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M. Pesquisa 4
M. Pesquisa 4
O PROBLEMA CIENTÍFICO
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Olá!
Ao final desta aula, o aluno será capaz de:
Quando realizamos uma pesquisa, não basta delimitar o tema a um objeto de pesquisa, mas deve-se identificar
em seguida um problema específico que será analisado no trabalho. Problematizar é outro desafio após a escolha
do tema, mas configura passo importante para o estudo. Quando problematizamos explicitamos a dificuldade
É neste ponto que a problematização se relaciona diretamente com o foco do trabalho, no que se refere ao tema
selecionado. É a pergunta a ser respondida ao final, pois um tema pode abranger problemas distintos. Por isso,
se o estudante não delimitar claramente o problema - o enfoque – terá dificuldades em organizar a pesquisa e a
redação. Para dar maior clareza, deve-se formular o problema como um questionamento, encerrando a frase com
“Assim como a descrição de um tema, sua delimitação, a explicação de um objetivo, seja ele real ou específico, a
formulação do problema é imprescindível à pesquisa. O mesmo deve ter as seguintes características: clareza,
objetividade, concisão e especificidade, evitando, assim, formulações genéricas que lembrem um questionário
qualquer, em que não se consiga um desenvolvimento mais profundo (KAHLMEYER-MERTENS, 2007, p. 39).
Com a formulação do problema como uma pergunta, deve-se esclarecer para o próprio estudante qual é o foco
central do trabalho, o que se saberá quando a pesquisa for concluída. Podemos denominar de questão-problema,
Os dicionários definem o termo problema como obstáculo, contratempo, dificuldade que desafia a capacidade de
solucionar de alguém. Também mencionam: situação difícil, conflito, pessoa, coisa ou situação incômoda,
preocupante. E problema científico como assunto controverso, ainda não satisfatoriamente respondido, em
qualquer campo do conhecimento, e que pode ser objeto de pesquisas científicas ou discussões acadêmicas.
Dizendo de outro modo, questão não solvida e que é objeto de discussão, em qualquer domínio do conhecimento.
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• Transformar o assunto e problema, pois assim se torna pesquisável de modo a poder produzir
respostas específicas;
• Identificar no tema escolhido alguma dificuldade teórica ou prática, para a qual se deve encontrar
uma solução;
• Descobrir no assunto uma situação controvertida, passível de discussão.
Segundo Antônio Carlos Gil (2010, p. 8-9) , nem todo problema é passível de tratamento científico! Vamos
começar observando o que não pode ser considerado um problema científico e as razões dessa negativa. Deve-se
indagar se o problema formulado se enquadra na categoria de problema científico. Portanto, não são problemas
Essa denominação foi criada por Fred Kerlinger (1980 apud Gil, 2010) porque denotam a preocupação em como
fazer algo de maneira eficiente. Em nada se relaciona com a faculdade de engenharia, mas com construção,
criação, execução de algo em que se utilize engenho e arte. Nas palavras de Antônio Carlos Gil (2010, p. 8), não
indagam como são as coisas, suas causas e consequências, mas indagam acerca de como fazer as coisas.
Exemplo:
Outra categoria que não configura um problema científico são os problemas de valor. Estes são aqueles que
indagam se algo é bom ou mau, desejável ou indesejável, certo ou errado, melhor u pior, se algo deve ou não ser
feito (GIL, 2010, p.9). Aqui, também, não há a possibilidade de uma investigação nos moldes próprios da ciência.
Exemplo:
Deve-se tomar como ponto de partida uma proposição que poderá ser testada, verificada. Há critérios para isso.
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Um bom exemplo para uma questão que prescinde de clareza é a seguinte pergunta: “Como funciona a mente?”
ou “Os cavalos possuem inteligência?” Não são problemas solucionáveis, porque ambíguos, vagos ou apresentam
Imagine a seguinte questão: “os moradores dos grandes centros são melhores que os do campo?”
Estamos diante de julgamentos morais, no campo da subjetividade, inviabilizando uma possível investigação
científica.
“Após delimitar o tema procure ler o que os autores falam sobre ele e anote como problematizaram o tema.
Observe como levantaram questões norteadoras da pesquisa, bem como responderam a essas questões
formuladas. Eis um bom exercício para ajudá-lo na problematização de um tema. Pesquisa alguma poderá
Não se preocupe, porque formular um problema científico nada mais é do que aperfeiçoar, isto é, estruturar com
mais detalhes o objeto da pesquisa. Temos que evitar questões demasiado gerais, tais como (SAMPIERI;
COLLADO; LUCIO, 2006, p. 36-37): “Por que alguns casamentos duram mais que outros?”
De fato, a maneira como foram formuladas dá margem à grande quantidade de dúvidas. Como poderei investigá-
Um problema é de natureza científica quando envolve variáveis que podem ser tidas como testáveis, que podem
O que entendemos por variáveis? Uma variável é uma propriedade que pode variar e, por conseguinte é
Podemos pensar em alguns exemplos de variáveis: sexo, atributos físicos, tipos de personalidade, uma situação,
O termo variável é o dos mais utilizados na linguagem acadêmica. Seu objetivo é o de conferir maior precisão aos
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O conceito de variável refere-se a tudo aquilo que pode assumir diferentes valores ou diferentes aspectos,
segundo os casos particulares ou as circunstâncias (GIL, 2002, p.36). Assim, adquirem valor para a pesquisa
científica quando se relacionam com outras variáveis possibilitando a formulação de uma teoria ou hipótese. É
preciso definir conceitualmente as variáveis que integram o problema científico (SAMPIERI; COLLADO; LUCIO,
2006, p. 121).
Exemplo 1
Exemplo 2
Exemplo 3
Independentes: são aquelas que influenciam, determinam ou afetam outra variável. São percebidas como a
Exemplo:
“Se dermos uma pancada no joelho (variável independente) dobrado de um indivíduo, sua perna esticará”,
Dependentes: consistem nos valores a serem explicados ou descobertos, em virtude de serem influenciados,
Exemplo:
“Se dermos uma pancada no joelho dobrado de um indivíduo, sua perna esticará (variável dependente)".
Intervenientes; são aquelas que numa sequência causal, se colocam entre a variável independente e a
dependente, tendo como função ampliar, diminuir ou anular a influência de uma sobre a outra.
Exemplo:
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“A liderança autoritária (variável interveniente, pois interfere na relação entra a variável independente –
Quando formulamos um problema científico refletimos sobre possíveis respostas para o problema proposto.
Essa resposta provisória é a hipótese do trabalho. “As hipóteses indicam o que estamos buscando ou tentando
provar e se definem como tentativas de explicações do fenômeno pesquisado” (SAMPIERI; COLLADO; LUCIO,
2006, p. 118).
A hipótese é a ideia que o trabalho se propõe a apresentar. Advertem alguns autores que nem todas as pesquisas
suscitam hipóteses, dependerá da área de saber e do estudo proposto, porque em muitas situações,
principalmente em pesquisas exploratórias não será possível a formulação de hipóteses antes da coleta de dados.
Exemplo:
Hipótese: O índice de câncer pulmonar é maior entre os fumantes do que os não fumantes.
Como se percebe no exemplo acima, as hipóteses podem: ou não ser comprovadas ao final de uma pesquisa. Ela
difere de uma afirmação de fato, porque não estamos certos de sua comprovação antes do término da pesquisa.
A pesquisa científica, as hipóteses são proposições quanto às relações entre duas ou mais variáveis e se
fundamentam em conhecimento organizado e sistematizado. As hipóteses podem ser maios ou menos gerais ou
precisas, e envolver duas Ou mais variáveis, mas em todo caso são apenas proposições sujeitas à comprovação
Exemplo:
Você percebeu que nesta hipótese quando uma variável aumenta a outra diminui? Podemos observar a relação
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O que vem na próxima aula
•A determinação dos objetivos e a construção da justificativa da pesquisa.
Referências
BARRAL, Welber O. Metodologia da pesquisa jurídica. 4. ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2010.
BELL, Judith. Projeto de pesquisa: guia para pesquisadores iniciantes em educação, saúde e ciências sociais. 4.
CERVO, Amado L.; BERVIAN, Pedro A.; SILVA, Roberto da. Metodologia científica. 6. ed. São Paulo: Pearson
GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
SAMPIERI, Roberto H.; COLLADO, Carlos F.; LUCIO Pilar B. Metodologia da pesquisa. 3. ed. São Paulo: McGraw-
Hill, 2006.
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