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Questão 01: Imagine que você, na qualidade de cidadão(ã), constate que um prédio

público, sede de um órgão da administração pública, lança o esgoto produzido


diretamente num dos principais rios da cidade, sem qualquer tipo de tratamento de
resíduos. Você, ao verificar tal situação, fica inconformado(a), preocupando-se com o
descaso quanto ao meio ambiente. Diante desta situação, você, que é cidadão(ã),
eleitor(a), maior, decide pleitear judicialmente uma medida cujo escopo seja a proteção
do meio ambiente, diante da agressão verificada. Considerando-se os elementos do
enunciado, bem como os estudos realizados a respeito dos remédios constitucionais,
qual instrumento deverá ser proposto com a finalidade de requerer a medida protetiva ao
meio ambiente? Explique e fundamente a sua resposta.

Resposta: Ante a situação narrada, é possível pleitear judicialmente utilizado como


instrumento a Ação Popular. Trata-se de remédio constitucional, que contou com a
ampliação de seu objeto na CF/88 (art. 5°, inciso LXXIII), voltando-se para a proteção
ao patrimônio público em sentido amplo, como no caso em comento, à proteção
ambiental.

Observa-se sua importância, principalmente levando-se em consideração a legitimação


ativa voltada ao cidadão-eleitor, como na hipótese levantada no caso. Conforme
entendimento do STJ, a condição de legitimante é ser cidadão, cujo meio de prova é o
título de eleitor (STJ, REsp n° 1.242.800/MS, DJe 14/06/2011, julgado em 07/06/2011).
Há corrente doutrinária que compreende a legitimação como extraordinária do autor.
Entretanto, autores como Mancuso compreendem que a legitimação seria ordinária, pois
deferida a qualquer cidadão-eleitor da comunidade brasileira. Observa-se, que Nery e
Nery propõem a denominação legislação especial para condução do processo, de modo
a superar antigas digressões acerca da legitimação extraordinária do autor. É possível
que subsista legitimidade ulterior e eventual de outro cidadão e do Ministério Público
para a ação (LAP, arts. 9º e 6º, § 5º) e, ainda, deste para a execução (CPC, arts. 513 a
519 e LAP, art. 16). Quanto à competência é radicada na origem do ato (LAP, art. 5º, §§
1º e 2º; CF, art. 109, §§ 1º e 2º). Observa-se a Súmula n° 489, do STJ. Quanto à
instrução probatória, volta-se ao rito ordinário, pois requer prova de natureza extensa e
abrangente, com possibilidade de tutela liminar (LAP, art. 5º, § 4º) abrangendo,
eventualmente, as disposições do CPC.
Questão 02: O governador do Estado de Minas Gerais ajuizou uma ADIn no STF, com
pedido de liminar, contra dispositivos da Lei n.º 13.979/2020 (que dispõe sobre medidas
para enfrentamento da emergência de saúde pública decorrente da COVID-19). Para o
Governador do Estado, as inconstitucionalidades apontadas agridem valores
fundamentais albergados pela Constituição da República. Alega que foram “claramente
transgredidos os limites em que cabia ao legislador ordinário atuar”. Com base no
enunciado da questão, caso seja indeferida liminarmente a ADIn ajuizada pelo
governador do Estado de Minas Gerais, é cabível algum recurso? Qual? Uma vez
ajuizada a ADIn, é possível que o Governador do Estado de Minas Gerais desista da
ação? Explique a sua resposta e fundamente.

Resposta: Em casos de indeferimento liminar de ADIn é cabível a interposição de


recurso. Ante a previsão das hipóteses do art. 4º da Lei n° 9.868/1999, certo é que no
parágrafo único do mesmo dispositivo, há a previsão do cabimento do agravo da decisão
que indeferir a petição inicial. Assim, no caso apresentado entende-se cabível a
interposição de agravo. Analisemos. O Governador do Estado sustentou que as
inconstitucionalidades apontadas agridem valores fundamentais da Constituição,
alegando que foram transgredidos limites pelo legislador ordinário. Todavia,
aparentemente não apontou devidamente os motivos da possível inconstitucionalidade.
Desta forma, questiona-se a procedência do recurso interposto, tendo-se em vista a
possibilidade de constatação de falta de fundamentação. Vale destacar que a
jurisprudência do STF diferencia os legitimados para propor ADIn em universais e
especiais. Os segundos necessitam demonstrar efetivamente a pertinência temática,
sendo requisito de admissibilidade da ação, bem como demonstrar o nexo entre o
interesse que representa e o objeto. Assim, o governador do Estado de Minas Gerais
(legitimado especial) pode contestar a inconstitucionalidade da lei em comento apenas
caso viole o interesse do seu Estado e desde que demonstrado o nexo e a pertinência
temática.

Por fim, uma vez ajuizada a ADIn não é cabível sua desistência, conforme art. 5°, da
Lei da ADIn, bem como entendimento pacificado do STF, com base no princípio da
indisponibilidade da instância (STF, ADI n° 387/RO, DJe: 01/03/1991, Data da
publicação: 11/10/1991).

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