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MEIO AMBIENTE Consideracées basicas sobre 0 impacto ambiental dos sistemas de transporte publico Trabalho apresentado no 10° Congresso Nacional de Transportes Publicos, junho de 1995, Sao Paulo. Comissao de Impacto Ambiental nos Transportes Publicos da ANTP © presente trabalho, elaborado pela Comisséo de Impacto Ambiental res Transportes Pulblicos da ANTP, visa tecer consideragdes basi- cas sobre a questo do impacto ambiental provocado pelos sistemas de transporte pliblco e pelo transito nas cidades, e sobre a sistema tica stualmente utilizada na avaliacao do impacto ambiental desses sistemas através dos E1A-Rima, A obrigatoriedade, institulda através da Resolugéo n° 001/86 do Conseiho Nacional do Meio Ambiente - Conama, da apresentacao de Estudos de Impacto Ambiental para projetos de empreerdimen- tos de médio e grande porte colocou para a sociedade brasileira uma dimensdo inusitada daqueles projetos, qual soja, sua relevan- cia na dinamica de transformagées do espaco, e, conseqilertemen- te, da qualidade de vida. O desenvolvimento dos EIA/ Rima, jé pelo simples fato de trazerem tona questoes dessa natureza, mas sobretudo por levarem & insereao dos projetos em estudo em que- LUros analiticos mais abrangentes que aqueles referentes a seu ob- jetive imediato, permitiu, de fato, a revisdio de muitos procedimentos rotineiros, imodiatislas, e @ reformulagao de muitas solugdes técni- cas supericiais. Esses estudos vém demonstrando a necessidade, cada vez mais evidente, de agdes coordenadas e planejadas nas diversas ativida- des sociais para que 0s investimentos nos diversos empreendimen- tos tenham possibiidades de garantir melhores retornos sociis. 8 Revista os Transportes Pubicas - ANTP - Ano 17 1895 - 2° imestre Vale lembrar que as questées basicas abordadas nesse texto conti- ‘uardo a ser aprofundadas no desenvolvimento dos trabalhos da Comisséo, A RELACAO ENTRE O TRANSPORTE URBANO E TRANSITO E A QUALIDADE DE VIDA Nao ha duvidas que necessério aprofundar a avaliagéo da relacao entre um sistema de transporte e 0 meio urbano onde ele esté inserid. Essa necessidade deriva em parte da natureza demasiada- mente genérica dos instrumentos hoje existentes, denominados Es- tudos e Relatérios de Impacto Ambiental, os E1A-Rime. ‘Se 6 claro que s6 0 aumento da participagao do transporte coletivo nos deslocamentos (com a redugao das viagens por transporte indi- Vidual) é capaz de minimizar 0 impacto ambiental nas éreas urbanas Pela redugao do nimero de veiculos particulares em tréfego, fica ‘cada vez mais evidente a necessidade de analisar a relagdo desses sistemas com 0 meio urbano, enfocando-os dentro de um espectro mais amplo de qualidade de’ vida, ao invés de se atender a uma ‘mera formalidade exigida pela legislagao. Procura-se assim fugir da preocupagao em centrar a andlise dos ElA-Rima apenas nos aspec- ‘0s operacionais do novo sistema proposto, visando considerar como impacto ambiental quest6es aparentemenie mais complexas, como a interferéncia causada aos seus usuarios cativos ou ao seu entomo imediato, por exemplo, Para isso, propomos uma discussie inicial, estruturada em dois as- Pectos basicos: a relacao entre o transporte e transito © 0 meio am- biente, ea relagdo entre o transporte e transito e a qualidade de vida. ‘Transporte ¢ transito © melo ambiente Os atuais parametros de avaliagao que fundamentam os EIA-Rima hnecessilam passar por uma adequacao detalhada, que reduza seu grau de generalidade, aprofundando seu contetido nos problemas ‘eepecifioes ligados ao transporte urbano e sua relagéio com o meio urbano. Nesse estorgo de aprofundamento da andlise dos impactos causa- dos pelo transporte e trénsito urbanos sobressaem a destruigdo do tecido urbano, das relagdes sociais que nele interagem, as transfor- ‘magées do uso do solo no entomo, os acidentes de transito © a Poluigdo por gases e particulas t6xicas © emissao de ruido. A destruigao do tecido urbano e das suas relagdes acontece quando a infra-esirutura de transporte ou do sistema vidio rompe fisicamente 2 Consiaerardes baslcas sotveo impacto ambiental dos sistemas de transporte pblice a cadeia de relagbes socials existentes na sua area de influéncia direta. As relagbes que se tornam invidveis em fungao do novo sistema implartado constituem perdas definitivas. As relagdes que podem ser relomadas muitas vezes 0 so de forma desconfortavel ou insegura. Pode-se prever também que 0 rompimento ou o prejuizo das rela- (ges tenham reflexos de médio prazo no uso @ na ocupagao do solo: este 60 caso, por exemplo, da transformacao de uma via residencial ‘em via de passagem, quando o uso residencial vai paulatinamente se transformando em uso comercial ou de servicos expulsando os moracores de suas residéncias. A situago de risco de acidentes ocorre quando a alteragtio do padr&o de ciculagdo interfere no meio ambiente de forma desfavordvel,acir- rando 0s confitos de transito e, conseqientemente, dificuttando @ possibilidade deles serem gerenciados com seguranca. Como exem- Plo, a situagao em que uma avenida tem implantada uma cenaleta exclusiva para énibus, mas com projeto geométrico inadequadoe sem rmonitoragao da operagao. O risco de acidente é de longe o mais grave impacto negativo direto dos sistemas de transporte. O trarsito de veiculos € hoje o maior responsavel pelas emissies de oluentes em centros congestionados. A poluicéo ambiental pelos sistemas de transporte apresenta atualmente niveis criticos, revola- dos sstematicamente pelos indices de concentragao de polientes atmosféricos e niveis de rufdo ambiente que, em grandes centros Urbanos, ja ultrapassam rotineiramente os padrées de qualidace con- siderados aceitaveis pela Organizagfio Mundial de Saude. ‘A relagio entre transito, transporte e meio ambiente urbano se dé a partirdo potencial de renovacaio ou degradacdo que um sistema causa a sua drea de influéncia, chegando até ao potencial de acidertes de trnsito que pode causar, como um dos piores efeitos desses sistemas. Come vimos, como exemplo de degradagio podemos ter a imolanta- a0 d2 um corredor de tréfego em uma avenida, concentrando rotas, antes dispersas por outras vias, que, se racionaliza itinerdrios, pode causar volumes indeselados de gases e ruidos. Jé como exempio de renovagao urbana, pode-se ter 2 implantagao de sistemas subterra- rneos de transporte de massa, ou sistemas de média capacidade que, {20 oferecerem alto padréo operacional, possam vir a competircom © automével, diminuindo com isso 0 ntimero de viagens motorizadas. Transporte e qualidade de vida Deve'se entender como qualidade de vida a possibilidade assegura- da a todos os cidadaos de acesso a um meio ambiente que propor- 3 FRovista dos Transportes Publcos - ANTP - Ano 17 1996 - 2" timestro clone atividades sociais, politicas, econémicas e culturais desejadas. Assim, 0 meio ambiente pode ser af entendido como a somataria das condigées de vida que interferem no meio fisico, bistico e antropico, causando impactos na satide das pessoas. Neste sentido, o impacto ode ser direto (poluentes) ou indireto (acidentes de transito), parcial (problemas respiratorios) ou total (morte). ‘A qualidade de vida, no seu sentido mais amplo, contém, além destes valores ambientais, outros referentes, por exemplo, 20s custos do transporte, aos tempos de acesso aos locais de desejo, a convenién- cia dos servigos de transporte, & qualidade da informagao para os usuarics e até ao impacto do sistema na paisagem urbana ou na Imagem que os moradores tém da regido. O sistoma de transporte, so Corretamente concebido, passa a ser um instrumento cue assegura a realizagdo dessas atividades segundo as intensidades dosejadas, que as tome interdependentes sem que a énfase & potencializagao de uma elas coloque em risco 0 adequado funcionamento das outras. Do contraro, a dinamica urbana correrd isco de degradagao comprome- tendo, conseqdentemente, a qualidade de vida dos cidadéos, transito, por sua vez, composto pelos deslocamentos de veiculos © pedestres, deve ter seus conflios de disputa de espacos bem administrades pelo poder piblico, de maneira a equilbrar os diver- 808 interesses dos motoristas e pedestres, possibiliando a maior seguranga ¢ fluidez possiveis. Por oulro lado, a capacidade de acesso adequado a um meio de transporte € avaliada também em funcao da renda de sou usudro. Jé a ideia de mobilidade pode ser avaliada mais diretamente relacio. nada & possibilidade de deslocamentos proporcionados pela infra- estrutura de transporte existente, sendo também avaliada em fungao de parimetros como tempo de acesso do médulo ao destino final ‘aps deixar 0 veiculo, tempo de viagor, nivel de coniorto etc. ASPECTOS SOBRE OS PARAMETROS ATUALMENTE UTILIZADOS NA AVALIACAO DO IMPACTO AMBIENTAL DOS. SISTEMAS DE TRANSPORTE PUBLICO ‘As andlises de impacto ambiental na drea de transporte seguem as recomendagdes e exigéncias constantes da legislagao federal, prin cipalmente a Resolugao n® 001/86 do Conama, No Estado de S80 Paulo, a Constituigéo Estadual instituiu a licenga ambiental com o respectvo Relatério para empreendimentos que possam acarretar em alteragées ambientais. Existe também a Resolucéo SMA 01 de 02.01.90, da Secretaria do Meio Ambiente, que criou « possibilidade de se exigir EIA-Rima para obras ja iniciadas. Em ambos os casos, 5 Considerapses bdsicas sobre 0 Impacto ambiental ds sistemas de vansporte pubico as variéveis consideradas estéo ligadas a trés tipos de impacto: isico, bidtico e antrépico. Dovido & complexidade do tema ¢ a pequena experiencia acurnslada na elaboragdo desses estudos na area de transporte, 06 trabalhos tam se baseado em andlises longas, com dezenas de variéveis, em fungo da necessidade de se atender a legislagao vigente. No estagio atual, os estudos podem ser considerados abrangentes, mas complexos e vagos, uma vez que a legislago vigente nao se encont’a diretamente adequada ao estudo de obras em area ursana. Constatam-se, atvalmente, cinco problemas basicos nas anélises que tém sido realizadas = Iniciamente, existe 0 problema de decidir o que um impacto ambiental do transporte. Além dos impactos tradicionaimente in- cluidos nas avaliag6es, como 0 desmatamento, a emisséo de po- Tuentas ou a produgéo de ruldos - t8m sido incluidos outros impac- tos, que procuram retratar mais adequadamente a relacao entre transporte e meio ambiente. Estes impactos nao tradicionais estéo ligadss aos efeitos na area antrépica, principalmente os impactos socieis e econdmicos sobre as pessoas € suas atividades. Em fungao desta procura de impactos pertinentes e relevantes, aca- bam sendo produzidas longas listas de impactos, que procuram ~abranger todo e qualquer efeito negativo (ou positivo) dos sistemas de transporte. Trata-se de uma estratégia que sinaliza, além da sincera intengao de evitar erros, a tentativa de minimizar a exposi- (40 do estudo a criticas. © segundo problema, como foi dito, decorre da adogio de um grande nimero de variéveis, nem sempre diretamente afetas a0 tipo do empreendimento, por estarem baseadas em legisiago nao diretamente relacionada a obras urbanas, tornando a avaiacao muito complexa e operacionalmente dificil. Frente a estas dificulda- des, tem-se optado por dois caminhos: montar grandes metrizes de avaliacdo, cujos impactos ponderados levam a alguma conclu- sao ‘nal balanceada, ou reduzir a mattz original a alguns fatores julgados mais importantes, que por sua vez tepresentardo 0 impac- {0 firal do projeto, terceiro problema refere-se a falta de associagéo entre os impac- tos considerados. E comum ver-se longas listas de impactos isola- dos, sem que sejam estabelecidas relacdes entre alguns deles, que sejan inclusive ponderagdes especiticas. = O quarto problema é 0 da priorizacéo dos impactos. Frente a um numero tao grande de impactos, priorizé-los toma-se muito dificil, 55 Fevista dos Transportes Publicos - ANTP - Ano 17 - 1095 - 2" wimestre lovando a exercicios de simplificagao que mais ura vez despre- zam ou reduzem a importancia do exercicio inicial de salagan de impactos. E preciso lembrar, no entanto, que se @ subjetividade aqui é inevitavel, isto nao significa que ela seja indesojével. Na realidade, dada a grande diferenga entre os diversos casos, nao ‘so pade imaginar uma priorizacao geral e imutavel, devendo estar revista sempre uma flexibilidade As condigbes especificas de ca- da projeto. Vale lembrar que influi na priorizagéio de um sistema atendimento as demandas sociais ¢ nao apenas aquolas basea- das em aspectos técnicos, ~ O quinto problema é o da relacao do desenvolvimento de estudos de viebilidade técnica com a dinamica da sociedade envolvida com © projeto. A etapa de apresentapao e discussao das caracteristicas do projeto ¢ da obra deve se dar em sintonia com as expectativas da comunidade envolvida, em conformidade com a elaboragéo do ima para as altemnativas técnicas possiveis, © impacto ambiental dentro da qualidade de vida O ambiente adequado é um componente de um objetivo mais amplo, Feferenie & qualidade de vida na sooiedade. Se no limite os dois Conceitos podem vir a convergir - quando se adota uma visdo extre- mamente elastica de “meio ambiente” - na pratica sles podem e devem ser separados convenientemente, A redugao do transporte motorizado Uma das formas de minimizagéo dos impactos do transporte que tem sico neglgenciada é a redugao do transporte motorizado. A maioria dos projetos implica em estimulo a oferta de transporte mo- torizado privado. Nas avaliagdes de impacto ambiental freqlente- mente a tinica exigéncia é a comparagao do projeto proposto com a situagao “nada a fazer Nao exsste a exigéncia, nem ao menos a recomendapao, de que a altematva de “inerios ransporte” soja avaliada. Esta 6 uma faina que precisa ser eliminada urgentemente. A evolugao da esirutura urbana brasileira, assim como da maiotia dos paises em desenvolvimento, ainda implicara em aumento da concentragaio populacional nas cida- des de médio e grande porte, antes que um limite seja eloangado. Um {dos objetivos primordiais de uma polltica ambiental deve ser a condu- (eo deste crescimento de forma a reduzir a necessidade de desloca- Mentos motorizados. Para isso, é fundamental a definiggo de uma politica urbana que assegure um modelo de uso e ocupagao do solo ‘compativel com a acessibilidade que se pretende de uma rede de 56 Considorapdes héscas sobre o impacto ambional dos sstomas do transporte pico transporte coletivo eficiente para atender o tipo de ocupacao desejada, como atuagao preventiva a deseconomias geradas por um adensa- mento descontrolado, Em consonancia com a preocupagao em reduzir o transporte moto- rizado deve ser estimulada a adogao de redes informatizadas somo forma de assegurar facilidade para o transporte dos dados, e nao de seu portador. ‘A neglgéncia com a seguranga de trénsito Nos projetos de impacto ambiental de transportes, aqueles reteren- tes A érea antrépica incluem, além da desapropriagdo de iméveis & da reaocago compulséria das pessoas, os acidentes de transit. No entanto, eles sao normalmente colocados em condigao secund: Tia, apés os impactos referentes a poluigao ambiental e sonora, A seguranga de transito 6 altamente afetada pelos projetos que ‘envolvem redistribuigao tisica do espago de circulagao, como a aber- {ura de novas vias ou alteragdes de circulacdo nas vias existentes. Nestes casos, a mudanga nos padrdes de uso das ras pode au- mentar muito 0 niimero de acidentes, até que um novo porto de equillb1o seja alcancado. Este é 0 caso, por exemplo, de indmeros projetos de utlizacdo de vias residenciais para o tréfego de passa- gem, para aliviar congestionamentos. [Nos ptojetos de transporte piiblico, o problema dos acidentes ozorre, por exemplo, em ferrovias de subtrbio sem controle de passagem, mas 6 mais comum em projetos de vias para Onibus, uma vez que se trata do uso conflitante do espaco vidrio. Sao duas as situagSes mais criticas: 0 corredor de Gnibus e as faixas exclusivas no contrafiuxo. No primeiro caso, a reorganizacdo da circulacdo de Gnibus pode levar a resultados negatives em relagao aos acidentes de transito, como no ‘cortedor Santo Amaro em Sao Paulo. No segundo caso, a permanén- «ia de um sentido de circulagae contrério & expectativa da maiora dos usuarios é fonte permanente de confltos e acidentes. Portanto, 6 essencial que 0 parametro “Seguranca do trifego” soja Incluldo como fator priortério de preocupagao na andlise de Impacto de um sistema de transporte. CONSIDERAGOES SOBRE OS PARAMETROS DE AVALIACAO. DO IMPACTO AMBIENTAL Dentre os variados aspectos relatives ao impacto ambiental causa- do pelo transito e pelo transporte ooletivo, destacamos oito consi- derades como os de relevancia mais evidente, uma vez que podem 87 Fovista dos Transportes Publicas - ANTP - Ano 17 - 1996 - 2 times acirrar ou minimizar estas caracteristicas em fungo da solugao adotada para o sistema. Propée-se, assim, que a andlise dos projetos passe a considerar as questées basicas levantadas em cada um dos itens. Impactos urbanisticos Os pavametros adotados na anélise dos impactos urbanisticos, con- forme anteriormente apresentado, devem necessariamente analisar: © potencial do impacto do novo sistema de valorizacao ou desva: lorizago do estoque imobildrio na sua érea de influéncia; o impac- to no crescimento ou queda dos empreendimentos imobilsrios (re- sidenciais, comerciais etc); a influéncia nas alteragoes de uso do solo junto @ via (melhoria ou degradago do uso); risco a areas verdes ou de uso coletivo; andlise de reas de valor histérico-cul- tural; intrusdo visual com degradapdo da estética urtana; obstrugao visual de areas abertas e quebras de identidade visual de detormi- nnados lugares. Também é necessétia a andlise dos pélos geradores de viagens, em relagao ao volume das viagens, sua distribuigdo modal, as caracte- risticas da acessibilidade a esses pélos, o numero de vagas de estacionamento e a sua rotatividade, bem como a necessidade de adequagao geométrica dos acessos e/ou do sistema viario. No caso de sistemas ferrovidrios em superticie, cuja implantagéio exija confinamento, deve-se avaliar o impacto do seccionamento do tecido urbano, bem como da implantacao de cruzamentos em nivel (risco de acidentes ou travessias por passarelas e viadutos). Vale lembrer que as passarelas tém alto impacto nos usuérios dado 0 seu gabarrto - em alguns casos mais de 7 metros de altura - e os baixos dos viadutos causam quase sempre degradago no seu entomo. ‘Também é necesséria a andlise da relago do sistema de transporte ‘com a sua capacidade de formagao ou consolidacao de subcentros © pélos regionais, cam a maior integrago vidria e funcional de éreas antes compartimentadas, bem como a alteragao da estrutura urbana com a ultrapassagem de barreiras fisicas © a reorganizagao do sis- tema de transporte coletivo. Devem ser considerados também o impacto sobre os bens de valor hist6rico e cultural, as modificagdes na estrutura da paisagem local has teas adjacentes ao sistoma om relago & solucao fisica do Projete e as alterapdes causadas pelos tipos de adersamento, Consideragdes basicas sobre o impacto ambiental dos sistemas de transporte psbico Impactos energéticos Os pardmetros adotados na analise dos impactos energéticos devem considorar a variagdo do consumo de combustivel gasto para alendi- mento & demanda no eixo considerado na situagao prévia ao novo sistema, levando em conta 0 total do combustivel gasto por veiculo! hora nos congestionamentos, e apés a operago do novo sistema. A qualdade dos combustiveis utlizados e seu impacto poluidor de- vem ser analisados cuidadosamente na escolha das altemativas tec nol6gicas disponiveis. Impactos temporais ‘Quanto aos impactos temporais, estes devem considerar a vatiagao hos tempos de viagens médios gastos por modo de transporte na nova situacéo, seja para 0s usuarios lindeiros ao novo sistema, seja para aqueles que se utlizardo da integragéo com outros modos para ‘acessé-lo; idem para a veriagao das velocidades maximas © médias. Deve considerar também a extensao dos congestionamentos (e sua influéncia na queda da velocidade e da oferta para os varios mods); bem como indicadores que relacionam dados de fluxo, percurso © distancia dos deslocamentos que se realizam no eixo. Impactos poluidores Quanto aos impactos poluidores (gases, particulas e rudos), cevem ‘sor considerados os impactos causados na deterioracao da qualidade do ar ¢ emissées de ruldos e vibragées, em relagdo as doengas e incOmodos causados aos moradores e aos usuarios do eixo conside- rado (castos com tratamento, intemagdes etc.), aos gastos com impe- a e manutengao dos iméveis (sobretudo fachadas e iméveis de valor historico), sinalizagao, obras de arte e vegetagéo; queda de produtivi- dade ¢ absentefsmo polas doencas causadas pela poluigdo, ricco de acidertes e riscos de poluigéo ambiental como vazamentos, incéndios e explosdes. Segundo dados do Banco Mundial. a valoracao dos custos gerados por tratamanto de doengas respiratérias somente devido ao excesso de ‘concentragio de material particulado no ambiente, pode chegar a USS 41,5 bilhdes anuais. Se os demais custos forem computados, c Onus paraasociedade pode atingir patamares extraordinariamente elevados. Impactos de seguranca Os impactos de seguranca devem considerar a variacao do indice de Periculosidade (niimero de acidentes por km de via); a variago do 5 Fouista dos Transportes Publicos-ANTP Ano 17-1995-2"trimastre ‘ndimeto de acidentes por habitante; a variagao do numero de mortos or 10.000 veiculos: os procedimentos operacionais adotados para fiscalizagéo do transporte de produtos perigasas e o impacto’ dos acidentes durante e depois das obras © a adocdo de programas de ‘monitorago de parémetros de trdfego e de transito; grau de segrega- {980 do sistema 6 o impacto na redugao da manutengaodas condigoes do sistema vidrio. Impactos climaticos Apesar da dificuldade de relacionar as consequéncias da implanta- ‘g40 de uma obra isolada com o acirramento de uma caracteristica Glimatica (aumento da temperatura, por exemplo) 0 uso em grande escala de uma dada tecnologia, acrescido a outros fatores, pode elevar ou minimizar as inversdes térmicas, 0 efeito das iihas de calor @ 0 efeito ostufa, Impactos econémicos Devem considerar 0s custos gerados pelo consumo de combustiveis @ seu reflexo na tarifa; 0 impacto causado pela renovagao ou dete- Tioragao expulso de moradores e alividades na area considerada; ‘@ queda da produtividade gerada pelos congestionamentos; 0 au: mento ou diminuicao das atividades econdmicas durante a obra ‘com a operago do sistema; o incremento na mobilidade fisica e nas condigges de vida da populagao lindeira ao novo sistema e da popu- lagdo ca cidade como um todo; 0 incremento do setor produtivo forecedor de insumos necessarios @ implantagdo do novo gistema; @ na relagio custo/beneficio trazida pelo novo sistema na corregio ou agravamento de deseconomias urbanas e sociais bem como os custos relacionados com stress, doengas cardiacas, respiratorias, recuperacao de fachadas ete. Devem ser analisados os impactos junto 30 mercado imobiléio, com a valorizacéo ou nao das éreas causada pelo aumento da acessibldade dos iméveis situados junto aos sistemas (terminais. trechos elevados, centros de manutengao etc,). Da mesma forma deve ser analisada a redugto no custo da gestéo do sistema de transporte coletivo. Impactos sociais Devem sor analisados a geracao de empregos causada pelo novo sistema nas fases de operago ¢ implantagao; a variagao da mobil- dade residencial em sua area de infiuéncia; a expulsdio da populagao residencial na érea interferida; as alternativas de projete que reduzam 60 Consicerazdes basices sabre o Impacto ambiental dos sistemas ds transporte pba as desapropriagdes; a variagdo da mobilidade espacial ou fisica; a variagéo da auluagao de infragdes de transito (andlise comparativa com a sihiagao atual) Devem também ser analisadas a alteragao das dinamicas socais, a melhoria das condigdes de vida devido a melhoria na acessibilidade, as alteragdes das condigdes de vida das populagées deslocadas, além de considerar os estudos de equacionamento dos pontos crit- ‘cos nesses eixos (andlise de acidentes © comparagao entre o nime- To de mortes no transito € crescimento da frota). PROPOSTAS Considerando-se 0 exposto, séo feitas algumas propostas. 0 seu objetivo principal é fazer com que a melhoria no atendimento previs- to por um novo sistema de transporte coletivo seja sinénimo de melhor solugdo em relacao & qualidade de vida para seus usuarios pare a populagao lindeira, ‘Como primeira proposta, deve-se considerar, como impacto ambien- tal, ndo 86 08 impactos que colocam em risco a qualidade do meio fisico e bidtico (recursos materials, fauna, flora, risco de morte por acidentes) como também os impactos sociais (que causam alteraco ou destruigo na rede de relagdes humanas); os impactos urbanos: (que causam alteragao ou desiruicao do tipo de uso e ocupagao do ‘0l0; a relagdo entre 0 meio fisico e seus habitantes; a degradajao da paisagem e da imagem do melo urbano junto a seus habitantes © Usuaros etc.) e dos impactos econdmicos (aumento ou redugao dos tempos de viagem, do combustivel gasto nos deslocamentos, de va- raga da produtividade dos usuarios em tungao da acessibilidade etc.). Come segunda proposta, deve-se proceder a uma associagao entre (08 diferentes tipos de impacto e a uma variagdo de sua abrangéncia. ‘em fungo do modo considerado (sistema de énibus, trem, rodovia, metré etc.). Uma forma ttl de identificar importancias relativas rete- re-se & separagso dos impactos segundo duas caracteristicas es- sencials: a fase de ocorréncia (implantagao/operagao) e a natureza Uo impacto conferme dois tipos de cituagco: impactos diratos @ indi retos e impactos permanentes ou temporarios. REFERENCIA BIBLIOGRAFICA EMPRESA BRASILEIRA DE PLANEJAMENTO DE TRANSPORTES- GEIPOT. Diretrizes ambiontais para o setor transportes. Brasilia, 4992, 240 pail et Fovita dos Transportes Publicas - ANTP - Ano 1? - 1996 - 2 rimeste ‘visa dos Transportes Pubicos “ANTP~Ano 17-1995 2 timeste COMISSAO DE IMPACTO AMBIENTA\ TRANSPORTES PUBLICOS DA ANTE. oocender ‘SyaonCarrgo ¢ Siva ~ ANTE fa Mata Gavao Lome = Edoardo &Vasconcolae sao Paul vos Caso ignarta CBTUIAG Fy José Frances Ghissioy - CPTWSP iia Cavahora" SETPESPISE Mara de Penna Nobre- GETSP Climo 3e Mel Avares nor CETESBISP Raul Maud Genet Lisboa “CoTUSTURA

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