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Universidade Federal do Acre – UFAC

Centro de Ciências Exatas e Tecnológicos – CCET


Curso de Bacharelado de Engenharia Civil
Fundações

Sondagem SPT
João Galileu Mendes Bezerra
Estudante de Engenharia Civil, UFAC, Rio Branco, Brasil, joao.galileu@sou.ufac.br

Luiz Carlos Paza Junior


Estudante de Engenharia Civil, UFAC, Rio Branco, Brasil, luiz.junior@sou.ufac.br

Mayon Ricary Pontes Lisboa


Estudante de Engenharia Civil, UFAC, Rio Branco, Brasil, mayon.lisboa@sou.ufac.br

RESUMO: Conhecer as características do solo onde se deseja construir, garante maior segurança para a
construção, dando estabilidade estrutural, permitindo a escolha de uma fundação adequada, otimização dos
projetos e economia na execução do empreendimento. Visto a importância do conhecimento acerca do tema
escolhido, foi decidido apresentar como é realizado o ensaio SPT (Standard Penetration Test), ou sondagem
a percussão simples, para o estudo e o reconhecimento dos solos, de forma a apresentar o objetivo deste ensaio,
como é realizado, os aparatos envolvidos no processo e a relevância que desempenha na construção civil. Este
estudo consiste de uma revisão bibliográfica utilizando artigos acadêmicos, periódicos, livros e também a
análise normativa da NBR 6484/2020 – Sondagem de simples reconhecimento com SPT – Método de ensaio.
Por fim apresentando também os procedimentos normativos necessários para realização do ensaio
complementar com uso do torquímetro, a sondagem SPT-T, ou sondagem a percussão com torque. Esse tipo
de sondagem permite a determinação do tipo de solo, índice de resistência e o nível da água do lençol freático.
Para realização do ensaio a norma prescreve dois tipos de sistemas de ensaio: o Sistema manual e o Sistema
mecanizado.

PALAVRAS-CHAVE: Sondagem SPT, construção civil, sondagem à percussão, fundações.

1 Introdução

O conhecimento dos parâmetros dos solos onde se deseja construir, permite maior segurança, dando
estabilidade as estruturas, escolha de uma fundação adequada, otimização dos projetos e barateamento das
fundações. Para isso é de extrema importância que seja realizado um estudo cuidadoso do solo através de uma
sondagem (Barros, 2011).
A sondagem trata-se de uma espécie de investigação que busca identificar o tipo de solo de um terreno,
sua resistência, espessura das camadas, profundidade dos lençóis que por ele passam e profundidade da camada
rochosa. Existem diversas técnicas de sondagem, cada uma delas possui seu princípio e objetivo variando para
cada tipo de solo ou obra. (Conciani, Silva, Costa, & Silva, 2013)
Entre os variados tipos de sondagem existentes temos a SPT, Standard Penetration Test, ou ainda,
traduzindo para o português, ensaio de penetração padrão, o qual permite que amostras de solo sejam
analisadas em laboratório para caracterização do terreno a ser trabalhado, sendo imprescindível para realização
do projeto preliminar. Existe ainda o ensaio SPT-T, que consiste na medição do torque nas sondagens, afim
de obter o torque necessário para romper a adesão do solo, este tipo de ensaio é realizado logo após o ensaio
SPT, funcionando como um complemento, e é realizado para avaliar a tensão lateral a ser aplicada nas estacas
em obras de fundações (Associação Brasileira de Normas Técnicas, 2020).
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2 Objetivo

O presente artigo tem como objetivo a realização de um estudo acerca da sondagem SPT e SPT-T, de
forma a apresentar o objetivo destes ensaios, como são realizados, os aparatos envolvidos no processo e sua
relevância para a construção.

3 Metodologia

Este estudo consiste de uma revisão bibliográfica em artigos acadêmicos, de periódicos, livros e também
análise normativa da NBR 6484/2020 – Sondagem de simples reconhecimento com SPT – Método de ensaio.
De forma a apresentar os métodos de execução, procedimento, normatização e obtenção dos resultados.

4 Justificativa

É através das sondagens que obtemos informações de demasiada relevância como o tipo do solo,
profundidade de cada camada que o compõe, comportamento, perfis, nível da água do lençol freático,
determinação da resistência do solo as tensões.
Sendo esse levantamento crucial para tomada de decisões do projetista e encarregados técnicos, afim de
decidir o melhor tipo de fundação indicada para o terreno em que se deseja construir e executar o serviço de
maneira mais eficiente, segura e econômica.
Este artigo busca abordar de forma resumida alguns pontos chaves do ensaio SPT e SPT-T, para
apresentar para comunidade acadêmica, estudantes de engenharia ou até mesmo engenheiros já formados, de
forma a acrescentar mais conhecimento acerca do assunto.

5 Sondagem SPT

O ensaio de sondagem a percussão SPT (Standard Penetration Test) equivale a uma investigação de
simples reconhecimento e geralmente é a mais utilizada nos canteiros de obras, pois trata-se do ponto de partida
de qualquer serviço de engenharia civil, fornecendo dados de suma importância para o projeto de fundações
(Lopes & Mendes, 2020).

5.1 Objetivo

Este tipo de sondagem consiste da perfuração e cravação do amostrador padrão, a cada metro de solo
perfurado, o que permite a determinação do tipo de solo, o índice de resistência e o nível da água no interior
do furo de sondagem. Para realização do ensaio a norma prescreve dois tipos de sistemas de ensaio: o Sistema
manual e o Sistema mecanizado, não necessitando ambos chegarem aos mesmos resultados (Associação
Brasileira de Normas Técnicas, 2020).
Os conceitos apresentados no SPT conduzirão a otimização dos recursos para o projeto das fundações,
diminuindo a margem ao benefício da dúvida, com a caracterização do solo os desperdícios com materiais
podem ser reduzidos, diminuindo o custo do empreendimento e assegurando o bom desempenho da edificação.
A realização de todos os procedimentos garante mais segurança a obra e reduz os custos com manutenção,
material, mão de obra e demais gastos estruturais (Lopes & Mendes, 2020).

5.2 Equipamentos Utilizados

Segundo a NBR 6484, a lista de componentes do equipamento do sistema manual é descrita a seguir:
 a) torre com roldana, moitão e corda;
 b) tubos de revestimento;
 d) trado-concha ou cavadeira manual;
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 e) trado helicoidal;


f) trépano/peça de lavagem;
g) amostrador-padrão;
 h) cabeça de bater; 
i) martelo padronizado;
 j) baldinho para esgotar o furo; 
l) metro de balcão ou trena;
 m) recipientes para amostras;
 n) bomba d’água centrífuga motorizada; 
o) caixa d’água ou tambor com divisória interna para decantação; 
p) ferramentas gerais necessárias para a operação;

Figura 1. Equipamentos utilizados no ensaio SPT – Sistema Manual

A lista de componentes dos equipamentos do sistema mecanizado é descrita a seguir:


 a) perfuratriz rotativa;
 b) tubos de revestimento;
 c) haste de perfuração/cravação;
 d) trado oco;
 e) trado helicoidal contínuo;
 f) tricone;
 g) amostrador-padrão;
 h) cabeça de bater;
 i) martelo automático padronizado para cravação do amostrador;
 j) medidor de nível de água;
 k) metro de balcão ou trena;
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 l) recipientes para amostras;


 m) ferramentas gerais necessárias para a operação da aparelhagem
Todos os equipamentos devem seguir os requisitos estabelecidos pela NBR 6484.

5.3 Procedimentos

5.3.1 Sistema Manual

Segundo a NBR 6484, o procedimento de sondagem a percussão baseia-se na cravação de um


amostrador padrão no solo através do impacto de um martelo de ferro de 65 Kg a uma altura de 75 cm. Dessa
forma é possível descobrir a resistência do solo, que é medida pelo índice de resistência a penetração SPT,
determinado pela soma dos golpes dados pelo martelo de ferro.
Inicialmente é realizada a perfuração vertical com uma profundidade de 10 a 20 metros, até que se
encontre um material resistente ou mesmo água. São coletadas amostras metro a metro, permitindo a análise
tátil e visual das distintas camadas do subsolo em suas respectivas profundidades.

• Locação do Furo e Amostrador Padrão

De acordo com NBR 6484, a locação dos furos de sondagem em planta deve ser fornecida pelo
contratante. Na planta, deve constar a referência de nível (RN), com cota preferencialmente georreferenciada,
adotada para o nivelamento dos pontos de sondagem. Em cada furo a ser realizado, deve ser marcado com a
cravação de um piquete.
Com a utilização do trado concha ou cavadeira manual o ensaio é iniciado com a escavação de 1 metro
de profundidade. Uma vez atingido 1 m de profundidade de perfuração, a equipe de sondagem posiciona o
amostrador padrão e crava o mesmo para realizar os testes de resistência à percussão, coletando as amostras
de solo.

• Marcação

Realiza-se a marcação de um segmento de 45 cm com o uso de um giz, este segmento é dividido em três
partes iguais de 15 cm cada. A marcação funciona como uma referência para a contagem de golpes do martelo
em cada segmento.

• Posicionamento do Martelo

Para a cravação, é necessário posicionar o martelo a 75 cm de altura, seguido de golpes até que sejam
cravados os primeiros 45 cm. Para o registro do número de golpes necessários para cravar o amostrador a cada
15 cm, é preciso a presença de um técnico. Quando a cravação atingir 45 cm, o índice de resistência à
penetração N é expresso como a soma do número de golpes requeridos para a segunda e a terceira etapas de
penetração de 15 cm, adotando-se os números obtidos nestas etapas mesmo quando a penetração não tiver sido
de exatos 15 cm.

• Coleta das amostras

Após a cravação aos 45 cm, é retirado o amostrador padrão e inicia-se a coleta de amostras do solo, até
que se encontre o nível do freático.

• Realização de testes de umidade

Quando há umidade no solo escavado, é necessário realizar um teste de umidade para saber se foi
atingido o nível saturado. O procedimento é realizado por um equipamento denominado “piu”, que ao entrar
em contato com a água, irá emitir um som. Assim, a partir deste ponto é utilizado o método de lavagem, que
permite coletar material escavado pela circulação de água, com a ajuda de uma bomba motorizada.
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Os resultados devem ser apresentados segundo a imagem abaixo:

Figura 2. Apresentação das penetrações

Figura 3. Ensaio SPT – Sistema Manual

5.3.2 Sistema Mecanizado

• Locação do Furo

Assim como a sondagem manual, a locação deve ser fornecida pelo contratante, contendo RN, com cota
de preferencia georreferenciada, na falta é permitido a adoção de uma RN arbitrária fora do perímetro da obra.
A marcação deve ser feita utilizando piquete, devidamente identificado.
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• Perfuração

O procedimento de perfuração deve proporcionar um furo estável e limpo antes da inserção


do amostrado, sempre que for usado revestimento durante o processo de perfuração, este não pode
avançar além da cota de início da amostragem.
Os métodos de perfuração considerados nesta Norma são os seguintes:
 a) método de perfuração com trado helicoidal;
 b) método de perfuração com trado oco;
 c) método de perfuração com tricone;
 d) método de perfuração wire-line com barrilete mínimo N.
Algumas técnicas de perfuração produzem furos inadequados para a realização do ensaio SPT. O uso
do trado helicoidal abaixo do lençol freático não é permitido. A saída de fluido de perfuração
não pode estar localizada em posição que interfira no material a ser ensaiado. O revestimento não pode avançar
além da cota de início da amostragem. Não é permitido o avanço da perfuração, para a próxima cota de
amostragem, com o uso do próprio amostrador-padrão.

• Amostragem e SPT

Deve ser coletada, uma parte representativa do solo colhido pelo trado durante a perfuração, até 1 m de
profundidade procurando identificar a espessura da camada com presença significativa de raízes quando for o
caso. A cada metro de perfuração, devem ser colhidas amostras de solos por meio do amostrador-padrão, com
execução de SPT. O amostrador deve descer livremente no furo
de sondagem até ser apoiado no fundo e a cota deve ser anotada.
Após o posicionamento do amostrador-padrão conectado à composição de cravação, coloca-se a cabeça
de bater no topo da haste de cravação e, utilizando-se o tubo de revestimento como referência, marca-se na
haste um comprimento de 45 cm divididos em 3 partes iguais de 15 cm. Caso a haste penetre no solo apenas
com o peso próprio da composição de cravação, deve-se anotar a penetração do amostrador no solo utilizando
a representação de (PH)/(centímetros penetrados).
Em seguida, deve-se apoiar cuidadosamente o martelo e registrar o avanço estático.
Caso ocorra o avanço deve-se registrar (PM)/(centímetros penetrados). A elevação do martelo até a altura de
75 cm é feita de maneira automática, com acionamento mecânico/hidráulico. Deve ser fixada uma frequência
mínima de 10 golpes/minuto e máxima de 40 golpes/minuto.
Não tendo ocorrido penetração igual ou maior do que 45 cm, deve-se realizar a cravação do amostrador-
padrão até completar os 45 cm de penetração por meio de impactos sucessivos do martelo caindo livremente
de uma altura de 75 cm, anotando-se, separadamente, o número de golpes necessários à cravação de cada
segmento de 15 cm do amostrador. Neste caso, deve ser registrado o número de golpes empregados para uma
penetração imediatamente superior a 15 cm, registrando-se o comprimento penetrado. Faz-se o mesmo para
quando for atingido os 30 cm e 45 cm, expressando o registro desta maneira: 3/17 ‒ 4/14 ‒ 5/15.
Quando a cravação atingir 45 cm, o índice de resistência à penetração N é expresso como
a soma do número de golpes requeridos para a segunda e a terceira etapas de penetração de
15 cm, adotando-se os números obtidos nestas etapas mesmo quando a penetração não tiver sido
de exatos 15 cm. A cravação do amostrador-padrão deve ser interrompida antes dos 45 cm de penetração
apenas quando em qualquer dos três segmentos de 15 cm, o número de golpes ultrapassar 40, ou ainda se o
amostrador não avançar durante a aplicação de cinco golpes sucessivos do martelo.
As amostras colhidas devem ser imediatamente acondicionadas em recipientes herméticos. Quando
houver mudança de camada junto à cota de execução do SPT ou quando a quantidade de solo proveniente do
bico do amostrador-padrão for insuficiente para sua classificação, recomenda-se o armazenamento de amostras
colhidas do corpo.
Cada recipiente de amostra deve ser provido de uma etiqueta e deve constar:
 a) designação ou número do trabalho;
 b) local da obra;
 c) número da sondagem;
 d) número da amostra;
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 e) profundidade da amostra;


 f) número de golpes e respectivas penetrações do amostrador.

Figura 4. Ensaio SPT – Sistema Mecanizado

6 Sondagem SPT-T

A sondagem SPT-T foi idealizada na década de 80, a partir da ideia de Ranzini (1988), o qual propôs
a medição do torque necessário para romper a adesão solo-amostrador, logo após execução do ensaio SPT, a
fim de utilizar a medida de torque para avaliação da tensão lateral de estacas em obras de fundação. Portanto,
trata-se de um pequeno prosseguimento do ensaio SPT após o seu término, não alterando em nada o
procedimento para obtenção do índice de resistência à penetração N (Ranzini, 1988).
No ensaio SPT, depois do final da cravação do amostrador, para facilitar sua retirada, o operador
costuma aplicar uma torção à haste com uma ferramenta (chave de grifo, por exemplo). Segundo Ranzini, em
lugar da chave, o operador utilizaria um torquímetro, que forneceria a medida do momento de torção máximo
necessário à rotação do amostrador, verificando-se dessa forma a medida de torque máximo e torque residual.

6.1 Objetivo

A sondagem SPT-T ou sondagem a percussão com torque é uma técnica que objetiva medir o torque em
sondagens de simples reconhecimento. Além das informações obtidas na sondagem tradicional, ela visa obter
as informações do torque máximo e residual de cada amostra.

6.2 Equipamentos Utilizados

Para realização da sondagem a percussão com torque (SPT-T) necessita-se de todo equipamento de
sondagem a percussão, acrescentando a este o torquímetro, a chave soquete, o disco centralizador e o pino
adaptador.
a) Torquímetro: ferramenta de controle manual, também conhecida por chave dinamométrica, é dotada de
dispositivo dinamométrico que possibilita medir a força de torque (força rotacional), podendo ser
encontrados desde modelos exclusivamente mecânicos até modernos aparelhos com display eletrônico
e alta precisão. Os torquímetros utilizados na sondagem SPT-T devem ter capacidade mínima de
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medição de 50 kgf.m, sendo o mais indicado os torquímetros de 80 kgf.m, preferentemente dotado de


ponteiro de arraste, a fim de se obter maior precisão nos valores medidos de torque máximo e residual;
b) Disco centralizador: Disco em aço, com furo central, utilizado para se manter a composição de hastes
centralizada em relação aos tubos de revestimentos;
c) Pino adaptador: feito em aço, em forma de tarugo sextavado, é rosqueado na extremidade das hastes,
ligando-as a chave soquete.
d) Chave soquete: ferramenta de encaixe sextavado, confeccionado para atarraxar e desatarraxar pinos ou
porcas;

Figura 5. Torquímetro Analógico

Figura 6. Torquímetro Digital


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Figura 7. Boletim de Sondagem

6.3 Procedimentos

A medição do torque no ensaio SPT-T é efetuada após a realização de cada ensaio SPT, este executado
em concordância com a NBR 6484/2020.
Com a cravação dos 45 cm do amostrador SPT, através de sucessivos golpes de um martelo batente de
65 kg, após ser erguido a 75 cm de altura em relação a extremidade superior das hastes, e solto, caindo em
queda livre; remove-se a cabeça batente acoplada às hastes, e acopla-se o disco centralizador ao tubo de
revestimento da perfuração, rosqueando-se na sequência o pino adaptador na luva onde anteriormente estava
a cabeça de bater.
Acopla-se então a chave soquete ao torquímetro e os encaixa no pino adaptador. Em seguida o sondador
inicia o movimento de rotação do conjunto acoplado às hastes, usando o torquímetro como braço de alavanca,
perfeitamente encaixado e na horizontal, medindo assim o valor máximo obtido na rotação da composição
(Soares, 1999).
Soares (1999) enumerou algumas vantagens e limitações do SPT-T, baseado em sua experiência:
Vantagens:
• Medida simultânea da resistência estática, T, e da medida dinâmica, N;
• Aferição do valor N;
• Utilização de equipamentos de fácil aquisição e de baixo custo;
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• Não-necessidade de carga de reação, ou ancoragens provisórias, facilitando a execução;


• Maior similaridade com a condição de solicitação do solo quando da cravação de uma estaca de
deslocamento.
Limitações:
• Causa torção das hastes e rompimento das luvas em solos com índices de resistência à penetração ou
torque elevados;
• Exige muito esforço físico dos operadores quando executados em solos que oferecem maior
resistência;
• Aumenta o tempo de ensaio, dependendo da resistência oferecida pelo solo. Entretanto, nos ensaios
realizados nessa pesquisa, o tempo de acréscimo com a medida do torque foi de um a dois minutos,
estando em desacordo com a afirmação de Soares (1999). Por outro lado, sabe-se que ensaios como
o CPT elétrico são muito mais rápidos pois, enquanto um ensaio de SPT-T demora um dia inteiro
para realizar quinze metros, o outro demora em torno de duas horas.

Figura 8. Equipamento para realização da medição de torque

Figura 9. Aplicação e Leitura do Torquímetro em Campo


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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir das informações do estudo observa-se que é um ensaio relativamente simples, por isso muito
difundido, a maior dificuldade está na montagem dos equipamentos e aplicação dos golpes de maneira
uniforme, no caso do uso do sistema manual. Embora o ensaio possa ser aplicado para os mais variados tipos
de solo observa-se um melhor desempenho dos resultados em solos com maior grau de resistência, e resultados
ruins para solos moles.
Os boletins de sondagem irão fornecer a caracterização do solo de maneira detalhada, classificando cada
camada que o compõe, também fornecem o número de golpes aplicados em cada camada e apresentam o nível
da água do lençol freático, dados estes importantes para tomada de decisão do engenheiro no momento da
escolha do tipo de fundação melhor indicado para o terreno.
Contudo o SPT não pode caracterizar completamente o solo, pois a presença de rochas grandes pode
impedir a conclusão do ensaio, por isso em certos casos faz-se necessário a execução de ensaios
complementares para obter os resultados finais.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Associação Brasileira de Normas Técnicas. (2020). NBR 6484 - Sondagem de Simples Reconhecimento com
SPT - Método de Ensaio.
Barros, C. (Abril de 2011). Apostila de Fundações. Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil.
Conciani, W., Silva, C. P., Costa, C. M., & Silva, M. T. (2013). Manual do Sondador. Distrito Federal, Brasília:
IFB.
Lopes, L. L., & Mendes, L. F. (2020). ANÁLISE DE SOLO POR MEIO DE SONDAGEM SPT: estudo de
caso de uma residência de dois pavimentos em ambiente urbano. Minas Gerais.
Ranzini, S. (1988). Solos e Rochas.
Ranzini, S. (1994). Solos e Rochas - 2ª Parte.
Soares, J. M. (1999). Emprego do SPT-T e Pressiômetro Ménard em um Depósito Arenoso da Região
Litorânea de João Pessoa. Campina Grande.

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