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Direitos Reprodutivos
Direitos Reprodutivos
Enfermeira obstetra que viu a mãe morrer após a 18ª gravidez, Sanger
defendia que as mulheres deveriam se libertar da “escravidão biológica” e
ter controle sobre sua reprodução no lugar dos homens, principais autores
das leis que proibiam a contracepção na época.
O grupo sofreu ataques, e Sanger chegou a ser presa por seu trabalho na
clínica, baseado em informar às mulheres sobre métodos para prevenir a
gravidez. Com a iniciativa, porém, as ativistas popularizaram as demandas
por contracepção e tiveram conquistas legislativas.
Sanger
Pobreza
Sanger nasceu em 1879 no Estado de Nova York, a sexta de uma prole de
onze. Seu pai, Michael, era um pedreiro nascido na Irlanda. A família era
pobre e morava em um barraco. Sua mãe teve 18 gestações, incluindo
sete abortos espontâneos.
Sanger começou como enfermeira de cuidados paliativos, função na qual
viu uma mulher morrer de complicações na gravidez e também
testemunhou as consequências de abortos clandestinos.
"Estavam em vigor leis de Comstock que proibiam o uso do sistema postal
para distribuir controle de natalidade, informações ou dispositivos
contraceptivos. Também havia leis contra a contracepção em muitos
Estados", diz Elaine Tyler May, professora de estudos e história americana
na Universidade de Minnesota, nos EUA, e autora de America and the Pill:
A History of Promise, Peril, and Liberation.
Sanger também precisou lidar com a poderosa Igreja Católica, que via a
contracepção como um pecado.
Direito ao controle de natalidade
Em março de 1914, Sanger publicou The Woman Rebel, que defendia o
direito de praticar o controle de natalidade. O livro logo virou alvo do
sistema jurídico americano. Para evitar ser presa, ela viajou para a
Inglaterra. No país, ela foi influenciada pelos trabalhos de Thomas Robert
Malthus, que argumentava que os recursos da Terra não seriam capazes
de suportar o crescimento populacional descontrolado. Ele recomendava
autocontrole e adiamento do casamento. Mas ativistas conhecidos como
neomalthusianos faziam campanha a favor de métodos contraceptivos.
"Ela também começou a criar outra narrativa... [dizendo] que o controle
da natalidade era a forma de manter a paz e [evitar] a escassez de
alimentos", diz Caroline Rusterholz, historiadora da Universidade de
Cambridge, no Reino Unido, com foco em população, medicina e
sexualidade. Sanger iniciou sua clínica de controle de natalidade quando o
aborto era ilegal nos EUA
Primeira clínica
Sanger voltou aos EUA e abriu a primeira clínica de controle de natalidade
do país em uma área da cidade de Nova York que abrigava muitas
mulheres imigrantes pobres.
A clínica foi invadida depois de apenas alguns dias, e Sanger foi presa.
Mulheres e homens sentados com carrinhos de bebê em frente à Clínica
Sanger na Amber Street, no Brooklyn, Nova York, em outubro de 1916
Determinada, ela reabriu a clínica alguns dias depois, e foi presa
novamente, acusada de perturbar a ordem pública.
Ela foi a julgamento em 1917, em um caso que ganhou enorme
repercussão. Sanger foi condenada a 30 dias de prisão ou a pagar multa.
Ela escolheu a prisão, onde passou informações sobre controle de
natalidade às presidiárias.
"Durante esse episódio, [ela] se tornou uma grande figura nos EUA. Sua
irmã também estava na prisão e fez greve de fome", conta a biógrafa de
Sanger, Ellen Chesler.
Após ser solta, Sanger recorreu sem sucesso contra sua condenação. Mas
o tribunal decidiu que os médicos poderiam receitar anticoncepcionais por
razões médicas.
Uma pequena multidão se reúne em torno de Margaret Sanger e sua irmã,
Ethel Byrne, no tribunal
Tragédia
Em meio aos problemas na Justiça, ela enfrentava turbulências em sua
vida pessoal. Em 1914, ela se separou do marido, William, e em 1915 sua
única filha, Peggy, morreu repentinamente, aos cinco anos.
Ela namorou vários homens, incluindo o pesquisador de comportamento
sexual Havelock Ellis e o autor H G Wells. Em 1922, ela se casou com o
magnata do petróleo James Noah H Slee. Ele se tornou um dos principais
financiadores de seu movimento.
Eugenia
Sanger buscou apoio para seu movimento e se uniu a grupos com visões
que hoje em dia são totalmente inaceitáveis.
"Ela fez parceria com a Sociedade Eugênica... e recebeu recursos deles",
diz Rusterholz.
O Instituto Nacional de Pesquisa do Genoma Humano dos EUA define a
eugenia como "a teoria cientificamente imprecisa de que os humanos
podem ser melhorados por meio da criação seletiva de populações".
Antes do holocausto perpetrado pelos nazistas, essas teorias eram
debatidas sem muita oposição.
"Ela realmente queria lutar contra a pobreza, mas endossou algumas
medidas eugênicas bastante problemáticas, como a esterilização de
pessoas com deficiência", acrescenta Rusterholz.
Sanger abraçou as teorias da eugenia em seu livro 'Woman and the New
Race'
A biógrafa Ellen Chesler diz que Sanger formou sua própria opinião sobre
o assunto.
"Os eugenistas clássicos se opunham ao controle de natalidade para
mulheres de classe média. Eles estavam interessados em hierarquias de
raça, classe e cor. Ela não. Ela queria que todas as mulheres tivessem
menos filhos."
'Os mais pobres e os menos dotados biologicamente'
Nas décadas de 1920 e 1930, Margaret Sanger viajou pelo mundo,
promovendo o controle de natalidade na China, Japão, Coreia e Índia.
Em uma carta à Sociedade de Eugenia de Londres, que financiou sua
viagem à Índia em 1935, ela expressou isso em termos eugênicos: "levar
aos mais pobres e aos menos dotados biologicamente o conhecimento do
controle de natalidade".
Sanger viajou extensivamente pela Ásia para promover o controle de
natalidade
Ela promoveu um pó espermicida na Índia. Mas o produto causava
sensação de queimação e era difícil de usar sem supervisão médica.
"O discurso era muito incisivo sobre controle de natalidade e
disponibilização de anticoncepcionais, principalmente para a classe
trabalhadora pobre. Mas a tecnologia ainda não existia", diz Sanjam
Ahluwalia.
Sanger também conheceu indianos influentes, como Mahatma Gandhi e o
Prêmio Nobel de Literatura Rabindranath Tagore.
Enquanto Tagore apoiava o controle da natalidade, Gandhi defendia o
celibato e o autocontrole. Sanger tentou mas não conseguiu mudar a
opinião de Gandhi.
A Segunda Guerra Mundial colocou o movimento de controle de
natalidade em segundo plano. Mas, depois disso, novos temores de uma
explosão populacional deram um novo ímpeto ao movimento.
'Pílula mágica'
Por volta dessa época, frustrada com a ineficácia e falta de praticidade das
formas existentes de contracepção, como o diafragma, Sanger começou a
pensar em um método oral mais fácil. Ela havia escrito sobre seu sonho de
uma "pílula mágica" em 1939, mas precisaria de ajuda para tornar essa
ideia realidade.
A primeira aliada foi a ativista dos direitos das mulheres Katharine
McCormick, uma viúva rica que financiou a pesquisa. Ela convenceu o
polêmico cientista da fertilidade Gregory Pincus a se juntar ao projeto.
Katharine McCormick, uma das fundadoras da Liga das Mulheres Eleitoras,
gastou US$ 1 milhão no desenvolvimento da pílula anticoncepcional
McCormick inicialmente contribuiu com US$ 40 mil, mas a quantia chegou
a mais de US$ 1 milhão.
Depois de dez anos, a pílula estava pronta, mas havia um problema na
fase de testes e comprovação.
Em meados da década de 1950, a equipe de pesquisas foi para Porto Rico
e Haiti. Mulheres em hospitais psiquiátricos e favelas participaram dos
testes, embora muitas não soubessem o que estavam tomando.
"Claro, violações estavam acontecendo. Não há dúvida sobre isso", diz
Elaine Tyler.
Em 1965, os EUA disponibilizaram a pílula para mulheres casadas — e, em
1972, para todas as mulheres. Muitos outros países também adotaram o
novo anticoncepcional. Sanger teve a satisfação de ver a pílula virar um
sucesso antes de morrer em 1966.
Os métodos criados em cada época
"Em 1564, o italiano Gabriel Fallopius inventou um saco de linho, esse era
colocado sobre o pênis de seus pacientes para protegê-los de doenças. O
anatomista obteve grande êxito com a invenção, pois além de proteger
contra as doenças, o saco de linho impedia a gravidez. Este fato o tornou
conhecido e sua produção tornou-se popular e bastante usada." "No início
do século XVIII, Londres funda a primeira loja de preservativos. Estas eram
feitas de intestino de carneiro ou cordeiro com aromatizantes florais e sob
encomenda. Em 1843, os preservativos começaram a ser fabricados com
borracha pela Hancock e Goodyear. Eram pouco aderentes, irregulares e
caras, o que fazia com que fossem usadas várias vezes até que na década
de 90 inventou-se o látex que deu ao preservativo um aspecto mais fino e
confortável. Em 1960, deixa de ser utilizada por causa da invenção da
pílula anticoncepcional, mas retorna em 1990, por causa da grande
epidemia de AIDS."
Foi inventado pelo médico dinamarquês Lasse Hershel, ao final dos anos
90. Foi criado, especialmente para quem tem alergia ao látex, é uma
“bolsa” feita de um plástico macio, o poliuretano, que é um material mais
fino que o látex do preservativo masculino. Este método contraceptivo
consiste em um dispositivo de plástico, maior e mais largo que o
preservativo externo, que deve ser introduzido na vagina, ou no ânus.
ter acesso à informação e aos meios para gozar do mais elevado padrão
de saúde sexual e reprodutiva, sem discriminação, coerção ou violências
Os direitos das mulheres e aqueles ligados à familia haviam sido
estabelecidos em tratados globais anteriores, como a Declaração
Universal dos Direitos Humanos de 1948. O fórum de Cairo, porém, deu
tratamento renovado à questão reprodutiva e criou novos meios de ação
para a proteção dessas garantias.
EDUCAÇÃO SEXUAL
O país não tem lei específica sobre educação sexual, embora o tema esteja
em documentos técnicos do Ministério da Educação. Considerada um
tabu, a educação sexual enfrenta resistência no país. Sua ausência nas
escolas, porém, viola o direito de acesso a informações sobre o tema.
ESTUPROS
GESTAÇÃO E PARTO
MORTES MATERNAS
Em 2018, o país teve 59,1 mortes maternas para cada 100 mil nascidos
vivos, número acima das metas firmadas com a ONU (de 30 mortes). Cerca
de 67% dos óbitos entre 1996 e 2018 são atribuídos a intervenções,
omissões ou tratamento incorreto na gravidez, parto ou puerpério.
VIOLÊNCIA OBSTETRICA
VIOLÊNCIA ESTATAL
https://g1.globo.com/sp/sao-carlos-regiao/noticia/justica-obriga-
prefeitura-de-mococa-a-fazer-laqueadura-em-mulher-usuaria-de-
drogas.ghtml
59% dos brasileiros são contrários a mudanças nas regras sobre o aborto
no país, segundo pesquisa Datafolha de 2021
https://www.bbc.com/portuguese/geral-64235036
https://brasilescola.uol.com.br/sexualidade/origem-camisinha.htm
https://www.scielosp.org/article/csc/2017.v22n1/43-52/
https://essentia.com.br/conteudos/modulacao-hormonal-transdermica/
https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-n-2.282-de-27-de-agosto-
de-2020-274644814#:~:text=Disp%C3%B5e%20sobre%20o
%20Procedimento%20de,Sistema%20%C3%9Anico%20de%20Sa
%C3%BAde%2DSUS.&text=%C2%A7%201%C2%BA%20A%20gestante
%20receber%C3%A1,suas%20avalia%C3%A7%C3%B5es%20em
%20documentos%20espec%C3%ADficos.
https://www.metropoles.com/materias-especiais/parto-anormal-
violencia-obstetrica-fere-mulheres-e-mata-bebes-no-df
https://g1.globo.com/sp/sao-carlos-regiao/noticia/justica-obriga-
prefeitura-de-mococa-a-fazer-laqueadura-em-mulher-usuaria-de-
drogas.ghtml
https://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/2022/lei-14443-2-setembro-
2022-793189-publicacaooriginal-166038-pl.html