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Faculdade de Engenharia - Licenciatura em Engenharia Civil

AULA 4
Materiais de Construção I

Capítulo Aula 4
II – Componentes do Betão  Determinações necessárias dos inertes para o cálculo da
composição do betão:
— Massa volúmica;
— Porosidade e absorção;
— Humidade;
— Baridade e volume de vazios;
— Correcção das amassaduras devida à humidade do inerte.

1.1 Determinações necessárias dos inertes para o cálculo da composição do betão

Para a determinação das quantidades dos componentes, em peso por unidade de


volume do betão, é necessário conhecer ainda outras propriedades do inerte que não
servem, geralmente, para apreciação da sua qualidade.

Essas características são:


a) massa volúmica
b) absorção
c) humidade
d) baridade
e) granulometria

— Massa Volúmica

É a relação entre a massa de um corpo e o seu volume.


Aplicada ao inerte refere-se à massa volúmica das partículas individuais, e não a
massa agregada em conjunto.

Materiais de Construção I – Aula 4 1


O inerte para composição do betão não deve estar seco, pois nesta condição os poros
em contacto com o exterior, por meio dos capilares, absorverão água da pasta de cimento,
não contribuindo para suas reacções de hidratação, alterando ao mesmo tempo a
trabalhabilidade.
Para que o inerte não aumente nem absorva a água da amassadura, deve estar
saturado de água com a sua superfície seca (sem água na sua superfície).

Método de determinação:
1. A amostra do inerte é mergulhada na água por 24 horas, saturada;
2. Retiram-se da água e secam-se as superfícies, uma a uma, enxugando-se com
pano seco. Determina-se a sua massa, p1;
3. Colocam-se, logo em seguida, num recipiente cilíndrico de rede de arame de
malha inferior a 5 mm com cerca de 20 cm de altura, determinando-se a massa da
amostra do inerte saturado dentro da água, p2;
4. O inerte é depois seco em estufa, a 105 oC, até a massa constante, p3.

p1
A massa volúmica das partículas saturadas com superfície seca é:
p1  p2

p3
A massa volúmica das partículas secas é:
p1  p2
p3
A massa volúmica do material impermeável das partículas é:
p3  p2

O método anterior não é aplicável para areia, recorre-se então a outro:


1. A amostra da areia é saturada por imersão em água, em camada delgada e
agitação frequente para desprender as bolhas;
2. Seca-se a superfície das partículas dispondo-as em camada pouco espessa
sujeitas a aquecimento lento até notar-se uma mudança de cor dessas
partículas, determinando-se a massa, p1.
Seja: p1 — massa da amostra saturada com superfície seca;
P3 — massa da amostra seca a 105 oC até massa constante;
m1 – massa do frasco cheio de água;
m2 – massa do frasco com amostra saturada e cheio de água,

Materiais de Construção I – Aula 4 2


p1
A massa volúmica das partículas saturadas com superfície seca é:
p1  m1  m2

p3
A massa volúmica das partículas secas é:
p1  m1  m2
p3
A massa volúmica do material impermeável das partículas é:
p3  m1  m2
Em resumo, o volume do inerte que há necessidade de usar na tecnologia do betão
Pi
é: Vi  , onde δi é a massa do inerte saturado com superfície seca (em Kg/l) e Pi é a sua
i
massa.

— Absorção

A absorção de água do inerte é determinada a partir da diminuição da massa duma


amostra de inerte saturado de água (superfície seca), seca em estufa a 105 oC, a massa
constante, p1-p3.
A relação entre a perda de massa determinada nestas condições e a massa da
amostra seca, p3, em %, é chamada absorção, A,
p1  p3
A  100
p3
A absorção em algumas rochas pode atingir cerca de 40%.

— Humidade

A água aderente à superfície é expressa em percentagem da massa do inerte


saturado com superfície seca, e é chamada humidade.
O teor total da água do inerte é igual à soma da absorção com a humidade.
A humidade superficial ou livre (isto é, a que excede a aprisionada pelo inerte no
seu interior) deve ser considerada no cálculo das quantidades dos componentes sólidos e
líquidos da amassadura. Como varia de ponto para ponto do depósito, deve ser
determinada durante o fabrico do betão.

Materiais de Construção I – Aula 4 3


Um método muito usado para determinação da humidade é o da determinação da
massa volúmica do inerte húmido, conhecendo previamente a massa volúmica do inerte
saturado com superfície seca.
Usando o picnómetro, sendo: δi – a massa volúmica do inerte saturado com
superfície seca;
p1 – a massa da amostra húmida;
p2 – a massa do picnómetro cheio de água;
p3 – a massa do picnómetro com a amostra e cheio de água,

 p1   1 
o teor de humidade é: H    i   1  100
 p3  p2   i  

O ensaio é lento e requer grande cuidado na execução, pois todo o ar deve ser
expelido da amostra.
No volumétrico de Chapman, uma certa massa (500g), de inerte húmido é
introduzida dentro de um volume de água (200 cm3). A leitura do nível da água (V), no
volumétrico permite determinar a humidade:
500
V  200 
i
H  100
200  500  V
O inerte grosso tem sempre menos humidade do que a areia, e geralmente causa
muito menos dificuldade do que esta.

— Baridade

A massa volúmica refere-se ao volume de uma partícula individual ou, no


conjunto do inerte, a soma dos volumes das partículas.

Como, fisicamente, não é possível arranjar as partículas de modo que não haja
vazios entre elas, este número não serve para determinar o volume do inerte para uma
amassadura.
Quando se mede um volume de uma classe de inerte é necessário conhecer a do
volume de inerte que enche uma medida (ou molde) com um volume unitário.

Materiais de Construção I – Aula 4 4


A massa por unidade de volume aparente duma classe de inerte, chama-se
baridade e serve para converter massas de inerte em volumes de inerte, e reciprocamente.
M
B , onde M - massa do inerte contida no molde (g) e V – o volume do molde;
V
B
O volume de material sólido na unidade de volume do inerte é: S  [Kg/m3], o
i
volume de vazios será: VV  1  S , em m3.
A baridade depende, evidentemente, do modo como as partículas estão arranjadas
no molde, da percentagem que ocorrem as diversas dimensões das partículas e da forma
dessas partículas.

 Correcção das amassaduras devida à humidade dentro delas

A presença de humidade no inerte obriga às seguintes correcções das quantidades de


componentes que entram em uma amassadura:
a) o volume de água contida pelos inertes deve ser diminuído da água adicionada,
isto é, o volume de água a introduzir na amassadura, a’, é:
n
1
a'  a    pi H i
100 i 1

b) a massa do inerte húmido deve ser aumentada da massa correspondente a água


que contém (medição em peso):
 H 
p'  p1  
 100 

c) deve-se determinar a baridade sempre que se faz a medição da humidade,


reduzindo-se sempre esta baridade de inerte húmido ao peso seco e o volume da
areia deve ser corrigido do seu empolamento (medição em volume):
p' M
V  , onde: Bh  h , sendo Mh – a massa do inerte húmido e Vm – o volume do
Bh Vm
molde.

Materiais de Construção I – Aula 4 5


— Granulometria - é a distribuição das percentagens das partículas de determinadas
dimensões que compõem o inerte.

Exemplo de peneiros

Materiais de Construção I – Aula 4 6

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