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TEA Texto 2
TEA Texto 2
A ARQUEOLOGIA DO TEA
Mas como fazer isso nos casos de Autismo, onde a História nos escapa?
Winnicott (1956 - 2000) tão bem descreveu que a mãe passa por um
período de regressão da mente no final da gravidez para conseguir atender o
seu bebê, chamada Preocupação materna primária. Seria então uma regressão
saudável cuja finalidade seria entender as necessidades do seu filho e oferecer
o holding a ele. Holding para o autor teria o sentido de sustentação física com
consequências emocionais importantíssimas, qualquer falha nesse início de vida
psíquica, afetaria a criança e seu desenvolvimento. A mãe precisa ser
suficientemente boa para o filho, equilibrando a gratificação e frustração, para
que ele consiga adquirir suporte interno para aguentar as frustrações.
A mãe teria a função especular, o seu bebê vai se constituindo pelo olhar
dela, numa interação profunda e natural. E chega a dizer que só a mãe sabe o
que fazer com o seu bebê.
Freud que inicia seus estudos em Histeria (1895), entendeu que a neurose
e seus conflitos vai além disso, chegando até possíveis déficits ocorridos na
estruturação do narcisismo primário. Supondo que algo muito precoce no sujeito
possa intervir no seu desenvolvimento psicológico. O manuseio da mãe no corpo
do bebê daria o destino psíquico, através da interação ali estabelecida. Em Três
ensaios (1905) chega a referi que a mãe erotiza o corpo do bebê, com seu amor
e corpo também. No caso que estamos estudando aqui, não houve esse
desenvolvimento. O que ocorreu foi uma concentração da libido no próprio
individuo, cuja libido objetal não se estabeleceu.
Alvarez fala que o bebê precisa de uma mãe não deprimida, de uma
companhia viva para prestar atenção nele e nas suas necessidades. Mesmo nas
crianças autistas, deve-se ter o mesmo funcionamento, conservando a
esperança e o desejo de compreendê-la.
Embora não seja um objetivo do método, ele pode ainda ter um efeito
terapêutico para a família. O método tem servido também como modelo para a
aplicação em outros contextos e com outras finalidades que vão além de sua
especificidade na construção da identidade analítica. Assim é que inúmeros
trabalhos têm destacado o papel que a presença constante do observador pode
desempenhar como modelo continente da função materna. Alguns desses
trabalhos demonstram ainda o valor e a necessidade da experiência com o
Método de Observação de Bebês para que o analista possa trabalhar com
intervenções ‘precoces’ que preferimos chamar de oportunas, seja em
consultório, recebendo o bebê juntamente com a família, seja em instituições.
Caso 1 – Solange
Essa puérpera foi a mim encaminhada pela sua vizinha, estudante de
psicologia, procurada certa noite pelo marido da paciente porque nem sua
esposa e o recém-nascido Luan paravam de chorar por horas. Ele desesperado
e sabendo da formação dela pediu ajuda. Ainda bem. Chegando lá a estudante
pegou o bebê no colo o acalmando e escutou a Solange reclamar da
maternagem para ela. O pai ficou de observador.
Nesse momento a formação que tive no Método Bick fez todo o sentido
para o atendimento. Pois o meu silencio foi fundamental para ceder todos os
minutos para que ela contasse sua história de conflitos com um pai agressivo e
frio e de uma mãe submissa e fraca para defender a filha na infância. Aqui
encaixa o trabalho sobre ¨Fantasma no quarto do bebê¨ como vimos acima. Pois
parece que Solange estava impossibilitada de se conectar com o seu bebê por
um congelamento psíquico, entenda-se aqui afetivo, para acolher seu filho num
holding suficientemente bom. Todos os maus tratos sofridos na relação com os
pais estavam por se repetir com o seu Luan. Mas, agora, diferentemente da
infância, teve um marido e pai que buscou ajuda, amparado a dupla mãe-bebê.
Caso 2 – Gabriel.com
Referências