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Caderno prático

Sebenta prática

Daniel Murta

Prof. Auxiliar F.E.U.C.


Caderno prático

Índice

pág.

I − Revisões de concorrência perfeita e monopólio 5

II − Índices de concentração 6

III – Oligopólios 7
1 - Modelo de Cournot 7
2 - Modelo de Stackelberg 9
3 - Conluio 10
4 - Teoria de jogos 11

IV – Poder de Mercado e Comportamento Estratégico 13


1 - Empresa dominante com franja competitiva 13
2 - Preço limite 15
a) Normal ou com entrada só a partir da escala min. eficiente 15
b) Em confronto com acomodação à Stackelberg 17

V − Integração horizontal e vertical 18


1 – Fusões 18
2 - Integração vertical 20

VI − Diferenciação do produto 21
1 − Modelo de Hotelling 21
2 – Publicidade 22

VIII – Inovação 23

IX − Soluções 25

X − Exercícios de revisão 33

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Caderno prático

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Caderno prático

I - Revisões de concorrência perfeita e monopólio

Súmula: Equilíbrio de concorrência perfeita, cálculo de lucro e excedente do


consumidor; lucro no curto prazo; equilíbrio de monopólio e comportamento
concorrencial imposto a monopolista.

Exercícios

1. Imagine um mercado caracterizado por uma procura linear da forma:


QD = 1440  180P.
Considere que tecnologia e mercados de fatores se traduzem em custos marginais
constantes de €5.
a) Calcule o preço e a quantidade de equilíbrio num mercado concorrencial.
b) Determine as quantidades oferecidas se esse mercado tiver 18 empresas.
c) Calcule o excedente do consumidor e represente graficamente o equilíbrio.
d) Determine a solução de monopólio (preço, quantidade e lucro) para a mesma
estrutura de custos.
e) Calcule o excedente do consumidor e represente graficamente o equilíbrio.

2. No passado, e mantendo-se a procura, a tecnologia ainda não havia amadurecido,


pelo que os custos se caracterizavam por:
CT(q) = 0,001 q2 + 5q.
a) Quais os preços praticados e quantidades vendidas então, sob uma estrutura de
mercado concorrencial com 15 empresas?
b) Calcule o excedente do consumidor, bem como eventuais lucros e represente
graficamente o equilíbrio.
c) Determine a solução de monopólio (preço, quantidade, lucro e excedente do
consumidor) e represente-a graficamente.
d) Repita a alínea anterior para a “solução concorrencial” em que uma empresa sozinha
no mercado se comportava concorrencialmente.
e) Comente os resultados de bem-estar das alíneas anteriores.

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Caderno prático

II - Índices de concentração

Súmula: Índices C2, C4 e C8 - complementaridade e especificidade na


adequação; índice de Hirschmann-Herfindahl (H); índices Ci versus H; índice C4
de mercado aberto.

Exercício
3. Considere a seguinte tabela que representa as vendas de um conjunto de empresas
em hipotéticos mercados designados de 1 a 5:

Vendas (mercado i) (1) (2) (3) (4) (5)


€750 €12000 €7800 €7200 4800
€750 €1800 €2400 €3000
€750 €960 €540 €2400
€750 €720 €480 €840
€750 €360 €420 €120
€750 €240 €360 €120
€750 €120 €300 €120
€750 €144 €120
€750 €96 €120
€750 €60 €120
€750 €120
€750 €120
€750
€750
€750
€750

Calcule C2, C4, C8 e H para todas as indústrias, compare os resultados e comente.

4. Com base na tabela seguinte, calcule C4, normal e de mercado aberto, e comente.

Vendas (mercado i) (1) (2) (3) (4) (5)


Totais 12.000 € 12.000 €
Vendas 4 maiores 3.600 € 9.600 € 9.600 € 9.600 € 9.600 €
eXportações 4 >s 2.880 € 2.880 € 2.880 € 1.920 € 1.920 €
eXport. Totais 3.000 € 3.000 € 3.000 € 2.160 € 2.160 €
iMportações totais 0€ 0€ 600 € 0€ 7.200 €

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Caderno prático

III - Oligopólios
1 - Modelo de Cournot

Súmula: Da maximização do lucro individual em ordem à quantidade, tomando


a quantidade dos rivais como fixa, as empresas derivam a sua função reacção, que
relaciona a quantidade dos concorrentes com a sua; do equilíbrio entre todas as
funções reacção surgem as quantidades a produzir em Cournot.

q2
QC.Perf.

fç. reacção emp. 1 q1(q2)

Q mon

q2 Cou
fç. reacção emp. 2 q2(q1)

Q mon
q1 Cou q1

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Cournot Caderno prático

Exercício
5. Considere uma procura linear da forma:

QD = 3500  1000 P.

Admita ainda que no mercado 7 empresas competem à Cournot.

a) Calcule o preço, as quantidades de equilíbrio e os lucros, sabendo que elas operam


com custos marginais constantes e iguais a €1,5.

b) Refaça a alínea anterior, agora com uma função custo idêntica para todas do tipo:

CTi (qi) = 0,001 qi2 + 1,5qi

c) Admita agora um mercado com a mesma procura, e com duas empresas presentes no
mercado com as seguintes funções de custo:

CT1 (q1) = 1,5 q1


CT2 (q2) = 1 q2

Determine as quantidades de equilíbrio, o preço, e os lucros de ambas as empresas.

d) Refaça a questão anterior para uma novas funções custo da empresa do tipo:

CT1 (q1) = 0,001 q12


CT2 (q2) = 1,6 q2

e) Considere ainda o cenário em que estão presente 3 empresas no mercado com as


seguintes funções de custo:
CT1 (q2) = 1,5 q1
CT2 (q2) = 1,5 q2
CT3 (q3) = 1,8 q3
Recalcule as quantidades de equilíbrio, o preço, e os lucros das empresas.

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Caderno prático

2 − Modelo de Stackelberg

Súmula: Da maximização do lucro da empresa líder, condicionada pela função


reação da seguidora, surge a quantidade ótima à qual a seguidora “reage”
escolhendo a sua quantidade.

qseguidora

fç. reação seguidora

qstack seg

isolucro líder

qstack líd qlíder

Exercício
6. Considere um mercado onde se compete à Stackelberg por uma procura da forma:

QD = 3500  1000 P.

a) Calcule as quantidades de equilíbrio e o preço, sabendo que as empresas têm custos


marginais constantes e iguais a € 1,5.
b) Determine as quantidades de equilíbrio de ambas as empresas e o preço, supondo os
seguintes custos:

CTlíder (ql) = 1,5 ql; CTseguidors (qs) = 1,8 qs.

c) Refaça a questão anterior para uma nova função custo da empresa líder do tipo:

CTlíder (ql) = 0,001 ql2; CTseguidora (qs) = 1,6 qs.

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Caderno prático

3 - Conluio

Súmula: No conluio eficiente, a expressão do lucro conjunto (receita total


menos somatório de custos) é maximizada em todas as quantidades, por
derivação; no conluio por quotas, estas permitem definir proporções entre as
quantidades individuais ou entre estas e a total; substituindo, na expressão do
lucro conjunto, o necessário a que este se expresse apenas em relação a uma
quantidade (total ou individual), e derivando, surge uma quantidade ótima, a
partir da qual todas se podem calcular.

Exercício
7. Imagine que um cartel de 5 empresas iguais reparte uma procura de:
QD = 3500  1000 P.
a) Determine a solução em termos quantidades, preço e lucros, com base em custos
marginais constantes de € 1,5.
b) Calcule o novo equilíbrio que resulta de uma estrutura de custos da forma:
CTi (qi) = 0,001qi2 + 1,4 qi.

c) Das 5 empresas originais, restam 2 por fusão. Ambas prosseguiram esforços em


diferentes direções no sentido de reduzir os custos marginais crescentes, tendo a primeira
conseguido torná-los constantes em €1 e a última passar os custos totais para:
CT2 (q2) = 0,001q22.
Qual a solução do novo cartel, se este permanecer adstrito aos mesmos princípios de
eficiência produtiva?

d) Após novos esforços organizativos e tecnológicos de redução de custos atingem-se


novas funções com custos marginais constantes:
CT1 (q1) = 1,5 q1;
CT2 (q2) = 1,7 q2.
No entretanto, problemas com os lucros relativos das empresas forçaram a adoção de
quotas de produção, à revelia dos princípios de eficiência anteriormente seguidos.
Determine a solução (quantidades, preço e lucros) com a empresa 1 a deter uma quota
tripla da empresa 2.

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Caderno prático

4 - Teoria de jogos

Súmula: A instabilidade de um cartel num jogo estático de quantidades; a


reação ótima de um desertor; o novo equilíbrio não cooperativo; várias soluções
de um jogo estático de quantidades à luz de Nash; o equilíbrio perfeito em sub-
jogos, aplicado a um jogo repetido de escolha simultânea de quantidades,
discutindo as condições para a estabilidade de um equilíbrio de estratégias de
penalização definitiva.

Exercício
8. Com base na procura, custos marginais e número de empresas abaixo indicados:

QD = 1400  200 P; Cmg = 1,5 + 0,002q; 4 empresas

a) Mostre que qualquer empresa aumenta, no imediato, os seus lucros se furar o cartel e
que diminui os das outras empresas cumpridoras.
b) Determine a solução de equilíbrio num cenário em que todas as empresas “furam” o
acordo.
b1) Se todas sabem que as outras não cumprem. Como se chama essa solução?
b2) Se todas admitem que todas as outras cumprem.

c) Reduza agora o jogo a duas empresas, mantendo os custos marginais.


Represente o jogo estático na forma estratégica, concentrando-se em três quantidades
“interessantes”: a de cartel (a dois); a de Cournot; e a de fuga ótima, preenchendo o
quadro abaixo com os lucros de cada empresa. Que células é que são equilíbrio de Nash?
Porquê?
Lucros
Emp.1\ Emp.2 qCART = qCOU = qFUG =
qCART \ \
qCOU \ \
qFUG \ \

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Sub−Jogos Caderno prático

Jogos Repetidos
Imagine o seguinte regime de cartel: produzir a quantidade prevista pelo cartel até se
verificar qualquer fuga, e produzir a quantidade prevista por Cournot daí em diante.

d) Verifique se cumprir sempre é um equilíbrio em sub-jogos, para 7 empresas, com a


seguinte procura QD = 3500  1000 P, se a taxa de juro que exprime os custos de
oportunidade relevantes for de 1%, regressando aos valores de equilíbrio calculados no
exercício 5. a) e 7.a) [Cmg = 1,5; πiCour = 62,5; fç Reação qi = 1000 – Q-i/2 ; πconj = 1000].
e) Repita a alínea anterior para um cartel a 24 empresas idênticas.
f) Compare os últimos cálculos com os que resultariam de uma taxa de juro de 20%.

[ Nota: a soma de termos de uma perpetuidade é igual a:

Termo inicial × (1 + 1/r) se incluir o termo do presente ou


Termo inicial × 1/r se não o incluir

(onde r é a taxa de juro de desconto relevante) ]

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Caderno prático

IV - Poder de Mercado e Comportamento Estratégico


1 - Empresa dominante com franja competitiva
Súmula: Procura e oferta agregada da franja definem procura residual cuja
receita marginal determina, com o custo marginal da empresa dominante, a
quantidade a produzir por esta; o preço é determinado na procura residual
inversa, sendo a quantidade a produzir pela franja encontrada na respetiva oferta.

P
Dres

SFranja

CmgDom

0 Qfranja QDom
Rmgres Q

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Empresa dominante com franja competitiva Caderno prático

Exercício
9. Num dado mercado, existe uma empresa dominante e um conjunto de 5 outras
empresas. A procura é da forma:

QD = 700  100 P

A empresa dominante tem custos marginais constantes de € 2 mas as outras, menor


dimensionadas, tem uma função custo total mais desfavorável:

CTf (qf) = 0,0125 qf 2 + 2,5 qf.


a) Calcule a oferta agregada da franja competitiva e a procura residual da empresa
dominante.
b) Determine o preço e as quantidades de equilíbrio vendidas pelos diversos agentes
neste mercado.

c) A procura conheceu um incremento, vindo a situar-se em:


QD = 1000  100 P.

No entanto, registou-se um aumento dos custos para todas as empresas:


CTD (qD) = 0,005qD2 + 2 qD;
CTf (qf) = 0,015 qf2 + 2,5 qf.

Por outro lado, lucros passados atraíram mais uma empresa.


Para este novo contexto, calcule a oferta agregada da franja competitiva e a procura
residual da empresa dominante.

d) Determine o preço e as quantidades de equilíbrio vendidas pelos diversos agentes


neste mercado, assim como os respetivos lucros e excedente do consumidor

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Sebenta prática

2 - Preço limite
Abordagem a)
Súmula: A conceção de um preço/quantidade limite assenta no postulado de
que, face a uma entrada a empresa instalada não alteraria a sua quantidade
(Sylos). Varia segundo o comportamento modelizado para a empresa candidata a
entrar: se esta só entra a partir da sua ‘MES’ então a quantidade limite deverá
deixar a procura residual a passar pelo mínimo do Cme da candidata; se entra
sempre que encontra lucro, então a quantidade limite deverá deixar a procura
residual ser tangente à curva Cme.

QlimMES
mesmo 216,6(6)
Qlim
declive
ponto 283,3(3)
min.CME

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Preço limite Caderno prático

Exercício
10. Num certo mercado, existe livre entrada mas uma só empresa está presente. A
procura caracteriza-se por:
1850  100 P
QD 
3
Existe uma tecnologia conhecida que permite, aos preços correntes no mercado de
fatores, produzir com custos do tipo:
CT(q) = 0,01q2 + 2 q + 400.

Suspeita-se que a empresa monopolista domina não só uma tecnologia mais


aperfeiçoada, como também exerce algum poder de mercado sobre os seus fornecedores,
obtendo custos substancialmente inferiores. Por simplicidade, suponha-se que não tem os
custos fixos.
a) Qual será o preço limite (para entrada com πentr>0)? Represente a situação
graficamente.
b) Determine o novo preço limite se a entrada só tiver lugar para um qentr*>QMES.
c) Compare os lucros das alíneas anteriores, entre si e com os de monopólio. Comente.

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Preço limite Caderno prático

Abordagem b)
Súmula: O equilíbrio de Stackelberg constitui uma estratégia de acomodação
da entrada de uma empresa, cuja otimalidade depende da dimensão da sua
desvantagem em termos de custos fixos - à medida que estes sobem há que
comparar os lucros com os da estratégia de preço-limite; esta consiste na
quantidade a produzir pela líder que iguala o lucro da seguidora a zero, uma vez
nele (πseg) substituída a sua quantidade (qseg) pela sua função reação.

q seguidora
fç. reacção
seguidora

F faz fç. reacção


Colapsar AQUI

isolucro
instalada
F faz fç. reacção
Colapsar AQUI

qStack qlim|dá+π qlim|dá-π q instalada


← Qlim → ←acomodação→

Exercício
11. Um monopolista enfrenta uma procura linear igual a:
1850  100 P
QD  .
3

A tecnologia permite produzir com custos marginais constantes e iguais a €2.


Averigúe da otimalidade de proceder a uma estratégia de preço-limite face a um
possível competidor se ele viesse a pagar os seguintes montantes pela aquisição da mesma
tecnologia:

a) €48;
b) €108.

− 17 −
Caderno prático

V - Integração horizontal e vertical


1 - Fusões
Súmula: A integração horizontal apresenta um duplo paradoxo: as empresas
que se fundem podem, numa gama simples mas vasta de hipóteses como a de um
Cournot simétrico, ir ganhar menos juntas do que o somatório dos seus lucros
anteriores à fusão; a(s) empresas que não participam ganham mais (tornando
ótimo “assistir” sem custos de fusão às “aventuras” no “quintal do lado”).
Resolver este paradoxo é dar sentido a muitas das fusões observadas (e que são
horizontais). Para a sua primeira parte basta recorrer a assimetrias de custo − em
que a fusão retira a empresa menos eficiente − ou a poupanças nos custos fixos,
sempre que eles tenham expressão e menos que dupliquem numa fusão simples. A
segunda parte (o ganho superior da empresa que “assiste” passivamente à fusão)
só é devidamente tratada com o relaxamento da hipótese de decisão simultânea,
admitindo que à liderança na capacidade instalada (das empresas fundidas)
corresponde a assunção de um papel de líder estratégico em quantidades. O
exemplo mais simples de uma tal solução integral do paradoxo é o de um Cournot
simétrico (mesmo sem custos fixos) a que suceda um duopólio simples (sem
assimetrias de custos) à Stackelberg.

Exercício
12. Considere a seguinte procura:

QD = 1.250  500P.

e uma tecnologia de base com custos marginais constantes de € 1.

a) Verifique que πi em duopólio à Cournot é superior a oligopólio a três, mas não é o


dobro, retirando as ilações para as duas componentes do paradoxo de fusão.

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Integração horizontal e vertical Caderno prático

b) Repita a análise às duas componentes do paradoxo, considerando custos fixos de €


40 para todas as empresas, e uma poupança de € 20, aquando da fusão, para a empresa
que dela resultou.

c) Confirme que a existência de uma empresa com custo marginal € 1,15, a par de duas
com € 1, torna ótima uma fusão da primeira com uma das segundas, mas mantém um
ganho máximo para “quem fica ao portão”.

d) Compare o equilíbrio inicial (oligopólio simétrico a três sem custos fixos), com um
duopólio simples à Stackelberg, à luz da integral resolução do paradoxo (em sentido lato
ou, com poupança de custos fixos, em sentido estrito).

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Integração horizontal e vertical Caderno prático

2 – Integração vertical

Súmula: A receita marginal de um revendedor monopolista sem custos é, no


ótimo, a relação entre as quantidades que escolhe e o custo marginal (preço) que
para elas aceita − ou seja, a procura do seu vendedor monopolista; após a
resolução por este (vendedor) do seu problema de monopólio estão encontrados o
preço de venda e a quantidade; com qualquer deles o revendedor determina o
preço de revenda.

Prev

Pprod=Cmgrev=Pintegrad

Rmg prod

Cmg

Rmg=Dprod D
Qmonop. Qintegrad Q
Sucessiv.

Exercício
13. Imagine um revendedor que é monopolista no seu mercado, enfrentando a seguinte
procura:
QD = 1.250  500P.

Suponha ainda que ele revende a mercadoria que compra ao seu único produtor, e que o
faz sem quaisquer custos adicionais. O produtor incorre apenas em custos marginais
constantes e iguais a € 1.
a) Quantifique a solução ótima em termos de preços de venda e revenda, quantidade e
lucros.
b) Compare com uma situação de integração vertical, recalculando P, Q e π.

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Caderno prático

VI - Diferenciação do produto
1 - Modelo de Hotelling
Súmula: Localização fixa e simétrica das empresas, custos de transporte
lineares; a localização do consumidor indiferente determina, em função do
diferencial de preços, a repartição do mercado.

U−P1−t×d
U−P2−t×d
-P
-P

U−P1

U−P1−t×d
-P

indif. loc.Emp.2
loc.Emp.1

Exercício
14. Considere o modelo de diferenciação linear de Hotelling com dois vendedores
localizados simetricamente a 25% da distância a um dos extremos. O custo de transporte
(de ida e volta) para percorrer a totalidade do espaço é de 100€ e existem 39000
consumidores distribuídos uniformemente.
a) Explique a localização do consumidor indiferente.
b) Determine a procura de cada empresa quando praticam o seguinte conjunto de
preços:
(P1, P2) = (150, 140).
c) Represente graficamente o equilíbrio da alínea anterior.
d) Calcule a despesa total suportada pelo consumidor indiferente e pelos consumidores
localizados nos extremos.

− 21 −
Caderno prático

2 – Publicidade

Súmula: A condição de Dorfman-Steiner define o nível ótimo de despesas de


publicidade (Ai) em função da elasticidade da procura em relação à publicidade (η), da
elasticidade preço da procura (εi, em módulo) e da quota de mercado (vi).

Ai P  ci 1 1 1 A
 i  i  (vi  ai )  (vi  i  )
Ri P i i i A

Exercício
15. Num mercado com uma procura do tipo:
QD = 1.000  100 P,
Coexistem quatro empresas, com custos marginais de € 4, que concorrem à Cournot.
Em equilíbrio a elasticidade da procura em relação à publicidade (η)é de 0,25. Supõe-se
que a elasticidade da quota de mercado em relação ao nível de publicidade (vi) é de 0,1.
a) Qual deverá ser, em equilíbrio, o nível de despesas de publicidade das empresas?
b) Compare esse valor com o nível de lucros (bruto, sem despesas de publicidade).

− 22 −
Caderno prático

VIII – Inovação

Súmula: A patente impõe à sociedade (consumidores) um custo (P,Qmon) do


qual retira um benefício parcial (lucros durante a patente), que deve ultrapassar
os custos afundados da inovação (senão ela não tem lugar). Patente mais longa dá
mais lucros, com maior custo de bem-estar, que viabilizam inovação mais cara.
Finda a patente, a sociedade tem, a preço competitivo, um produto novo, com
custo de desenvolvimento amortizado/remunerado. Num mercado/produto
puramente novo, há que contabilizar ganhos/bem-estar pós patente, custos sociais
desta, e a duração que viabiliza, em lucros, o custo de desenvolvimento.
Alternativamente, a patente pode durar menos e ser coadjuvada por um subsídio
(que envolve € de não beneficiados), ou, ainda, substituída, na íntegra, por um
subsídio (maior), que poupa, logo e para sempre, os consumidores ao custo do
P,Qmon, mas custa mais ao Estado (alguns, muitos? contribuintes não
beneficiados). Havendo um produto que inova - mas não substitui/apaga um
existente - deve contabilizar-se, além dos ganhos/perdas acima, o choque negativo
ao bem-estar, que o produto/mercado novo provoca no anterior/existente
(diminuindo-lhe a procura e, assim, o excedente do consumidor).

Exercício
16. Suponha uma indústria farmacêutica com custos marginais de 0€50 e que serve
um genérico em regime de Bertrand. A taxa de juro r ou desconto das oportunidades
relevantes é de 2%. A procura é do tipo:

QDProdA = 280  20 P.

a) Calcule o bem estar atual e futuro, i.e. o excedente do consumidor.

Admita que uma inovação cria um fármaco e, com ele, uma nova procura, mas que esta
procura esvazia a do produto original para uma idêntica (em valor, por simplicidade);

uma e outra são agora de: QDProdNovo = 240  20 P, QDProdAntig|c/Concorrente = 240  20 P

− 23 −
Caderno prático

b) Recalcule o excedente do consumidor para a procura que permanece servida


concorrencialmente, e para a mesma (porque idêntica) servida em monopólio. Encontre
também o valor do lucro, neste segundo caso.
c) Determine os valores atualizados de lucros, excedente de consumidor e bem-estar
global, para:
c1) uma patente de aplicação imediata e duração 10;
c2) idêntica patente com 20 anos de duração;
c3) a introdução imediata do novo produto como genérico.
d) Discuta os resultados obtido em termos de ótimo para o consumidor e a economia,
da vigência de cada um dos prazos de patente, tendo por referência importantes custos
fixos de investigação e desenvolvimento que poderão por em causa o incentivo a lançar a
inovação [Sugestão: admita que estes rondam os € 8.000].

[Nota: a soma de n termos de uma progressão geométrica é igual a:


1  factorn
n  Termoinicial 1  factor
onde factor é o rácio entre os termos consecutivos;

donde, o Valor Atualizado Líquido (VAL), da soma de n termos iguais, que se pretende
descontar com a taxa de juro relevante r, é:
1
1−
(1 + 𝑟)
𝑉𝐴𝐿 = 𝑇𝑒𝑟𝑚𝑜 ×
1
1−1+𝑟

]
[Nota: o Valor Atualizado Líquido (VAL), da soma de termos iguais de uma
perpetuidade, que se pretende descontar com a taxa de juro relevante r, é:

1
𝑉𝐴𝐿 = 𝑇𝑒𝑟𝑚𝑜 × 1 +
𝑟
]

− 24 −
Caderno prático

IX – Soluções
I−
1. a) P = 5; Q* = 540;
b) qi = 30.
c) CS = 810
d) Q = 270; P = 6,5; π = 405
e) CS = 202,5

2. a) Si: qi = 500 P − 2500


QS = 7500 P − 37500
P* = 5,07; Q* = 527,34; qi = 35,156; Cme(*) = 5,035; πi = 1,236
b) CS = 772,48 Σπi = 18,5; ; W = 791
c) Q* = 228,81; P = 6,73; Cme(Q*) = 5,23; π = 343,22; CS = 145,43; W = 488,65
d) P = 5,79; Q = 397,06; Cme(*) = 5,4; CS = 437,93; π = 157,66; W = 595,59

II −
3.
(1) (2) (3) (4) (5)
C2 0,125 1,000 0,800 0,800 0,650
C4 0,25 1,00 0,94 0,885 0,92
C8 0,50 1,00 1,00 0,987 0,96
H 0,0625 1,0000 0,4564 0,4066 0,2682

4. (1) (2) (3) (4) (5)


C4 0,3 0,8 0,8 0,8 0,8
C4’ 0,08 0,75 0,7 0,78 0,45

− 25 −
Soluções Caderno prático

− 26 −
Soluções Caderno prático

III −
5. a) qi = 250; P* = 1,75; πi = 62,5;
b) qi = 200; Cme(*) = 1,7; P* = 2,1; πi = 80;
c) q1 = 500; q2 = 1000; P* = 2; π1 = 250; π2 = 1000;
d) q1 = 728,57; q2 = 585,71; P* = 2,186; π1 = 1061,6; π2 = 343
e) q1 = 575; q2 = 575; q3 = 275; P* = 2,075; π1 = π2 = 330,63; π3 = 75,63

6. a) ql = 1000; qs = 500; P* = 2; πl = 500; πs = 250;


b) ql = 1150; qs = 275 P* = 2,075; πl = 661,25; πs = 75,63;
c) ql = 850; qs = 525 P* = 2,125; πl = 1083,75; πs = 275,6;

7. a) qi = 200; P* = 2,5; πconj = 1000;


b) qi = 175; P* = 2,625; Cme(*) = 1,58; πconj = 918,75;
c) q1 = 750; q2 = 500; P* = 2,25; πconj = 1812,5;
d) q1 = 731,25; q2 = 243,75; Q = 975; P* = 2,525; πconj = 950,6

8. a) qcartel/cumpr = 130,95; Pcartel = 4,38; πicart = 360,12;


qfug = 294,64 ; P*|fuga,n-1cumpr = 3,5625; πfug = 520,886; πcumpr = 252,94;
b1) qi|COU = 203,7; P* = 2,926; πi = 248,97;
b2) qf = 294,64; P* = 1,107; πi = -202,567;
c)
Qcart 250 Qcou 323,5 Qfug 354,2

687,5 595,6 747 557,3 752,6


747 595,6 628 578,5 622,4
752,6 557,3 622,4 578,5 568,1

PCar/Car* = 4,5; PCou|Cou = 3,765; PFug/Fug = 3,458;


PCou|Cart = 4,13; PFug|Cart = 3,98; PCou|Fug = 3,61;
d) πi|Cart = 1000/7; πi|Cou = 62,5; qi|Fug = 571,428; P = 2,071; πi|Fug = 326,33;
VALCar|Car = 14428,57 [=πiCart(1+1/r)]; VALFug|Cou = 6576,53 (= 326,53+62,5/r) É estável.
e) πi|Cart = 1000/24; πi|Cou = 6,4; qi|Fug = 520,83(3); P = 2,02083(3); πi|Fug = 271,267;
VALCar|Car = 4208,33 [=πiCart(1+1/r)]; VALFug|Cou = 911,267 (= 271,267+6,4/r) É estável.
f) VALCar|Car = 250 [=πiCart(1+1/r’)]; VALFug|Cou = 303,27 (= 271,267+6,4/r’) Não é estável.

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Soluções Caderno prático

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Soluções Caderno prático

IV −
9. a) QFS =  500 + 200 P, P>= 2,5; QRD =1200  300 PR;
b) QDOM* = 300; P* = 3; QF = 100;
c) QFS =  500 + 200 P, P>= 2,5; QRD =1500  300 PR;
d) QDOM* = 180; P* = 4,4; QF = 380; qi = 63,3(3);
πDOM = 270; Σπf = 361; CS = 1568;

10. a) q* = 100; Cme(q) = 7; Plim = 10; Qlim = 283,33;


b) M.E.S. = 200; MinCme = 6; Plim = 12; Qlim = 216,66;
c) Cme = 4,83(3); πlim = 1463,89; Cme = 4,16(6); πlim MES = 1697,22; πmon = 1701,56

11. a) qac = 275; qs = 137,5; P* = 6,125; πac = 1134.375;


Plim = 4,4; Qlim = 470; πlim = 1128;
b) Plim = 5,6; Qlim = 430; πlim = 1548

V−
12. a) qCOU|3 = 187,5; P = 1,375; πi = 70,3125; qCOU|2 = 250; P = 1,5; πi = 125;
b) πi|3 = 30,31; πi|fusão = 65; πi|n/ participa = 85;
c) qCmg|1 = 206,25; qCmg|1,15 = 131,25; P = 1,4125; πi1 ≈ 85,08; πi1,15 ≈ 34,45;
d) ql = 375; qs = 187,5; P* = 1,375; πl = 140,625 (80,63); πs = 70,3125 (30,3);
(com F = 40 para todos; e poupança de 20 em F, para o líder)

13. a) Q* = 187,5; PP = 1,75; PREV = 2,125; π P = 140,625;


π REV = 70,3125;
b) Q* = 375; P = 1,75; π = 281,25;

VI −
14. b) (Q1, Q2) = (17550 , 21450)
c) DTx* = 170; DText. esq.=175; DText. dir.=165

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Soluções Caderno prático

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Soluções Caderno prático

VII −
15. a) qi|COU = 120; PCOU = 5,2; Ri = 624; 1/|ε|= 0,230769; Ai = 23,4 (3,75% de Ri)
b) π = 144 (Ai/ π ≈ 16%)

VIII −
16. a) Q* = 270; CS = 1822,5;
b) Q* = 230; CS = 1322,5;
Qmon = 115; Pmon = 6,25; πmon = 661,25; CSmon = 330,625;
VAL (CS|Genérico sempre) = 67.447,5;
VAL (CS|10a Prod.CARO) = 3.029,2645; VAL (CS|20a Prod.CARO) = 5.514,3165;
VAL (CS|Gen.Sempre, 10a p/trás) = 55.330,44;
VAL (CS|Gen.Semp., 20a p/trás) = 45.390,23

com F = 8.000
CS π W π W
Nada 92.947,5 − 92.947 − 92.947
Inov. PAGA 134.895 − 134.895 - 8000 126.895
Pat. a 10 a 125.807,2 6058,529 131.865,73 -1.941,471 123.865,73
Pat. a 20 a 118.352,05 11.028,633 129.380,68 3.028,633 121.380,68

Novo produto, mesmo com F = 8000, acrescenta sempre ao bem-estar.


Solução ideal de bem-estar (e consumidor) é inovação “dada” aos utentes, mas é a
mais cara para o contribuinte e perigosa na fraude ao Estado; solução mais barata
(20 anos) é a pior para o bem-estar e consumidor, mas permite inovação que se
paga a si própria; patente a 10 anos é equilibrada para bem-estar e consumidor,
mas só ocorre com subsídio (π < 0).

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