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Educação Matematica e Curriculos
Educação Matematica e Curriculos
e Currículos
Material Teórico
Ideias de Currículo e Desenvolvimento Curricular
Revisão Textual:
Profa. Ms. Fatima Furlan.
Ideias de Currículo e Desenvolvimento
Curricular
Currículo não pode entendido como uma lista de conteúdos relacionados com objetivos,
metodologia e avaliação de um programa de ensino. Esperamos que você compreenda o
Currículo como um plano de ação pedagógica, objetivando a formação crítico-social de
crianças, jovens, adultos e idosos, constituído por princípios que promova um processo
educativo emancipatório, autônomo e reflexivo.
É importante que você leia o texto proposto, destaque os pontos que achou mais interessante
e marque as partes que deve dificuldade para compreender. Nesse caso, utilize o espaço de
discussão on line e socialize suas dúvidas, esse é um procedimento que contribuirá para que
você atribua significado ao que está sendo sugerido. Caso você se interesse em ampliar os
conhecimentos sobre Currículo, poderá realizar a leitura de textos indicados nas referências
bibliográficas ou de outras obras sugeridas ao longo da unidade.
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Unidade: Ideias de Currículo e Desenvolvimento Curricular
Contextualização
A imagem acima traz a capa do jornal Folha de São Paulo, edição de 18 de junho de 2013,
que retrata a onda de manifestações ocorridas naquele mês em diferentes regiões do Brasil e
que você deve se lembrar. ‘Contra tudo’ e por mudanças, milhares vão às ruas no país – é a
principal manchete do jornal. Mas, o que o assunto abordado pela manchete tem a ver com
currículo? Para ajudar a você a pensar nessa questão, vamos propor outras: o que entendemos
por educação e qual educação desejamos para as crianças, jovens, adultos e idosos de nosso
Brasil? O que podemos fazer, na condição de estudantes e de professores, para que a educação
contribua para uma formação crítico-social, que desenvolva, nos alunos, a autonomia e a
reflexão acerca dos problemas da sociedade brasileira? É importante considerar que no bojo
desse processo formativo o currículo tem fundamental importância para desenhar e delimitar o
plano de ação do fazer pedagógico. É o currículo que vai possibilitar o fazer pedagógico para
colocar a educação que desejamos na agenda das ações realizadas. Nesse sentido, provocamos
você a refletir: qual a importância de se discutir currículo na sua formação inicial?
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O Emergir do Termo Currículo
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Unidade: Ideias de Currículo e Desenvolvimento Curricular
Uma pergunta que possivelmente esteja nos incomodando até aqui é: O que é currículo?
Esse termo foi “dicionarizado” pela primeira vez em 1663, no Oxford English Dictionary,
com o significado de um curso escolar ou universitário. Algumas vezes localiza-se a origem do
termo currículo na antiguidade clássica, porém a certeza que se tem é que a realidade escolar e
a realidade curricular sempre coexistiram, sugerindo que seu significado – uma trajetória a ser
seguida – se impôs no vocabulário escolar, conforme considera José Augusto Pacheco, educador
e pesquisador português.
Ele expõe ser recente a origem do vocábulo currículo, o qual apresenta uma concepção
de organização do processo de ensino ou de disciplina. A ideia de disciplina está associada
às ideias de João Calvino; disciplina seria a essência do calvinismo e nesse pensamento, há
uma relação entre currículo e disciplina: currículo estaria para as ações educativas calvinistas e
disciplina, para as ações sociais (PACHECO, 2001, 2005).
Do ponto de vista religioso de João Calvino, a vida assemelhava-se a uma corrida, ou trilho
de corrida, no sentido de uma trajetória, o que possivelmente o fez ter se apropriado do termo
curriculum – uma pista de corrida do Circus Maximus, arena de entretenimento na antiga
Roma – que descrevia a trajetória, percurso, o modo de vida que se deveria prosseguir. (DOLL
JR., 2004).
No sentido de um projeto que perpassa o sistema de escolarização, o conceito de currículo
sofreu, e tem sofrido, modificações que vão de uma concepção restrita de um programa de
ensino a um projeto de formação. Essas modificações têm causado a polissemia do termo que
representa um conceito utilizado com duas tradições diferentes.
Pacheco (2005) expõe que a primeira tradição representa um ponto de vista técnico de
entender a escola e a formação, tendo início no período da Idade Média, a partir do ensino
do Trivium e Quadrivium – dois grupos de disciplinas que englobavam as artes liberais,
incluindo, respectivamente, a lógica (ou dialética), a gramática e a retórica; e a aritmética, a
música, a geometria e a astronomia.
Nessa tradição, o currículo é definido no sentido de um plano organizador da aprendizagem
num contexto educacional, projetado a partir de propósitos e a determinação de ações formais,
por meio da formulação de objetivos; desse modo,
A segunda tradição está ligada a uma perspectiva prática e emancipatória de uma relação
recíproca dos diversos contextos de decisão, o que imprime ao currículo o significado de
um projeto resultante não apenas da planificação das intenções, mas da planificação de sua
realização no seio de uma estrutura organizacional.
Nessa tradição, as definições de currículo indicam um conjunto das experiências de
escolarização vivenciadas pelos alunos, dentro do contexto escolar, que dependem, todavia, de
intenções prévias e/ou como objetivos flexíveis. Nessa perspectiva, “um currículo é uma tentativa
de comunicar os princípios e aspectos essenciais de um propósito educativo, de modo que
permaneça aberto a uma discussão crítica e possa ser efetivamente realizado” (STENHOUSE,
1984, p. 29).
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Unidade: Ideias de Currículo e Desenvolvimento Curricular
No campo da educação, esse termo é entendido como uma trajetória pela qual o aluno
deve passar em sua vida escolar, constituída pelos conteúdos a serem ensinados, objetivos,
metodologias, avaliação e demais iniciativas tomadas pelos profissionais da instituição formativa
a fim de promover a formação de crianças, jovens, adultos e adolescentes.
O currículo como objeto de estudo e pesquisa surge como foros de cidadania epistemológica
com os trabalhos de Jonh Dewey, John Franklin Bobbit, Werrett Wallace Charters, e Ralph Tyler, no
interior das universidades norte americanas, nos anos 1920, quando da criação dos departamentos
de currículo e instrução, associados, no entanto, ao estudo de políticas educacionais.
Esse período foi marcado pelo processo de industrialização e pelos grandes movimentos de
migração, intensificando a massificação da escolaridade e tornando necessária uma discussão a
respeito da administração educacional, com o intuito de racionalizar os processos de elaboração,
desenvolvimento e avaliação de currículo.
Nesse contexto, sob um modelo institucional tendo a fábrica e o sistema administrativo
baseado no fordismo-taylorismo como paradigmas, o governo estadunidense elege um grupo
com a responsabilidade de propor políticas educacionais sob um projeto de currículo em que os
alunos deveriam ser concebidos como um modelo fabril. Tratava-se de uma estrutura curricular
produto da pressão de grupos políticos, econômicos e culturais, os quais procuravam cingir os
objetivos e o desenho educacional de massa conforme suas concepções.
Nesse cenário crucial da história da educação estadunidense, Franklin Bobbit, em 1918,
publica o livro The Curriculum, tido como marco do estabelecimento do currículo como
campo especializado de estudo.
As ideias de Bobbit (1918) a respeito de currículo atende, no entender de Pacheco (2005),
as necessidades dos mentores da política educacional norte-americana dos anos 1920, evidente
na especificação precisa de objetivos, procedimentos e métodos para a obtenção que poderiam,
e podem ser mensurados.
A concepção curricular de Franklin Bobbit reside na tradição técnica. Pacheco (2005) destaca
a seguinte prescrição de Bobbit, presente no livro How to make a curriculum, publicado em
1924, que fundamenta nossa afirmação: “a educação é essencialmente para a vida adulta, não
para a vida infantil. A sua responsabilidade fundamentalmente é preparar para os cinquenta
anos de vida adulta e não para os vinte anos de infância e adolescência”.
Possivelmente por essa concepção de formação, ele define currículo de dois modos:
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O autor também faz referência aos objetivos, propondo-os como elementos que estruturam
o processo formativo escolar:
No livro How to make a curriculum, o autor resume a ideia de currículo a 821 objetivos
que são contemplados por 10 dimensões, aproximando as atividades educacionais à forma de
uma engenharia do currículo. Para o autor,
A publicação, em 1950, do livro Basic Principles of curriculum and instruction, de Ralph Tyler,
influenciou o processo educacional de diversos países, inclusive o Brasil, que nessa época contava
com as primeiras escolas profissionalizantes para atender as necessidades formativas da classe
trabalhadora. Esse autor passou a influenciar a educação principalmente porque associou as ideias
dos eficientistas sociais com os princípios de Dewey, definindo como fonte para as finalidades os
estudos sobre os alunos, o modo de vida contemporânea e os conteúdos específicos.
Embora o objetivo de Ralph Tyler não tenha sido o de tornar o livro um manual, no entender
de Pacheco (2005, p. 87) “o certo é que rapidamente se converteu num best-seller curricular,
já que tem sido compreendido como uma proposta teórica quer para a conceptualização do
currículo, quer para a organização das práticas curriculares”.
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Explore
A revista Nova Escola, nº 209, edição de janeiro/fevereiro de 2008, publicada pela
Editora Abril, traz textos e reportagens sobre Currículo. O conteúdo dessa edição
poderá ser consultado clicando no link.
99 http://revistaescola.abril.com.br/edicoes-impressas/209.shtml
Sacristán (2000) desenha um modelo constituído de sete fases, ou níveis, que visa à
interpretação do currículo como a construção dada no entrelaçamento de influências e campos
de atividades diferenciados e inter-relacionados.
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O currículo prescrito é o nível em que há a existência de prescrição ou orientação do que
se entende por seu conteúdo e pode ser caracterizado por um conjunto de decisões e orientações
normativas tomadas no interior das secretarias federais, estaduais e municipais de educação. Esse
conjunto de decisões e normas se materializa em diretrizes, resoluções, orientações e parâmetros
curriculares, constituindo, estes, documentos de referência na ordenação do sistema curricular,
servindo como ponto de partida para autores elaborarem diferentes materiais didáticos e para
professores e gestores vislumbrarem suas práticas pedagógicas.
Nessa primeira fase, então, o currículo é idealizado e organizado por uma instância de realidade
distante da comunidade onde a instituição escolar está inserida. O nível que, de certo modo, traduz
as prescrições oficiais aos profissionais da educação, é o currículo apresentado aos professores. De
modo geral, os autores de materiais didáticos ao desenvolver livros, apostilas, ou recursos similares,
traduzem para o professor os significados e os conteúdos do currículo prescrito, a partir de seus
modos de interpretar as diretrizes oficiais. Além de autores de materiais didáticos, guias para a
elaboração desses livros também fazem uma transposição do conjunto das orientações oficiais
como, por exemplo, o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), iniciativa do governo federal
brasileiro que se configura como subsídio para autores e para o trabalho pedagógico do professor ao
escolher as obras didáticas aprovadas pelo referido programa.
Nesse nível, o currículo prescrito ou apresentado é moldado pelo docente a partir de suas
decisões alicerçadas em sua cultura profissional e por meio de sua prática, este profissional
constrói novas alternativas curriculares. Portanto, o currículo moldado se materializa, por
exemplo, em planos de aula, projetos de intervenção pedagógica, sequências didáticas e/ou
situações-problema.
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O currículo avaliado também pode ser concebido a partir das atividades avaliativas realizadas
em sala de aula como, por exemplo, provas e exames, os quais informam ao docente o quanto
o aluno se apropriou dos saberes ensinados ou a defasagem existente em relação ao conteúdo
trabalhado.
Pacheco (2005) ao escrever sobre o desenvolvimento curricular expõe que este se dá num
continuum de decisões presentes em três contextos: “político/administrativo – no âmbito
da Administração central; de gestão – no âmbito da escola e da administração regional; de
realização – no âmbito da sala de aula” (p. 50).
O currículo oculto, por sua vez, é produto de experiências no interior da escola que não
estão previstas nas prescrições oficiais ou em nenhuma outra fase do processo. Também não é
possível identificá-lo por nenhum instrumento escrito, pois ele não é documentado. No entender
de Pacheco (2005) esse currículo pode ser resumido a duas centrais: “o que os alunos aprendem
com a experiência social da escola; a imprevisibilidade da ação pedagógica” (p. 54).
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Material Complementar
Para ampliar e complementar seus estudos e ajudar você a compreender melhor os diferentes aspectos
relacionados ao currículo, sugerimos quatro filmes.
O Sorriso de Monalisa
Gênero: drama, dramas sobre questões sociais, obras de época do século XX.
Tempo de duração: 125 minutos
Ano de lançamento (EUA): 2003
Direção: Mike Newell
Sinopse: Em 1953, a recém-graduada Katherine Watson (Julia Roberts) torna-
se professora de História da Arte do respeitado e conservador colégio Wellesley.
Decidida a lutar contra normas tradicionais que existem na sociedade e no
próprio colégio, a jovem professora inspira suas alunas, como Betty (Kirsten
Dunst) e Joan (Julia Stiles), a vencer seus desafios de vida.
Preciosa
Gênero: drama
Tempo de duração: 100 minutos
Ano de lançamento (EUA): 2003
Direção: Lee Daniels
Sinopse: No Harlem, a jovem Claireece “Precious” Jones (Gabourey Sidibe)
sofre as mais diversas privações. Abusada pela mãe, violentada pelo pai e
grávida de seu segundo filho, é convidada a frequentar uma escola alternativa,
na qual vê a esperança de conseguir dar.
Tempos Modernos
Gênero: comédia
Tempo de duração: 87 minutos
Ano de lançamento (EUA): 1936
Direção: Charles Chaplin
Sinopse: O filme é uma sátira à vida em uma sociedade industrial e consumista. Trump
(Chaplin) confronta-se com todas as invenções desumanas de uma fábrica. A crítica não
é só à mecanização, mas também a outras questões sociais da época: Trump é preso
a toda hora, confundido com comunistas, grevistas ou por qualquer motivo tolo; seu
romance com uma jovem órfã é impedido pelas autoridades; para todo esforço parece
haver um empecilho por parte do governo ou da sociedade.
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Referências
BOBBIT, John Franklin. How to make a curriculum. Boston: Houghton Mifflin, 1924.
PACHECO, Jose Augusto. Currículo: teoria e práxis. Porto: Porto Editora, 2001.
SACRISTÁN, Jose Gimeno. O currículo: uma reflexão sobre a prática. 3. ed. Tradução: Ernani
F. da Fonseca Rosa. Porto Alegre: Artmed, 2000.
LIMA, Katia; FREITAS, Adriano; JANUARIO, Gilberto; BUENO, Simone; TRALDI JR., Armando.
Pesquisas sobre Educação de Jovens e Adultos no âmbito da Educação Matemática:
um olhar para o que evidenciam algumas produções. In: X ENCONTRO DE PESQUISA
EM EDUCAÇÃO DA REGIÃO SUDESTE, 2011, Rio de Janeiro. Anais da X Anpedinha: Pós-
Graduação em Educação na Região Sudeste em suas múltiplas dimensões. Rio de Janeiro:
UFRJ, 2011, p. 1-12. Disponível em http://www.fe.ufrj.br/anpedinha2011/anais/anais.php
DOLL JR., William E. Currículo e controlo. Revista de Estudos Curriculares, Porto: FPCE/
Universidade do Porto, v. 2, n. 1, p. 7-40, 2004.
D’HAINAUT, Louis. Educação: dos fins aos objectivos. Coimbra: Almedina, 1980.
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Anotações
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