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PC – SP

Noções de
Criminologia

Livro Eletrônico
AULA ESSENCIAL 80/20
Noções de Criminologia
Mariana Barreiras

Sumário
Criminologia.........................................................................................................................................................................3

1. Análise da Banca.. .........................................................................................................................................................3


2. Conteúdo mais Cobrado em Provas...................................................................................................................4
2.1. Criminologia como Ciência..................................................................................................................................4
2.2. Nascimento da Criminologia.............................................................................................................................7
2.3. Correntes de Política Criminal...................................................................................................................... 10
2.4. Escolas Sociológicas. . .........................................................................................................................................12
2.5. Vitimologia...............................................................................................................................................................25
2.6. Prevenção da Infração Penal no Estado Democrático de Direito. ............................................32
2.7. Criminologia e o Papel da Polícia Judiciária. .........................................................................................38
Mapa Mental.....................................................................................................................................................................44
Questões de Concurso................................................................................................................................................64
Gabarito............................................................................................................................................................................... 72
Gabarito Comentado.................................................................................................................................................... 73

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CRIMINOLOGIA
1. Análise da Banca
Olá, estudante! Eu sou a prof.ª Mariana Barreiras, Consultora Legislativa da Câmara dos
Deputados e mestre em Criminologia pela USP. Vou guiar você nessa aula essencial de Cri-
minologia para te ajudar na trajetória rumo aos cargos da PCSP. Deixo meu Instagram, onde
posto dicas e horários das aulas de Criminologia: @profmaribarreiras.
Vamos começar nossa aula 80/20 fazendo uma análise da banca Vunesp.
Analisando as provas já realizadas pela Vunesp nos últimos dez anos, é possível perceber
que a banca cobra a seguinte porcentagem de cada assunto, por ordem decrescente:
1º. Criminologia: conceito, objeto, método e funções. Escola Clássica e Positivista: 27%
2º. Vitimologia: 23%
3º. Estado Democrático de Direito e Prevenção da Infração Penal: 19%
4º. Escolas Sociológicas: 17%
5º. Criminologia e Política Criminal. O Papel da Polícia Judiciária: 14%.

Visto isso, vou apresentar os tópicos principais para o seu estudo, priorizando os temas
mais cobrados.

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2. Conteúdo mais Cobrado em Provas


2.1. Criminologia como Ciência
A Criminologia é uma ciência humana, interdisciplinar, indutiva e empírica, que se ocupa
do estudo do crime, do delinquente, da vítima e dos mecanismos de controle social. É uma
ciência autônoma, e não um ramo do Direito Penal. É um saber que se aproxima do fenômeno
criminal com o intuito de entender sua origem, suas causas – individuais e sociais –, suas
consequências e o funcionamento das instâncias de controle. Não se aproxima do delito para
valorá-lo, julgá-lo.

Cabe definir a Criminologia como ciência empírica e interdisciplinar, que se ocupa do estudo do cri-
me, da pessoa do infrator, da vítima e do controle social do comportamento delitivo, e que trata de
subministrar uma informação válida, contrastada, sobre a gênese, dinâmica e variáveis principais
do crime – contemplando este como problema individual e como problema social –, assim como
sobre os programas de prevenção eficaz do mesmo e técnicas de intervenção positiva no homem
delinquente e nos diversos modelos ou sistemas de resposta ao delito1.

A Criminologia nasceu como ciência autônoma no século XIX, com a obra “O Homem De-
linquente”, de Cesare Lombroso, expoente da Escola Positivista.

1
GARCÍA-PABLOS DE MOLINA, Antonio; GOMES, Luis Flávio. Criminologia: introdução a seus fundamentos teóricos; intro-
dução às bases criminológicas da Lei n. 9.099/1995, Lei dos Juizados Especiais Criminais. 5ª ed. São Paulo: RT, 2006. p.
33.

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2.1.1. Métodos

A Criminologia se vale do empirismo, da indução e da interdisciplinaridade. Uma ciência


empírica se baseia na experiência, na observação da realidade. No método indutivo, o racio-
cínio parte de dados particulares (fatos observados, experiências, ou seja, crimes) e chega a
regras ou conceitos mais gerais sobre tais fatos. Na interdisciplinaridade, o conhecimento se
produz com a cooperação de várias disciplinas ou ciências.
A Criminologia é humana, empírica, interdisciplinar (ou multidisciplinar), integrada (inte-
gra vários saberes), indutiva, do “ser”, analítica. Usa o método biológico quando procura as
razões da criminalidade no corpo do criminoso. Usa o método sociológico quando procura
essas causas no corpo social.
A Criminologia NÃO É exata, normativa, jurídica, dogmática, dedutiva, valorativa (axio-
lógica), silogística, teorética, especulativa, metafísica, conceitual, abstrata, racional, do
“dever-ser”.
Recurso Mnemônico:
Criminologia: IN: INDUTIVA, INTERDISCIPLINAR, “IMPÍRICA”
Criminologia Indução  Parte-se do caso concreto com o intuito de chegar a regras
genéricas.
Direito Penal  Dedução  Parte-se de regras genéricas, formulações abstratas, que de-
vem ser aplicadas aos casos concretos.

2.1.2. Objetos

A Criminologia possui quatro objetos consagrados: o crime, o criminoso, a vítima e os


mecanismos de controle social. As provas gostam de perguntar quando cada objeto passou
a fazer parte das análises da Criminologia.
Delito: fez parte dos estudos criminológicos desde os penalistas clássicos no século XVIII
– etapa pré-científica da Criminologia –, preocupados com a racionalidade e a proporciona-
lidade da pena. O conceito de delito ou crime para a Criminologia não é o mesmo conceito
utilizado pelo Direito Penal. Juridicamente, crime é o fato típico, ilícito e culpável. Uma con-

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duta para ser considerada crime pela Criminologia deve apresentar: incidência massiva na
população; incidência aflitiva; persistência espaço-temporal; e inequívoco consenso social.
Delinquente: passa a ser objeto da Criminologia sobretudo a partir do século XIX, com
o advento das teorias positivistas, que queriam aplicar a observação empírica da realidade.
Como não era possível observar empiricamente as normas, começa-se a analisar o delin-
quente. É o que fez Lombroso. A Criminologia passa a ter objeto, método e função próprios e,
por isso, nasce como ciência autônoma no século XIX.
Vítima: os estudos criminais, de maneira geral, passaram por três grandes momentos:
Idade de ouro da vítima (desde os primórdios da civilização até o século XII, com previsão de
autotutela e processo penal do tipo acusatório, com importante papel desempenhado pela ví-
tima); neutralização do poder da vítima (início com a adoção do processo penal inquisitivo, no
século XII, com perda de protagonismo da vítima); e ressurgimento do poder da vítima (início
no século XVIII até os dias atuais. Nessa fase ocorre a consolidação da Vitimologia, sobre-
tudo a partir dos estudos de Benjamim Mendelsohn de 1947 sobre os judeus nos campos de
concentração de Alemanha nazista, após a Segunda Guerra Mundial).
Controle Social: são os freios que a sociedade apresenta aos indivíduos que almejam a
prática de alguma conduta antissocial. Os controles sociais informais (vizinhança, escola,
trabalho, clubes, associações) são aqueles de cuja atuação não pode resultar uma sanção
penal. Tornaram-se objeto da Criminologia sobretudo com a Escola de Chicago, de 1920 em
diante. Os controles sociais formais (polícia, Ministério Público, Poder Judiciário, penitenci-
árias) são aqueles de cuja atuação pode resultar uma sanção penal. Consolidaram-se como
objeto de estudo da Criminologia a partir dos estudos interacionistas (“labelling approach”)
da década de 1960.

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2.2. Nascimento da Criminologia


No tocante ao nascimento da Criminologia, as bancas têm predileção por perguntas que
diferenciam a Escola Clássica, típica do século XVIII, e a Escola Positivista, típica do Século
XIX. Ambas tiveram como epicentro a Itália.

2.2.1. Clássicos

A Escola Clássica do Direito Penal, do século XVIII, é uma etapa pré-científica da Crimi-
nologia. Os autores clássicos reconhecem que as pessoas são seres racionais, que possuem

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livre-arbítrio, ou seja, podem fazer escolhas. O cometimento de um crime é fruto de uma


decisão que implica quebra do pacto social de convivência pacífica. O delinquente deve ser
punido pelo mal que causou com a sua escolha. A ele, então, são aplicáveis as penas previs-
tas no ordenamento jurídico, utilizando-se a técnica dedutiva (a dedução é típica do Direito,
lembre-se! A Criminologia usa técnica indutiva, mas nessa época a Criminologia ainda não
havia nascido propriamente como ciência, de modo que os clássicos são, sobretudo, juristas
da área penal) de subsumir uma conduta a uma norma penal incriminadora. Os clássicos
consideram que o crime é, antes de tudo, um ente jurídico. É necessário que haja uma previ-
são legal para que uma conduta seja considerada criminosa.
A Escola Clássica não estava tão interessada em entender a razão pela qual alguém de-
cide cometer um crime. Mas foi a Escola Clássica que se preocupou, pela primeira vez, em
fundamentar, delimitar e legitimar a pena. Em substituição ao sistema penal caótico e desu-
mano do Antigo Regime, a Escola Clássica forneceu um panorama legislativo humanitário e
racional, mostrando que a pena poderia e deveria ser útil, justa e proporcional.
Alguns dos principais expoentes são: Francesco Carrara, Feuerbach e Cesare Bonesana,
também conhecido como Marquês de Beccaria.

2.2.2. Positivistas

Opondo-se ao racionalismo dedutivo dos clássicos, os positivistas, do século XIX, de-


fendem a observação dos fenômenos criminais, com primazia para a experiência sensitiva
humana. A ideia era aplicar, nas ciências humanas, métodos oriundos das ciências naturais.

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Como não era possível realizar essa aplicação em relação às normas (grande objeto de es-
tudo dos penalistas clássicos), começa-se a estudar o próprio delinquente. Muitos autores
identificam que aí nasce, verdadeiramente, a Criminologia como ciência. Afinal, é nesse mo-
mento que a Criminologia começa a se valer do método indutivo, empírico e multidisciplinar.
Para os positivistas, o livre-arbítrio era uma ilusão. O delinquente era escravo do deter-
minismo biológico ou do determinismo social. No determinismo biológico, acredita-se que
diferenças genéticas entre os indivíduos os tornam mais propensos ao crime. São doenças,
patologias que levam o indivíduo a se tornar um delinquente. No determinismo social, são
as características do ambiente social que levam um indivíduo ao crime. Em ambos os casos,
não há espaço para a escolha do indivíduo. Há, nessa Escola, muito interesse pelo estudo da
etiologia do delito. Ou seja, com o positivismo a Criminologia passa a tentar entender a razão
pela qual uma pessoa comete um crime.
Para os positivistas, o crime não é uma entidade jurídica. Ele existe por si só, ou seja, on-
tologicamente.
É típica do pensamento clássico a adoção de penas proporcionais ao mal causado. A
pena, para os clássicos, é sobretudo retribuição. É característica do pensamento positivista
a adoção de medidas de segurança com finalidade curativa, pelo tempo em que persistisse
a patologia. A medida de segurança é uma medida de defesa social (defesa da sociedade)
contra o criminoso, que será sempre psicologicamente anormal.
Os principais expoentes do positivismo são:
• Cesare Lombroso, autor de “O Homem Delinquente”, responsável pela corrente antro-
pológica do positivismo e considerado o pai da Criminologia;
• Enrico Ferri, autor de “Sociologia Criminal”, responsável pela corrente sociológica do
positivismo;
• Rafaelle Garofalo, autor de “Criminologia”, responsável pela corrente jurídica do positi-
vismo.

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2.3. Correntes de Política Criminal


Entre a Criminologia e o Direito Penal se interpõe a Política Criminal, que transforma os
conhecimentos da Criminologia em opções concretas de atuação para controle da criminali-
dade. A Política Criminal converte a experiência criminológica em proposições.
Abolicionismo Penal: defende o fim do sistema penal ou de alguns de seus aspectos,
como a pena de prisão, em razão de seus efeitos deletérios. Já que o sistema penal é estig-
matizante, seletivo, acelerador de carreiras criminais e incapaz de promover ressocialização,
sugere-se que ele seja extinto. Thomas Mathiesen e Louk Hulsman são dois expoentes.
Minimalismo Penal (Garantismo): entende que o Direito Penal é um mal necessário. É
inafastável que os direitos humanos sejam o fundamento de todo o sistema penal. Propugna
a aplicação de sanções alternativas à pena privativa de liberdade sempre que possível. Luigi
Ferrajoli, Alessandro Baratta, Eugenio Raúl Zaffaroni e Nils Christie são importantes nomes.
Direito Penal Máximo (eficientismo penal): considera que o Direito Penal é um instrumen-
to eficaz para combater o crime. Guarda íntima conexão com o neoliberalismo. É uma linha
penal de mão dura.
Tolerância zero: James Q. Wilson, EUA, em “Pensando Sobre o Delito” (1975), defendeu o
que se chamou de realismo de direita, realismo penal duro ou, simplesmente, realismo crimi-
nológico. Para ele, era necessário impor penas duras aos reincidentes, pois os cidadãos são
impacientes com argumentos de que o crime somente pode ser prevenido com combate à
pobreza e reformas das prisões. Propugnou a implantação da teoria das janelas quebradas:
era necessário punir mesmo as menores incivilidades, já que elas seriam apenas o símbolo
de uma deterioração maior. Surge, na década de 1980, nos Estados Unidos e também na In-
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glaterra, uma onda punitivista que se denomina movimento de lei e ordem (“law and order”),
movimento conservador neorretribucionista que recomenda: penas mais longas e mais duras,
ou até mesmo a pena de morte; diminuição da discricionariedade do juiz; excessivo rigor no
cumprimento da pena privativa de liberdade; ampliação das possibilidades de prisão provisó-
ria. Em 1994, Rudolph Giuliani, prefeito de Nova Iorque, conservador, começou a empregar o
nome “tolerância zero” seguindo esses ensinamentos.
Direito Penal do Inimigo: teoria desenvolvida pelo alemão Günther Jakobs, em sua obra
“Direito Penal do Inimigo” (1985). Defende a distinção entre cidadãos e inimigos. O inimigo é
aquele que se afasta de maneira duradoura e decidida do Direito. No Direito Penal do Inimigo,
a pena tem caráter de prevenção especial negativa. O Estado não deve tratar o inimigo como
pessoa, já que isso vulneraria o direito à segurança das demais pessoas. A punição de atos
preparatórios, as extensas penas privativas de liberdade, a prisão preventiva, a interceptação
telefônica, os agentes infiltrados, a incomunicabilidade entre presos e seus defensores são
exemplos de regulação típica de Direito Penal do Inimigo. É considerado a terceira velocidade
do Direito Penal.

2.3.1. Velocidades do Direito Penal

Classificação originada do pensamento do espanhol Jesus-María Silva Sánchez.


1ª Velocidade: Direito Penal clássico, com pena privativa de liberdade
2ª Velocidade: delitos menos graves, com penas alternativas e flexibilização de garantias.
Ex.: Lei n. 9.099/1995.
3ª Velocidade: pena privativa de liberdade com pena de prisão com flexibilização de
garantias. Ex.: Lei dos Crimes Hediondos, o Regime Disciplinar Diferenciado, Direito Penal
do Inimigo.

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4ª Velocidade (neopunitivismo): termo cunhado pelo argentino Daniel Pastor. É o modelo


do Tribunal Penal Internacional, com restrição de garantias de réus ex-chefes de Estado que
violaram gravemente tratados internacionais sobre direitos humanos.

2.4. Escolas Sociológicas


As teorias sociológicas do crime podem ser agrupadas em duas grandes categorias: as
Teorias do Consenso e as Teorias do Conflito. As teorias do consenso partem do pressuposto
de existência de objetivos comuns a todos os cidadãos, que aceitam as regras vigentes. São
também chamadas de funcionalistas ou integralistas. São consideradas conservadoras por-
que entendem que os agrupamentos sociais são benéficos e consensuais.
As teorias do consenso mais cobradas em provas são: Escola de Chicago, Teoria da Ano-
mia, Teoria da Subcultura Delinquente e Teoria da Associação Diferencial.
As teorias do conflito, por outro lado, partem do pressuposto de que há força e coerção na
sociedade. Somente existe ordem porque há dominação de uns e sujeição de outros. A pro-

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dução legislativa serviria para assegurar o triunfo da classe dominadora. Essas teorias são
também chamadas de argumentativas e são consideradas progressistas, pois entendem os
agrupamentos sociais como fruto de opressões que devem ser repensadas, eliminadas.
As teorias do conflito mais cobradas em provas são: Teoria do “Labelling Approach” (Te-
oria da Reação Social, do Etiquetamento, Interacionista, Teoria do Interacionismo Simbólico)
e Teoria Crítica (ou Teoria Radical).
Recurso Mnemônico
Teorias do Consenso: Chicago, Anomia, Subcultura e Associação
Teorias do Conflito: Crítica e Interacionismo Simbólico ou Etiquetamento
É CONSENSO que todo mundo quer CASA.
O CONFLITO é que estamos em CRISE.

2.4.1. Teorias do Consenso

2.4.1.1. Escola de Chicago

Se propôs a discutir múltiplos aspectos da vida humana, todos relacionados com a vida
na cidade. Entre os anos 1920 e 1930, Robert Ezra Park, Ernest W. Burgess e seus alunos
produziram mais de 20 obras sobre a ecologia urbana da cidade de Chicago. Os bairros de
Chicago são divididos e analisados de acordo com seus problemas sociais. Burgess desen-
volve a teoria das zonas concêntricas. Clifford Shaw e Henry McKay são outros dois nomes
importantes na Escola de Chicago. Preocupados com a delinquência juvenil, na obra Delin-
quency Areas, demonstraram que, quanto mais perto do loop, maior a degradação e as taxas
de criminalidade dos bairros. Concluíram, também, que nas áreas criminais, o controle social
informal é pouco eficiente. A pessoa recém-chegada à cidade passa por um processo de de-
sorganização social. Há um sentimento de perda pessoal, rejeição de regras sociais, perda de
raízes. A desorganização social causa aumento de doenças, prostituição, insanidades, suicí-
dios e crime.
QUADRO RESUMO

Teoria Autores Ideias principais

Robert Park
Ernest Burgess Desorganização social das grandes
Escola de
Clifford Shaw cidades
Chicago
Henry McKay Controle social informal enfraquecido
(EUA, 1920-1930)

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Recurso Mnemônico:
Chicago é uma CIDADE dos EUA. A teoria fala exatamente sobre a desorganização social
das grandes CIDADES. E quando vamos aos EUA, sempre visitamos PARQUES (Robert Park),
comemos HAMBÚRGUER (Ernest Burgess), tomamos MILK SHAKE (Clifford Shaw), às vezes
no Mc (Henry McKay).

2.4.1.2. Teoria da Anomia (Teoria Funcionalista ou Estrutural-Funcionalista)

Émile Durkheim: sociólogo francês (final séc. XIX). Há momentos em que a sociedade
atravessa transformações e perde a capacidade de exercer o papel de freio moral. A anomia
é esse estado de desregramento ou desintegração das normas sociais, produzindo uma si-
tuação de transgressão ou de pouca coesão. O crime se torna um problema quando existe
anomia. Caso contrário, o crime é um fenômeno relativamente normal e útil, porque permite
que a consciência coletiva evolua.
Robert Merton: sociólogo (EUA), final dos anos 30. Adaptou a teoria do Durkheim para o
American Dream. As estruturas sociais e culturais apresentam objetivos e meios que têm,
entre outras, a função de fornecer uma base de previsibilidade e regularidade do comporta-
mento humano. Os objetivos são as metas, propósitos, interesses (Ex.: comprar uma casa; ter

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um carro; viajar para o exterior todo ano). Os meios, por sua vez, definem, regulam e contro-
lam as maneiras consideradas aceitáveis para o atingimento dos objetivos (Ex.: trabalhar em
troca de um bom salário para poder adquirir seus bens; praticar fraudes). Às vezes, a cultura
de uma sociedade coloca muita ênfase na importância de que se atinja um certo objetivo, mas
não fornece os meios correspondentes para que o êxito se dê. Isso é particularmente visível
nas situações em que a estrutura cultural impõe aos cidadãos padrões de consumo e riqueza,
mas a estrutura social não fornece condições para que os indivíduos enriqueçam ou consu-
mam do modo como se espera.
No limite, quando a previsibilidade das condutas num grupo social é minimizada, pelo
distanciamento entre os objetivos e os meios, está configurada a anomia ou caos cultural. Os
indivíduos, nesses casos, procedem a adaptações individuais, que podem ser: conformidade;
inovação (anomia propriamente dita); ritualismo; retração e rebelião. Em palavras mais sim-
ples, para Merton, o crime, em muitos casos, deriva da não aceitação das regras que limitam
os meios para o alcance das metas. O ladrão rouba um celular de última geração (objetivo)
porque não possui renda (meio lícito) para obtê-lo.
Talcott Parsons: sociólogo (EUA), 1951. Desenvolveu a teoria do sistema social, aprofun-
dando as ideias de Merton.

Teoria Autores Ideias Principais

Émile Durkheim (FRA,


Anomia fim séc. XIX) Crime é normal e útil, a não ser quando
Funcionalista Robert Merton ultrapassados certos limites
Estrutural- (EUA, 1938) Crime resulta de descompasso entre
funcionalista Talcott Parsons meios e objetivos
(EUA, 1951)

Recurso Mnemônico
Para lembrar que o Durkheim e o Merton são expoentes da Teoria Da Anomia, vamos
pensar que o Durkheim, no Brasil, teria o apelido DUDU. Quando falamos de Dudu, podemos
lembrar do DUDU NOBRE e com o sobrenome fazemos a associação com ANOMIA, pois o NO
nos lembra aNOmia. Com o NO também lembramos que, para essa teoria, o crime é NOrmal.
Aliás, podemos chamar essa teoria de aNORmia, para lembrar de NORmalidade. Para lembrar
do MERTON e do PARSONS, costumamos lembrar que o Dudu Nobre não é nobre de origem,
mas pelo seu MÉRITO (Merton) de tocar muito bem o cavaquinho, e por causa dos seus PAR-
ÇAS (Parsons), os parceiros de samba que deram apoio à sua carreira.

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DUDU NOBRE: DUrkheim – aNOmia

2.4.1.3. Teoria da Associação Diferencial

Seu principal autor foi Edwin Sutherland, sociólogo norte-americano. No começo dos anos
40, Sutherland defendeu que o crime não é cometido somente por pessoas menos favoreci-
das. As pessoas aprendem a conduta desviada e se associam com outras pessoas tendo por
base essa conduta. O processo de comunicação, é fundamental. A pessoa se torna criminosa
quando as definições favoráveis à violação da norma superam as definições desfavoráveis,
em um processo de imitação. O nome associação diferencial se refere ao fato de as pessoas
se associarem em grupos em que condutas diferentes (crimes) são ensinadas e legitimadas.

2.4.1.3.1. Crime do Colarinho Branco (White-collar Crime)

Sutherland cunhou a expressão (white collar crime) em 1939. É o crime cometido no âm-
bito da profissão por uma pessoa de respeitabilidade e elevado estatuto social. A razão pela
qual esses crimes são cometidos é a mesma da criminalidade dos pobres: aprendizado so-
mado a definições favoráveis à violação da lei. Crimes difíceis de se detectar ou sancionar,
em virtude da “imunidade do negócio”. Crimes com efeitos significativos, porém difusos. É um
tipo de criminalidade organizada praticada pelos homens de negócio.

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2.4.1.3.2. Crime do Colarinho Branco no Brasil

O tema está, atualmente, em franca evidência. A Operação Lava Jato é citada como exem-
plo de quebra de paradigma. Banestado e Mensalão foram importantes precedentes. Algumas
leis foram importantes para essa alteração de cenário, como a Lei dos Crimes de Colarinho
Branco (Lei n. 7.492/1986) e a Lei de Lavagem de Dinheiro (Lei n. 9.613/1998). Impunidade
deixou de ser uma certeza para os poderosos, políticos ou financeiros.

Teoria Autores Ideias principais

Crime é aprendizado nos grupos sociais íntimos


Associação Edwin Sutherland
Crime independe de classe social
Diferencial (EUA, 1940)
Crime do colarinho branco

Recurso Mnemônico
Associação diferencial não remete àquilo que é diferente. No Brasil, costuma-se dizer que
um povo muito diferente é o paranaense. Não é à toa que o Paraná é inclusive chamado de
Rússia brasileira, dadas as particularidades de seu povo. (Calma, gente, esse exemplo foi
criado antes da guerra da Ucrânia!) E quando falamos em Paraná, lembramos automatica-
mente da Lava-Jato, deflagrada a partir de Curitiba, o caso mais emblemático de combate à
criminalidade de colarinho branco. Por sua vez, como o Paraná é uma terra do Sul, isso nos
faz lembrar de Southern land, ou de Sutherland.

2.4.1.4. Teoria da Subcultura Delinquente

Desenvolvida na obra “Delinquent boys”, de Albert Cohen (EUA), 1955. Toda sociedade é
internamente diferenciada em numerosos subgrupos, ou subculturas, com maneiras de pen-
sar e agir: que lhe são peculiares; que as pessoas somente podem adquirir participando des-

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ses grupos; e que alguém raramente deixará de adquirir se for um participante verdadeiro do
grupo. A subcultura, típica das gangues, valoriza o não-utilitarismo, a malícia, o negativismo,
a versatilidade, o hedonismo de curto prazo e a autonomia de grupo.

Teoria Autores Ideia Principal

Gangues são subculturas delinquentes


Subcultura Albert Cohen Não-utilitarismo da ação, malícia, versatilidade,
Delinquente (EUA, 1955) negativismo, hedonismo de curto prazo e
autonomia de grupo

Recurso Mnemônico
Vamos pensar nas gangues de meninos do Rio de Janeiro e da música do Marcelo D2 so-
bre a situação deles, que estão sempre buscando alternativas para não abaixar a cabeça para
as regras impostas pelas elites. E, NO REFRÃO, substituímos “Qual é?” por “COHEN”.

Quem nasceu pra malandragem


Não quer ser doutor
Há quinhentos anos
Essa banca manda a vera
Abaixou a cabeça já era, então diz
Essa onda que tu tira, COHEN?
Essa marra que tu tem, COHEN?
Tira onda com ninguém, COHEN?
COHEN neguinho, COHEN?

2.4.1.5. Quadro Sinóptico das Teorias do Consenso

Teoria Autores Ideias Principais

Robert Park
Ernest Burgess
Escola de Desorganização social das grandes cidades
Clifford Shaw
Chicago Controle social informal enfraquecido
Henry McKay
(EUA, 1920-1930)

Émile Durkheim (FRA,


Anomia fim séc. XIX) Crime é normal e útil, a não ser quando
Funcionalista Robert Merton ultrapassados certos limites
Estrutural- (EUA, 1938) Crime resulta de descompasso entre meios
Funcionalista Talcott Parsons e objetivos
(EUA, 1951)

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Teoria Autores Ideias Principais

Crime é aprendizado nos grupos sociais


Associação Edwin Sutherland íntimos
Diferencial (EUA, 1940) Crime independe de classe social
Crime do colarinho branco

Gangues são subculturas delinquentes


Subcultura Albert Cohen Não-utilitarismo da ação, malícia,
Delinquente (EUA, 1955) versatilidade, negativismo, hedonismo de
curto prazo e autonomia de grupo

2.4.2. Teorias do Conflito

2.4.2.1. Labelling Approach

Desenvolvida sobretudo nos EUA a partir da década de 1960. Também chamada de teoria
da rotulação; teoria do etiquetamento; teoria da reação social; teoria interacionista; intera-

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cionismo simbólico. O controle social formal se consolidou como objeto da Criminologia em


virtude dessa escola, que nasceu nos anos de 1960, nos Estados Unidos. Estudar a realidade
social implica estudar os processos de interação individual ocorridos no seio da própria so-
ciedade. Reconhece o caráter constitutivo do controle social formal, considerado instrumen-
to seletivo e discriminatório. Deixa-se de questionar por que um indivíduo comete crimes,
e passa-se a indagar a razão de certa conduta ser etiquetada com o rótulo de desviada. Há
abandono do paradigma etiológico. Propuseram a política dos 4 Ds:
• Descriminalização (deixar de considerar certas condutas como criminosas);
• Diversão (diversificar a resposta aos problemas da sociedade);
• Devido processo legal (respeitar as regras do processo legal);
• Desinstitucionalização: (pensar em penas alternativas à prisão).

Os principais expoentes são Howard Becker e Erving Goffman.


No Brasil, a Reforma Penal de 1984, a Lei de Execução Penal e a Lei dos Juizados Espe-
ciais Cíveis e Criminais são citadas como reflexo das ideias do labelling.

Teoria Autores Ideias Principais

Controle social formal é seletivo, discriminatório


Labelling e estigmatizante
Approach Howard Becker Por que a etiqueta de criminoso é colada com
Reação Social Erving Goffman sucesso somente em alguns casos?
Etiquetamento (EUA, déc. 1960) Política dos 4Ds (descriminalização,
Interacionista diversificação, devido processo legal e
desinstitucionalização)

Recurso Mnemônico
Vamos pensar em uma etiqueta de um medicamento à base de cannabis, porque isso nos
lembra da palavra “beck” (gíria para cigarro de maconha), que nos remete a Becker, que em
sua obra “Outsiders” falava exatamente do etiquetamento e da estigmatização dos usuários
de maconha.

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Etiquetamento – Becker

2.4.2.2. Criminologia Crítica

Desenvolvida a partir da década de 1970. Também chamada de Nova Criminologia ou


Criminologia Radical. Forte apelo às ideias de Karl Marx. Há relação direta entre o modo de
produção capitalista e o funcionamento dos modos punitivos. Não se trata mais de descobrir
as razões da delinquência ou de lutar contra o crime, mas sim de abolir as desigualdades
sociais para equacionar o fenômeno delitivo, já que o Direito Penal serve aos interesses dos
poderosos. O Direito Penal e a própria Criminologia, como vinha sendo desenvolvida tradicio-
nalmente, passam a ser objetos de estudo.
Os principais expoentes são William Chambliss e Robert Seidman (EUA); Taylor, Walton e
Young (ING); Alessandro Baratta (ITA/ALE).

2.4.2.2.1. Criminologia Cultural

A partir de meados dos anos 90, surge a Criminologia Cultural, ou cultural studies. É um
ramo da Criminologia Crítica que se debruça sobre a criminalização da cultura diferente, como
a de grafiteiros, punks, neonazistas, roqueiros, mendigos, prostitutas etc. Trata-se, então, de
um grupo de teóricos preocupados com a subcultura de que falava Albert Cohen, mas agora
dentro de um enfoque conflitual da sociedade (Cohen se encaixa nas teorias do consenso).

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Jeff Ferrell, nos Estados Unidos, relatou sua experiência com grafiteiros de Denver no livro
Crimes of Style e no artigo Urban grafitti: crime, control and resistance. Em 2008, Jeff Ferrell,
Keith Hayward e Jock Young lançaram Cultural Criminology.
No Brasil, Salo de Carvalho publicou Criminologia cultural e rock em 2011 e Saulo Ramos
Furquim, A Criminologia cultural e a criminalização cultural periférica, de 2016. Salah H. Khaled
Jr. e Álvaro Oxley da Rocha traduziram a obra de Jeff Ferrell e Keith Hayward e complementa-
ram suas análises. Juntos, esses quatro autores conceberam o Instituto Brasileiro de Crimi-
nologia Cultural, fundado em abril de 2019, que assim define a Criminologia Cultural:

A Criminologia Cultural é uma abordagem teórica, metodológica e intervencionista de estudo do


crime e do desvio, que coloca a criminalidade e seu controle no contexto da cultura; isto é, con-
sidera o crime e as agências e instituições de controle do crime como produtos culturais – como
construções criativas. Criminologistas culturais focam incansavelmente na geração contínua de
significado em torno da interação: regras criadas, regras quebradas e uma interação constante de
empreendedorismo moral, inovação política e transgressão2.

A Criminologia Cultural tem um grande referencial teórico e metodológico no labelling


approach, mais especificamente no livro Outsiders, do Howard Becker, que, como já explica-
mos, analisou os grupos de usuários de maconha e músicos de jazz.
Em resumo, a Criminologia Cultural não é uma nova teoria: ela incorpora para o mundo
contemporâneo, multicultural, uma série de orientações teóricas da Criminologia, tais como
subculturais, interacionistas, críticas, para tentar compreender a convergência de processos
culturais, criminais e de controle do crime.
É uma Criminologia que busca entender as mudanças da sociedade e da sua cultura. Vi-
vemos em uma sociedade líquida, em que há um fluxo infinito, instantâneo e globalizado de
imagens e informações na televisão, em nossos celulares e computadores, proporcionando
possibilidades infinitas. De todos os lados surgem modelos a serem seguidos, pensamen-
tos a serem observados, tecnologias novas a serem dominadas. As redes sociais ajudam a
propagar essa miríade de culturas e vão substituindo as mediações cotidianas por media-
ções tecnológicas. Surgem novas línguas, novas etnias, novos conflitos. Como diz Shecaira,
“chegamos a um hiperpluralismo de identidades e orientações culturais que, por sua vez, é
matéria-prima que alimenta o individualismo e grande parte dos crimes estudados por esta
nova área da Criminologia”3.
A Criminologia Cultural, sem se preocupar com classificações pormenorizadas dos gru-
pos subculturais, parte da ideia de que o mundo é desigual e injusto, e procura entender como
o poder é exercido, como ele é resistido pelos grupos culturais, e como se dá o mecanismo de
criação de regras, de violação de regras e representação do crime.
2
Instituto Brasileiro de Criminologia Cultural. Disponível em: https://www.Criminologiacultural.com.br/
. Acesso em 08 ago. 2020.
3
SHECAIRA, Sérgio Salomão. Criminologia. 7ª ed. São Paulo: RT, 2018, p. 369.

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O foco, na Criminologia Cultural, é o estilo, a linguagem, os significados simbólicos do


crime para esses grupos, e o modo empregado pelas autoridades para criminalizar essas
condutas diante da existência de múltiplos sistemas válidos de valores.

Teoria Autores Ideias Principais

Direito Penal serve aos interesses dos


poderosos
William Chambliss
Crime é fruto das desigualdades da sociedade
e Robert Seidman
capitalista
(EUA, 1971)
Crítica ou Desigualdades devem ser abolidas
Taylor, Walton e
Radical Criminologia Cultural: estilo, linguagem,
Young (ING, 1973)
significados simbólicos do crime para os
Alessandro Baratta
grupos culturais, como grafiteiros, punks, etc.
(ITA/ALE, 1982)
Criminalização de condutas diante da existência
de múltiplos sistemas válidos de valores.

Recurso Mnemônico
Para associar a Criminologia Crítica com o Alessandro Baratta, podemos pensar numa si-
tuação que costuma ser crítica: a aparição de uma barata, sobretudo no nosso quarto (CHAM-
BRE em francês, associamos com CHAMBLISS). Vamos escrever crítica com Y para lembrar
dos ingleses Taylor, Walton e Young.

BARATA no CHAMBRE: situação CRYTYCA!

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2.4.3. Quadro Sinóptico das Teorias do Conflito

Teoria Autores Ideias Principais

Controle social formal é seletivo, discriminatório


Labelling e estigmatizante
Approach Howard Becker Por que a etiqueta de criminoso é colada com
Reação Social Erving Goffman sucesso somente em alguns casos?
Etiquetamento (EUA, déc. 1960) Política dos 4Ds (descriminalização,
Interacionista diversificação, devido processo legal e
desinstitucionalização)

Direito Penal serve aos interesses dos


poderosos
William Chambliss
Crime é fruto das desigualdades da sociedade
e Robert Seidman
capitalista
(EUA, 1971)
Crítica ou Desigualdades devem ser abolidas
Taylor, Walton e
Radical Criminologia Cultural: estilo, linguagem,
Young (ING, 1973)
significados simbólicos do crime para os
Alessandro Baratta
grupos culturais, como grafiteiros, punks, etc.
(ITA/ALE, 1982)
Criminalização de condutas diante da existência
de múltiplos sistemas válidos de valores.

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2.5. Vitimologia
Vitimologia é o estudo das vítimas. O termo foi cunhado em 1947 por Benjamin Mendelsohn.

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2.5.1. Fases do Estudo da Vítima

Idade de ouro da vítima: desde os primórdios da civilização até o fim da Alta Idade Média.
Possibilidade de composição e de autotutela. Lei de talião: “olho por olho, dente por dente”.
Desenvolveu-se o processo penal acusatório, em que as funções de acusar, julgar e defender
estavam em mãos distintas.
Neutralização do poder da vítima: da Baixa Idade Média (século XII) até século XVII. Pro-
cesso inquisitivo: concentra as funções de acusar e julgar nas mãos do juiz e dificulta a im-
parcialidade do magistrado. A vítima perdeu o poder de reação ao fato delituoso, que passou
para as mãos da administração pública.

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Revalorização do poder da vítima: do século XVIII até os dias atuais. Percebe-se que a
vítima havia sido esquecida pelo processo criminal e que é necessário recuperar certa parcela
de seu protagonismo. Um dos problemas é a pressão que as vítimas ou seus parentes exer-
cem para que haja leis e punições extremamente severas.

2.5.2. Principais Nomes da Vitimologia

Hans Gross: jurista e criminólogo austríaco considerado precursor da Vitimologia em vir-


tude de sua obra Raritätenbetrug, publicada em 1901, em que analisou a ingenuidade das
vítimas de fraudes raras.
Hans Von Hentig: psicólogo criminal alemão radicado nos Estados Unidos. No artigo Re-
marks on the Interaction of Perpretator and Victim, publicado em 1940, Hans von Hentig explica
que, em muitos casos a vítima não contribui para o fenômeno criminal, mas que frequente-
mente pode ser observada uma mutualidade na conexão entre agressor e vítima. Em clara
conexão com os postulados positivistas do século XIX, e nitidamente inserido numa visão de
corresponsabilização da vítima, ele defende que em muitos casos a vítima ativamente leva o
agressor à tentação.
Benjamin Mendelsohn: advogado israelita, utilizou o termo Vitimologia em 1947 para des-
crever o sofrimento dos judeus nos campos de concentração de Alemanha nazista. Sua tipo-
logia das vítimas, apresentada na palestra “Um horizonte novo na ciência biopsicossocial”,

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pronunciada em um hospital de Bucareste, é bastante conhecida. Foi desenvolvida, portanto,


com base na correlação de culpabilidade entre a vítima e o vitimador (delinquente): quanto
maior a culpabilidade de um, menor a culpabilidade do outro. As categorias de vítima para
Mendelsohn são:
• Vítima totalmente inocente, que não tem “culpa” na infração penal, ou seja, não concor-
re de forma alguma para o evento, como ocorre no caso do infanticídio e das pessoas
com mediana prudência. É também chamada de vítima ideal;
• Vítima por ignorância, que é menos culpada que o delinquente, como, por exemplo,
aquele que anda com a bolsa aberta um lugar perigoso, sendo imprudente. São tam-
bém chamadas de vítima de menor culpabilidade;
• Vítima tão culpada quanto o delinquente, que dá causa ao resultado, como, por exem-
plo, no caso da rixa (briga), da eutanásia, da dupla suicida, do aborto consentido e dos
crimes de estelionato em que a vítima tenta se aproveitar de uma situação pretensa-
mente muito vantajosa que lhe é apresentada. É também chamada de vítima voluntária;
• Vítima mais culpada que o delinquente, que o provoca, como, por exemplo, a vítima de
um homicídio privilegiado praticado após injusta provocação. São também chamadas
de vítima por provocação;
• Vítima como única culpada, de que é exemplo a pessoa que se coloca em situação de
completo risco, como o suicida ou um agressor que acaba sendo vítima de legítima
defesa. São também chamadas de vítimas agressoras, simuladas, simuladoras, imagi-
nárias ou pseudovítimas. Nessas hipóteses não se está diante de uma vítima real. Não
se trata de uma pessoa que coopera com o ânimo criminoso de alguém: ao contrário, a
pseudovítima é a única culpada pela situação.

RECURSO MNEMÔNICO
Essa classificação é bastante cobrada em provas. Para ajudar na memorização, eu cons-
truí uma tabelinha que ajuda a resolver as questões, que costumam mesclar e relacionar os
itens da primeira coluna com os da segunda.

A VÍTIMA É CULPADA NOMENCLATURA

NÃO Ideal

- Ignorância

= Voluntária

+ Provocadora

EXCLUSIVAMENTE Pseudo

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E para ajudar a memorizar, em aula eu sugiro que os alunos memorizem o começo das
nomenclaturas que Mendelsohn atribui: Id, Ig, Vo, Provo, Pseudo. Isso ajuda a construir a
tabela na hora da prova.

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2.5.3. Cifras da Criminalidade

Nas pesquisas de vitimização, pergunta-se às pessoas de um grupo social se elas foram


vítimas de algum delito em certo marco temporal. São importantes porque as taxas de subno-
tificação criminal são muito significativas em uma série de delitos, como é o caso dos crimes
sexuais e dos crimes de corrupção policial.
Cifra negra: diferença entre a criminalidade real – isto é, a totalidade de delitos praticados
– e a criminalidade conhecida ou revelada.
Cifra dourada: criminalidade do colarinho branco que não chega ao conhecimento das
instâncias de controle social formal.
Cifra cinza: crimes que são de conhecimento das instâncias policiais, mas que não che-
gam a virar um processo penal.
Cifra amarela: casos em que as vítimas sofrem algum tipo de violência praticada por servi-
dor público e deixam, por temor, de denunciar o ilícito às unidades competentes pela apuração.

2.5.4. Vitimização Primária, Secundária e Terciária

Vitimização primária é aquela em que o sujeito é atingido pela prática do crime ou de um


fato traumático.

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Vitimização secundária (sobrevitimização, revitimização) é aquela em que a vítima pri-


mária é objeto da insensibilidade, do desinteresse e da atuação meramente burocrática dos
operadores do sistema criminal estatal.
Sobre o conceito de vitimização terciária não há consenso. Para alguns, ocorre a vitimiza-
ção terciária quando a vítima primária do crime é abandonada ou ridicularizada em seu meio
social (Vunesp e FCC). Para outros (Nestor Sampaio Penteado Filho), a vitimização terciária
se verifica igualmente com o abandono das vítimas, mas esse abandono pode ser praticado
tanto pelas instâncias informais como pelas agências formais de controle social. Para um
terceiro grupo (Shecaira), a vitimização terciária não atinge a vítima primária do crime, mas
sim o seu autor, que recebe um sofrimento excessivo, como tortura, apedrejamento, lincha-
mento, ou responde a processos que não deveriam ter sido a ele imputados.

2.5.5. Heterovitimização

É a autorrecriminação da vítima pela ocorrência do crime.

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2.5.6. Síndrome de Estocolmo

A vítima passa a ter simpatia ou mesmo sentimento de amor e amizade em relação ao


vitimizador após longo período de intimidação. É um afeto decorrente do instinto de sobrevi-
vência da vítima. Comum em casos de sequestro, cárcere privado e agressões domésticas.

2.6. Prevenção da Infração Penal no Estado Democrático de Direito


A prevenção delitiva é o conjunto de ações que buscam evitar a ocorrência do delito.
No Estado Democrático de Direito, a prevenção deve levar em consideração a complexa
dinâmica criminal. Ações preventivas não são somente as atividades policiais e do Poder
Judiciário. Todos os setores do Poder Público devem se envolver com o tema, agindo con-
juntamente.

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2.6.1. Prevenção Direta x Indireta

2.6.1.1. Prevenção Indireta

As medidas de prevenção indireta atuam nas causas do crime, sem atingir o delito espe-
cificamente. É uma atuação profilática, com campo de atuação extenso, que busca todas as
causas possíveis da criminalidade: próximas ou remotas, genéricas ou específicas. É o caso,
por exemplo, das políticas públicas de criação de emprego, fornecimento de renda mínima,
fomento à educação, oferecimento de alternativas de lazer e de programas culturais, etc.

2.6.1.2. Prevenção Direta

As medidas de prevenção direta relacionam-se com a infração criminal que está prestes a
ocorrer ou em formação. Interferem, portanto, no iter criminis. É o caso da intervenção policial,
das rondas policiais ostensivas, da repressão jurídico-processual de delitos e até mesmo das
políticas públicas de desestímulo a alguma prática delitiva concreta.

2.6.2. Prevenção Primária, Secundária e Terciária

2.6.2.1. Prevenção Primária

A prevenção primária é aquela voltada para as causas do cometimento do crime. Ela se


preocupa em neutralizar o problema antes que ele se manifeste. É necessário, por exemplo,
que o Estado forneça educação, condições dignas de vida, moradia, salários justos, sanea-
mento básico, saúde, emprego, lazer. Esse tipo de prevenção opera a médio e longo prazo e
se destina à coletividade.
Como se orienta para as causas do crime, diz-se que essa é uma prevenção etiológica e
é considerada muito eficaz. No entanto, acabam sendo pouco empregadas por não apresen-
tarem resultados imediatos.

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Aqui se encaixam as políticas públicas e os programas de prevenção do delito de inspi-


ração político-social: devem ser resolvidas as situações de carência, as desigualdades, os
conflitos da sociedade, para que desapareçam as causas que levam à criminalidade.
O fortalecimento de vínculos sociais, de valores cívicos e da consciência sobre o cum-
primento das normas são, igualmente, medidas de prevenção primária quando destinadas
à coletividade como um todo (quando endereçadas a um grupo específico, são medidas de
prevenção secundária).
A prevenção primária guarda, portanto, correlação com a prevenção indireta que estuda-
mos na classificação anterior.

2.6.2.2. Prevenção Secundária

Essa prevenção atua considerando os potenciais e eventuais criminosos e vítimas, além


dos locais e momentos em que os crimes ocorrem. Também pode ser chamada de prevenção
situacional, pois destina-se a neutralizar situações de risco. Ela é uma prevenção de curto a
médio prazo, voltada para atacar as oportunidades que oferecem maior atrativo para o infra-
tor. Não se interessa pelas causas do delito, mas sim pelos potenciais delinquentes e pelo
modus operandi – local, horário, vítima.
Assim, o investimento em policiamento ostensivo, as ideias de alteração do ambiente
físico, por meio de propostas arquitetônicas e urbanísticas (iluminação de hot spots, embele-
zamento de ambientes públicos, limpeza e ocupação de ambientes degradados); de coloca-
ção de barreiras físicas (cadeados, muros, grades, cancelas ou outros métodos de dificultar
o acesso ao alvo – target hardening); de emprego de técnicas de vigilância de ambientes
(câmeras, vigilância pessoal, ronda de veículos de segurança); de controle dos meios de co-
municação (determinação de que certos assuntos não sejam noticiados, tais como suicídios);
de marcação da propriedade ou da coisa subtraída (tinta rosa nas cédulas de dinheiro obtidas
com a explosão de um caixa eletrônico); e de potencialização da culpa (campanhas fortes e
tocantes sobre o abuso de menores ou sobre a condução sob efeito de álcool, destinadas a
grupos e problemas específicos de uma sociedade) são mecanismos típicos de prevenção
secundárias, pois buscam atuar na diminuição das oportunidades do crime.
A prevenção secundária guarda, portanto, correlação com a prevenção direta que estuda-
mos na classificação anterior.
Apesar de não modificar a situação fática que está na base do problema delitivo, essa é a
modalidade de prevenção mais presente na atuação do Estado, pois ela fornece, em teorias,
resultados mais rápidos e diretamente relacionados à prática criminal.

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2.6.2.3. Prevenção Terciária

Trata-se da prevenção voltada para o preso e o egresso, com o fim de evitar que voltem a
delinquir. Busca afastar a reincidência e a estigmatização.
São programas que pretendem a não consolidação do status de desviado.
Incentiva-se, por exemplo, a adoção de alternativas à pena privativa de liberdade, que é
estigmatizante. Tenta-se humanizar a pena, fornecendo um ofício ou educação para o preso,
para que ele se sinta em condições de voltar à vida em sociedade ao fim do cumprimen-
to da pena.
A prevenção terciária enfrenta o fenômeno criminal muito tardiamente: quando ele já
ocorreu. A ideia é, então, evitar as cerimônias degradantes típicas das instâncias de controle
social formal e fornecer à pena um fim utilitário, um efeito positivo (tratar, ensinar um ofício,
fornecer terapia, educar) e um caráter compatível com os postulados de dignidade da pes-
soa humana.
Os altos índices de reincidência, de filiação de presos às facções criminosas e de delin-
quência dentro do próprio cárcere demonstram a atual incapacidade do Estado brasileiro de
lidar de forma satisfatória com a prevenção terciária.

Não confunda essa classificação de prevenção (primária, secundária e terciária) com a clas-
sificação relativa ao processo de criminalização, que utiliza as mesmas categorias.
• criminalização primária: é aquela realizada pelo legislador ao criar os tipos penais;
• criminalização secundária: é a ação punitiva exercida sobre pessoas concretas;
• criminalização terciária: é a estigmatização realizada pelo sistema prisional durante a
execução da pena.

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2.6.3. Teorias da Pena

Dentro do estudo da prevenção criminal, é necessário abordar a seguinte questão: é legí-


timo o Estado empregar a pena? Caso se considere que é legítimo, a pena deve ter fins repres-
sivos ou preventivos?
Em relação à primeira pergunta – se é legítimo o Estado punir – as respostas negativas,
que não reconhecem legitimidade na intervenção jurídico-penal, são denominadas negacio-
nistas. Elas dão origem a orientações político criminais de viés abolicionista. Já as respostas
positivas, ou seja, que reconhecem a legitimidade do sistema penal, são denominadas justifi-
cacionistas. As teorias justificacionistas se dividem em dois grandes ramos: teorias absolu-
tas e teoria relativas da pena.

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2.6.3.1. Teorias Absolutas x Teorias Relativas x Teorias Mistas

Teorias absolutas (retributivas): o fim da pena é a imposição de um castigo. A pena não


necessita de outras finalidades ou justificações. Ela é um fim em si mesmo. São teorias que
olham para o passado. Impedem a instrumentalização do indivíduo para fins preventivos e
delimitam a magnitude da pena. Kant e Hegel são os principais expoentes.
Teorias relativas (preventivas): a pena deve ter um fim socialmente útil. São teorias que
olham para o futuro. A ideia é prevenir que outros crimes sejam praticados. O indivíduo é
instrumentalizado: ele é um meio (instrumento) para que a prevenção criminal ocorra. A pena
pode ter, para essas teorias, caráter de prevenção geral ou especial, positiva ou negativa.

• Prevenção geral: destinada à comunidade como um todo.


− Prevenção geral negativa: A pena é uma ameaça (caráter negativo) dirigida a todos
os cidadãos (caráter geral) para que se abstenham de cometer crimes. Baseia-se
na intimidação, na utilização do medo. Teoria inclinada ao terror.
− Prevenção geral positiva (integradora): a pena reforça (caráter positivo) a confiança
da população (caráter geral) no sistema jurídico como um todo, promovendo inte-
gração social.
• Prevenção especial: dirige-se ao criminoso em particular, e não à generalidade de
pessoas.
− Prevenção especial negativa: a pena deve segregar (caráter negativo) a pessoa (ca-
ráter especial) que cometeu um delito para defender a sociedade. Trata-se de isolar,
de inocuizar, de neutralizar.
− Prevenção especial positiva: pena deve objetivar a ressocialização (caráter positi-
vo) do condenado (caráter especial). Pena com caráter pedagógico.

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Prevenção geral positiva: integração social


Prevenção geral negativa: intimidação
Prevenção especial positiva: ressocialização
Prevenção especial negativa: segregação

Teorias mistas (ecléticas ou unificadoras): realizam a combinação de finalidades retri-


butivas e preventivas, tentando conciliar os pontos conflitantes. Ex.: Brasil, art. 59 do Código
Penal: ao se estabelecer a pena em um caso concreto, será observado se ela é necessária e
suficiente para reprovação e prevenção do crime.

2.7. Criminologia e o Papel da Polícia Judiciária


A conformação moderna da polícia teve origem na Inglaterra no século XIX. Quando se
fala de polícia moderna refere-se à polícia profissional, isto é, aquela em que se estabelece
critérios meritocráticos de admissão, vê-se a elaboração e transmissão de um saber técnico
e estipula-se uma remuneração suficiente para que a atividade policial possa ser exercida em
tempo integral. Antes disso, o policiamento era feito por voluntários ou habitantes sorteados,
em sistema de rodízio. Hoje, a polícia é um corpo profissional e burocrático.

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A atividade policial é cercada de mistério e ambivalência. Quando decidem ser policiais,


as pessoas escolhem como profissão, às vezes por baixos salários, o desempenho de ativi-
dades que grande parte da população não teria estrutura emocional, física e psíquica para
realizar. Por isso, os policiais são encarados com um misto de admiração e desconfiança. O
policial simboliza, ao mesmo tempo, medo, fascinação e desprezo, e é alvo de sentimentos
contraditórios. A mesma população que tem medo dos abusos policiais, sobretudo em forma
de uso excessivo da força e corrupção, olha o policial com fascínio, sabendo-o profundamen-
te necessário para a vida em sociedade, e o despreza, por aceitar trabalhar em meio ao caos.
Egon Bittner explica que, com raríssimas exceções, o trabalho policial em geral implica a
realização de algo para alguém por intermédio de um procedimento contra alguém. Ou seja, o
policial fica, no mais das vezes, entre uma e outra pessoa em conflito, o que envolve profun-
das ambivalências. Esse conflito, mais ou menos complexo, deve ser resolvido em um curto
espaço de tempo. Isto é, o trabalho policial busca, para problemas humanos complexos, so-
luções imediatistas, que passem por cima de reflexões detalhadas sobre os aspectos morais.
Com isso, o trabalho policial está condenado a ser injusto e ofensivo para alguém.
É muito comum que se faça uma associação quase imediata entre polícia e a parte proble-
mática da sociedade, isto é, entre polícia e repressão a crimes. Há, portanto, um estereótipo
de trabalho duro, sujo, difícil, perigoso. Mas apesar de ser a tarefa prioritária, o combate à
criminalidade não é a única missão da polícia. Dominique Monjardet avalia que a luta contra
o crime mobiliza não mais do que15 a 20% dos efetivos policiais. A rotina do policial é, na
maioria das vezes, consumida por ocorrências que se distanciam muito daquelas atividades
emocionantes e perigosas que as pessoas imaginam ou veem nos noticiários.
Figueiredo Dias é um dos grandes criminólogos interacionistas que se debruçaram sobre
o Sistema de Justiça Criminal. Para ele, a polícia é o “first-line enforcer” da lei criminal, ou
seja, a linha de frente da aplicação da lei. Por isso, o seu papel no processo de seleção é de-
terminante. Partindo de uma visão claramente interacionista, ele diz que é a polícia que pro-
cessa o caudal mais volumoso de desviação. Nesse sentido, explica, é o filtro mais poderoso
entre todos aqueles (Ministério Público, Poder Judiciário) que, unidos, formam o sistema de
justiça criminal. A polícia, como instância portadora de controle social formal, é uma agência
que, no processo de aplicação das leis, faz uso de filtros altamente seletivos, discriminatórios
e estigmatizantes.

O primeiro filtro de seleção é realizado pela Polícia. O segundo filtro, pelo Ministério Público.
O terceiro filtro, pelo Poder Judiciário.

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Para Figueiredo Dias, é central a questão da discricionariedade da polícia. Ele explica que
a polícia é o símbolo mais visível do sistema formal de controle, o mais presente no cotidia-
no dos cidadãos. Além de processar o maior volume de crimes (se comparado ao Ministé-
rio Público e Poder Judiciário), ela tem alto poder de discricionariedade: interage com leigos
(denunciantes ou suspeitos), em posição de domínio e longe da vigilância dos demais inter-
venientes processuais (promotores, defensores, juízes); e, com isso, reduz drasticamente as
alternativas ao dispor das instâncias de controle situadas a jusante (Ministério Público, De-
fensoria Pública e Poder Judiciário). Ele argumenta, então, que, para alguns autores, é a polí-
cia que toma a maior parte das decisões políticas (mas para o próprio Figueiredo Dias, como
veremos mais adiante, a maior parte das decisões políticas é tomada pelo Ministério Público).
A discricionariedade da polícia guarda íntima relação com a constatação de que é irrealis-
ta qualquer expectativa de total enforcement, ou seja, de lidar com todos os casos criminais.
Há uma série de limitações de índole legal e factual, tais como a escassez de meios, as con-
cepções ideológicas e até mesmo a corrupção. Hoje, aceita-se que a aplicação da lei criminal
e o processamento formal da delinquência não são mais do que uma das múltiplas alternati-
vas reais ao dispor da polícia. Ou seja, a polícia tem um leque de alternativas, algumas legais,
outras nem tanto, à estrita formalização e apuração de delitos. A polícia pode ignorar uma
atividade ilícita, pode realizar “justiça” à margem dos registros, pode prender apenas para dar
um “corretivo”. Fala-se, então, em “discricionariedade de fato”, “discricionariedade em sentido
sociológico” ou ainda em “poder de definição da polícia”: trata-se do espaço de liberdade de
que goza a ação da polícia e que ultrapassa, e muito, as margens dentro das quais a lei per-
mite a intervenção de critérios de conveniência e oportunidade (“discricionariedade legal”).
Em resumo: a discricionariedade de fato da polícia é enormemente maior que sua discricio-
nariedade legal. Como são dotados dessa discricionariedade ampliada e atuam de maneira
política, são chamados de “street corner politicians”, ou políticos da esquina.

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No Brasil, as polícias são, em linhas gerais, classificadas como polícia ostensiva e polícia
judiciária. A polícia ostensiva é aquela que se vale de viaturas, uniformes, giroflex, sirenes,
distintivos, no intuito de demonstrar que o Estado ali se faz presente para proteger as pessoas
e os bens e manter a ordem pública. No Brasil, essa tarefa compete, sobretudo, às polícias
militares. Trata-se de função voltada precipuamente, ao menos em teoria, à prevenção do de-
lito: fazer-se presente para evitar que ali ocorra um crime. Essa polícia também é denominada
administrativa.
Já a polícia judiciária é encarregada do cumprimento de mandados do Poder Judiciário
(mandados de prisão, de busca e apreensão, de condução de presos, de condução coercitiva
etc.). Cuida, essencialmente, da repressão ao crime. Questiona-se se o poder de investigação
insere-se dentro da categoria polícia judiciária ou se deveria ser uma categoria extra (polícia
investigativa).
Para alguns, não haveria que se falar em uma função de polícia investigativa separada da
função de polícia judiciária. A polícia judiciária englobaria as atribuições posteriores à práti-
ca do crime, inclusive a investigação. O art. 4º do CPP é comumente utilizado para embasar
essa visão:

“Art. 4º A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território de suas respecti-
vas circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e da sua autoria.”.

Ou seja, por essa redação a polícia judiciária tem por fim a investigação.
A Súmula Vinculante n. 14 do STF parece estar alinhada com esse pensamento:

JURISPRUDÊNCIA
É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de
prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com
competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa.

Para outros, no entanto, polícia investigativa e polícia judiciária não se confundem. A polí-
cia investigativa é responsável pela apuração de materialidade e autoria. A polícia judiciária é
responsável pelo cumprimento de ordens e diligências emanadas pelo Poder Judiciário.
Esse entendimento se baseia, por exemplo, no art. 144, §4º, da Constituição Federal:

§ 4º Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a com-
petência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as
militares.

Ou seja, por essa redação, polícia judiciária é diferente de polícia investigativa.

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Mas, para fins de prova de concurso, a realidade é que essa distinção importa pouco. O
importante é saber quais são as entidades responsáveis pela polícia administrativa e quais as
responsáveis pela polícia judiciária.
No Brasil, na esfera federal, a Polícia Federal é encarregada de todas essas tarefas (art.
144, §1º e incisos, da CF). É, portanto, uma polícia denominada de ciclo completo (pois realiza
todas as atividades).
Já na esfera estadual, um órgão de polícia faz a prevenção do delito (polícias militares –
art. 144, §5º, da CF) e outro encarrega-se da investigação e dos trabalhos de polícia judiciária
(polícias civis – art. 144, §4º, CF). Essas não são, portanto, polícias de ciclo completo.
Esse modelo bipartido nos Estados não nasceu com a Constituição de 1988, mas sim
em 1969, na época do regime militar. É um modelo que leva a situações de sobreposição de
atividades, pois às vezes, para bem realizar o policiamento ostensivo, as polícias militares
se veem na obrigação de fazer pequenas investigações. É por isso que as polícias militares
contam com unidades de Inteligência, usualmente chamadas de “P2”. As polícias civis, por
sua vez, em suas tarefas investigativas, acabam realizando trabalhos ostensivos. Há, portan-
to, áreas de sobreposição entre as corporações e há, também, situações em que ambas as
agências policiais acreditam que um trabalho específico não lhe compete, pois as margens
entre prevenção e investigação são fluidas.
Esse cenário tem o potencial de gerar, naturalmente, atritos entre as entidades, conflitos
positivos e negativos de competências e, no limite, insatisfação popular.
Há, por isso, muitos defensores da necessidade de polícia de ciclo completo nos Estados,
ou seja, de uma corporação que se encarregue de todas as etapas e, portanto, equacione in-
tegralmente o evento criminoso.
Os defensores dos modelos de ciclo completo costumam alegar economia de recursos
públicos e ganho de eficiência como motivos para a unificação. Com o ciclo completo, desa-
pareceriam conflitos na definição de competências e na distribuição de recursos orçamen-
tários e haveria ganho na articulação das ações operacionais, já que, hoje, a integração das
polícias é mais a exceção do que a regra. Além disso, os defensores do ciclo completo reite-
ram que esse modelo brasileiro é bastante sui generis e pouco empregado em outros países.
Os opositores alegam que a falta de eficiência das polícias investigativas brasileiras não
está relacionada com o ciclo incompleto, mas com a carência de recursos financeiros. E, ade-
mais, explicam que a fusão de corporações poderia fazer com que pessoas destreinadas co-
metessem muitos equívocos em seus novos afazeres policiais.

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QUESTÕES DE CONCURSO
001. (VUNESP/2018/PC-SP/AUXILIAR DE PAPILOSCOPISTA POLICIAL) Assinale a alternativa
correta em relação ao método da criminologia.
a) A criminologia utiliza um método lógico, abstrato e dedutivo.
b) A criminologia limita interessadamente a realidade criminal (da qual, por certo, só tem uma
imagem fragmentada e seletiva), observando-a sempre sob o prisma do modelo típico esta-
belecido na norma jurídica.
c) A criminologia analisa dados e induz as correspondentes conclusões, porém suas hipó-
teses se verificam – e se reforçam – sempre por força dos fatos que prevalecem sobre os
argumentos puramente subjetivos.
d) A criminologia utiliza como método a ordenação e a orientação de suas conclusões com
apoio em uma série de critérios axiológicos (valorativos) fundados no dever-ser.
e) O método básico da criminologia é o dogmático; e seu proceder, o dedutivo sistemático.

002. (VUNESP/2018/PC-SP/AGENTE DE TELECOMUNICAÇÕES POLICIAL) É correto afirmar


que o controle social formal é representado, entre outras, pelas seguintes instâncias:
a) Igreja, Família e Opinião Pública.
b) Escola, Igreja e Polícia.
c) Forças Armadas, Polícia e Escola.
d) Polícia, Forças Armadas e Ministério Público.
e) Família, Escola e Ministério Público.

003. (VUNESP/2018/PC-SP/ESCRIVÃO DE POLÍCIA) Assinale a alternativa correta em relação


ao conceito, método, objeto ou finalidade da Criminologia.
a) Por ser uma categoria jurídica, o crime não é objeto de estudo da Criminologia, que se ocu-
pa de seus efeitos.
b) A finalidade precípua da Criminologia é fundamentar a tipificação criminal das condutas e
as respectivas penas.
c) Criminologia é uma ciência auxiliar do Direito Penal e a ele se circunscreve, visto ocupar-se
das consequências dele decorrentes.
d) A vítima, primeiro objeto a ser estudado pela Criminologia, deixou de ser interesse dessa
ciência a partir do surgimento da vitimologia.
e) Uma das finalidades da Criminologia, no seu atual estágio de desenvolvimento, é questio-
nar a própria existência de alguns tipos de crimes.

004. (VUNESP/2018/PC-SP/INVESTIGADOR DE POLÍCIA) É correto afirmar que atualmente o


objeto da criminologia está dividido em quatro vertentes, a saber:

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a) vítima, criminoso, polícia e controle social.


b) polícia, ministério público, poder judiciário e controle social.
c) crime, criminoso, vítima e controle social.
d) polícia, ministério público, poder judiciário e sistema prisional.
e) forças de segurança, criminoso, vítima, controle social.

005. (VUNESP/2014/PC-SP/ATENDENTE DE NECROTÉRIO POLICIAL) Sobre o objeto de estu-


do da Criminologia dos dias atuais, assinale a alternativa correta.
a) O ramo da Criminologia que estuda a vítima é denominado Frenologia Criminal.
b) O estudo de desvios de conduta que atentam contra a moral e os bons costumes não é
assunto da Criminologia, por não configurarem crime, na acepção jurídica da palavra.
c) A Escatologia Criminal estuda os atos pecaminosos praticados por quem escolhe a ve-
reda do mal.
d) A Criminologia ocupa-se do estudo do crime, caracterizando-o como simples fato típico e
antijurídico, da mesma forma que o Direito Penal.
e) A Criminologia tem por objeto de estudo o delinquente, o delito, a vítima e o controle social.

006. (VUNESP/2014/PC-SP ATENDENTE DE NECROTÉRIO POLICIAL) São fins básicos da Cri-


minologia, dentre outros,
a) os valores do ressarcimento e da indenização da vítima pelos danos sofridos.
b) a prevenção e o controle do fenômeno criminal.
c) o processo e o julgamento judicial do criminoso.
d) o diagnóstico e a profilaxia das enfermidades mentais, mediante tratamento ambulatorial
e internação hospitalar.
e) a vingança e o castigo públicos do criminoso.

007. (VUNESP/2014/PC/DELEGADO DE POLÍCIA) A obra O homem delinquente, publicada em


1876, foi escrita por
a) Cesare Lombroso.
b) Enrico Ferri.
c) Rafael Garófalo.
d) Cesare Bonesana.
e) Adolphe Quetelet.

008. (VUNESP/2014/PC-SP/AUXILIAR DE NECROPSIA) Dos autores a seguir, o que pertenceu


à Escola Positiva da Criminologia e foi chamado de “discípulo de Lombroso” foi
a) Enrico Ferri.
b) Francesco Carrara.

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c) Giovanni Carmignani.
d) James Wilson.
e) Hans Gross.

009. (VUNESP/2014/PC-SP/DELEGADO DE POLÍCIA) Dentre as escolas penais a seguir, aque-


la na qual se pretendeu inicialmente aplicar ao Direito Penal os mesmos mé-todos de obser-
vação e investigação que se utilizavam em outras ciências naturais é a
a) Clássica.
b) Técnico-Jurídica.
c) Correcionalista.
d) Positivista.
e) Moderna.

010. (VUNESP/2014/PC-SP/INVESTIGADOR DE POLÍCIA) A escola criminológica que surgiu


no século XIX, tendo, entre seus principais autores, Raffaele Garofalo, e que pode ser dividida
em três fases (antropológica, sociológica e jurídica) é a:
a) Escola Positiva.
b) Terza Scuola Italiana.
c) Escola de Política Criminal ou Moderna Alemã.
d) Escola Clássica.
e) Escola de Lyon.

011. (VUNESP/2013/PC-SP/PAPILOSCOPISTA POLICIAL) Este autor foi o criador da chamada


“sociologia criminal”. Para ele, a criminalidade derivava de fenômenos antropológicos, físicos
e culturais. Trata-se de
a) Francesco Carrara.
b) Cesare Lombroso.
c) Rafael Garófalo.
d) Enrico Ferri.
e) Franz von Lizst.

012. (PC-SP/2010/PC-SP/ESCRIVÃO DE POLÍCIA) A Escola Clássica:


a) tem em Garófalo um dos seus precursores.
b) baseia-se no método empírico-indutivo.
c) crê no livre arbítrio.
d) surge na etapa científica da Criminologia.
e) criou a figura do criminoso nato.

013. (VUNESP/2018/PC-SP/ESCRIVÃO DE POLÍCIA) Com relação às teorias sociológicas da


criminalidade, é correto afirmar que

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A atuação da polícia judiciária ao investigar e prender infratores acaba por contribuir com a
inserção do infrator no sistema de justiça criminal, inserindo-o em uma “espiral” que o impe-
dirá de retornar à situação anterior sendo, para sempre, definido como criminoso.
Essa afirmação se relaciona, preponderantemente, com qual teoria sociológica da cri-
minalidade?
a) Janelas quebradas.
b) Etiquetamento Social.
c) Anomia.
d) Subcultura.
e) Ecológica do crime

014. (VUNESP/2014/PC-SP/MÉDICO LEGISTA) O fundador da escola denominada “positivis-


mo criminológico” e o teórico inspirador da Teoria da Anomia são, respectivamente,
a) V. Lizt e Kardec.
b) Carrara e Parsons.
c) Beccaria e Ohlin.
d) Feuerbach e Merton.
e) Lombroso e Durkheim.

015. (VUNESP/2018/PC-SP/AGENTE POLICIAL) O comportamento criminal é aprendido, me-


diante a interação com outras pessoas, resultante de um processo de comunicação, ou seja,
o crime não pode ser definido simplesmente como disfunção ou inadaptação de pessoas de
classes menos favorecidas, não sendo exclusividade destas.
Trata-se, nesse texto, da ideia que é base da teoria sociológica da criminalidade surgida em
um ambiente pós-Primeira Guerra Mundial e denominada como
a) Anomia.
b) Teoria Ecológica do Crime.
c) Associação Diferencial.
d) Subcultura Delinquente.
e) Labeling approach ou “etiquetamento”.

016. (VUNESP/2018/PC-SP/AGENTE POLICIAL) A ausência de utilitarismo da ação, a malícia


da conduta e seu respectivo negativismo são fatores associados à teoria sociológica da cri-
minalidade denominada como
a) Subcultura Delinquente.
b) Anomia
c) Teoria Ecológica do Crime.
d) Labeling approach ou “etiquetamento”.
e) Associação Diferencial.

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017. (VUNESP/2018/PC-SP/INVESTIGADOR DE POLÍCIA) É correto afirmar que Edwin H. Su-


therland desenvolveu a teoria da
a) labelling approach.
b) associação diferencial.
c) crítica e autocrítica.
d) escola de Chicago.
e) subcultura delinquente.

018. (VUNESP/2018/PC-SP/INVESTIGADOR DE POLÍCIA) É considerada como teoria de con-


senso, criada pelo sociólogo Albert Cohen. Segundo Cohen, esta teoria se caracteriza por três
fatores: não utilitarismo da ação; malícia da conduta e negativismo.
Trata-se da seguinte teoria sociológica da criminalidade:
a) escola de Chicago.
b) associação diferencial.
c) labelling approach.
d) subcultura delinquente.
e) teoria crítica.

019. (VUNESP/2014/PC-SP/INVESTIGADOR DE POLÍCIA) Pode-se afirmar que o pensamento


criminológico moderno é influenciado por uma visão de cunho funcionalista e uma de cunho
argumentativo, que possuem, como exemplos, a Escola de Chicago e a Teoria Crítica, respec-
tivamente. Essas visões também são conhecidas como teorias
a) da ecologia criminal e do transtorno.
b) do consenso e do conflito.
c) do conhecimento e da pesquisa
d) da formação e da dedução
e) do estudo e da conclusão.

020. (VUNESP/2018/PC-SP/AGENTE DE TELECOMUNICAÇÕES POLICIAL) Na classificação


de Benjamin Mendelsohn, a vítima imaginária é considerada uma vítima
a) mais culpada que o infrator.
b) voluntária ou tão culpada quanto o infrator.
c) completamente inocente ou ideal.
d) unicamente culpada.
e) de culpabilidade menor ou por ignorância.

021. (VUNESP/2018/PC-SP/PAPILOSCOPISTA POLICIAL) Na questão, assinale a alternativa


contendo a informação que preenche corretamente a lacuna.
A _______ é a autorrecriminação da vítima pela ocorrência do crime contra si, buscando razões
que, possivelmente, tornaram-na responsável pelo delito.

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a) sobrevitimização
b) vitimização primária
c) vitimização secundária
d) vitimização terciária
e) heterovitimização

022. (VUNESP/2015/PC-PE/DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL) Quando a vítima, em decorrência


do crime sofrido, não encontra amparo adequado por parte dos órgãos oficiais do Estado,
durante o processo de registro e apuração do crime, como, por exemplo, o mau atendimento
por um policial, levando a vítima a se sentir como um “objeto” do direito e não como sujeito
de direitos, caracteriza
a) vitimização estatal ou oficial.
b) vitimização secundária.
c) vitimização terciária.
d) vitimização quaternária.
e) vitimização primária.

023. (VUNESP/2014/PC-SP/ATENDENTE DE NECROTÉRIO POLICIAL) A sobrevitimização, ou


revitimização, também é conhecida na doutrina por vitimização
a) secundária.
b) primária.
c) quaternária.
d) quintenária.
e) terciária.

024. (VUNESP/2014/PC-SP/ATENDENTE DE NECROTÉRIO POLICIAL) Assinale a alternativa


que contém os nomes dos precursores da vitimologia do século XX.
a) Hans von Hentig e Benjamin Mendelsohn.
b) Cesare Bonesana e Raffaele Garofalo.
c) Émile Durkheim e Cesare Lombroso.
d) Francesco Carrara e Enrico Ferri.
e) Michel Foucault e John Locke.

025. (VUNESP/2014/PC-SP/FOTÓGRAFO TÉCNICO PERICIAL) Os primeiros estudos sobre a


vitimologia datam de 1901, tendo como estudioso do assunto
a) Hans Gross.
b) Enrico Ferri.
c) Francesco Carrara.
d) Adolphe Quetelet.
e) Cesare Bonesana.

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026. (VUNESP/2014/PC-SP/FOTÓGRAFO TÉCNICO PERICIAL) Em 1973, houve o 1º Simpósio


Internacional de Vitimologia, em Jerusalém/Israel, sob a supervisão do famoso criminólo-
go chileno______________. Os estudos impulsionaram a atenção comportamental, buscando
traçarem perfis de vítimas potenciais, com a interação do direito penal, da psicologia e da
psiquiatria.
A alternativa que completa corretamente a lacuna é:
a) Osvaldo Loro
b) Diego Ventura
c) Cláudio Mensura
d) Israel Drapkin
e) Ibrain Neto

027. (VUNESP/2018/PC-SP/PAPILOSCOPISTA POLICIAL) O saber criminológico, no Estado


Democrático de Direito, tem por objetivo evitar a ocorrência do delito; portanto, são aspectos
importantes de prevenção terciária
a) o policiamento, a assistência social e o conselho tutelar.
b) a educação, a religião e o lazer.
c) a laborterapia, a liberdade assistida e a prestação de serviços comunitários.
d) as posturas municipais, a classificação etária dos programas televisivos e o civismo.
e) a cultura, a qualidade de vida e o trabalho.

028. (VUNESP/2014/PC-SP/FOTÓGRAFO TÉCNICO PERICIAL) A prevenção crimi-


nal_______________ destina-se a atuar na educação, emprego, moradia e segurança, onde o
Estado deve garantir o exercício dos direitos sociais a todos.
Assinale a alternativa que preencha corretamente a lacuna.
a) secundária
b) terciária
c) primária
d) quaternária
e) especial

029. (VUNESP/2013/PCSP/ATENDENTE DE NECROTÉRIO) Para a Criminologia, a prevenção


geral positiva, como uma finalidade da pena, é
a) uma espécie de neutralização do autor do delito, por meio de sua segregação carcerária.
b) também chamada de integradora, pois tem por objetivo a formação e o fortalecimento da
consciência social, mediante o estímulo ao culto dos valores mais caros à comunidade.

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c) uma espécie de neutralização do autor do delito, por meio de medidas que o desestimulem
a novas práticas delitivas.
d) também chamada de prevenção por intimidação, pois tem por objetivo desestimular o ci-
dadão da prática de delitos, por meio de aplicação de pena ao infrator da lei.
e) uma espécie de consequência jurídica pelo comportamento inclinado às infrações penais.

030. (VUNESP/2018/PC-SP/INVESTIGADOR DE POLÍCIA) É correto afirmar que a Polícia


Civil é uma
a) Polícia Administrativa, que integra o controle social formal.
b) Polícia Administrativa, que integra o controle social formal e informal.
c) Polícia Judiciária, que não integra o controle social.
d) Polícia Judiciária, que integra o controle social formal.
e) Polícia Judiciária, que integra o controle social informal.

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GABARITO
1. c
2. d
3. e
4. c
5. e
6. b
7. a
8. a
9. d
10. a
11. d
12. c
13. b
14. e
15. c
16. a
17. b
18. d
19. b
20. d
21. e
22. b
23. a
24. a
25. a
26. d
27. c
28. c
29. b.
30. d

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GABARITO COMENTADO
001. (VUNESP/2018/PC-SP/AUXILIAR DE PAPILOSCOPISTA POLICIAL) Assinale a alternativa
correta em relação ao método da criminologia.
a) A criminologia utiliza um método lógico, abstrato e dedutivo.
b) A criminologia limita interessadamente a realidade criminal (da qual, por certo, só tem uma
imagem fragmentada e seletiva), observando-a sempre sob o prisma do modelo típico esta-
belecido na norma jurídica.
c) A criminologia analisa dados e induz as correspondentes conclusões, porém suas hipó-
teses se verificam – e se reforçam – sempre por força dos fatos que prevalecem sobre os
argumentos puramente subjetivos.
d) A criminologia utiliza como método a ordenação e a orientação de suas conclusões com
apoio em uma série de critérios axiológicos (valorativos) fundados no dever-ser.
e) O método básico da criminologia é o dogmático; e seu proceder, o dedutivo sistemático.

A alternativa C é correta pois traz a informação de que a criminologia analisa dados, ou seja,
os observa, e induz conclusões, ou seja, parte do concreto para o abstrato, realizando indu-
ções. Os fatos prevalecem sobre argumentos, porque é uma ciência empírica. Não é correto
dizer que a criminologia é abstrata, dedutiva, valorativa, dogmática e tampouco que parte, em
suas análises da realidade criminal, da norma jurídica.
Letra c.

002. (VUNESP/2018/PC-SP/AGENTE DE TELECOMUNICAÇÕES POLICIAL) É correto afirmar


que o controle social formal é representado, entre outras, pelas seguintes instâncias:
a) Igreja, Família e Opinião Pública.
b) Escola, Igreja e Polícia.
c) Forças Armadas, Polícia e Escola.
d) Polícia, Forças Armadas e Ministério Público.
e) Família, Escola e Ministério Público.

O controle social formal é aquele em que há presença do Estado e de cuja atuação pode resul-
tar a aplicação de uma pena. Não é o caso de Igreja, Família, Opinião Pública, Escola, que são
instâncias de controle social informal. A alternativa D traz apenas agências de controle social
formal: Polícia, Forças Armadas e Ministério Público.
Letra d.

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003. (VUNESP/2018/PC-SP/ESCRIVÃO DE POLÍCIA) Assinale a alternativa correta em relação


ao conceito, método, objeto ou finalidade da Criminologia.
a) Por ser uma categoria jurídica, o crime não é objeto de estudo da Criminologia, que se ocu-
pa de seus efeitos.
b) A finalidade precípua da Criminologia é fundamentar a tipificação criminal das condutas e
as respectivas penas.
c) Criminologia é uma ciência auxiliar do Direito Penal e a ele se circunscreve, visto ocupar-se
das consequências dele decorrentes.
d) A vítima, primeiro objeto a ser estudado pela Criminologia, deixou de ser interesse dessa
ciência a partir do surgimento da vitimologia.
e) Uma das finalidades da Criminologia, no seu atual estágio de desenvolvimento, é questio-
nar a própria existência de alguns tipos de crimes.

Ao ter os mecanismos de controle social como objeto de estudo, a Criminologia desempenha


a importante função de demonstrar a ineficácia do Direito Penal. A Criminologia mostra que
a prevenção criminal não é efetiva, que o sistema penal é estigmatizante e fundamental para
que a etiqueta de criminoso seja atribuída a alguém de maneira efetiva. Nessa função, a Cri-
minologia demonstra que a seleção pelos mecanismos penais não apenas é ineficaz como
ainda tem o condão de acelerar uma carreira criminal e consolidar o “status” de desviado. Daí
a importância de o Direito Penal continuar apresentando traços de subsidiariedade e frag-
mentariedade. Como a Criminologia demonstra que, em muitas oportunidades, o Direito Penal
gera mais violência do que a que ele pretenderia eliminar, fica claro que muitas condutas an-
tissociais devem ser equacionadas pelo Poder Público fora do âmbito penal.
Letra e.

004. (VUNESP/2018/PC-SP/INVESTIGADOR DE POLÍCIA) É correto afirmar que atualmente o


objeto da criminologia está dividido em quatro vertentes, a saber:
a) vítima, criminoso, polícia e controle social.
b) polícia, ministério público, poder judiciário e controle social.
c) crime, criminoso, vítima e controle social.
d) polícia, ministério público, poder judiciário e sistema prisional.
e) forças de segurança, criminoso, vítima, controle social.

A letra c traz a lista completa com as quatro vertentes corretas de objetos da Criminologia.
Vale ressaltar que todos os itens de todas as alternativas configuram objetos da Criminologia,
mas a divisão correta das vertentes encontra-se na alternativa c.
Letra c.

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005. (VUNESP/2014/PC-SP/ATENDENTE DE NECROTÉRIO POLICIAL) Sobre o objeto de estu-


do da Criminologia dos dias atuais, assinale a alternativa correta.
a) O ramo da Criminologia que estuda a vítima é denominado Frenologia Criminal.
b) O estudo de desvios de conduta que atentam contra a moral e os bons costumes não é
assunto da Criminologia, por não configurarem crime, na acepção jurídica da palavra.
c) A Escatologia Criminal estuda os atos pecaminosos praticados por quem escolhe a ve-
reda do mal.
d) A Criminologia ocupa-se do estudo do crime, caracterizando-o como simples fato típico e
antijurídico, da mesma forma que o Direito Penal.
e) A Criminologia tem por objeto de estudo o delinquente, o delito, a vítima e o controle social.

A alternativa E traz os quatro objetos atuais da criminologia: o delinquente, o delito, a vítima e


o controle social. O estudo das vítimas é denominado vitimologia. A frenologia, característica
do século XIX, estuda o crânio dos criminosos com o intuito de estabelecer relações entre o
formato da cabeça e características da personalidade. Na letra B, é importante recordar que o
que é crime para a Criminologia não é necessariamente coincidente com o conceito de crime
para o Direito Penal. Além disso, há, sim, desvios de conduta que atentam contra a moral e
os bons costumes que podem ser considerados crime, seja para o Direito Penal, seja para a
Criminologia. Na letra C, escatologia criminal é uma invenção do examinador. Na letra D, o erro
está em dizer que o conceito de crime para a criminologia é o mesmo conceito de crime para
o Direito Penal.
Letra e.

006. (VUNESP/2014/PC-SP ATENDENTE DE NECROTÉRIO POLICIAL) São fins básicos da Cri-


minologia, dentre outros,
a) os valores do ressarcimento e da indenização da vítima pelos danos sofridos.
b) a prevenção e o controle do fenômeno criminal.
c) o processo e o julgamento judicial do criminoso.
d) o diagnóstico e a profilaxia das enfermidades mentais, mediante tratamento ambulatorial
e internação hospitalar.
e) a vingança e o castigo públicos do criminoso.

Prevenir e controlar o fenômeno criminal são fins da criminologia. Arbitrar ressarcimento da


vítima, processar e julgar o criminoso são tarefas do Direito Penal, apoiado nas contribuições
da vitimologia. Cuidar de doentes mentais é papel da medicina. Realizar vinganças e castigos
públicos está vedado pela nossa legislação penal.
Letra b.

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007. (VUNESP/2014/PC/DELEGADO DE POLÍCIA) A obra O homem delinquente, publicada em


1876, foi escrita por
a) Cesare Lombroso.
b) Enrico Ferri.
c) Rafael Garófalo.
d) Cesare Bonesana.
e) Adolphe Quetelet.

Os autores debatem sobre qual o marco inicial da Criminologia como ciência. Para a grande
maioria dos estudiosos, a Criminologia moderna nasce com Cesare Lombroso, que escreveu
O homem delinquente, em 1876.
Letra a.

008. (VUNESP/2014/PC-SP/AUXILIAR DE NECROPSIA) Dos autores a seguir, o que pertenceu


à Escola Positiva da Criminologia e foi chamado de “discípulo de Lombroso” foi
a) Enrico Ferri.
b) Francesco Carrara.
c) Giovanni Carmignani.
d) James Wilson.
e) Hans Gross.

Enrico Ferri foi genro e sucessor de Lombroso. Em sua obra Sociologia criminal, de 1900, de-
fendia, assim como o sogro, que o livre-arbítrio era uma ficção, mas reconhecia a existência
de fatores antropológicos, físicos e também sociais.
Letra a.

009. (VUNESP/2014/PC-SP/DELEGADO DE POLÍCIA) Dentre as escolas penais a seguir, aque-


la na qual se pretendeu inicialmente aplicar ao Direito Penal os mesmos mé-todos de obser-
vação e investigação que se utilizavam em outras ciências naturais é a
a) Clássica.
b) Técnico-Jurídica.
c) Correcionalista.
d) Positivista.
e) Moderna.

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A Escola Positivista trouxe, para o estudo do Direito Penal, o método científico empírico, in-
dutivo e multidisciplinar, oriundo das ciências naturais, fundando a Criminologia como ciên-
cia autônoma.
Letra d.

010. (VUNESP/2014/PC-SP/INVESTIGADOR DE POLÍCIA) A escola criminológica que surgiu


no século XIX, tendo, entre seus principais autores, Raffaele Garofalo, e que pode ser dividida
em três fases (antropológica, sociológica e jurídica) é a:
a) Escola Positiva.
b) Terza Scuola Italiana.
c) Escola de Política Criminal ou Moderna Alemã.
d) Escola Clássica.
e) Escola de Lyon.

Raffaele Garofalo pertence ao positivismo, que pode ser dividido em fase antropológica, de
Lombroso; fase sociológica, de Ferri; e fase jurídica, de Garofalo.
Letra a.

011. (VUNESP/2013/PC-SP/PAPILOSCOPISTA POLICIAL) Este autor foi o criador da chamada


“sociologia criminal”. Para ele, a criminalidade derivava de fenômenos antropológicos, físicos
e culturais. Trata-se de
a) Francesco Carrara.
b) Cesare Lombroso.
c) Rafael Garófalo.
d) Enrico Ferri.
e) Franz von Lizst.

Enrico Ferri foi genro e sucessor de Lombroso. Em sua obra Sociologia Criminal, de 1900, de-
fendia, assim como o sogro, que o livre-arbítrio era uma ficção, mas reconhecia a existência
de fatores antropológicos, físicos e também sociais. Ferri, ao dar o devido peso aos fatores
sociais, é considerado o pai da sociologia criminal.
Letra d.

012. (PC-SP/2010/PC-SP/ESCRIVÃO DE POLÍCIA) A Escola Clássica:

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a) tem em Garófalo um dos seus precursores.


b) baseia-se no método empírico-indutivo.
c) crê no livre arbítrio.
d) surge na etapa científica da Criminologia.
e) criou a figura do criminoso nato.

A Escola Clássica acredita que o indivíduo pode tomar decisões racionais relativas ao come-
timento de crimes. As demais alternativas referem-se ao positivismo criminológico.
Letra c.

013. (VUNESP/2018/PC-SP/ESCRIVÃO DE POLÍCIA) Com relação às teorias sociológicas da


criminalidade, é correto afirmar que
A atuação da polícia judiciária ao investigar e prender infratores acaba por contribuir com a
inserção do infrator no sistema de justiça criminal, inserindo-o em uma “espiral” que o impe-
dirá de retornar à situação anterior sendo, para sempre, definido como criminoso.
Essa afirmação se relaciona, preponderantemente, com qual teoria sociológica da cri-
minalidade?
a) Janelas quebradas.
b) Etiquetamento Social.
c) Anomia.
d) Subcultura.
e) Ecológica do crime

Para o Labelling Approach, Teoria da Rotulação, da Reação Social ou do Etiquetamento So-


cial, a prisão de infratores está relacionada com o início das cerimônias degradantes. Para
Howard Becker, praticado o ato inicial, começam as cerimônias degradantes, que são proces-
sos desmoralizantes a que é submetido o réu e que atingem sua autoestima. Tem início, tam-
bém, o processo de estigmatização. A sociedade seleciona essa etiqueta – criminoso, ladrão
– para designar o indivíduo, mesmo que ele só tenha gasto alguns minutos da sua existência
praticando o crime. Estigmatizado e segregado da sociedade, o delinquente se aproximará
de outros criminosos e acabará se identificando com eles pela situação de vida em que se
encontram. Começa, então, o processo de desviação secundária: novos atos desviantes são
cometidos como fruto do processo de reação social à desviação primária. O agente mergulha
no papel de delinquente, num processo que se chama de “role engulfment”, e tem início sua
carreira criminal. A profecia se autorrealiza: tanto diziam que ele era um criminoso que, agora,
de fato o é.
Letra b.

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mo criminológico” e o teórico inspirador da Teoria da Anomia são, respectivamente,
a) V. Lizt e Kardec.
b) Carrara e Parsons.
c) Beccaria e Ohlin.
d) Feuerbach e Merton.
e) Lombroso e Durkheim.

Cesare Lombroso fundou a Escola Positivista. Émile Durkheim inspirou a Teoria Criminológica
da Anomia. Outros dois nomes importantes para a Teoria da Anomia se encontram nas letras
B (Talcott Parsons) e D (Robert Merton), mas em ambas as alternativas estão precedidos por
autores da Escola Clássica. Na letra A, Von Liszt pertence à Escola de Marburgo (Escola So-
ciológica Alemã, Escola Moderna Alemã ou Jovem Escola Alemã de Política Criminal) e Kardec
não é um autor consagrado na Criminologia. Na letra C, Beccaria pertence à Escola Clássica e
Lloyd Ohlin pertence à Teoria da Ocasião Diferencial, uma das Teorias do Aprendizado.
Letra e.

015. (VUNESP/2018/PC-SP/AGENTE POLICIAL) O comportamento criminal é aprendido, me-


diante a interação com outras pessoas, resultante de um processo de comunicação, ou seja,
o crime não pode ser definido simplesmente como disfunção ou inadaptação de pessoas de
classes menos favorecidas, não sendo exclusividade destas.
Trata-se, nesse texto, da ideia que é base da teoria sociológica da criminalidade surgida em
um ambiente pós-Primeira Guerra Mundial e denominada como
a) Anomia.
b) Teoria Ecológica do Crime.
c) Associação Diferencial.
d) Subcultura Delinquente.
e) Labeling approach ou “etiquetamento”.

Para a Teoria da Associação Diferencial, surgida no começo da década de 1940, o crime não
é cometido somente por pessoas menos favorecidas. As pessoas de qualquer classe social
aprendem a conduta desviada e se associam com outras pessoas tendo por base essa con-
duta. O processo de comunicação, que permite a aprendizagem, é fundamental para a prática
criminal. Essas ideias foram importantes para demonstrar que o crime pode ser cometido
por qualquer pessoa na sociedade, independentemente de fatores biológicos, de pobreza, de
déficit de inteligência ou falta de inserção social.
Letra c.

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016. (VUNESP/2018/PC-SP/AGENTE POLICIAL) A ausência de utilitarismo da ação, a malícia


da conduta e seu respectivo negativismo são fatores associados à teoria sociológica da cri-
minalidade denominada como
a) Subcultura Delinquente.
b) Anomia
c) Teoria Ecológica do Crime.
d) Labeling approach ou “etiquetamento”.
e) Associação Diferencial.

A Teoria da Subcultura Delinquente se desenvolveu a partir da obra Delinquent boys, de Albert


Cohen. Um argumento central para a teoria da subcultura delinquente é a existência de dife-
renças essenciais entre a criminalidade subcultural e a criminalidade em geral. A subcultura,
típica das gangues, valoriza o não-utilitarismo, a malícia, o negativismo, a versatilidade, o
hedonismo de curto prazo e a autonomia de grupo.
Letra a.

017. (VUNESP/2018/PC-SP/INVESTIGADOR DE POLÍCIA) É correto afirmar que Edwin H. Su-


therland desenvolveu a teoria da
a) labelling approach.
b) associação diferencial.
c) crítica e autocrítica.
d) escola de Chicago.
e) subcultura delinquente.

Edwin Sutherland foi um criminólogo norte-americano, responsável pelo desenvolvimento da


teoria da associação diferencial na década de 1940.
Letra b.

018. (VUNESP/2018/PC-SP/INVESTIGADOR DE POLÍCIA) É considerada como teoria de con-


senso, criada pelo sociólogo Albert Cohen. Segundo Cohen, esta teoria se caracteriza por três
fatores: não utilitarismo da ação; malícia da conduta e negativismo.
Trata-se da seguinte teoria sociológica da criminalidade:
a) escola de Chicago.
b) associação diferencial.
c) labelling approach.
d) subcultura delinquente.
e) teoria crítica.

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A teoria da subcultura delinquente defende a existência de uma subcultura. Nela, alguns gru-
pos (como os de delinquentes juvenis) passam a aceitar um sistema alternativo de valores
e crenças, que tem origem na interação com outros adolescentes em situação semelhante e
que soluciona os problemas de adaptação causados pela cultura dominante. A criminalidade
desses subgrupos possui características como o não-utilitarismo da ação, malícia, versatili-
dade, negativismo, hedonismo de curto prazo e autonomia de grupo. Duas observações, por-
tanto: os fatores do enunciado (não utilitarismo, malícia e negativismo) estão incompletos; e
eles não caracterizam a teoria, mas sim a delinquência dos subgrupos.
Letra d.

019. (VUNESP/2014/PC-SP/INVESTIGADOR DE POLÍCIA) Pode-se afirmar que o pensamento


criminológico moderno é influenciado por uma visão de cunho funcionalista e uma de cunho
argumentativo, que possuem, como exemplos, a Escola de Chicago e a Teoria Crítica, respec-
tivamente. Essas visões também são conhecidas como teorias
a) da ecologia criminal e do transtorno.
b) do consenso e do conflito.
c) do conhecimento e da pesquisa
d) da formação e da dedução
e) do estudo e da conclusão.

As teorias do consenso também são chamadas de integralistas, estrutural-funcionalistas ou


simplesmente funcionalistas, pois defendem que a sociedade é uma estrutura relativamente
estável de elementos, bem integrada e que todo elemento em uma sociedade possui uma
função, contribuindo para a manutenção do sistema. As teorias do conflito, por outro lado,
entendem que há força e coerção na sociedade. Somente existe ordem porque há dominação
de uns e sujeição de outros. Esse grupo possui, portanto, um viés argumentativo.
Letra b.

020. (VUNESP/2018/PC-SP/AGENTE DE TELECOMUNICAÇÕES POLICIAL) Na classificação


de Benjamin Mendelsohn, a vítima imaginária é considerada uma vítima
a) mais culpada que o infrator.
b) voluntária ou tão culpada quanto o infrator.
c) completamente inocente ou ideal.
d) unicamente culpada.
e) de culpabilidade menor ou por ignorância.

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Na classificação de Mendelsohn, a vítima imaginária encaixa-se na categoria de vítima como


única culpada. São também chamadas de vítimas agressoras, simuladas ou pseudovítimas.
Os exemplos comumente citados são o do suicida ou de um agressor que acaba sendo vítima
de legítima defesa. Nessas hipóteses não se está diante de uma vítima real.
Letra d.

021. (VUNESP/2018/PC-SP/PAPILOSCOPISTA POLICIAL) Na questão, assinale a alternativa


contendo a informação que preenche corretamente a lacuna.
A _______ é a autorrecriminação da vítima pela ocorrência do crime contra si, buscando razões
que, possivelmente, tornaram-na responsável pelo delito.
a) sobrevitimização
b) vitimização primária
c) vitimização secundária
d) vitimização terciária
e) heterovitimização

A heterovitimização é a autorrecriminação da vítima pela ocorrência do crime. A vítima se


sente culpada, se autorresponsabiliza, buscando em si mesma as razões para a ocorrência
do delito.
Letra e.

022. (VUNESP/2015/PC-PE/DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL) Quando a vítima, em decorrência


do crime sofrido, não encontra amparo adequado por parte dos órgãos oficiais do Estado,
durante o processo de registro e apuração do crime, como, por exemplo, o mau atendimento
por um policial, levando a vítima a se sentir como um “objeto” do direito e não como sujeito
de direitos, caracteriza
a) vitimização estatal ou oficial.
b) vitimização secundária.
c) vitimização terciária.
d) vitimização quaternária.
e) vitimização primária.

A vitimização secundária é aquela em que a vítima primária é objeto da insensibilidade, do de-


sinteresse e da atuação meramente burocrática dos operadores do sistema criminal estatal.
São, portanto, custos adicionais impostos à vítima primária em função da atuação das ins-

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tâncias de controle social formal. A vítima se sente maltratada e negligenciada pelo sistema
legal, que não dispensa um tratamento condizente com seu papel.
Letra b.

023. (VUNESP/2014/PC-SP/ATENDENTE DE NECROTÉRIO POLICIAL) A sobrevitimização, ou


revitimização, também é conhecida na doutrina por vitimização
a) secundária.
b) primária.
c) quaternária.
d) quintenária.
e) terciária.

A vitimização secundária é aquela em que a vítima primária é objeto da insensibilidade, do de-


sinteresse e da atuação meramente burocrática dos operadores do sistema criminal estatal.
São, portanto, custos adicionais impostos à vítima primária em função da atuação das instân-
cias de controle social formal. Também é conhecida como sobrevitimização ou revitimização.
Letra a.

024. (VUNESP/2014/PC-SP/ATENDENTE DE NECROTÉRIO POLICIAL) Assinale a alternativa


que contém os nomes dos precursores da vitimologia do século XX.
a) Hans von Hentig e Benjamin Mendelsohn.
b) Cesare Bonesana e Raffaele Garofalo.
c) Émile Durkheim e Cesare Lombroso.
d) Francesco Carrara e Enrico Ferri.
e) Michel Foucault e John Locke.

Benjamin Mendelsohn é considerado o pai da vitimologia em função da conferência “Um ho-


rizonte novo na ciência biopsicossocial” de 1947. Hans Von Henting publicou a obra “O crimi-
noso e sua vítima” em 1948.
Letra a.

025. (VUNESP/2014/PC-SP/FOTÓGRAFO TÉCNICO PERICIAL) Os primeiros estudos sobre a


vitimologia datam de 1901, tendo como estudioso do assunto
a) Hans Gross.
b) Enrico Ferri.
c) Francesco Carrara.
d) Adolphe Quetelet.
e) Cesare Bonesana.

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Em 1901, Hans Gross, jurista austríaco, analisou a ingenuidade das vítimas de fraude em tra-
balho considerado pioneiro na área da Vitimologia.
Letra a.

026. (VUNESP/2014/PC-SP/FOTÓGRAFO TÉCNICO PERICIAL) Em 1973, houve o 1º Simpósio


Internacional de Vitimologia, em Jerusalém/Israel, sob a supervisão do famoso criminólo-
go chileno______________. Os estudos impulsionaram a atenção comportamental, buscando
traçarem perfis de vítimas potenciais, com a interação do direito penal, da psicologia e da
psiquiatria.
A alternativa que completa corretamente a lacuna é:
a) Osvaldo Loro
b) Diego Ventura
c) Cláudio Mensura
d) Israel Drapkin
e) Ibrain Neto

Em 1973 ocorreu o 1º Simpósio Internacional de Vitimologia, em Jerusalém, Israel, presidido


por Israel Drapkin, médico argentino-chileno que é nome de destaque na Vitimologia latino-
-americana.
Letra d.

027. (VUNESP/2018/PC-SP/PAPILOSCOPISTA POLICIAL) O saber criminológico, no Estado


Democrático de Direito, tem por objetivo evitar a ocorrência do delito; portanto, são aspectos
importantes de prevenção terciária
a) o policiamento, a assistência social e o conselho tutelar.
b) a educação, a religião e o lazer.
c) a laborterapia, a liberdade assistida e a prestação de serviços comunitários.
d) as posturas municipais, a classificação etária dos programas televisivos e o civismo.
e) a cultura, a qualidade de vida e o trabalho.

A prevenção terciária é aquela voltada para o preso e o egresso, com o fim de evitar que voltem
a delinquir. Busca afastar a reincidência e a estigmatização. São programas que pretendem
a não consolidação do status de desviado, como os descritos na alternativa C. A laborterapia
é o emprego do trabalho ou o ensino de um ofício com funções terapêuticas. A liberdade as-
sistida é uma medida socioeducativa prevista no Estatuto da Criança e do Adolescente, em

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que se determina acompanhamento sistemático do infrator, sem o afastamento do convívio


familiar e comunitário. A prestação de serviços comunitários é uma alternativa ao ambiente
degradante e estigmatizante do cárcere.
Letra c.

028. (VUNESP/2014/PC-SP/FOTÓGRAFO TÉCNICO PERICIAL) A prevenção crimi-


nal_______________ destina-se a atuar na educação, emprego, moradia e segurança, onde o
Estado deve garantir o exercício dos direitos sociais a todos.
Assinale a alternativa que preencha corretamente a lacuna.
a) secundária
b) terciária
c) primária
d) quaternária
e) especial

A prevenção primária é aquela voltada para as causas do cometimento do crime. Ela se pre-
ocupa em neutralizar o problema antes que ele se manifeste. É necessário, por exemplo, que
o Estado forneça educação, condições dignas de vida, moradia, salários justos, saneamento
básico, saúde, emprego, lazer. Esse tipo de prevenção opera a médio e longo prazo e se des-
tina à coletividade.
Letra c.

029. (VUNESP/2013/PCSP/ATENDENTE DE NECROTÉRIO) Para a Criminologia, a prevenção


geral positiva, como uma finalidade da pena, é
a) uma espécie de neutralização do autor do delito, por meio de sua segregação carcerária.
b) também chamada de integradora, pois tem por objetivo a formação e o fortalecimento da
consciência social, mediante o estímulo ao culto dos valores mais caros à comunidade.
c) uma espécie de neutralização do autor do delito, por meio de medidas que o desestimulem
a novas práticas delitivas.
d) também chamada de prevenção por intimidação, pois tem por objetivo desestimular o ci-
dadão da prática de delitos, por meio de aplicação de pena ao infrator da lei.
e) uma espécie de consequência jurídica pelo comportamento inclinado às infrações penais.

A prevenção geral se destina à comunidade. Na prevenção geral positiva, a pena reforça (ca-
ráter positivo) a confiança da população no sistema jurídico como um todo, promovendo in-
tegração social (caráter geral). A prevenção geral positiva também é chamada de integradora,
pois tem por objetivo a formação e o fortalecimento da consciência social, mediante o estí-

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mulo ao culto dos valores mais caros à comunidade. A letra A trata de prevenção especial
negativa. A letra C apresenta uma mistura de prevenção especial negativa (neutralização)
com prevenção geral negativa (contramotivação, intimidação). Na letra D, há uma mistura de
prevenção geral negativa (intimidação) com prevenção especial negativa (pena). Na letra E, a
prevenção geral positiva não é uma teoria dirigida ao potencial delinquente, mas sim ao cida-
dão fiel ao direito, já que a pena é reforço à fidelidade dos indivíduos às normas.
Letra b.

030. (VUNESP/2018/PC-SP/INVESTIGADOR DE POLÍCIA) É correto afirmar que a Polícia


Civil é uma
a) Polícia Administrativa, que integra o controle social formal.
b) Polícia Administrativa, que integra o controle social formal e informal.
c) Polícia Judiciária, que não integra o controle social.
d) Polícia Judiciária, que integra o controle social formal.
e) Polícia Judiciária, que integra o controle social informal.

Na esfera estadual, as polícias civis realizam a tarefa de polícia judiciária, pois são encarre-
gadas do cumprimento de mandados do Poder Judiciário (mandados de prisão, de busca e
apreensão, de condução de presos, de condução coercitiva etc.). Além disso, integram o con-
trole social formal, que é aquele realizado por instituições estatais, de cuja atuação pode de-
correr a aplicação de uma pena. Nas letras A e B, a polícia administrativa é aquela encarrega-
da da prevenção ao crime. Na esfera estadual, as polícias militares são polícia administrativa.
Na letra C, a polícia é um dos principais exemplos de controle social formal. E nas letras B e
E, o controle social informal é aquele realizado pela sociedade civil, como família, vizinhança,
associações, igreja, etc.
Letra d.

Mariana Barreiras
Servidora pública federal desde 2009. Graduada em Direito e Mestre em Direito Penal e Criminologia pela
Universidade de São Paulo (USP). Professora de Legislação de Interesse da Atividade de Inteligência,
Direito Penal e Criminologia em cursos preparatórios para concurso público. Autora do livro “ABIN -
Legislação de Inteligência Sistematizada e Comentada”, publicado pela editora JusPodivm. Foi Assessora
Técnica da Comissão Nacional da Verdade da Presidência da República (2012 a 2014). Foi Agente de
Promotoria do Ministério Público do Estado de São Paulo (2006-2009). Lecionou as disciplinas Direito
Penal e Criminologia na Faculdade de Direito da USP, dentro do Programa de Aperfeiçoamento do Ensino.
Foi membro de diversas coordenações do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais, tendo orientado
pesquisas do Laboratório de Iniciação Científica. Coautora do livro “Criminologia e os problemas da
atualidade” e autora de artigos nos temas de Direito Penal e Criminologia.

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