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1º ENCONTRO DE PESQUISA SOBRE DIREITO E RELIGIÃO

18 e 19 de setembro de 2013 em Uberlândia, Minas Gerais

LIBERDADE RELIGIOSA E
RELAÇÕES ENTRE ESTADO E RELIGIÃO

ANAIS

Uberlândia

UFU

2013
1º ENCONTRO DE PESQUISA SOBRE DIREITO E RELIGIÃO
18 e 19 de setembro de 2013 em Uberlândia, Minas Gerais

LIBERDADE RELIGIOSA E
RELAÇÕES ENTRE ESTADO E RELIGIÃO

ANAIS

Coordenador Geral
Rodrigo Vitorino Souza Alves

Uberlândia

UFU

2013
1º Encontro de Pesquisa sobre Direito e Religião “Liberdade Religiosa e Relações entre Estado e Religião”

Realização: Comissão Organizadora:


Grupo de Pesquisa “Direito e Religião” Anaisa Almeida Naves Sorna
Faculdade de Direito – UFU Eduardo Rodrigues dos Santos
Gabrielle Lourence de Andrade
Apoio: Giovanna Cunha Mello Lazarini Gadia
Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação Grazielly Almeida Borges
Pró-Reitoria de Extensão, Cultura e Assuntos Estudantis Igor Henrique de Castro Alves
Livraria Jurídica Universal Patrícia Lopes Maioli
Priscila Carla Santana e Moura
Coordenação Geral: Rodrigo Pereira Moreira
Rodrigo Vitorino Souza Alves Sérgio Augusto Lima Marinho
Thiago Aramizo Ribeiro
Comissão Científica: Valéria Emilia de Aquino
Alexandre Walmott Borges
Eduardo Rodrigues dos Santos
José de Magalhães Campos Ambrósio
Rodrigo Pereira Moreira
Sérgio Augusto Lima Marinho

Os textos apresentados são de inteira responsabilidade de seus autores

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

E56a Encontro de Pesquisa sobre Direito e Religião (1. : 2013 : Uberlândia, MG)
Anais / I Encontro de Pesquisa sobre Direito e Religião, 18 e 19 de setembro de 2013, em
Uberlândia, Minas Gerais ; coordenação geral: Rodrigo Vitorino Souza Alves. - Uberlândia :
UFU, 2013.

Tema: “Liberdade religiosa e relações entre estado e religião”.


Inclui bibliografia.

1. 1. Direito - Congressos. 2. Religião e direito - Congressos.


2. I. Alves, Rodrigo Vitorino Souza. II. Encontro de pesquisa sobre direito e religião (1. : 2013 :
Uberlândia, MG). III. Universidade Federal de Uberlândia, Faculdade de Direito Prof. Jacy
de Assis. VI. Título.

CDU: 340

Elaborado pelo Sistema de Bibliotecas da UFU / Setor de Catalogação e Classificação

Universidade Federal de Uberlândia


Faculdade de Direito “Prof. Jacy de Assis”
Grupo de Pesquisa “Direito e Religião”
Endereço: Av. João Naves de Ávila, 2121, Bloco 3D, Sala 307
CEP 38400-100 Uberlândia-Minas Gerais - Telefone: (34)3239-4227
Home page: http://www.ufu.br; http://www.fadir.ufu.br; http://www.direitoereligiao.org
SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ............................................................................................................7

PARTE I – PALESTRAS, PAINÉIS E MESAS-REDONDAS .....................................8

PARTE II – COMUNICAÇÕES ORAIS ........................................................................9

ÉDITO DE MILÃO: 1700 ANOS DE LIBERDADE DE CULTO AOS CRISTÃOS


E O INÍCIO DA RELAÇÃO ESTADO-IGREJA CATÓLICA – Grazielly Almeida
Borges ..................................................................................................................................9

SECULARIZAÇÃO E NEUTRALIDADE RELIGIOSA: UMA VISÃO


HISTÓRICA DO PRINCÍPIO NEUTRO E UMA ABORDAGEM SOBRE AS
TEORIAS MODERNAS SECULARES – Marco Aurélio Souza Mendes .......................10

CONTORNOS DA LAICIDADE: A PLURALIDADE E OS SÍMBOLOS


RELIGIOSOS NOS ESPAÇOS PÚBLICOS – Pedro do Prado Möller ............................11

PLC 160: A LEI GERAL DAS RELIGIÕES – Igor Henrique de Castro Alves ...............12

A COMPATIBILIDADE ENTRE A LIBERDADE RELIGIOSA E O ESTADO


LAICO NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 – Crystianne da Silva
Mendonça; Pablo Cardoso de Andrade; Simone do Amaral Fonseca Araújo ...................13

LIBERDADE RELIGIOSA NA CHINA: A INFLUÊNCIA DO PARTIDO


COMUNISTA ATEU NAS CRENÇAS SUBJETIVAS DE SEU POVO – Beatriz
Andrade Gontijo da Cunha ................................................................................................14

O FUNDAMENTALISMO RELIGIOSO NO ORIENTE MÉDIO E SUA ATUAL


INFLUÊNCIA NO CENÁRIO POLÍTICO INTERNACIONAL – Valéria Emília de
Aquino................................................................................................................................15

LIBERDADE RELIGIOSA NO CHILE COMO DIREITO HUMANO E


FUNDAMENTAL – Isabela da Cunha Machado Resende; Veronique Vital Richard .....16

LIBERDADE RELIGIOSA COMO DIREITO HUMANO E FUNDAMENTAL:


PARAGUAI – Isabela da Cunha Machado Resende; Véronique Vital Richard ...............17

O SISTEMA EUROPEU DE PROTEÇÃO AOS DIREITOS HUMANOS E O CASO


ITALIANO – Gabrielle Lourence de Andrade; Anaisa Almeida Naves Sorna .................18
PROTEÇÃO À LIBERDADE RELIGIOSA DAS RELIGIÕES DE MATRIZ
AFRICANA NO BRASIL – Samara Mariana de Castro; Rafael Momenté Castro;
Rúbia Mara de Freitas ........................................................................................................19

O ESTADO E O DIREITO SOB A FUNAMENTAÇÃO RELIGIOSA


CALVINISTA – Priscila Carla Santana e Moura ..............................................................20

O CASO DA CENSURA A ROUSSEAU EM GENEBRA – Loyana Christian de


Lima Tomaz; José Benedito de Almeida Júnior ................................................................21

O ENSINO RELIGIOSO NA EDUCAÇÃO INTEGRAL: INOVAÇÃO OU


REPETIÇÃO? – Loyana Christian de Lima Tomaz; Rozaine A. Fontes Tomaz ..............22

A RELIGIÃO COMO BARREIRA INTERNACIONAL NA MIGRAÇÃO PARA


PAÍSES COM CULTURAS DISTINTAS – Renato Maso Previde ..................................23

CAÇA AS BRUXAS: DO TRIBUNAL À INQUISIÇÃO – Danilo Henrique Faria


Mota ...................................................................................................................................24

ESTADO BRASILEIRO E IGREJA CATÓLICA: DA COLONIZAÇÃO À CARTA


DE 1988 – Natália Vilela Vono .........................................................................................25

SANTA SÉ: PESSOA JURÍDICA DE DIREITO INTERNACIONAL – Natália


Vilela Vono ........................................................................................................................26

A CONTRIBUIÇÃO DE JORGE AMADO NA IMPLEMENTAÇÃO DA


LIBERDADE RELIGIOSA NO ORDENAMENTO BRASILEIRO
CORRELACIONADA AOS PENSAMENTO POLÍTICO-FILOSÓFICO DE JOHN
STUART MILL – Ana Carolina Roza Bonetti ..................................................................27

IMUNIDADE TRIBUTÁRIA DAS INSTITUIÇÕES RELIGIOSAS – Altamirando


Pereira da Rocha; Crystianne da Silva Mendonça; Pablo Cardoso de Andrade ................28

DO PRINCIPIO DA IMUNIDADE TRIBUTÁRIA E A SOCIEDADE MAÇÔNICA


– Naiana Zaiden Rezende Souza; Juliano Rezende Lima ..................................................29

IMUNIDADE TRIBUTÁRIA DE TEMPLOS DE QUALQUER CULTO: ESTUDO


DE CASO – Eduardo Henrique de Macedo Oliveira ........................................................30

A BIOÉTICA E A RELIGIÃO COMO FORMA DE EFETIVAR A PROTEÇÃO


ANIMAL – Susane Marangoni Molina .............................................................................31

BIOÉTICA E LIBERDADE RELIGIOSA NA HUMANIZAÇÃO DOS SERVIÇOS


DE SAÚDE – Noemi Cristina de Melo .............................................................................32
ESTADO, RELIGIÃO, SEXUALIDADE E GÊNERO – Willian Monteiro Gimenes .....33

FEMINISMO ISLÂMICO COMO HERMENÊUTICA – Anna Vera Drummond


Oliveira e Rocha ................................................................................................................34

TÓPICOS SOBRE LEX NATURALIS EM SÃO TOMÁS DE AQUINO – Júlio


César Ferreira Cirilo; Suzane Marangoni Molina; Adailton Santos Costa ........................35

FUNDAMENTOS DO INSTITUTO DA INTERVENÇÃO HUMANITÁRIA NO


CONCEITO DOUTRINÁRIO CATÓLICO MEDIEVAL DE "GUERRA JUSTA" –
Júlio César Ferreira Cirilo; Suzane Molina Marangoni .....................................................36
Anais do 1º Encontro de Pesquisa sobre Direito e Religião

APRESENTAÇÃO

Na era global, marcada pela cada vez maior facilitação do intercâmbio de informações e pelo
aumento das migrações e urbanização, a diversidade e seus desafios se intensificam, estando o
pluralismo religioso entre suas mais importantes ramificações.
Dois problemas centrais se relacionam ao estudo sobre essa realidade plural. O primeiro refere-
se ao direito à liberdade religiosa, e demanda investigação acerca da fundamentação, do âmbito de
proteção e da relação da liberdade religiosa com demais direitos. Outro problema é aquele da forma de
relação institucional entre o Estado e a religião, isto é, identificação, não identificação ou oposição
entre a estrutura estatal e as instituições religiosas, o que repercute no modo como os direitos humanos
e fundamentais são garantidos aos indivíduos e às coletividades.
Seguramente, conhecer os fundamentos e limites da liberdade religiosa, assim como o modo
como Estado e religiões se relacionam é essencial para uma boa convivência no Estado Democrático
de Direito, o que é de interesse não apenas da comunidade acadêmica, mas da sociedade em geral. Por
essas razões, e com vistas a, por um lado, articular ensino e pesquisa, e por outro, contribuir
efetivamente para a transformação social, política e cultural, é que se propôs o 1º Encontro de Pesquisa
sobre Direito e Religião: “Liberdade Religiosa e Relações entre Estado e Religião”.
O encontro foi promovido pelo Grupo de Pesquisa “Direito e Religião” (CNPq) no campus
Santa Mônica, da Universidade Federal de Uberlândia, nos dias 18 e 19 de setembro de 2013, e contou
com a participação da comunidade acadêmica, de profissionais dos diversos setores, de agentes
públicos, de religiosos e outros interessados.
Durante o 1º Encontro, foram realizadas diversas palestras, mesas-redondas, painéis e
comunicações orais acerca dos seguintes temas: Religião e Espaço Público; Religião, Política e
Democracia; Pluralismo Religioso, Globalização e Política Internacional; Fundamentos Político-
Filosóficos da Liberdade Religiosa; Liberdade Religiosa como Direito Humano e Fundamental;
Tolerância e Direitos Humanos na Perspectiva das Religiões; Regime Jurídico das Entidades
Religiosas; Intolerância Religiosa no Mundo Contemporâneo; Estado e Religião na História;
Multiculturalismo; Direito e Religião; Bioética e Religião; e, Secularização e Laicidade.
Este evento foi o primeiro de uma série, cujo objetivo é: contribuir para o aprofundamento da
pesquisa nas diversas formas e perspectivas sobre a relação entre direito e religião; fomentar uma
cultura de paz, em que sejam assegurados os direitos humanos e fundamentais, especialmente no que
se relaciona com o respeito à diversidade; facilitar a capacitação para o enfrentamento de questões
relacionadas ao exercício de práticas religiosas em espaços públicos; e, promover a interação entre
pesquisadores com diferentes bagagens teóricas para melhor compreensão do pluralismo religioso, da
laicidade e da tolerância.

Rodrigo Vitorino Souza Alves


Professor da Faculdade de Direito da UFU
Coordenador do Grupo de Pesquisa “Direito e Religião”
Membro do International Consortium on Law and Religion Studies

Liberdade Religiosa e Relações entre Estado e Religião (2013)


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Anais do 1º Encontro de Pesquisa sobre Direito e Religião

PARTE I – PALESTRAS, PAINÉIS E MESAS-REDONDAS

A LIBERDADE RELIGIOSA ENTRE O PLURALISMO E O FUNDAMENTALISMO (Palestra de


Abertura) – Jayme Weingartner Neto

A PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA NO BRASIL E A SEPARAÇÃO ENTRE IGREJA E


ESTADO (Palestra) – Paulo Sérgio da Silva

O GIRO CULTURAL E A RELAÇÃO ENTRE POLÍTICA E RELIGIÃO (Palestra) – José de


Magalhães Campos Ambrósio

LIBERDADE RELIGIOSA E PLURALISMO NA JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL


FEDERAL (Palestra) – Alexandre Garrido da Silva

RELIGIÃO, BIOÉTICA E DIREITO PENAL: ALGUNS CRUZAMENTOS (Palestra) – Bruno de


Oliveira Moura

LIBERDADE RELIGIOSA: RELAÇÕES ENTRE ESTADO LAICO E DIREITOS


FUNDAMENTAIS (Painel) – Alexandre Walmott Borges; Rodrigo Vitorino Souza Alves

LIBERDADE RELIGIOSA, DIGNIDADE HUMANA E O TRATAMENTO JURÍDICO DAS


MINORIAS (Painel) – Luiz César Machado de Macedo; Neiva Flávia de Oliveira

TRIBUTAÇÃO DAS ORGANIZAÇÕES RELIGIOSAS (Mesa-Redonda) – Altamirando Pereira da


Rocha; Márcio Alexandre da Silva Pinto

O PAPEL DO PRAGMATISMO CRISTÃO E ISLAMICO NAS RELAÇÕES ENTRE ESTADOS


UNIDOS E IRÃ (Mesa-Redonda) – Aureo de Toledo Gomes; Filipe Almeida do Prado Mendonça

Liberdade Religiosa e Relações entre Estado e Religião (2013)


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Anais do 1º Encontro de Pesquisa sobre Direito e Religião

PARTE II – COMUNICAÇÕES ORAIS

ÉDITO DE MILÃO: 1700 ANOS DE LIBERDADE DE CULTO AOS CRISTÃOS E O INÍCIO DA


RELAÇÃO ESTADO-IGREJA CATÓLICA – Grazielly Almeida Borges

O Édito de Milão data de 313 d.C. e completa 1700 anos desde sua promulgação. O trabalho visa
investigar as causas históricas que levaram ao estabelecimento do Édito de Tolerância, o qual consagrou
a figura de Constantino no Baixo Império Romano (séc. IV), estabeleceu a liberdade de crença para
todos os grupos religiosos, encerrou as perseguições violentas aos cristãos e principalmente marcou a
saída da religião católica da obscuridade permitindo a afirmação da nova crença e sua crescente relação
com o poder do Estado até tornar-se religião oficial do Império sob a tutela de Teodósio I com o Édito
da Tessalônica, exercendo influência direta nas decisões políticas desde então. É importante assinalar
que nesta evolução histórica, o advento do Cristianismo dá uma nova ética ao Direito. Após o Édito de
Milão a Igreja passou a exercer influência crescente sobre as leis romanas, tratando principalmente de
moralizar e humanizar o Direito, como pode ser verificado na legislação matrimonial e nas disposições
penais. A arbitragem eclesiástica foi instituída civilmente na resolução de contendas, ampliando as
funções dos bispos de meramente religiosa a essencialmente jurisdicionais. Nessa perspectiva, a
pesquisa objetiva salientar a importância do documento em questão para a afirmação da liberdade de
crença e tolerância religiosa, princípios consagrados de nosso ordenamento jurídico no âmbito dos
direitos e garantias fundamentais. Além disso, pretende delimitar as áreas de influência da instituição
da Igreja Católica nas decisões do Estado as quais impactavam diretamente na vida dos cidadãos do
Império e traçar um paralelo com as relações que se perpetuam até os dias de hoje. Mesmo não sendo
religioso, o homem ocidental contemporâneo vive o cristianismo, muitas vezes sem se dar conta, uma
vez que a moral cristã é a síntese de tudo a que se aspira e de toda perfeição contida no imaginário
coletivo. O estudo da numismática auxilia e revela a influência da nova crença cristã que passava a ser
incorporada. O lábaro cristão de Constantino aparece tanto nas moedas de seu filho e sucessor,
Constâncio II, como na de outros imperadores. A pesquisa ainda encontra-se em fase de andamento e
busca obter conclusões de acordo com os objetivos anteriormente descritos.

Palavras-chave: tolerância; cristãos; política, poder.

Liberdade Religiosa e Relações entre Estado e Religião (2013)


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Anais do 1º Encontro de Pesquisa sobre Direito e Religião

SECULARIZAÇÃO E NEUTRALIDADE RELIGIOSA: UMA VISÃO HISTÓRICA DO PRINCÍPIO


NEUTRO E UMA ABORDAGEM SOBRE AS TEORIAS MODERNAS SECULARES – Marco
Aurélio Souza Mendes

O trabalho feito visou elencar as principais manifestações do princípio de neutralidade religiosa dentro
da sociedade, relacionando-as com os caráteres históricos de cada época analisada. O princípio da
neutralidade tende a se relacionar com a forma como a religião dialoga com o Estado e a sociedade
civil. Vale, portanto, utilizarmos de certas definições feitas por Jonatas Machado em sua obra Estado
Constitucional e Neutralidade Religiosa, sendo elas: Religião do Império, Religião do Estado, Religião
da sociedade civil e Religião íntima. A Religião do Império confere pelo caráter dominante na era do
Império Romano, com o auge típico do Cristianismo na época de Constantino. Posteriormente, com o
surgimento dos conceitos de Estado moderno e das teorias monárquico-absolutistas, Hobbes fala sobre
a Religião do Estado. ‘Uma religião de caráter nacional do monarca’. Em se tratando ainda dos teóricos
contratualistas, Locke posiciona-se a favor da Religião Civil, em que pese por suas palavras: “Ninguém,
nem um indivíduo, nem igrejas, nem mesmo comunidades têm algum título apropriado para invadir os
direitos civis e os bens terrenos dos outros, sob a desculpa da religião.”. O movimento dito de Religião
Civil elencado agora é uma das primeiras e efetivas ações de laicização do Estado, já que privilegia a
democratização político-religiosa através da participação igualitária de todos os indivíduos na vontade
política e na defesa da doutrina religiosa. Tratando-se, por fim, da Religião Íntima, recorremos aos
pilares da Revolução Francesa e o jacobinismo anticlerical. Mostra-se, essa última, como a que mais
distancia a Religião do Estado, recorrendo até mesmo a políticas de cunho laicistas (caráter
antirreligioso). A respeito da secularização, cabe abranger neste resumo o breve caráter histórico de seu
surgimento, que se mostra paralelo ao do surgimento da neutralidade religiosa. Genericamente, as
justificativas teóricas que podemos apresentar para o surgimento da ruptura Estado-Religião
encontram-se na racionalização proporcionada pelo Capitalismo e no surgimento de diversos meios de
organizações sociais. Para Fernando Cartroga, “[...] a secularização deve ser entendida como uma
paulatina distinção entre o século e as objetivações dogmáticas e institucionais do religioso como
Igreja”. O enlace das teorias clássicas seculares se dá através de Kant e Weber. Para o primeiro, o
privilégio do mundo da práxis aliado à declaração da impossibilidade de um universo metafísico
tradicional são as chaves da secularização. Weber não difere muito, sintetizando o pensamento de sua
Ética Protestante na racionalização formal para fins pragmáticos. Baseando-se na tradição secular
instituída pela modernidade, Pippa Norris e Ronald Ingleheart descrevem diversas teorias da
secularização em sua obra Sacred and Secular; sendo elas: values hypothesi, culture hypothesi,
paticipation hypothesi, civic engagement hypothesi, demographic hypothesis e a religious market
hypothesi. Conclui-se, a respeito dos fatos, de que, contrário ao que os positivistas disseram, a religião
não seria morta pelo caráter científico-empírico. Cabe, em caráter de finalização, o seguinte
questionamento: Deus realmente está morto, com crime cometido pela modernidade, ou, na verdade, a
modernidade apenas redesenhara o conceito de divino?

Palavras-chave: Secularização; Laicidade; Laicismo; Neutralidade Religiosa; Teorias.

Liberdade Religiosa e Relações entre Estado e Religião (2013)


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Anais do 1º Encontro de Pesquisa sobre Direito e Religião

CONTORNOS DA LAICIDADE: A PLURALIDADE E OS SÍMBOLOS RELIGIOSOS NOS


ESPAÇOS PÚBLICOS – Pedro do Prado Möller

Conforme disposição constitucional (art. 5.º, inc. VI; art. 19, inc. I; art.150, inc. IV, b) o Estado
Brasileiro é eminentemente laico, ou seja, possui como característica de sua estrutura institucional a
separação entre Estado e religião. O caráter laico deve ser compreendido como pressuposto necessário
para a completa manifestação do direito fundamental ao livre exercício religioso. Nesta perspectiva,
qualquer exteriorização pelo Poder Público de símbolos de caráter religioso em espaços públicos (que
são regidos pelos princípios constitucionais da Administração Pública) estar-se-ia ferindo a laicidade
estatal. É o que acontece em diversos estabelecimentos públicos como escolas, salas do Judiciário, do
Executivo e do Legislativo, onde é possível vermos crucifixos em suas paredes, ostentando uma
imagem de natureza nitidamente cristã. Estes símbolos acabam por representar apenas uma ou algumas
crenças e não a totalidade das mesmas, refletindo um tratamento especial a não pluralidade de crenças
presentes hoje na sociedade o que pode, portanto, constranger cidadãos de outras religiões. O país, por
sua formação histórica, engloba um sem número de manifestações culturais provenientes dos mais
variados lugares do planeta. Essas culturas deram origem as diversas crenças e religiões que hoje
delineiam a cultura brasileira. Defensores da permanência dos símbolos cristãos nas repartições
públicas argumentam que os mesmos se identificam com a raiz histórica de formação e construção do
país, de modo que sua retirada incidiria numa negativa do passado. Observa-se que esse argumento não
pode prosperar, uma vez que no Estado Democrático de Direito, fortemente marcado pela garantia
formal dos direitos fundamentais, rol no qual está inserido o respeito à livre manifestação religiosa, não
cabe uma situação de consecução pelo próprio Estado de uma violação daquilo garantido
precipuamente pela Carta Magna, sob pena de identificação do mesmo com uma determinada fé. Essa
discussão não é pacífica no Judiciário, onde observamos várias interpretações sobre a consequência da
presença de símbolos religiosos em espaços públicos, principalmente no tocante ao crucifixo. Ao julgar
quatro pedidos de providência (1344, 1345, 1346 e 1362), o CNJ entendeu que a presença de crucifixos
em dependências de órgãos do Judiciário não fere o princípio da laicidade do Estado. Entretanto, em
2012 o Conselho da Magistratura do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul acolheu o pedido da
Liga Brasileira de Lésbicas e ordenou a retirada de crucifixos e demais símbolos religiosos dos espaços
públicos dos prédios da Justiça estadual gaúcha. O PNDH 3 previa em sua redação original o
desenvolvimento de mecanismos para impedir a ostentação de símbolos religiosos em estabelecimentos
públicos da União, porém tal disposição foi revogada pelo decreto nº 7.177/2010, o que demonstra forte
pressão da bancada religiosa e alinhamento do Estado quanto a tese de que esses símbolos não ferem a
laicidade estatal. Por fim, urge um questionamento importante quanto a influência prática desses
símbolos: a presença do crucifixo, por exemplo, nas sessões do STF pode(ria) interferir na apreciação
e julgamento de certas matérias como as que versam sobre o aborto, drogas, fetos anencéfalos, células-
tronco embrionárias ou casamento homossexual?

Palavras-chave: Laicidade; Símbolos Religiosos; Espaço Público; Pluralidade.

Liberdade Religiosa e Relações entre Estado e Religião (2013)


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Anais do 1º Encontro de Pesquisa sobre Direito e Religião

PLC 160: A LEI GERAL DAS RELIGIÕES – Igor Henrique de Castro Alves

O projeto de lei foi apresentado em 2009, pelo deputado George Hilton, do PRB-MG (Partido
Republicano Brasileiro) e é uma resposta ao acordo celebrado pelo Brasil com a Santa Sé, requerendo
para as demais religiões o mesmo benefício concedido aos católicos. Estabelece garantias e direitos
fundamentais ao livre exercício da crença e dos cultos religiosos de todas as confissões. O Decreto nº
7.107 de 11 de fevereiro de 2010 prevê o cumprimento total do acordo celebrado com a Santa Sé em
13 de novembro de 2008, que foi aprovado pelo Congresso pelo Decreto Legislativo nº 698, de 7 de
outubro de 2009 e que entrou em vigor internacional em 10 e dezembro de 2009, e para que não
houvesse desequilíbrio entre as outras confissões, o projeto foi apresentado, tratando dos mesmos temas
do acordo, contudo, estendendo a possibilidade para as demais. Dentre os temas abordados está a
proteção os locais de culto, liberdade de ensino religioso, exercício público de religiões,
reconhecimento de personalidade jurídica das instituições, imunidade tributária, proteção do
patrimônio cultural das igrejas pela União. Bem como assistência espiritual nas forças armadas e aos
indivíduos internados em estabelecimentos de saúde ou similares, ou detidos em estabelecimento
prisional ou similar. Institui também a possibilidade de ensino religioso facultativo, efeitos civis do
casamento religioso e até mesmo a possibilidade de criação de convênios de religiões com os órgãos
do Poder Executivo para colaboração mútua.

Palavras-chave: Liberdade Religiosa; Regime Concordatário; Igualdade.

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Anais do 1º Encontro de Pesquisa sobre Direito e Religião

A COMPATIBILIDADE ENTRE A LIBERDADE RELIGIOSA E O ESTADO LAICO NA


CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 – Crystianne da Silva Mendonça; Pablo Cardoso de Andrade;
Simone do Amaral Fonseca Araújo

O tema proposto foi escolhido devido à discussão existente entre a compatibilidade da existência de
garantia constitucional a liberdade religiosa e a adoção do Estado laico. Inicialmente busca demonstrar
que a natureza laica do Estado não é sinônimo de ateísmo. Atualmente, o Estado brasileiro não é
confessional, ou seja, não tem religião oficial, porém, não é ateu, conforme pode ser visto no preâmbulo
da Magna Carta brasileira, que faz menção a proteção de Deus. A Constituição da República Federativa
do Brasil não adotou uma religião oficial, e, também não existem politicas estatais contrárias à religião.
Tais politicas não poderiam existir, pois, a Constituição em seu artigo 5°, inciso VI, garante a liberdade
de crença, assegurando assim, o livre exercício dos cultos religiosos. A palavra “laico” em sua acepção
etimológica, não corresponde a algo fora da religião ou que contrarie a fé, assim, a ideia de “laico”,
vêm justamente daqueles que não praticam como vocação, o ministério religioso, portanto, o Estado
laico, não é Estado sem fé. Será feita a análise da liberdade religiosa, como também do direito de crença
garantido constitucionalmente e a liberdade de manifestação. Assim, objetiva-se apresentar a ideia da
instrumentalização do Ministério Público como possível forma de atuação para a garantia da liberdade
religiosa prevista na Constituição brasileira em seu artigo 5°. Como aporte teórico os aspectos do
princípio da dignidade da pessoa humana, bem como a previsão pela Constituição Federal de 1988 do
direito fundamental do cidadão de liberdade de expressão e de liberdade religiosa são à base de
sustentação para argumentação do presente estudo. O método de pesquisa de base teórica, com
compilação e revisão bibliográfica sobre o tema, bem como a pesquisa documental, com análise em
profundidade de artigos, doutrinas e jurisprudência, para verificar os entendimentos e argumentações
sobre a compatibilidade do Estado laico com o direito fundamental à liberdade religiosa. Assim, visa
demonstrar que não existe incompatibilidade entre a liberdade religiosa e o Estado laico. A própria
norma suprema brasileira, a Constituição Federal, prevê a existência da liberdade de crença, mesmo
sendo um Estado laico. Conforme apresentado longo do estudo, Estado laico não é Estado ateu, mas
sim, Estado não confessional, que não tem religião oficial.

Palavras-chave: Liberdade religiosa; Estado laico; Liberdade de expressão; Direito fundamental à


liberdade religiosa.

Liberdade Religiosa e Relações entre Estado e Religião (2013)


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Anais do 1º Encontro de Pesquisa sobre Direito e Religião

LIBERDADE RELIGIOSA NA CHINA: A INFLUÊNCIA DO PARTIDO COMUNISTA ATEU NAS


CRENÇAS SUBJETIVAS DE SEU POVO – Beatriz Andrade Gontijo da Cunha

Através de informações obtidas em sites oficiais, foi constatado que a China é um país oficialmente
ateu. Os Chineses acreditam que a religião pode interferir no culto ao marxismo, por isso tentam evitá-
la, exigindo-se que para ser membro do partido comunista é necessário ser adepto ao ateísmo. A
liberdade religiosa é garantida aos demais cidadãos no artigo 36 da Constituição Federal e no artigo
147 do código penal do país. Ela também é prevista no artigo 18 do pacto internacional sobre direitos
civis e políticos proposto pela ONU em 1992 e assinada pelo país. Segundo o site oficial do governo
dos Estados Unidos, o artigo 36 exposto acima diz defender apenas atividades religiosas normais, não
especificando o que seria “normal”. O propósito é, para eles, deixar a cargo do governo estipular
critérios de aplicação do termo que dependerá do caso concreto. Objetivos: Observar o critério utilizado
pelos Chineses para caracterizar uma atividade religiosa como “normal”. Logo após, procurar a conduta
dos Chineses para com as atividades ditas “anormais” percebendo se há uma influência do partido
comunista ateu nas crenças subjetivas do seu povo. Descrição: A China possui cinco religiões oficiais:
A budista, católica, protestante, islamita e Taoísmo. A pesquisa foi realizada buscando se informar
sobre a situação de religiosos Chineses registrados nas religiões oficiais e procurar saber sobre os
pertencentes às igrejas clandestinas, também foi procurado saber o posicionamento do governo a esses
crentes. Descrição Metodológica: A metodologia utilizada foi à indutiva, observando-se casos
particulares para se chegar a uma conclusão geral, para tanto foi realizada uma pesquisa documental
em sites oficiais como o Departamento dos Estados Unidos da América, Alto comissariado da ONU
para direitos Humanos e também sites jornalísticos como o Britânico “The Telegraph” e o americano
“The New York Times”. Resultados: Através da pesquisa realizada foi constatado abusos do governo
aos povos religiosos, que são recebidos por ele com práticas violentas que fogem da lógica de proteção
estatal: Os budista do Tibete foram respondidos com violência ás manifestações pacificas realizadas,
Monges Tibetanos foram submetidos a torturas físicas e psicológicas, Foi proibido estudantes
muçulmanos Uigures de ficarem em jejum durante o período do Ramadã. Foi constatado Intervenção
Chinesa na igreja Católica nomeando bispos sem consentimento da Santa Sé e causando uma cisão
católica no país. Conclusão: O trabalho ainda está em andamento, porém pode ser constatado até então,
uma ampla intervenção Chinesa nas crenças subjetivas dos grupos religiosos. O governo, em quase
todos os casos, alega agir por proteção estatal, porém é nítido ao observar os relatos que não é só isso
que o move, até porque na maioria dos casos as vítimas não apresentavam perigo eminente. Os
principais ataques do governo as religiões, são aquelas que possuem lideres fortes conhecidos
mundialmente como o Dalai Lama e o Papa. A possibilidade que se presume é que as ações
governamentais são realizadas muito mais por um medo de que o poder comunista do país se dissolva
nas religiões.

Palavras-chave: China; Religião; Partido Comunista.

Liberdade Religiosa e Relações entre Estado e Religião (2013)


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Anais do 1º Encontro de Pesquisa sobre Direito e Religião

O FUNDAMENTALISMO RELIGIOSO NO ORIENTE MÉDIO E SUA ATUAL INFLUÊNCIA NO


CENÁRIO POLÍTICO INTERNACIONAL – Valéria Emília de Aquino

O fundamentalismo religioso não é um tema atual, suas origens remontam aos primórdios do
surgimento das primeiras religiões, sejam elas monoteístas ou politeístas. Contudo, é de extrema
importância e imprescindível abordar tal assunto quando se discorre acerca do atual cenário político
internacional, e ainda sobre os conflitos sociais, políticos, econômicos e principalmente de cunho
religioso no Oriente Médio. Primavera Árabe, Revolução Iraniana, conflitos árabe-israelenses, são
apenas alguns exemplos atuais que remontam a importância histórica, jurídica e sociológica de se
discorrer sobre. O objetivo principal, ao tratar deste assunto, é de identificar os principais pontos e
aspectos que a religião, em especial a islâmica, reflete na sociedade, em face à comunidade
internacional. Falar de fundamentalismo religioso implica em tentar entender diferentes crenças,
culturas e modos de viver, e em especial as diferenças entre Estados Teocráticos e Estados Laicos. Para
tal, se deve utilizar do relativismo cultural, em contraposição ao etnocentrismo, pois assim busca-se
entender o “ponto de vista do outro”, pautado no princípio da equidade social, na não-generalização,
na autodeterminação dos povos, na tolerância religiosa e no respeito. Há de se observar que, para
discorrer sobre o fundamentalismo religioso no Oriente Médio e sua atual influência nas relações
internacionais, é necessário que se discorra, concomitantemente, sobre o influência do terrorismo no
Oriente Médio e suas implicações diretas na região, bem como o papel dos Estados islâmicos acerca
das garantias de direitos fundamentais e inalienáveis aos seus cidadãos, de acordo com os preceitos
basilares contidos na Sharia e no Alcorão. Não obstante, ressalta-se que os Estados islâmicos possuem
um dever moral, em face de vários acordos, tratados e convenções que foram signatários, de garantir o
mínimo existencial e de garantir uma vida digna à população local. Ressalta-se ainda que maior parte
desses países são signatários da Carta das Nações Unidas, e membros da Organização das Nações
Unidas, e que muitos violam artigos e princípios contidos na mesma, inclusive, ameaçam gravemente
os direitos humanos. Urge então, a necessidade de trabalhar analiticamente a questão do
fundamentalismo religioso no Oriente Médio, de modo a trabalhar possibilidades de garantir a
estabilidade –não só na região-, como também a segurança, a paz e a ordem internacional. Por fim,
conclui-se que o fundamentalismo religioso pode ser considerado como uma das causas dos conflitos
e da instabilidade política no Oriente Médio, fruto da intolerância religiosa de nações possuidoras de
uma cultura e história igualmente vastas e ricas.

Palavras-chave: Fundamentalismo religioso; Islamismo; Direitos Humanos; Direito Internacional.

Liberdade Religiosa e Relações entre Estado e Religião (2013)


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Anais do 1º Encontro de Pesquisa sobre Direito e Religião

LIBERDADE RELIGIOSA NO CHILE COMO DIREITO HUMANO E FUNDAMENTAL – Isabela


da Cunha Machado Resende; Veronique Vital Richard

Muitos são os Direitos Humanos Fundamentais, mas quando se trata de religião, os principais a serem
analisados, discutidos e defendidos são os de liberdade de consciência, de expressão e até de liberdade
de religião propriamente dita. Sendo estes também abarcados pelos direitos de personalidade, uma vez
que tal categoria também busca assegurar, proteger e promover a liberdade, a integridade psicofísica,
a honra e outros. O objetivo geral de nosso trabalho visa conhecer mais profundamente as religiões, em
especial dos países trabalhados (nesse caso, o Chile), e os tipos de proteção que o Direito oferece para
tais categorias. Conhecer até onde o Direito consegue ser eficaz, até onde a cultura influência, em que
os Direitos Fundamentais estão presentes e se eles realmente se mostram eficazes. Também buscamos
compreender a influência do fator histórico e, em nossas discussões, buscamos sempre o máximo
possível da tolerância religiosa. Nossa pesquisa fundamenta-se, principalmente, em dissertações de
mestrados e doutorados e na legislação do país pesquisado. Como resultado, conseguimos perceber que
os Direitos Fundamentais estão presentes em grande parte, se não em tudo, da legislação chilena que
visa garantir a liberdade de consciência, de expressão de todos os credos e ao livre exercício de todas
as religiões. Também observamos que a cultura de tal país é diretamente influenciada pelas bases
históricas, principalmente no que concerne à forma de colonização, e que isso é um fator muito
importante para que a grande maioria da população seja de religião Católica Apostólica Romana (cerca
de 69,96%). A legislação chilena trabalha juntamente com os direitos fundamentais para assegurar a
proteção da liberdade de ter ou não uma religião à todos. E, há uma certa tolerância religiosa presente
na população, o que leva a crer que as medidas adotadas para assegurar tal liberdade é eficaz. Assim,
concluímos que mesmo sem uma verdadeira consciência ou não por parte da parcela mais simples da
população (que é uma maioria), os direitos fundamentais estão presentes, assegurando uma maior
tolerância e respeito às diferenças. Afinal, a vida moral e espiritual estão intrinsecamente ligadas,
cabendo ao Direito apenas coordenar essas relações, caso haja um choque e uma tentativa de
sobreposição de uma em relação a outra. Acreditamos ser de extrema importância que países, assim
como o Chile, assegurem e estimulem a tolerância às diferenças, sejam elas étnicas, religiosas,
costumeiras ou outras. Até porque, como vimos, todas estão interligadas, formando uma rede de
relacionamentos, a qual o Direito ajuda a tecer.

Palavras-chave: Chile, liberdade, direitos, humanos, fundamentais.

Liberdade Religiosa e Relações entre Estado e Religião (2013)


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Anais do 1º Encontro de Pesquisa sobre Direito e Religião

LIBERDADE RELIGIOSA COMO DIREITO HUMANO E FUNDAMENTAL: PARAGUAI –


Isabela da Cunha Machado Resende; Véronique Vital Richard

A liberdade religiosa se constitui como um direito fundamental e foi ainda a base para a construção de
todas as outras liberdades. Está associada com a liberdade de seguir ou não uma religião, mudar de
religião e, ainda, de acreditar ou não na existência de um Deus. Tem como base a laicidade, que é a
dissociação do Estado da Igreja. O objetivo geral deste trabalho é apresentar um estudo mais
aprofundado das religiões e das formas de manifestação religiosa existentes nos países, com enfoque
no Paraguai. Entender melhor como se dá a relação entre o Direito, como algo posto pelo Estado, e a
Religião, percebendo se há algum tipo de regime de preferência a uma dada religião/entidade religiosa.
A metodologia por nós utilizada é a pesquisa em dissertações, artigos, monografias e teses. Após leitura
atenta, buscamos interpretar quais os vínculos que o Estado estabelece com as diferentes formas de
religião e de manifestação religiosa, para apresentar os melhores resultados. Como efeito da pesquisa
realizada, percebemos que a religião Católica e a mais forte e a mais expressiva no Paraguai, como
consequência do processo de colonização que sofreu esse país (colonizado pela Coroa Espanhola), com
cerca de 90 por cento da população pertencente a essa religião. Mas ela não se constitui como religião
oficial do país. O Paraguai se declara como um país laico. Percebemos que o Paraguai elaborou a sua
legislação no sentido de proteger e promover a liberdade religiosa, ratificando vários acordos e tratados
internacionais, como o San José da Costa Rica que em seu artigo 12 estabelece a liberdade de
consciência e religião. O país entende a importância da liberdade religiosa como algo além da
intolerância, como forma de garantir a todos outros tipos de liberdades.

Palavras-chave: liberdade religiosa; Paraguai; laicidade; manifestação religiosa.

Liberdade Religiosa e Relações entre Estado e Religião (2013)


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Anais do 1º Encontro de Pesquisa sobre Direito e Religião

O SISTEMA EUROPEU DE PROTEÇÃO AOS DIREITOS HUMANOS E O CASO ITALIANO –


Gabrielle Lourence de Andrade; Anaisa Almeida Naves Sorna

Este trabalho tem como objetivo discorrer sobre o Sistema Europeu de Proteção aos Direitos Humanos,
e o mecanismo de funcionamento deste sistema, sendo esse sistema considerado o mais evoluído em
termos de garantias e proteção e efetivo funcionamento em caso de violação dos direitos. Um exemplo
desta evolução é que diferentemente dos demais sistemas, Africano e Americano, o sistema Europeu
permite ao cidadão que sofre violação dos seus direitos, se posicionar frente a Corte Europeia sem
necessidade de mediação do Estado. Diante disso, pretende-se expor de forma clara quais são os meios
adotados para permitir que as diferentes religiões sejam respeitadas de forma igual, e sem privilégios,
o que se observarmos os casos concretos pode ser de difícil alcance, mas que tem se mostrado uma
discussão cada vez mais forte, e tem gerado resultados positivos na busca de uma sociedade que tem
como preocupação o respeito as diferentes opiniões e crenças. Assim, temos o intuito de discutir
algumas das colocações feitas sobre o assunto até o momento, e aprofundar o conhecimento sobre esse
tema polêmico, pois, quando se trata de Estados laicos, e, portanto, em que a religião deve ser separada
do Estado, a liberdade de professar uma crença tem colidido com a liberdade daqueles que não
professam uma crença, e a partir daí discute-se a importância da neutralidade estatal diante das questões
que envolvem decisões públicas. Desta forma, para que o tema seja abordado mais concretamente, será
utilizado como exemplo o caso Italiano. A Itália é um país que ratificou a Convenção Europeia de
Direitos Humanos (CEDH), e desta forma, tem procurado o respeito às diferentes religiões, mas que,
por possuir uma tradição católica, passa por dificuldades nesse processo. Assim, serão utilizados
exemplos de decisões da Corte Europeia de ações ajuizadas por cidadãos italianos, em casos de violação
aos direitos humanos, no caso, a liberdade de religião, que está contida no Artigo 9º da CEDH. A
pesquisa baseia-se no método dedutivo, partindo do caso geral para a análise de um caso concreto, ou
seja, parte do sistema europeu para o caso italiano. Esta ainda se dará baseada em material já publicado,
ou seja, será uma pesquisa bibliográfica. Portanto, pretende-se discutir os principais pontos que
envolvem o tema liberdade religiosa e Direito, considerando que essa liberdade não é absoluta,
justamente para tornar possível o respeito às diferenças e mediante isso, o Estado precisa tomar
mediadas e positivar normas que estejam de acordo com o que é previsto pela Corte Europeia, sendo
estes os meios que permitirão o máximo de liberdade para todos os cidadãos sejam eles ligados a
alguma religião ou ateus, não cabendo ao Estado fazer juízo de valor sobre uma ou outra crença.

Palavras-chave: Liberdade religiosa; Estado laico; Convenção Europeia de Direitos Humanos; Itália.

Liberdade Religiosa e Relações entre Estado e Religião (2013)


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Anais do 1º Encontro de Pesquisa sobre Direito e Religião

PROTEÇÃO À LIBERDADE RELIGIOSA DAS RELIGIÕES DE MATRIZ AFRICANA NO


BRASIL – Samara Mariana de Castro; Rafael Momenté Castro; Rúbia Mara de Freitas

A divergência entre grupos religiosos é fator de conflitos e agressões aos direitos humanos. As
universidades e centros de investigação nacional e internacionais têm intensificado seus estudos com o
objetivo de compreender melhor tais fenômenos sociais e apontar soluções possíveis para os conflitos
de cunho religioso, promovendo assim a convivência pacífica e democrática entre os povos. A
Constituição Federal de 1988 assegurou o Estado laico bem como a diversidade e igualdade entre as
religiões. Tal afirmativa tem como fundamento: o artigo 19, que prevê a dissociação entre Estado e
igreja ao proibir práticas subvencionistas; o art. 5º, VI, que torna inviolável a liberdade de consciência
e de crença, assegura o livre exercício dos cultos religiosos e garante a proteção aos locais de culto e a
suas liturgias; o art. 5º, VII, que assegura prestação de assistência religiosa nas entidades civis e
militares de internação coletiva; e também o 6º, VIII, que proíbe a privação de direitos por motivo de
crença religiosa. A legislação infraconstitucional apresenta avanços na luta por igualdade religiosa,
gestados a partir da assinatura de tratados internacionais, a saber a Convenção 169 da OIT de 1989 e o
Pacto dos direitos civis e políticos de 1966, que garantem os direitos das minorias étnicas e também
religiosas. O Decreto n. 6.040, de 07 de fevereiro de 2007, instituiu o termo povos e comunidades
tradicionais. Em que pese as normas supracitadas, a realidade dos povos tradicionais de terreiro ainda
é alarmante, haja vista os recorrentes e graves casos de agressão e violação dos direitos religiosos contra
este grupo, conforme noticiado pela Secretaria de Promoção da Igualdade Racial neste ano de 2013.
Segundo o ouvidor da SEPPIR, Carlos Alberto de Souza e Silva Junior, o número de denúncias de atos
violentos contra povos tradicionais cresceu entre 2011 e 2012, apontando o significativo aumento de
denúncias envolvendo crimes raciais na internet. O ouvidor acrescentou que as agressões têm agentes
diversos, tanto nas relações públicas com o Estado quanto nas relações privadas, a exemplo do promotor
de Justiça de Santa Catarina que, em 2011, proibiu uma casa de umbanda de Florianópolis de realizar
cultos. Luiza Bairros, ministra da SEPPIR, em entrevista no dia Dia Nacional de Combate à Intolerância
Religiosa deste ano de 2013, disse que os ataques às religiões de matriz africana chegaram a um nível
insuportável. No mesmo sentido, a assessora de Política de Diversidade Religiosa da Secretaria de
Direitos Humanos do Governo Federal, Marga Janete Ströher, afirmou que as religiões de matriz
africana são as mais atingidas pela intolerância religiosa. Dados da secretaria apontam que a quantidade
de denúncias de intolerância religiosa recebidas pelo Disque 100 cresceu mais de sete vezes em 2012,
quando comparada com a estatística de 2011, o que significa um aumento de 626%. Porém, a própria
secretaria destaca que o salto de 15 para 109 casos registrados no período não representa a real
dimensão do problema. Assim, nota-se que existe uma discrepância entre as normas que garantem a
diversidade e a liberdade religiosa e a realidade enfrentada por povos tradicionais de terreiro, o que
resulta em grave violação aos direitos humanos e ao Estado Laico. Dado o exposto, as investigações
sobre Direito e Religião e o presente seminário são de suma importância para a construção de um
diálogo multicultural sobre o tema, para fomentar a investigação e o estudo sobre o assunto, e
principalmente formar os estudantes de graduação sobre o tema, a fim de que possam em suas carreiras
atuar com o império da igualdade e da Justiça.

Palavras-chave: Proteção; Intolerância; Religiosidade; Matriz Africana.

Liberdade Religiosa e Relações entre Estado e Religião (2013)


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Anais do 1º Encontro de Pesquisa sobre Direito e Religião

O ESTADO E O DIREITO SOB A FUNAMENTAÇÃO RELIGIOSA CALVINISTA – Priscila Carla


Santana e Moura

Dada a relevância histórica do século XVI relacionada tanto aos eventos concernentes à época quanto
aos estudos políticos, jurídicos e sociais desenvolvidos, o presente trabalho remonta a influência do
calvinismo no meio social, político e religioso, na medida em que a figura de Calvino auxilia na ruptura
do dogmatismo da religião católica e na disposição de novas posições doutrinárias no âmbito religioso
e nos reflexos destas na construção do Estado Moderno, fator histórico fundamental para discussões
acerca da liberdade religiosa atrelada à atuação contemporânea e posterior ao momento, de enunciação
de soluções por parte dos teóricos do Direito e do Estado. Ainda, busca analisar o contexto histórico e
econômico da ascensão da doutrina teológica (porém com reflexos na política) intitulada de calvinista,
a fim de tornar tal doutrina compreensível no que concernem as relações já mencionadas. A importância
dada ao período em que viveu Calvino se dá na medida em que as mudanças operadas naquele momento
alterariam intensamente as relações humanas, modificando ideais e concepções até então infligidas
pelas grandes e dominadoras instituições sociais da época: a Igreja e a Nobreza. A partir deste século,
passariam a ser proclamados princípios humanísticos de filosofia que, aos poucos, conduziriam os
indivíduos à racionalidade, de forma que até mesmo a Igreja, em sua doutrina Escolástica, passaria a
justificar o uso da razão como mediadora da fé. Além disso, as correntes filosóficas crescentes, como
o Iluminismo e o Renascimento enquanto fenômenos sociais, artísticos e morais geravam dentro da
sociedade uma diminuição da atuação de doutrinas fundamentadas na teologia, no teocentrismo e no
irracionalismo. É por tamanha contribuição histórica que Calvino se torna uma figura de destaque
merecido no que tange todos os estudos acadêmicos. Todo seu pensamento, empreendido por meio de
teses e doutrinas instigou o nascimento de diversas pesquisas em torno das ideias engendradas por este
homem como também reações sociológicas, filosóficas e teológicas contra a sua, quanto no que se
refere à defesa e proteção de seus pensamentos quanto o contrário, gerando acusações e divergências
expressivas.

Palavras-chave: Estado; Religião; Calvinismo.

Liberdade Religiosa e Relações entre Estado e Religião (2013)


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Anais do 1º Encontro de Pesquisa sobre Direito e Religião

O CASO DA CENSURA A ROUSSEAU EM GENEBRA – Loyana Christian de Lima Tomaz; José


Benedito de Almeida Júnior

As obras Do Contrato Social e Emílio apresentavam inovadoras reflexões sobre as estruturas políticas,
a religião e educação da época, o que gerou grande incômodo para a aristocracia genebriana. Nesse
contexto histórico- político hostil, tais obras foram condenadas, bem como foi expedido decreto de
prisão ao seu autor, Rousseau, que se manteve como fugitivo, obrigado a viver de um lado a outro, sob
o abrigo de alguns amigos, até o final de sua vida. Objetivos: O presente artigo pretende demonstrar
que um dos fatores que levaram a condenação de Rousseau em Genebra foi tratar do tema da religião,
por meio do qual ousou expor sem reservas seu pensamento, o que lhe provocou as mais duras
acusações, sendo a mais comum de anticristão. Metodologia: Faz-se uso do método de pesquisa
bibliográfica, a qual irá requerer um estudo cuidadoso sobre as ideias dispostas nas obras, Contrato
Social e Emilio, sobre religião, política e educação cristã que propiciaram a condenação e a ordem para
destrui-las, sob a alegação de serem temerárias escandalosas e ímpias. Ainda deverão ser investigadas
as consequências que essa condenação trouxe posteriormente ao pensamento político-filosófico de Jean
Jacques Rousseau, no tocante às estruturas políticas e a religião. Trata-se, portanto, de pesquisa
qualitativa de caráter bibliográfico e documental, ambos quanto ao procedimento. Resultados e
conclusão: O caso da censura a Rousseau em Genebra bem como sua condenação tem como
fundamento à religião, pois para Rousseau ela é imprescindível para a manutenção do Estado ideal.
Deixa bem claro que se tratava de uma religião civil, que devia possuir dogmas simples e destinados a
fomentar as virtudes necessárias à cidadania, isto é, a concretização de uma liberdade fundamentada na
supremacia da vontade geral e na irrestrita dedicação à pátria. Segundo Rousseau, a religião estimula o
amor aos deveres e a consciência que opera em conjunto com a razão, os quais tem a função de provocar
certo amor no individuo, de forma que ele seja levado a cumprir seus deveres.

Palavras-chave: Censura; religião; política; educação; condenação de Rousseau.

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Anais do 1º Encontro de Pesquisa sobre Direito e Religião

O ENSINO RELIGIOSO NA EDUCAÇÃO INTEGRAL: INOVAÇÃO OU REPETIÇÃO? – Loyana


Christian de Lima Tomaz; Rozaine A. Fontes Tomaz

A preocupação em investigar os principais aspectos da organização da pedagogia do Ensino Religioso,


praticada em escolas de tempo integral em Uberlândia-MG, levou-nos a esta tentativa de compreender
os processos didático-pedagógicos e de gestão da disciplina, no sentido de contribuir para o debate
atual. Tal debate tem se estendido às várias instâncias da nossa sociedade, dada a complexidade da
disciplina que, muitas vezes, repete o modelo tradicional excludente e discriminatório, com práticas
pedagógicas, muitas vezes, confessionais. Consideramos essencial investigar, nas seis escolas estaduais
de tempo integral de Uberlândia-MG, as políticas de formação e contratação de docentes, bem como a
forma de oferta da disciplina e os componentes complementares, quais sejam, a epistemologia do
Ensino Religioso, o perfil do docente do Ensino Religioso, o material didático, os conceitos e a(s)
forma(s) de avaliação e ainda, a percepção do aluno quanto à teoria e prática da disciplina. Objetivo
geral é identificar os principais aspectos constitucionais da pedagogia do Ensino Religioso praticada
em escolas estaduais de tempo integral em Uberlândia. Foi utilizado um método de abordagem de
natureza quantitativa, uma vez que este visou o estabelecimento de categorias de respostas que
permitiram comparar e interpretar dados; e de natureza qualitativa, pois foram apresentadas questões
de caráter subjetivo, por meio do levantamento de pontos dissonantes e consonantes, com observação
participante. Quanto aos resultados e conclusões chegamos a seguinte conclusão a pedagogia de Ensino
Religioso nas escolas de tempo integral de Uberlândia-MG repete o modelo tradicional excludente e
discriminatório, com predomínio da educação bancária, apresentando por vezes algumas características
das práticas pedagógicas ‘confessionais. Tal afirmativa se respalda na teoria, resultados e discussões
feitos ao longo do nosso percurso até aqui.

Palavras-chave: Educação Integral; Ensino Religioso; Formação docente.

Liberdade Religiosa e Relações entre Estado e Religião (2013)


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Anais do 1º Encontro de Pesquisa sobre Direito e Religião

A RELIGIÃO COMO BARREIRA INTERNACIONAL NA MIGRAÇÃO PARA PAÍSES COM


CULTURAS DISTINTAS – Renato Maso Previde

O Homem iniciou sua jornada terrena como um animal individual, que diante das dificuldades
encontradas no meio, entendeu a necessidade de sua socialização com o único fim de preservação da
espécie. Nestes primórdios, passou a vivenciar acontecimentos que iam além de sua percepção,
aprendendo a observá-los e entendê-los, sendo que, quando isso não era possível, nascia a contemplação
destes acontecimentos, até mesmo por ser algo inatingível ao seu entendimento. Assim, os fenômenos
naturais foram um dos primeiros acontecimentos de contemplação, vindo nossos ancestrais a enaltecer
o astro rei, as estrelas, os raios e assim por diante. Após, vieram as figuras rupestres como sinais
expressos de contemplação e adoração, surgindo no imaginário humano os primeiros entes divinos e
seus rituais de adoração da nova figura divina. Com o passar do tempo, esta situação foi sendo
elaborada, de acordo com cada crença seja pela presença certa de um criador seja pela interpretação de
sinais divinos no planeta em que habitamos, originados por habitantes deste ou não, importando em um
crescente de doutrinas sobre o tema e os reflexos que ocasionaram ao longo do tempo, contrapondo
culturas de povos milenares, que cultuaram a guerra em nome da "libertação" religiosa de um outro
povo, digamos "oprimido", enquanto este pensamento era também do dito "povo oprimido", gerando
um círculo vicioso de ataques e perseguições pelo simples entendimento distinto de cada um sobre o
tema religião. Estados foram erigidos sob esta ideologia, depondo governantes e arruinando
governados, senão quando vidas eram perdidas em nome do Estado Religioso. Após, Estados sofreram
transformações, deixando de ostentar a figura divina como determinante para a escolha do governante,
surgindo a própria ideia de política e um novo regramento para tal determinação, separando e
originando abismos através de normas, que apontaram a necessária divisão entre Estado e Religião.
Surge o laicismo. Em 1905, lei francesa determinou a separação entre o Estado e a Religião, por meio
da fixação de uma abóboda metálica na entrada das igrejas que atentava o cidadão sobre a existência
de uma República Francesa, estruturada pela liberdade, igualdade e fraternidade. Os dias atuais, o
Estado Francês novamente dá a tônica na discussão dos limites da religião e do próprio laicismo. A
partir deste ano (2013), notadamente, do mês de setembro, além da fixação do lema da República, da
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, "refundação do Estado Francês" determinou a
figuração de uma "Carta do Laicismo" nas 55.000 escolas públicas francesas. Esta carta possui 15
diretrizes que apontam a efetiva divisão entre Estado e Religião, quando pensávamos algo já superado
pela consolidação de regramentos jurídicos datados da Revolução Francesa, eis que surgem novas
lembranças da necessidade em continuar superando acontecimentos pretéritos. A pesquisa do presente
trabalho está estruturada na diretriz número 14, que impõe que o cidadão deixe de exibir ostensivamente
símbolos ou trajes religiosos. A absorção da Religião pelo Estado está um tanto quanto superada em
grande parte do ocidente. No entanto, parece entrarmos em uma nova fase de interferência do Estado
no indivíduo, controlando suas garantias individuais em ostentar sua crença. A vigilância do Estado na
quebra do laicismo é direito fundamental do próprio cidadão. Entretanto, o Estado não deve se imiscuir
na liberdade do cidadão em demonstrar sua religiosidade, até o ponto em que não figure afronta à crença
de outro cidadão.

Palavras-chave: Religião; Estado; Laicismo; Liberdade; Crença.

Liberdade Religiosa e Relações entre Estado e Religião (2013)


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Anais do 1º Encontro de Pesquisa sobre Direito e Religião

CAÇA AS BRUXAS: DO TRIBUNAL À INQUISIÇÃO – Danilo Henrique Faria Mota

O presente trabalho surgiu após a leitura da peça teatral “As Bruxas de Salém” do dramaturgo norte-
americano Arthur Miller. A metodologia adotada foi à análise do texto teatral e do movimento iniciado
em 1951, pelo Senador Joseph McCarthy, cujo movimento tinha como política a luta anticomunista.
Assim sendo, o dramaturgo Arthur Miller, cria o Universo da peça teatral com os seguintes fragmentos
“Acuse ou será acusado.” “É evidente que não podemos esperar que a bruxa se acuse a si própria”,
“Mas a feitiçaria é ipso facto, na sua configuração e na natureza, um crime invisível, não é verdade?”
“Por consequência, quem pode ser testemunha dum crime destes?” “Apenas a bruxa e a vítima.”
“Portanto, o que vinha aqui fazer um advogado?” O texto de Miller é uma crítica à política
anticomunista do Senador McCarthy e de alerta ao processo penal na década de 1950, todavia o texto
permite o estudo das seguintes matérias: Direito, Literatura e Religião com abordagem política, social
e filosófica em decorrência do Tema: Liberdade e Tolerância Religiosa. As Bruxas de Salém se passa
numa puritana cidade da Nova Inglaterra de 1692 – Salém, Massachusetts, em consequência do
seguinte acontecimento: o ministro local, reverendo Parris, encontra, numa noite, algumas jovens
dançando na floresta, em companhia de sua escrava negra, chamada Tituba. Uma das jovens era sua
sobrinha, Abigail Williams, e outra sua filha, Betty Parris, que, assustada, cai em um estado de torpor,
o fato gerou no vilarejo comentários sobre bruxaria na cidade, as acusações instauraram um clima de
pânico e levaram a instituição de um tribunal de amplos poderes para Caçar as Bruxas. O episódio de
enforcamento de dezenove pessoas condenadas por bruxarias em um povoado de Massachusetts no
começo do século XVII é o Universo do trabalho. Os escritos de Marx Weber em “A ética protestante
e o espírito do capitalismo” contribui para a teoria de uma Sociologia da Religião e conclusões sobre
a relação entre o surgimento e a evolução do capitalismo e o protestantismo.

Palavras-chave: Sociologia; Intolerância; Bruxas; Teatro; Macarthismo.

Liberdade Religiosa e Relações entre Estado e Religião (2013)


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Anais do 1º Encontro de Pesquisa sobre Direito e Religião

ESTADO BRASILEIRO E IGREJA CATÓLICA: DA COLONIZAÇÃO À CARTA DE 1988 –


Natália Vilela Vono

No Brasil o Estado e a Igreja estiveram sempre ligados, desde a colonização, tanto que os jesuítas
exerceram grande influência na colonização do Brasil. Eles eram os responsáveis por ensinar os
indígenas a ler e escrever, catequizando-os no catolicismo. Por esse motivo que a nossa primeira Carta
Política, a Constituição de 1824, estabelecia a união entre Igreja Católica e o Estado, como sendo esta
uma das bases de apoio ao Império. Dessa forma, a Igreja desfrutava de importantes privilégios, como
o alto clero ocupando lugar de destaque na sociedade, gerando, então limitações ao progresso de novas
religiões. No entanto, no fim do século XIX a ideia de separação entre Estado e Igreja se expandiu na
Europa. Na mesma época surgiu um atrito entre os membros da Igreja Católica e membros do governo
imperial, motivado pela publicação da Bula Syllabus, que proibia a permanência de membros da
Maçonaria dentro dos quadros da Igreja. Nesse diapasão, a ideia de separação entre Igreja e o Estado
começou a tomar força política no país, contando com o apoio de republicanos e monarcas, assim, com
a proclamação da República em 1889, essa ideia tomou expressão normativa. Por meio do Decreto n°
119-A, de 7 de janeiro de 1890, ocorreu a separação do Estado Brasileiro e a Igreja Católica,
consolidado pela Constituição de 1891. Ao longo do tempo, no decorrer das Constituições, a primeira
mudança foi a promulgação da Constituição de 1934, manteve intacta a separação entre o Estado e a
Igreja, mas o casamento religioso passou a ter efeitos civis, e no preâmbulo da carta se fez referências
a Deus. Contudo, a Constituição de 1934 vigeu por um período curto de tempo, em virtude do golpe de
1937, onde Getúlio Vargas influenciado por ideais autoritários e fascistas instalou a ditadura e outorgou
a Constituição de 1937. Esta manteve a separação entre Estado e Igreja, mas não se fez mais referência
a Deus no preâmbulo. Em virtude de uma crise política, Vargas assinou o Ato Adicional em 1945,
convocando eleições presidenciais; em 1946 foi promulgada a nova Constituição que redemocratizava
o país, acabando com o totalitarismo que vigia desde 1930. Voltou a se fazer referência à Deus no
preâmbulo da Carta Maior. Em 1964 ocorre o golpe militar e são baixados vários Atos Institucionais
que restringiam a democracia. Após quase 20 anos de Regime Autoritário no país foram surgindo
movimentos que buscavam a redemocratização. Assim, em 5 de outubro de 1988, é promulgada a
Constituição da República Federativa do Brasil, que como todas as outras a partir de 1891, contém a
separação entre Estado e Igreja. No preâmbulo da Constituição se faz referência à Deus, invocando a
sua proteção, mas sem nenhuma relação com qualquer Igreja ou seita religiosa. Tal referência significa
que o Estado brasileiro não é um Estado ateu, ou contrário a qualquer tipo de religião, mas sim um
Estado monoteísta que acredita na existência de um Deus.

Palavras-chave: Cartas Constitucionais; Igreja Católica.

Liberdade Religiosa e Relações entre Estado e Religião (2013)


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Anais do 1º Encontro de Pesquisa sobre Direito e Religião

SANTA SÉ: PESSOA JURÍDICA DE DIREITO INTERNACIONAL – Natália Vilela Vono

A cidade do Vaticano nasce com o Tratado de Latrão, em 11 de fevereiro 1929, é uma concordada
celebrada entre a Itália e a Santa Sé, relativa ao Estatuto da Igreja Católica no Reino Italiano. O tratado
é um acordo com efeito internacional que reconhece a Santa Sé como Pessoa Jurídica de Direito
Internacional. O Estado do Vaticano possui uma área de 0,44 quilômetros quadrados, situado no meio
da capital italiana, Roma, sendo o menor país do mundo, tanto em área geográfica, quanto em
população. Possui uma população de pouco mais de 800 habitantes. É um Estado eclesiástico
governado pelo Bispo de Roma, o Papa. Dessa forma, o Estado do Vaticano, possui território, poder
soberano, mas não possui pessoas que nascem na Cidade do Vaticano. As pessoas que ali residem de
forma permanente, como os Cardeais que laboram no Vaticano ou em Roma são considerados
nacionais, tanto é verdade, que quando perdem as suas funções que exerciam no Vaticano, perdem
também a sua nacionalidade. Fica a indagação se o Vaticano seria realmente um Estado. Para se
caracterizar um Estado soberano se faz necessário: território, povo e poder soberano. Por esse motivo,
que alguns doutrinadores como Celso Duvivier Albuquerque Mello considera a Santa Sé como uma
Pessoa Jurídica de Direito Internacional, já José Francisco Rezek, equipara a Santa Sé aos Estados
soberanos. O importante é que a Santa Sé no plano internacional é considerada Pessoa Jurídica de
Direito Internacional pelos Estados estrangeiros, tanto que recebe e envia agentes diplomáticos e assina
tratados. Ela é membro de Organizações Internacionais e goza de imunidade de jurisdição diante dos
Tribunais internacionais. Tanto é verdade que a Santa Sé utiliza as concordatas para celebrar tratados
internacionais com Estados ou Organismos Internacionais. É uma convenção entre o poder temporal,
político e o poder espiritual, acerca de assuntos religiosos. Vale lembrar, que o Tratado de Latrão
reconhece à Santa Sé a soberania no domínio internacional e não ao Estado do Vaticano. O Estado do
Vaticano não possui Personalidade Jurídica de Direito Internacional. Percebe-se que a Santa Sé é tida
como um ente da sociedade internacional capaz de celebrar tratados internacionais, possuindo assim
capacidade, faculdade jurídica, como os Estados soberanos, as Organizações Internacionais, entre
outros que possuem capacidade de serem partes.

Palavras-chave: Santa Sé; Pessoa Jurídica.

Liberdade Religiosa e Relações entre Estado e Religião (2013)


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Anais do 1º Encontro de Pesquisa sobre Direito e Religião

A CONTRIBUIÇÃO DE JORGE AMADO NA IMPLEMENTAÇÃO DA LIBERDADE RELIGIOSA


NO ORDENAMENTO BRASILEIRO CORRELACIONADA AOS PENSAMENTO POLÍTICO-
FILOSÓFICO DE JOHN STUART MILL – Ana Carolina Roza Bonetti

Enquanto o país ansiava por um governo que defendesse as liberdades individuais e políticas
suprimidas durante a ditadura Vargas, promulgou-se a Constituição Federal de 1946, a mais
democrática Carta Magna brasileira antes da Constituição de 1988. Um fato pouco conhecido (mas
nem por isso menos importante) é a participação do escritor Jorge Amado, quando ainda atuava como
deputado federal, na formulação da Constituição de 1946. Tendo convivido com ialorixás, baianas,
babalaôs, ekedes, entre outros grupos reprimidos, além de tê-los representado em suas histórias
enquanto os via sendo espancados e presos, com muita astúcia passou a defendê-los. Embora a
República já houvesse garantido o Estado laico, no Brasil de então, qualquer culto religioso diferente
do católico romano, ainda que cristão, era assunto de polícia. Mediante tal realidade, o escritor
apresentou 15 emendas dentre elas a da não obrigatoriedade do ensino religioso nas escolas e a da
liberdade de culto religioso. Sob o mesmo enfoque, manifestou-se contrário à invocação da “proteção
de Deus” pelo preâmbulo da Constituição. Com a aprovação da emenda da liberdade de culto, essa se
tornou lei (converteu-se no art. 141, §7° da Constituição de 1946) e as mais diversas crenças e
manifestações religiosas passaram a ser protegidas. Segundo o próprio escritor, que também já teve em
vários momentos sua liberdade diminuída de maneira arbitrária: “a emenda funcionou, a perseguição
aos protestantes, a violação de seus templos, das tendas espíritas, a violência contra o candomblé e a
umbanda tornaram-se coisas do passado.” Tal conquista explicita com vigor a constatação de John
Stuart Mill de que as maiorias, ao passo que não tinham probabilidade de converter as minorias, se
viram na necessidade de conceder permissão para que essas pudessem divergir. Nota-se que tenho por
objetivo explanar acerca da tamanha conquista que Jorge Amado alcançou pro Brasil. Pretendo
fundamentar o porquê de se tratar de uma inestimável conquista; abordando a necessidade de promoção
da liberdade religiosa, muito bem justificada em conceitos de John Stuart Mill. Os quais, contidos em
seu livro “Sobre a Liberdade”, são ilustrados tanto por expoentes históricos quanto por seus argumentos
e críticas, que mesmo mais de 150 anos após tê-los pensado ainda são de extrema valia em prol da
evolução da humanidade concomitante à evolução da liberdade. Tive como metodologia a análise
textual, na qual realizei leitura de obras conceituadas e essenciais para a formulação de minha
explanação, além de textos assessórios que visivelmente poderiam acrescentar à temática. Depois, usei
da analogia e agreguei os conceitos que achei de maior pertinência para que pudesse correlacioná-los.
O resultado de tal processo consiste no aprofundamento do conhecimento acerca da instauração da
liberdade religiosa no ordenamento jurídico Brasileiro, suas peculiaridades, motivações e
consequências. Ou seja, por conseguinte, fica explícito a importância em se demonstrar a evolução
prática da liberdade religiosa no Direito Brasileiro junto a sua real necessidade de afirmação como
garantia da diversidade, conforme dizia Mill, para que se torne possível o progresso da sociedade.

Palavras-chave: Liberdade de Culto; Literatura Brasileira; Liberalismo.

Liberdade Religiosa e Relações entre Estado e Religião (2013)


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Anais do 1º Encontro de Pesquisa sobre Direito e Religião

IMUNIDADE TRIBUTÁRIA DAS INSTITUIÇÕES RELIGIOSAS – Altamirando Pereira da Rocha;


Crystianne da Silva Mendonça; Pablo Cardoso de Andrade

A imunidade tributária das instituições religiosas é consagrada constitucionalmente pela Magna Carta
brasileira. Segundo o artigo 150, inciso VI, alínea “b” da Constituição Federal é vedado a qualquer dos
entes da federação instituir impostos sobre os templos de qualquer culto. Assim sendo, não podem os
entes federativos instituir ou cobrar impostos que onerem o patrimônio, a renda e os serviços
correspondentes à finalidade dos templos religiosos. Tal imunidade está intimamente ligada com o
objetivo de proteção de liberdade religiosa, direito fundamental constitucional, para que os cidadãos
possam exercer livremente seu culto. O poder do Estado de exigir tributos é consequência de sua
soberania. Ocorre que esse poder não é absoluto, vez que, as imunidades tributárias consistem
exatamente em normas de estrutura que restringem a imposição tributária do Estado almejando a
efetivação de valores e princípios constitucionais. Contudo, ao possibilitar a imunidade sobre os
impostos dos templos religiosos, surge a seguinte dúvida: há violação ao princípio da igualdade fiscal,
com a concessão de imunidade tributária a essas instituições? No que diz respeito ao princípio da
igualdade fiscal, esse preceitua que nas relações jurídico-tributárias todos os contribuintes devem ser
tratados de forma igualitária. Embora se tenha uma diferenciação entre possíveis contribuintes, ao
conceder a imunidade de imposto às instituições religiosas, estar-se-á diante de uma exceção ao
princípio da igualdade fiscal. O presente trabalho tem como objetivo analisar a compatibilidade da
existência da imunidade tributária dos templos religiosos nos dias atuais, com os abusos cometidos
pelos administradores dessas instituições. Assim, analisa dados empíricos, jurisprudenciais,
doutrinários e documentais para verificar a necessidade da existência de imunidade tributária para os
templos de qualquer culto. Foi constatado pelos dados que ocorrem diversos abusos por parte dos
“proprietários” das instituições, que se utilizam da imunidade para se enriquecer e não para atender os
fins religiosos. Com isso, fica prejudicada sobremaneira a liberdade de expressão, devido a utilização
do benefício tributário concedido pela Constituição de forma inadequada. Também restam em prejuízo
os contribuintes, visto que, enquanto as instituições arrecadam altas quantias e não pagam um imposto
sequer, cada vez mais a carga tributária dos contribuintes aumenta.

Palavras-chave: Tributação sobre templos religiosos; Imunidade tributária; Templos religiosos;


Limitações ao poder de tributar.

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Anais do 1º Encontro de Pesquisa sobre Direito e Religião

DO PRINCIPIO DA IMUNIDADE TRIBUTÁRIA E A SOCIEDADE MAÇÔNICA – Naiana Zaiden


Rezende Souza; Juliano Rezende Lima

As imunidades tributárias estão previstas no artigo 150 da Constituição Federal de 1988. De acordo
com o inciso VI, alínea “b”, é vedado à União, aos Estados e ao Distrito Federal e aos Municípios,
instituir impostos sobre templos de qualquer culto. Tendo o enunciado acima como diretriz,
corriqueiramente vemos ações nos tribunais requerendo o reconhecimento como uma das entidades que
têm o privilégio, para que possam usufruir da isenção de impostos. Opiniões divergem acerca de quais
entidades seriam protegidas pela prerrogativa, chegando ações até mesmo ao STF com o intento de
discutir o âmbito de amplitude do dispositivo. Hodiernamente, se considera que a imunidade tributária
estaria intrínseca ao direito fundamental de liberdade de crença religiosa, não podendo ser esse
oprimido pelo ônus dos impostos. Em outras palavras, a imunidade consubstanciaria um meio de que
o Estado se vale para evitar embaraços à livre manifestação da religiosidade. Valendo-se dessa
premissa, a loja maçônica “Grande Oriente”, no estado do Rio Grande do Sul, requereu a imunidade
tributária alegando que a Maçonaria poderia ser entendida por comparação, como uma religião e,
portanto, sendo seus templos e cultos detentores da isenção. O pleito foi indeferido tanto pelo Juízo
quanto pelo Tribunal de Justiça Estadual e pelo STF. Segundo o entendimento revelado no acórdão
recorrido, maçonaria não é religião, mas uma confraria que professa certa filosofia de vida, e não tem
a natureza de entidade assistencial. O presente trabalho analisará se a Maçonaria é, nas palavras do
Ministro Ricardo Lewandowski, “um estilo de vida, na busca do que ela mesma denomina de
aperfeiçoamento moral, intelectual e social do Homem e da Humanidade” ou é, de acordo com o
Ministro Marco Aurélio, “uma corrente religiosa, que contempla física e metafísica. São práticas
ritualísticas que somente podem ser adequadamente compreendidas no interior de um conceito mais
abrangente de religiosidade. Há uma profissão de fé em valores e princípios comuns, inclusive em uma
entidade de caráter sobrenatural capaz de explicar fenômenos naturais – basta ter em conta a constante
referência ao ‘Grande arquiteto do Universo’, que se aproxima da figura de um deus. Está presente,
portanto, a tríplice marca da religião: elevação espiritual, profissão de fé e prática de virtudes”. Para
tanto, embasar-nos-emos metodologicamente na análise de livros, teses, leis, e artigos sobre a
imunidade tributária e, mais especificamente, sobre a sociedade maçônica tendo como cerne doutrinas,
jurisprudências, normas legais e até o caso concreto que ilustra o presente trabalho. Por fim, a conclusão
analisará os dois posicionamentos acerca da concessão da imunidade tributária para a sociedade
maçônica, além de concluir todas as indagações feitas ao longo do artigo, findando com a análise do
caso, se a maçonaria estaria ou não albergada pela prerrogativa.

Palavras-chave: imunidade tributária; religião; maçonaria; equiparação.

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Anais do 1º Encontro de Pesquisa sobre Direito e Religião

IMUNIDADE TRIBUTÁRIA DE TEMPLOS DE QUALQUER CULTO: ESTUDO DE CASO –


Eduardo Henrique de Macedo Oliveira

O art. 150, inciso VI, b, da Constituição Federal dispõe que é vedado à União, aos Estados, ao Distrito
Federal e aos Municípios instituir impostos sobre templos de qualquer culto. A despeito da diferença
conceitual que existe entre religião e culto, e em que pese o texto constitucional referir-se a “qualquer
culto”, a doutrina jurídica tem circunscrito a imunidade insculpida no art. 150, inc. VI, b, sob o rótulo
de “imunidade religiosa”, tendo em vista a intepretação história deste dispositivo. Também nossos
tribunais palmilham no mesmo sentido: em setembro de 2012, o Supremo Tribunal Federal decidiu que
a maçonaria não é religião e, assim, não pode ser beneficiada pela imunidade religiosa. Não obstante,
também de forma exótica, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal já havia decidido que a maçonaria
é religião maior e universal, no sentido estrito do vocábulo, isto é, na harmonização da criatura ao
Criador. E a Primeira Câmara do Conselho Municipal de Contribuintes de Uberlândia, com mais
sobriedade, decidiu que a prática de terapias alternativas não descaracteriza um tempo como religioso.
O objetivo deste trabalho é demonstrar, por meio da análise interna de decisões judiciais e
administrativas e com base em pesquisa bibliográfica, primeiramente, a gravidade do problema
apresentado: se a imunidade deve ser conferida somente a templos religiosos, como poderão nossos
tribunais dizer qual culto é religioso ou qual templo não é religioso? Uma entidade mantenedora apenas
de um templo dedicado a um culto agnóstico ateísta não seria contemplada com a imunidade do IPTU,
porque o culto não foi julgado religioso pelo Estado, mesmo havendo símbolos, iniciação, ritual ou
liturgia ligados à preservação, veneração e adoração da Natureza? Em momento posterior, este trabalho
ampara-se na pesquisa bibliográfica e no método dialético, para demonstrar que seria algo extravagante
o Estado querer repudiar princípios religiosos ou filosóficos ao afirmar ou negar a existência de um
culto religioso. Assim procedendo, o Estado estaria se afastando da neutralidade histórica a que,
sabiamente, se votou. E não poderia impor sua teoria que refugiaria, sempre, do campo do Direito. Em
última instância, isto seria decretar a oficialização de doutrinas, religiões ou princípios filosóficos via
concessão de imunidade. O Supremo Tribunal Federal, assim julgando caso a caso, acabaria por
elaborar um index de religiões reconhecidas pelo Estado e tributariamente imunes. Por fim, conclui-se
que para evitar ofensa a direitos e garantias fundamentais e não caminhar na contramão dos progressos
já realizados, a melhor solução seria ampliar o entendimento e conferir imunidade tributária aos
“templos de qualquer culto” e não somente aos templos de culto religioso. Entretanto, considerando
que tanto a jurisprudência pátria quanto a doutrina rotulam a imunidade sob comento como “imunidade
religiosa”, necessário se faz adaptar-se ao pensamento dominante em voga e adotar, por meio de
criterioso bom-senso, prudência e razoabilidade, uma interpretação da regra imunizante que, embora
restrita apenas à imunidade de templos religiosos, ofereça possibilidades mais largas ao intérprete, a
fim de que não ganhe campo nenhuma forma de preconceito ou discriminação.

Palavras-chave: Imunidade; Templos; Culto; Maçonaria.

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Anais do 1º Encontro de Pesquisa sobre Direito e Religião

A BIOÉTICA E A RELIGIÃO COMO FORMA DE EFETIVAR A PROTEÇÃO ANIMAL – Susane


Marangoni Molina

A Bioética tem se mostrado um assunto muito em pauta nas discussões hodiernas. Tendo em vista a
necessidade que o ser humano encontra em repensar suas ações referentes aos mais diversos eixos
temáticos, tem sido utilizada para que haja uma maior sustentabilidade e uma possível preservação
global. Busca, assim, propiciar um maior respeito ao bem-estar animal diante das inúmeras atrocidades
e abusos recorrentes. A religião está presente na vida de grande parte da população mundial e,
independente de qual seja, busca assegurar um comportamento ético e moral adequado, que se
aproxime da compaixão, da caridade e que seja coerente com a bondade doutrinada pelos líderes
religiosos. Isso ocasionaria uma aproximação a Deus e uma melhoria na qualidade de vida de que a
pratica e de quem é atingido por ela. Os animais, sempre presentes e essenciais à vida dos seres
humanos, têm sido tratados com mais atenção, ao passo que tem sido valorizada sua ciência e tem se
pensado sobre sua dignidade, sua proteção, seu bem-estar. Examinados nas questões religiosas e
também nas referentes às bioéticas, são o alvo deste estudo por se acreditar que sejam dignos de uma
maior atenção, respeito e proteção. Dessa forma, defende-se que seja possível conciliar a bioética, as
religiões e a proteção animal. Na verdade, acredita-se que essa união só tem a acrescentar uma melhor
efetividade e aplicabilidade das normas protetivas à fauna e que buscam assegurar o bem-estar, bem
como permitir que haja um pensamento ético eficaz e, portanto, capaz de aflorar nas ações humanas e
em um real espírito humano, social e solidário.

Palavras-chave: bioética; religião; animal; bem-estar

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Anais do 1º Encontro de Pesquisa sobre Direito e Religião

BIOÉTICA E LIBERDADE RELIGIOSA NA HUMANIZAÇÃO DOS SERVIÇOS DE SAÚDE –


Noemi Cristina de Melo

A humanização dos serviços de saúde busca um atendimento ao indivíduo de forma integral, a fim de
alcançar a satisfação de suas necessidades físicas, psíquicas e sociais, garantindo a ética dos serviços e
o aprimoramento do tratamento. À medida que a Bioética discute as interfaces da saúde e da vida
humana, considerar a Liberdade Religiosa dos indivíduos desafia a construção dos planejamentos de
saúde. Visa-se compreender a inter-relação entre a Bioética e a Liberdade Religiosa nos âmbitos dos
serviços de saúde de forma a participar de sua Humanização de acordo com o crescimento da autonomia
individual. A pesquisa realizada é de ordem teórico-bibliográfica e documental, procurando-se
examinar a literatura especializada e a legislação pertinente. Entende-se que a liberdade de consciência,
crença e culto, defendida pela Constituição Federal vigente, intervém na construção dos serviços de
saúde uma vez que se discutem as obrigações éticas da tentativa de humanizar a prevenção e promoção
da saúde da população. A dignidade humana do indivíduo e a prudência na previsão e vigilância do
profissional da saúde permitem a definição da conduta frente ao respeito da liberdade proposta aos
cidadãos.

Palavras-chave: Bioética; Liberdade Religiosa; Humanização; Saúde.

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ESTADO, RELIGIÃO, SEXUALIDADE E GÊNERO – Willian Monteiro Gimenes

O patriarcalismo é um sistema cultural de opressão que está presente em quase todas as sociedades
humanas e tem reflexos diretos no ordenamento jurídico brasileiro. A religião cristã, predominante na
cultura ocidental, reforça o patriarcado e corrobora com o sistema jurídico-cultural de opressão de
gênero e da diversidade sexual. Neste sentido faz-se necessário que a doutrina do direito faça uma
análise histórica desta opressão para que possa detectar em suas estruturas normativas aquelas que se
mostram fruto do patriarcado, muitas vezes introduzidas num período em que Estado e religião se
confundiam. É indispensável compreender os novos formatos das famílias, como o casamento
homoafetivo, a monogamia sequencial e, inclusive, os casamentos poliafetivos, na medida em que eles
acontecem e demandam respostas do ordenamento jurídico, que não pode ser omisso, que não pode ser
cristão, que tem de respeitar a liberdade e a dignidade da pessoa humana. Em contrapartida temos um
sistema legislativo democrático, que além de significar igualdade, significa também influência da
ideologia majoritária cristã na criação das leis, concretizando no ordenamento jurídico valores
religiosos, não de imposição da religião em si, mas, por exemplo, de imposição do casamento
heterossexual e monogâmico. Para além disso, é necessário criticar o sistema binário de gênero que é
estabelecido pelo direito, este sistema que só reconhece a existência de masculino e feminino é também
reflexo do patriarcado e do cristianismo que não responde às demandas das pessoas transgêneros ou
terceiro gênero. Assim, é preciso que a doutrina do direito explore os conceitos, para que dê aos juristas
novas possibilidades interpretativas, maneiras de neutralizar o conteúdo patriarcal e opressor do direito,
promovendo maior justiça e liberdade, protegendo as minorias que estão vulneráveis diante da moral
hegemônica. O direito não pode mais sustentar o patriarcalismo, num tempo histórico no qual ele
perdeu suas razões para existir.

Palavras-chave: patriarcalismo; gênero; diversidade sexual; cristianismo.

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FEMINISMO ISLÂMICO COMO HERMENÊUTICA – Anna Vera Drummond Oliveira e Rocha

O lugar da mulher sempre foi um não lugar. Sua presença na História é marcada pela ausência. O
homem sempre foi pensado sem a mulher. Na história do Gênese, Eva é extraída de um osso
supranumerário de Adão. Para Aristóteles, “a fêmea é fêmea em virtude de certa carência de
qualidades". Assim, a humanidade é tida como masculina, a mulher não é definida de maneira
autônoma, mas em relação ao homem. Na história, a Inquisição da Igreja Católica foi implacável com
as mulheres que desafiassem os dogmas por ela pregados. Mas na denominada primeira onda feminista,
nas últimas décadas do século XIX, as mulheres, sobretudo na Inglaterra, organizaram-se para
reivindicar seus direitos. Dentre eles, o voto. Após um longo período de retração dos direitos das
mulheres, a segunda onda veio com a publicação do livro “O Segundo Sexo”, de Simone de Beauvoir,
que estabeleceu uma das mais históricas frases feministas: “não se nasce mulher torna-se mulher”.
Nessa linha, nas últimas décadas, emergiu o denominado feminismo islâmico. Tal corrente propõe a
interpretação do Corão, buscando a igualdade de gênero. O feminismo islâmico procura explicar que a
ideia de igualdade entre homem e mulher é um preceito da noção corânica de igualdade de todos os
“insan” (seres humanos) e através de tais argumentos, reclamam por igualdade no Estado, nas
instituições civis e no cotidiano. Ressalta-se que este feminismo nascido nas culturas islâmicas tendem
a encaixar a teologia e as tradições corânicas em seu sistema jurídico, por meio do que se denomina,
no direito islâmico, de Usul al fiqh, procedimentos e técnicas que são utilizados na aplicação das
normas no caso concreto. Faz-se necessário que tais mecanismos abram possibilidades para a adaptação
da sharia aos tempos atuais, considerando as limitações hermenêuticas impostas por esta. Dessa forma,
as técnicas como a Usul al fiqh, reafirmam uma forma de hermenêutica corânica que possibilitam uma
reinterpretação da sharia. O feminismo islâmico vem como um movimento global, no qual as mulheres
se voltam ao Corão para defender a igualdade de gêneros. Tem-se, em tal corrente, a epistemologia do
Corão como algo antipatriarcal, na qual esta se baseia na rejeição de um Deus androcêntrico,
ressaltando ainda que as escrituras não privilegiam o homem como espécie biologia, embora tenha os
chamados versos “antimulher”. Por fim, as escrituras são consideradas atemporais, devendo agregar
uma série de possibilidades históricas. Tem-se uma visão mais abrangente do Corão do que a leitura de
versos isolados. Assim, busca-se não mais respostas para a parcialidade sexual embasadas em uma
tradição legal ou em função da exegese e do Direito, mas há a preocupação acerca dos limites éticos de
um Deus justo e não representável. O Corão, tal como disse Mahmud Mohamed Taha, é “a metodologia
de ascensão de um Deus” e é esse aspecto sagrado que guia o atual exercício hermenêutico.

Palavras-chave: Feminismo; Igualdade de gêneros; Hermenêutica; Corão.

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Anais do 1º Encontro de Pesquisa sobre Direito e Religião

TÓPICOS SOBRE LEX NATURALIS EM SÃO TOMÁS DE AQUINO – Júlio César Ferreira Cirilo;
Suzane Marangoni Molina; Adailton Santos Costa

Através conjugação entre racionalidade e fé revelada, São Tomás de Aquino formula que a proposta de
que o direito natural, enquanto plano terreno, esteja condicionado à condição humana, que é imperfeita
e mutável; ao passo que o plano divino é imutável, eterno, permanente. Neste sentido, o direito (obra
terrena, humana) não pode conter todo o plano divino. Objetivos. O presente artigo pretende demonstrar
elementos da doutrina de S. Tomás de Aquino na formulação de propostas quanto a natureza das leis,
do direito e da limitação deste direito na materialização do plano divino. Metodologia. Por meio de
pesquisa qualitativa básica, de cunho bibliográfico, faz-se uso tanto dos conhecimentos jurídico-
filosófico e teleológico ao buscar-se a especulação conducente ao cerne conceitual subjetivo, qual seja,
a abordagem do “direito natural” na doutrina de S. Tomás de Aquino. Resultados e conclusão. Na
doutrina de S. Tomás de Aquino, a lei natural deve estar em sintonia com a lei natural e com os preceitos
divinos, ainda que todo o direito (obra terrena) não possa materializar ou expressar o plano divino.
Tanto quanto a leis humanas, fruto da racionalidade, visam a felicidade temporária no plano terreno; as
leis morais derivadas do direito natural, em consonância com o plano divino, visam a felicidade eterna
no plano cósmico.

Palavras-chave: direito natural; S. Tomás de Aquino; leis divinas; felicidade; racionalidade.

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Anais do 1º Encontro de Pesquisa sobre Direito e Religião

FUNDAMENTOS DO INSTITUTO DA INTERVENÇÃO HUMANITÁRIA NO CONCEITO


DOUTRINÁRIO CATÓLICO MEDIEVAL DE "GUERRA JUSTA" – Júlio César Ferreira Cirilo;
Suzane Molina Marangoni

Tendo como precursores de uma “teoria da intervenção humanitária” os intelectuais Francisco de


Vitória, Hugo Grotius, Francisco Suárez e Emer de Vattel; a formulação de um “direito à intervenção
humanitária” foi amplamente influenciada pelo conceito de guerra justa desenvolvido por Santo
Agostinho, Santo Ambrósio, São Tomás de Aquino. Uma das finalidades deste conceito era o de definir
quando o uso da força seria justificável, sobretudo, para a defesa dos posicionamentos doutrinários
cristãos- católicos. Objetivos: O presente artigo pretende demonstrar a influência doutrinária cristã, de
matiz católica, na formação de um “direito à intervenção humanitária”, no contexto do pensamento
jurídico-filosófico eurocêntrico-ocidental. Metodologia: Faz-se uso tanto do conhecimento filosófico
ao buscar-se o conhecimento especulativo conducente a conceitos subjetivos que deem sentido aos
fenômenos conceituais hora abordados; quanto ao conhecimento científico fundamentado em método
hipotético-dedutivo de análise bibliográfica. Trata-se portanto, de pesquisa qualitativa, básica, de
caráter bibliográfico e documental, ambos quanto ao procedimento. Resultados e conclusão: A
aplicação do instituto da “intervenção humanitária” é relativizado por parte dos juristas e intelectuais,
em respeito ao princípio da supremacia da soberania que, conduz consequentemente, a maior relevância
da garantia de não-intervenção estatal externa na condução da política interna de um governo num dado
país. Neste sentido, nota-se a permanência da relevância das garantias dadas ao modelo estatal moderno
e contemporâneo, a partir do evento denominado “Sistema de Vestefália” de 1648. Em tal contexto, o
axioma da não-intervenção externa surge como dever-direito da soberania política e, é por vezes
prejudicial à defesa da dignidade humana quando, ao ser invocado, impede a efetiva e eficiente proteção
dos direitos humanos.

Palavras-chave: jus in bellum; intervenção humanitária; guerra justa; direitos humanos; catolicismo.

Liberdade Religiosa e Relações entre Estado e Religião (2013)


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