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Adrielle Figuero Benenot
Adrielle Figuero Benenot
FEMINICÍDIO:
O CICLO DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A MULHER
Araranguá
2020
ADRIELLE FIGUEIRÓ BENENOT
FEMINICÍDIO:
O CICLO DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A MULHER
Araranguá
2020
ADRIELLE FIGUEIRÓ BENENOT
FEMINICÍDIO:
O CICLO DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A MULHER
______________________________________________________
Professor e orientador: Nádila da Silva Hassan, Esp.
Universidade do Sul de Santa Catarina
______________________________________________________
Prof. Elisângela Dandollini, Esp.
Universidade do Sul de Santa Catarina
______________________________________________________
Prof. Fátima Hassan Caldeira, Dra.
Universidade do Sul de Santa Catarina
Dedico este trabalho a todas as mulheres que
tiveram a vida interrompida pela violência de
homens.
AGRADECIMENTOS
O presente trabalho foi conduzido por meio de pesquisa bibliográfica e documental, com foco
no tema feminicídio e a violência doméstica contra a mulher. O questionamento base para o
desenvolvimento do estudo foi: Qual a importância da lei de feminicídio para o amparo às
mulheres? O objetivo geral deste trabalho foi analisar a lei de feminicídio, que
desmembrando-se em objetivos específicos tivemos, visou a verificar a violência contra as
mulheres; conjuntamente como o seu histórico, e ainda, analisar a Lei Maria da Penha na
proteção da mulher, e por fim, examinar o crime de feminicídio que se caracteriza pela morte
de uma mulher pela razão da condição de pertencer ao sexo feminino. O presente trabalho
permitiu constatar que a violência contra a mulher ocorre há séculos. Nesse sentido, o
presente estudo permitiu examinar que houve avanço na sociedade e na legislação em questão
de gênero, conquistado através de séculos de luta, permitindo maior proteção às mulheres e
garantia dos seus direitos.
This present work was conducted through bibliographic research, focusing on the theme of
femicide and domestic violence against women. The basic question for the development of
the study was: Does the present study enable us to verify the importance of the feminicide law
for the protection of women? The general objective of this work was to analyze the feminicide
law, while the specific objectives were to verify the violence against women, together with its
history, as well as to analyze the Maria da Penha law in the protection of women; examine the
crime of femicide that stands out for the death of a woman for the reason of the condition of
female sex. The present civil work finds that violence against women has been going on for
centuries. In this sense, the present study will eliminate that there has been progress in society
and in legislation in terms of gender, conquered through centuries of struggle, allowing
greater protection for women and guarantee of their rights
Gráfico 1- Quadro evolutivo da taxa de homicídios por 100 mil mulheres no Brasil, sendo dos
três Estados com as maiores taxas no ano de 2017...................................................................26
Gráfico 2- Quadro evolutivo da taxa de homicídios por 100 mil mulheres no Brasil, sendo dos
três Estados com as menores taxas no ano de 2017..................................................................26
Gráfico 3-Taxa evolutiva de homicídio de mulheres dentro e fora da residência por arma de
fogo dentre os anos 2012 a 2017...............................................................................................27
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................10
2 PRESSUPOSTOS TEÓRICOS ALUSIVOS Á VIOLÊNCIA DOMÉSTICA
CONTRA A MULHER..........................................................................................................12
2.1 A INFERIORIDADE HISTÓRICA DA MULHER........................................................12
2.2 A VIOLÊNCIA E SUAS MÚLTIPLAS FORMAS.........................................................16
2.3 O MACHISMO NA SOCIEDADE BRASILEIRA.........................................................20
2.4 DADOS ESTATÍSTICOS DA VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER NO BRASIL.....23
3 O FEMINICÍDIO NO ORDENAMENTO JURÍDICO PENAL BRASILEIRO........28
3.1 ORIGEM E CONCEITO DO TERMO FEMINICÍDIO..................................................31
3.2 MARCOS NORMATIVOS.............................................................................................32
3.2.1 Marcos normativos no mundo....................................................................................33
3.2.2 Marcos normativos no Brasil......................................................................................37
3.3 TIPIFICAÇÃO DO FEMINICÍDIO NO BRASIL E FEMINICÍDIO NOS PAÍSES
LATINOS-AMERICANOS......................................................................................................39
3.3.1 Natureza jurídica.........................................................................................................41
3.3.2 Sujeitos do crime..........................................................................................................42
3.3.3 Elementos caracterizados............................................................................................43
3.4 TIPOS DE FEMINICÍDIO...............................................................................................44
3.4.1 Feminicídio íntimo.......................................................................................................45
3.4.2 Feminicídio não íntimo................................................................................................46
3.4.3 Feminicídio por conexão.............................................................................................47
3.5 DADOS ESTATÍTICOS..................................................................................................47
4 CONCLUSÃO...................................................................................................................49
REFERÊNCIAS........................................................................................................................51
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1 INTRODUÇÃO
Desde os tempos mais remotos até nossos dias, verificamos que, à medida em que se
desenvolve os meios de controle e aproveitamento da natureza, com a descoberta, a
invenção e o aperfeiçoamento de instrumentos de trabalho e de defesa, a sociedade
simples foi-se tornando cada vez mais complexa. Grupos foram-se constituindo
dentro da sociedade, para executar tarefas especificas, chegando a um pluralismo
social extremamente complexo.
Vale ressaltar que, naquele tempo, a mulher era vista como um ser sagrado por dar
à luz, pois, se presumia que elas geravam a criança sozinha, que tinham um poder divino,
mas, com a descoberta de que o homem era necessário para a concepção da nova vida, este
passa, então, a ter o “poder” sobre o feminino, visto que se criou o pensamento de ser, o
homem, detentor principal para o controle da reprodução humana.
No transcorrer da história, foi havendo mudanças significativas no mundo. O
feudalismo e os impérios, a passagem do tempo dos indivíduos para as cidades e as criações
de Estados, trazendo a cultura e religião abarcada na questão em torno da vida da mulher. O
que se tornava cada dia mais difícil sua vida, impondo mais obrigações e menos direitos.
Sempre com o espectro de serem apenas reprodutoras, obrigadas a cuidarem de seus filhos e
da casa, mantendo sua fidelidade ao seu proprietário, o homem, já que ele era seu provedor.
Um marco dessa transformação, que respinga até nos dias atuais, foi a era
medieval, ou seja, a Idade Média, que trouxe um olhar rigoroso de degradação ao feminino. A
igreja Católica, com sua ideologia maçante disseminando discurso de ódio e aversão, trouxe
um estereótipo da figura da mulher, sendo inferior tanto fisicamente quanto intelectualmente,
sendo vista como um ser maligno, perverso e tentador, diabólico, bruxa, tendo a sensibilidade
de atração pelo sobrenatural. (FARINHA, 2010, p. 3; BOFF, 2018, p. 1).
Tal preceito parte de Adão e Eva, em que explica uma das teorias do surgimento
da origem do mundo, a qual se conhece como a perda do paraíso causada por Eva, pelo
pecado original, pois não resistiu à tentação, levando-os a expulsão. Trazendo dor, sofrimento
e a morte para os humanos que habitariam a terra. A bíblia simbolizou como pecado e o mal,
caracterizando um ser que seduz e de moral duvidosa, tornando-se submissa, pois nasceu de
uma das costelas de Adão. Conforme Richards (1993, p. 37) diz “eram iguais em espírito, mas
na carne o homem era superior à esposa, e ela deveria obedecê-lo.”.
Nesse contexto, a igreja teve grande influência, detinha uma autoridade absoluta e
controle sobre as pessoas, interferia na vida familiar e na forma de pensar. Isso facilitou para
reprimir e oprimir na questão do controle do corpo e na sexualidade das mulheres, mantendo-
as pura e casta, sem desejos exteriores, concentrando-se sua vida em Deus. Os seguimentos
cristãos pregavam que o objetivo do sexo era a reprodução, o celibato era o ideal, que se caso
não fosse para esse fim, era um pecado mortal, não poderia existir prazer nessa relação.
14
Também havia a moral ilibada e conservadora que a mulher tinha de manter, a infidelidade
era repudiada. Caso uma jovem solteira tivesse sofrido violências sexuais, poderia ser sua
ruína, o mesmo não acontecia com os homens, pois acreditava-se que elas tinham mais
propensão às luxúrias sexuais.
Deste modo, como se teve essa opressão vinculada as várias formas que foram
instituídas, com o seu papel de subordinação no lar e na sociedade, a sua voz foi abafada.
Expõe Perrot (2005, p. 9) na seguinte forma:
Foi um período marcado pelo terror, medo e perseguição contra todo àquele que
fosse contrário ao conceito da igreja, e seu fim seria sofrer as consequências.
Assim, segundo Angelin (2012, p. 1), vale lembrar da caça às bruxas que foram
perseguidas e assassinadas porque supostamente obtinham poderes sobrenaturais. Conhecida
como a Inquisição – grupo do sistema jurídico da Igreja Católica Romana – passou a eliminar
heresias. A exemplo do curandeirismo que era visto como bruxaria, apontavam como pacto
com diabo, envolvendo magia negra e feitiçaria. Por conta desse fato, tanto a população
quanto as autoridades, passaram a caçá-las e almejar as suas mortes, pois, tais heresias,
desviavam-se das crenças não-cristãs, e descumpriam com os mandamentos de Deus, fazendo
a adoração ao satã com práticas obscuras.
A forma de obter uma confissão ou de mostrar seus poderes, começava por
torturar, sem roupas, e a preferência se dava nas partes íntimas, onde usavam diferentes
instrumentos, e se procurava a marca da besta, que podia ser uma mancha, por exemplo,
confirmando estar possuída pelo mal. Podia ter membros arrancados, ser levada ao
enforcamento ou queimada viva em praça pública, isso demonstrava que as pecadoras
receberiam sua punição por Deus.
Com isso, a igreja associou a mulher a uma figura perigosa e diabólica, sendo a
causa do pecado e do mal, simbolizando um ente negativo, demonstrando a repulsa e o
menosprezo o qual se atribuiu ao gênero feminino.
Na mudança dessa visão de desvalorização e subjugação, a mulher deu seus curtos
passos no renascentismo, ainda que de um modo limitado, restringido-se a comerciantes de
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pequenos produtos para ajudar seu marido na renda de casa e artesãs, pois ficou apontado
como um século de conquistas e expansão em diversas áreas. Isso deu uma abertura para
descaracterizar a imagem da mulher com o mal. Contudo, os homens ainda possuíam seu
domínio, era como se o homem comandasse o mundo, eram feitas suas vontades, seus
desejos, o espaço público pertencia a eles, sempre foram instruídos aos estudos, com
predominação na filosofia, no comando militar, a política, religião e a ciência. King (1994, p.
193) descreve que:
Diga-me, quem te deu o direito soberano de oprimir o meu sexo? (...) Ele quer
comandar como déspota sobre meu sexo que recebeu todas as faculdades
intelectuais. (...) Esta Revolução só se realizará quando todas as mulheres tiverem
consciência do seu destino deplorável e dos direitos que elas perderam na sociedade.
Ainda, que seja uma evolução de grande valia e mudança de cenário, a moral da
mulher continuava sendo ligada com a sexualidade, uma mulher descente reprimia seu desejo,
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e se mantinha casada, dona de casa que aguentava tudo calada para poder ser bem vista na
sociedade, e não sofrer com julgamentos.
O legado deixado ainda está enraizado no século XXI, por mais que tenhamos
conquistado direitos e liberdade, isso com muita luta, deixa claro que há um desequilíbrio
visível que permanece. Denota-se a questão da desigualdade entre os gêneros, essa obsessão
pelo corpo feminino, o controle da sexualidade feminina, a discriminação, a violência, a
diferença salarial, e a ocupação das mulheres em cargos públicos ainda é menor, etc. Além
disso, pesa a presença do machismo e o patriarcado que as atormenta. A feminista Beauvoir
cita:
Quando duas categorias humanas se acham em presença, cada uma delas quer impor
à outra sua soberania, quando ambas estão em estado de sustentar a reivindicação,
cria-se entre elas, seja na hostilidade, seja na amizade, sempre na tensão, uma
relação de reciprocidade. Se uma das duas é privilegiado, ela domina a outra e tudo
faz para mantê-la na opressão. (BEAUVOIR, 1986, p. 81).
[...] A violação ou transgressão de normas, regras e leis, mas sob dois ângulos: a
violência, por um lado, é uma conversação de diferenças e relações assimétricas,
visando dominar, explorar e oprimir; e, por outro, é uma ação que não considera o
ser humano como sujeito, mas como uma coisa ou um objeto.
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O que nos leva a refletir o porquê de ainda haver em nosso país tanta violência e
em níveis excessivos.
O Brasil nasceu da violência, quando europeus impuseram sua cultura e religião
aos habitantes, estabeleceram o autoritarismo ao processo de formação de colonização. O país
passou por vários períodos de modificações e transformações, mas sempre esteve presente a
violência, como âncora para construção. Com isso Velho (2000, p. 57) faz a menção:
Com isso, estes tipos de acometimentos não são episódios isolados, acompanham
o cotidiano da mulher, sofrendo ataques, não implicando na sua classe, raça, idade ou nível
educacional, todas podem ser vítimas, ferindo a dignidade da pessoa humana, uma
insensibilidade que gera traumas e inseguranças, levando até a morte.
As principais manifestações de violências às atingem desqualificando como ser
humano, violando os seus direitos humanos, afetando sua saúde, bem como a sua integridade.
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Caso seja na esfera doméstica, estas ações ao corpo da mulher também podem
ocorrer em formas de mutilações, queimaduras e estrangulamentos.
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Art. 7º [...]
II- a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause dano
emocional e diminuição da auto-estima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno
desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos,
crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação,
isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem,
ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio
que lhe cause prejuízo à saúde psicológico e à autodeterminação. (BRASIL, LMP,
2020).
Art. 7º [...]
III- a violência sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja a
presenciar, a manter ou a participar de relação sexual não desejada, mediante
intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que a induza a comercializar ou a
utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer método
contraceptivo ou que a force ao matrimônio, á gravidez, ao aborto ou à prostituição,
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Art. 2º Entende-se que a violência contra a mulher abrange a violência física, sexual
e psicológica.
a) Ocorrida no âmbito da família ou unidade doméstica ou em qualquer relação
interpessoal, quer o agressor compartilhe, tenha compartilhado ou não a sua
residência, incluindo-se, entre outras turmas, o estupro, maus-tratos e abuso
sexual;
b) Ocorrida na comunidade e cometida por qualquer pessoa, incluindo, entre outras
formas, o estupro, abuso sexual, tortura, tráfico de mulheres, prostituição
forçada, sequestro e assédio sexual no local de trabalho, bem como em
instituições educacionais, serviços de saúde ou qualquer outro local; e
c) Perpetrada ou tolerada pelo Estado ou seus agentes, onde quer que ocorra.
(BRASIL, Decreto nº 1973, 2020).
[...] como “corpo doméstico”, naturalmente representa desde ponto de vista social,
um “zero”, o “segundo sexo”, enquanto os homens, que se sobressaem na vida
econômica, política e intelectual, representam um sexo superior. De acordo com esta
propaganda patriarcal, as funções maternas da mulher se instrumentalizam para
justificar as desigualdades existentes entre os sexos de nossa sociedade e a posição
subalterna ocupada pela mulher. (REED, 2008, p. 34).
A ordem social funciona uma imensa maquina simbólica que tende a ratificação
dominação masculina sobre a qual alicerça: é a divisão social do trabalho,
distribuição bastante estrita das atividades estruídas a cada um dos dois sexos, de seu
local, seu momento, seus instrumentos; é a estrutura do espaço, opondo o lugar de
assembleia, ou de mercado, reservado aos homens, e a casa, reservada ás mulheres;
ou no interior desta [...].
Com isso, o valor da mulher fica relacionado à conduta moral e sexual, induzindo
o pensamento de que alguns comportamentos não são adequados a uma mulher de família,
como, por exemplo, usar roupas curtas e caminhar à noite na rua. Enquanto os homens, não
precisam se preocupar, pois são incentivados a ser os “pegadores” e conquistadores, a conduta
destes não está ligada a vida sexual. Assim, não vêem necessidade de se preocupar com a
depreciação de sua reputação e honra.
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Não se pode generalizar, para todas as mulheres, a mesma forma de opressão a que
estão submetidas. É inegável que todas as mulheres sofrem discriminação e opressão
de gênero. Essas opressões, no entendo, são vivenciadas de forma diferenciada de
acordo com as condições materiais de cada um.
O clamor feminino, como já disse antes, tornou-se amplo e sério demais para ser
ignorado. Mas os veículos de comunicação ainda são em sua grande maioria
manejados pelos homens- e estes continuam ciosos da “ superioridade masculina” e
emprenhados em manter os privilégios (supostos ou reais) que ela lhes outorga [...]
Desse modo, o bombardeio de mensagens a que nos submetem cada dia tende, por
todos os meios, a solapar as reivindicações feministas. Muitas vezes simulando
encampá-las, mas de forma a reduzir sua extensão e amesquinhar seu alcance.
O drama da violência contra a mulher faz parte do cotidiano das cidades, do país e
do mundo. É pouco comovente porque é por demais banalizados, tratado como algo
que faz parte da vida; tão natural que não se pode imaginar a vida sem sua
existência. É um fenômeno antigo que foi silenciado ao longo da história e passou a
ser desvendado há menos de 20 anos. A mídia busca fatos novos, e quando se fala de
violência contra a mulher, nada é novo.
Os direitos humanos das mulheres e das meninas são inalienáveis e constituem parte
integral e indivisível dos direitos humanos universais. A plena participação das
mulheres, em condições de igualdade, na vida política, civil, econômica, social e
cultural nos níveis nacional, regional e internacional e a erradicação de todas as
formas de discriminação, com base no sexo, são objetivos prioritários da
comunidade internacional.
A violência e todas as formas de abuso e exploração sexual, incluindo o preconceito
cultural e o tráfico internacional de pessoas, são incompatíveis com a dignidade e
valor da pessoa humana e devem ser eliminadas. Pode-se conseguir isso por meio de
medidas legislativas, ações nacionais e cooperação internacional nas áreas do
desenvolvimento econômico e social, da educação, da maternidade segura e
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As maiores reduções desses números estão presentes nos Estados de São Paulo
entre 33,1% e 22,5%, respondendo pela menor taxa de homicídios femininos de 2,2 por 100
mil mulheres, seguido pelo Distrito Federal de 2,9%, Santa Catarina com 3,1% e o Piauí
3,2%. (ATLAS DA VIOLÊNCIA, 2019, p. 37).
Gráfico 2- Quadro evolutivo da taxa de homicídios por 100 mil mulheres no
Brasil, sendo dos três Estados com as menores taxas no ano de 2017.
Nesta triste realidade do país, nota-se nos últimos anos, o crescimento de casos de
mulheres vítimas de homicídios no país, e vem sendo uma das questões mais discutidas, pois
os números de vítimas não param de crescer, seguidos de situações cada vez mais alarmantes,
visto que o Brasil está no 5º lugar do ranking mundial de violência contra mulher. Esta
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A lei 13.104/15, que introduziu o feminicídio como uma das qualificadoras do crime
de homicídio, alterou o Código Penal brasileiro, punindo de forma mais rigorosa os
agressores que cometerem o homicídio em função da condição do sexo, alterando
também o art. 121 do Decreto-Lei nº 2.848/1940 (Código Penal), para prever o
feminicídio como circunstância qualificadora do crime de homicídio, e o art. 1º da
Lei nº 8.072/1990, para incluir o feminicídio no rol dos crimes hediondos. Desta
forma, há mais uma modalidade de homicídio qualificado: o feminicídio, quando o
crime for praticado contra a mulher por razões da condição de sexo feminino.
Além disso, a lei identifica três tipos de agravantes; quando o agente praticar o
crime, durante a gestação ou até três meses após o parto da vítima; contra menores de 14 anos
ou maiores de 60 anos, deficientes ou na presença de filhos ou pai e mãe da vítima.
Vale ressaltar que, o país mantém um cenário que mais preocupa: o do
Feminicídio cometido por parceiro íntimo, no ambiente doméstica e familiar, e que
geralmente é precedido por outras formas de violência.
Infelizmente, em grande parte esse crime é cometido pelo atual ou ex-
companheiro da vítima, que geralmente pode apresentar um histórico de violência contra a
própria vítima, e também um padrão de comportamento com sua parceira e com outras
mulheres. Assim, define Canal (2019, p. 14) que as “mulheres morrem mais “nas mãos” de
seus parceiros e ex-parceiros íntimos, ou seja, por quem mais se espera, convencionalmente,
amor, companheirismo e respeito e também, dentro de suas próprias casas, tornando possível
concluir que o lar é o local mais perigoso para as mulheres.”.
Feminicídio na grande maioria, sendo tanto o consumado ou tentado, são
praticados por companheiros das vítimas no âmbito doméstico, e estes casos ocorrem após o
ciclo de violência doméstica, que se inicia com a agressão verbal, posteriormente com
agressão física, com o desfecho ceifando a vida da vítima.
Conforme a decisão do Tribunal de Justiça do Distrito Federal:
perdida ao longo da história da dominação masculina foi a ratio essendi da nova lei,
e o seu sentido teleológico estaria perdido se fosse simplesmente substituída a
torpeza pelo feminicídio. Ambas as qualificadoras podem coexistir perfeitamente,
porque é diversa a natureza de cada uma: a torpeza continua ligada umbilicalmente à
motivação da ação homicida, e o feminicídio ocorrerá toda vez que, objetivamente,
haja uma agressão à mulher proveniente de convivência doméstica familiar. 3
Recurso provido. (DISTRITO FEDERAL, TJDF, 2015.)
Na ocasião, não foi dado um conceito de fato sobre o tema, isto veio ocorrer,
posteriormente, no ano de 1990, juntamente com Jane Caputi, quando definiram femicide,
como sendo, o assassinato de mulheres realizado por homens motivado por ódio ou um
sentido de propriedade sobre as mulheres.
O femicide para Caputi e Russel apresenta a seguinte forma:
Assim como o estupro, muitos assassinatos de mulheres por maridos, amantes, pais,
conhecidos e estranhos, não são produtos de algum desvio inexplicável, eles são
feminicídios (femicides), a forma mais extrema do terrorismo sexista, motivado pelo
ódio, desprezo, prazer, ou um senso de propriedade sobre a mulher. Feminicídio
inclui mortes por mutilação, estupro, espancamentos que terminam em morte,
imolação como no caso das mulheres consideradas bruxas na Europa ou de viúvas
na Ásia, crimes de honra [...] nomeando-os como feminicídio remove-se o véu não
engendrado de termos como homicídio e assassinato. (ROMIO 2019, apud caputi;
russell, 1992, p. 15).
32
No ano de 1992, Diana Russell e Jill Radford lançaram o livro “Femicide: the
politics of woman killing”, produzido com ajuda de pesquisadoras da área dos direitos
humanos e ativistas, e incluíram no livro discussões como o racismo e violência sexual, pois
era um fenômeno de ocorrências nos Estados Unidos e Índia.
Diante disso, a obra escrita pelas autoras “Femicídio: a política de matar
mulheres” inspirou a antropóloga da Universidade Nacional Autónoma do México, Marcela
Lagarde y de Los Ríos, a usar pela primeira vez na América Latina o termo “femicide”, mas
houve a tradução para o idioma espanhol, passou para o termo “femicídio” ou “feminicídio.”.
(ROMIO, 2019, p. 5).
Este termo foi utilizado por Lagarde para retratar os assassinatos de mulheres, na
cidade de Ciudad Juárez, em que a vítima tinha o corpo mutilado, sofria com a violência
sexual e morria por asfixia, logo em seguida, o corpo era depositado em espaços públicos.
Assim, a pesquisadora eleita deputada federal do México no ano de 2003,
instituiu a Comissão Especial do Feminícidio para investigar os crimes contra as mulheres na
Ciudad Juárez. Com isso, o termo feminicidio tornou-se conhecido em todo o país, pois
Lagarde não tratou como homicídios simples os crimes cometidos contra as mulheres.
Conforme Brandalise (2018, p. 1) faz a seguinte observação:
mulheres sofreram nas últimas décadas, de tal modo, a criarem grupos para reivindicar
direitos coletivos e individuais para as mulheres.
A partir desses grupos de mulheres houve o enfrentamento da violência como
emblema, buscando o igualitarismo de direitos e deveres, como foco principal aos direitos
civis e políticos das mulheres, pois supunha que, as diferenças entres homens e mulheres,
decorreria de resultados de processos sociais desiguais.
Assim, os objetivos dos movimentos feministas foram para diminuir as opressões
sociais que atingiam as mulheres. Logo, as ações para obter a igualdade devem ser distintas e
desiguais, pois, mesmo considerando que as distinções entre homens e mulheres sejam
estruturais, no entanto, há que se considerar a importância dessas ações, que serviram para
denunciar e evidenciar mais ainda a dominação masculina.
Conforme Rodrigues (2016 apud VÍLCHEZ, 2013, p. 9)
Sendo assim, é possível elencar a partir de uma análise histórica quais foram os
principais documentos e marcos legais, que fundamentaram e serviram de orientação para que
as mulheres buscassem a equidade.
Dessa forma, os instrumentos internacionais em matéria dos direitos humanos,
tornaram-se relevante para combater a violência de gênero, reconhecendo à desigualdade e
discriminação para com as mulheres em todas as culturas, assegurando assim, a igualdade
através de medidas a serem adotadas pelos países. Com isso, para efetivar as normas
constituídas pelas convenções internacionais de caráter vinculativo ao país, o Estado adota as
medidas legislativas, se comprometendo junto à comunidade internacional, a combater a
violência e garantir os direitos das mulheres.
Gouze, mas ficou conhecida como Olympe de Gouges, mulher quem escreveu a “Declaração
dos direitos da mulher e da cidadã.”.
Gouges fez o escrito logo após o período da Revolução Francesa, pois desejava a
construção de uma sociedade em que homens e mulheres pudessem gozar dos mesmos
direitos e deveres.
Este documento foi proposto à Assembléia Nacional da França, que continha por
volta de 17 artigos relacionado aos direitos das mulheres.
A violência contra a mulher constitui uma violação dos direitos humanos e das
liberdades fundamentais e limita total ou parcialmente à mulher o reconhecimento,
gozo e exercício de tais direitos e liberdades”. Em seguida, demonstra preocupação
porque “a violência contra a mulher é uma ofensa à dignidade humana e uma
manifestação das relações de poder historicamente desiguais entre mulheres e
homens. (MONTEBELLO, 2018, p. 165).
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes:
I – homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta
Constituição. (BRASIL, CRFB, 2020).
São crimes cujo impacto é silenciado, praticados sem distinção de lugar, de cultura,
de raça ou de classe, além de ser a expressão perversa de um tipo de dominação
masculina ainda fortemente cravada na cultura brasileira. Cometidos por homens
contra as mulheres, suas motivações são o ódio, o desprezo ou o sentimento de perda
da propriedade sobre elas.
Nesse ponto, o Feminicídio veio para endossar que a violência é todo ato
proveniente da dominação masculina praticado contra a mulher.
Deste modo, estima-se que na América Latina morrem por dia nove mulheres em
decorrência da violência de gênero. Segundo o relatório da ONU Mulheres “o local mais
perigoso do mundo para elas, fora de uma zona de guerra”. Infelizmente, quase a metade dos
homicídios ocorreu no Brasil, com aproximadamente 2.559 mulheres mortas, o que é um
número expressivo, tendo o país legislações avançadas sobre a violência contra a mulher. No
entanto, a estrutura de apoio não consegue dar conta da significativa demanda em que se
encontra. (EL PAÍS, 2018, p. 1).
40
obtiveram dados de que a cada 30 horas ocorre o assassinato de uma mulher. Além disto, no
ano de 2013 foram assassinadas 295 mulheres e em 2014 ocorreu a morte de 277 mulheres,
sendo que de 09 de cada 10 casos os agressores eram maridos ou ex-perceiros. (TUÑEZ,
2015, p. 1).
Ademais, a legislação da Argentina trata sobre a violência de gênero não
perpetrando menção que a vítima seja mulher, deixando a entender a interpretação que a lei
inclui os direitos violados da população lgbt.
Nesse sentido Nucci (2017, p. 46) esclarece que quando se tratar de Feminicídio,
sendo uma qualificadora de natureza objetiva, adverte que está ligado ao gênero da vítima,
assim expõe:
o agente não mata a mulher somente porque ela é mulher, mas o faz por ódio, raiva,
ciúme, disputa familiar, prazer, sadismo, enfim, por motivos variados que podem ser
torpes ou fúteis; podem, inclusive, ser moralmente relevantes’, não se descartando,
‘por óbvio, a possibilidade de o homem matar a mulher por questões de misoginia
ou violência doméstica; mesmo assim, a violência doméstica e a misoginia
proporcionam aos homens o prazer de espancar e matar a mulher, porque esta é
fisicamente mais fraca’, tratando-se de ‘violência de gênero, o que nos parece
objetivo, e não subjetivo.
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, pois é um crime comum. Sendo que o
sujeito ativo em sua maioria seja homem, pode também ocorrer a prática do crime por
mulheres.
Segundo Silveira e Bonini (2016, p. 1) "Quanto ao sujeito ativo, este pode ser
qualquer pessoa, homem ou mulher, não havendo qualquer exigência de qualidade ou
condição para ser autor dessa forma qualificada de homicídio.".
Ainda Pinto (2017, p. 1) expõe que “na maioria das vezes é cometido por parceiro
íntimo, ou seja, cônjuge, companheiro etc. sendo, portando relacionado a violência doméstica
e familiar”.
Deste modo, quando se tratar do sujeito passivo por sua vez, deve ser do sexo
feminino ou o transexual que juridicamente foi reconhecido como próprio do sexo feminino.
Conforme Copello (2012 apud INVESTIGAR, 2016, p. 20):
Via de regra, a uma mulher, ou seja, pessoa do sexo feminino, desde que o crime
tenha sido cometido por razões de sua condição de gênero, ou que ocorra em
situação caracterizadora de violência doméstica ou familiar. [...]. Além das esposas,
companheiras, namoradas ou amantes, também podem ser vítimas desse crime filhas
e netas do agressor, como também mãe, sogra, avó ou qualquer outra parente que
mantenha vínculo familiar com o sujeito ativo.
Assim, convém ressaltar que não basta que a vítima de homicídio seja mulher, a
mulher como sujeito passivo de homicídio para que possa caracterizar a qualificadora, o crime
deve ser praticado por razões da condição de sexo feminino, e via de regra, ocorrer em
situações de violência doméstica ou por menosprezo a mulher.
exercício pela mulher, independentemente de seu estado civil, com base na igualdade do
homem e da mulher.”. (BRASIL, Decreto nº 4.377, 2020).
Desta maneira, os crimes de homicídios que englobam uma mulher como vítima,
configuram a qualificadora, somente quando ação do agente for ocasionada pelo menosprezo
ou pela discriminação à condição ou a violência doméstica.
A doutrina costuma dividir o feminicídio em íntimo, não íntimo e por conexão. Por
feminicídio íntimo entende aquele cometido por homens com os quais a vítima tem
ou teve uma relação íntima, familiar, de convivência ou afins. O feminicídio não
íntimo é aquele cometido por homens com os quais a vítima não tinha relações
íntimas, familiares ou de convivência. O feminicídio por conexão é aquele em que
uma mulher é assassinada porque se encontrava na “linha de tiro” de um homem que
tentava matar outra mulher, o que pode acontecer na aberratio ictus.
Dessa forma, a violência contra a mulher faz parte de uma sequência de atos
violentos cometidos por agressores próximos as vítimas ou por desconhecidos, o qual pode
levar ao episódio de homicídio, manifestando a forma mais extrema de violência, a serem
discorridos nos tópicos a seguir.
45
Feminicídio íntimo, que é aquele em que a vítima tinha ou havia tido uma relação de
casal com o homicida, não se limitando às relações com vínculo matrimonial, mas
estendendo-se aos conviventes, noivos, namorados e parceiros, além daqueles
praticados por um membro da família, como o pai, padrasto, irmão ou primo; e
feminicídio não íntimo, aquele em que a vítima não tinha qualquer relação de casal
ou familiar com o homicida.
Desse modo, o feminicídio íntimo é a aquele causado por um homem com o qual
a vítima mantinha relação de convivência íntimas ou afins.
Neste sentido, fica demonstrado no julgado abaixo que o agente praticou o crime
na residência em que convivia com a vítima:
O feminicídio não íntimo pode ser definido como o homicídio causado por um
homem, com o qual a vítima não nutria um relacionamento íntimo ou familiar. No entanto,
pode ocorrer o homicídio com o qual a vítima tinha relação de hierarquia ou com quem havia
uma relação de confiança.
Conforme Gebrim e Borges (2014, p. 4):
[...] e feminicídio não íntimo, aquele em que a vítima não tinha qualquer relação de
casal ou familiar com o homicida. Incluem-se nessa categoria a morte provocada por
clientes – em se tratando de trabalhadoras sexuais –, por amigos, vizinhos ou
desconhecidos, assim como a morte ocorrida no contexto do tráfico de pessoas,
sempre tendo o motivo sexual como fundamental para sua qualificação como
feminicídio.
O feminicídio por conexão pode ser definido como o homicídio praticado contra
uma mulher, a qual o agente não tinha como alvo. O criminoso visa assassinar uma mulher,
mas acaba por atingir uma terceira inocente, pois essa tentou impedir a ação do agente.
Assim, acaba ocorrendo a morte de uma mulher que tentou intervir em favor de
outra mulher para a qual se direcionava a ação, podendo ser vítima a mãe, amiga ou a filha.
Diante disto, menciona Teles e Melo (2016, p. 27) “a terceira categoria utilizada
na investigação o “femicídio por conexão” refere-se à quando há femicídio ou tentativa contra
uma mulher que não era a pretendida pelo femicida, morrendo a vítima na “linha de fogo”,
independentemente de vínculo.”.
Conforme previsto no do Código Penal, seguindo o disposto no do § 3 do artigo
20.
Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo,
mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei.
§ 3 º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena.
Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da
pessoa contra quem o agente queria praticar o crime. (BRASIL, CP, 2020).
Neste sentido, o que sucede é o aberratio ictus, no qual o agente responderá como
tivesse cometido o crime contra a mulher que visava, assim, desconsidera a qualidade de
vítima real, considerando a vítima virtual.
Deste modo, os registros de casos de feminicídios nos últimos anos no país, têm
demonstrado que ocorrem por parceiros íntimos das vítimas. Com isso, o Brasil ocupa a
quinta colocação no ranking, com a maior taxa dentre os oitenta e quatro países pesquisados.
Além disto, segundo Oliva “mais de 4 mil mulheres morrem anualmente no País
vítimas de agressão física, sendo que destas, 60% são vítimas de feminicídio.”. (2019. p. 1).
Desta forma, é notório o crescente aumento desse fenômeno no país,
demonstrando um problema tanto social quanto de saúde pública, pois afeta a integridade
física da mulher.
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4 CONCLUSÃO
iguais em todos os aspectos da sociedade, sendo que não têm deveres diferentes por serem de
gêneros distintos.
51
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