Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Botanica v2 02
Botanica v2 02
Introdução
Os objetivos deste capítulo são:
Para iniciar a nossa busca por esses objetivos, vamos primeiramente entender melhor qual
o real objeto de estudo da ciência Botânica. O título deste capítulo é a seguinte pergunta:
RedeFor
Fig. 2.1 Folha de Elódea observada ao microscópio / Fonte: Suzana Ursi
Você lembra?
No capítulo anterior, buscamos diversas formas contextualizadas de apresen-
tar a Botânica no Ensino Médio, tendo sido uma delas a relação arte-ciência.
O diálogo arte-botânica ocorre por meio da interpretação de uma peça teatral de autoria
de um dos maiores escritores brasileiros - Machado de Assis, intitulada “Lição de Botânica”.
Você está convidado a ouvir a narração dessa peça; posteriormente, faça uma atividade
de interpretação. Antes de escutar a narração, é importante que você saiba em quais
aspectos da peça deve focar a atenção para depois executar a atividade:
Pensando nesses três aspectos acima, escute a narração da peça teatral “Lição
de Botânica” acessando o link: http://midia.atp.usp.br/video/redefor/ensino-biolo-
gia/Redefor-Mod4-EnsBiologia-LicaodeBotanica-Eduardo.mp3
Aula 2 Afinal, o que é estudado em Botânica? 29
RedeFor
Fig. 2.2 Exemplos da biodiversidade do nosso planeta / Fonte: CEPA (montagem), Thinkstock (fotografias)
Tais organismos podem ser agrupados de diferentes formas. Neste capítulo, vamos apre-
sentar vários tipos de classificação biológica abordando algumas “pinceladas históricas”
para que você entenda como as classificações foram sendo modificadas ao longo do
tempo. Faremos isso até chegar às mais recentes, construídas com base em abordagens
filogenéticas, que utilizam tanto dados morfológicos quanto moleculares e bioquímicos
em suas análises.
Você lembra?
Na disciplina de Evolução já estudamos um pouco sobre essa forma
bastante moderna de classificar os organismos, a Filogenética. Sendo essa
forma de classificação mais aceita e utilizada no meio acadêmico, também
ocorre atualmente um verdadeiro “bombardeio de cladogramas” nos mate-
riais didáticos.
Reveja o material “Introdução à Filogenética para professores de Biologia”
acessando o link: http://www.botanicaonline.com.br/geral/arquivos/
Filogen%C3%A9tica%20para%20Professores%20de%20Biologia.
MonteiroUrsi.2011.pdf
Se, por um lado, isso representa uma transposição didática que aproxima mais os
saberes acadêmicos dos escolares, por outro lado, gera um problema na medida em que
30 Botânica
os próprios professores ainda não entendem com total clareza tais representações da evo-
lução. O que dizer então das dificuldades dos estudantes?
É necessário que o professor se aproprie dos princípios mais básicos da construção de
um cladograma para poder auxiliar os estudantes na tarefa de interpretá-los corretamente.
Vamos apresentar outro material que pode ajudá-lo a compreender
um pouco mais sobre a filogenética. Perceba que esse material foi
Para ver a animação aces-
se o link: http://www.ib.usp.
desenvolvido mais especificamente para a Zoologia, mas podemos
br/md/arquivos/evolucao.FLA.swf utilizá-lo sem problemas, uma vez que os princípios de classifica-
ção são os mesmos.
Agora vamos refletir um pouco mais sobre a classificação filogenética; voltemos às
figuras:
Você diria que o cogumelo é mais próximo, em termos evolutivos, da rosa ou do ser
humano? Que critérios você utilizou para formular sua resposta?
Os cientistas, assim como você fez para responder à enquete, também utilizam critérios
para determinar quais as relações evolutivas entre os diversos organismos que compõem
a biodiversidade. Como já vimos, atualmente, esses critérios evolutivos se refletem na
RedeFor
classificação dos grupos. Mas a abordagem nem sempre foi essa.
Para compreender melhor a diversidade de seres estudados na Botânica, bem como a
sua evolução e a classificação, é necessário fazermos um pequeno histórico da classifica-
ção biológica geral ao longo do tempo.
RedeFor
Fig. 2.5 Vista de Inverno do Jardim Botânico onde Lineu trabalhava (Uppsala,
Suécia). / Fonte: cortesia de Suzana Ursi
32 Botânica
RedeFor
Fig. 2.7 A árvore evolutiva proposta por Haeckel em 1866. / Fonte: Domínio público
Aula 2 Afinal, o que é estudado em Botânica? 33
RedeFor
Figura 2.9 Ilustração do resumo do desenvolvimento da classificação biológica / Fonte: CEPA
34 Botânica
RedeFor
Fig. 2.11 A árvore filogenética universal da vida criada por Woese, dividindo os seres vivos em três grandes domínios. / Fonte: CEPA
RedeFor
Fig. 2.12 Representação esquemática
de filogenia de consenso dos eucario-
tos, baseada na árvore proposta por
Baldauf em 2003. / Fonte: Retirado
de Wanderley, A. e Ayres, L.M. Reco-
nhecimento dos grandes grupos de
plantas. In. SANTOS, D.Y.A.C.; CHOW,
F. e FURLAN, C.M. (Orgs). A Botânica
no cotidiano. 1ª Ed. São Paulo: Univer-
sidade de São Paulo, 2008. 124 p.
RedeFor
Fig. 2.13 Hipótese da filogenia da linhagem das plantas verdes. Nomes entre aspas não correspondem a cate-
gorias taxonômicas, pois não são monofiléticos. / Fonte: Modificado de Wanderley, A. e Ayres, L.M. Reconhe-
cimento dos grandes grupos de plantas. In. SANTOS, D.Y.A.C.; CHOW, F. e FURLAN, C.M. (Orgs.). A Botânica no
cotidiano. 1ª Ed. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2008. 124 p.
Os organismos unidos sob a denominação “algas” são muito distintos em termos filoge-
néticos, como pudemos notar pelo esquema proposto por Baldauf em 2003. Dedicaremos
a próxima aula, exclusivamente, ao seu estudo, pois o grupo é chave para o entendimento
da evolução dos vegetais. Além disso, é quase totalmente negligenciado no Ensino Bási-
co, apesar de ser importante parte do nosso cotidiano, como veremos na próxima aula.
As plantas chamadas “Briófitas” pertencem a três filos atuais: Hepatophyta (hepáticas),
Anthocerophyta (antóceros) e Bryophyta (musgos). Os estudos mais recentes apontam
que os musgos são o grupo mais próximo das Tracheophyta, mas ainda não existe um
consenso a esse respeito.
As “briófitas” são organismos avasculares, mas, diferentemente das “algas”, possuem
gametas envolvidos por uma camada de células estéreis. Esse envoltório protege os game-
tas contra dessecação e representa um grande passo para a sua sobrevivência no meio
terrestre, embora sobrevivam apenas em locais úmidos e pouco iluminados, e atinjam
apenas poucos centímetros de comprimento. Neste grupo, o gametófito (haploide, n) é
a fase dominante e o esporófito (diploide, 2n) é dependente do gametófito. Briófitas não
possuem sistema radicular. Assim, a absorção de água e sais minerais é feita por rizoides
localizadas na porção inferior do talo. Além da ausência de vasos condutores e de meca-
nismos eficientes para a conservação da água absorvida, a distribuição do grupo é limita-
da pelo fato de os gametas masculinos se moverem por flagelo, implicando a necessidade
de um meio aquoso para haver a fecundação.
Aula 2 Afinal, o que é estudado em Botânica? 37
RedeFor
Fig. 2.16 Exemplo de “Pteridófitas” pertencente ao filo
Pterophyta (avencas e samambaias), Sphenophyta (cavali-
nhas) e Psilotophyta (psilotum). / Fonte: CEPA (montagem),
Thinkstock (fotografias)
Reflexão
1. Baseando-se em nossa definição de planta, os seres popularmente
chamados de plantas parasitas (aclorofiladas) são plantas?
2. A autora Simone R. Salomão desenvolveu um interessante trabalho
de doutorado sobre a utilização da peça “Lição de Botânica” em sala
de aula. Segundo a pesquisadora Simone, seu trabalho
procura investigar e compreender as aproximações entre
ciência e literatura e entre linguagem científica e linguagem
literária, suas relações com o ensino e a aprendizagem em
ciências e o possível papel potencializador do texto literário
na aprendizagem de conteúdos científicos no Ensino Funda-
mental. Para tanto, utiliza como fio condutor da pesquisa a
peça Lição de Botânica, de Machado de Assis, a partir da qual
são geradas questões para a discussão teórica e caminhos
para a pesquisa empírica. Tal pesquisa, implementada com
turmas de sexta série de uma escola pública de Macaé – RJ,
constitui-se da apresentação de uma montagem da peça aos
alunos, discussão junto a eles sobre a peça, atividades escritas
e montagem de um herbário. As atividades escritas, realizadas
antes e após a apresentação da peça, incluíram questionários
de perguntas abertas e exercícios que solicitaram dos alunos
RedeFor
reflexão e análise sobre a peça e, em particular, sobre aspec-
tos relacionados com a botânica e sua linguagem e, ainda,
sobre a própria atividade científica.
Acesse o link para ver o trabalho completo: http://www.uff.br/pos_educa-
cao/joomla/images/stories/Teses/simonesalomao.pdf
Glossário
Cladograma: Representação gráfica que procura traduzir as relações de parentesco entre
as diferentes espécies ou grupos de espécies. Os pontos onde os ramos se ligam (ou nós)
correspondem a uma ou mais características pertencentes a um ancestral comum descon-
hecido, mas que estão presentes com exclusividade em todos os seus descendentes.
Cladograma. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2012. [Consult. 2012-
01-09]. Disponível na www: <http://www.infopedia.pt/$cladograma>.