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COLEGAO RESGATE Courienagia: Tendrio Telles Violeta Branca Ritmos de inquieta alegria 2. edigéo Scanned by CamScanner A, AMAZONAS Govermo do Estadodo Amazonas Amezorino Armando Mendes er eS er Sain Secretiiro de Estado dx Cultura € Estudos Amazinicos Robério dos Santos Pereira Braga Subsecretirios iindalua Maria Galdez ‘Max Carphentier Iuiz da Costa Co-edigéo Ecitora Valer Govesno do Amzzonas VIOLETA BRANCA RITMOS DE INQUIETA ALEGRIA Organizacio e estudo aritico Tenério Telles 2.8 edigéo revista e aamentada Meer Scanned by CamScanner CC LO-SO— Copyright © by Violeta Branca, 1998 Editor Isaac Maciel Preparagio Tendrio Teltes Capa © projeto grético 5 ; Alvaro Marques Cmagem virtual produzida a partir de fotos de Leorde p onide Principe) some oun B® lo Qucroe/ Miguéas Va Ana Cléudia Leoctiio / Deuslange Be Cristiane Barronces/ Mano Soa Ficha catalogrética Francisca Dantas Lina Algenir F Suano da Sitva ‘Branca, Vile, Rimas dengue leg / Vea racy nb cer ie pc Tei Teles. 2c re. ez. Mara lo Ve 198 (Ste: Calo Rega, a7. EN ESOS 1. tierra Amazone. Brana Vole. Te Teno,on, Ti cou-zr@019) 1998 Editora Valer Rua Ramos Ferveira, 1195 69010-120, Manaus - AM Fone: (092) 633-6565 suM ARIO . 9 eta se cs G transicl0 modemist em W0 13 Beg Tendo TES «07 a, maumos de inquits aeBE vee 2D Minha lenda «-+-7*"" eee Inguietag2- + ° = nee OL. Oracdo ao vento 33 Poema agreste « 34 - 35 Sonhat «++ - ear 37 Ritmo - Hue. Vive a tua vida. 39 prakaglo..oeceeceetets 41 Dois “tankas” de minha terra... +. essere rere B Cancéo da vida... +++ 45 Ora¢do ao mar... +++ 47 Iniciagao. . . 49 Mundo novo.....--+++++ eee 50 Sob a luz de um “abat-jour” . . ween 52 Perfeig§O......sseeer ee eee Arneo 53 Poema do sol 54 Notumo . . 56 WitSrias 16 gia ooo eee evceeee seen 8 Scanned by CamScanner Desencanto. Matinal Simbolo Ritmo pagao . Marinha. . - Espiral Renincia. . Barcarola. . Confidéncia . Miragem . Poema das tuas Ma0s. - Nupcias. . Exaltacao pantefstica . Profecia. Evocacac Idilio Oferenda Avela que passou Vertigem Poema para Descobrimento. . . os olhos ce um maryjo Passional. . Clarinada. . - © momento Unico . Poema maritimo . . Obsessao. . - Vendaval Nostzlgia do mar . - 15 Scanned by CamScanner VIOLETA, AINDA QUE TARDE Marcos-Frederico Kriiger* Lembro-me de que, em meados de 1994, numa rua do centro do Rio de Janeiro, eu olhava, sem prestar muita atengao, livros usados ostos 4 venda e expostos a0 sol, em plena rua. Ali estavam eles, ani- mais domésticos abandonados, cies e gatos a espera de que um coracio piedoso os reconduzisse a0 calor da estante e lhes propor- cionasse o carinho da leitura. Stibito, o olhar distraido que Ihes dirigia tornou-se vigilante e cético. Despretensioso, sem a capa colorida dos livros mais recentes, ali estava o Rythmos de inquieta alegria — assim mesmo, com y e th, para lhe aumentar 0 mistério. Trajava simples roupa branca, tornada amarela, apés quase sessenta anos de uso, pelas bocas séfregas dos cupins do Tempo. As estampas também eram discretas: tragos indica- tivos de fragil embarcacao a vela e uma gaivota em pleno véo, mais parecendo duas sobrancelhas unidas. Outras gaivotas se delineavam — animais querendo sair dos ovos — nas letras do nome da autora: Violeta Branca. Naquele instante, o Destino me oferecia um livro que eu sabia ser dos mais importantes da literatura no Amazonas. Atonito, procurei disfarcar meu interesse — nao fosse o vendedor me explorar demasia- damente! Inttil precaucdo! O preco era infimo demais, em relacio inversa ao valor do contetido. Tal como a personagem de Clarice Lispector, em “Felicidade clandestina”, que enfim obtivera emprestado um exemplar de As Reinacdes de Narizinho, assim fiquei eu com os meus Rythmos — com Scanned by CamScanner facam faror. Diferentemente ca merina de corto, euno.g €o 0. (Estranho sentimento este por algam tempo, mas en de ‘oa propriedade.) _ Como era meu — 86 meu ~, no c abi logo. Antegozava 9 pry. zee de far-lo, de enfim conhecer a totaidade do que 56 divisara ery nostras gris: alguns poemas dispersos em atologias. Agia como y avarento que, posstindo a arce de um tesouro, se recusa a abril, para } se sentir tentado a gastar« mais infima moeda de our e dininuc nix o valor da fortuna. Um dia, resolvi escutar a musica dos Rrthmos — :om ye th, mpo ce Camées. So tentar iaé-lo vi que vias pégins as, que na lateral, quer na parte perio. Significava isso que, até ento, 0 objeto de meu culto se mantivera mudo, conservan- da intactos 0s segredos. Verdade que nem todas as pedras do tesouro eram valosas, Hava as que apreseatavam a jaca da maturidade e as que por autros motives, tamaém néo tinham o brilho da legitima poesia. Porém, alguns reflescs de paro ouro resgata:am o valor que esperava: ‘0 sol se desfez em entusiasmo deato em mim”, Basta? Se nao, posso da: mas uma esmola de riqueza irica: “eu tenho uma sensbilidace de punhal!” (Diante de tal enunciado, palavrs, iio mais fats!) ‘Agora c lio chega as mos de todos, cemocratizado, a enda afinal justamerte disribuida, Sem o y ¢ 0 th, a iim de que perca 0 ar de segredo alquimico acessivel téo-somene a inciados. Com isso, estard desmentido 0 z da Inteligincia Brasileira, Branca, que era autora d2 um livre escuecido. Que engeno! Durante anos, déradas — mais tempo, s¢ pre- ciso fosse —, 0 tesouro foi passido de apteciador a aprecisdor e, em | | especial, guardado ciosamente por quem, sensivel como os puns, © possufa, valendo cada estante por un mosteira medieval onde os Rythmos aguacdaram uma Renascenga particular. Hoje considero que o Ivro desmente a mim também, que escrevi, em minha dissertagéo de Mes:rado sobre a poesia no 10 maronas, que Violeta se enquadrava num FréModemismo de cuja ‘nd mais tenho certeza, Admiti o Clube daMadrugadacomo sem atenta* para 0 fato de que a poesia desse brilhante grupo, felt semelhanga da que fci praticada pela Geracio de 45, era, ‘a verdade, a negagéo do Modernismo. A chssificagao da Literatura Jest ra, cue apanta osde 45 como o desdobramencoterceio dos de 2 estava completamence eral Eeu também o esava! Pois que soja. Atzalmente, tendo revisto a equlvoca posicéo anterior, passei a considerar os fatcs em perspectiva diversa, J& que os textos Jo cutro Ivro de versos livres passive] de enquadrar no que outrore chamei de PréModemismo, os Pcemas amazénicos, de Pereira da Silva, si0 uma realizacdo estética inferior, uma prosa que, smontoadaem linhas a im de ganar similitude de poesia, tornou-se moeda liricamente false, admito Violeta como a principal, tavez a ‘inica, representante modernista no Amazonas. E enquanto os pozmas dos Ritmos circlam de méo em nnd — notes de real finalmente acessfveis 20 povo —, imagino que, tl como o pordosol, que nio termina antes de oferecer odo virio matiz de que dispée, também a fase pré-Madrugada np se ext sem que se pudesse exclamar, reconhecendo: ainda que tarde, Violeta. * Narcos-Fredetico Keiiger € Dotto: em Leeratras de ngua Patuguesa pela 7UCKJ Goordenador co cuss de pés-grauigio em [ras da Universidade do Armaan. Scanned by CamScanner EVOCACOES LIRICAS E TRANSICAO MODERNISTA EM VIOLETA BRANCA Tenorio Telles* | O novo, seja encarado do ponto de vista artistico ou hist6rico, nao é um fendmeno alheio ao passado, imune as determi- nagdes do tempo e da realidade cultural e social da qual emergiu. Embora represente a superacdo de velhas formas € conceitas, herda certas referéncias e signos do passado. A literatura € uma afirmacao desse traco de continuidade que perpassa as manifestacdes culturais produzidas pelo ser humano. As obras literdrias resultam do diilogo do escritor com o seu tempo, mediatizado pelo falar com autores e obras emblemiticas da tradicao. Evidencia-se, assim, o cardter antropofigico da arte, em que 0 novo nasce, a0 mesmo tempo, da devoragao e negagao do passado, Outro aspecto a ser considerado é a assimetria das manifes- tacées literdrias. Determinadas por fatores hist6ricos, econdmicos, cul- turais, sociais e até geograficos, algumas sociedades sao pioneiras em termos de renovacGes estéticas. Nos dias de hoje, devido 4s modernas tecnologias de comunicac4o, a disseminac4o do conhecimento ten- derd a ocorrer de forma simultanea. 13 Scanned by CamScanner Il O estuclo das manifestagBes lterétias, no Amazonas deiva evidente 0 descompasso entre a produgio regional € os novos artisticos que se afirmayam nos grandes centros culturais do pafs. O novo sempre teve, na literatura amazonense, ura caréter tardio, Foi asim, no século passado, com o romantismo, o pamcsianis. mo ¢ o simbolisme, repetindo-se igualmente, ‘neste século, com. 9 modernismro, cujo marco, em termos nacionas, é a Semana Ce Arte Moderra, realizada em Sao Paulo, em 1522. Dorrinada por uma mentalidade de forte componente acidémi- co, a literatura que se produz no Amazonas s6 foi experimentar uma teato organizaca, com principias e objetivo estéticos definides, com 0 rovimerto geraciond reareseatado pelo Clube da Madrugada, nfo tnais sob a influéncia de modernismo de 22, mas sob o signo da gerz- cdo espirital da poesia brasleira e da "Geracio de 45°, em especial da producio poética de Joio Cabral de Melo Neto. 0 que tivemos antes ‘oi um perfodo marcado pda ambigiiidade, com predcminio do ideétia passadista, destacanco-se, como antec padoras de uma diccZo postica modemnizadora, as vazes disscnartes de Pereira da Silva e Violeta Branca, Néo havia, entretanto, um sentido de grupo, com um aropésito estético arc. Suas obras se afirmavam como manifestacGes isolades do que se denomixava “a'te nova’, Sefal- toulhes uma profunda compreensao do espitito moderne e alguma disposigéo para enftentar 0 passado, nao escaparan-lhes a persep;40 do novo e da realidede. ‘Apoesia ce Violeta Branca é evocativa desse estado ce leténcia, de inqvietude diante das velhas formulas e conceitos, do su‘ocamento dos sentidos ¢ da atmesfera de emparedamerto vivida no ambiente indspito da provincia. Seus versos sAo matcados pele. ansia de liber- dade, ce fescinio pelo infinito e pelo imprevisto, nia valiipia de trans- Por tocas ¢s distincias! e chegar ao sonho de perfeigéo: 14 ‘Trago en nim a inquietacio; nous olbos vivem dvides de paisagens noves queddem & minba sens arrepios de emogdo! Trago em mins a inguietagao de ume nau, gue se afasta . . ‘Ainguietacdo de uma réstia ae scl quese desenba nes caminbos. O que me rodeia, jd ndo me encanta! TTenbo a inguietacdo de um pisscro entontecido dancandono azul das dguas que escorrem pelas pedras dos rochedos na vertigem louca de se atirarem a0 preciptcio misterios. .. Tenbo 2 inquietardo de desvendar o desconbecido, pelo prazer de seatir a sensacdo do impreviso. lade Cheguei muito tarde a bora maior. O vento do mar meu barco atrasou. ‘Nao via manhd vestida de orvaiho, a rosa de neve que o sol transfornou em gota de luz. Nao fii ds vindimas, perdi as searas. Corais e sargacos encalbarc barco. ‘Nao vio perdéo, o beljo de amor, as fon'es de cura, as estrelas fugindo, 0 pdssaro azul ae canto mais lindo, havia morrido rum espinbo de flor. O vento aa noite as valas rasgou, meu tarco ficou no meio do mer. ) Scanned by CamScanner sigue som destino na praia vazia depois que passou a bora mai Taltez 2 as ondas empurrass os corais e sargacos abrissem camin ‘bos, ‘owento da noite fosse manso e annigo teu tivese cbegado no inicio da bora © (Iuqueracho) cia & uma tavessia pela qual nfo se passa impune. cumprem, deixando nas almas as marcas do tempo e ds batalhas perdidas e ra boca o travo amargo de sonhos e esperangesfasirada. Avid szo caminos que se perdem ro siléncio. cena cistincia, Prcorré-os, € perder'se. D poema “Depois da Viagem’, de Reencontro, & uma evidencia desse trajetéria de dores e cansacos, em que oe lirco confdenciaas perdas e a melancolia de seu cantar, Depo's da exaustiva viagem sem calnaria e repouso, voltei de improvise @ miragem do desejo que nao ouso expressar nos neus pozraas. Venbo de lange exourida por tentos mares usados por tantas noites abertas ent lutas de morte ou vida, bor tantas praias desertes, por tanios nomes perdidos no fragor dos temporais, Dor tanias maos me agarrando, or tanios gritos e ais. ‘Estou cansada.. . . I Reencontro nio representou nenhuma novidads na producio iterria de Violeta Branca. O ivzo éa aimagio de uma forte sersbilidade pottica que ro se realzou plenamente, a retomz- dade um didlogo intecrompide apés a publicasao de Ritmos de inguie- aalegria. ‘Aestiéia de Violeta Branca teve como contexio os anos 3¢, perfodo que testemunhou o su:gimento de uma des mais frutferas geracbes da poesia brasileira, representada pelo talento de poetas como Catlos Drummond de Ancrads, Jorge ce Lima, Muro Mendes, Cecfia Mireles ¢ Vinicius de Mocaes. ‘A poesia de 30, embora presente como tragos recorrentes a preocupacio com o sentido da existéncia humana, coma condicéo do hhomem, sua relacio tensiva com a realidade, enfim, com o “estar-nc- mundo”, definese pela dversidade temética. Os poetas seguiram caminhos diferentes, que véo da rellexao filoséficaexstencialisia 20 espiritualismo, da preocupacio social ¢ politica ao regionalismo, da metalinguagem zo sensualismo. ‘A produgaio poética de Violeta Branca manifesta certas tracos da poesia de 30, somo o -egionalismo, expressivo de sua identificagao com < terra, com 0 universo amaz6n.co, suas lendas € mistétios: Eu quisera ter os bragos muito longos, ‘mais lorgos que as palnieiras exguias destas zoras, maiores que as cobras grandes, maiores, até, que os rios que retalham o Amazonas Eassim abracar e apertar Scanned by CamScanner Brancaé 0 sensvalismo.' fansin Femina € $US va de sua usa pate "Daas “ANAS” 3 MIN TEty IV Qutro taco que perpassa a poesia de Violeta seus we1s05 ac wibrantes, PlsmaCs por fore deszjos. A recomréncia a essa temitica é ilustta. 1 época, COMO Se depreende da leitura do “pera cas twas maOS ara os teus dedos criadores, scuto piano mazico vibrandc | ao influxo de twa ardente inguietacao. de meus nerios gue se retesant como cordas barmoniosas. Shas mdos impertosas sentars silencoses aleluias de gestos, quando conpéem poemas de voip, agritas incentdos de alegria pasa correndo ligeiras leves, ‘crturantes, no teclado bronco de met corpo... ‘Ritmos de anquieta alegria & ‘uma cbra evocativa de uma inter- sina, expressa de forma ardent ¢ lirica. Essa si sens lace ‘er re partir de perspectva da mule, es intensidace poética, concebida a remete 10 lirsmo de Cecflia Meirees. V Surgida sab o contexto provinciarc da Manaus cos licade passacista € decadense, @ oesia de xn Um passe 3 frente, 20 coraper com formalismo. A escritora realiza ura poesia ce fo:te componente telirco, veriida nama lrguagem simoles, sem s2 curvat 0 rigor da ¢ ional, o Jae a aproximm da prineite fase do moder- nismo. Violeta :inha a perceacio do novo: Orritmo, que heminosamente aminke arte embala, é claro 2 alegre : como uma festa infantil E simples, como a {ola ingenua edespretensiosa de uria colegial de paso leve e scl'iiante, que cania, andando na calcada, Scanned by CamScanner acargio da alegria matinal. . Gritme livre de meus poemas 6 igual ds asas que nie se prendem en algemas. Cd) Tem amoleza das vagas ea magia do canto dos pdssaros medulando sonatas de amor. Eoritme-simplicidade de arte nova — Arte-noval Esplendor! (Ritmo) Seu discurso poético € fuido, despojado de qualquer pretensao académica, Seus poemas, estraturados em versos livres, sio Liticas e prennes dé intensa muscalidade, embora seja perceptivel certa oscilagéo no rismo cos textos, sobretudo ao feché-los, quebrando a tensao poética. Notase em sua linguagem fortes ressonancias roman- ticas, um tcm grandilogiiente, o que contrasta com a lirica mederna, como esté evidente no “Poema agreste”, em que 0 indio é concebido ste forma herdica, idealizado, como ocorria no indianismo: Guerreirc cudaz, qu? ie enfeitas de penas coloridas e cobras coleantes, que andas com 0 corpo, gil como flechas e moreno como 0 sol, inteiramente nu, ‘pela frescura da soméra na floresta; que puseste no olbar das oncas 0 fogo vivo de teus olbas seluagens; que deixasie a tua voz se perder [concretizada no perfume das flores escondidas, éem ti, fndio de minha terra, na ua forma esplérdida e viril enas teus misculos faites de ratzes ‘fortes como as dguas ¢ 0s cipés, quese encerra tode esperanea glorificadora do Brasil VI Ritmos de inquieta alegria & um es2eco vvido do desabrochsr da sensibilidade poétca de Violeta Branca, o desperar de ua sensibilidade e conscifncia para 0s ios do mundo e as cexigencias da vida Tudo plasmaco por uma atmosfer itimist, um incontido anseio de lberdade e sua busca do novo. ‘Sua poesia é tmica, visual, rica em ocorrtncas sinestésicas. Desprencese de seus versos uma harmonia de sons ¢ cores queacen- tuam a plsticidade dos poemas. Possuem ambientagio regonal, tendo como pano de fundo a natureza, a flo:esta, oti, oigap6.0 ev na terra, estabelecendo com a mesma cacao, evidenciando-he o pantesmo Itico se projeta nesse cendtio, ‘uma relacac de profunda ide que perpassa-lhe a obra: E porque nasci no Amazonas que tenbo a alegria das cacboeiras, aminba voz o ritmo das dguas rolando sobre as pedras, eos meus olbos séio dois muiraquitds com a fosforescincia dos olbos das ongas. - Equeos meus cabelos tém 9 reflexo do sol a Scanned by CamScanner dito de reste das orgutideas. er2m gaivots do canto dos passaros iso asuavidade das esprinas.. (Sxz0L0) fo recorreates, em Ritmasde inguiete alegria, os temas ede seatosalusives Anatureza: 0 mar, o vente, ool, age, 9 azul, cono est) evidente no fozma “Exaltacao": cada fibra do meu ser, energia moca palpita do cht, que reflete 0 azui na dgua dos rics ras dguas de mar... Sinto-me ben, sinto-me embriagar de claridace, quando c soi me envolve toda no seu manto de curo mcendiado, gueimande-ne a carne, aquecendome o sang! Nas praias, o meu olbar busca outras terras ¢ eu ansiosamente sorv vento morro que impulsiona as velas brancas e soubadoras, somo a alma dbs potas; te VII O livec estrutura-se tematicamente tendo com> argumertoo tineriio cxstexcl do eu pecs descrev, no poema aa Lend, que abe a obre, sua inicio mdgica zo receber a “pct super’ de Tupi—"Se lars cuzdaaoeramonarse per ‘ah arue incauo. 3 gore do mariner, objeto de ea amor, sexs recarrente em Ritmos de inguieta alegria. Kmbora a cbra no possua um rigido vinculo temitico, prcebe- se uma certa coninuidade no proceso de estruturagao dos poemas, resratard as insias e inquietides da poet, seu despersa”paraa vid, Fdesicberta do anor (taterializado no marinheiro), seu encanto e suas dares (Penser em ti a tado inslare, /émorrer nas purbaiadas ida tortura). Culminando 11 separacio e per da pessoa amada. Titmos de inquieia alegra € um lier sobre o encantamnento amoroso, dai o tom nostilgico, simbolizazo pelo mavinheito e seu famor ausente, construfdo sob o véu do silencio € o vazio das distin- cias, O mar traz o matinheir> e o levard para longe, para temas dis tantes, que se fe:dem nos olzos do tempo, deixardo no gor0 saudades, ¢ levando na almz recortagbes cue telvez sjam tagachs pela grandeza infinte do oceano: Amanbé voltards para 0 mar. Teu destino é0 mar... Na deslumbrante exaltagao das ondas verdes, tua vida, ; —!uminoso poema de mocidade e te sol— tomar-sec linda como wma alvoreda rosicler. Amanba volards para omar. . E na inquieta convivencia das vagas Scanned by CamScanner men vulte de mulker. depressa oluid Sere’ vela pertida wea gree isi do oceer a Gere’ a omogéo esquecida ide um porto, que ficott en nnévoas, na disténcia. .. Amenbd voltards para o ma" ‘Enquanto euficarei numa tristeza longa, dolorosa, (Nostatats 30 mar) 0 eu postico wwe a dor da separzco, mas como é grande seu ior que a distincia, osilncio e 0 oceato, velar em seu sero destico soitirio do viarinheiro esua uta part domar 0 furor continuo Gi iguas Equa ovine swucade oameacrem con sets dedos RITMOS frios, eno: DE INQU IETA ALEGRIA (..) sentinds que te acompanba sempre, sempre um perfume sutil de vioie'a brance. * ‘Une das marcas que melhor definem a poesia de V cleta Branca Gavitaicade, expressa numa Asia desmedia de revelagio da vida, de seu etistrsno-murdo Seus versos sio per2assados por intensa mus: calicade e lirismo, vertidos nurma inguagem cespojada, plasmacla por forte carga de sensualidade. A poeta teve a intuicao co novo, do seu momento e, cesccntando-se ajurentude e imcturidade, o1sou traduzi los poeticamente. Teno Teles Foes en Temi Tells ret, nab profesor peaADeroe doin ign, 24 Scanned by CamScanner

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