Você está na página 1de 19

Exame

neurológico
em pequenos
animais
Bernardo De Caro Martins
Maria Paula Rajão Costa Coelho *,
Juan Sebastian Gutierrez*,
Bernardo De Caro Martins* – CRMV 10.977. Email para contato: bernardodcmartins@hotmail.com
* Escola de Veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais

Introdução 1. Os sinais clínicos observados são de-


vido a alterações no sistema nervoso?
A neurologia é uma subárea que 2. Qual é a localização da lesão no siste-
cada vez mais está ganhando espaço na ma nervoso?
medicina veterinária brasileira, princi- 3. Quais são os principais tipos de doen-
palmente, devido a uma maior demanda ças capazes de gerar essas alterações?
dos proprietários pela busca de diagnós- As duas primeiras perguntas podem
ticos e tratamentos adequados. Um dos ser respondidas após realização do exa-
maiores desafios do exame neurológico me clínico geral e do exame neurológico¹.
é a interpretação correta do exame. Será Sabe-se que algumas alterações ortopé-
que realmente o paciente está com dé- dicas podem ser confundidas com altera-
ficit na sensibilidade facial? O animal ções neurológicas. No entanto, um exame
apresenta ataxia? Para que se possa res- clínico bem realizado diferenciará se real-
ponder estas e as inúmeras perguntas, mente a afecção é neurológica ou não. A
deve-se realizar o exame neurológico de localização da lesão neurológica é um dos
forma meticulosa e sistemática. principais objetivos do exame neurológi-
O exame neurológico tem como fi- co e o clínico deve ser capaz de indicar a
nalidades responder: localização exata da lesão após o exame.
Exame neurológico em pequenos animais 9
A resposta para a ter- geralmente, decorrentes
A localização da
ceira pergunta pode ser de processos degenerati-
lesão neurológica é
obtida compilando as in- vos ou neoplásicos³.
um dos principais
formações do exame neu- A filmagem de episó-
objetivos do exame
rológico às informações dios, pelos proprietários,
neurológico e o
de identificação do animal pode ser útil para se iden-
clínico deve ser
e do histórico¹. tificar uma crise epilépti-
capaz de indicar a
ca, que, geralmente, não
localização exata da
Identificação e lesão após o exame. é vivenciada pelo médico
anamnese veterinário². O clínico
deve estar ciente de que
O primeiro passo para a realização
condições como sedação, tensão do
do exame neurológico é a identifica-
animal ou histórico recente de crises
ção do animal e a anamnese detalhada.
epilépticas podem diminuir a acurácia
Trata-se de uma etapa crucial que for-
do exame neurológico, pois ocasionam
nece informações importantes para de-
alterações nos testes neurológicos que
finição dos diagnósticos diferenciais².
não estão associadas a qualquer altera-
Informações como sexo, raça, idade e
ção do sistema nervoso¹.
espécie devem ser anotadas. Sabe-se,
por exemplo, que animais jovens são Exame físico
predispostos a apresentar afecções de
origem congênitas ou inflamatórias e O exame neurológico sempre deve
que animais da raça Teckel têm alta pro- ser precedido de um bom exame físico,
babilidade de apresentar discopatias3,4,5. para que o clínico se certifique de que os
As perguntas na anamnese irão de- sinais apresentados sejam primariamen-
pender da queixa principal apresentada te neurológicos e não pelas alterações de
pelo proprietário. A queixa principal é outros sistemas, como por exemplo: qua-
a razão pela qual o animal foi encami- dros ortopédicos. A coloração de muco-
nhado para atendimento neurológico. sas, hidratação, linfonodos, frequências
O médico veterinário deve se preocu- cardíaca e pulmonar, temperatura retal e
par em obter respostas detalhadas do palpação abdominal devem ser checados.
proprietário sobre o início, progressão
e curso dos sinais clínicos, para que se Exame neurológico
possa definir uma lista de diagnósticos O exame neurológico pode ser divi-
diferenciais. Sinais clínicos agudos, por dido em oito partes principais:
exemplo, são geralmente ocasionados 1) Estado mental e comportamento,
por condições vasculares ou traumáti- 2) Postura,
cas, enquanto, alterações crônicas são, 3) Marcha,
10 Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 69 - agosto de 2013
4) Tremores involuntários, servando-se a interação do animal com
5) Reações posturais, o ambiente do consultório. A estrutura
6) Nervos cranianos, anatômica que participa na manutenção
7) Reflexos miotáticos e do nível de consciência é o sistema ativa-
8) Avaliação sensorial. dor reticular ascendente (SARA) locali-
Os quatro primeiros itens são ava- zado no tronco encefálico e que realiza
liados somente com a observação do conexões com o córtex prosencefálico.
animal. Após inspeção geral, realizam- Um nível de consciência adequado
-se, em uma sequência única, os outros é classificado como alerta, enquanto as
testes em interação direta com animal. alterações podem ser classificadas de
A ordem das partes do exame a serem acordo com a ordem de gravidade, em-
realizadas irá depender, principalmen- depressão, estupor e coma². A resposta
te, da cooperação do animal. No en- positiva do animal a estímulos nocicep-
tanto, é importante que o clínico tente tivos diferencia o estado estuporoso do
manter sempre a mesma sequência coma³. O comportamento do animal é
de exames para que nenhum teste seja controlado, principalmente, pelo siste-
negligenciado. ma límbico, localizado no lobo temporal
do prosencéfalo. Agressividade, andar
Estado mental (nível de compulsivo, vocalização, delírio e “head
consciência e comportamento) pressing” (pressionar de cabeça contra
O estado mental deve ser avaliado obstáculos) (Fig. 1) são exemplos de al-
inicialmente durante a anamnese, ob- gumas dessas alterações6.

Bernardo De Caro Martins

Figura 1 – Teckel de 11 anos de idade com “head pressing” devido a neoplasia prosencéfálica

Exame neurológico em pequenos animais 11


Postura Curvaturas espinhais
A postura deve ser avaliada de acor- As curvaturas espinhais podem
do com o posicionamento da cabeça e ocorrer em alterações congênitas ou ad-
do tronco durante o repouso e deve ser quiridas, permanentes ou intermitentes,
classificada em normal ou inadequada. e são classificadas em escoliose (desvio
Existem diversas estruturas responsá- lateral da coluna), lordose (desvio ven-
veis pela manutenção de uma postura tral da coluna), cifose (desvio dorsal da
adequada como o sistema visual e siste- coluna) (Fig. 4) e torcicolo (desvio late-
ma vestibular. ral do pescoço)².

Head tilt (Inclinação de cabeça)

Bernardo De Caro Martins


Esta postura é caracterizada pela
rotação do plano mediano da cabeça
devido à desordem vestibular central ou
periférica, ipsilateral à lesão¹ (Fig. 2). Em
casos de vestibulopatias paradoxais, em
que os pedúnculos cerebelares ou lobos
floculonodulares estiverem acometidos, o
“head tilt” pode ser contralateral à lesão².
Quando se suspeita de uma inclina-
ção discreta da cabeça aconselha-se tra-
çar uma linha imaginária entre os olhos
e observar se a mesma possui alguma in-
clinação, o que caracteriza o “head tilt”. Figura 2 – “Head tilt” para esquerda em cão SRD
É importante ressaltar que a presença de de 9 anos de idade com vestibulopatia paradoxal
dor cervical (torcicolo) pode levar a ro-
tação do plano mediano da cabeça sem
Bernardo De Caro Martins

que haja outros sinais clínicos de uma


vestibulopatia.
Head turn(Rotação lateral da cabeça)
Alteração postural caracterizada por
rotação lateral da cabeça com manuten-
ção do plano mediano perpendicular ao
chão¹ (Fig. 3). Geralmente, está associa-
do ao pleurostótono (rotação do corpo) Figura 3 – “Head turn” para esquerda em cão
Labrador de 9 anos de idade com neoplasia
e indica lesão prosencefálica ipsilateral. prosencefálica

12 Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 69 - agosto de 2013


“border cells” (neurônios inibitórios as-

Bruno Benetti Junta Torres


cendentes que se projetam cranialmen-
te na substância cinzenta lateral dos seg-
mentos craniais da medula lombar e que
inibem os neurônios motores inferiores
dos membros torácicos)².

Bernardo De Caro Martins


Figura 4 – Felino com desvio dorsal da coluna
vertebral devido à luxação

Rigidez descerebrada
Postura caracterizada por rigidez
e extensão dos quatro membros com
opistótono e estado mental estuporoso
ou comatoso (Fig. 5). Relacionada a le-
sões graves da região rostral do tronco
encefálico.¹
Rigidez descerebelada Figura 5 – Dog Alemão de 4 anos de idade em po-
sição de rigidez descerebrada após lesão aguda
Postura caracterizada por exten- em tronco encefálico
são dos membros torácicos, flexão dos

Bernardo De Caro Martins


membros pélvicos e opistótono (Fig. 6).
Diferentemente da rigidez descerebra-
da, o animal permanece com um nível
de consciência alerta. Geralmente, está
relacionada a lesões cerebelares agudas
e pode ter apresentação episódica².
Posição de Schiff-Sherrington
Esta alteração postural é caracteri-
zada por extensão rígida de membros
torácicos com propriocepção e função
motora normal, e flacidez de membros Figura 6 – Pinscher de 4 anos de idade em posi-
pélvicos com diminuição ou ausência ção de rigidez descerebelada após lesão cerebe-
lar aguda.
da função motora. Ocorre em casos de
lesão, geralmente, grave e aguda da me- Como não há lesão de neurônios
dula toracolombar, em que há dano às motores superiores para os membros

Exame neurológico em pequenos animais 13


torácicos, o animal apre- clínico deve se perguntar:
A avaliação da
sentará hipertonia desses “a marcha está normal ou
marcha é o principal
membros sem perda de anormal?”, “quais mem-
teste para pacientes
propriocepção ou função bros estão acometidos?”,
com alterações
motora. Apesar de lesão “o animal tem dificuldade
locomotoras e deve
de neurônio motor su-
ser avaliada em uma de iniciar o movimen-
perior, a apresentação da to ou de sustentar seu
área ampla e não
característica de lesão de peso?”, “o animal sabe exa-
escorregadia.
neurônio motor inferior tamente onde estão seus
para os membros pélvicos membros?”.
é devida a gravidade da lesão medular e, A ataxia, sinônimo de incoordena-
na maioria das vezes, é transitória. ção, é uma das características mais difí-
ceis de ser reconhecida na marcha. Pode
Marcha
ser de origem proprioceptiva, devido
A avaliação da marcha é o principal à lesão na medula espinhal; vestibular,
teste para pacientes com alterações lo- decorrente de alterações vestibulares; e
comotoras e deve ser avaliada em uma cerebelar, associada à hipermetria e tre-
área ampla e não escorregadia4. Para que mores de intenção².
haja uma marcha normal é necessário Enquanto a paresia é definida, pelo
que o tronco encefálico, o cerebelo, a dicionário, como uma diminuição da
medula espinhal, os nervos periféricos, movimentação voluntária dos mem-
a junção neuromuscular e os músculos bros, a paralisia (plegia) é ausência to-
tenham suas funções íntegras². tal dessa movimentação voluntária. Na
É necessário avaliar a marcha em neurologia, a paresia é definida como
diferentes pontos de vista: de frente, de perda da habilidade de sustentação do
trás e lateralmente. O animal deve ser peso ou inabilidade para gerar movi-
guiado para caminhar em mentos. Geralmente, a
linha reta, em círculos e Na neurologia, a primeira definição é reser-
realizar curvas para ambos paresia é definida vada aos animais que pos-
os lados. A marcha pode como perda da suem distúrbios de neurô-
ser classificada em nor- habilidade de nio motor inferior (NMI)
mal ou anormal, Quando sustentação do peso em que uma hipometria
anormal, pode ser devido ou inabilidade para também pode ser observa-
à ataxia, paresia/parali- gerar movimentos. da. Já a segunda definição
sia (diminuição/ausência é restrita aos animais que
da função motora) e claudicação. Para possuem lesão de neurônio motor su-
reconhecimento de anormalidades o perior (NMS) que, geralmente, é acom-

14 Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 69 - agosto de 2013


panhada por hipermetria³. Vale lembrar torial. No entanto, se for observado uma
que a hipermetria de NMS, caracteriza- paresia em que o animal é incapaz de de-
da por aumento da amplitude da passa- ambular, classifica-se como não ambula-
da, é diferente da hipermetria cerebelar, torial. Nesses casos, o ideal é suportar o
em que se observa aumento da flexão peso desses animais durante a marcha,
dos membros durante a movimentação. para diferenciar uma paralisia de uma
Dependendo de quais membros estão paresia não ambulatorial³.
acometidos a paresia ou paralisia po- Durante a marcha pode-se ainda
dem ser ainda definidas como: observar se o animal apresenta claudica-
• Tetraparesia/paralisia: alteração na ção, a qual pode ser de origem ortopédi-
função motora dos quatro membros ca ou devido à compressão de raiz ner-
associada à lesão cranial ao segmento vosa ou andar em círculos, que é uma
medular T3 ou a uma desordem gene- alteração comportamental associada
ralizada de NMI. a lesões prosencefálicas ou no sistema
• Paraparesia/plegia: alteração na fun- vestibular. Geralmente, o círculo é rea-
ção motora dos membros pélvicos lizado ipsilateralmente à lesão.
associada à lesão caudal ao segmento
medular T2. Movimentos involuntários
• Monoparesia/plegia: alteração na Animais com alterações neurológi-
função motora de um membro, geral- cas podem apresentar diversos tipos de
mente, associada à lesão de NMI local movimentos involuntários que, apesar
ou a lesões lateralizadas caudais no de possuírem etiologias distintas, são
plexo braquial ou lombosacro. muito parecidos na apresentação inicial.
• Hemiparesia: alteração na função mo- Em um paciente neuropata estes movi-
tora dos membros de um lado do cor- mentos involuntários são identificados
po devido à lesão lateralizada cranial a como: tremores (de ação, repouso e de
T2. Quando a lesão encontra-se entre intenção), miotonias, desordens de mo-
a porção caudal do tronco encefálico vimento (discinesias, distonias, coréia,
e o segmento espinhal T2, a alteração balismo, atetose), mioclonia, catalepsia,
da função motora é ipsilateral à lesão. crises epilépticas, “head bobbing”5 e se-
Porém, se a lesão situar-se rostralmen- rão abordados nos próximos volumes
te ao tronco encefálico e no prosencé- deste caderno.
falo, a alteração torna-se contralateral
à lesão.
Reações posturais
Se o animal apresentar uma pare- As reações posturais são respos-
sia, mas ainda for capaz de deambular, a tas complexas que envolvem a parti-
mesma pode ser classificada em ambula- cipação de quase todos componentes
Exame neurológico em pequenos animais 15
do sistema nervoso. Propriocepção
O posicionamento
Propr i o r e c e p t o r e s
proprioceptivo e o Para avaliação da
localizados nas ar-
saltitamento são os propriocepção, deve-se
ticulações, tendões,
dois testes posturais posicionar o animal em
músculos e ouvido in-
realizados na rotina. postura quadrupedal em
terno captam uma in-
Alterações nesses testes superfície não deslizante
formação externa que
indicam, com precisão, e suportar, com uma das
é transmitida para o
alteração no sistema mãos, parte do seu peso
córtex prosencefáli-
co, onde é processa-
nervoso, mas não a pelo tórax (para avaliação
do e retransmitido
sublocalização exata da dos membros torácicos)
lesão. (Fig. 7A) ou abdômen
para a musculatura². (para avaliação dos mem-
O posicionamento bros pélvicos) (Fig. 7B).
proprioceptivo e o saltitamento são Com a outra mão posiciona-se uma das
os dois testes posturais realizados na patas, de modo que a superfície dorsal
rotina. Alterações nesses testes indi- fique em contato com o chão. Espera-se
cam, com precisão, alteração no siste- que o animal retorne a pata ao posicio-
ma nervoso, mas não a sublocalização namento anatômico imediatamente²
exata da lesão³. É importante ressaltar (Fig. 8). O teste deve ser repetido até
que as reações posturais podem estar que o examinador tenha plena con-
normais em afecções musculares se o fiança na resposta apresentada, já que
animal tiver condições e força para sus- déficits sutis podem estar presentes³. É
tentar o peso corporal. particularmente difícil de ser executada
É interessante obter também a ava- em gatos, pois dificilmente permitem o
liação de tônus dos membros pélvicos manuseio de suas patas.
com o animal em estação, antes da rea-
Saltitamento
lização das reações posturais. Para tanto,
deve-se realizar suaves movimentos de É a principal reação postural avalia-
flexão dos membros. Em caso de hiper- da em gatos e deve ser realizada também
tonia grave é possível le- em todos os cães. Em animais de grande
vantar todo o corpo do porte, em que o suporte
animal apenas realizan-
O teste deve ser de peso se torna difícil,
do esse movimento. O
repetido até que o recomenda-se realizar o
tônus dos membros torá-
examinador tenha hemisaltitamento³.
cicos será avaliado com o plena confiança na O teste de saltita-
animal em decúbito late- resposta apresentada, já mento é realizado se-
ral durante o teste dos que déficits sutis podem gurando o paciente, de
reflexos miotáticos. estar presentes. modo que grande parte

16 Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 69 - agosto de 2013


Maria Paula Rajão Maria Paula Rajão

A B
Figura 7 – Avaliação da propriocepção dos membros torácicos (A) e dos membros pélvicos (B)
Juan Sebastian Gutierrez
do peso corporal seja caminhada, carrinho de
sustentado por um úni- mão, extensor postural,
co membro, enquanto posicionamento tátil e
o animal é deslocado visual. Como dito ante-
lateralmente (Fig. 9A riormente, apenas com
e Fig. 9B). Comparam- a realização da proprio-
se os membros, já que cepção e do saltitamento
a mesma resposta deve consegue-se obter uma
ser visibilizada em am-
resposta fidedigna das
bos os lados². Animais
reações posturais, com
com afecções ortopédi- Figura 8 – Déficit proprioceptivo em
isso, na maioria das ve-
cas graves terão dificul- membro pélvico direito de um cão
zes, não é necessário rea-
dade para realizar esse SRD de 10 anos de idade com neo-
plasia intracraniana lizar os outros testes para
teste, se o peso
Maria Paula Rajão Maria Paula Rajão
corporal não for
adequadamente
suportado.
Outros testes
Outros tes-
tes descritos na
literatura para
testar as rea-
ções posturais A B
dos animais Figura 9 – Avaliação do saltitamento dos membros torácicos (A) e dos membros
incluem: hemi- pélvicos (B)

Exame neurológico em pequenos animais 17


tal³. Mas vale fazer algumas considera- VII - Facial
ções: em animais de grande porte, em VIII - Vestibulococlear
que o suporte do peso corporal é mais IX - Glossofaríngeo
difícil, pode-se realizar a hemicami- X - Vago
nhada em substituição do saltitamento. XI - Acessório
Em animais com suspeita de ataxia e XII - Hipoglosso
paresia de membros torácicos, pode-se
Resposta à ameaça
realizar o carrinho de mão. Em gatos o
posicionamento tátil e visual pode ser A resposta à ameaça é um com-
realizado em substituição à proprio- portamento aprendido e não um
cepção, apesar de, na opinião dos au- reflexo propriamente dito, pode es-
tores, ser um teste bastante falho com tar ausente em animais normais de
alto índice de falso negativo. idade inferior a 10 a 12 semanas².
Para avaliação da resposta à ameaça
Nervos cranianos devem-se testar os olhos separada-
Os nervos cranianos são compos- mente. Para tanto, o clínico precisa
tos por 12 pares de nervos que pos- cobrir um dos olhos, e após tocar
suem seus núcleos no prosencéfalo suavemente o canto medial do olho
(I e II) e tronco encefálico (III e IV – testado, para chamar a atenção do
Mesencéfalo, V- Ponte, VI, VII, VIII, IX, animal, realizar um movimento de
X, XI e XII – Bulbo). O exame dos ner- ameaça (Fig. 10). O movimento deve
vos cranianos deve ser realizado quando ser executado a uma distância consi-
o animal estiver bem relaxado, logo após derável do olho para evitar o deslo-
o exame das reações posturais, e com camento de ar, o que poderia sensi-
o mínimo de contenção bilizar terminações do
possível. Pode ser realiza- Apenas com a nervo trigêmeo³. Assim
do seguindo a sequência realização da que o gesto de ameaça é
dos nervos cranianos de propriocepção e realizado, o animal deve
I a XII ou por regiões. Os do saltitamento imediatamente fechar as
pares de nervos cranianos consegue-se obter pálpebras por completo.
estão descritos a seguir: uma resposta A porção aferente desse
I - Olfatório fidedigna das reações teste é composta por
II - Óptico posturais, com isso, todo o trato visual, e a
III - Oculomotor na maioria das vezes, porção eferente é com-
IV - Troclear não é necessário posta pelo nervo facial e
V - Trigêmio realizar os outros pelo cerebelo, cujas vias
VI - Abducente testes para tal. não são bem descritas².
18 Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 69 - agosto de 2013
reflexo pupilar³. Por isso, deve-se reali-

Maria Paula Rajão


zar também em animais cegos, para que
se possa definir com exatidão a localiza-
ção da lesão.
Reflexo palpebral e Sensibilidade facial
Para avaliação do reflexo palpebral o
clínico deve deflagrar um estímulo tátil
suave nos cantos medial e lateral das pál-
pebras, e espera-se que o animal feche as
Figura 10 – Avaliação da resposta à ameaça do
pálpebras² (Fig. 11A). O estímulo pode
olho esquerdo ser realizado com a ponta dos dedos ou
utilizando-se um cotonete.
Reflexo pupilar
Para avaliação da sensibilidade facial
Deve ser realizado em ambiente devem-se realizar estímulos de toque
escuro, com os olhos previamente co- na face em diferentes regiões com um
bertos para que haja midríase e se possa cotonete ou pinça hemostática em que
avaliar a resposta à luz. Antes de realizar se espera, como resposta, contração da
o teste é interessante posicionar a fonte musculatura facial e fechamento de pál-
de luz entre os olhos e acima do nariz
pebras³ (Fig. 11B). O estímulo da mu-
para observar se existe alguma evidên-
cosa nasal efetiva-se após fechamento
cia de anisocoria³. Avalia-se a resposta
de ambos os olhos do animal e espera-
de contração da pupila que recebeu a luz
se como resposta uma movimentação
(reflexo pupilar direto) e da pupila con-
de cabeça consciente² (Fig. 11C).
tralateral (reflexo pupilar consensual)².
Em ambos os testes, participam da
O reflexo consensual, geralmente, é um
pouco mais lento que o reflexo direto, porção aferente os ramos oftálmico, ma-
devido ao menor número de fibras en- xilar e mandibular do nervo trigêmio
volvidas neste reflexo. e, da porção eferente, o nervo facial. O
No reflexo pupilar à luz, o nervo óp- ramo oftálmico é responsável pela iner-
tico é responsável pela função sensitiva vação sensorial da córnea, canto medial
(recebe o estímulo luminoso) e o oculo- do olho, mucosa nasal e pele do dorso
motor é responsável pela função moto- do nariz. Já o ramo maxilar é responsá-
ra de constrição pupilar². É importante vel pela inervação, principalmente, do
salientar que, esse reflexo não testa a canto lateral do olho, pele da bochecha
visão do animal, apesar do nervo óptico e focinho. O ramo mandibular é respon-
estar envolvido. Animais que possuem sável pela inervação da parte mandibu-
cegueira cortical, não terão alteração no lar da face e cavidade oral².
Exame neurológico em pequenos animais 19
Maria Paula Rajão
A B C
Figura 11 –Avaliação da do reflexo palpebral do canto lateral do olho direito (A), da sensibilidade facial
direita (B) e da sensibilidade nasal direita (C)

Simetria facial mento normal dos globos oculares é de-


Realiza-se observação da face do pendente da inervação da musculatura
animal em que se busca observar qual- periorbital, pelos nervos cranianos III,
quer assimetria entre a face direita e IV e VI e de uma função normal do sis-
esquerda. Hipotrofias tema vestibular4.
musculares dos múscu- Juan Sebastian Gutierrez Para avaliação
los da mastigação (lesão dos globos oculares,
da porção eferente do o avaliador deve po-
nervo trigêmeo) e pto- sicionar-se de frente
ses de pálpebra, lábio ou para o animal e obser-
orelha (lesão da porção var qualquer desvio
eferente do nervo facial) patológico e/ou posi-
podem acarretar em uma cional, após elevação e
assimetria facial. Após extensão do pescoço.
avaliação da simetria fa- Estrabismo patológi-
cial é interessante obser-
co lateral é decorrente
var o tônus mandibular Figura 12 – Avaliação do tônus
de uma lesão do ner-
(Fig. 12), que pode in- mandibular
vo oculomotor (Fig.
dicar lesões precoces do
13A), enquanto que o medial ocorre de-
nervo trigêmeo antes que se visibilize
qualquer grau de hipotrofia². vido à lesão do nervo abducente, o de ro-
tação do globo ocular por causa da lesão
Estrabismo patológico e posicional do nervo troclear e o posicional ventral é
O estrabismo é um posicionamento consequência de lesão do nervo vestibu-
anormal do globo ocular. O posiciona- lococlear (Fig. 13B).
20 Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 69 - agosto de 2013
Bernardo De Caro Martins

fase rápida na mesma


direção³. Na ausência
de movimentação da
cabeça não deve haver
nistagmo e quando
presente é classificado
como nistagmo pato-
lógico e/ou posicional
indicando, na maioria
das vezes, uma lesão
A B
do sistema vestibular4.
Figura 13 – Estrabismo patológico lateral em cão SRD de 2 meses de
idade (A) e estrabismo posicional ventral em Bulldog inglês de 2 meses
Os tipos de nistagmos
de idade com hidrocefalia congênita patológico/posicional
são melhores descritos
Nistagmo fisiológico no capítulo de vestibulopatias desse
Para avaliação do nistagmo fisioló- caderno.
gico (reflexo oculovestibular) deve-se O reflexo oculovestibular avalia a in-
movimentar a cabeça do animal para tegridade dos nervos cranianos III, VI e
VIII .
4
ambos os lados na direção horizontal²
(Fig. 14). A resposta esperada é um Nervos cranianos IX, X e XII
movimento rítmico e involuntário dos Para avaliação dos nervos cranianos
olhos (nistagmo fisiológico) que, ge- IX e X realiza-se o reflexo de deglutição
ralmente, apresenta uma fase lenta na ou ânsia. Para tal, aplica-se uma pressão
direção oposta à rotação da cabeça e externa nos ossos hioides e na cartilagem
Bernardo De Caro Martins

A B C D
Figura 14 – Avaliação do nistagmo fisiológico em cão em que se realiza movimentação lateral no plano
horizontal da cabeça para observação da movimentação do globo ocular

Exame neurológico em pequenos animais 21


tireóide, para gerar a deglutição (Fig.

Maria Paula Rajão


15) ou, em animais mansos, estimula-
-se diretamente a faringe, com um dos
dedos, para provocar o reflexo de ânsia².
Lesões nesses pares de nervos cranianos
podem resultar em disfagia, paralisia de
laringe, disfonia e regurgitação.
A observação do tônus de língua
Figura 15 – Avaliação do reflexo de deglutição em
avalia a integridade do nervo hipoglos- cão após palpação dos ossos hióides
so, que fornece inervação motora para
os músculos da língua. Observações
Observe, na Tab. 1, o resumo das al- - Na rotina não se costuma avaliar
terações dos nervos cranianos. o nervo olfatório, pois é difícil realizar

Teste Pares de nervos envolvidos


Aferente: óptico (II)
Resposta à ameaça
Eferente: facial (VII)

Aferente: óptico (II)


Reflexo pupilar
Eferente: oculomotor (III)
Aferente: trigêmio (V)
Reflexo palpebral Eferente: facial (VII)

Aferente: trigêmio (V)


Sensibilidade facial
Eferente: facial (VII)
Massa dos músculos mastigatórios Trigêmio (V)
Tônus mandibular Trigêmio (V)
Lateral - oculomotor (III)
Rotatório - troclear (IV)
Estrabismo patológico/posicional
Medial - abducente (VI)
Posicional ventral - vestibulococlear (VIII)
Oculomotor (III)
Nistagmo fisiológico Abducente (VI)
Vestibulococlear (VIII)
Glossofaríngeo (IX)
Reflexo de deglutição/ânsia
Vago (X)
Tônus de língua Hipoglosso (XII)

Tabela 1. Avaliação dos nervos cranianos de acordo com os testes realizados durante o exame
neurológico

22 Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 69 - agosto de 2013


uma abordagem objetiva e podem apresentar esses
De um modo geral,
confiável. reflexos diminuídos, e os
em lesão de NMS
- Não existe teste especí- com lesões reflexos nor-
os reflexos e o
fico para avaliação do XI par mais, estes não são ava-
tônus encontram-
(acessório). Infere-se que liados na rotina do exame
se normais a
existe uma lesão nesse par neurológico³.
aumentados,
de nervos quando se obser- Nos membros toráci-
enquanto em lesão de
va uma hipotrofia da mus- cos, o reflexo de retirada
NMI, há diminuição
culatura do trapézio. Lesões avalia a integridade do seg-
ou ausência de
isoladas do nervo craniano mento espinhal C6-T2 e
reflexos e tônus
acessório são muito raras. raízes nervosas associadas,
Reflexos miotáticos (espinhais) além dos nervos que com-
e tônus muscular põem o plexo braquial (axilar, musculo-
cutâneo, mediano, ulnar e radial)². Com o
A avaliação dos reflexos miotáticos
animal em decúbito lateral, o clínico deve
e do tônus muscular auxilia na clas-
pinçar o interdígito com o dedo ou uma
sificação dos sinaiCs neurológicos
pinça hemostática, realizando pressão su-
como provenientes de lesão de NMS
ficiente para provocar o reflexo. O estímu-
ou NMI e é considerada como uma
lo gera uma flexão completa dos músculos
continuação da avaliação das reações
posturais. Com isso muitos clínicos flexores e retirada do membro (Fig. 16).
optam por testar os reflexos miotáti- Em caso de ausência de resposta, todos os
cos imediatamente após as reações pos- interdígitos devem ser testados. A retirada
turais. De um modo geral, em lesão de do membro demonstra apenas um reflexo
NMS os reflexos e o tônus encontram-se e não a presença ou não de nocicepção².
normais a aumentados, enquanto em le- Membros pélvicos
são de NMI, há diminuição ou ausência
de reflexos e tônus³. Para avaliação dos reflexos espinhais
dos membros pélvicos, apenas o de re-
Membros torácicos tirada e o patelar são testados. Outros
Para avaliação dos reflexos espi- reflexos como: tibial cranial, ciático e
nhais dos membros torácicos, apenas gastrocnêmio podem ser verificados,
o de retirada é testado. Outros reflexos mas, além da realização ser mais difí-
como: extensor radial do carpo, bíceps cil, suas respostas são pouco confiáveis.
e tríceps, também podem ser verifi- Portanto, estes testes não são realizados
cados, mas, além de sua realização ser na rotina do exame neurológico³.
mais difícil, suas respostas são pouco Nos membros pélvicos, o reflexo
confiáveis. Visto que, animais normais de retirada avalia a integridade do seg-
Exame neurológico em pequenos animais 23
mento espinhal L4-S3 Deve-se também tes-

Maria Paula Rajão


e raízes nervosas asso- tar o membro que se
ciadas, além dos ner- encontra em decúbito.
vos ciático e femoral². A resposta esperada
Do mesmo modo que, consiste de extensão
para o membro toráci- do membro devido à
co deve-se pressionar o contração reflexa do
interdígito, gerando fle- músculo quadríceps
xão de quadril e jarrete femoral. Respostas di-
(Fig. 17). A presença de Figura 16 – Avaliação do reflexo de re- minuídas ou ausentes,
tirada do membro torácico esquerdo
extensor cruzado (fle- após estímulo na membrana interdigital
geralmente, indicam
xão do membro testado lesão no segmento es-

Maria Paula Rajão


e extensão do membro pinhal L4-L6 ou no
contralateral) pode in- nervo femoral4.
dicar lesão cranial ao No entanto, ani-
segmento espinhal L4³. mais idosos, com
O reflexo patelar hipotrofia e contra-
avalia a integridade tura grave do qua-
dos segmentos espi- dríceps femoral, po-
nhais L4-L6 e do ner- dem apresentar esse
vo femoral¹. Este teste reflexo diminuído,
é bastante confiável mesmo que não haja
por ser monossináp- Figura 17 – Avaliação do reflexo de reti- lesão nesse segmen-
rada do membro pélvico esquerdo após
tico (envolvimento estímulo na membrana interdigital
to espinhal. Reflexos
apenas de um neurô- aumentados podem
Juan Sebastian Gutierrez

nio aferente que faz ser observados em


sinapse direta com lesão cranial a L4, e
um neurônio eferen- em alguns casos es-
te)². Para avaliá-lo, o pecíficos em que se
membro testado deve tem lesão restrita no
ser mantido relaxado segmento L6-S1 e
em flexão parcial, de diminuição do tônus
forma que se possa da musculatura, que
desferir um golpe su- contrapõe a exten-
ave no tendão pate- são do joelho, oca-
Figura 18 – Avaliação do reflexo patelar
lar com um martelo do membro pélvico esquerdo após gol- sionando a chamada
de Taylor (Fig. 18). pe de martelo no tendão patelar pseudohiperreflexia².
24 Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 69 - agosto de 2013
Reflexo perineal lateral da medula espinhal a avaliação do
nocicepção estará diminuída ou ausente,
A estimulação do períneo com uma
sendo um bom indicador prognóstico
pinça hemostática resulta em contração
para as lesões medulares³.
do esfíncter anal e flexão da cauda (Fig.
Para avaliação de dor superficial,
19). Esse reflexo testa a integridade do
devem-se pinçar as membranas interdi-
nervo pudendo e segmentos espinhais S1-
gitais dos membros pélvicos e torácicos.
S3 e cauda equina².
Se a dor superficial estiver diminuída,
Avaliação sensorial realiza-se avaliação da dor profunda em
que, com uma pinça hemostática, aplica-
Nocicepção
-se uma pressão nas falanges distais. É
A avaliação da percepção consciente importante avaliar a reação consciente
de dor envolve a par- do animal, e não apenas

Juan Sebastian Gutierrez


ticipação dos nervos a retirada do membro.
periféricos, medula es- A resposta esperada
pinhal, tronco encefá- consiste, além da retirada
lico e córtex prosence- do membro, de uma mu-
fálico². As fibras de dor dança comportamental
profunda situam-se bi- como virar a cabeça, vo-
lateralmente e profun- calização ou tentativa de
damente na substância morder1 (Fig. 20).
branca da medula es- Palpação da coluna
pinhal. Assim, apenas Figura 19 – Avaliação do reflexo
em uma lesão grave bi- perineal Objetiva-se detectar
áreas dolorosas (hipe-
Maria Paula Rajão

restesia) ou com restrição de movi-


mento na região da coluna vertebral
ou plexos. Deve-se realizá-la como
última etapa do exame neurológi-
co para diminuir o estresse durante
a avaliação. A palpação da coluna
lombar e torácica consiste de aplica-
ções crescentes de pressão (discreta,
moderada, intensa) lateralmente
Figura 20 – Avaliação da nocicepção após pressão no
aos processos espinhosos em uma
interdígito do membro pélvico esquerdo. Observa-se seqüência crânio-caudal ou caudo-
retirada do membro e resposta consciente de virar a -cranial² (Fig. 21). O animal deve
cabeça em resposta ao estímulo doloroso

Exame neurológico em pequenos animais 25


permanecer em estação para realização

Maria Paula Rajão


desta etapa. A coluna cervical deve ser
manipulada suavemente com movi-
mentações laterais, ventral e dorsal²
(Fig. 22). Outra técnica bastante sensí-
vel para detectar hiperestesia na coluna
cervical é a realização de pressão nos
corpos vertebrais cervicais enquanto
efetiva-se o suporte do pescoço dorsal
com a outra mão. Além disso, é impor-
tante palpar a região dos plexos braquial
Figura 21 – Palpação da coluna torácica de cão
e lombossacro.
para avaliação de hiperestesia

Bernardo De Caro Martins


A B

C D
Figura 22 – Palpação da coluna cervical com realização de movimentos de extensão (A), flexão (B),
lateralização esquerda (C) e lateralização direita (D)

26 Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia, nº 69 - agosto de 2013


Referências bibliográficas
1. GAROSI, L.S. Neurological examination. 4. GAROSI, L. Examining the neurological emer-
In:  PLATT, S.R; OLBY, N.J. BSAVA Manual of gency. In: PLATT, S.; GAROSI, L. Small animal
canine and feline neurology. 3rd edition. Quedgeley neurological emergencies. 1 ed. London: Manson
(United Kingdom), 2012, p.1-23. Publishing, 2012, p.15-34.
2. DEWEY, C.W. Functional and dysfunctional 5. BAGLEY, R.S. Tremor and involuntary move-
neuroanatomy: the key to lesion localization. In: ments. In: PLATT, R.S; OLBY, N.J. BSAVA ma-
DEWEY, C.W. A practical guide to canine & feline nual of canine and feline neurology, 3rd edition.
neurology, 2ed. Wiley-Blackwell, Iowa, 2008, p. Quedgeley (United Kingdom), 2004, p. 189-201.
17-52.
6. THOMAS, W.B. Evaluation of veterinary pa-
3. DE LAHUNTA A, GLASS E. The neurologic tients with brain disease. Veterinary Clinics of
examination. In: DE LAHUNTA A, GLASS E. North America, v.20, p.1-19, 2010.
Veterinary neuroanatomy and clinical neurology 3ª
ed. St Louiz: Saunders, 2009, p.487-501.

Exame neurológico em pequenos animais 27

Você também pode gostar