que pode existir. No que tange ao cometimento deste crime
contra criança e adolescente, torna-se ainda mais perverso, por violar um bem
jurídico muito importante que é a dignidade humana e sexual, bem como sua
intimidade, sobretudo por se tratar de indivíduos em formação.
17
KRAMER, Sônia. A infância e sua singularidade. In: BRASIL. Ministério da Educação. Ensino
fundamental de nove anos: orientações para a inclusão da criança de 6 anos de idade. Brasília, DF,
2006. p. 79
18
GUIMARÃES, José Geraldo M. Referencial curricular Nacional para a Educação Infantil: alguns
comentários. In: __Pedagogia Cidadã: cadernos de educação infantil. São Paulo: UNESP, Pró-reitoria
de graduação, 2003. p. 27
19
FARIA, Ana Lúcia Goulart de; DEMARTINI, Zeila de B. F; PRADO, Patrícia Dias. Por uma Cultura
da Infância: Metodologias de pesquisa com crianças. São Paulo. Autores Associados, 2002. p. 8
20
FRANCO, Márcia Elizabete Wilke. Compreendendo a Infância. A cumplicidade da escola com o
conceito de infância. In.: Compreendendo a infância como condição de criança. 2 ed. Porto Alegre:
Editora Mediação, 2006
3.1 Conceito da Violência no Âmbito Intrafamiliar
o abuso sexual supõe uma disfunção em três níveis: do poder exercido pelo
grande (forte) sobre o pequeno (fraco); a confiança que o pequeno
(dependente) tem no grande (protetor); e o uso delinquente da sexualidade,
ou seja, o atentado ao direito que todo indivíduo tem de propriedade sobre
23
seu corpo.
Faleiros dispõe que "a violência sexual na família é uma violação ao direito a
uma convivência familiar protetora”.24 Ainda, em entendimento jurisprudencial, o
relator Marcus Basílio citou Nucci sobre a matéria que versa sobre o abuso sexual
no âmbito intrafamiliar e como isso pode afetar a criança ou adolescente de uma
forma permanente. 25
21
SECRETARIA DA EDUCAÇÃO. Violência Sexual Contra Crianças e Adolescentes.
22
GAUDERER, EC., MORGADO, K. Abuso sexual na criança e no adolescente. Jornal de Pediatria,
vol. 68 (7,8), 1992
23
GABEL, Marceline (Org). Crianças vítimas de abuso sexual. Tradução de Sônia Goldfeder. São
Paulo: Summus, 1997
24
FALEIROS, Vicente de Paula e SILVEIRA, Eva Teresinha (Coords.). Circuitos e curtocircuitos:
atendimento, defesa e responsabilização do abuso sexual contra crianças e adolescentes. São Paulo:
Veras, 2001
25
BRASIL. TJRJ AP 0009186-56.2012.8.19.0023/RJ. Rel. Marcus Basílio, Primeira Câmara Criminal.
DJe: 24/04/2013.
criança, que ainda se apresenta como indivíduo em formação, gerando
26
sequelas por toda a vida.
Nesta feita, o abuso sexual intrafamiliar gera inúmeros danos tanto a criança
quanto ao adolescente, pois além do trauma gerado pela violação da integridade
física e sexual, acarreta um grande trauma para o desenvolvimento psicológico da
vítima.
26
NUCCI, Guilherme de Souza. Crimes contra a dignidade sexual. 5. ed., atual e ampl. Rio de
Janeiro: Forense, 2014, p. 142
27
DICIONÁRIO ONLINE DE PORTUGUÊS. Significado de Incesto.
28
COHEN, C. O incesto. In ___. AZEVEDO, L. A.; GUERRA, V. N. A (orgs.). Infância e violência
doméstica: fronteiras do conhecimento. 4ª ed. São Paulo: Cortez, 2005. p. 211-225
29
FORWARD, Susan; BUCK, Craig. A traição da inocência: o incesto e sua devastação. Tradução de
Sérgio Flaksman. Rio de Janeiro: Rocco, 1989
No verdadeiro incesto, já que duas vontades se somam para a realização
de atos amorosos, não se violam direitos. No abuso sexual incestuoso, ao
contrário, existe sempre o desrespeito, a desconsideração, a violação de
direitos, enfim, a violência em suas várias formas de manifestação concreta.
A atitude do agressor sexual visa ao seu próprio benefício, ao seu conforto,
30
à satisfação de seus desejos sexuais e ou de poder.
30
SAFIOTTI, Heleieth. I. B. Incesto e abuso incestuoso. In Associação Brasileira de Magistrados e
Promotores de Justiça da Infância e Juventude. Acervo Direitos da Criança e do Adolescente
31
FORWARD, Susan; BUCK, Craig, 1989, passim.
32
MINISTÉRIO DOS DIREITOS HUMANOS. Violência contra Crianças e Adolescentes: Análise de
Cenários e Propostas de Políticas Públicas
indivíduo.33 Como demonstrado, a violência contra criança e adolescente se dá
através de uma demonstração de poder e força do agressor sobre a vítima.34
4.2 Pedofilia
33
MINAYO, M.C. S. Violência: um problema para a saúde dos Brasileiros. IN: Impactos da Violência
na Vida dos Brasileiros. Ministério da Saúde / Secretaria de Vigilância em Saúde. Brasília-DF. 2005
34
FALEIROS, V.P; FALEIROS, E.S. Escola que Protege: enfrentando a violência contra crianças e
adolescentes. Coleção Educação para Todos:31. MEC/SECADI. Brasília DF. 2007
35
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Art. 227
36
MINISTÉRIO DOS DIREITOS HUMANOS. Violência contra Crianças e Adolescentes: Análise de
Cenários e Propostas de Políticas Públicas, passim
37
WILLIAMS, Lúcia C. Albuquerque. Pedofilia: identificar e prevenir. São Paulo; Ed. Brasiliense, 2012
sendo “caracterizado por fantasias, desejos ou comportamentos sexualmente
excitantes, recorrentes e intensos envolvendo crianças”.38
38
BROWN, George R. Pedofilia (Pedophilic Disorder). 2019
39
SERAFIM, Antonio. Perfil psicológico e comportamental de agressores sexuais de crianças. Rev.
psiquiatr. clín. vol.36 no.3 São Paulo 2009
40
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos
mentais: DSM-IV-TR. 4. ed. texto rev. Porto Alegre, RS: Artmed, 2002
41
SANDERSON, Cristiane. Abuso Sexual em Crianças: Fortalecendo Pais e Professores Para
Proteger Crianças de Abusos Sexuais. São Paulo, M. Books do Brasil, 2005
42
CASOY, Ilana. Serial Killers: louco ou cruel? Rio de Janeiro. Ed. Darkside Books, 2014
Assim, nota-se que a pedofilia em si, quanto conceito parafílico, não é
considerado crime no Brasil, passando a ser crime a partir do momento em que o
pedófilo age, ultrapassando a linha do pensamento para as vias de fato, como por
exemplo pela violação sexual ou pornografia infantil.
Neste sentido, Nucci afirma que a dignidade sexual está diretamente ligada a
autoestima e a intimidade do ser humano e a intromissão estatal neste contexto,
deverá ocorrer apenas para zelar e coibir atuações violentas e agressivas à
formação de crianças e jovens.44 Ressalta ainda que:
43
CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal – parte especial 16ª ed. Vol.3. São Paulo: Saraiva. 2016
44
NUCCI, Guilherme de Souza. Código Penal Comentado. 11. ed. rev., atual e ampl. São Paulo.
Editora Revista dos Tribunais, 2012
45
NUCCI, Guilherme de Souza. Crimes contra a dignidade sexual. 5. ed., atual e ampl. Rio de
Janeiro: Forense, 2014
quais sejam, menores de 14 anos. A pena do agente varia de 8 a 30 anos de
reclusão, a depender do resultado gerado.46
46
BRASIL. Código Penal. Art. 217-A
47
CAPEZ, 2016, passim
48
BRASIL. Código Penal. Art. 218-A
49
Ibid., Art. 218
50
Ibid., Art. 218-B
resultado;51 art. 215 (violação sexual mediante fraude) punido com reclusão de 2 a 6
anos52 e; 215-A (importunação sexual) punido com reclusão de 1 a 5 anos, todos do
Código Penal.53
51
Ibid., Art. 213
52
Ibid., Art. 215
53
Ibid., Art. 215-A
54
MINISTÉRIO DOS DIREITOS HUMANOS. Violência contra Crianças e Adolescentes: Análise de
Cenários e Propostas de Políticas Públicas, passim.
55
BRASIL. Lei nº 8.069 de 13 de julho de 1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente. Art. 4º
56
Ibid., Art. 5º
57
Ibid., Art. 2º
I – no exercício de cargo ou função pública ou a pretexto de exercê-la;
II – prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de
hospitalidade; ou
III – prevalecendo-se de relações de parentesco consanguíneo ou afim até
o terceiro grau, ou por adoção, de tutor, curador, preceptor, empregador da
vítima ou de quem, a qualquer outro título, tenha autoridade sobre ela, ou
58
com seu consentimento
Vale destacar que o artigo 244-A do ECA65, assim como o artigo 218-B do
Código Penal66, versam sobre a criminalização da prostituição ou à exploração
sexual de crianças e adolescentes.
58
Ibid., Art. 240
59
Ibid., Art. 241
60
BRASIL. Lei nº 8.069 de 13 de julho de 1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente. Art. 241-A
61
Ibid., Art. 241-B
62
Ibid., Art. 241-C
63
Ibid., Art. 241-D
64
Ibid., Art. 241-E
65
Ibid., Art. 244-A
66
BRASIL. Código Penal. Art. 218-B
Assim, diante do exposto, nota-se a extrema importância da constituição do
ECA para a proteção da criança e do adolescente, sobretudo a sua dignidade
sexual.
67
BRASIL. Lei nº 8.069 de 13 de julho de 1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente. Art. 131
68
BRASIL. Lei nº 8.069 de 13 de julho de 1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente. Art. 13
69
Ibid., Art. 56, I
70
Ibid., Art. 70
71
Ibid., Art. 71
72
Ibid., Art.94-A
73
Ibid., Art. 136
II - atender e aconselhar os pais ou responsável, aplicando as medidas
previstas no art. 129, I a VII;
III - promover a execução de suas decisões, podendo para tanto:
a) requisitar serviços públicos nas áreas de saúde, educação, serviço social,
previdência, trabalho e segurança;
b) representar junto à autoridade judiciária nos casos de descumprimento
injustificado de suas deliberações.
IV - encaminhar ao Ministério Público notícia de fato que constitua infração
administrativa ou penal contra os direitos da criança ou adolescente;
V - encaminhar à autoridade judiciária os casos de sua competência;
VI - providenciar a medida estabelecida pela autoridade judiciária, dentre as
previstas no art. 101, de I a VI, para o adolescente autor de ato infracional;
VII - expedir notificações;
VIII - requisitar certidões de nascimento e de óbito de criança ou
adolescente quando necessário;
IX - assessorar o Poder Executivo local na elaboração da proposta
orçamentária para planos e programas de atendimento dos direitos da
criança e do adolescente;
X - representar, em nome da pessoa e da família, contra a violação dos
direitos previstos no art. 220, § 3º, inciso II, da Constituição Federal ;
XI - representar ao Ministério Público para efeito das ações de perda ou
suspensão do poder familiar, após esgotadas as possibilidades de
manutenção da criança ou do adolescente junto à família natural.
XII - promover e incentivar, na comunidade e nos grupos profissionais,
ações de divulgação e treinamento para o reconhecimento de sintomas de
maus-tratos em crianças e adolescentes.
Neste sentido, o parágrafo único ainda dispõe que o Conselho Tutelar tem
competência para afastar a criança ou o adolescente do convívio familiar, caso
entenda necessário, comunicando o fato e prestando esclarecimentos ao Ministério
Público.74 Ainda, por ter legitimidade para atuar, os atos do Conselho Tutelar só
poderão ser revistos “pela autoridade judiciária a pedido de quem tenha legítimo
interesse”.75
74
BRASIL. Lei nº 8.069 de 13 de julho de 1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente. Art.136, p.
único
75
Ibid., Art. 137
76
Ibid., Art. 236
77
Ibid., Art. 249
A Convenção sobre os Direitos da Criança foi adotada pela Assembleia Geral
da ONU em 20 de novembro de 1989, sendo um marco na mudança da perspectiva
da criança e do adolescente com um sujeito de direitos. Figueiredo e Novaes
apontam que:
sua proclamação foi tida como responsável pela mudança de paradigma na
normativa jurídica internacional, que evolui para a Doutrina da Proteção
Integral, na qual há uma valorização da condição de ser pessoa em
situação peculiar de desenvolvimento, e passa a considerar as crianças e
78
os adolescentes como sujeitos de direitos.
78
FIGUEIREDO, Dalila; NOVAES, Marina M. Aspectos legais do tráfico de crianças e adolescentes
para fins de exploração sexual: apoio, orientação e acompanhamento jurídico. In: PARTNERS OF
THE AMERICA. Programa de Assistência a Crianças e Adolescentes Vítimas de Tráfico para fins de
Exploração Sexual. Sistematização. Coletânea 3: Metodologia. Fortaleza: Expressão Gráfica, s/d., p.
28
79
CONVENÇÃO AMERICANA SOBRE DIREITOS HUMANOS. Pacto São José da Costa Rica. 1969.
80
GOVERNO FEDERAL. Denunciar violação de direitos humanos (Disque 100). 2021
81
GOVERNO FEDERAL. Disque 100 tem mais de 6 mil denúncias de violência sexual contra crianças
e adolescentes em 2021
acadêmicos e sociedade civil enfrentem as violações de direitos humanos
82
de forma direcionada e efetiva.
6. DA FASE DE INVESTIGAÇÃO
6.1 Como identificar uma vítima
86
Ibid., 2011, p. 88
87
Ibid., 2011, p. 89
88
Ibid., 2011, p. 89 - 90
querer participar de atividades físicas; desenvolver tiques motores; começar a
consumir álcool e drogas.89
No antigo Código Civil não era previsto o poder familiar e sim o poder pátrio,
no qual defendia que o poder era exercido pelo pai, podendo até ter o auxílio da
mãe, porém a vontade paterna sempre prevalecia como a mais relevante. A partir do
Código Civil de 2002, mudou-se este conceito para poder de família, que foi
instituído por intermédio do doutrinador Miguel Reale.92
Vale ressaltar que Maria Berenice Dias entende que o poder familiar é
"intransferível, inalienável, imprescritível, e decorre tanto da paternidade natural
como da filiação legal e da socioafetiva. As obrigações que dele fluem são
89
Ibid., 2011, p. 91
90
Ibid., 2011, p. 91
91
VENOSA, Sílvio de Sávio, Direito Civil: Direito de família, 5ª edição, São Paulo, Atlas, 2005, p. 355
92
REALE, Miguel. Visão geral do novo Código Civil. In: TAPAI, Giselle de Melo Braga (Coord.). Novo
código civil brasileiro: lei 10406, de 10 de janeiro de 2002: estudo comparativo com o código civil de
1916, Constituição Federal, legislação codificada e extravagante. 3ª ed. rev. e ampl. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2003, p. 9-19
personalíssimas. Como os pais não podem renunciar aos filhos, os encargos que
derivam da paternidade também não podem ser transferidos ou alienados." 93
Ainda, o Código Civil dispõe que “os filhos estão sujeitos ao poder familiar,
enquanto menores”,95 bem como que “compete a ambos os pais, qualquer que seja
a sua situação conjugal, o pleno exercício do poder familiar”.96
93
DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 9ª ed. rev., atual. e ampl. de acordo com: Lei
12.344/2010 (regime obrigatório de bens): Lei 12.398/2011 (direito de visita dos avós). São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2013
94
BRASIL. Lei nº 8.069 de 13 de julho de 1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente. Art. 21
95
BRASIL. Código Civil. Art. 1.630
96
Ibid., Art. 1.634
97
DINIZ, Maria Helena. Código civil anotado. 16ª ed. São Paulo: Saraiva, 2012
98
BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul – Sétima Câmara Cível/ Apelação
Cível Nº. 70048091979/ Relator Desembargador Jorge Luís Dall'Agnol/ Julgado em 27.06.2012
Outrossim, perderá o poder de família, o pai ou mãe, mediante decisão
judicial,99 que castigar imoderadamente o filho,100 o abandonar,101 praticar atos
contrários à moral e aos bons costumes,102 entregar o filho a terceiros para fins de
adoção irregular.103 Além disso, também incorre nesta perda àquele que praticar,
contra o outro titular do mesmo poder familiar o exposto no artigo 1.638, parágrafo
único,104 veja:
Por fim, o poder de família pode ser extinguido quando ocorrer a morte dos
pais ou do filho,105 pela emancipação do filho,106 quando o mesmo completar a
maioridade,107 pela adoção108 ou por decisão judicial.109 Além disso, o poder de
família será suspenso quando o pai ou a mãe “abusar de sua autoridade, faltando
aos deveres a eles inerentes ou arruinando os bens dos filhos”,110 assim como
àquele genitor que for condenado por sentença irrecorrível, em virtude de crime cuja
pena exceda a dois anos de prisão.111
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
99
BRASIL. Código Civil. Art. 1.638
100
Ibid., Art. 1.638, I
101
Ibid., Art. 1.638, II
102
Ibid., Art. 1.638, III
103
Ibid., Art. 1.638, V
104
Ibid., Art. 1.638, parágrafo único
105
Ibid., Art. 1.635, I
106
Ibid., Art. 1.635, II
107
Ibid., Art. 1.635, III
108
Ibid., Art. 1.635, IV
109
Ibid., Art. 1.635, V
110
Ibid., Art. 1.637
111
Ibid., Art. 1.637, parágrafo único
Tanto a criança quanto o adolescente são sujeitos de direitos e são
influenciáveis pelo meio em que vivem, mas que, em contrapartida, são dotadas de
voz própria e devem ser ouvidas. O processo de socialização destes indivíduos
envolve todos os aspectos de sua infância, influenciando o seu desenvolvimento
pessoal.
O abuso sexual infantil pode ocorrer no âmbito familiar, sendo definido como
o uso da sexualidade da criança ou adolescente por pessoas que mantenham
vínculo de parentesco. Geralmente nestes casos, a vítima se mantém silente, seja
por coação física ou psicológica, que lhe cause medo da rejeição ou da dissolução
familiar, vergonha ou até mesmo por ser seduzida a praticar relações sexuais com
um adulto, sem que tenha capacidade de entender o que realmente está
acontecendo. As mesmas características são encontradas no abuso incestuoso,
entretanto, o laço familiar no incesto é mais estreito, ocorrendo entre pais/mães e
filhos ou entre irmãos, seja consanguíneos ou adotivos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CASOY, Ilana. Serial Killers: louco ou cruel? Rio de Janeiro. Ed. Darkside Books,
2014.
CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal – parte especial 16ª ed. Vol.3. São
Paulo: Saraiva. 2016
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acordo com: Lei 12.344/2010 (regime obrigatório de bens): Lei 12.398/2011 (direito
de visita dos avós). São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013
DINIZ, Maria Helena. Código civil anotado. 16ª ed. São Paulo: Saraiva, 2012
FARIA, Ana Lúcia Goulart de; DEMARTINI, Zeila de B. F; PRADO, Patrícia Dias. Por
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Autores Associados, 2002.
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e adolescentes para fins de exploração sexual: apoio, orientação e
acompanhamento jurídico. In: PARTNERS OF THE AMERICA. Programa de
Assistência a Crianças e Adolescentes Vítimas de Tráfico para fins de Exploração
Sexual. Sistematização. Coletânea 3: Metodologia. Fortaleza: Expressão Gráfica,
s/d., p. 28.
NETO, Elydio dos Santos. SILVA, Marta Regina Paulo da. Quebrando as
armadilhas da adultez: o papel da infância na formação das educadoras e
educadores. UMESP:2007
NUCCI, Guilherme de Souza. Código Penal Comentado. 11. ed. rev., atual e ampl.
São Paulo. Editora Revista dos Tribunais, 2012.
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PRIORE, Mary Del. História das Crianças no Brasil. 7. ed. São Paulo: Contexto,
2013.
REALE, Miguel. Visão geral do novo Código Civil. In: TAPAI, Giselle de Melo Braga
(Coord.). Novo código civil brasileiro: lei 10406, de 10 de janeiro de 2002: estudo
comparativo com o código civil de 1916, Constituição Federal, legislação codificada
e extravagante. 3ª ed. rev. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2003, p. 9-19.