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FACULDADE DE DIREITO DO VALE DO RIO DOCE - FADIVALE

NÚCLEO DE CRIMINOLOGIA, PENAL E EXECUÇÃO PENAL “DRA. VALÉRIA VIEIRA ALVES”

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 3ª VARA CRIMINAL DE


GOVERNADOR VALADARES – MG

PROCESSO N º 0105.20.041.639-1

ANDRÉIA GREGÓRIO DE SOUZAjá qualificada nos autos em epígrafe que lhe move a
Justiça Pública, por seus advogados que esta subscrevem, vêm respeitosamente à presença
de Vossa Excelência interpor, CONTRARRAZÕES apresentadas em face da interposição de
RECURSO EM SENTIDO ESTRITO pelo Ministério Público Federal, para todos os fins e efeitos
de direito.
Requer ainda, a assistência judiciária gratuita, por ser pobre no sentido legal.

Governador Valadares, 02 de setembro de 2021.

BÁRBARA ROMYNNA BICCAS TRIGO NASCIMENTO


OAB/MG190.693
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAIS

3ª Vara Criminal

Rua Dom Pedro II, 244, Centro - Governador Valadares/MG. CEP 35.020-270.
Telefone: (33) 3271-2004 - Email: nucleocriminal@hotmail.com
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Faculdade de Direito do Vale do Rio Doce - FADIVALE
Núcleo de Criminologia, Penal e Execução Penal “Dra. Valéria Vieira Alves”

Recorrente: Ministério Público


Recorrido: Andréia Gregório de Souza
Processo n° 0105.15.041.639-1

Colenda Câmara;
Ínclitos Julgadores;

Segundo Sobral Pinto “ Os grandes julgamentos de 1964:

“Justiça não se mendiga – pede-se,


Não se implora – reclama-se, exige-se.
Não se agradece – aceita-se”.

O Mestre Carrara em sua insigne lição, nos ensina que:

“O Processo Criminal é o que há de mais sério neste mundo. Tudo nele deve ser
claro como a luz, certo como a evidência, positivo como qualquer grandeza
algébrica. Nada de ampliável, de pressuposto, de anfibológico. Assente o
processo na precisão morfológica, leal e nesta outra precisão mais salutar ainda:
A verdade sempre desataviada de dúvidas”.

Embora a defesa tenha admiração pela zelosa representante do Ministério Público,


não concorda com seu Recurso em Sentido estrito e nem com o pedido de reforma da
sentença de fls. 69 a 72.
Pois bem. Ao sentenciar, o Julgador está vinculado a determinadas normas, princípios
e procedimentos, em destaque a observância plena do disposto no artigo 171, considerando

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a alteração legislativa promovida pela Lei 13.964/19, conhecida como Pacote Anti Crime,
sofreu acréscimo do §5º.
Trata-se de norma de natureza mista, que introduziu nova condição de aplicabilidade
imediata nos processos penais em curso e retroativa para alcançar fatos praticados antes da
sua vigência e que beneficiem o réu.
No caso em comento, constatou-se que são favoráveis as circunstâncias judiciais, o
que implica, que a natureza penal da norma tem reflexos na extinção da punibilidade (artigo
107, inciso IV, do CP).
Nesse sentido é a jurisprudência:

EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL - AMEAÇA PRATICADA


POR TRÊS VEZES - AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA
- AUSÊNCIA DE REPRESENTAÇÃO EM UM DOS CRIMES -
DECADÊNCIA CONSTATADA - EXTINÇÃO DA
PUNIBILIDADE DECLARADA EM RELAÇÃO A UMA DAS
CONDENAÇÕES - LESÕES CORPORAIS E AMEAÇAS -
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA - AUTORIA E MATERIALIDADE
COMPROVADAS - CONDENAÇÃO MANTIDA - MULTA -
PENA NÃO COMINADA CUMULATIVAMENTE COM A
PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE PARA O CRIME DE
AMEAÇA - DECOTE - NECESSIDADE - CUMPRIMENTO
INTEGRAL DA REPRIMENDA - EXTINÇÃO DA PENA
DECLARADA. 01. O Supremo Tribunal Federal, por
ocasião do julgamento da ADI de nº 4424, não obstante
tenha assentado ser o crime de lesão corporal praticado
contra a mulher, em ambiente doméstico, persequível
mediante ação pública incondicionada, não alterou a
posição pretoriana que exige, para o crime de ameaça
tipificado no art. 147 do CP, a representação da vítima
para legitimar o Ministério Público à persecução penal.
Assim, impõe-se a declaração da extinção da punibilidade
do agente pela decadência do exercício do direito de
representação em um dos crimes, uma vez que a
ofendida não o exerceu no prazo de seis meses, contados
do dia em que veio a saber quem era o autor do delito.
02. Demonstradas a autoria e a materialidade dos
injustos, a condenação, à falta de causas excludentes de
ilicitude ou de culpabilidade, é medida que se impõe. 03.
Inexistindo multa cominada cumulativamente com a
pena privativa de liberdade no delito tipificado no art.
147 do Código Penal, é de se decotar a pena imposta
indevidamente imposta ao condenado. 04. Havendo o
condenado permanecido preso por tempo superior ao
quantum da pena imposta, impõe-se declarar a extinção
de sua reprimenda pelo integral cumprimento da sanção.
(TJMG -  Apelação Criminal  1.0325.20.003042-8/001,

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Relator(a): Des.(a) Fortuna Grion , 3ª CÂMARA CRIMINAL,


julgamento em 10/08/2021, publicação da súmula em
20/08/2021)

EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL - RECURSO MINISTERIAL -


VIOLÊNCIA DOMÉSTICA - DELITOS DE AMEAÇA E LESÕES
CORPORAIS - ART. 147 E 129, §9º DO CP - SENTENÇA
ABSOLUTÓRIA - PRIMEIRO EVENTO - AMEAÇA -
AUSÊNCIA DE REPRESENTAÇÃO - ATO MANIFESTADO
PERANTE AUTORIDADE POLICIAL - AUDIENCIA
PRELIMINAR - DECADÊNCIA - EXTINÇÃO DA
PUNIBILIDADE - NECESSIDADE - DELITO REMANESCENTE -
LESÕES CORPORAIS -DINÂMICA DOS FATOS - DÚVIDAS
RELEVANTES - AGRESSÕES MÚTUAS - "IN DUBIO PRO
REO" - APLICAÇÃO AO CASO CONCRETO - SENTENÇA
ABSOLUTÓRIA - ACERTO.
- O crime de ameaça é de ação penal condicionada à
representação, de forma que é imprescindível a presença
de tal condição de procedibilidade para legitimar o
Ministério Público para deflagração da ação penal. Não
tendo as vítimas exercido o seu direito de representação
no prazo de seis meses, contados do dia em que
souberam quem era o autor do crime, impõe-se a
declaração de extinção da punibilidade do agente pela
decadência.
- No crime de lesão corporal, com indícios de ocorrência
de agressões mútuas e diante da impossibilidade de
aferição da real dinâmica dos fatos, deve-se aplicar ao
caso concreto o princípio in dubio pro reo, com a
consequente manutenção da sentença absolutória.
v.v. Impõe-se a condenação do réu, pelas lesões
corporais praticadas contra sua mulher, se devidamente
demonstrada a agressão a partir das declarações da
vítima, que se conformam à prova pericial realizada.
(TJMG -  Apelação Criminal  1.0115.19.000383-6/001,
Relator(a): Des.(a) Sálvio Chaves , 7ª CÂMARA CRIMINAL,
julgamento em 25/08/2021, publicação da súmula em
27/08/2021)

Assim, agiu com serenidade, equilíbrio, com conhecimento e, sobretudo, com visão
de economia processual a sentença que declarou extinta a punibilidade por ausencia de
representação do ofendido e pela prescrição da pretenção punitiva da acusada.
Posto isto, em que pese o arrazoado apresentado pelo Ministério Público, na
motivação do Recurso em Sentido Estrito apresentado, deve ser mantida a r. decisão
guerreada de fls. 69 a 71, bem como, negar-lhe provimento quando de sua apreciação e

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mantenha a respeitável decisão, fazendo valer o princípio constitucional da soberania dos


veredictos, pois só assim é que se fará a devida JUSTIÇA.

Governador Valadares, 02 de setembro de 2021.

BÁRBARA ROMYNNA BICCAS TRIGO NASCIMENTO


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