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CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA - CCT

CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA

Processos Magnéticos

DEE323 - Ciência e Tecnologia dos Materiais


Semestre: 2019.1
Professor Mendelsson Rainer M. Neves
E-mail: mendelsson.neves@ufrr.br Sala: Coordenação
Processos Magnéticos

Introdução
 Magnetismo: fenômeno em que os materiais impõem
uma força ou influencia de atração ou de repulsão sobre
outros materiais;
 Dispositivos tecnológicos modernos dependem do
fenômeno e desses materiais;
 Geradores, motores, transformadores, rádios, televisões,
telefones, computadores e componentes de reprodução de
som e vídeo;
 Exemplos: ferro, alguns aços e mineral magnetita,
ocorrência natural;
 Possibilidade de gerar campo magnético através de
corrente elétrica.
Processos Magnéticos

Introdução
 Campo Magnético
 A circulação de corrente elétrica em um condutor cria um
campo magnético;
 O magnetismo possui uma natureza dipolar;
 Mais complexo que o campo elétrico, não existem pólos
magnéticos livres, i. e., não existe monopolos;
Processos Magnéticos

Conceitos Básicos
 Dipolos Magnéticos
 As forças magnéticas são geradas pelo movimento de partículas carregadas
eletricamente;
 Força magnética atua em termos de campos (Linhas de campos);
 São análogos aos dipolos elétricos;
 Considerados pequenos imãs com um polo norte e polo sul;
 São influenciados por campos magnéticos
Processos Magnéticos

Conceitos Básicos
 Dipolos Magnéticos
 No interior de um campo magnético, a força do próprio campo exerce um
torque que tende a orientar os dipolos em relação ao campo;

𝝁 = 𝑰. 𝑨. 𝒏

Momento (torque) sobre uma espira


de corrente pode ser descrito como

𝝉 =𝝁×𝑩
Processos Magnéticos

Conceitos Básicos
 Dipolos Magnéticos
 Quando um dipolo magnético muda de orientação em um campo
magnético, o campo realiza um trabalho sobre eles. Este trabalho origina a
energia potencia para um dipolo magnético;

𝑼 = −( 𝝁. 𝑩 )
Processos Magnéticos

Conceitos Básicos
 Dipolos Magnéticos
Processos Magnéticos

Conceitos Básicos
 Vetores de Campo Magnético
 O campo magnético aplicado externamente é designado por H,
denominado intensidade de campo magnético;
 O campo magnético que é gerado pela corrente circular e pelo ímã é H;
 Para uma bobina cilíndrica (ou solenóide):
Número de
espiras
𝑵×𝑰 Corrente
𝑯= Comprimento
𝒍 bobina
Intensidade do campo magnético
 Unidade: ampère por metro (A/m)
Processos Magnéticos

Conceitos Básicos
 Vetores de Campo Magnético
 Indução magnética ou Densidade do fluxo Magnético (B)
 Magnitude do campo interno no interior do material que está sujeito a um
campo H;
 𝝁 é a permeabilidade, a propriedade do meio específico do qual o campo
H passa e onde B é medido;
𝑩 = μ𝑯

 Unidades: B (Wb/m²) e 𝝁 (Wb/A.m ou H/m)


Processos Magnéticos

Conceitos Básicos
 Vetores de Campo Magnético
 No vácuo,
𝑩𝟎 = μ 𝟎 𝑯
 𝝁𝟎 é a permeabilidade do vácuo, com valor 𝟒𝝅 × 𝟏𝟎−𝟕 𝐇/𝐦
𝝁
𝝁𝒓 =
μ𝟎
 𝝁 é a medida do grau pelo qual o material pode ser magnetizado, ou da
facilidade pela qual um campo B pode ser induzido na presença de um
campo externo H;
 A magnetização do sólido, M é dada por:
𝑩 = 𝝁𝟎 𝑯 + 𝝁𝟎 𝑴
 Os momentos magnéticos no interior do material tendem a ficar alinhados
com o campo e a reforçá-lo em virtude de seus campos magnéticos (𝝁𝟎 𝑴)
Processos Magnéticos

Conceitos Básicos
 Vetores de Campo Magnético
 A magnitude de 𝑴:
𝑴 = 𝝌𝒎 𝑯
 𝝁𝟎 é a permeabilidade do vácuo, com valor 𝟒𝝅 × 𝟏𝟎−𝟕 𝐇/𝐦
 A Suscetibilidade magnética mensura a capacidade de um material em
magnetizar-se sob ação de uma estimulação magnética, de um campo
magnetizante, ao qual este é submetido.
𝝌𝒎 = 𝝁𝒓 − 𝟏
 Analogia com os fenômenos elétricos:
 B e H são análogos a D e E, respectivamente;
 𝝁 é análoga à 𝝐;
 M e P são correlatas;
Processos Magnéticos

Conceitos Básicos
 Origens dos Momentos Magnéticos
 Estão associados ao elétrons individualmente;
 Momentos magnéticos originados de duas fontes:
 Movimento orbital ao redor do núcleo;
 Movimento ao redor do próprio eixo;
 Momentos magnéticos de spin: “para cima” ou “para baixo”;
 Cada elétron possui momentos magnéticos orbital e de rotação
permanentes;
Processos Magnéticos

Conceitos Básicos
 Origens dos Momentos Magnéticos
 Momento magnético fundamental é o Magneton de Bohr, 𝝁𝑩 , possui
magnitude de 𝟗, 𝟐𝟕 × 𝟏𝟎−𝟐𝟒 𝑨 ∙ 𝒎², corresponde ao momento magnético
do “spin”;
 Preenchimento das camadas ou subcamadas eletrônicas, existe um
cancelamento total tanto no momento orbital quanto do momento de
spin;
 Tipos de Magnetismo: Diamagnetismo, Paramagnetismo e
Ferromagnetismo (Antiferromagnetismo e Ferrimagnetismo);
 Comportamento depende da resposta do elétron e dos dipolos
magnéticos atômicos à aplicação de um campo magnético externo;
Processos Magnéticos

Conceitos Básicos
 Origens dos Momentos Magnéticos
Processos Magnéticos

Conceitos Básicos
 Origens dos Momentos Magnéticos
 Alguns momentos orbitais de spin se cancelam;
 O momento líquido do átomo é a soma dos momentos orbital e spin que
não se cancelam;
 Átomos com camadas e subcamadas cheias não têm capacidade de ser
permanentemente magnetizadas;
Processos Magnéticos

Diamagnetismo e Paramagnetismo
 Diamagnetismo
 É uma forma muito fraca de magnetismo, que não é permanente e que
persiste apenas enquanto um campo externo está sendo aplicado;
 O momento magnético induzido é extremamente pequeno e ocorre em
direção oposta à do campo aplicado;
 São atraídos em direção às regiões nas quais o campo é fraco;
 É encontrado em todos os materiais;
 Essa forma de magnetismo não tem qualquer importância prática;
 Permeabilidade relativa menor que 1 e Suscetibilidade magnética negativa;
Processos Magnéticos

Diamagnetismo e Paramagnetismo
 Diamagnetismo
 Exemplos:
Processos Magnéticos

Diamagnetismo e Paramagnetismo
 Paramagnetismo
 Resulta quando os dipolos atômicos estão livres para girar, e se alinham de
maneira preferencial, por rotação, com um campo externo;
 O alinhamento dos dipolos causa um aumento do campo externo;
 O comportamento Paramagnético se sobrepõe ao Diamagnético;
 Permeabilidade relativa maior que 1 e Suscetibilidade magnética positiva;
Processos Magnéticos

Diamagnetismo e Paramagnetismo
 Paramagnetismo
 Exemplos:
Processos Magnéticos

Diamagnetismo e Paramagnetismo
 Densidade do fluxo B em função da intensidade do campo
magnético H para materiais Diamagnéticos e Paramagnéticos:
Processos Magnéticos

Diamagnetismo e Paramagnetismo
Processos Magnéticos

Ferromagnetismo
 Apresentam um momento magnético permanente na ausência de um campo
externo, e magnetizações muito grandes e permanentes;
 Exibido pelos metais de transição (ferro, cobalto, níquel e alguns terras-raras);
 Devido a alta suscetibilidade magnética, temos que

𝑯≪𝑴 , logo 𝑩 = 𝝁𝟎 𝑴
 O momento magnético resultante é devido aos momentos magnético
atômicos devido os spins dos elétrons;
 O alinhamento mútuo de spins existe ao longo de regiões do volume do cristal
relativamente grandes, denominadas domínios;
 Magnetização de saturação Ms, representa a
magnetização que resulta quando todos os dipolos
magnéticos em uma peça sólida estão mutuamente
alinhados com o campo externo;
Processos Magnéticos

Antiferromagnetismo e Ferrimagnetismo
 ANTIFERROMAGNETISMO
 Acoplamento magnético do momento magnético entre átomos ou íons
adjacentes ocorre materiais que não são ferromagnéticos;
 Resulta em um alinhamento antiparalelo com o alinhamento dos spins de
átomos ou íons vizinhos em direções opostas;
 MnO – óxido de manganês (cerâmica de carácter iônico)
 MnO -> 𝑴𝒏𝟐+ 𝑶𝟐−
 Os íons de Mn2+ estão arranjados na estrutura
cristalina de forma que os momentos de íons
adjacentes são antiparalelo;
 Assim, o sólido como um todo não apresenta
qualquer momento magnético resultante;
Processos Magnéticos

Antiferromagnetismo e Ferrimagnetismo
 FERRIMAGNETISMO
 Tipo de magnetização permanente, semelhante ao ferromagnetismo;
 Representado pelas ferritas cúbicas, as cerâmicas magnéticas;
 Apresenta um alinhamento antiparalelo de momentos magnéticos (spins) de
átomos vizinhos;
 Momento magnético de cada um dos componentes do par antiparalelo é
diferente, não se cancelam, gerando um momento líquido resultante;
Processos Magnéticos

Antiferromagnetismo e Ferrimagnetismo
 FERRIMAGNETISMO
 Ferritas cúbicas podem ser produzidas pela adição de íons metálicos que
substituem alguns íons ferro da estrutura cristalina;
 Íons metálicos bivalentes: 𝑵𝒊𝟐+ , 𝑴𝒏𝟐+ , 𝑪𝒐𝟐+ 𝒆 𝑪𝒖𝟐+
 Ferritas mistas: compostos contendo dois íons metálicos: (𝐌𝐧𝐌𝐠)𝑭𝒆𝟐 𝑶𝟒
 As magnetizações de saturação não é tão elevada quanto para os
ferromagnéticos;
 Por ser compostos cerâmicos são bons isolantes
elétricos;
 Aplicação: Transformadores de alta frequência
Processos Magnéticos

Influência da Temperatura sobre o


Comportamento Magnético
 Com o aumento da temperatura, o maior movimento térmico dos átomos
tende a tornar aleatórias as direções de quaisquer momentos que possam
estar alinhados;
 Afeta os matérias ferromagnéticos, antiferromagnéticos e ferrimagnéticos;
 A movimentação térmica dos átomos atua contra a força de acoplamento dos
momentos magnéticos;

 Resulta na diminuição da
magnetização de saturação;
 A magnetização de saturação é
máxima a 0 K e chega a a zero na
Temperatura de Curie
(ferromagnético e ferrimagnético);
 O antiferromagnetismo é afetado
pela Temperatura de Néel.
Processos Magnéticos

Domínios e Histerese
 Domínios: regiões de pequeno volume onde há alinhamento mútuo dos
momentos de dipolos magnéticos, estando em sua magnetização de
saturação;
 Separação por paredes de domínio, com direção variando conforme a
magnetização;
 A magnitude do campo M para um sólido como um todo é a soma vetorial das
magnetizações de todos os domínios;
Processos Magnéticos

Domínios e Histerese
 A densidade do fluxo B e a intensidade do campo H não são proporcionais
para os materiais ferromagnéticos e ferrimagnéticos;
 A permeabilidade μ é a inclinação da curva de B em função de H, assim a
permeabilidade varia em função e é dependente de H;
 Produção de um efeito de histerese;
Processos Magnéticos

Domínios e Histerese
 Existência de um campo B residual denominado remanência, ou densidade do
fluxo remanescente, com o material permanecendo magnetizado na ausência
de um campo externo;
 Para reduzir o campo B a zero é necessário a aplicação de um campo em
direção oposta à do campo original (Hc – coercividade ou força coercitiva);
 Pode haver outras curvas de histerese a depender da intensidade e direção do
campo H aplicado;
 O ciclo NP é uma curva de histerese
que corresponde a um campo menor
do que o de saturação;
 O ciclo LM o campo é invertido até
zero;
Processos Magnéticos

Domínios e Histerese
 Há uma linearidade dos
materiais paramagnéticos e
diamagnéticos;
 O comportamento de um
material ferromagnético e
ferrimagnético típico não é
linear;
Processos Magnéticos

Domínios e Histerese
 Micrografia da superfície do material
ferromagnético, mostrando os grãos do cristal,
cada um dividido em vários domínios.

 Movimento das paredes dos domínios em um grão de


silício causado por um campo magnético externo na
direção “para baixo”. Áreas brancas são domínios com
magnetização direcionada para cima, áreas escuras são
domínios com magnetização direcionada para baixo.
Processos Magnéticos

Anisotropia Magnética
 Fatores que alteram as curvas de histerese magnética:
 Tipo de cristal: monocristalina ou policristalina;
 Se policristalina, se há qualquer orientação preferencial dos grãos;
 Presença de poros ou partículas de segunda fase;
 Temperatura, se tensão mecânica estiver aplicada, do estado de tensão;

 Dependência do comportamento
magnético em relação à orientação
cristalográfica;
 Para cada um dos materiais existe uma
direção cristalográfica na qual a
magnetização é mais fácil;
Processos Magnéticos

Referência Bibliográfica
 CALLISTERJR. WilliamD.; Ciência d Engenharia de
Materiais – Uma introdução. Editora LTC- 7ª ED.
2008 - ISBN9788521615958

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