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ISSN 0102-552K Mauro W Barbosa de Almeida Departamenio de Antopoloia!UNICAMP Femail melmeide@usicanp br “Talal eid en Mariana Ciavatta Pantoja 23nan0es remento de Fionfie, Citecas Soca ¢ Conunicagi Ayrorado yan plc em: Depertamento de Filosefie, Cincits Sociis e Cormurieagio/UPAC. meme Ens ‘maripanioyx@uot.com.br JUSTICA LOCAL NAS RESERVAS EXTRATIVISTAS! 4s ReserasBxuatisas, pair meade a dada de 80 fram props como esas aaa wfuma ara 00 Bash. Ta Hop tumava como last cncre as as ames propia aaa erao eel finns emo undies indias to erin da Une, caja cones de ior dad arias ppl, jmtamente ex a aogesie do ea Fx fp dc «quent da jong diigo cil dees nee, alan rin dons ple eng pam dia fut ences yoplgbes relia. Disuimas aids noid ius bre recurs uta oe es com ‘is remot com bse na epenénadeimplnacio da Reserva Extra, ee cs, epee, do Ako Jura. Talivaschave:sseras ernst, populates tacoma, gesto de ecuses ants LOCAL JUSTICE IN EXTRACTIVE RESERVES AssTRacr Exuacve Resenes since mide of 198, were purposed as artis of doing the Ageren Reform in Bra That purpose had at conttcte bis Family aes, propia to vegeal extraction, a aa idle unt of tetory wae by the Feral Union, whose contesion use was given o popular asecitions with selfmanzgement ofthe tertery. Ths aril discusses the ss ofthe jasice inthe diaibuions of thse social soures, bcusing onthe rier doped by rubber appes to ditibue them among tke pani- ‘ipats ofthe communiter We la ico here notions of Bight oner Natur Reset and over Public Reitree in remote e- ‘pots taking a bas the eapcricnce in implantation of the sence Resrvee of Alo ras [Rey words: exrctive eserves, taitonl poputons, natu esouces management 1 te tero busin nor mrad da penis “Os morndores tdci das areas pee auto {seeschr feeds conservaio! Une epeieca na Reeve Exrativina do Alto fru, Ate, conde {ado or M, Manvela Careive da Guaho, Reith S. Bown Jee Mauro W Bde Alea, descavolvido de199) 31975 com freien da McArhr Foundation, eoméros eae a USE a UNICAME, 0 TAA © Asoxacio des Setagudis ¢Ageculores ds Reserva Eavatvita do Ao Jud (ASARE” ‘A)- Or dads via Je ends ede aseseria realzalos yor Mauro Alnid e Natiana Panoja, Fertkipaam tamben da peqese Eliza Loeao da Cosa, Aba Mara, Nava Geil Jahael de ‘Aad, Marsa Batts df Arasj e Alzncre Gaul Una verde inkl do te ft apreseatsda m3 {XX deuno da Awocago Healers de Antopolog, Ursin, 20. Retzas, Campina Grande, vol. 23, n's 01 e 02, p. 27—41, jan fdez. 2004 28, Mauro W. Bartosa de Arete ¢ Mariana Ciavata Panta 1. Intranuigio ‘As Reservas Extrativistas foram propostas entre 1985 ¢ 1986, em reunibes de seringueiros, como uma solugio de reforma agrdria que contemplava grandes 4reas familiares apropriadas para a extragio vegetal, com unidade indivi- s1 do teritério através da propriedade da Uniio ¢ conces- do cerritGrio® ponto de vista segundo 0 qual as populagSes sio de uso a una associagio, e autoges! Hi pobres marginalizadas que normalmente habitam flores- tas tropicaise outros ricas ecossstemas to poteacialmente predatérias. Uma versio desse ponto de vista € apoiada pela argumentagio da “tragédia dos re segundo a qual 6 acesso coletivo aos recursos nacurais le varia A inevitivel destruigio dos hens naturais}. A vito coposta a essa diz. que os moradoxes tradicionais de flores- tas € rios, de lagos e mares, sio conservacionistas espon- Lncos guiados pela wadigio'; segundo essa visio € o go- vverno que atrapalha a gestio costumeira que 2s pepulagies tradicionais sempre exciceram sobre a natureza de maneira cquilibrada ¢ equitativa®. Entre essas duas posigies, hi a daqueles que enfatiza papel das instivuigces Ioeais, ow tradicionais ou inovadoras, na gestio dos recursos naru- rais, sem negar a possibilidade de uso sensato € coletivo dos recursos, mas também sem postular que a simples continuidade da tradigio pode garantir 0 uso coletive © adequado dos recursos. Esses argu vidente importa © problema nao é apenas o do uso equilibrado dos recur- 503 naturais por populagies que vivian desses reeurs0s no passado, tais como seringueiros, pescadores, ervateiros, cagadores: € também 0 problema da justiga na distribui- cf0 social desses recursos. F, sobretudo, desse segundo tema, que trataremos nesse artigo, propondo que problc- mas desse tipo sejam discutides a partir de situacbes es- peeificadas. Em que circunstacias seringucires implemen tam de maneira justa a distribuicio dos recursos naturais? E como € definida a justiga nesses easos? Estaremos, as sim, tratando das nogées de direitos sobre recursos natu- raise sobre bens ptblicos, cm regides remotas, com base F608 coletivos”, nos tem ia prética. E » admeids 19s, 2 Hanlin, Gare B68 * Camere de Can na experigneia de implantagio da Reserva Extrativieta do ‘Alto Jurua’ ‘Ao tratar da justica na distribuigio de recursos naturais entre os moradores, romamos como unidades de anilise conflito: ecorridos no dia-a-dia da vida no plano local; atos € decisoes portanto, ¢ nao entrevistas sobre situacoes hi- potéticas. Além disso, consideramos esses contlitos como procesos que evoluem ao longo do tempo e que, em al- ‘guns c2808, permanecem em aberto, Finalmente, tratamce ‘esses casos tendo em mente a interagio conflitiva ¢ eriati- va entre costumes locais e regras oficias, de normas eseri- tase de argumentagdes verbais, A pant dessa andlise, da qual extraimos uns pouces cexeinplos para este artigo, chegamos a reconhecer certos procedimentos para implementar a justiga e também cer- tos prineipios de justiga. Quando a justiga é, efesivamen- te, aplicada em situacées coneretas no espaga e no tempo, as Ieis © 0 costume sio interpretados, constituindo-se as- sim jurisprudéncias costumeiras. Fsta jusisprudéneia mo- Uifica os princfpivs da tradigio, E esse processo que cha- ‘mamos de justiga local. 2, INSTTTUIGOES & COSTUMES EM PROCESSO: PLANO E CAPASTRO Antes de tratar de conflitos ¢ de sua solugio, precisa- ‘mos watar de dois marcos iastitucionais que acompanha- ram a criagio da Reserva Extrativista do Alto Jurus: 0 Pla- no de Utilizagio © o Cadastro de Moradores. © Plano de Utilizacio & um conjunto de regras que rege 0 uso dos recursos naturais pelos mor: tro, de 1991, por sua vez, foi o primeiro censo popullacio- nal da Reserva ¢ registiou, entre outros, © usuario das ¢s- tradas de seringa bem designadas pelo nome ¢ localizacio, passando a ser utilizado pelos cadastrades como prova de direitos sobre as estradas. lores da Reserva: 0 Cadlas- Por que Plano de Uso ¢ Cadastro? O processe de cria- cio da Reserva envolveu uma intensa mobilizagio inter- na, em particular, na bacia do rio Tejo, capitaneada pelo ‘Maur de Alcide 200 > CE Taylor 1995; Ghai et a 1952; Cole Pain 1992, © A Reser Exenivita do he 1, loaiada ne extrem oct de Estado do Act, fi ctiada por Dect em 23 de jeciro de 194 wtnbindo win es J 50 mil i de esta rts on sss iouveridade (Brown € Vor, 200). a 191, 0 cataxrament gral da opulago da Resrv ctr UUbiizo a preseag de OCD pessoas suits ean 865 grupos demeses Ralzes, Canipne Grande, vol. 23, 13 01 € 02, p. 2741, jan/dez 2004 Conseliio Nacional dos Seringueiros (CNS) ~ Regional do Alto Jurud, transcorrida sobretudo de 1988 a 1989, apoi- ada por delegades sindieal que a infcio da década de 80. Finda a batalha maior contra 0 antigo sistema de barracde ¢ patrées, 0 resultado foi a cri~ aco da Reserva Extrativista do Alte Jurus. E tal eriagio _gerou um problema, pois essa cra a primeira Reserva Ex trativista decretada pelo governo federal como unidade de conservagio ¢ ninguém sabia exatamente como funcions~ ria uma Reserva Extrativista, ou como implemeati-la, Havia um prazo de dois anos para a implementagio do Decreto-Lei 98.863, promulgado em 23 de janeiro de 1990 (¢ que se esgotaria em 22 de janciro de 1992, portanto), apés qual o decreto-lei caducaria, Mas como implemen- tr? Um outro Decreto, o que eriou a figuea das Reservas Extratvistas (curiosamente posterior), previa um Plano de Utilizagio. Mas 0 que seria este Plana? No Grupo de ‘Trabalho interministerial que precedeu a criagfo das Re- servas Extrativistas, colocou-se, em diivida, a possibili de de que setinguciros realizassem ¢ administrassem in Plano de Manejo, com hase em argumentos téenicos so- bee 0 tempo exigido pelos estudos de campo, pelo zonea- ‘mento, pela elaboragio das formas de manejo e sobre sua fiscalizagio, Em meio a essa discussio,o representante do CNS argumentou que bastaria especificar um Plano de Utilizagio que teria um cardver muito mais simples: o de registrar por escrito as formas costumeiras e jé implemen- tadas de manejo dos recursos naturais, que se haviam mostrado eficazes no passado para manter a floresta em pé e conservar as sringueitas ea caga, Entraram assim no decreto lei, os Planos de Utilizacio, com a intengo de consagrar © costume. Em 1990, 0 IBAMA nao dispunha de pessoal especi: localmente desde o usta lol nas aseras entaivstis 7.) alizado em Reservas Extrativistas (hoje em dia ha 0 NPT). Fm uma visita a Brasflia, Antonio Macedo (co- ‘ordenador do CNS no Vale do Jurud) recebeu tio importante de duas pesquisadoras-fanciondrias IBAMA’: o proprio CNS poderia realizar © Cadastwo de Moradores, 0 Plano de Utilizacio e 0 Levantamento $é- cio-econdmico que, segundo elas, servisiam eomo as pe- «as necessirias ao processo de implementacZo, ao lado da regularizagio fundidria mediante indenizagio dos propri- trios. O fato & que o proprio decreto que criou « Reserva Extrativiste do Alto Jurua, de 23 de janeiro de 1990, sus- tentava essa sugestio, Segundo o texto, © IBAMA pode- ria “celebrar convénios com as onganzagies legalmente constituidas, como cooperativas e associagSes existentes na Reserva” (Decreto 98.863, Art. 2). Essa formulacio no aparece no corpo do decreto 98.897, de 30 de janeiro de 1990, que instituti as proprias reservas extrativistas en- quanto unidade de conservagio. Em outras palavras, a possibilidade de co-gestdo das reservas extrativists, em- bora afirmada do decreto especial, nio esté afirmada ex- plicitamente no decreto ger. Macedo, stuando pelo CNS, pedis ao assessor-antro- pélogo da UNICAMP* um projeto para realizar as tare- fas indieadas; com apoio institucional do CEDP, o pr jeto foi feito € submetido cm nome da jé criada Ass dos Seringueiros ¢ Agricultores da Reserva Fxtraivista do Alto Jurud (ASAREAJ)". A Associagio, com recursos que solicitava ao IBAMA através de convénio, comprometi sc, elt mesina, a fazer um Cadastro dos moradores da Reserva ¢ a claborar um Plano de Unilizagio, além de outras tarefas relacionadas & implementagio. A idéia, por tris do Plano de Utilizagio era imples na * Ciera Masia, do DIREN. ° Um ds alors dee ange, Maur Almeida, ea, na foe, asessor do CNS e interrou nesa cond- loo GT instuid plo BADIA, dart 18, pa ea ara miata o deri, Ds mits cone 1 pesto astocava¢s aterie da explonczo madereitaconreal. Ant ineilahaviam tambein, oopetado em 1988 aa elabragio Go “Proto de Devenavimeato Comusitia~ Reserv Extaita da acs do Hin'To" Este poste fi exe fm 1989 em mei 3 itensas Is, que ma pics aba 0 rme ds arate lve} aco dh Tesrnaejaneo de 1990 ‘ Tramave do CEDI - Cento Feuntsivo de Decumentaioe Infos ~exj aang se dara em ‘irene ro, points a iphiacio da Reserv Fxuisa do Ao Jurus ope Pot Ladi ems do Brash, digo po. Carlos Abeto Kino (quepsteierzete dey eer 0 TSA) ope 1 Taducagao Popul (que tome Ago Hata) utes coautora dete arg, sana Carte Tanto, er menbvo do pojeto Mmemo Canporeslges, dig por Neue Ester, « prt pou ms realaagio do Cabasre edo Mao de Uulnagio. A Asi kan sid cid em 1989 comm o ome de ‘Awacngo das Sfingorres © Acres ds Aesevs Enentvita ca Rica do Ri The, princi cosjnts de Francece Harbors de Melo (Ch 2 Gin) delgado rnd do ako To, eArtnie Datta de Mad. ataes, Gampira Grande, vol 23, ns O1 e 02, p. 27-41, jan/dez. 2004 3() Navro W. Sarbosa de Armeiéa @ Marana Gavata Pata apar€acia: registrar com base no costume, (1) um eonjunto de regras de manejo regeando 0 uso técnica das estradas de seringa, a extensio dos rogados na floresta, a extrago das madeiras e palmeiras,€ 0s limites 3 eaga e pesca; ¢ (2) tum corpo de regras que especificavam quem tem dircitose as obrigacdes, as penalidades a eles associadas, bem como as rogras de entrada ¢ saida no coletivo da reserva” Avexistfncia desses dois tipos de regras, as téenicas ¢ os direitos, no cra propriamente novidade nos scringais. O| corte de seringa semnpre foi wma atividade estritamente re- guleda em suas téenicas ¢ calendério ~ havendo mates ue fiscalizavam seu cumprimento, sujeito a sangdes. E os direitos sobre as estradas cram também extritamente regu- Jamentados: es seringueiros tornavam-se usuarios das estra- das mediente o pagamento da reada. A partic dos anos de 1970, contudo, 0: muteiros desaparecerams; c, 20 mesmo tempo, desaparecerim o¢ putrdes © 0 pagomento da rend Se os patrdes tivessem um papel essencial insubstituivel no seringal, o reaulkado seria o fim do mancjo euidadoso das seringuciras, ¢ 0 fim dos direitos ée propriedade indivi dualizados sebre as estradas. Como se sabe, 0 cenério da “wagédia dos recursos coletives” previa que, nesias cireuns- tinciss, ot recursos naturais seriam inevitévelmente dlapi- dados, Uma situagao, relativamente andloga,vigorava com relagio As cagadas, Alguns potsder impunham eestiigSes 3 cacada no antigo regime dos seringais,tais como a proibi- 0 da uso de exchorzos de caca; eas leis federsis, que in- terditayam, sem excegSes o comércio da came de caga, cram cestritamente abedecidas (exceto na 4rea vizioha 3 sede da ‘nunicipalidade ¢, geralmente, por estanhos). Mas, ta nova Reserva Extrativista, esperava-se que entrasse em vigor, regime de bberdadle no acesso aos recursos naturais. Esta- rin aberta a temporal de cacaierestrta? 2.1. DocosTune 40 PLaNo (0 processo de elaboragto, aprovagio € legalizagio do Plano de Usilizagio foi aceleradlo pelos limites de tempo mpostos pelo prazo legal para implementar a reserva: dois anos. Comegou, na metade do segundo ano, em junho de 1990, com uma minuta elaborada do assessor do Conse- Iho eda Associagio, com base em um amplo levantamento de temase solugées realizado durante o cadastramento dos moradores. Essa minuta agrupava as regras do costume a rcspeito dos pris s de recursos naturais —as e5° tradas de serings, as madeiras e as palmeiras; a eacae pesea dos sios; a agricultura e a pequena pecudria, Am ruta visava, segundo diz o texto, “organizaridéias ¢ p ticas j6 existentes”, Mas lembrava que vi “objeto de discussio entre os seringueiros”. Ja que vécios temas exam polémicos, a ‘minuta era preparar “consultas e discussées”, As consul- tas foram durante o cadastramento, quando 3¢ perguats- vi aos chefes de familia quais eram os principais proble- ‘mas (a respeito dos temas jé dispostos na minuta) e quais cram as solucGes para esses problemas. As respostas foram recolhidas de setembro a outubro, durante o eadastramen- to, ¢ foram organizadas em reunioes em Cruzeiro do Sul, jd’em novembro, Esta sistematizagio, eita por assestores- Antropdlogos (entre os quais os dois autores deste texto) € dirigentes da Associagio. As discuss0es ocorreram primeiro nos grupos de traba- Iho durante a IV Assembléia Geral da Associagio, em dezembro de 1991, Nesta ocasido, foi feita uma apresen- tacio inicial, e depois os participantes dividiram-1e em grupos que debatiam os “problemas” € as solugées indi- cadas: problemas com a seringa (corte abusive), com a8 ‘madleira, as palheiras (depredagao), 2 caga (cagads com eachorro, extingio de algumas espécies) (dispatas entre vizinhos, depredagio de barrancos, tama- nnho maximo de reas) As regras, em cada assunto, foram submetidos a vora- io. O limite & area de manejo sgropecusrio foi introd Zido agora como de 15 hectares", colocado logo na p imeira seco, nas disposigies gerais, com destaque igual 20 ricultura "Lows Sieg aa pics shanen 4 tengo pa 4 imposes dens sega tipo de rer. "Hava mgs sueridos aa miauta que ado vinham do costume final ples moras, si, de tric sberala no cand Gina. Un exanao do sxe beta fa imac Is fre desinads ao maneio arco, e pect um xine de 7 cola. Ora, es colts indivi niotirham limes preciameste eiaeades,«raavam muto de amano. Esimouse {Gor lio) a dra de wna clone em 20 hs 2 mga de 9, nompords 30 Plano de Ui cepts etn sm te de 15 ka Sea qe ox anus sete, cama zee, part des 2F3 Teme ars fs agroporuici, Ess tends este superb nai, eekamnie, de {ids gr ox foqunos rao de serngueie,quase samp leone aha lu sre ia ‘ptm, acid talons deg), Lever conta wea populist de 0D ami (pe Sense an es), 0 ale £030) fs vars uma dea de colcec de 3000 fa. Como a Aesroe mein ere 4250000 ha sober, sy 20000 ba corrrpnente a reas acland, cae pclae de lac de regenera daa Aaizes, Campine Grande, vol. 23, n°3 01 @ 02, p. 27-41, lancez, 2004 dado a outros pontos tais como a interdigio de comércio da fauna c da madeira, a disposigics prevendo a perda de direitos de uso dos infratores, ea possbilidade de refor- ma do Plano em assembléia Futura. O corpo do Plano de Utilizagio manteve a divisfo por recursos ~ estradas de seringa; madeiras ¢ palmeiras; ro- ccados e pecusria; a caca ea pesca. Mas acrescentou, a es- tes, uma segio detalhads sobre as “ircas comuns”, bem como secées, igualmente, detalhadas sobre a fiscalizagio € as punigées previstas ‘A-caca € a pesca foram os temas mais polémicos du- rantea assembléia de dezembro de 1991. No caso da cags, fenquanto a minwta previa a proibicio completa de cachor- lista", mas abria uma excesio aes eachorros “pé- ~ Prevendo virios regulamentos adicionais, o Plano de Utilizagio aprovado na assembléia nio fazia a distin- io entre cachorros “paulistas” e “pé-duro", mas permitia a cagada com cachorro “nos rogades ¢ na beira dos rot 6 apenas, pare caca pequena como pace, cotia e tatu, sendo vedado 0 140 de eachorres para pereguir veados ou er cag das ne mata”. O so de cachorras nos rogtdos para ani- mais como “paca, cotia ¢ tatu”, significava que, nesses casos, a caca tinha um funcio de protecao dos rocados contra predagio dos animais; 0 uso deles na ‘beira dos Flos, local também usado para o plantio de lavourss de verio, poderia ser analogamente interpretado. Ao contd rio desses casos, a cagada na mata significava perseguicio, particularmente, a veados e antas; esse caso, » proibigio do uso de cachorros deixava como opgées a cagada ‘a cur- so! (quando o eagador, geralmente sozinho, segue 0 ras- tro do animal) ou, por ‘espera",juntoa fruteiras silvestre. Ora, esta disting3o correspondia muito aproximadamen- te distincgo entre caes ‘vira-lata’ (que agiam como bus- roanimal avis- cadores oportunistas, fixando-se no prim! tado) c cies ‘paulistas" (que perseguiam, exclusivamente, desistiam da presa). A posigio adotada da Assembléia foi de revisar a minuta proposta apés uma acirrada discussio sobre os efeitos do uso de eachorros em cagadas (Artigo 16, parigrafo C). ‘Com uum espfrto andlogo, a pesea com veneno foi proi- Dida, mas foi aberta uma excegéo a0 uso de “Bolinhus de ‘aaca'come irca em pesca de anzol. sendo limitado a0 méxi- 1mo de des, 0 ntimero de arbusto de oaca por morador”. tigo 17, parigeafos Be C). Essa foi também uma so delicada. Reinava, na drea, © pressupesto de que 0+ ‘moradores no-fndios nfo se utilizavam nem da oacs, se gundo 0 método principal: sapar um pequeno igarapé, impedindo a saida de peixes, ¢ saturar a area represada veados © ni usta oval as resenas extatstis. 3 J com a pasta das folhas da oxca, para, entio, recolher os peixes que subiam & superficic. O artigo 17 recoahs implicitamente, a pritica do cultivo da oaca, mas proibia, sem mencioné-la explicitamente,a tinguizada' com oaes. Com o Plano de Utilizacio aprovado na IV Assembleia, regras sobre temas, que cram objeto de discussio local, ‘ganharam o estatuto de “Lei da Reserva”, com sua infra- ‘io sujcita a penalidades entre as q seria a perda da Licenca de Utilizacio. Um pressuposto do Plano de Usilizagio original era a existéneia da Con cessio de Uso dando direitos de uso sobre a Reserva 4 Associagio dos Seringuciros. Esta deveria, por sua vez, cemitir Licencas de Usilizacio aos moradores cadastrados. Dessa forma, 0 Plano de Utilizagio operacionalizava a idéia de que um direito ageésio coletivo (o direito ao usu- fruto da floresta), articulado a umm dever também coletivo (6 de conservar os recursos da floresta), era concedido a ‘uma entidade coletiva; e que esta entidade seria respon- savel pela adesio dos seus membros ao acordo. A quebra desse compromisso por parte dos seringueiros, resultaria ina perda de direitos individuais; assim como a quebra do compromisso de conservasio, por parte da Associagio, resultaria na interrupcio da concessio. Sob esse regime, a fisealizagio deveria caber & propria Associagio, conver: tia, de certo modo, em concessionaria de um bem de uso coletivo. Por isto, o Plano de Utilizagio dizia: “todo mo- rador € um fiscal da sua colocacio € das outras colocacoes”, rezava 0 documento aprovado, Maita agua ainda iriarolar no plano mais geral até que ‘Plano de Utilizagio viesse a ser reconhecido pelo IBA- MA, 2pss virias modificacdes, e publicado no Disio Of cial, o que s6 aconteceu em 5 de outubro de 1994. Quan- t0 8 concessdo da dea & Associagéo, ela se deu somente fem novembro de 2002, com a assinatura dos primeiros contratos de Concessio do Direito Real de Uso pelo pre- sidente do IBAMA e pelos representantes das Astociagies representatives das reservas extrativistas Chico Mendes © Alto Janus, Nesse meio tempo, porém, © Plano aprovado em As- sembléia, havia virado a “Lai da Reserva", ganhando vida nna versio oral de seus principais regulamentos. Ora, 0 Plano efetivamente sancionado pelo IBAMA e publicado, tem importantes discrepaincias com aquele que ainda vi- ‘gora como “Lei da Reserva”. Enquanto 0 Plano de Utili- zagio de dezzmbro de 1991, que virow a "Lei da Reser Imentava, como vimos, a caga, o Plano de Utilzagio promulgado pelo IBAMA, em outubrode 1994, isso quanto 3 questio da caga.A questio, aqui, era Raizes, Campina Grande, vol. 23, Ps Of e (2, p. 27-41, janJdez. 2004 3) Mau W. Barbosa de Almeida ¢ Natana Gavata Pani que os procuradores do érgio piblico preferizm nfo con- tradizer 0 Cédigo Florestal, que proibia qualquer tipo de

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