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Estudos

de caso

Capítulo 2 | Dorso

Estudo de caso 2.1 Além disso, virar a cabeça provocava dor. Não há casos rela-
tados de gripe no campus universitário, e o médico de
Uma ginasta de competições, com 13 anos de idade, que plantão suspeita de meningite.
pratica 18 a 20 horas por semana, se queixa de lombalgia. O
exame físico e as radiografias revelaram que ela apresenta PERGUNTAS:
uma fratura por estresse na quinta vértebra lombar (L V). 1. O que é meningite?
PERGUNTAS: 2. Qual sinal/sintoma, em combinação com outros, é mais
sugestivo de meningite?
1. Qual movimento repetitivo da coluna vertebral resultaria 3. Que manobras no exame físico poderiam ser feitas pelo
em uma fratura por estresse de uma vértebra? médico para reforçar a suspeita de meningite?
2. Qual parte da vértebra costuma ser acometida? 4. Qual é a base anatômica da exacerbação da dor?
3. Qual é o nome clínico dado a esse minúsculo defeito ósseo? 5. Qual procedimento deve ser realizado para confirmar o
4. Que outras atividades poderiam provocar esse tipo de diagnóstico de meningite?
fratura por estresse?
Estudo de caso 2.4
Estudo de caso 2.2
Um homem de 67 anos de idade, tabagista de longa data,
Um halterofilista se preparava para uma competição e prati-
queixa-se de rigidez de nuca. No exame físico, a amplitude
cava com pesos progressivamente maiores. Durante a
de movimento de seu pescoço está bastante limitada. Ele
extensão de sua coluna vertebral, ele sentiu subitamente
sente apenas um discreto desconforto no pescoço, especial-
uma dor intensa na região lombar. Após o exame físico, o
mente pela manhã, contudo, apresentou recentemente
médico decidiu que o paciente estava sentindo lombalgia
aguda. episódios de dormência e formigamento e discreta fraqueza
no ombro e no membro superior direitos. A história pato-
PERGUNTAS: lógica pregressa revela artroplastia do quadril direito há
1. Qual é a causa provável da lombalgia aguda desse paciente? 5 anos causada por dor crônica quando deambulava e ficava
2. Quais músculos do dorso são comumente acometidos? em posição ortostática. As radiografias simples revelam
3. Quais sinais e sintomas uma pessoa com essa condição deformidade em hiperextensão do pescoço, com estreita-
provavelmente apresentaria? mento dos espaços dos discos intervertebrais, principal-
4. O que poderia ser feito para prevenir esse tipo de lesão mente entre as vértebras C III e C IV, bem como entre as
no dorso? C IV e C V, com osteófitos nas margens dos corpos vertebrais
e dos processos articulares. O médico diagnosticou espon-
Estudo de caso 2.3 dilose e osteoartrite.

Uma universitária é levada ao ambulatório por amigos PERGUNTAS:


porque apresentou subitamente febre, náuseas e vômitos. 1. Qual sequência de eventos foi provavelmente responsável
Ela informou à enfermeira que sentiu uma “dor de cabeça por essa condição?
avassaladora”, que piorava quando ficava de pé e caminhava. 2. Qual é a causa de degeneração do disco intervertebral?
2 Anatomia Orientada para a Clínica

3. Explique os sintomas neurológicos do paciente. PERGUNTAS:


4. O que poderia aliviar a dor provocada por degeneração do 1. O que é um defeito comum do desenvolvimento da coluna
disco intervertebral cervical? vertebral?
2. De modo geral, a medula espinal e as meninges são
Estudo de caso 2.5 normais em pessoas com espinha bífida oculta?
Uma menina de 10 anos de idade assintomática é levada ao 3. Esse defeito comum costuma provocar dorsalgia?
seu pediatra para o exame anual para a escola. A marcha da
criança é normal. Quando solicitada a “ficar de pé com o peso Estudo de caso 2.9
apoiado nas duas pernas”, a coluna vertebral da paciente Durante uma discussão acalorada em um parque local, um
parece reta, mas a cintura está discretamente mais elevada à adolescente de 16 anos de idade foi esfaqueado na face poste-
esquerda (como se ela estivesse apoiando seu peso no membro rior do pescoço. Quando se abaixou para evitar o golpe do
inferior esquerdo), e o ombro direito é um pouco mais alto atacante, ele flexionou o pescoço. Para surpresa do atacante,
que o esquerdo. Quando questionada, a paciente informa que o adolescente caiu no chão e ficou completamente imobili-
escreve com a mão esquerda. zado do pescoço para baixo.
PERGUNTAS: PERGUNTAS:
1. Qual condição é sugerida por esses achados? 1. Como foi possível a faca atingir um local onde poderia
2. Que outro teste pode ser realizado para confirmar o diag- causar uma lesão tão grave?
nóstico? 2. Explique a base da paralisia da vítima. O que poderia ter
3. Qual é a importância de saber se a paciente é destra ou ocorrido se a faca tivesse penetrado em um nível alto?
canhota? 3. Como o conhecimento anatômico aplicado nesse estudo
4. Se a marcha for normal, a coluna vertebral parecer reta e de caso pode ser usado no diagnóstico de doenças do
a paciente for assintomática, há motivos para preocupação sistema nervoso e na administração de agentes anestésicos?
ou justificativa para tratamento?
Estudo de caso 2.10
Estudo de caso 2.6 Um homem de 51 anos de idade estava esperando o sinal de
Um médico se prepara para realizar uma punção lombar para trânsito abrir quando seu carro foi atingido pela traseira. O
estabelecer o diagnóstico em um paciente sob suspeita de corpo dele foi projetado para a frente, e sua cabeça foi jogada
hemorragia intracraniana. violentamente para trás. Ele sofreu uma concussão leve e se
sentiu trêmulo. Ao conversar com o motorista que bateu no
PERGUNTAS: seu carro e com o policial, ele informou que não estava ferido
1. Em quais níveis vertebrais o médico deve inserir a agulha gravemente. O policial observou que o apoio de cabeça no
para a punção lombar? assento dele não estava posicionado de modo a evitar a hipe-
2. Por que esses níveis vertebrais são usados? rextensão do pescoço. Na manhã seguinte ao acidente, o
3. Esses níveis são seguros em lactentes? pescoço do homem estava rígido e doloroso, e ele sentia dor
4. Por que o dorso do paciente deve ser flexionado o máximo na face esquerda do pescoço e no membro superior esquerdo.
possível quando se realiza uma punção lombar? O movimento da cabeça exacerbava a dor no pescoço. Ele
5. Explique os motivos de a punção lombar ser contraindi- decidiu procurar um médico.
cada quando existe potencial de aumento da pressão intra- • Exame físico: a médica observou que o homem mantinha
craniana. a cabeça rígida e inclinada para a direita. Também observou
que o queixo do paciente estava apontado para a esquerda
Estudo de caso 2.7 e o pescoço dele estava discretamente flexionado. A
Um médico examinou um homem de 68 anos de idade com palpação da face posterior do pescoço desse paciente
dorsalgia e dor nos membros inferiores. Após examinar as revelou discreto dolorimento nos processos espinhosos
imagens de ressonância magnética, o médico informou ao das vértebras cervicais inferiores. O reflexo bicipital
paciente que a dor resulta de estenose do canal vertebral. também estava reduzido à esquerda. A médica solicitou
um estudo radiográfico da região cervical da coluna verte-
PERGUNTAS: bral do paciente.
1. O que é estenose do canal vertebral? • Laudo da radiologia: os discos entre as vértebras C V e
2. Quais são as causas de estenose do canal vertebral? C VI e entre C VI e C VII eram finos e havia pequenas
3. Como a estenose do canal vertebral provoca dorsalgia e margens ósseas nas bordas opostas dos corpos das vérte-
dor nos membros inferiores? bras C V, C VI e C VII.
• Diagnóstico: lesão por hiperextensão do pescoço.
Estudo de caso 2.8 PERGUNTAS:
Durante uma radiografia de rotina do dorso de um homem 1. Qual é a base anatômica da concussão, da rigidez de nuca
jovem, foi observado um defeito congênito comum do arco e da dor na nuca e no membro superior desse paciente?
vertebral. Não foram detectados sinais de dorsalgia. 2. Qual raiz de nervo espinal foi provavelmente comprimida?
Estudos de caso | Capítulo 2 • Dorso 3

3. Quais músculos foram provavelmente afetados? 2. As fraturas cervicais costumam provocar morte?
4. Qual é a causa provável do adelgaçamento dos discos inter- 3. Quais estruturas associadas da coluna vertebral também
vertebrais e da formação de margens ósseas nas bordas foram provavelmente rompidas?
dos corpos das vértebras cervicais desse paciente? 4. Embora fosse esperada tetraplegia após uma transecção
da medula espinal cervical, qual seria a causa provável de
Estudo de caso 2.11 morte nesse caso?
Enquanto carregava uma caixa pesada de livros, um homem
de 45 anos de idade sentiu subitamente dor intensa na região
Estudo de caso 2.13
lombar. Depois, ele passou a sentir dor surda na face poste-
rolateral da coxa esquerda, que se disseminou ao longo da
Um homem de 62 anos de idade, tabagista e etilista invete-
rado, procurou o médico porque sentia uma pulsação forte
2
panturrilha para o pé. Também foi observado desvio lateral no abdome. Ele afirma que é como se tivesse um segundo
da região lombar de sua coluna vertebral. Ele coxeava coração. Também se queixou de dor no abdome, no dorso e
quando caminhava porque não conseguia estender plena- na região inguinal. O médico solicitou exames de imagem,
mente a coxa. Seu médico de família recomendou repouso inclusive tomografia computadorizada (TC).
no leito e o encaminhou para um ortopedista especialista
em dorso. • Laudo da radiologia: as radiografias simples mostraram
depósitos de cálcio na parede da parte abdominal da aorta
• Exame físico: o ortopedista constatou espasmo dos e um aparente aneurisma. A TC revelou um aneurisma de
músculos do dorso do paciente. Quando solicitado a aorta abdominal com 11 cm de diâmetro.
indicar o local de dor mais intensa, o paciente apontou a
região lombar. Durante o exame não foi observado reflexo Antes que fosse internado para reparo do aneurisma, o
aquileu à esquerda. A dor piorou quando o ortopedista paciente desmaiou ao volante no caminho para casa e
elevou o membro inferior estendido do mesmo lado. O provocou um acidente automobilístico. Ele foi levado para
ortopedista solicitou estudo radiográfico e ressonância o hospital e internado para reparo cirúrgico do aneurisma
magnética (RM) da região lombar para esse paciente. roto. Durante a intervenção cirúrgica, foi necessária subs-
• Laudo da radiologia: as radiografias mostraram discreto tancial mobilização da aorta, de modo que várias artérias
estreitamento do espaço entre os corpos das vértebras L V segmentares foram ligadas e divididas. Embora a aorta tenha
e S I. Na RM constatou-se protrusão do núcleo pulposo sido reparada com sucesso com um enxerto de Dacron®, o
do disco entre as vértebras L V e S I. paciente ficou paraplégico e com disfunção erétil após a
• Diagnóstico: herniação posterolateral do núcleo pulposo cirurgia, e as funções vesical e intestinal não estavam mais
do disco entre as vértebras L V e S I. sob controle voluntário.

PERGUNTAS: • Diagnóstico: paraplegia e outros déficits neurológicos


resultando em paralisia esfincteriana na bexiga urinária e
1. Qual é a base anatômica da herniação (protrusão) de um no canal anal.
disco intervertebral e a resultante lombalgia?
2. O que provocou o desvio lombar? PERGUNTAS:
3. Por que o paciente sentiu dor na face posterolateral da 1. Identifique as artérias que irrigam a medula espinal.
coxa, no membro inferior e no pé? 2. Qual é a base anatômica mais provável da paraplegia,
4. Por que a dor piorou quando o ortopedista elevou o das disfunções esfincterianas e da disfunção erétil do
membro inferior estendido do paciente? paciente?
3. Por que o crescimento segmentar das artérias longitudinais
Estudo de caso 2.12 da medula espinal é tão importante?
Uma adolescente de 18 anos de idade foi arremessada de um 4. Com base nos sintomas, quais artérias foram ligadas e divi-
cavalo e sofreu lesão da medula espinal como resultado de didas durante a intervenção cirúrgica?
hiperextensão significativa do pescoço. Embora tenha sido 5. Quais fatores de risco estão sabidamente associados ao
levada rapidamente para o hospital, ela morreu após aproxi- desenvolvimento de aneurismas?
madamente 5 minutos. Foi realizada necropsia.
Estudo de caso 2.14
• Laudo da necropsia: fratura das vértebras C I e C II como
resultado da hiperextensão. A medula espinal foi substan- Um homem de 21  anos de idade se envolveu em uma
cialmente lesionada no nível da articulação das vértebras colisão de frente. Ao ser retirado do carro, ele se queixou
C II e C III, com sangramento abundante para os tecidos de perda de sensibilidade e dos movimentos voluntários
moles do pescoço. nos membros inferiores. Os movimentos dos membros
• Diagnóstico: transecção da extremidade superior da superiores também foram comprometidos, sobretudo das
medula espinal resultante de múltiplas fraturas das vérte- mãos. O paciente foi mantido aquecido e imobilizado até
bras cervicais. a ambulância chegar. Foi utilizada técnica de transporte
adequada (prancha com estabilização da cabeça e do
PERGUNTAS: pescoço), e o paciente foi levado para o departamento de
1. Descreva as fraturas das vértebras C I e C II que mais emergência. Após o exame no hospital, foram obtidas radio-
provavelmente ocorrem em virtude de hiperextensão. grafias de sua coluna vertebral.
4 Anatomia Orientada para a Clínica

• Laudo da radiologia: as radiografias mostraram luxação RESPOSTAS


(deslocamento) grave da vértebra C VI sobre C VII e
fratura segmentar do canto anterossuperior do corpo da
vértebra C VII. Estudo de caso 2.1
• Diagnóstico: luxação das vértebras C VI e C VII.
• Tratamento cirúrgico: foi realizada redução a céu aberto, 1. A hiperextensão contínua da coluna vertebral pode
e os processos espinhosos das vértebras C VI e C VII foram provocar fraturas por estresse. Forças compressivas conse-
imobilizados com fio de modo a manter a relação normal quentes a aterrissagens em chão duro também contribuem
entre eles. A redução foi mantida por imobilização do para as fraturas por estresse.
pescoço com colar cervical de material plástico. 2. De modo geral, as partes interarticulares da lâmina da
vértebra L V são envolvidas, especialmente em pessoas
PERGUNTAS: com colunas vertebrais imaturas.
1. Quais articulações da região cervical da coluna vertebral 3. Esse defeito, denominado espondilólise, resulta em movi-
foram deslocadas (luxadas)? mento anterior do corpo da vértebra L V sobre o sacro
2. Quais ligamentos que mantêm as vértebras juntas foram (espondilolistese).
provavelmente estirados ou rompidos? 4. Os praticantes de mergulho, ginástica, luta livre e halte-
3. Qual é a causa mais provável da paralisia desse paciente? rofilismo são especialmente vulneráveis a esses defeitos
4. Quais outras funções fisiológicas perderiam o controle ósseos. Atividades repetitivas e levantamento de pesos
voluntário? acima da cabeça realizados por pintores, carpinteiros e
eletricistas também podem provocar espondilólise.
Estudo de caso 2.15
Estudo de caso 2.2
Um homem leva sua filha de 12 anos de idade para visitar
a avó de 75 anos de idade que não a vê há alguns anos. O 1. O halterofilista provavelmente apresentou um espasmo
homem ficou chocado ao ver o quanto a mãe tinha “enve- intenso da musculatura do dorso.
lhecido”. Ela apresentava redução significativa de sua esta- 2. Os músculos do dorso que costumam ser envolvidos são
tura e estava tão curvada para a frente que parecia ter uma as camadas intermediária e profunda dos músculos
corcunda. A marcha da mãe era instável. Por causa da insis- próprios do dorso (p. ex., os músculos eretores da espinha
tência do filho, a senhora foi ao médico pela primeira vez e a parte lombossacral do músculo multífido).
em anos. 3. O sintoma habitual do espasmo muscular é uma dor surda
História patológica pregressa: histerectomia logo após a e constante na região lombar. O sinal óbvio é a limitação
única gravidez. Ela nunca amamentou o filho. Foi informada da amplitude de movimento da coluna vertebral e grandes
ainda na infância que tinha “alergia ao leite”, portanto evitou áreas de dor à palpação.
o consumo de laticínios durante a maior parte da vida. É 4. Má postura e mecânica inapropriada de levantamento de
tabagista e admite o consumo de um ou dois drinques alco- peso provocam a maioria dos episódios de dorsalgia aguda.
ólicos por dia. Informa que nunca usou hormônios femininos Técnicas apropriada de se sentar e levantar peso seriam
e que sua mãe tinha aspecto semelhante ao seu na velhice. aconselháveis, tais como levantar com os membros infe-
Ela se queixa de cefaleia e problemas de visão. Parou de usar riores de vez de usar o dorso.
os óculos (bifocais) porque pareciam piorar a cefaleia.
Estudo de caso 2.3
• Exame físico: cifose torácica acentuada com extensão
cervical compensatória. Ela apresenta perda ponderal, 1. Meningite é uma inflamação das meninges, que pode
bem como redução acentuada da altura (quase 7,5 cm a resultar de infecções virais, bacterianas, fúngicas ou para-
menos que a registrada na carteira de habilitação, que sitárias. A infecção envolve o líquido cerebrospinal e,
expirou 5 anos antes). portanto, as meninges craniais e espinais são acometidas.
• Laudo da radiologia: cifose torácica acentuada em decor- A meningite viral é, com frequência, benigna e de duração
rência de várias vértebras torácicas cuneiformes, achatadas limitada, mas outras formas têm consequências graves e
e bicôncavas. A redução da massa óssea é evidente nas costumam ser fatais.
radiografias. 2. A manifestação mais patognomônica (específica para a
• Diagnóstico: osteoporose, acometendo principalmente as doença) da meningite é a rigidez de nuca (em combinação
vértebras torácicas. com os outros sinais/sintomas) consequente à inflamação
meníngea.
PERGUNTAS: 3. Em decúbito dorsal na mesa de exame, a paciente é soli-
1. Explique a perda da altura e os achados nos exames de citada a elevar a cabeça (teste de Brudzinski). Respostas
imagem. positivas incluem exacerbação da dor na nuca (mas também
2. Quais fatos na história da paciente provavelmente contri- na cabeça ou no dorso) e/ou flexão involuntária do membro
buíram para as condições dela? inferior. Outro teste realizado na mesma posição é fazer a
3. Quais são os riscos de saúde prováveis para a avó nesse paciente flexionar a coxa na altura do quadril durante
momento e quais medidas ela poderia tomar para reduzir extensão do joelho e dorsiflexão do tornozelo (teste de
esses riscos? Kernig). As respostas positivas são as mesmas do teste de
4. Qual orientação a avó deve receber do médico? Brudzinski.
Estudos de caso | Capítulo 2 • Dorso 5

4. Os dois testes aumentam a tensão (estiramento) da dura- em relação às cápsulas dos processos articulares das vérte-
máter. Acredita-se que o teste de Kernig indiretamente bras, provavelmente comprimiu as raízes dos nervos espi-
resulte de tração sobre o nervo isquiático, o principal nervo nais C4 e C5, provocando contusão do tecido nervoso e
do membro inferior. Lembre-se de que a dura-máter sensação de formigamento (parestesia). O fato de o
continua sendo a membrana de revestimento mais externa paciente ter acometimento de articulações isoladas e unila-
do nervo (epineuro) quando os nervos espinais penetram terais é um indício de que a condição não é uma artrite
no saco dural e, portanto, as forças de tração exercidas em sistêmica (reumatoide).
um nervo são transmitidas para o saco dural. 4. A tração para cima da cabeça pode aliviar a dor e a
5. O diagnóstico de meningite é confirmado pela análise
do líquido cerebrospinal, coletado por meio de punção
lombar.
dormência causadas por estreitamento dos forames inter-
vertebrais e pressão sobre as cápsulas dos processos arti-
culares das vértebras.
2
Estudo de caso 2.4 Estudo de caso 2.5
1. Durante a meia-idade e a velhice, ocorre redução global 1. Os achados sugerem escoliose idiopática.
de densidade e força ósseas, sobretudo na parte central 2. Deve-se solicitar que a paciente incline o corpo para a
do corpo das vértebras, e os discos intervertebrais entre frente e toque os dedos dos pés enquanto o médico fica
estas tornam-se cada vez mais convexos se permane- em pé atrás da paciente e observa a curvatura no alinha-
cerem normais. Portanto, as faces articulares (placas mento dos processos espinhosos. Pode ser útil marcar a
terminais) são, tipicamente, arqueadas para dentro de posição dos processos espinhosos com um marcador
modo progressivo, e as faces superiores e inferiores das lavável antes de realizar a flexão. O dorso da paciente deve
vértebras tornam-se cada vez mais côncavas. Todavia, na permanecer simétrico enquanto a lordose lombar é dimi-
doença degenerativa dos discos intervertebrais, os discos nuída e, depois, mostrar-se convexo posteriormente.
se tornam uniformemente delgados. Um disco interver- Desvios laterais da fileira de processos espinhosos ou
tebral que é mais delgado que o disco superior é deno- elevação assimétrica das costelas são sinais positivos de
minado degenerativo. A perda óssea combinada à escoliose, e a paciente deve ser encaminhada para avaliação
redução anormal da altura dos discos intervertebrais radiológica (radiografias simples de pesquisa de escoliose).
provoca uma redução mais acentuada do que ocorreria 3. Existe convexidade lateral discreta, embora normal, para
normalmente em indivíduos idosos. Em resposta ao o lado dominante do indivíduo. Nesse caso, entretanto, a
aumento das forças compressivas no anel fibroso, oste- curvatura era para a direita, e a paciente mencionou que
ófitos se desenvolvem em torno das margens do corpo era canhota.
das vértebras (ao longo das inserções das fibras do anel 4. A forma mais comum de escoliose envolve o aparecimento
fibroso), sobretudo anterior e posteriormente. Da mesma idiopático (causa desconhecida) em meninas com 8 a
forma, a modificação da mecânica impõe maior tensão 10 anos de idade, com evolução durante a adolescência.
nos processos articulares das vértebras e surgem osteó- De modo geral, o crescimento da coluna vertebral está
completo nas mulheres 18 a 24 meses antes da menarca
fitos e extensões da cartilagem articular. Esse cresci-
(primeira menstruação), portanto, o tratamento preven-
mento ósseo e cartilaginoso em adultos mais velhos era
tivo não é mais possível. A escoliose idiopática é poten-
tradicionalmente considerado um processo patológico
cialmente desfigurante, além de causar problemas por
(espondilose no caso de corpos de vértebras, e osteoar-
toda a vida, como dorsalgia e possível degeneração discal,
trite no caso dos processos articulares das vértebras),
e comprometer o estilo de vida, escolhas de carreira
contudo, é mais realista que isso seja considerado uma
(p.  ex., elegibilidade militar) etc. A detecção precoce
anatomia normal para determinado grupo etário. Então,
possibilita o tratamento apenas com exercícios físicos e
discos intervertebrais mais delgados que discos locali- orientação postural. Tradicionalmente o tratamento
zados mais superiormente são considerados degenera- consistia no uso de um colete de suporte (colete de
tivos e não apenas envelhecidos. Milwaukee) por até 23 horas por dia durante vários anos.
2. A doença degenerativa dos discos intervertebrais ocorre Estimulação elétrica transcutânea dos músculos tem sido
frequentemente na região cervical da coluna vertebral. A empregada nos últimos anos. A detecção tardia ou o
degeneração dos discos intervertebrais está associada a fracasso de abordagens terapêuticas mais conservadoras
desidratação importante e perda de mucopolissacarídio exigem intervenção cirúrgica.
do núcleo pulposo, ou podem ocorrer herniações do
núcleo pulposo que resultam em estreitamento do espaço
intervertebral e redução da capacidade dos discos inter-
Estudo de caso 2.6
vertebrais de amortecer as tensões exercidas nas vértebras. 1. De modo geral, a punção lombar é realizada entre as vérte-
A degeneração dos discos intervertebrais diminui a esta- bras L III e L IV ou L IV e L V.
tura, limita a mobilidade e reduz as dimensões dos forames 2. Esses níveis vertebrais são seguros para adolescentes e
intervertebrais. adultos porque a medula espinal geralmente termina no
3. Uma diminuição das dimensões dos forames interverte- nível vertebral L II/L III nos adolescentes e no nível de
brais como resultado da redução da altura dos discos inter- L I/L II na maioria dos adultos. Então, a extremidade
vertebrais, talvez acompanhada por edema dos ligamentos inferior do saco dural contém a cauda equina mas não a
amarelos e desenvolvimento de osteófitos (“osteoartrite”) medula espinal.
6 Anatomia Orientada para a Clínica

3. Não. O nível L  III/IV tem risco potencial no caso de feridas com armas brancas. Quando o pescoço é flexio-
lactentes. De modo geral, a medula espinal termina no nado, os espaços entre esses processos espinhosos e as
nível de L III por ocasião do nascimento e existe variação. lâminas dos arcos vertebrais aumentam, possibilitando a
Portanto, em lactentes e crianças pequenas deve ser utili- penetração da faca entre estes até o canal vertebral com
zado o nível L IV/V ou o líquido cerebrospinal deve ser seccionamento da região cervical da medula espinal. Veri-
retirado da cisterna cerebelobulbar posterior (cisterna fique esse movimento das vértebras cervicais durante a
magna) pela inserção da agulha através da membrana flexão colocando sua mão na nuca com a ponta do quinto
atlanto-occipital posterior e do forame magno. dedo sobre a protuberância occipital externa e o polegar
4. O dorso dos pacientes é flexionado durante a realização no processo espinhoso da vértebra C VII (vértebra proe-
da punção lombar com o propósito de afastar ao máximo minente) e, então, flexionando o pescoço o máximo
os processos espinhosos e as lâminas, para possibilitar a possível. Observe que o espaço entre seus dedos da mão
introdução da agulha na cisterna lombar contendo líquido aumenta, refletindo o alargamento dos espaços entre os
cerebrospinal. processos espinhosos das vértebras C II a C VII. Se o
5. Deve-se ter cuidado ao realizar uma punção lombar quando jovem tivesse sido esfaqueado no mesmo local com a
houver a possibilidade de aumento da pressão intracraniana. cabeça ereta, ele provavelmente não teria sido ferido
Se a pressão cai subitamente no espaço subaracnóideo gravemente. A faca teria, provavelmente, atingido os
extracraniano quando a agulha penetra no canal, todo o processos espinhosos e/ou as lâminas das vértebras cervi-
cerebelo ou parte dele pode ter herniação para dentro do cais sem lesionar a medula espinal.
canal vertebral. De modo geral, o aumento da pressão intra- 2. A transecção completa da medula espinal resulta em perda
craniana pode ser detectado por meio de fundoscopia de toda a sensibilidade e dos movimentos voluntários
(exame do fundo de olho por meio de um oftalmoscópio). abaixo da lesão. O paciente se torna tetraplégico quando
a lesão está localizada acima do segmento C5 da medula
Estudo de caso 2.7 espinal porque os nervos que suprem o membro superior
provêm dos segmentos C5 a T1. Se a faca seccionasse a
1. Estenose espinal (ou estenose do canal vertebral) consiste
em redução do diâmetro do canal vertebral ou dos forames medula espinal acima do segmento C4, a lesão interrom-
intervertebrais, geralmente na região lombar da coluna peria a respiração do paciente. Nesse local, a lesão teria
vertebral. interferido nos segmentos que originam o nervo frênico
2. A estenose espinal pode ser congênita (malformação de uma (segmentos C3, C4 e C5), que supre o diafragma. Assim,
vértebra) ou adquirida (causada por degeneração de estru- o paciente morreria em alguns minutos.
turas relacionadas com a saída dos nervos espinais). Exem- 3. Existem hiatos semelhantes entre os processos espi-
plos incluem arqueamento ou calcificação dos ligamentos nhosos lombares quando o dorso é flexionado. A exis-
amarelos, desenvolvimento de osteófitos em torno dos tência desses hiatos é importante porque eles possibilitam
processos articulares das vértebras ou dos discos interver- acesso ao canal vertebral, especificamente aos espaços
tebrais ou protrusão ou herniação de disco intervertebral. epidural e subaracnóideo para a administração de agentes
3. Embora teoricamente a estenose (estreitamento) das anestésicos e retirada de amostras de líquido cerebros-
vértebras lombares superiores possa comprimir a medula pinal para exame.
espinal, na verdade, os nervos espinais lombares são
comprimidos. Os sintomas incluem dor local aguda Estudo de caso 2.10
inicial, seguida por dormência e/ou fraqueza crônica na 1. A associação entre colisões na parte posterior dos automó-
área do membro inferior para a qual as fibras do nervo veis e lesões por hiperextensão dos tecidos moles da região
são distribuídas. cervical da coluna vertebral é bem conhecida. As conten-
ções de cabeça (não os “descansos de cabeça”) e os cintos
Estudo de caso 2.8 de segurança são projetados para minimizar essas lesões.
1. Um defeito de desenvolvimento comum da coluna verte- Todavia, a contenção de cabeça é inútil se não estiver
bral é a espinha bífida oculta. Essa condição resulta de elevada de modo que a cabeça entre em contato com ela
falha na união das lâminas do arco vertebral e varia desde no caso de uma batida na traseira do veículo. O mecanismo
um defeito discreto até a falha quase total de formação do da lesão no caso atual foi basicamente de hiperextensão
arco vertebral. rápida do pescoço. Como a contenção da cabeça não estava
2. A medula espinal e as meninges são, em geral, normais na posição correta, não havia nada para restringir o movi-
em indivíduos com espinha bífida oculta. mento posterior da cabeça e do pescoço. Isso ocorreria
3. Em geral, o defeito é assintomático. Se mais de uma provavelmente porque os músculos do pescoço do
vértebra lombar for afetada, a frequência de dorsalgia é paciente, os principais estabilizadores da região cervical
mais elevada. da coluna vertebral, estariam relativamente relaxados. A
lesão do pescoço em hiperextensão é popularmente deno-
minada lesão em chicotada. Muitos médicos consideram
Estudo de caso 2.9 esse termo inadequado porque não existe uma síndrome
1. Os processos espinhosos e as lâminas dos arcos vertebrais clínica bem definida ou condição patológica fixa associada
geralmente protegem a medula espinal durante lesões na à lesão. Uma lesão em hiperflexão do pescoço também pode
parte posterior do pescoço, mesmo aquelas resultantes de ocorrer quando a cabeça é deslocada secundariamente
Estudos de caso | Capítulo 2 • Dorso 7

para a frente em direção ao tórax. Isso ocorre sobretudo trajeto para o forame intervertebral um nível abaixo do
quando uma colisão na parte posterior do automóvel nível da herniação. Nesse caso, as raízes dos nervos espi-
impulsiona um carro parado em direção a outro veículo. nais comprimidas são mais provavelmente as do nervo
Durante a hiperextensão significativa do pescoço, o liga- espinal S1. A compressão das raízes desse nervo causaria
mento longitudinal anterior e os músculos do pescoço dor no dermátomo S1, que se estende desde as regiões
seriam extremamente estirados e algumas de suas fibras sacroilíaca e glútea até a face posterior da coxa, da perna
seriam provavelmente rompidas, resultando em pequenas e da lateral do pé. A extrusão do material do disco também
hemorragias. Os espasmos musculares resultantes expli- pode provocar inflamação das raízes em decorrência de
cariam a dor e a rigidez do pescoço. A concussão prova-
velmente resultou do impacto abrupto dos ossos frontal e
esfenoide contra os polos frontal e temporal do cérebro.
irritação química por substâncias liberadas pelo núcleo
pulposo. Também ocorre parestesia no dermátomo.
4. A exacerbação da dor geralmente ocorre (embora algumas
2
2. A dor no ombro esquerdo e a fraqueza do reflexo bicipital pessoas sintam alívio) quando o membro inferior estendido
à esquerda do paciente resultam, provavelmente, de é flexionado passivamente na altura do quadril (inclinação
compressão da raiz do nervo espinal C6 esquerdo, possi- para a frente no quadril). Quando o médico elevou o
velmente por herniação posterolateral do disco entre as membro inferior estendido do paciente na articulação do
vértebras C V e C VI. quadril, o nervo isquiático, inclusive seu componente S1,
3. O nervo musculocutâneo (proveniente dos segmentos/ foi tensionado quando estirado através do disco interver-
nervos espinais C5 e C6) supre o músculo bíceps braquial, tebral protruso, aumentando a compressão. No caso dos
e o reflexo bicipital também é mediado pelos segmentos/ indivíduos que sentem alívio nessa posição, presume-se
nervos espinais C5 e C6. que o nervo seja tracionado de tal modo que reduza o
4. O adelgaçamento dos discos intervertebrais na região impacto da massa herniada nas raízes nervosas.
cervical resultou, provavelmente, de dessecamento (perda
ou retirada de líquido) dos núcleos pulposos dos discos Estudo de caso 2.12
intervertebrais. A doença discal degenerativa ocorre, com 1. Hiperextensão significativa do pescoço provoca, com
frequência, com o avanço da idade e pode resultar em frequência, fratura da vértebra C I em um ou ambos os
protrusão dos anéis fibrosos dos discos intervertebrais. A sulcos para as artérias vertebrais, resultando em separação
formação de osteófitos (neoformação óssea subperiosteal) do arco posterior. O arco vertebral da vértebra C II é mais
nas margens dos corpos vertebrais ocorre em pessoas mais vulnerável à fratura no istmo (parte interarticular) entre
velhas. Esses osteófitos também podem comprimir as os processos articulares superior e inferior da vértebra
raízes dos nervos espinais. (fratura do enforcado) como resultado de hiperextensão.
2. As fraturas não foram, provavelmente, a causa da lesão da
Estudo de caso 2.11 medula espinal porque essas fraturas têm o efeito de
1. A lombalgia e o espasmo muscular do paciente foram, aumentar o canal vertebral. Poucas mortes foram causadas
provavelmente, causados por elevação abrupta da pressão por fraturas de pescoço, e nem todas as fraturas de pescoço
no núcleo pulposo do disco entre as vértebras L V e S I resultam em paralisia. Todavia, técnicas de transporte
impróprias podem converter uma lesão discreta em uma
associada a desgaste e ruptura de um anel fibroso. O
lesão muito mais grave.
aumento da pressão no disco intervertebral rompe o anel
3. É provável que o ligamento longitudinal anterior e o disco
fibroso, possibilitando a protrusão do núcleo pulposo. O
entre as vértebras C II e C III da paciente também tenham
núcleo está localizado excentricamente, posterior ao centro
sido rompidos. Quando a paciente atingiu o chão, hipe-
do disco intervertebral. Portano, o anel fibroso é mais
restendendo o pescoço, o crânio e as vértebras C I e C II
delgado posteriormente. A parte posterolateral do anel
foram, provavelmente, separados do restante da coluna
fibroso não é apoiada pelos ligamentos longitudinais ante-
vertebral. Como resultado, é plausível que a luxação tenha
rior ou posterior; portanto, a herniação do núcleo pulposo
lacerado a medula espinal da paciente no nível das vérte-
do disco intervertebral costuma se projetar posterolate-
bras C II e C III. A luxação violenta nesse nível muito
ralmente. A ruptura abrupta do anel fibroso e a compressão
provavelmente rompeu uma ou as duas artérias vertebrais,
do ligamento longitudinal posterior – ambos ricos em
provocando substancial sangramento.
nociceptores supridos por nervos meníngeos (recorrentes)
4. As pessoas que sofrem essa grave lesão raramente sobre-
– é a causa provável da lombalgia aguda inicial, seguida
vivem por mais de alguns minutos porque a lesão à medula
por dor associada a hemorragia, espasmo muscular e
espinal ocorre acima do efluxo frênico (origem dos nervos
edema. O espasmo muscular é uma resposta reflexa à dor frênicos). Como esses nervos são os únicos responsáveis
que exerce efeito imobilizador protetor sobre a coluna pela inervação motora do diafragma e, além disso, as ações
vertebral, embora seja muito doloroso. dos músculos intercostais são perdidas, a respiração sem
2. O desvio lombar da coluna vertebral do paciente foi produ- suporte externo deixa de ser possível.
zido por espasmo dos músculos próprios do dorso.
3. O núcleo pulposo protruso afeta, com frequência, uma ou
mais raízes dos nervos espinais. Uma herniação postero-
Estudo de caso 2.13
lateral do núcleo pulposo através de um anel fibroso dege- 1. A medula espinal apresenta irrigação dupla: pelas artérias
nerado comprime as raízes dos nervos espinais, passando vertebrais e pelas artérias medulares segmentares. Na extre-
inferiormente, posterior ao disco intervertebral, em seu midade superior da medula espinal, as artérias vertebrais
8 Anatomia Orientada para a Clínica

dão origem a três artérias longitudinais (duas posteriores e espinal. Todavia, como o paciente apresenta paraplegia, é
uma anterior) que correm ao longo da medula espinal. Oito provável que a medula espinal tenha sofrido estiramento
a dez artérias medulares segmentares ocorrem em intervalos significativo e/ou tenha se rompido. No momento do
irregulares, originando-se dos ramos espinais das artérias impacto, o deslocamento da vértebra C VI sobre a vértebra
vertebrais ou das artérias segmentares, reforçando, assim, C VII foi, sem dúvida alguma, maior que o mostrado nas
a irrigação sanguínea para as artérias longitudinais. radiografias. Nas lesões por hiperflexão do pescoço, o liga-
2. Aparentemente nesse paciente a parte lombossacral da mento longitudinal anterior não costuma ser rompido, e,
medula espinal deixou de ser funcional como resultado de quando o pescoço do paciente é colocado em uma posição
infarto da medula espinal. Paraplegia, disfunção erétil e de extensão, esse ligamento é tensionado e, com o colar
perda da sensibilidade e da função motora nos membros cervical, tende a manter as vértebras juntas.
inferiores e nas regiões pélvica e perineal supridas por 4. Um período inicial de choque espinhal nesses casos dura
nervos espinais oriundas da medula espinal abaixo da lesão desde alguns dias até várias semanas, e durante esse
resultariam desse infarto. período toda a atividade somática e visceral é abolida.
3. Embora as artérias longitudinais formem uma cadeia anas- Quando a atividade reflexa retorna, o paciente apresenta
tomótica contínua, que, teoricamente, consegue funcionar espasticidade muscular e exacerbação dos reflexos tendi-
como circulação colateral, esta nem sempre é adequada nosos abaixo do nível da lesão. As funções vesical e intes-
para fornecer irrigação suficiente para a manutenção da tinal não estão mais sob controle voluntário.
viabilidade da medula espinal quando as artérias segmen-
tares são seccionadas. Essa cadeia anastomótica é mais
tênue entre as dilatações da medula espinal, sobretudo na
Estudo de caso 2.15
região torácica média. A calibrosa artéria medular 1. Na osteoporose, a taxa de reabsorção óssea é superior à da
segmentar anterior, que surge mais frequentemente de formação óssea, resultando na perda efetiva da massa óssea
uma artéria intercostal inferior (T VI–T XII) ou lombar que reduz a densidade dos ossos e torna estes vulneráveis
(L I–L III), penetra no canal vertebral através de um a fraturas. As mulheres acabam perdendo até metade de
forame intervertebral. É a maior artéria medular segmentar sua massa óssea. A parte proximal do fêmur, a parte distal
e irriga, embora de modo desproporcional, principalmente do rádio e a coluna vertebral são especialmente acometidas.
os dois terços inferiores da medula espinal. Nos corpos vertebrais, as trabéculas horizontais são os
4. Nesse paciente, a artéria segmentar que dá origem à cali- elementos mais acometidos, deixando as trabéculas verticais
brosa artéria medular segmentar anterior e, talvez, outras sem suporte. Os corpos vertebrais sofrem várias microfra-
artérias que irrigam as artérias medulares segmentares turas que acabam resultando em seu colapso, tornando-se
para a dilatação lombossacral foram ligadas. As artérias encurtados ou cuneiformes, acentuando a cifose torácica e
longitudinais não conseguiram fornecer circulação cola- reduzindo a altura da pessoa, o que provoca, nos casos graves,
teral adequada e pelo menos um segmento completo da a chamada “corcunda de viúva”.
medula espinal foi privado de sangue. Isso teria o mesmo 2. Quase todos os dados da história dessa paciente descrevem
efeito de uma transecção da medula espinal. fatores que aumentam a probabilidade de desenvolver
5. O desenvolvimento de um aneurisma é acelerado pelo osteoporose. A osteoporose é duas vezes e meia mais
tabagismo; aneurismas são três vezes mais comuns em frequente em mulheres que em homens. Em mulheres, a
tabagistas em comparação com não tabagistas. ocorrência de osteoporose está diretamente relacionada
com a menor disponibilidade de estrogênio. A histerec-
Estudo de caso 2.14 tomia precoce e o fato de não ter amamentado o filho
contribuem para os níveis reduzidos de estrogênio. A
1. Tanto o disco intervertebral como os processos articulares ingestão reduzida de cálcio durante a infância e a adoles-
superiores e inferiores das vértebras entre os corpos e os cência, o consumo diário de dois ou mais drinques alcoó-
arcos das vértebras C VI e C VII foram, respectivamente, licos, o tabagismo e a história familiar de osteoporose
deslocados (luxados) nesse paciente. também são fatores contribuintes.
2. Os ligamentos interespinal e longitudinal posterior, o anel 3. Como os ossos da paciente são muito mais vulneráveis à
fibroso, os ligamentos amarelos e as cápsulas articulares fratura, o risco de lesão grave e, talvez, potencialmente fatal
dos processos articulares superiores e inferiores das vérte- após uma queda é muito aumentado. A retirada de tapetes,
bras foram gravemente lesionados. Como ocorreu perda a instalação de dispositivos de apoio no banheiro, a inter-
de congruência (luxação) nesse caso, o ligamento longitu- rupção do uso de escadas na limpeza da casa e, talvez, o uso
dinal posterior e os ligamentos amarelos foram substan- de bengala ou outro dispositivo de assistência durante a
cialmente estirados e, provavelmente, rompidos. Visto que deambulação conseguem reduzir a probabilidade de queda.
o anel fibroso do disco intervertebral se insere nas margens Essa paciente deve fazer exame oftalmológico por causa da
ósseas compactas dos corpos vertebrais, sua parte posterior alteração de sua anatomia (acentuação da cifose torácica),
também foi estirada e rompida no nível das vértebras C VI que é provavelmente a causa de sua frustração com os óculos
e C VII. Também existe a possibilidade de ter ocorrido bifocais. O uso de óculos adequados também reduzirá o
protrusão do núcleo pulposo do disco entre essas vértebras risco de queda e, provavelmente, aliviará a cefaleia.
porque esses núcleos são semilíquidos em adultos jovens. 4. A neta deve ser informada em relação ao risco de desen-
3. Visto que o canal vertebral na região cervical é, em geral, volver osteoporose e ser orientada sobre a importância da
maior que a medula espinal, pode ocorrer algum desloca- dieta (sobretudo a ingestão de cálcio) durante a infância
mento das vértebras sem lesão associada da medula e a adolescência e os riscos do tabagismo.

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