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ESCOLA ESTADUAL LABO D´ALMADA

VANGUARDAS EUROPEIAS E A SEMANA DE ARTE MODERNA

Boa Vista,RR
2023
ESCOLA ESTADUAL LABO D´ALMADA

Maria Luiza Lima De Oliveira

VANGUARDAS EUROPEIAS E A SEMANA DE ARTE MODERNA

Trabalho apresentado de
literatura,como parte dos
requisitos necessários à
obtenção do título de
vanguardas europeias e a
semana de arte moderna.

Boa Vista, RR
2023

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Introdução
As Vanguardas Europeias representam um conjunto de movimentos artístico-
culturais que ocorreram em diversos locais da Europa a partir do início do século XX.
As vanguardas artísticas europeias que se destacaram foram:
Expressionismo, Fauvismo, Cubismo, Futurismo, Dadaísmo, Surrealismo. Juntos,
esses movimentos influenciaram a arte moderna mundial desde pintura, escultura,
arquitetura, literatura, cinema, teatro música etc.
A tensão emocional dos artistas falava alto e determinava o tipo de criação
artística e literária. Eles viviam intensamente a glorificação do mundo moderno e a
criação, totalmente livre, de cada modo de expressão, de cada estilo e temática, de
cada pintura ou escultura antiacadêmica.
As vanguardas artísticas ultrapassaram o limite até então encontrado nas
artes, propondo assim, novas formas de atuação estética ao questionar os padrões
impostos. No Brasil, elas influenciaram diretamente o movimento modernista, que
teve início com a Semana de Arte Moderna de 1922.

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Desenvolvimento
O início do século XX foi marcado por uma grande mudança de paradigma na
Europa. A Segunda Revolução Industrial havia popularizado grandes invenções,
como a luz elétrica e o carro movido a gasolina, além da produção em larga escala
de bens de consumo, acelerando o ritmo da vida como um todo.
As cidades cresciam, graças à industrialização, tornando-se grandes
metrópoles. As ciências avançavam: Einstein publicava sua teoria da relatividade,
em 1905, e Freud propunha uma análise dos processos mentais, o que desembocou
no surgimento de uma nova ciência, a psicanálise, entre outras descobertas.
Era o alvorecer de uma nova era, com uma nova mentalidade e maneira de
viver e perceber o mundo. A arte, portanto, precisava também se modificar para ser
capaz de apreender essa postura atual da modernidade. Além disso, a fotografia,
invenção do século XIX, aprimorava-se cada vez mais, o que tornava dispensável
uma arte meramente mimética, e o cinema também despontava como novo formato
artístico.
Esse ambiente tecnologicamente efervescente, contudo, não proporcionou o
fim da fome e da miséria, por exemplo, nem foi capaz de solucionar os problemas da
humanidade. Ao contrário, foi palco de um conflito tenebroso, de proporções nunca
antes vistas: a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), evento que sacudiu
diretamente os últimos movimentos das vanguardas, dando aos artistas uma postura
ainda mais questionadora da tradição e do entusiasmo com a modernização
ascendente do período.

Cubismo (1907)
No início do século XX, tendências artísticas surgiram para romper com o
tradicionalismo de épocas passadas. Surrealismo, Dadaísmo, Expressionismo,
Futurismo e Cubismo estão entre os principais movimentos de vanguarda que
influenciaram não apenas a literatura, mas as artes em geral.

Surgido na França, o Cubismo se caracteriza pela fragmentação da realidade,


flashes cinematográficos, ilogismo e humor. Além disso, há uma superposição de
assuntos, espaços e tempos diferentes e linguagem é predominantemente nominal.
Na pintura, destaca-se o espanhol Pablo Picasso que buscou uma nova linguagem,
decompondo o mundo visível (objetos, pessoas, paisagens) em componentes
geométricos para decompô-los de outra maneira, sob diversos pontos de vista.

No Brasil, a influência dessa vanguarda aparece na obra de Oswald de


Andrade que mostra estranhas associações que deslocam o olhar para diversos
aspectos da realidade, ao mesmo tempo.

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Em busca da ruptura com a tradição artística consolidada e em consonância
com a nova realidade industrial, em que o tempo é mais acelerado, os cubistas
tinham como principal característica o banimento da perspectiva plana e a
geometrização das formas. Diferentes perspectivas sobrepõem-se, inovando as
artes plásticas e a literatura, fazendo uso da técnica da colagem e da representação
de diversas perspectivas ao mesmo tempo.

Fauvismo (1909)
O fauvismo foi um estilo de pintura baseado na intensidade cromática,
simplificação das formas e utilização de cores puras, além de usá-las
arbitrariamente, sem compromisso com as cores reais. Por conta dessas
características, durante o Salão de Outono, alguns pintores desse movimento foram
chamados pelos críticos de fauves (as feras" em português), como uma rejeição ao
novo modo de pintar.
Fillippo Tommaso Marinetti propôs uma revolução literária, após a publicação
do Manifesto Futurista, que exaltava, entre outros aspectos, “a ação agressiva, a
guerra, as ondas multicolores e polifônicas da revolução nas capitais modernas, a
velocidade e o voo elegante dos aviões cujas hélices rascam aos ventos qual
estandartes e que parecem levantar vivas qual uma multidão entusiasmada.”
As propostas em relação à literatura são: destruição da sintaxe com
substantivos dispostos ao acaso; emprego de verbos no infinitivo, abolição do
adjetivo e do advérbio; uso de dois substantivos; abolição da pontuação (uso de
sinais matemáticos); luta em favor do verso livre.
Embora a área de maior penetração do Futurismo tenha sido a literatura, o
movimento encontrou ecos na pintura e na escultura, particularmente nas obras de
Umberto Boccioni, Giacomo Balla.

Expressionismo (1910)
Para o artista expressionista, a obra de arte é reflexo direto de seu mundo
interior e toda a atenção é dada à expressão, isto é, ao modo como forma e
conteúdo livremente se unem para dar vazão às sensações do artista no momento
da criação.
Entre os principais fundamentos da vanguarda surgida na Alemanha,
destacam-se: a deformação da realidade e a valorização dos conteúdos subjetivos.
A razão é objeto de descrédito, dessa forma, a arte é criada sem obstáculos
convencionais o que representa um repúdio à repressão social. Na pintura
expressionista, podemos destacar Chagall, Paul Klee, Munch, entre outros.
Surgido em Dresden, na Alemanha, em 1905, o expressionismo foi um
movimento artístico que teve origem com o grupo Die Brücke - que em português
significa "A ponte".

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Ernst Kirchner, Erich Heckel e Karl Schidt-Rottluff foram os artistas que se
uniram para criar esse coletivo calcado na expressão dos sentimentos e emoções.
Possuía um caráter deveras subjetivo, irracional, pessimista e trágico, justamente
por enfatizar as mazelas e os problemas do ser humano. Esse estilo de arte vem
como uma oposição a outro movimento anterior, o impressionismo.
O artista norueguês Edvard Munch pode ser considerado a grande inspiração do
Die Brücke e precursor do expressionismo. Sua obra mais importante é O Grito
(1893), uma das mais emblemáticas do pintor. Além dele, merece destaque o artista
Van Gogh, que também influenciou profundamente o movimento .

Dadaísmo (1916)
O dadaísmo foi um movimento ilógico encabeçado por Tristan Tzara em 1916,
que mais tarde ficou conhecido como o propulsor dos ideais surrealistas. Além dele,
outros líderes do movimento foram: o poeta alemão Hugo Ball e o pintor, escultor e
poeta franco-alemão Hans Arp.
As principais características do dadaísmo são a espontaneidade da arte
pautada na liberdade de expressão, no absurdo e irracionalidade.
Sem dúvida, o pintor e escultor francês Marcel Duchamp foi uma das figuras
mais emblemáticas do movimento dadaísta com seus objetos prontos (ready-made)
que se afastam de sua função original. A Fonte é uma das obras mais
representativas desse momento.
Na literatura, o Dadaísmo caracteriza-se pela improvisação e pela desordem.
Pela rejeição a qualquer tipo de racionalização e equilíbrio. A falta de lógica e a
espontaneidade na literatura sua expressão máxima. Em seu último manifesto,
Tristan Tzara diz que o grande segredo da poesia é que “o pensamento sai da
boca”.

Surrealismo (1924)
O surrealismo, o grande nome da literatura surrealista é André Breton. Dentre
as características principais destacam-se: a valorização do sonho, a imaginação, o
sobrenatural; busca imagens inconscientes (teoria da escrita automática).
Impulsionados pela teoria psicanalítica de Freud, os surrealistas propuseram
uma arte que aborda o universo onírico e do inconsciente, abolindo as fronteiras
entre o sonho e a realidade, entre a lucidez e o delírio. O surrealismo proporcionou
novas técnicas de composição artística, valorizando os processos não racionais
do cérebro em oposição à objetividade cientificista, mecanicista e hiperlógica.
Salvador Dalí, representante da pintura, é influenciado por Freud. Ele
apresenta temas recorrentes em suas obras: o sexo e todas as suas atribulações,
angústias, medos, frustrações, traumas; a memória, sua permanência ou dissipação,
representada por relógios que se diluem; o sono e o sonho.

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Pautado no subconsciente, esse movimento era caracterizado por uma arte
impulsiva, fantástica e onírica. Alguns artistas que merecem destaque são Giorgio
de Chirico, Max Ernst, Joan Miró, René Magritte e Salvador Dalí.
A literatura e as artes plásticas brasileiras sofreram grande influência dessa
vanguarda. Merecem destaque: o escritor Oswald de Andrade e os artistas plásticos
Tarsila do Amaral, Ismael Nery e Cícero Dias,

Semana de Arte Moderna (1922)


O Pré-modernismo representa, na literatura brasileira, um período de
transição, já que, de um lado, ainda se faziam fortes as tendências artísticas do
realismo, do naturalismo, do simbolismo e do parnasianismo, movimentos iniciados
na segunda metade do século XIX, e, de outro lado, já se faziam presentes
escritores e artistas que apresentavam em suas obras os indícios do que viria a
resultar na Semana de Arte Moderna de 1922.
A Semana de Arte Moderna foi uma manifestação artístico-cultural que
ocorreu no Teatro Municipal de São Paulo entre os dias 13 à 18 de fevereiro de
1922. O evento reuniu diversas apresentações de dança, música, recital de poesias,
exposição de obras - pintura e escultura e palestras.
Em 1922, quando a Independência do país completava cem anos, o Brasil
passava por diversas modificações sociais, políticas e econômicas (advento da
industrialização, fim da Primeira Guerra Mundial). Surge então a necessidade de
recorrer a uma nova estética, e daí nasce a "Semana de Arte Moderna".
Ela esteve composta por artistas, escritores, músicos e pintores que
buscavam inovações. O intuito era criar uma maneira de romper com os parâmetros
que vigoravam nas artes em geral.
A maioria dos artistas era descendente das oligarquias cafeeiras de São
Paulo, que junto aos fazendeiros de Minas, formavam uma política que ficou
conhecida como “Café com Leite”. Esse fator foi determinante para a realização do
evento, uma vez que foi respaldado pelo governo de Washington Luís, na época
governador do Estado de São Paulo.
Além disso, a maioria dos artistas - que tinha possibilidades financeiras para
viajar e estudar na Europa - trouxe para o país diversas tendências artísticas. Assim
foi se formando o movimento modernista no Brasil. Com isso, São Paulo
demonstrava (em confronto com o Rio de Janeiro) novos horizontes e uma figura de
protagonismo na cena cultural brasileira.

Primeira noite (13 de fevereiro de 1922)


Graça Aranha (autor do célebre romance Canaã) abriu a Semana de Arte
Moderna (a noite do dia 13) lendo um texto chamado A emoção estética na arte
moderna.

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Já considerado um grande nome da cultura nacional - e um artista mais
consolidado - seu nome deu peso ao grupo.
Concorrida, a primeira noite contou com apresentações e exposições. Um dos
destaques do encontro foi o quadro A estudante russa, pintado por Anita Malfatt

Segunda noite (15 de fevereiro de 1922)


Apesar das divergências estéticas entre os artistas, um elemento comum
reunia o grupo de modernistas: era um ódio voraz contra o Parnasianismo. Os
parnasianos, sob a perspectiva dos modernistas, produziam uma poesia hermética,
metrificada e, em última instância, vazia.
Cansados de assistirem a produção no Brasil de uma arte antiquada e
embotada, os artistas colocaram a mão na massa e fizeram uma série de
experiências a procura de uma nova forma de arte.
Convém lembrar que o destaque da segunda noite da Semana de Arte
Moderna foi a leitura do poema Os sapos, de Manuel Bandeira. Doente, o poeta não
pode comparecer no evento, apesar de ter enviado a sua contribuição

Terceira noite (17 de fevereiro de 1922)


Na terceira e última noite da Semana de Arte Moderna a estrela foi o
compositor Heitor Villa-Lobos, que trazia uma peça original mesclando uma série de
instrumentos.
Ele já havia se apresentado nas noites anteriores, mas deixou para o
encerramento seu trabalho mais especial.
O músico se apresentou no palco vestindo um casaco e chinelos. O público,
se sentindo ultrajado pela indumentária inusitada, vaiou o compositor (apesar de
mais tarde ter vindo a tona que os chinelos eram culpa de um calo e não tinham
qualquer intenção provocadora).

Objetivos dos artistas


Os modernistas que participaram da Semana de Arte Moderna pretendiam
criar uma identidade nacional tirando a cultura brasileira do tempo passado.
Eles desejavam influenciar os artistas contemporâneos a olharem para frente
(instaurando o novo) e a experimentarem formas inovadoras de se produzir
artisticamente.
A ideia era renovar a estética brasileira e pensar em uma arte de vanguarda.
O evento serviu sobretudo para trocar experiências com outros criadores e
aproximar essa nova geração que queria produzir o novo em áreas culturais tão
distintas.

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Pós-evento
O evento repercutiu para além das três noites e alcançou um público muito
mais amplo do que aquele que teve o privilégio de estar no Theatro Municipal.
Três revistas foram lançadas durante a Semana de Arte Moderna e
posteriormente divulgadas, foram elas: Klaxon (São Paulo, 1922), A Revista (Belo
Horizonte, 1925) e Estética (Rio de Janeiro, 1924).
Idealistas e incansáveis, os modernistas também redigiram quatro manifestos-
chave que nos ajudaram a compreender melhor os anseios dessa geração.
A Semana de Arte Moderna de 1922 causou um grande impacto na
sociedade e cultura brasileira, sendo considerada um marco na história da arte e da
cultura brasileira.
O evento gerou críticas, polêmicas e debates acalorados, tanto entre artistas
quanto entre o público em geral.
A Semana de Arte Moderna representou uma quebra com a arte tradicional
brasileira e abriu portas para novos estilos e tendências artísticas, além de ser um
momento importante de afirmação da identidade cultural brasileira.
Antes da Semana de Arte Moderna, a arte brasileira estava ainda muito ligada
aos modelos e padrões europeus, principalmente os franceses.
Nesse sentido, a Semana de Arte Moderna foi um movimento que buscou a
renovação da arte brasileira, buscando criar uma identidade própria que pudesse se
expressar de maneira única e original.
A Semana de Arte Moderna foi também um momento importante para a
afirmação da identidade nacional brasileira. O evento foi realizado no Teatro
Municipal de São Paulo, uma das principais instituições culturais da cidade, e teve
um grande impacto na imprensa e na sociedade brasileira como um todo.
Ainda que tenha sido alvo de muitas críticas e deboches, a Semana de Arte
Moderna foi um importante marco na afirmação da identidade cultural brasileira.

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Conclusão
As vanguardas europeias vieram para romper com o tradicionalismo do
passado e mostrar os novos pontos de vista, a influência da modernização, a falta
de lógica e as dores da guerra e o mundo do inconsciente e dos sonhos que
começara a ser descoberto pela psicanálise. Esses movimentos reverberam até os
dias de hoje e se temos liberdade para criar no mundo da arte, é porque as
vanguardas europeias se rebelaram no início do século XX.
Ficou interessado nesse mundo de manifestos e quer até mesmo escrever o
seu? Assista ao filme Manifesto (2015) para se inspirar! Nele, Cate Blanchett atua
como diversos personagens, cada um representando um movimento artístico
diferente na nossa sociedade atual.
A busca de novos temas e formas expressivas não levou à ruptura com o
passado. Juntamente com as influências modernas das várias correntes de
vanguarda, houve também a tentativa de se relacionar com a tradição literária
espanhola, especialmente com as letras e romances populares, os clássicos e os
poetas imediatamente antes deles.
A Semana da Arte Moderna é considerada como um dos maiores movimentos
artísticos de objetivo a romper com os padrões elitistas artísticos que imperavam na
Europa, através do Dadaísmo e outros tipos de movimentos considerados como
"desconexos".
Dessa forma, esteve alinhada com o início de movimentos sociais,
insatisfação com o governo existente, industrialização e movimentos operários,
todos expostos através da arte, música e principalmente, busca pela cultura
nacional.

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Referência bibliográfica

https://aelaschool.com/arte/semana-de-arte-moderna-de-1922-uma-revolucao-
cultural-no-brasil/
https://www.culturagenial.com/semana-de-arte-moderna/
https://www.bbc.com/portuguese/geral-60297083
https://www.todamateria.com.br/semana-de-arte-moderna/
https://mundoeducacao.uol.com.br/literatura/vanguardas-europeias.htm
https://www.todamateria.com.br/vanguardas-europeias/
http://educacao.globo.com/literatura/assunto/movimentos-literarios/vanguardas-
europeias.html

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Anexos

CUBISMO (1907)

FUTURISMO (1909)

EXPRESSIONISMO (1910)

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DADAÍSMO (1916)

SURREALISMO (1924)

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