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Nocoes de Criminologia E1669244466
Nocoes de Criminologia E1669244466
Noções de
Criminologia
Livro Eletrônico
AULA ESSENCIAL 80/20
Noções de Criminologia
Mariana Barreiras
Sumário
Criminologia.........................................................................................................................................................................3
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CRIMINOLOGIA
1. Análise da Banca
Olá, estudante! Eu sou a prof.ª Mariana Barreiras, Consultora Legislativa da Câmara dos
Deputados e mestre em Criminologia pela USP. Vou guiar você nessa aula essencial de Cri-
minologia para te ajudar na trajetória rumo aos cargos da PCSP. Deixo meu Instagram, onde
posto dicas e horários das aulas de Criminologia: @profmaribarreiras.
Vamos começar nossa aula 80/20 fazendo uma análise da banca Vunesp.
Analisando as provas já realizadas pela Vunesp nos últimos dez anos, é possível perceber
que a banca cobra a seguinte porcentagem de cada assunto, por ordem decrescente:
1º. Criminologia: conceito, objeto, método e funções. Escola Clássica e Positivista: 27%
2º. Vitimologia: 23%
3º. Estado Democrático de Direito e Prevenção da Infração Penal: 19%
4º. Escolas Sociológicas: 17%
5º. Criminologia e Política Criminal. O Papel da Polícia Judiciária: 14%.
Visto isso, vou apresentar os tópicos principais para o seu estudo, priorizando os temas
mais cobrados.
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Cabe definir a Criminologia como ciência empírica e interdisciplinar, que se ocupa do estudo do cri-
me, da pessoa do infrator, da vítima e do controle social do comportamento delitivo, e que trata de
subministrar uma informação válida, contrastada, sobre a gênese, dinâmica e variáveis principais
do crime – contemplando este como problema individual e como problema social –, assim como
sobre os programas de prevenção eficaz do mesmo e técnicas de intervenção positiva no homem
delinquente e nos diversos modelos ou sistemas de resposta ao delito1.
A Criminologia nasceu como ciência autônoma no século XIX, com a obra “O Homem De-
linquente”, de Cesare Lombroso, expoente da Escola Positivista.
1
GARCÍA-PABLOS DE MOLINA, Antonio; GOMES, Luis Flávio. Criminologia: introdução a seus fundamentos teóricos; intro-
dução às bases criminológicas da Lei n. 9.099/1995, Lei dos Juizados Especiais Criminais. 5ª ed. São Paulo: RT, 2006. p.
33.
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2.1.1. Métodos
2.1.2. Objetos
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duta para ser considerada crime pela Criminologia deve apresentar: incidência massiva na
população; incidência aflitiva; persistência espaço-temporal; e inequívoco consenso social.
Delinquente: passa a ser objeto da Criminologia sobretudo a partir do século XIX, com
o advento das teorias positivistas, que queriam aplicar a observação empírica da realidade.
Como não era possível observar empiricamente as normas, começa-se a analisar o delin-
quente. É o que fez Lombroso. A Criminologia passa a ter objeto, método e função próprios e,
por isso, nasce como ciência autônoma no século XIX.
Vítima: os estudos criminais, de maneira geral, passaram por três grandes momentos:
Idade de ouro da vítima (desde os primórdios da civilização até o século XII, com previsão de
autotutela e processo penal do tipo acusatório, com importante papel desempenhado pela ví-
tima); neutralização do poder da vítima (início com a adoção do processo penal inquisitivo, no
século XII, com perda de protagonismo da vítima); e ressurgimento do poder da vítima (início
no século XVIII até os dias atuais. Nessa fase ocorre a consolidação da Vitimologia, sobre-
tudo a partir dos estudos de Benjamim Mendelsohn de 1947 sobre os judeus nos campos de
concentração de Alemanha nazista, após a Segunda Guerra Mundial).
Controle Social: são os freios que a sociedade apresenta aos indivíduos que almejam a
prática de alguma conduta antissocial. Os controles sociais informais (vizinhança, escola,
trabalho, clubes, associações) são aqueles de cuja atuação não pode resultar uma sanção
penal. Tornaram-se objeto da Criminologia sobretudo com a Escola de Chicago, de 1920 em
diante. Os controles sociais formais (polícia, Ministério Público, Poder Judiciário, penitenci-
árias) são aqueles de cuja atuação pode resultar uma sanção penal. Consolidaram-se como
objeto de estudo da Criminologia a partir dos estudos interacionistas (“labelling approach”)
da década de 1960.
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2.2.1. Clássicos
A Escola Clássica do Direito Penal, do século XVIII, é uma etapa pré-científica da Crimi-
nologia. Os autores clássicos reconhecem que as pessoas são seres racionais, que possuem
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2.2.2. Positivistas
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Como não era possível realizar essa aplicação em relação às normas (grande objeto de es-
tudo dos penalistas clássicos), começa-se a estudar o próprio delinquente. Muitos autores
identificam que aí nasce, verdadeiramente, a Criminologia como ciência. Afinal, é nesse mo-
mento que a Criminologia começa a se valer do método indutivo, empírico e multidisciplinar.
Para os positivistas, o livre-arbítrio era uma ilusão. O delinquente era escravo do deter-
minismo biológico ou do determinismo social. No determinismo biológico, acredita-se que
diferenças genéticas entre os indivíduos os tornam mais propensos ao crime. São doenças,
patologias que levam o indivíduo a se tornar um delinquente. No determinismo social, são
as características do ambiente social que levam um indivíduo ao crime. Em ambos os casos,
não há espaço para a escolha do indivíduo. Há, nessa Escola, muito interesse pelo estudo da
etiologia do delito. Ou seja, com o positivismo a Criminologia passa a tentar entender a razão
pela qual uma pessoa comete um crime.
Para os positivistas, o crime não é uma entidade jurídica. Ele existe por si só, ou seja, on-
tologicamente.
É típica do pensamento clássico a adoção de penas proporcionais ao mal causado. A
pena, para os clássicos, é sobretudo retribuição. É característica do pensamento positivista
a adoção de medidas de segurança com finalidade curativa, pelo tempo em que persistisse
a patologia. A medida de segurança é uma medida de defesa social (defesa da sociedade)
contra o criminoso, que será sempre psicologicamente anormal.
Os principais expoentes do positivismo são:
• Cesare Lombroso, autor de “O Homem Delinquente”, responsável pela corrente antro-
pológica do positivismo e considerado o pai da Criminologia;
• Enrico Ferri, autor de “Sociologia Criminal”, responsável pela corrente sociológica do
positivismo;
• Rafaelle Garofalo, autor de “Criminologia”, responsável pela corrente jurídica do positi-
vismo.
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glaterra, uma onda punitivista que se denomina movimento de lei e ordem (“law and order”),
movimento conservador neorretribucionista que recomenda: penas mais longas e mais duras,
ou até mesmo a pena de morte; diminuição da discricionariedade do juiz; excessivo rigor no
cumprimento da pena privativa de liberdade; ampliação das possibilidades de prisão provisó-
ria. Em 1994, Rudolph Giuliani, prefeito de Nova Iorque, conservador, começou a empregar o
nome “tolerância zero” seguindo esses ensinamentos.
Direito Penal do Inimigo: teoria desenvolvida pelo alemão Günther Jakobs, em sua obra
“Direito Penal do Inimigo” (1985). Defende a distinção entre cidadãos e inimigos. O inimigo é
aquele que se afasta de maneira duradoura e decidida do Direito. No Direito Penal do Inimigo,
a pena tem caráter de prevenção especial negativa. O Estado não deve tratar o inimigo como
pessoa, já que isso vulneraria o direito à segurança das demais pessoas. A punição de atos
preparatórios, as extensas penas privativas de liberdade, a prisão preventiva, a interceptação
telefônica, os agentes infiltrados, a incomunicabilidade entre presos e seus defensores são
exemplos de regulação típica de Direito Penal do Inimigo. É considerado a terceira velocidade
do Direito Penal.
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dução legislativa serviria para assegurar o triunfo da classe dominadora. Essas teorias são
também chamadas de argumentativas e são consideradas progressistas, pois entendem os
agrupamentos sociais como fruto de opressões que devem ser repensadas, eliminadas.
As teorias do conflito mais cobradas em provas são: Teoria do “Labelling Approach” (Te-
oria da Reação Social, do Etiquetamento, Interacionista, Teoria do Interacionismo Simbólico)
e Teoria Crítica (ou Teoria Radical).
Recurso Mnemônico
Teorias do Consenso: Chicago, Anomia, Subcultura e Associação
Teorias do Conflito: Crítica e Interacionismo Simbólico ou Etiquetamento
É CONSENSO que todo mundo quer CASA.
O CONFLITO é que estamos em CRISE.
Se propôs a discutir múltiplos aspectos da vida humana, todos relacionados com a vida
na cidade. Entre os anos 1920 e 1930, Robert Ezra Park, Ernest W. Burgess e seus alunos
produziram mais de 20 obras sobre a ecologia urbana da cidade de Chicago. Os bairros de
Chicago são divididos e analisados de acordo com seus problemas sociais. Burgess desen-
volve a teoria das zonas concêntricas. Clifford Shaw e Henry McKay são outros dois nomes
importantes na Escola de Chicago. Preocupados com a delinquência juvenil, na obra Delin-
quency Areas, demonstraram que, quanto mais perto do loop, maior a degradação e as taxas
de criminalidade dos bairros. Concluíram, também, que nas áreas criminais, o controle social
informal é pouco eficiente. A pessoa recém-chegada à cidade passa por um processo de de-
sorganização social. Há um sentimento de perda pessoal, rejeição de regras sociais, perda de
raízes. A desorganização social causa aumento de doenças, prostituição, insanidades, suicí-
dios e crime.
QUADRO RESUMO
Robert Park
Ernest Burgess Desorganização social das grandes
Escola de
Clifford Shaw cidades
Chicago
Henry McKay Controle social informal enfraquecido
(EUA, 1920-1930)
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Recurso Mnemônico:
Chicago é uma CIDADE dos EUA. A teoria fala exatamente sobre a desorganização social
das grandes CIDADES. E quando vamos aos EUA, sempre visitamos PARQUES (Robert Park),
comemos HAMBÚRGUER (Ernest Burgess), tomamos MILK SHAKE (Clifford Shaw), às vezes
no Mc (Henry McKay).
Émile Durkheim: sociólogo francês (final séc. XIX). Há momentos em que a sociedade
atravessa transformações e perde a capacidade de exercer o papel de freio moral. A anomia
é esse estado de desregramento ou desintegração das normas sociais, produzindo uma si-
tuação de transgressão ou de pouca coesão. O crime se torna um problema quando existe
anomia. Caso contrário, o crime é um fenômeno relativamente normal e útil, porque permite
que a consciência coletiva evolua.
Robert Merton: sociólogo (EUA), final dos anos 30. Adaptou a teoria do Durkheim para o
American Dream. As estruturas sociais e culturais apresentam objetivos e meios que têm,
entre outras, a função de fornecer uma base de previsibilidade e regularidade do comporta-
mento humano. Os objetivos são as metas, propósitos, interesses (Ex.: comprar uma casa; ter
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um carro; viajar para o exterior todo ano). Os meios, por sua vez, definem, regulam e contro-
lam as maneiras consideradas aceitáveis para o atingimento dos objetivos (Ex.: trabalhar em
troca de um bom salário para poder adquirir seus bens; praticar fraudes). Às vezes, a cultura
de uma sociedade coloca muita ênfase na importância de que se atinja um certo objetivo, mas
não fornece os meios correspondentes para que o êxito se dê. Isso é particularmente visível
nas situações em que a estrutura cultural impõe aos cidadãos padrões de consumo e riqueza,
mas a estrutura social não fornece condições para que os indivíduos enriqueçam ou consu-
mam do modo como se espera.
No limite, quando a previsibilidade das condutas num grupo social é minimizada, pelo
distanciamento entre os objetivos e os meios, está configurada a anomia ou caos cultural. Os
indivíduos, nesses casos, procedem a adaptações individuais, que podem ser: conformidade;
inovação (anomia propriamente dita); ritualismo; retração e rebelião. Em palavras mais sim-
ples, para Merton, o crime, em muitos casos, deriva da não aceitação das regras que limitam
os meios para o alcance das metas. O ladrão rouba um celular de última geração (objetivo)
porque não possui renda (meio lícito) para obtê-lo.
Talcott Parsons: sociólogo (EUA), 1951. Desenvolveu a teoria do sistema social, aprofun-
dando as ideias de Merton.
Recurso Mnemônico
Para lembrar que o Durkheim e o Merton são expoentes da Teoria Da Anomia, vamos
pensar que o Durkheim, no Brasil, teria o apelido DUDU. Quando falamos de Dudu, podemos
lembrar do DUDU NOBRE e com o sobrenome fazemos a associação com ANOMIA, pois o NO
nos lembra aNOmia. Com o NO também lembramos que, para essa teoria, o crime é NOrmal.
Aliás, podemos chamar essa teoria de aNORmia, para lembrar de NORmalidade. Para lembrar
do MERTON e do PARSONS, costumamos lembrar que o Dudu Nobre não é nobre de origem,
mas pelo seu MÉRITO (Merton) de tocar muito bem o cavaquinho, e por causa dos seus PAR-
ÇAS (Parsons), os parceiros de samba que deram apoio à sua carreira.
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Seu principal autor foi Edwin Sutherland, sociólogo norte-americano. No começo dos anos
40, Sutherland defendeu que o crime não é cometido somente por pessoas menos favoreci-
das. As pessoas aprendem a conduta desviada e se associam com outras pessoas tendo por
base essa conduta. O processo de comunicação, é fundamental. A pessoa se torna criminosa
quando as definições favoráveis à violação da norma superam as definições desfavoráveis,
em um processo de imitação. O nome associação diferencial se refere ao fato de as pessoas
se associarem em grupos em que condutas diferentes (crimes) são ensinadas e legitimadas.
Sutherland cunhou a expressão (white collar crime) em 1939. É o crime cometido no âm-
bito da profissão por uma pessoa de respeitabilidade e elevado estatuto social. A razão pela
qual esses crimes são cometidos é a mesma da criminalidade dos pobres: aprendizado so-
mado a definições favoráveis à violação da lei. Crimes difíceis de se detectar ou sancionar,
em virtude da “imunidade do negócio”. Crimes com efeitos significativos, porém difusos. É um
tipo de criminalidade organizada praticada pelos homens de negócio.
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O tema está, atualmente, em franca evidência. A Operação Lava Jato é citada como exem-
plo de quebra de paradigma. Banestado e Mensalão foram importantes precedentes. Algumas
leis foram importantes para essa alteração de cenário, como a Lei dos Crimes de Colarinho
Branco (Lei n. 7.492/1986) e a Lei de Lavagem de Dinheiro (Lei n. 9.613/1998). Impunidade
deixou de ser uma certeza para os poderosos, políticos ou financeiros.
Recurso Mnemônico
Associação diferencial não remete àquilo que é diferente. No Brasil, costuma-se dizer que
um povo muito diferente é o paranaense. Não é à toa que o Paraná é inclusive chamado de
Rússia brasileira, dadas as particularidades de seu povo. (Calma, gente, esse exemplo foi
criado antes da guerra da Ucrânia!) E quando falamos em Paraná, lembramos automatica-
mente da Lava-Jato, deflagrada a partir de Curitiba, o caso mais emblemático de combate à
criminalidade de colarinho branco. Por sua vez, como o Paraná é uma terra do Sul, isso nos
faz lembrar de Southern land, ou de Sutherland.
Desenvolvida na obra “Delinquent boys”, de Albert Cohen (EUA), 1955. Toda sociedade é
internamente diferenciada em numerosos subgrupos, ou subculturas, com maneiras de pen-
sar e agir: que lhe são peculiares; que as pessoas somente podem adquirir participando des-
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ses grupos; e que alguém raramente deixará de adquirir se for um participante verdadeiro do
grupo. A subcultura, típica das gangues, valoriza o não-utilitarismo, a malícia, o negativismo,
a versatilidade, o hedonismo de curto prazo e a autonomia de grupo.
Recurso Mnemônico
Vamos pensar nas gangues de meninos do Rio de Janeiro e da música do Marcelo D2 so-
bre a situação deles, que estão sempre buscando alternativas para não abaixar a cabeça para
as regras impostas pelas elites. E, NO REFRÃO, substituímos “Qual é?” por “COHEN”.
Robert Park
Ernest Burgess
Escola de Desorganização social das grandes cidades
Clifford Shaw
Chicago Controle social informal enfraquecido
Henry McKay
(EUA, 1920-1930)
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Desenvolvida sobretudo nos EUA a partir da década de 1960. Também chamada de teoria
da rotulação; teoria do etiquetamento; teoria da reação social; teoria interacionista; intera-
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Recurso Mnemônico
Vamos pensar em uma etiqueta de um medicamento à base de cannabis, porque isso nos
lembra da palavra “beck” (gíria para cigarro de maconha), que nos remete a Becker, que em
sua obra “Outsiders” falava exatamente do etiquetamento e da estigmatização dos usuários
de maconha.
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Etiquetamento – Becker
A partir de meados dos anos 90, surge a Criminologia Cultural, ou cultural studies. É um
ramo da Criminologia Crítica que se debruça sobre a criminalização da cultura diferente, como
a de grafiteiros, punks, neonazistas, roqueiros, mendigos, prostitutas etc. Trata-se, então, de
um grupo de teóricos preocupados com a subcultura de que falava Albert Cohen, mas agora
dentro de um enfoque conflitual da sociedade (Cohen se encaixa nas teorias do consenso).
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Jeff Ferrell, nos Estados Unidos, relatou sua experiência com grafiteiros de Denver no livro
Crimes of Style e no artigo Urban grafitti: crime, control and resistance. Em 2008, Jeff Ferrell,
Keith Hayward e Jock Young lançaram Cultural Criminology.
No Brasil, Salo de Carvalho publicou Criminologia cultural e rock em 2011 e Saulo Ramos
Furquim, A Criminologia cultural e a criminalização cultural periférica, de 2016. Salah H. Khaled
Jr. e Álvaro Oxley da Rocha traduziram a obra de Jeff Ferrell e Keith Hayward e complementa-
ram suas análises. Juntos, esses quatro autores conceberam o Instituto Brasileiro de Crimi-
nologia Cultural, fundado em abril de 2019, que assim define a Criminologia Cultural:
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Para associar a Criminologia Crítica com o Alessandro Baratta, podemos pensar numa si-
tuação que costuma ser crítica: a aparição de uma barata, sobretudo no nosso quarto (CHAM-
BRE em francês, associamos com CHAMBLISS). Vamos escrever crítica com Y para lembrar
dos ingleses Taylor, Walton e Young.
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2.5. Vitimologia
Vitimologia é o estudo das vítimas. O termo foi cunhado em 1947 por Benjamin Mendelsohn.
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Idade de ouro da vítima: desde os primórdios da civilização até o fim da Alta Idade Média.
Possibilidade de composição e de autotutela. Lei de talião: “olho por olho, dente por dente”.
Desenvolveu-se o processo penal acusatório, em que as funções de acusar, julgar e defender
estavam em mãos distintas.
Neutralização do poder da vítima: da Baixa Idade Média (século XII) até século XVII. Pro-
cesso inquisitivo: concentra as funções de acusar e julgar nas mãos do juiz e dificulta a im-
parcialidade do magistrado. A vítima perdeu o poder de reação ao fato delituoso, que passou
para as mãos da administração pública.
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Revalorização do poder da vítima: do século XVIII até os dias atuais. Percebe-se que a
vítima havia sido esquecida pelo processo criminal e que é necessário recuperar certa parcela
de seu protagonismo. Um dos problemas é a pressão que as vítimas ou seus parentes exer-
cem para que haja leis e punições extremamente severas.
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RECURSO MNEMÔNICO
Essa classificação é bastante cobrada em provas. Para ajudar na memorização, eu cons-
truí uma tabelinha que ajuda a resolver as questões, que costumam mesclar e relacionar os
itens da primeira coluna com os da segunda.
NÃO Ideal
- Ignorância
= Voluntária
+ Provocadora
EXCLUSIVAMENTE Pseudo
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E para ajudar a memorizar, em aula eu sugiro que os alunos memorizem o começo das
nomenclaturas que Mendelsohn atribui: Id, Ig, Vo, Provo, Pseudo. Isso ajuda a construir a
tabela na hora da prova.
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2.5.5. Heterovitimização
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As medidas de prevenção indireta atuam nas causas do crime, sem atingir o delito espe-
cificamente. É uma atuação profilática, com campo de atuação extenso, que busca todas as
causas possíveis da criminalidade: próximas ou remotas, genéricas ou específicas. É o caso,
por exemplo, das políticas públicas de criação de emprego, fornecimento de renda mínima,
fomento à educação, oferecimento de alternativas de lazer e de programas culturais, etc.
As medidas de prevenção direta relacionam-se com a infração criminal que está prestes a
ocorrer ou em formação. Interferem, portanto, no iter criminis. É o caso da intervenção policial,
das rondas policiais ostensivas, da repressão jurídico-processual de delitos e até mesmo das
políticas públicas de desestímulo a alguma prática delitiva concreta.
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Trata-se da prevenção voltada para o preso e o egresso, com o fim de evitar que voltem a
delinquir. Busca afastar a reincidência e a estigmatização.
São programas que pretendem a não consolidação do status de desviado.
Incentiva-se, por exemplo, a adoção de alternativas à pena privativa de liberdade, que é
estigmatizante. Tenta-se humanizar a pena, fornecendo um ofício ou educação para o preso,
para que ele se sinta em condições de voltar à vida em sociedade ao fim do cumprimen-
to da pena.
A prevenção terciária enfrenta o fenômeno criminal muito tardiamente: quando ele já
ocorreu. A ideia é, então, evitar as cerimônias degradantes típicas das instâncias de controle
social formal e fornecer à pena um fim utilitário, um efeito positivo (tratar, ensinar um ofício,
fornecer terapia, educar) e um caráter compatível com os postulados de dignidade da pes-
soa humana.
Os altos índices de reincidência, de filiação de presos às facções criminosas e de delin-
quência dentro do próprio cárcere demonstram a atual incapacidade do Estado brasileiro de
lidar de forma satisfatória com a prevenção terciária.
Não confunda essa classificação de prevenção (primária, secundária e terciária) com a clas-
sificação relativa ao processo de criminalização, que utiliza as mesmas categorias.
• criminalização primária: é aquela realizada pelo legislador ao criar os tipos penais;
• criminalização secundária: é a ação punitiva exercida sobre pessoas concretas;
• criminalização terciária: é a estigmatização realizada pelo sistema prisional durante a
execução da pena.
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O primeiro filtro de seleção é realizado pela Polícia. O segundo filtro, pelo Ministério Público.
O terceiro filtro, pelo Poder Judiciário.
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Para Figueiredo Dias, é central a questão da discricionariedade da polícia. Ele explica que
a polícia é o símbolo mais visível do sistema formal de controle, o mais presente no cotidia-
no dos cidadãos. Além de processar o maior volume de crimes (se comparado ao Ministé-
rio Público e Poder Judiciário), ela tem alto poder de discricionariedade: interage com leigos
(denunciantes ou suspeitos), em posição de domínio e longe da vigilância dos demais inter-
venientes processuais (promotores, defensores, juízes); e, com isso, reduz drasticamente as
alternativas ao dispor das instâncias de controle situadas a jusante (Ministério Público, De-
fensoria Pública e Poder Judiciário). Ele argumenta, então, que, para alguns autores, é a polí-
cia que toma a maior parte das decisões políticas (mas para o próprio Figueiredo Dias, como
veremos mais adiante, a maior parte das decisões políticas é tomada pelo Ministério Público).
A discricionariedade da polícia guarda íntima relação com a constatação de que é irrealis-
ta qualquer expectativa de total enforcement, ou seja, de lidar com todos os casos criminais.
Há uma série de limitações de índole legal e factual, tais como a escassez de meios, as con-
cepções ideológicas e até mesmo a corrupção. Hoje, aceita-se que a aplicação da lei criminal
e o processamento formal da delinquência não são mais do que uma das múltiplas alternati-
vas reais ao dispor da polícia. Ou seja, a polícia tem um leque de alternativas, algumas legais,
outras nem tanto, à estrita formalização e apuração de delitos. A polícia pode ignorar uma
atividade ilícita, pode realizar “justiça” à margem dos registros, pode prender apenas para dar
um “corretivo”. Fala-se, então, em “discricionariedade de fato”, “discricionariedade em sentido
sociológico” ou ainda em “poder de definição da polícia”: trata-se do espaço de liberdade de
que goza a ação da polícia e que ultrapassa, e muito, as margens dentro das quais a lei per-
mite a intervenção de critérios de conveniência e oportunidade (“discricionariedade legal”).
Em resumo: a discricionariedade de fato da polícia é enormemente maior que sua discricio-
nariedade legal. Como são dotados dessa discricionariedade ampliada e atuam de maneira
política, são chamados de “street corner politicians”, ou políticos da esquina.
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No Brasil, as polícias são, em linhas gerais, classificadas como polícia ostensiva e polícia
judiciária. A polícia ostensiva é aquela que se vale de viaturas, uniformes, giroflex, sirenes,
distintivos, no intuito de demonstrar que o Estado ali se faz presente para proteger as pessoas
e os bens e manter a ordem pública. No Brasil, essa tarefa compete, sobretudo, às polícias
militares. Trata-se de função voltada precipuamente, ao menos em teoria, à prevenção do de-
lito: fazer-se presente para evitar que ali ocorra um crime. Essa polícia também é denominada
administrativa.
Já a polícia judiciária é encarregada do cumprimento de mandados do Poder Judiciário
(mandados de prisão, de busca e apreensão, de condução de presos, de condução coercitiva
etc.). Cuida, essencialmente, da repressão ao crime. Questiona-se se o poder de investigação
insere-se dentro da categoria polícia judiciária ou se deveria ser uma categoria extra (polícia
investigativa).
Para alguns, não haveria que se falar em uma função de polícia investigativa separada da
função de polícia judiciária. A polícia judiciária englobaria as atribuições posteriores à práti-
ca do crime, inclusive a investigação. O art. 4º do CPP é comumente utilizado para embasar
essa visão:
“Art. 4º A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território de suas respecti-
vas circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e da sua autoria.”.
Ou seja, por essa redação a polícia judiciária tem por fim a investigação.
A Súmula Vinculante n. 14 do STF parece estar alinhada com esse pensamento:
JURISPRUDÊNCIA
É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de
prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com
competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa.
Para outros, no entanto, polícia investigativa e polícia judiciária não se confundem. A polí-
cia investigativa é responsável pela apuração de materialidade e autoria. A polícia judiciária é
responsável pelo cumprimento de ordens e diligências emanadas pelo Poder Judiciário.
Esse entendimento se baseia, por exemplo, no art. 144, §4º, da Constituição Federal:
§ 4º Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a com-
petência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as
militares.
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Mas, para fins de prova de concurso, a realidade é que essa distinção importa pouco. O
importante é saber quais são as entidades responsáveis pela polícia administrativa e quais as
responsáveis pela polícia judiciária.
No Brasil, na esfera federal, a Polícia Federal é encarregada de todas essas tarefas (art.
144, §1º e incisos, da CF). É, portanto, uma polícia denominada de ciclo completo (pois realiza
todas as atividades).
Já na esfera estadual, um órgão de polícia faz a prevenção do delito (polícias militares –
art. 144, §5º, da CF) e outro encarrega-se da investigação e dos trabalhos de polícia judiciária
(polícias civis – art. 144, §4º, CF). Essas não são, portanto, polícias de ciclo completo.
Esse modelo bipartido nos Estados não nasceu com a Constituição de 1988, mas sim
em 1969, na época do regime militar. É um modelo que leva a situações de sobreposição de
atividades, pois às vezes, para bem realizar o policiamento ostensivo, as polícias militares
se veem na obrigação de fazer pequenas investigações. É por isso que as polícias militares
contam com unidades de Inteligência, usualmente chamadas de “P2”. As polícias civis, por
sua vez, em suas tarefas investigativas, acabam realizando trabalhos ostensivos. Há, portan-
to, áreas de sobreposição entre as corporações e há, também, situações em que ambas as
agências policiais acreditam que um trabalho específico não lhe compete, pois as margens
entre prevenção e investigação são fluidas.
Esse cenário tem o potencial de gerar, naturalmente, atritos entre as entidades, conflitos
positivos e negativos de competências e, no limite, insatisfação popular.
Há, por isso, muitos defensores da necessidade de polícia de ciclo completo nos Estados,
ou seja, de uma corporação que se encarregue de todas as etapas e, portanto, equacione in-
tegralmente o evento criminoso.
Os defensores dos modelos de ciclo completo costumam alegar economia de recursos
públicos e ganho de eficiência como motivos para a unificação. Com o ciclo completo, desa-
pareceriam conflitos na definição de competências e na distribuição de recursos orçamen-
tários e haveria ganho na articulação das ações operacionais, já que, hoje, a integração das
polícias é mais a exceção do que a regra. Além disso, os defensores do ciclo completo reite-
ram que esse modelo brasileiro é bastante sui generis e pouco empregado em outros países.
Os opositores alegam que a falta de eficiência das polícias investigativas brasileiras não
está relacionada com o ciclo incompleto, mas com a carência de recursos financeiros. E, ade-
mais, explicam que a fusão de corporações poderia fazer com que pessoas destreinadas co-
metessem muitos equívocos em seus novos afazeres policiais.
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QUESTÕES DE CONCURSO
001. (VUNESP/2018/PC-SP/AUXILIAR DE PAPILOSCOPISTA POLICIAL) Assinale a alternativa
correta em relação ao método da criminologia.
a) A criminologia utiliza um método lógico, abstrato e dedutivo.
b) A criminologia limita interessadamente a realidade criminal (da qual, por certo, só tem uma
imagem fragmentada e seletiva), observando-a sempre sob o prisma do modelo típico esta-
belecido na norma jurídica.
c) A criminologia analisa dados e induz as correspondentes conclusões, porém suas hipó-
teses se verificam – e se reforçam – sempre por força dos fatos que prevalecem sobre os
argumentos puramente subjetivos.
d) A criminologia utiliza como método a ordenação e a orientação de suas conclusões com
apoio em uma série de critérios axiológicos (valorativos) fundados no dever-ser.
e) O método básico da criminologia é o dogmático; e seu proceder, o dedutivo sistemático.
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c) Giovanni Carmignani.
d) James Wilson.
e) Hans Gross.
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A atuação da polícia judiciária ao investigar e prender infratores acaba por contribuir com a
inserção do infrator no sistema de justiça criminal, inserindo-o em uma “espiral” que o impe-
dirá de retornar à situação anterior sendo, para sempre, definido como criminoso.
Essa afirmação se relaciona, preponderantemente, com qual teoria sociológica da cri-
minalidade?
a) Janelas quebradas.
b) Etiquetamento Social.
c) Anomia.
d) Subcultura.
e) Ecológica do crime
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a) sobrevitimização
b) vitimização primária
c) vitimização secundária
d) vitimização terciária
e) heterovitimização
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Noções de Criminologia
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c) uma espécie de neutralização do autor do delito, por meio de medidas que o desestimulem
a novas práticas delitivas.
d) também chamada de prevenção por intimidação, pois tem por objetivo desestimular o ci-
dadão da prática de delitos, por meio de aplicação de pena ao infrator da lei.
e) uma espécie de consequência jurídica pelo comportamento inclinado às infrações penais.
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GABARITO
1. c
2. d
3. e
4. c
5. e
6. b
7. a
8. a
9. d
10. a
11. d
12. c
13. b
14. e
15. c
16. a
17. b
18. d
19. b
20. d
21. e
22. b
23. a
24. a
25. a
26. d
27. c
28. c
29. b.
30. d
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GABARITO COMENTADO
001. (VUNESP/2018/PC-SP/AUXILIAR DE PAPILOSCOPISTA POLICIAL) Assinale a alternativa
correta em relação ao método da criminologia.
a) A criminologia utiliza um método lógico, abstrato e dedutivo.
b) A criminologia limita interessadamente a realidade criminal (da qual, por certo, só tem uma
imagem fragmentada e seletiva), observando-a sempre sob o prisma do modelo típico esta-
belecido na norma jurídica.
c) A criminologia analisa dados e induz as correspondentes conclusões, porém suas hipó-
teses se verificam – e se reforçam – sempre por força dos fatos que prevalecem sobre os
argumentos puramente subjetivos.
d) A criminologia utiliza como método a ordenação e a orientação de suas conclusões com
apoio em uma série de critérios axiológicos (valorativos) fundados no dever-ser.
e) O método básico da criminologia é o dogmático; e seu proceder, o dedutivo sistemático.
A alternativa C é correta pois traz a informação de que a criminologia analisa dados, ou seja,
os observa, e induz conclusões, ou seja, parte do concreto para o abstrato, realizando indu-
ções. Os fatos prevalecem sobre argumentos, porque é uma ciência empírica. Não é correto
dizer que a criminologia é abstrata, dedutiva, valorativa, dogmática e tampouco que parte, em
suas análises da realidade criminal, da norma jurídica.
Letra c.
O controle social formal é aquele em que há presença do Estado e de cuja atuação pode resul-
tar a aplicação de uma pena. Não é o caso de Igreja, Família, Opinião Pública, Escola, que são
instâncias de controle social informal. A alternativa D traz apenas agências de controle social
formal: Polícia, Forças Armadas e Ministério Público.
Letra d.
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A letra c traz a lista completa com as quatro vertentes corretas de objetos da Criminologia.
Vale ressaltar que todos os itens de todas as alternativas configuram objetos da Criminologia,
mas a divisão correta das vertentes encontra-se na alternativa c.
Letra c.
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Mariana Barreiras
Os autores debatem sobre qual o marco inicial da Criminologia como ciência. Para a grande
maioria dos estudiosos, a Criminologia moderna nasce com Cesare Lombroso, que escreveu
O homem delinquente, em 1876.
Letra a.
Enrico Ferri foi genro e sucessor de Lombroso. Em sua obra Sociologia criminal, de 1900, de-
fendia, assim como o sogro, que o livre-arbítrio era uma ficção, mas reconhecia a existência
de fatores antropológicos, físicos e também sociais.
Letra a.
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A Escola Positivista trouxe, para o estudo do Direito Penal, o método científico empírico, in-
dutivo e multidisciplinar, oriundo das ciências naturais, fundando a Criminologia como ciên-
cia autônoma.
Letra d.
Raffaele Garofalo pertence ao positivismo, que pode ser dividido em fase antropológica, de
Lombroso; fase sociológica, de Ferri; e fase jurídica, de Garofalo.
Letra a.
Enrico Ferri foi genro e sucessor de Lombroso. Em sua obra Sociologia Criminal, de 1900, de-
fendia, assim como o sogro, que o livre-arbítrio era uma ficção, mas reconhecia a existência
de fatores antropológicos, físicos e também sociais. Ferri, ao dar o devido peso aos fatores
sociais, é considerado o pai da sociologia criminal.
Letra d.
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A Escola Clássica acredita que o indivíduo pode tomar decisões racionais relativas ao come-
timento de crimes. As demais alternativas referem-se ao positivismo criminológico.
Letra c.
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Cesare Lombroso fundou a Escola Positivista. Émile Durkheim inspirou a Teoria Criminológica
da Anomia. Outros dois nomes importantes para a Teoria da Anomia se encontram nas letras
B (Talcott Parsons) e D (Robert Merton), mas em ambas as alternativas estão precedidos por
autores da Escola Clássica. Na letra A, Von Liszt pertence à Escola de Marburgo (Escola So-
ciológica Alemã, Escola Moderna Alemã ou Jovem Escola Alemã de Política Criminal) e Kardec
não é um autor consagrado na Criminologia. Na letra C, Beccaria pertence à Escola Clássica e
Lloyd Ohlin pertence à Teoria da Ocasião Diferencial, uma das Teorias do Aprendizado.
Letra e.
Para a Teoria da Associação Diferencial, surgida no começo da década de 1940, o crime não
é cometido somente por pessoas menos favorecidas. As pessoas de qualquer classe social
aprendem a conduta desviada e se associam com outras pessoas tendo por base essa con-
duta. O processo de comunicação, que permite a aprendizagem, é fundamental para a prática
criminal. Essas ideias foram importantes para demonstrar que o crime pode ser cometido
por qualquer pessoa na sociedade, independentemente de fatores biológicos, de pobreza, de
déficit de inteligência ou falta de inserção social.
Letra c.
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A teoria da subcultura delinquente defende a existência de uma subcultura. Nela, alguns gru-
pos (como os de delinquentes juvenis) passam a aceitar um sistema alternativo de valores
e crenças, que tem origem na interação com outros adolescentes em situação semelhante e
que soluciona os problemas de adaptação causados pela cultura dominante. A criminalidade
desses subgrupos possui características como o não-utilitarismo da ação, malícia, versatili-
dade, negativismo, hedonismo de curto prazo e autonomia de grupo. Duas observações, por-
tanto: os fatores do enunciado (não utilitarismo, malícia e negativismo) estão incompletos; e
eles não caracterizam a teoria, mas sim a delinquência dos subgrupos.
Letra d.
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tâncias de controle social formal. A vítima se sente maltratada e negligenciada pelo sistema
legal, que não dispensa um tratamento condizente com seu papel.
Letra b.
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Em 1901, Hans Gross, jurista austríaco, analisou a ingenuidade das vítimas de fraude em tra-
balho considerado pioneiro na área da Vitimologia.
Letra a.
A prevenção terciária é aquela voltada para o preso e o egresso, com o fim de evitar que voltem
a delinquir. Busca afastar a reincidência e a estigmatização. São programas que pretendem
a não consolidação do status de desviado, como os descritos na alternativa C. A laborterapia
é o emprego do trabalho ou o ensino de um ofício com funções terapêuticas. A liberdade as-
sistida é uma medida socioeducativa prevista no Estatuto da Criança e do Adolescente, em
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A prevenção primária é aquela voltada para as causas do cometimento do crime. Ela se pre-
ocupa em neutralizar o problema antes que ele se manifeste. É necessário, por exemplo, que
o Estado forneça educação, condições dignas de vida, moradia, salários justos, saneamento
básico, saúde, emprego, lazer. Esse tipo de prevenção opera a médio e longo prazo e se des-
tina à coletividade.
Letra c.
A prevenção geral se destina à comunidade. Na prevenção geral positiva, a pena reforça (ca-
ráter positivo) a confiança da população no sistema jurídico como um todo, promovendo in-
tegração social (caráter geral). A prevenção geral positiva também é chamada de integradora,
pois tem por objetivo a formação e o fortalecimento da consciência social, mediante o estí-
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mulo ao culto dos valores mais caros à comunidade. A letra A trata de prevenção especial
negativa. A letra C apresenta uma mistura de prevenção especial negativa (neutralização)
com prevenção geral negativa (contramotivação, intimidação). Na letra D, há uma mistura de
prevenção geral negativa (intimidação) com prevenção especial negativa (pena). Na letra E, a
prevenção geral positiva não é uma teoria dirigida ao potencial delinquente, mas sim ao cida-
dão fiel ao direito, já que a pena é reforço à fidelidade dos indivíduos às normas.
Letra b.
Na esfera estadual, as polícias civis realizam a tarefa de polícia judiciária, pois são encarre-
gadas do cumprimento de mandados do Poder Judiciário (mandados de prisão, de busca e
apreensão, de condução de presos, de condução coercitiva etc.). Além disso, integram o con-
trole social formal, que é aquele realizado por instituições estatais, de cuja atuação pode de-
correr a aplicação de uma pena. Nas letras A e B, a polícia administrativa é aquela encarrega-
da da prevenção ao crime. Na esfera estadual, as polícias militares são polícia administrativa.
Na letra C, a polícia é um dos principais exemplos de controle social formal. E nas letras B e
E, o controle social informal é aquele realizado pela sociedade civil, como família, vizinhança,
associações, igreja, etc.
Letra d.
Mariana Barreiras
Servidora pública federal desde 2009. Graduada em Direito e Mestre em Direito Penal e Criminologia pela
Universidade de São Paulo (USP). Professora de Legislação de Interesse da Atividade de Inteligência,
Direito Penal e Criminologia em cursos preparatórios para concurso público. Autora do livro “ABIN -
Legislação de Inteligência Sistematizada e Comentada”, publicado pela editora JusPodivm. Foi Assessora
Técnica da Comissão Nacional da Verdade da Presidência da República (2012 a 2014). Foi Agente de
Promotoria do Ministério Público do Estado de São Paulo (2006-2009). Lecionou as disciplinas Direito
Penal e Criminologia na Faculdade de Direito da USP, dentro do Programa de Aperfeiçoamento do Ensino.
Foi membro de diversas coordenações do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais, tendo orientado
pesquisas do Laboratório de Iniciação Científica. Coautora do livro “Criminologia e os problemas da
atualidade” e autora de artigos nos temas de Direito Penal e Criminologia.
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