Você está na página 1de 52

O consentimento e a gestão da

revogação do consentimento
I Curso de Pós-Graduação em Proteção de Dados e
Empresas
27 de Novembro de 2019
Francisco Mendes Correia
1. Regulamento Geral de Proteção
de Dados (“RGPD”)

 Âmbito de aplicação

 Dados pessoais (artigo 4.º, n.º 1, RGPD)

 Informação relativa a uma pessoa singular


identificada ou identificável (“titular dos dados”); é
considerada identificável uma pessoa singular que
possa ser identificada, direta ou indiretamente, em
especial por referência a um identificador (ex.
nome, número de identificação, dados de
localização, elementos específicos da identidade
física, fisiológica, genética, mental, económica,
cultural ou social)
1. Regulamento Geral de Proteção
de Dados (“RGPD”)

 Âmbito de aplicação

 Tratamento (artigo 4.º, n.º 2, RGPD)

 Recolha, registo, organização, estruturação,


conservação, adaptação, alteração, recuperação,
apagamento, destruição entre outras operações sobre
dados pessoais

 Meios total ou parcialmente automatizados

 Meios não automatizados, quando os dados estejam


contidos em ficheiros ou a eles destinados (i.e., exige-se
uma organização/estruturação, segundo critérios pré-
determinados) [artigo 2.º/1]
2. Regulamento Geral de Proteção
de Dados (“RGPD”)

 Em princípio, o tratamento de dados pessoais é


ilícito (artigo 6.º/1, proémio)

 O tratamento só é lícito caso se justifique por um dos


fundamentos previstos na lei
2. Regulamento Geral de Proteção
de Dados (“RGPD”)

 Condições de licitude (artigo 6.º, n.º 1, RGPD)

a) Consentimento
b) Execução de um contrato
c) Cumprimento de uma obrigação
d) Defesa de interesses vitais
e) Exercício de funções de interesse
público/autoridade pública
f) Prossecução de interesses legítimos
g) Compatibilidade com a finalidade inicial (artigo
6.º/4)
2. Regulamento Geral de Proteção
de Dados (“RGPD”)

 Condições de licitude (artigo 6.º, n.º 1, RGPD)

a) O titular dos dados tiver dado o seu consentimento


para o tratamento dos seus dados pessoais para
uma ou mais finalidades específicas

 Consentimento é “uma manifestação de vontade,


livre, específica, informada e explícita
(unambiguous vs explicit), pela qual o titular dos
dados aceita, mediante declaração ou ato
positivo inequívoco, que os dados pessoais (…)
sejam objeto de tratamento” (artigo 4.º, n.º 11)
2. Regulamento Geral de Proteção
de Dados (“RGPD”)

 Condições de licitude (artigo 6.º, n.º 1, RGPD)

a) O titular dos dados tiver dado o seu


consentimento para o tratamento dos seus
dados pessoais para uma ou mais finalidades
específicas

 Consentimento é “uma manifestação de


vontade“

 Recorte negativo: tratamento com fundamento


em obrigações/exigências legais
2. Regulamento Geral de Proteção
de Dados (“RGPD”)

 Condições de licitude (artigo 6.º, n.º 1, RGPD)

a) Considerando 171: os consentimentos obtidos à


luz do regime jurídico anterior mas que não
verifiquem as condições de licitude do RGPD são
considerados ilícitos

b) Deve obter-se novos consentimentos em


conformidade com o RGPD, nomeadamente
quando o consentimento anterior não for
comprovável ou tiver sido implícito (ex. opções
pré-assinaladas)
2. Regulamento Geral de Proteção
de Dados (“RGPD”)

 Consentimento: não há regras formais genéricas no


RGPD

 Declarações escritas ou orais (Considerando 32):

 Outros métodos (exemplos):

 Validação de opções em sites


 Seleção de parâmetros técnicos para serviços da
sociedade de informação (ex. cookies, quando a
opção supletiva seja a da recusa de cookies?)
 Outras condutas que indiquem claramente a
aceitação
2. Regulamento Geral de Proteção
de Dados (“RGPD”)

 Consentimento: não há regras formais genéricas no


RGPD

 Mas quando o consentimento for dado por


escrito, no contexto de outras declarações
negociais por escrito (ex. assinatura de condições
gerais), o pedido respetivo tem que ser
claramente distinguível, de fácil acesso e
linguagem clara e simples (artigo 7.º/2)

 Destaque gráfico e emprego da expressão


consentimento são opções aconselháveis
2. Regulamento Geral de Proteção
de Dados (“RGPD”)

 Consentimento: declaração ou ato positivo


inequívoco

 Métodos não aceites (Considerando 32)

 Silêncio
 Opções pré-validadas
 Omissões
2. Regulamento Geral de Proteção
de Dados (“RGPD”)

 Consentimento: declaração ou ato positivo


inequívoco

 Métodos aceites

 Assinalar (ticking) caixas de opções que não


estejam preenchidas supletivamente
 Escolha de parâmetros técnicos (que não
estejam supletivamente escolhidos)
2. Regulamento Geral de Proteção
de Dados (“RGPD”)

 Consentimento: declaração ou ato positivo


inequívoco

 Métodos aceites

 Alexandre Sousa Pinheiro: “o RGPD não deve


ser interpretado de forma a colocar em crise
comportamentos sociais habituais que moldam
a vida nas comunidades”

 Admissibilidade de prova testemunhal


2. Regulamento Geral de Proteção
de Dados (“RGPD”)

 Condições de licitude (artigo 6.º, n.º 1, RGPD)

 Consentimento é “uma manifestação de vontade, livre,


específica…

 Exemplos de falta de liberdade:

 Quando a celebração/execução de um contrato


está subordinada a um consentimento para
tratamento de dados que não é necessário para a
execução (artigo 7.º/4)

 Quando o pedido de consentimento perturbe


desnecessariamente a utilização do serviço para o
qual é fornecido (Considerando 32)
2. Regulamento Geral de Proteção
de Dados (“RGPD”)

 Condições de licitude (artigo 6.º, n.º 1, RGPD)

 Consentimento é “uma manifestação de


vontade, livre, específica…

 Exemplos de falta de liberdade:

 Quando o titular não puder recusar nem


retirar o consentimento sem ser prejudicado
(Considerando 42)
2. Regulamento Geral de Proteção
de Dados (“RGPD”)

 Condições de licitude (artigo 6.º, n.º 1, RGPD)

 Consentimento é “uma manifestação de


vontade, livre, específica…

 Presunção de falta de liberdade:

 Quando existir um desequilíbrio manifesto


entre o titular dos dados e o responsável
pelo tratamento (ex. relações com
autoridades públicas) (Considerando 43)
2. Regulamento Geral de Proteção
de Dados (“RGPD”)

 Condições de licitude (artigo 6.º, n.º 1, RGPD)

 Consentimento é “uma manifestação de vontade,


livre, específica…

 Presunção de falta de liberdade:

 O facto de o legislador ter retirado a


referência expressa às relações laborais como
exemplo de um desequilíbrio manifesto
(presente em versões anteriores) não quer
dizer que o conceito não tenha que ser
interpretado e que se possa verificar nesse tipo
de relações
2. Regulamento Geral de Proteção
de Dados (“RGPD”)

 Condições de licitude (artigo 6.º, n.º 1, RGPD)

 Consentimento é “uma manifestação de vontade,


livre, específica…

 Presunção de falta de liberdade:

 Quando a execução de um contrato,


incluindo a prestação de um serviço,
depender do consentimento apesar de o
consentimento não ser necessário para a
referida execução (artigo 7.º/4 +
Considerando 43)
2. Regulamento Geral de Proteção
de Dados (“RGPD”)

 Condições de licitude (artigo 6.º, n.º 1, RGPD)

 Consentimento é “uma manifestação de vontade,


livre, específica…

 Proibição de contrato/prestação condicionada


ao consentimento

 Desnecessidade para a execução

 Posição de monopólio do responsável pelo


tratamento?
2. Regulamento Geral de Proteção
de Dados (“RGPD”)

 Condições de licitude (artigo 6.º, n.º 1, RGPD)

 Consentimento é “uma manifestação de vontade,


livre, específica…

 Proibição de contrato/prestação condicionada


ao consentimento

 São afetados modelos de negócio baseados


na oferta de serviços online contra a
disponibilização de dados pessoais
(preocupação com a exploração dos dados
pessoais)
2. Regulamento Geral de Proteção
de Dados (“RGPD”)

 Condições de licitude (artigo 6.º, n.º 1, RGPD)

 Consentimento é “uma manifestação de


vontade, livre, específica…

 Presunção de falta de liberdade: “se o


consentimento estiver agregado a uma parte
não negociável das condições gerais do
contrato”

[Orientações relativas ao consentimento, Grupo


de Trabalho do Artigo 29.º]
2. Regulamento Geral de Proteção
de Dados (“RGPD”)

 Condições de licitude (artigo 6.º, n.º 1, RGPD)

 Consentimento é “uma manifestação de


vontade, livre, específica…

 A separação de consentimentos para


diferentes operações é recomendável, por
forma a relacionar claramente os
consentimentos às operações para que são
estritamente necessários (i.e., para não
contaminar os consentimentos que são
realmente necessários)
2. Regulamento Geral de Proteção
de Dados (“RGPD”)

 Condições de licitude (artigo 6.º, n.º 1, RGPD)

 Consentimento é “uma manifestação de


vontade, livre, específica…

 Tratamento para fins múltiplos: um


consentimento autónomo para cada fim
(Considerando 32);
2. Regulamento Geral de Proteção
de Dados (“RGPD”)

 Condições de licitude (artigo 6.º, n.º 1, RGPD)

 Consentimento é “uma manifestação de


vontade, livre, específica…

 Presume-se que o consentimento não é livre,


quando não for possível um consentimento
separado para diferentes operações de
tratamento, ainda que seja adequado no
caso específico (Considerando 43)
2. Regulamento Geral de Proteção
de Dados (“RGPD”)

 Condições de licitude (artigo 6.º, n.º 1, RGPD)

 Consentimento é “uma manifestação de vontade, livre,


específica…

 Quando é que não é adequado pedir consentimentos


separados para diferentes operações de tratamento?

 Se as várias operações forem todas necessárias para


um serviço único, que apenas poderia ser
decomposto com esforço considerável, então o
consentimento parece poder ser global (ainda que
se devam descrever autonomamente as finalidades,
para efeitos de informação)
2. Regulamento Geral de Proteção
de Dados (“RGPD”)

 Condições de licitude (artigo 6.º, n.º 1, RGPD)

 Consentimento é “uma manifestação de vontade, livre,


específica…

 Exemplo (analisado pelo Art. 29 WP): A entidade A gere


uma rede social, e trata dados para esse efeito, mas
também para vender a terceiros, que lhe compram
espaço de publicidade para ações baseadas em
comportamentos dos utilizadores

 Consentimento deve ser autónomo (participação na


rede social + publicidade comportamental]
2. Regulamento Geral de Proteção
de Dados (“RGPD”)

 Falta de consentimento específico: tem que se


procurar outra condição de legitimidade

 Artigo 6.º, n.º 4: compatibilidade com a


finalidade que presidiu à recolha

 Ex.: tratamento posterior para fins de arquivo de


interesse público ou para fins de investigação
histórica ou científica ou para fins estatísticos
(artigo 5.º/1, alínea b) + artigo 89.º/1)
2. Regulamento Geral de Proteção
de Dados (“RGPD”)

 Condições de licitude (artigo 6.º, n.º 1, RGPD)

 Consentimento é “uma manifestação de


vontade, livre, específica, informada…

 O titular dos dados deve conhecer, pelo


menos:
 Identidade do responsável pelo tratamento
 Finalidades do tratamento (Considerando
42)
2. Regulamento Geral de Proteção
de Dados (“RGPD”)

 Condições de licitude (artigo 6.º, n.º 1, RGPD)

 Consentimento é “uma manifestação de


vontade, livre, específica, informada…

 Quando o tratamento tenha múltiplas


finalidades, a informação deve ser
autonomamente prestada para cada uma
delas
2. Regulamento Geral de Proteção
de Dados (“RGPD”)

 Consentimento

 Caducidade implícita do consentimento original quando se


alterem ou evoluam substancialmente as operações que
presidiram à sua recolha original (Orientações, 24)

 Boa prática: renovação em intervalos temporais adequados:


“fornecer novamente todas as informações ajuda a assegurar
que o titular dos dados continua bem informado acerca da
forma como os seus dados estão a ser utilizados e como pode
exercer os seus direitos” (Orientações, 24)
2. Regulamento Geral de Proteção
de Dados (“RGPD”)

 Consentimento

 Ónus da prova do consentimento recai no responsável pelo


tratamento (artigo 7.º/1), que é genericamente responsável pelo
cumprimento legal e tem que poder comprová-lo (artigo 5.º/2)

 Ex. Consentimentos obtidos online: se o titular dos dados der o


seu consentimento através da inserção do e-mail, é
conveniente o envio de um e-mail de confirmação, em que se
peça para o titular aceder a um hyperlink específico, de forma
a finalizar o processo, e a disponibilizar ao responsável pelo
tratamento um meio de prova (minimizando a possibilidade de
intervenção de terceiros)
2. Regulamento Geral de Proteção
de Dados (“RGPD”)

 Revogação do consentimento

 Direito de revogação previsto em termos amplos,


a todo o tempo: “O titular dos dados tem o direito
de retirar o seu consentimento a qualquer
momento” (artigo 7.º/3)

 O titular dos dados deve ser informado do direito


à revogação antes de dar o consentimento
(artigo 7.º/3) e de que a revogação não
compromete a licitude do tratamento efetuado
(artigo 13.º/2, alínea c)
2. Regulamento Geral de Proteção
de Dados (“RGPD”)

 Revogação do consentimento

 Direito de revogação: deve ser tão fácil de


revogar o consentimento como de o prestar
(artigo 7.º/3)
2. Regulamento Geral de Proteção
de Dados (“RGPD”)

 Revogação do consentimento

 A revogação não torna ilícito o tratamento


baseado no consentimento, anterior à revogação
(artigo 7.º/3)

 Direito ao apagamento dos dados, após a


revogação, se a recolha se baseou no
consentimento (artigo 17.º/1, alínea b))
2. Regulamento Geral de Proteção
de Dados (“RGPD”)

 Consentimento de crianças em relação a serviços


da sociedade de informação (artigo 8.º, RGPD)

 Serviços de sociedade de informação?

 “qualquer serviço prestado normalmente


mediante remuneração, à distância, por via
eletrónica e mediante pedido individual de um
destinatário de serviços” (artigo 4/25)
2. Regulamento Geral de Proteção
de Dados (“RGPD”)

 Consentimento de crianças em relação a serviços da


sociedade de informação (artigo 8.º, RGPD)

 Serviços de sociedade de informação

 À distância: o serviço é prestado sem que as partes


estejam simultaneamente presentes
 Por meios eletrónicos: o serviço é enviado e recebido
por meio de equipamento eletrónico para o seu
processamento e armazenamento e recebido
exclusivamente por rádio, meios de comunicação
ópticos, meios eletromagnéticos ou cabo)
 Mediante pedido individual
2. Regulamento Geral de Proteção
de Dados (“RGPD”)

 Consentimento de crianças em relação a serviços


da sociedade de informação (artigo 8.º, RGPD)

 Processo C-108/09 (Ker-Optika) (entrega de lentes


adquiridas através da internet)

 Processo C-434/15 (Elite Taxi/Uber Systems Spain):


se o serviço da sociedade de informação faz
parte integrante de um serviço global diferente
(ex. Serviço de transporte), o serviço dominante
absorve o serviço complementar, para efeitos de
qualificação
2. Regulamento Geral de Proteção
de Dados (“RGPD”)

 Consentimento de crianças em relação a serviços da


sociedade de informação (artigo 8.º, RGPD)

 As crianças merecem proteção especial

 Especial cuidado com tratamento para efeitos de:


 Comercialização
 Criação de perfis de personalidade ou de
utilizador
 Recolha no contexto de serviços disponibilizados
diretamente às crianças (Considerando 38)
2. Regulamento Geral de Proteção
de Dados (“RGPD”)

 Consentimento de crianças em relação a serviços da


sociedade de informação (artigo 8.º, RGPD)

 Indícios de que um serviço é oferecido diretamente


a crianças:

 Linguagem orientada a crianças;


 Conteúdo;
 Ilustrações

 O artigo não é aplicável a serviços destinados a


adultos mas também utilizados por crianças (ex. Lojas
online de roupa, sapatos ou material de estudo)
2. Regulamento Geral de Proteção
de Dados (“RGPD”)

 Consentimento de crianças em relação a serviços


da sociedade de informação (artigo 8.º, RGPD)

 Indícios de que um serviço é oferecido


diretamente a crianças:

 Ex. Enciclopédia online para crianças em idade


escolar, em que as entradas são redigidas em
linguagem simples, a informação é limitada
(sem que contenha conteúdos científicos
complexos) e acompanhadas de exemplos
gráficos apelativos
2. Regulamento Geral de Proteção
de Dados (“RGPD”)

 > 16 anos: o consentimento da criança verifica a


condição de licitude

 < 16 anos: deve ser recolhido o consentimento dos


titulares das responsabilidades parentais

 Esforços razoáveis para verificar que o


consentimento é dado pelos pais, tendo em
conta a tecnologia disponível (artigo 8.º/2)

 Ex. Consentimento em duas fases, com e-mail


de verificação enviado para e-mail dos pais
2. Regulamento Geral de Proteção
de Dados (“RGPD”)

 Consentimento mais exigente (explícito!)

 Categorias de dados especialmente sensíveis


(origem racial ou étnica, opiniões políticas,
convicções religiosas ou filosóficas, dados
genéticos, dados biométricos, dados relativos à
vida sexual ou à saúde, etc.)

 Consentimento específico: resposta ativa a uma


questão binária relativa a um tratamento com
finalidade particular (sim/não, concordo/não
concordo, etc.)
2. Regulamento Geral de Proteção
de Dados (“RGPD”)

 Consentimento

 Novas regras mais exigentes +


 Revogabilidade a todo o tempo +
 Direito ao apagamento dos dados
=
Ponderação necessária de outras fontes de licitude
para o tratamento de dados
2. Regulamento Geral de Proteção
de Dados (“RGPD”)

 Condições de licitude (artigo 6.º, n.º 1, RGPD)

a) Consentimento
b) Execução de um contrato

 Necessidade para celebração de contrato


(contexto pré-negocia) ou para a execução de
um contrato (i.e., cumprimento, contexto
contratual)
2. Regulamento Geral de Proteção
de Dados (“RGPD”)

 Condições de licitude (artigo 6.º, n.º 1, RGPD)

a) Consentimento
b) Execução de um contrato
c) Cumprimento de uma obrigação

 A obrigação jurídica não tem que ter por base


uma medida legislativa (Considerando 41) (ex.
Common Law, deveres acessórios de base
dogmática, etc.)

 Fundamento jurídico deve ser claro e preciso e a


aplicação deve ser previsível para os destinatários
2. Regulamento Geral de Proteção
de Dados (“RGPD”)

 Condições de licitude (artigo 6.º, n.º 1, RGPD)

a) Consentimento
b) Execução de um contrato
c) Cumprimento de uma obrigação

 Não é necessária uma lei específica por cada


tratamento de dados; pode ser suficiente uma
(mesma) lei para diversas operações de
tratamento;
2. Regulamento Geral de Proteção
de Dados (“RGPD”)

 Condições de licitude (artigo 6.º, n.º 1, RGPD)

a) Consentimento
b) Execução de um contrato
c) Cumprimento de uma obrigação
d) Defesa de interesses vitais
2. Regulamento Geral de Proteção
de Dados (“RGPD”)

 Condições de licitude (artigo 6.º, n.º 1, RGPD)

Defesa de interesses vitais

 Em princípio, só em ultima ratio (Considerando 46)


 Ex. Fins humanitários (monitorização de
epidemias)
 Catástrofes naturais
 Catástrofes de origem humana
2. Regulamento Geral de Proteção
de Dados (“RGPD”)

 Condições de licitude (artigo 6.º, n.º 1, RGPD)

a) Consentimento
b) Execução de um contrato
c) Cumprimento de uma obrigação
d) Defesa de interesses vitais
e) Exercício de funções de interesse
público/autoridade pública
f) Prossecução de interesses legítimos
g) Compatibilidade com a finalidade inicial
2. Regulamento Geral de Proteção
de Dados (“RGPD”)

 Condições de licitude (artigo 6.º, n.º 1, RGPD)

a) Consentimento
b) Execução de um contrato
c) Cumprimento de uma obrigação
d) Defesa de interesses vitais
e) Exercício de funções de interesse
público/autoridade pública
f) Prossecução de interesses legítimos
g) Compatibilidade com a finalidade inicial
2. Regulamento Geral de Proteção
de Dados (“RGPD”)

 Condições de licitude (artigo 6.º, n.º 1, RGPD)

Prossecução de interesses legítimos

 Não é invocável pelas autoridades públicas no


exercício das suas funções (Considerando 47: a lei
que atribui as funções estabelece os limites para o
tratamento de dados de forma completa)

 Limite: prevalência de interesses ou liberdades


fundamentais do titular que exijam a proteção dos
dados pessoais, em especial se o titular for uma
criança
2. Regulamento Geral de Proteção
de Dados (“RGPD”)

 Condições de licitude (artigo 6.º, n.º 1, RGPD)

Prossecução de interesses legítimos

 Ex.: relações relevantes e apropriadas entre titular


e responsável pelo tratamento, como clientela ou
trabalho

 Ex. Tratamento de dados estritamente necessário


à prevenção e controlo de fraude

Você também pode gostar