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Entrevista
Entrevista
G- Para começo de conversa a CP não usa esse termo “transtornos”, por mais que seja um
termo muito usado, dentro da CP a gente pensa em não classificar as pessoas em
“caixinhas”, não fazer associações, consideramos a pessoa em uma totalidade, ela não é só
a doença ou só a pessoa, ela é os dois juntos. Dentro da CP a gente não vê a pessoa como
um paciente, mas sim como um cliente, justamente por olhar a pessoa como uma
participação ativa dentro do processo terapêutico, a pessoa não está em tratamento, mas
sim em um processo de atualização. Tanto é que hoje a tendência atualizante dentro da CP
é um dos princípios básicos da CP, que seguimos com muito afinco, a tendência atualizante
pressupõe que o próprio indivíduo consiga ‘’se curar’’, mas não usamos esses termos, a CP
veio com esse enfoque de bater de frente com a medicina na época, Rogers queria se
distanciar o máximo possível dessa ideia de adoecimento, sofrimento, patologia. Quando a
gente fala de patologia, conceito patológico, a conceito geral é de sofrimento, adoecimento,
algo negativo e a gente foge desses termos, a gente quer trabalhar de uma forma em que a
pessoa não seja uma doença, mas que a doença também não seja a pessoa, são um um só,
a pessoa é também a depressão dela como por exemplo, a gente considera a pessoa como
um todo.
(dentro ali dos transtornos, claro que tem alguns que são mais preocupantes que tem por
exemplo, alucinações, delírios, porém o Rogers via isso como uma experiência singular de
cada um e não como um deslize, não como um desajuste, era uma forma como aquela
pessoa encontrava, não de uma forma totalmente congruente, mas uma forma da pessoa se
ajustar, se atualizar, mesmo que tendemos a colocar a pessoa em uma caixinha negativa,’’ é
preocupante e exagerado’’, a gente vê com outros olhos, com olhar de pela experiência
daquela pessoa ela tá conseguindo, ela ta tentando pelo menos se adequar, se ajustar.)
G- É conseguir fazer a pessoa entender dentro da própria vivência dela que aquilo é
incongruente e tem outro conceito que Rogers usa bastante, ‘’pessoa em pleno
funcionamento’’, isso seria o modelo ideal, dentro de cada vivência, dentro de cada pessoa
de como seria um funcionamento bom, adequado, ajustado e atualizado de cada vivência,
priorizando a pessoa mas como ela deveria funcionar, considerando todas as
individualidades, em seu pleno funcionamento.
G- A CP ela é focada no cliente, então para que a gente considere o processo de cura, ela
mesma precisa se sentir curada, em pleno funcionamento e para isso depende muito dela se
sentir assim, para entender que a pessoa está curada, a pessoa precisa me comunicar que
ela está se sentindo bem, para sair da psicoterapia, alguém que acaba o processo ou então
desiste, a alta é definida em conjunto, não é o psicoterapeuta que fala que acabou, se a
pessoa fala que não quer mais ir, a gente entende qe o nosso papel esta cumprido, a gente
estava ali para facilitar o caminho daquela pessoa e se ela entende que não tem
necessidade da psicoterapia, ela pode seguir a vida dela. A alta na CP é discutida em
conjunto, vendo quais foram os contextos, avanços, o que a pessoa conseguiu aprender na
psicoterapia, não é muito palpável como é na TCC, na Comportamental, todo um esquema
para você ver, avaliar, para a CP isso é muito pessoal, para a pessoa estar curada ela
precisa se sentir curada.