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54 Capítulo 2

Área tracionada A1

Área cisalhada Av
L [
(a ) (b)
Fig. 2.8 Colapso por cisalhamento de bloco.

onde 0,60!., e 0,60J:. são respectivamente as tensões de ruptura e escoamento a cisalhamen-


·

to do aço;
A," e A8,, são respectivamente as áreas líquida e bruta cisalhadas;
A111 é a área líquida tracionada;
C,, = 1 ,0 quando a tensão de tração na área A111 é unjforme, caso das Figs. 2.8, 3. 1 1 e 9.9;
C,, = 0,5 para tensão não uniforme.
Observa-se na Eq. (2.9) que a resistência Rd é obtida com a soma das resistências à ruptura
das áreas cisa1hadas A111. e da área tracionada A,,, sendo que a resistência da área cisa1hada deve
ser limüada pelo escoamento a cisa1hamento.

2.3 I PROBLEMAS RESOLVIDOS


2.3.1Calcular a espessura necessária de uma chapa de I 00 mm de largura, sujeita a um esfor­
ço axial de 1 00 kN ( 1 0 tf). Resolver o problema para o aço MR250 utilizando o método das
tensões admssíveis (Item 1 . 1 0.3) com Ci, = 0,6J: .

T N = 1 00 kN

1
1 00 mm i

Fig. Probl. 2.3.1

Sol ução
Para o aço MR250, temos a tensão admssível (referida à área bruta):
Ci, = 0,6 X 250 = 1 50 MPa = 1 5 kN/cm2
Área bruta necessária:
N 1 00
A8 = - =- = 6 , 67 cm-,
0', 15
Peças Tracionadas 55

Espessura necessária:
6,67
t = -- = O, 67 em (adotar 7,94 mm = 51 1 6")
10

2.3.2 Repetir o Problema 2.3. 1 , fazendo o dimensionamento com o método dos estados limites,
e comparar os dois resultados.

Sol ução
Admitindo-se que o esforço de tração sej a provocado por uma carga variável de utilização,
a solicitação de cálculo vale
Nd = Y/1 = 1 ,5 X 1 00 = 1 5 0 kN
A área bruta necessária é obtida com a Eq. 2. 1 b:

Ag = �= 1 50
= 6 , 60 cm 2
/y l yllj 25 / 1, 1 0
Espessura necessária:
6, 60
t= = 0, 66 em (adotar 7.. 94 mm = 5 / 1 6")
10
Verifica-se que, no caso de tração centrada devida a uma carga variável, o método dos
Estados Limites e o de Tensões Admissíveis fornecem o mesmo dimensionamento.

2.3.3 Dua chapas 22 X 300 mm são emendadas por meio de talas com 2 X 8 parafusos
</> 22 mm (7/8"). Verificar se as dimensões das chapas são satisfatórias, admitindo-se aço MR250
(ASTM A36).
'

-{ijT -{ijT �- -e
I

• -{ijT �- e-
I I

300 kN 300 kN

-Ej}-
+-- ---+ 300 mm
-{ijT é- -EE>-
I I

-$- �- ..
-e- -e-
I
t= 22 mm

r;;. I I
Fig. Probl. 2.3.3

Solução
Área bruta:
A8 = 30 X 2,22 = 66,6 cm2
56 Capítulo 2

A área líquida na seção furada é obtida deduzindo-se quatro furos com diâmetro 22 +
3,5 = 25,5 mm.
A" = (30 - 4 X 2,55) X 2,22 = 44,04 cm2
Admitindo-se que a solicitação sej a produzida por uma carga variável de utilização, o es­
forço solicitante de cálculo vale:
N" = yqN = 1 ,5 X 300 = 450 kN
Os esforcos resistentes são obtidos com as Eqs. 2. l a e 2 . 1 b.
Área bruta:
Ndres = 66,6 X 25/ 1 , 1 0 = 1 5 1 3 kN
Área líquida:
Nd res = 44,0 X 40/ 1 ,35 = 1 304 kN
Os esforços resistentes são superiores aos esforços solicitantes, concluindo-se que as di­
mensões satisfazem com folga.

2.3.4Duas chapas 28 e m X 20 mm são emendadas por traspasse, com parafusos d = 20 mm,


sendo os furos realizados por punção. Calcular o esforço resistente de projeto das chapas, ad­
mitindo-as submetidas à tração axial. Aço MR250.

E
E
o
00
C\J

�N- �r--�•1--1�1�1•1--1�--�} N

Fig. Probl. 2.3 .4

Sol ução
A ligação por traspasse introduz excentricidade no esforço de tração. No exemplo, esse
efeito será desprezado, admitindo-se as chapas sujeitas à tração axial.
O diâmetro dos furos, a considerar no cálculo da seção líquida, é
20 + 3,5 = 23,5 mm
Peças Tracionadas 57

O esforço resistente de projeto poderá ser determinado pela seção bruta ou pela seção lí­
quida da chapa, e a menor seção líquida deverá ser pesquisada nos percursos 1 - 1 - 1 , 2-2-2
e 3-3-3.
Seção bruta:
A8 = 28 X 2 = 56 c m2

Seção líquida:

( )
1-1-1 A, = (28 - 2 X 2, 35) 2 = 46,6 cm 2

1
75
2-2-2 A, = 28 + 2 X -' - - 4 X 2, 3 5 X 2 = 48,45 cm 2

( )
4X5

7 5'
3-3-3 A, = 28 + 4 X -' - - 5 X 2,35 X 2 = 55 , 0 cm 2
4X5

Observa-se que a menor seção líquida CO!Tesponde à seção reta 1 - 1 - 1 .

Área bruta:
Os esforcas resistentes de projeto são obtidos com as Eqs. 2. 1 a e 2 . 1 b.

Ndres = 5 6 X 25/ 1 , 1 0 = 1 27 3 kN ( 1 27 tf)


Área líquida:
Ndres = 46,6 X 40/ 1 ,35 = 1 3 8 1 kN ( 1 38 tf)

O esforço resistente de projeto é determinado pela seção bruta, valendo 1 273 kN.

2.3.5 Calcular o diâmetro do tirante capaz de suportar uma carga axial de 1 50 kN, sabendo-se
que a transmissão de carga será feita por um sistema de roscas e porcas. Aço ASTM A36
(MR250). Admite-se que a carga seja do tipo permanente, com grande variabilidade.

Sol ução
O dimensionamento de batTas rosqueadas é feito com a Eq. 2.2. A área bruta necessária se
obtém com a expressão:
1,4 X 150 , yg N 1,4 X 150
= 9 45 em - > -- = = 9, 24 cm 2
f/ra1
------
0 , 75 X 40 ! 1 , 35 25 / 1 , 1 0

O diâmetro de bat-ra pode ser adotado igual a:


d = 3 ,49 em ( 1 3/8") Ag = 9,58 cm2

2.3.6 Para a cantoneira L 1 78 X 1 02 X 1 2,7 (7" X 4" X 1 12") indicada na Fig. Probl. 2 .3.6a e
2.3.6b, determinar:
a) a área líquida, sendo os conectares de diâmetro igual a 22 mm (7/8") ;
b) maior comprimento admissível, para esbeltez máxima igual a 300.
58 Capítulo 2

1 2,7

I
I ��-------------4' �-
I 1 i2
-
...-

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gs I
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I
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I

.. . 2
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-
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!
I 1 02 1 : I I gs_L
;.-
I '

(a) (b) (c)


Fig. Probl. 2.3.6

Sol ução
O cálculo pode ser feito rebatendo-se a cantoneira segundo seu eixo (Fig. Probl. 2 .3.6c).
Comprimentos líquidos dos percursos, considerando-se furos com diâmetro 22,2 + 3,5 =
25,7 mm ( 1 ") :
percurso 1 - 1 - 1 1 7 8 + 1 02 - 1 2, 7 - 2 X 25, 4 = 2 1 6, 5 mm

762 762
percurso 1 - 2 - 2 - 1 1 7 8 + 1 02 - 1 2 , 7 + -- + - 3 X 25,4 = 222, 6 mm
4 X 76 4 X 1 15
O caminho 1 - 1 - 1 é crítico. Seção líquida A, = 2 1 ,6 X 8 = 27,4 cm2•
O maior comprimento desta cantoneira trabalhando como peça tracionada será
lmáx = 300 X imín = 300 X 2,2 1 = 663 em

2.3.7 Para o perfil U 3 8 1 ( 1 5") X 50,4 kg/m, em aço MR250, indicado na Fig. Probl. 2.3.7,
calcular o esforço de tração resistente. Os conectares são de 22 mm de diâmetro.

I· ·I
86,4 75 75
I• •I• •I 1

.
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W;'�;;Jrf;�
N


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20 mm
Fig. Probl. 2.3.7
Peças Tracionadas 59

Sol ução
a) Escoamento da seção bruta
Ndres = A8 X J;, / 1 , 1 0 = 64,2 X 25/ 1 , 1 0 =
1 459 kN
b) Ruptura da seção líquida
Diâmetro do furo a se considerar no cálculo = 22,0 + 3,5 25,5 mm =

Área líquida (seção 1 - 1 ) = 64,2 - 4 X 2,55 X 1 ,02 = 53,8 cm2


Área líquida efetiva, considerando-se fator de redução C, [(Eq. 2 .6)] do Item 2 . 2.6:

cI = 1 - 2' o = o 73
1

7,5
A" =
O 73 X 53,8
,
=
39, 4 cm 2
Ndres = 39,4 X 40/ 1 , 35 = 1 1 69 kN

c) Ruptura por cisalhamento de bloco no perímetro da área hachurada na figura (Item


2.2.7).
Área cisalhada A8• = 2 X 1 ,02 X 15 =
30,6 cm2
Am = 2 X 1 ,02 X ( 1 5 - 1 ,5 X 2,55) =
22,8 cm2
Área tracionada Am = 1 ,02 X (3 X 8,5 - 3 X 2,55) = 1 8,2 cm2
Utiliza-se a Eq. (2.9) :

Rd = (0,6 X 40 X 22,8 + 40 X 1 8,2) / 1 ,35 =


944 kN > (0,6 X 25 X
30,6 + 40 X 1 8,2)/ 1 ,35 =
879 kN
d) Conclusão
O esforço resistente de tração do perfil é determinado peJa ruptura por cisalhamento de
bloco da área hathurada da Fig. Probl. 2 . 3.7.
Ndres = 879 kN

2.3.8 Calcular o esforç9 resistente de tração do perfil do Probl. 2.3.7, agora com ligação soldada.

Fig. Probl. 2.3.8


60 Capítulo 2

Sol ução
O esforço resistente ao escoamento da seção bruta foi obtido no Problema 2.3.7 e é igual
a 1 444 kN.
Com o fator de redução do Item 2.2.6 obtém-se o esforço resistente para ruptura da se­
ção efetiva na ligação:
c, = 1 - 20 / 1 00 = 0,80

Ndres = 0,80 X 64,2 X 40/ 1 ,35 = 1 450 kN

2.3.9 Ao perfil U 3 8 1 ( 1 511) X 50,4 kg/m do Probl. 2.3.7 são acrescentados dois furos, como
indicado na Fig. Probl. 2.3 .9. Calcular o esforço de tração resistente. Os conectares são de 22
mm de diâmetro.

2
1------1 I· + .J. ·I
86,4 110 75 75

-e- � .. :t- 2
B- 1 -$--·
E
E E

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co
X

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('") : ·.

1 I 2[
J
I

I (4/1 0)
N
Esforço normal (8/10) N

Fig. Probl. 2 .3.9

Sol ução
a) Ruptura de seção líquida
O cálculo para ruptura da seção líquida será feito agora com as seções 1 - 1 , 2-2 e
2- 1 - 1 -2 .
Área líquida: Seção 1 - I A, = 64, 2 - 4 X 2 , 55 X 1 , 02 = 53, 8 cm2

Seção 2 - 2 A, = 64, 2 - 2 X 2,55 X 1 , 02 = 59, 0 cm2

2 X 7 ' 52
Seção 2 - l - 1 - 2 A, = 64, 2 - 4 X 2,55 X l, 02 +
4 X 8,5

X 1 , 02 = 57, 6 cm 2
Peças Tracionadas 61

Admitindo solicitações uniformes nos conectores, o esforço normal na seção 1-1 será
2 8
N -- N = - N
10 10

e por isso o esforço resistente à ruptura d a seção líquida 1 - 1 será majorado de 1 0/8 para
ser comparado ao esforço solicitante total N.
Ruptura da seção líquida efetiva, considerando o fator de redução C1 igual a 0,73 (ver
Probl. 2.3.7).
Seção 1 - 1 Ndres = (0,73 X 53,8) X 40 X ( 1 0/8)/ 1 ,35 = 1 454 kN
Seção 2- 1 - 1 -2 Ndres = (0,73 X 57,6) X 40/ 1 ,35 = 1 246 kN
Comparando os resultados de esforço resistente à ruptura da seção líquida, vê-se que o
percurso 1 - 1 , embora com menor área líquida, não é determinante, pois o esforço na seção
1 - 1 é inferior ao esforço total N.
b) Escoamento da seção bruta
Ndres = 1 444 kN
c) Ruptura por cisalhamento de bloco
Com a distância agora adotada entre a última seção com furos e a borda do perfil, a
ruptura por cisalhamento de bloco não será detenninante.
d) Conclusão
O esforço resistente à tração do perfil Ndres é igual a 1 246 kN.

2.4 I PROBLEMAS PROPOSTOS


2.4. 1 Que estados limites podem ser atingidos por uma peça tracionada?
2.4.2 Por que o escoamento da seção líquida de uma peça tracionada com furos não é
considerado um estado limite?
2.4.3 Por que as nom1as impõem limites superiores ao índice de esbeltez de peças tracio­
nadas?
2.4.4 Calcule o esforço resistente à tração da chapa de 20 mm de espessura ligada a ou­
tras duas chapas por parafusos de 1 9 mm de diâmetro. Aço MR250.

-e- 0-·-·- :·-·-·-·-·- - -·-·-·-·


e- -$-·-·-·-·- -·-·� -·-·-·- - -·-·- - -
-0 -8- -·-·� - - - - -·-·-·-·- -
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75 75 75 75 /
20mm

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- N/2

- N/2 Fig. Probl. 2.4.4

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