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Neste capitulo, vocé aprendera que: As casas do comportamento humano baseiam-se princi- palmente nos padres de rela- ‘bes sociais que nos sodeiam ¢ permeiam. As ilogia & esruco siste- -0 do comportamentd humane em seu contexto social. Os sociélogos examinam a conexio existente entre as re- lagées sociais € 08 problemas pessoais. © Os s0:idlogos so Feqiente~ mente motivados a realizar pesquisas pelo desejo de me- Iorar a vida das pessoas ao mesmo tempo, adotain mé- toxlos cientificns para restar suas ides o A.sociologiaoriginou-se a épo- cach Revoluco Industral (0s fuandadares da sociolo- aia dingnosticaram as inten- sas transformagbes do periado « augeriram formas de superar problemas sociais gerades pela Revolucio Industral, ‘A Revolugio Pés-Industrial dos dias de hoje, asim como 0 processo de “globaizayao", presenta desafios semelhan- ts para nds. A sociologia c= Sh Conaiedes que promovem aordem socal Durkheim esperava que grupos com graus mais alvos de so- fe socedadoe “peimityas: @ modemas @ ‘ idariedade sm menore fio do que explorouesse probleracm profincsdace lWdariedade apresencasse taxas de suicidio do q em aaras coma DaDsz0 do Tabaiho So: 2/088 ess Formas Clementaraeds Vida Rengiosa 1912) até certo ponto (Figura 1.1). mento de crengas ¢ valores entse os membros de umm gru- nente des interages, grupos com tum baixo grau de solidariedade — pelo menos {0UIOLOGIA: SUA BDSSOLA PrRA UM NOVO MUNDO. Suicicic fatalista Ata sulcioio surciaio SUICIAIO — egoista ea} attrutsta Freqiléneia de suleidio Baba Integracto alta @ Figura 1.1 A teoria do suicidio de purkneim Durtinoim argumentou que, 2 medida que nivel do colcariesco socal regulacto e integracto) aumenta, a taxa de sulcialo deciina, Depois de um corto ponto, a taxa comeca a subir Da as curvas em forma de U do grafico. Durkheim chamouo surcicio que ccorre em amblentes de bata requlaceo social de “sucicloangmica”. 0 suledio andlce ocor- Fe quando a normas cule gavernam 0 comportaments dos Ineiviluor eo definidas de manera vaga. Na situsclo ‘posta, ou sels, em ambienter de alta reguacso socal, tendem a ccorrersulldlos que Durkheim denorinou ‘suc aio fatarsta’. 0 fatalsmo decorre de uma regulacao cuinormatzacao excessias da Vda Soclal e que dela pOUCO es- ‘aC0 nara ques inciicuos manitestem suas palsOes © necestidates. 18 em eontextos ce alsa integracSo soca, Isto {0m contoxtos nor qunie 2 Frequenca e intensleade das nteragses socls 0 babze, ocarre 9 “sulciclo egolsta".O sulci ego'sta decorre de uma falta de Integrarao do mnoiwauo 2 sociedad aevido a aces sack faces com GUITOS Inivicuos. Finalmente. o ‘Sufcdio ltruista" ccorre quanco existe um Grau muito aite ce integracao socal, ce forma {que 25 2°60: Inclvcusiecizem rerpolto aes nterestes do grupe. Para embasar seu argumento, Durkheim mostrou que adultos casados tém metade das chan- ces de cometer suicidio em relacao a adultos solteiros porque o casamento normalmente eria lagos sociais ¢ um “cimente” moral que liga es individuos & sociedade. De mancita semethante, as mu- Iheres sfo menos propensas 2 comecer suicfdio do que os homens. Por qué? As mulheres geralmen- te se envolvem mais nas celagies sociais {ntimas da vida familiar. Os judeus, Durkheim escreveu, io menos propensos ao suicfdio do que os cristios. A razio? Séculos de perseguigao transforma- ram-nos em um grupo mais defensive ¢ socialmente caeso. Os idosos sio mais predisposto: do que os jovens e os de meia-idade a dar cabo da propria vida quando se deparam com adversidades por- que é mais provavel que vivam sés, tenham perdido o cénjuge, parte de sua rede de amigos ¢ que 1ngo tenham emprego. De maneira geral, Durkheim afirmou: “O suicidio varia na razzo inversa do grau de integra;ao dos grupos sociais de que o individuo faz parte” (Durkheim, 2000 [1897]: 258). Observe que essa generalizagao nao nos diz, nada sobre o porqué de um individuo particular dar fim A propria vida: essa é uma quest2o para 2 psicologia. No entanto, ela evidencia que a pro- pensio de uma pessoa para o suicidio diminui conforme o grau em que esté ancorada a sociedade. Tal gencralizagéo também nos mostra algo surpreendente ¢ unicamente sociolégico sobre como ¢ por que as taxas de suicidio variam de grupo pata grupo. caplrULO 4 UUA ROSSOLA SOCIOLDCICA sexo Se Mascutino IE Feminino ‘Taxa (p/100.000) 16-24 25-44 15-64 465, dade @ Figura 1.2 Tava de suicidios no Brasil por sexo e idadle, 2001 ipor 100 mil habitantes) = Fonte: Caasis (2008 ‘A ccoria de Durichcim néo é apenas uma curiosidade histérica. Ela também ajuda a esclarecer suicidio aqui e agora. }4 mencionamos que aproximadamente cinco em cada 100 mil brasileivos cometem suicidio a cada ano. Como a Figura 1.2 ilustra, a taxa de suicfdio varia de acordo com a dade, da mesma forma que variava na Franga do século XIX. A Figura 1.2 também ilustra que as taxas diferem entre homens € mulheres: como na Franga do fim do século XIX, os homens esto, com freqiiéncia, menos envolvidos na educagio das criangas e em outras tarefas ligadas & familia ¢ esse dado também é consistente com a teoria de Durkheim. No entanto, diferentemente da época de Durkheim, o suicidio entre pessoas jovens cem se tomado mais comum nos limos anos. Para © conjunto de estados brasileiros, houve uma elevacao das taxas de suicidio entre pessoas de 15 a 24 anos, passando de 3,5, em 1979, para cinco por 100 mil habitantes, em 1998 (Souza, Minayo ¢ Malaquias, 2002). De fato, essa parece ser uma tendéncia mundial. Por que vocé acha que isso tem ocortido? Seré que algumas dreas da vida social, como a vida familiar, o mundo do trabalho, a rcligido ct, podem ter mudado no sentido de enftaquecer os lagos das pessoas mais jovens com a sociedade? Vcé pode explicar sociologicamente o aumento das taxas de suicidio enue os joven De Problemas Pessoais a Estruturas Socials ‘Vocé sabe hi bastante tempo que vive em sociedade; no entanto, pode ser que, até. momento, no ye tenha dado conta plenamente de como a sociedade também vive em vor. Padroes de telagbes sociais afetam seus pensamentos ¢ sentimentos mais intimos, influenciam suas agbes €, portanto, 7 SOCIOLOGIA: SUA BUSSOLA PARA UN) HOV MUNDD ajuda a definie quem yoot & Como vimos, um padsio particular de relacées sociais refere-se a0 nivel de solidatiedade social que caracteriza 0s varios grupos aos quais voce pertence. Os socidlogos chainam os padres estiveis de relagies sociais de estruturas sociais. Uma das principais tarefas do socislogo ¢ identificar ¢ explicar a conexcio existente entre os problemas pessoais dos individuos e as estruturas sociais nas quais eles esto inseridos. Essa tarefa é mais ér- dus do que pode parecer « principio, pois, em nossa vida cotidiana, normalme te percebemos as coisas segundo o nesso proprio ponto de vista ¢ nossas experiéncias parecem ser exclusivas a cada um de nds. Além disso, se penstrmos sobre as estruturas sociais, elas podem parecer remotas € impessoais, Para pereeber como as estruturas sociais operam em nds, € nevessdrio um treinamen- to em sociologia Um passo importante no sentido de expandir a consciéncia sociolégica de alguém envolve reconhecer que existem trés niveis de estruturas sociais que nos rodeiam e permeiam. Pense nessas estruturas como circulos concéatricos que irradiam « partir de voo8. Microestruturas Microestruturas sio padres de relagdes sociis i as formados durante interagties face a Face Familias, cfrcules de amizade, colegas de trabalho s#o exemplos de microestrucuras. Entender © fuscionamento de microestruturas pode ser titil. Digamos que vor esteja procu- rando um emprego. Voce poderia pensar que a melhor coisa 2 fazer seria consultar @ méximo de amigos proximos e de parentes sobre dicas e contatos. No entanto, pesquisas socioldgicas mostram que as pessoas que voce conhece bem provavelmente conhecem muitas das mesmas pessoas que vook, Por esa razio, depois de pedira algsns poucos contatas préximas para the ajudar a conseguir tum emprego, o melhor a fazer seria pedir a algune conhecidos mais distantes dicas e contatos. E possivel que pessoas com as quais vocé esteja fracamenteligado (c que extdo fracamente ligadas en tue si) conhecam diferentes grupos de pessoas. Sendo assim, elas Ihe dario mais informagses sobre possibilidades de crabalho e garantisao que mais pessoas saibam que voct estd procurando empre- gp. Assim, é provvel que vocé encontre um emprego mais rapidamente se compreender “a forca dos lagos fracos" em ambientes microestruturais (Granovetter, 1973). Macroestruturas Macroesteuturas sio padres de relagies sociais que se enconttam “fora” ¢ “acima” dos citculos de pessoas intimas ou conhecidas. Uma macroestrutura importante é 0 patriarcalismo, sistema tradi- ional de desigualdade econé mica ¢ politica entre homens e mulheres presente na maioria das socie- 2)! ‘Compreender o funcionamento das mactoestrucuras também pode ser til. Considere, por dades (para excesses, ver 0 Capitulo 8, “Sexualidade e Género”, e 0 Capitulo 11, “Pam: ‘exemplo, um aspecto do pacriarcalismo: a maioria das mulheres casadas que trabalhia em tegral na forga de trabalho remunerada desempenha mais trabalho doméstico ¢ é responsivel por -mpo ine muaiores cuidadas com as eriangas e com as idasos do que os maridos. Os governos € as empresas alimentam esse fato na medida em que oferecem pouca assisténcia 2s famflizs na Forma de ereches, programas educacionais om tempo integral instituig6es para idosos. No entanto, « divisio de- sigual do wabalho doméstico ¢ fonte importante de falta de satisfagdo no casamento, em especial TAlgune socilogos tambien falam de “messnestrururss”, ou ej, tclagBes socias que ligam micro e macroestruruas CAPITULO 1 — UMA BUSSOLA SOCDLOGICA —@ entre as familias gue nie podem pagar por tas servicos parciculares. Assim, a pesquisa sociolégica mostra que quando os cSnjuges dividem as responsabilidades domésticas de forma igualitéria, fi cam mais satisfeitos com 0 casamento ¢ mestram-se menos propensos ao divércio (Hochschild Machung, 1989). Quando um casamenco se encontra em risco de dissolugio, os parceizos normal- mente acusam um ao outro pelos problemas. Entretanco, deve estar claro agora que outeas forgas, «no s6 as personalidades incompativeis, exercem algum fator de estresse sobre as familias. Com- preender como a macroestrutuea do patriarcalismo interfere na vida cotidiana, ¢ fazer algo para rmudar essa estrurura, pode ajudar as pessoas a ter uma vida mais feliz Estruturas Globais (O terceiro nivel de sociedade que nos envolve e pecmeia & composto de estrutaras globais. Orga- nizagGes intemnacionais, padres de comunicagio ¢ de viagens internacionais ¢ as relagGes econd- icas entre os paises sio exemplos de estruuuras globais. As esteuracas globais tém se cornado cada ver, mais importantes 2 medida que formas mais baratas de comunicagio de transporte possibili- tam que 0 mundo se torne interconectado cultural, econOmica e politicamente, Compreender 0 fancionamenta de extruturas glabais também pode ser dil. Por exemplo, musitas pessoas de pafses desenvolvidos ce preocupam com os pobres do mundo. Fazem doagies a instituigoes de caridade para ajudar a amenizar a fome nos paises em desenvolvimento. Algumas dessas pessoas também aprovam politicas governamentais de ajuda externa a pafses em desenvol- vyimento, No entanto, mititas delas nao se dao conta de que a caridade ¢ a ajuda externa, isolada- mente, nio resolverio o problema da pabreza no mundo, Isso porque a caridade ¢ a ajuda externa sdo insuficientes para superar a estrutura das relagGes sociais, que criou e sustenta a desigualdade global, care 0s paises. aan 24007 a Ajuca = el I Juros iestimados em 5%) 2.000 Divida a a ie TF F 1.667 B 150 eee joa es Se pe 8 Pipa Wi ook ae has ee Vis Es : ‘Ada coro percent ‘ajuda coma percentual 3 Gsiuros 7238 doshures 317% Bag _| cosncs 338 ss wo} — : “ oe 6 ns ‘ - ‘002 1298 Ano @ Figura 15 Ajuda externa, divida © pagamento de juros dos paises em desenvolvimento, 1992 & 1909 (am biihdes de dolaresi Forts Werld Bank (20043, United Nations 290A, Corea Intoigenca Agency (004 2 7 lu wovo muNDo Decenhamo-nos nesse ponto por um momento: paises como Reino Unido, Franca, Espanha, Portugal e oucras poténcias impetiais condenaram alguns pafses & pabreza quando os colonizaram entre os séculos XVII © XIX. No século XX, os paises em desenvolvimento tomnaram dinheiro em- prestado dos pa(ses ricos ¢ dos bancos ocidentais para financiar acroportos, stradas, portos, sistemas de sancamento ¢ de satide. Hoje, os patses pobres pagam muito mais aes patses ricos ¢ aos bancos ni forma de juros de que aquilo que recebern em termos de ajuda (ver Figura 1.3). Assim, fica claro. que a ajuda externa e os programas de catidade fario muito pouco para resolver o problema da po- breza. Entender como a estrutura global de relagdes internaciomais gerou e mantém a desigualdade global sugere novas prioridades politicas cuja Fnalidade seja ajudar os pobres do mundo. Uma des sas prioridades poderia, por exemplo, envolver campanhas para 0 perdao das dividas exces as.como forma de compensagio pelas injustigas cometidas no passado, Como 05 exemplos iluscram, os problemas pessoais estao relacionados a estruturas sociais nos aveis micro, macro ¢ global. Nao importa o problema pessoal envolve procurat emprego, man- tor um casamento intacto ou agir com justica pars acabar com a pobreza mundial, concideragies sobre as escratutas socicis aprofundam nossa compreensio do problema e sugerem mecanismos de a¢40 apropriados A Imaginagao Sociologica Hi quase meio século, 0 grande socidlogo norte-americano C. Wright Mills (1916-1962) chamou a habilidede de se pecceber a coneso existente entre problemas pessoais ¢ es- wuturas sociais de imaginagao sociolégica. Ele enfatizou a dificuldade para o desenvolvimento dessa habilidade in telectusl. Sua linguagem é um tanto sexista para os padres de hoje, mas seu argumento continua to verdadeiro e ins- pirador como quando suigiu, na década de 1950. Quando uma sociedade we inductrialia, 0 camponts se transforma em srabathador; 0 senhor feudal desapare- ce, ou pasa a ser homem de negheivs. Quando as clasrer a ie, Cvkignewns(sie 1D argumenouue cascendem on caer, 0 homem tem emprego ou fica de- 5 maainaceo sovobuieae ave forme ds sempregade; quando a taxa de investimento se eleva on — PeNSamento singular. Ela possibilita qua as speedos pessoas percebam como suas acées ¢ po- desce, o homer se entusiasma, ou se desanima, Quando tenciais $10 arerades pelo contexte isto. reoesoeaino qaluvern MiSemread ‘id guerras, 0 corretor de seguros re transforma no lanca- S'roeinante sbccieoice er seme tno : eh ja, em bomem de radar, tas woovunts Por exenpa A ie de lor de foquetes: 0 caiseio de aja, em homera do radar: "ab mpartantes. Poy exemo, Ae do a mulher vive sb, a evianga cresce sem pai. A vida do centenas de hamene quo ocupavam oF ‘fonts ds comand as pees Tigoet anette: ls err ee ae rreendidas sem compreendermos essas alternativas, oDOder econdmico, politico e militar é at Breidilae R ‘ fSirentaconcentode na socedode ome E, apesar disso, 03 homens nity defisers, bxebitualmen- ricana, 0 que a torna wenes democratica te, suas ansedades em sermos de srangormagao ise — 82 EEE cee faze cet 0 crc i ea ped auvbion tetsoenonmmnetane tps ad eae que daft aia eat Ne eae habitualmente cos grandes altor ¢ baixos da sociedade tra os cetades. individuo e a bistiria da saciedade nizo podem ser com- | caviruio + — UMABLSSOLA SOBIOLOGICA —@=—-11 aha, en que vive. Raramente tom consciéncia da complees ligagao entre suas vidas e 0 curso da his- ram thria mundial: por isso, 05 bomen: comuns nao sabem, quare sempre, 0 que essa ligagao signifi- em- ca pire os tipos de ser em que te eto transformando e para o tipo de enolugio histérica de gue mas ‘podem participar. Nao dispOem dla qualidade intelectual béica pana sentir o jogo que se proces- cos “x entre os homens ea sociedad, a biografia ea bisiris, o cu eo munde, Nao podem: enfrentar aro suas preaesipagies pessoas de modo a controlar sempre as ransformaiesextrururais yu Iabitwal- | Po- mente extito atrds deles (...) lade O que precinan (.,) bce urna qualidade de esprito que Ves ajude a [perce] (..) 0 gue esd or des- rendo no mundo € (...) 0 que pode estar acontecenda dentro deles mesraas. E esia qualidade (..) que ro poderernos chamar de imaginagiosocioligica. (Mills, 1965 (1959: 9-11) A imaginacgo sociologica é uma aquisigao recente do repercério humano. Emibora seja verda- a de que durante a Antiguidade e a Idade Média alguns filésofos tenham escrito sobre a sociedad, seu pensamento nao era sociolégico. Tais filésofos acreditavam que Deus e a narureza controlavam aa soviedade; gastavam muito do scu tempo esbogando modelos da sociedade ideal « requisitando 2s pessoas que seguissem esses modelos; baseavamtse na especulagio, ¢ nio na evidéncia, para con- dluir como a sociedade funciona. As Origens da Imaginacao Sociologica {A imaginagdo sociol6gica nasceu quando urés revolugdes modernas levaram as pessoas a refletir so- bre a sociedade dé maneira inteiramente nova: 1, A Revolugao Cientifiea teve inicio por volta de 1550. Ela encorajou a visio de que con- clusdes plausiveis acerca do funcionamento da sociedade devem se bascar em evidencias sdlidas € ndo apenas cm especulagées. As pessoas freqjientemente selacionam 2 Revolugio Cientifica a idéias espectficas, como as leis da gravitagio universal de Newton ea teoria de Copétnico de que.a Terra gira em torno do Sol. No encanto, a citncia € menos uma cole ‘io de idéias do que um método de investigagao. Por exemplo, em 1609, Galilew epon- tou sua nova invensao, 0 telescdpio, para o of, eferuou algumas observacies cuidadosas ce demonsttou que elas estavam de acordo com a teoria de Copémico. Esse é 0 cerne do método cientflico: usar evidéncias para demonstrar um ponto de vista particular, Em men- fe ee dos do século XVII, alguns fldsofos, como Descartes, na Franga, ¢ Hobbes, na Inglaterra, sto. chamaram atengao para a necessidade de uma ciéncia da socicdade. Quando a sociologia eee emergitt como uma disciplina auténoma no século XIX, 0 compromisso em relagio 30 hed método ciensifico ja era uma base sdlida da imaginagio socioldgica. o 2. A Revolugie Democritica comesou por volta de 1750. Por meio dela, foi sugerido que a as pessoas sfo responsiveis pela oxganizagio da sociedade € que a intervengio humana de pode, portanto, solucionar problemas sociais. Hé 400 anos, a maloria dos europeus pen- bi sava de forma diferente: para eles, Deus ordenava a ordem social. A Revolugiio Americana tor (1775-1783) ¢ 2 Revolugo Francesa (1789-1799) ajudatam a derrubar essa idéia. Bssex er levantec politicos democriticos mostraram que a sociedade poderia softer mudangas maci- {a8 em curtos espagos de tempo e sugeriram que as pessoas poderiam controlar a sociedade. R SOCIOLOGIA, SUA BUSSOLA Page UM NOVO MUNDO As implicagGes disso para o pensainento social foram profundas: se era possivel audar a sociedade por meio da intervengio humana, entéo uma cncia da sociedade poderia de- sempenhat un papel importance. A nova ciéncia podetia ajudar as pessoas 4 encontrar maneiras de superar problemas sociais, melhorar o bem-estar dos cidad! se aleangar de- terminados objerivos de mancira efetiva. Muito da justificativa da sociologi baseou-se nas revoluges demoeritieas que abslaram a Europa ¢ a América do Norte 3, A Revolugio Industrial teve inicio por volta de 1780. Ela gerou uma nova gama de pro- blemas sociais bastante sérios que atrairam a arengo dos pensadores sociais. Como resul- ado do crescimento da inddstria, grandes massas populares migraram do campo para as cidades, enftentaram jornadas de trabalho extremamente longas em fibricas e minas aper- tadas ¢ perigosas, perderam a fé em suas religides, confrontaram burocracias anénimas € reagiratn & sujcira e 2 miséria de suas existéncias promovendo greves, crimes, revoluges € guetras. Os intelectuais nunca tiveram um laboratério como aqucle. A. Revolucao Cien- tifica sugeria que uma citncia da sociedade € possivel; a Revolugo Democrética mostiou ‘que as pessoas podem imtervir no sentido de melhorar a sociedades a Revalucio Industrial aprescntou aos pensadores uma gama de novos problemas i que demandavarn solu s20, Os intelectuais reagiram 2 tudo isso fazenda nascer a imaginagao socielégica. lit Teoria, Pesquisa e Valores © pensador social frances Auguste Comte (1798-1857) cunhou 0 terme sociologia em 1838 (Comte, 1975). Comte tentow estabelecer 0 estudo da sociedade sobre bases cientificas, enfatizan- do que deverfamos entender © mundo social como cle é, ¢ no como cle ou qualquer outra pessoa imaginava que deveria set. No cntanto, havia uma tensio em sua obra: embora Comte estives- se ansioso’ por adotar o mécodlo cientifico no estudo da sociedade, ele era um pensedor conserya- dor, motivado por una forte oposicao a idea de uma ripida mudanca na sociedade francesa. Isso €evidente em seus escritos. Quando Comte se mudau de sua pequena e consetvadora cidade na- tal para Paris, testemunhou as forcas democriticas liberadas pela Revolusio Francese, os estigios iniciais da industrializagao da sociedade ¢ 0 ripide crescimento das cidades. O que ele viu 0 cho- cou centristeccu. A mudanga social acelerada estava destiuindo muitas das coisas que ele valoriza- va, especialmente o respeito pela auroridade tradicional. Nesse sentido, Comte defendeu a idéia de smudangas lentas © a preservagio de tudo © que era tradicional na vida social. Como 0 pensamen- to de Comte demonstra, métodos de pesquisa cientificos uma visio da sociedade ideal eram evi dentes na sociologia em suas origens. Embor louvase 0 valor dos métodos cientificos, Comte nunca conduziu uma pesquisa, Nem ele, nem o segundo fundador da sociologia, o tedrice social britanico Herbert Spencer (1820- 1903). Apesar disso, Spencer acreditava ter descoberto leis cientificas que governavam o funciona- ‘mento da sociedade. Fortemente influenciado pela teoria da evolugao de Charles Darwin, Spencer acreditava que as sociedadles eram compostas de partes interdependentes, da mesma forma que os organismos biolégicos. Fssas partes interdependentes incluitiam as familias, os governos ¢ & eco- nomia. De acorde com ele, as sociedades evoluem da mesma forma que as cspécics bioligicas: os individuos lutam para sobreviver € 6 mais apto veacea lura. Os menos aptos mortem antes de pro- 38 CaplTuLO 1 — UMABISSOLASCCIOLEGCA — & duzir descendentes. De acordo com essa perspectiva, as sociedades evoluiriam da “barbarie” 4 “ci- devem Vilizagio”. Spencer admitia que existem grandes desigualdades na sociedade, mas as set assim para que as sociedades evoluam (Spences, 1975 [1897-1906]. AAs idéias de Spencer, que vieram 2 ser conhecidas como “darwinismo social”, foram popu- lares por algum tempo em diversas partes do mundo, mas, hoje em dia, poucos sociélogos pen- sam que as sociedades sio como sistemas biologicos. Temos uma compreensio mais apropriada das complexas forgas ccondmicas, politicas, militares, religiosas etc., que geram a mudanca social. Sa- bemes queas pessoas podem comar as ideas da situaggo ¢ mudar seu ambiente social de um ma- neira que nenhuma outra espécie pode. Spencer continua @ nes intcressar porque estava entre 03 primeiros a alismar que a sociedade funcionava de acordo com leis cientificas — e devido & visio de sociedade ideal que é possivel inferir de sens escritos. Em graus varifveis, é possivel observar a mesma tensio entre a crenga na importincia da cidncta © uma visio da sociedade ideal na obra dos txés gigantes da sociologia cléssica: Karl Marx (1818-1883), Emile Durkheim (1858-1917) ¢ Max Weber (1864-1920). A vida desses trés ho- ‘mens estende-se por pouco mais de um século, mas eles westemmunharam varias fases da transi¢ao violenta que ocorreu na Europa rumo ao capitalismo industrial, tentaram explicar as grandes wrans- formacées européiat ¢ sugeriram manziras de melhorar a vida das pessoas. Como Comte e Spen- cer, acreditavam no métode de pesquisa cientiica e, de fato, o adoraram em suas pesquisas. No centanto, diferentemente deles, Marx, Durkheim ¢ Weber tentaram estabelecer cursos alternatives para as sociedades em que viviam. As idéias que eles desenvolveram nao foram apenas ferramentas de diagnéstico a partir das quais podemos aprender, mas, como muites idéias sociolégicas, presexi- es para combarer os males sociais ‘A tensio entre anilise ¢ ideal, diagndstico e prescrigio, € evidente a0 longo da produgio socio- igica. Isso se torna mais daro so se distinguir ts termos importantes: teoria, pesquisa ¢ valores Teoria [As idéias sociolégicas so normalmente expressas sob forma de teorias. Teorias sio explicaydes conjecturais de algum aspecto da vida social; elas nos dizem como e por que determinados faros se relacionam. Por exemplo, em sua teoria sobre o suicfdio, Durkheim relacionou fatos sobre taxas de suictdio ¢ fatos sobre solidatiedade social, 0 que fez com que ele pudesse explicar 0 suicfdio to- ‘mando por base a solidariedade social. Em nossa definigao ampla, até mesmo uma ineuigéo pode ser consideracla uma teoria, desde que ela sugira como e por que certos fitos se relacionam, Como Albert Finstein escreveu: “A esséncia da ciéncia nao é nada mais do que um refinamento do pen- samento coridiano” (Einstein, 1954: 270). Pesq Depois que os socidlogos formulam teorias, eles podem conduzir pesquisas. Pesquisa é 0 processo por meio do qual se observa cuidadosamente a realidade social, no intuito de se “restar” uma teo- ia ou determinar sua-validade. Por exemplo, Durlcheim colecou estatisticas sobre suicidio de vé- riay agéncias governamentais para veriGiear em que medida os dados confismavam ou contradiziam so s0- sua teoria, Dado que a pesquisa pode colocar em xequea validade de uma teoria, as teo a3 ” SOCIOLOGIA SUA BUSSULA PARA UN NOVO MUNDO mente explicageo conjecturais ou hipotéticas, Discutiremos 6 processo de pesquisa em detalhe no Capitulo 2, “Como os Socidlogos Fazer Pesquisa’. valores Anzes que os socidloges possam formular reotias, no entanto, eles devem fazer certos julgamentos. Por exemplo, devem decidir quais problemas vale a pena estudar; devem ter certos pressupestos acerca de como as partes da sociedade se encaixam: se pretendem recomendar manciras de melho- rar o funcionamento de algum aspecto da sociedade, devem até ter uma opinizo sobre como a so- ciedade ideal deveria ser. Como veremos em breve, essas questécs io amplamente orientadas pelos valores dos socidlogos. Valores sio idtias sobre o que é certo ou exrado ¢, inevitavelmente, ajudam a favorecer uma ceoria em detrimento de outra (Edel, 1965; Kuhn, 1970 ‘os sociélogos a formula [1962]). Enquanto tais, as teotias socioldgicas devem ser modificadlas e até rejcitadas devido & pes. quisa, mas sac froqitentemente motivadas pelos valores dos saciélogos. Durkheim, Marx ¢ Weber encontram-se préximos as otigens das principais tradiges tobricas a sociologia: 0 funcionalismo, a teoria do conflico ¢ o interacionisime. Uma quarta tadigao te6- fica, 6 feminismo, surgi nas tltimas décadas para corrigir algumas deficiéncias das trés tradigoes is antiges. Deverd ficar claro, & medida que voot for lendo este livro, quie existem muitas outsas twadigoes te6ricas, além dessas quatro. No entanto, dado que elas foram bastante influentes no de- senvolvimento da sociologia, apresentaremos agora um pequeno resumo de cada uma. il! Teorias e Teéricos da Sociologia Funcionalismo Durkheim ‘A teoria do suicidio de Durkhcim € um exemplo clissicn do que se conhece hoje por funcionalis- ‘mo. As teorias funcionalistas cém quacro caracteristicas principais: 1. Enfatizam que 0 comportamento humano é governado por padres estavcis de rclages sociais, ou estruturas sociais. Por exemplo, Durkheim chamou atengio para como os pa- dives de colidariedade social influenciam as taxas de suicidio, As estruturas normalmente analisadas pelos Fancionalisias so macroestrucuras. 2. As ceorias funcionalistas moscram como as estruturas sociais mantém ou enfraquecem o cequilibrio socal. E por essa rario que os funcionalistas G0, as vezes, chamados de “funcio- nalistas eseruturais” eles analisam como 2s partes da sociedade (as estruuras) se encaixam ‘umas nas oucras ¢ como cada parte contribui para a cstabilidade do todo (sua fungzo). Com base em tais pressupostos, Durkheitn argumentou que um alto grau de solidariedade social contribui para « manutengio da ordem social, mas 0 crescimento da indiistria e das Gidades na Europa no século-XIX fez. com que a solidariedade social diminuisse, contei- buindo para a instabilidade social. Um aspecto daquela instabilidade, Durkheim afirmou, Dodia sec demanstrado pela ala taxa de suicidios am outro axpecto, pelas greves freien tes dos trabalhadores. ° 10s, st0s ho. clos lam 70 de. CAPITULO 4 — UMA BUSSOLA SOCIOLOCICR 3. As teorias funcionalistas enfatizam que as estruturas sociais baseiam-te, principalmente. em valores compartilhados. Quando Durkheim esereveu sobre solidariedade social, por cxemplo, algumas vezes ele faria referéncia A freqdéncia © & intensidade da interagio s0- cial, mas, mais freqientemente, pensava na solidariedade social como um tipo de cimen- to moral: valores e erengzs compartilhados que mantém as pessoas juntas. 4, O fancionalismo sugere que o restabelecimento do equiltbrio social éa melhor sohugao para os problemas da socicdade. Durkheim escreveu que a estabilidade social poderia see restau rada na Buropa do fim do século XIX por meio da criaséo de novas associagbes de patrSes ¢ “empregadosque poderiam, porsua ve, diminuiras expectativas dos trabalhadores em relago 20 que podiam esperar da vida. Para Durkheim, se mais pessoas desejassem menos, entGo a idariedade social aurmentacia e haveria menos greves ¢ taxas de suicidio menores. O fun- cionalismo representow, portanto, uma resposta conservadora para mal-cstar generalizado na Franga do fim do século XIX. Uma resposta mais liberal ou radical seria argumentar que, se as pessoas estavam expressando descontentamente porque conseguiam menos do que es- pernvam da vida, ento o descontentamento poderia diminuir 20 se encontrar formas por meio das quais padessem extrair mais satisfagio para suas vidas. Parsons e Merton O sociblogo norse-americano ‘Talcott Parsons (1902-1979) foi um dos pensadores funcionalistas mais importantes, depois de Durlcheim. Uma de suas principais contribuigoes foi a de idencificar Ronert merton (1970-2008) transformou 9 fuincianatemo om uma tooria mas Flex Vel, dos anos ae 7930 aosanes de 1860. em a 001a Sock! Theory and Socal Soucture (a6B'4900), ala argumentou que a5 estru- tras sodas nem semare sio funcional, ‘nas podem ser c'sfunconelspara algumas possoas. Alm diego, nem eodae 2: funcBes Siomantfestas algumes 380 latontes Mer ‘ton tambem fez grandes contnoulcces na sociclogia dacienci,notacamerteemseu, lin Sobre es Ombros de Cigantos (1558), Um estugo soore a cilatiiaade, a tract io, 0 naaio, a transmissio de connec: mento eo concelta de proareseo. ‘como as varias instituigses sociais devem operar a fin de asscgurar 0 funcionamento regular da sociedad. Para Par- sons, a sociedad encontra-se bem integrada eem equilibrio quando as familias educam bem as novas geragées, quan do os militares defendem satisfaroriamente a sociedade das ameagas externas, quando 2s escolas ensinam as criangas as, habilidades c os valores de que elas precisam para funcio- nar como adultos produtives e quando as religiSes criam um cédigo moral compartilhado entre as pessoas (Parsons, 1951). Parsons foi bastante criticado por exagerar 0 grau se- ‘gundo o qual os membros da sociedade compartilham valo- tes comuns ¢ também segundo 0 qual as instituigdes socinis contribuem para a harmonia social, Tais exiticas fizeram com que outio funcionalista de peso dos Estados Unidos, Robert Merton (191 sociais podem gerar diferentes conseqiiéncias para diferen- 2003), propusesse que as estruturas res grupos de pessoas. Merton narou que algumas dessas conseqiiéncias podem ser perturbadoras ou disfuncionais (Merton, 1968 [1949]). Alée disso, afiemava que enquan- to algumas fungSes si0 manifestas (pretendidas e facil- mente observaveis), ourras sio latentes (nzo pretendidas © menos dbvias). Par exemplo, uma fungio manifesta das es- 5 16 SOCIOLOGIA: SUA DUSEOLA PARA UAL HOVD MUNDO colas € transmitir dererminadas habilidades de uma geragio a outia; uima fiangao latente é encora jar o desenvolvimento de uma cultura jovem separada que freqiientemente entra om confito com 08 valores dos pais (Coleman, 1961; Hersch, 1998), De muateira semelhance, para antecipar um argumento que desenvalveremos mais tarde, a funcac manifesta des roupas é manter as pessoas aquecidas no inverno ¢ frescas no verso. No en- tanto, as toupas podem estar na moda ou fora de moda. O estilo particular de roupas que adota mos pode indicar com quem gostarlamos de nos associar © quem gestariamos de excluir do nosso circulo social. Aquilo que vestimos pode, portanto, expressar a posicio que ecupamos na socieda- de, 0 gue pensamos acerca de nds mesmes € como queremos nos apresentar diante de outros. To- das essas slo fungbes latences das roupas. Teoria do Conflito A segunda grande tradicio teérica da sociologia cnfatiza a centralidacl do conflito na vida social A tcoria do conflita incorpora os scguinies elementos: 1. Geralmente se concentra nas estruturas grandes, macrossociais, tais enmo “relagées de classe” cu padres de dominagio, submisso ¢ luca entre individuos de posigsessociais altas e baixas. 2. A teoria do conflito mostta come os principais padroes de desigualdade na sociedade pro- dazem estabilidade social em certas circunstincias ¢ mudanga social em outras. 3. A tcoria do conflito enfatiza como os membros de grupos privilegiacos tentam manter suas van- tagens, enquanto grupos subordinados lueam para aumentar as suas. Deste ponto de vista, as condi- ses socisis em um dado perlodo de tempo sto a expresso de uma lua de poder continua entre grupos privilegiados e grupos subordinados. 4, A teoria do contlito tipi minagio dos privilégios diminuies 6 grau de con- ente sugere que a cli flito ¢ aumentars o bem-estar humano total. Marx A reoria do conflice reve origem na obra do pensador so- cial alemao Karl Marx. Membro da geracio imediatamente 4 ‘ fart Mary iae-28e) fol um persacor anterior & de Durkheim, Mars obscrvow a pobreza co des-Yolucignirio culas Helos efetaram ras contentamento produzidos pela Revolucao Industrial ¢ de- 3 2 s0clologia, mas o curso da histbria non no prisditldbs: ela Revolicao Ind usta ed ‘mundial, Ele argumentava que as grandes senvolveu um argumento generslizado acerca da maneira mudances nstorico-socas sao resutaco como as socicdades se desenvolvem (Mars, 1904 [1859]; $0. ene 2s pncpals classes te Marx ¢ Engels, 1972 [1848]). A teotia de Marx era radi- POMtante, 0 Capita (1367-1898), Marx ar e Cumentou cue o cepitalismo ereduzina calmence diferente da de Durkheim: em veo de enfatizar i misaria¢ forge colstva antre 2 23, ‘fa F athadores gue, no fla, es tomariam © cquilibrio social, a luta de classes, isto é, 0 conllito entec auaer Go fades safe une soc Gade sam elses, ns ual producto so as classes no sentido de rsstire superar oposiglo de outias $24e 8” lates. na ula producto sa, classes, constitui o cerne de suas idéias. ‘nao na busca Go lucro. sial. caplnuLo 4 ~ UMA BUSSOLA socicLocicA Mars argumentou ques propsiecitios da indistria estayarn ansiosos por melhorar a mancira como o trabalho estava arganizado e por adorar novas ferramentas, méquinas ¢ mérodos de produ- 30. Tais inovagées Ihes possibilitariam produzie mais eficientemente, ober mais lucres ¢ eliminar concorrentes ineficientes do mercado. No entanto, o impulso para o lucro também faz.com que os capitalistas concentrem os trabalhadotes em estabelecimentos cada vex maiores, mantenham os sa- Lirios 0 mais baixo que puderem ¢ inviseam 0 minimo possivel na melhoria das condigdes de tra balho, Assim, Marx argumentoa, uma classe de trabalhadores pobses cada vex. maior se opde « uma classe cada vez menor de proprieririos dos meias de producao, Marx acreditava que, em tilkima instancia, os rabathadores tornar-se-iam conscientes de que pertenciam a uma mesma classe de explorades. Ele chamou tal consciéncia de “consciéncia de clas- se” eactedicava que ela encorajaria 0 crescimento dos sindicatos ¢ partidos de trabalhadores. De acordo com Marx, em algum momento da his <éria, essas organizagées procurariam pér fim 3 pro- priedade privada, substiruindo-a por um sistema no qual todos dividisiam a propriedade ea rique zaz a sociedade “comunista”, Weber Embora algumas das idéias de Marx tenham sido adapea- das para o estudo da sociedade contemporinca, suas pre visGes sobre o colapso inevitével do capitalismo foram questionadas. Mac Weber, sociélogo alemio que escre- ‘yeu suas principais obras uma geragio depois de Marx, foi tum dos primeiros a encontrar fillias em sua argumentacéo (Weber, 1946 [1922]. Weber observou o répido crescimen- to do “setor de servigas” da economia, com seus muitos tra- balhadores intelectuais e profissionais. Ele argumentou que ilizam a muitos membros desses grupos ocupacionais es sociedade porque tém um status © uma renda mais alta do 4 que os trabalhadores bracais empregados no setor manu- Macweber(‘86a.1920)f010masimportan SS Re te socologo alemte. inuenciou profun — facurciro, Alm ‘amerte odesenvalaments casoeiiogia saetnds toeo trgamdorportecaavida no é2 tinica forca moxriz da histéria: de acordo com cle, a fm um debate com 9 faneaame de Mars, rgumentou que eperas as crcunstarcias econdmicasnaopoderiamexnicarosural- danca histérica. Outros autores enfatizaram que Marx no oneascaptasre.conformecemons. inst g E cane WouemaFika Protestantee 2 éspiito do compreendeu como o investimento em tecnologia pode Canvralsmo 1908-905, desenvohimentos Frdoaendentes naesfra relggora tera ria cormar possivel para os trabalhadores trabalhar menos conseqléncis no pretencicas e benét : A Cae ee er reccimokmento ao captors. horas sob condigBes opressoras, assim como niio previt tho om detsrminacat partes 2 Fura Ee tambem argumentou que 9 capitate ‘mo nao necessariamente desemborarie heneficias do Estado poderiam uar os trabalhado- ne sot Ae conta, Webe Dap eecee ci i covin. 2 "racionallzseio" generalizads res da industria, Assim, percebemos que muitos aspectos fa vica como a caracteistia Frais cers i" : < ‘ral da mocerndade. Exes temas foram da teoria de Marx foram questionados por Weber e por tSroéo deserwolvdoe em Feonemia © F Soaetloue HED. outros socidlogos , Weber mostrou que a Iuta de classes politica ea religiao também sto fontes importantes de mu- que salérios mais altos, melhores condigdes de trabalho e 7 SOCIOLOGIA, SUA BUSSOLA Pawn UN NOVO MUNDO Interacionismo Weber, Mead e Goffman Como vimos anteriornente, Weber crticou a intcrpretagdo de Marx do desenvolvimento do capi- talisme, Entre outras coisas, Weber argumentou que o desenvolvimento inicial do eapitalisme no icas Favoriveis, mas a existéncia de certas crengas foi provocado apenas por circunscAncias econér ‘eligfsasFacilitou seu crescimento. Os protestantes dos séculos XVI ¢ XVI, em particular, accedita vam que suas diividas religiosas poderiam ser teduidas ¢ umm estado de graca alcangado se erabalhas- sem com diligencia e vivessem modestamente. Weber chamou essa crenga de ética protestante c ‘argumentou que cla teve um elcito nio pretendido: as pessoas que aderiram a ética protestaate eco nomizaram ¢ investiram mais dinheito do que as outras ¢, assim, o capitalise se desenvolveu mais fortemente onde a étca protestante se exabeleccu, Em vesume, Weber concluiu que o capitalismo fio se desenvolveu exclusivamente por causa de forcas econdmicas, como Marx havia afirmado: ele dependeu, ao menos em parte, do significado religioso que alguns individuos atribufam ao seu tra balho (Weber, 1958 (1904-5)). Em muitas de suas obras, Weber enfatizou 2 importincia de se com. preeader os ioti os ¢significadlos que as pessoas atribuem 3s coisas para entender mais claramente o significado de suas agbes. Fle denominou esse aspecto de sua abordagem relacionada & pesquisa sociolégica de metado Verstchen (que significa “compreensic”, em alemio). A ideia de que significados ¢ motives subjetives devem ser levados cm conta em qualquer ané- lise sociologica que se pretenda completa foi uma das contribuigtes de Weber 2 tcotia sociolégica cissica. Weber também foi um importante tedrico do contflito, como ficard claro em capitulos sub- seqtientes deste ivro. E auficience observar, por cnquant, que sua énfase em significados subjetivos encontrou solo fértil nos Estados Unidos no final do século XIX e inicio do século XX porque suas ‘dias ressoaram no profurdo individualismo da cultura norve-americana. Naquela época, os ameti- ‘canos acreditavam amplamente que o talento ea iniciativa individual tornavam possivel que as pes soas conseguissem praticamente qualquer coisa naguela terra de oportunidades. Nao foi, portanto, ot acaso, que a sociologia cléssica produrida nos Estaclos Unidos se concentrava nos individuos ou, ‘ais precisamente, nas relagSes existentes entie o individuo ea sociedade. Bstc era certamente 0 foco dos socidlogos da Universidade de Chicago, o departamento de sociologia mais importante do pats atéa Segunds Guerra Mundial ¢ que teve influéncia marcante no processo de institucionalizacio da sociologia no resto do mundo, inclusive no Brasil. Um das principais pensadotes da Escola de Chica- 80, George Herbert Mead (1863-1931), demonstrou, com base na énfase no estudo das relagies en tre individhio ¢ sociedacle, como um sentido de self individual € formado no curso da interagéo com = sua conttibuicio no Capitulo 4, “Socializagio”. Aqui, notaremos ape outras pessoas. Discuti tas que 0 trabalho de Mead ¢ de seus colegas originow 0 interacioninmo simblico, uma tradigio tes- rica norte-americana que continua a representar ura papel imporeante na sociologia atual. As teorias funcionalistas e do conflito pressupdem que a “filiagio” de grupo das pessoas — sejam elas pobres, ricas, homens, mulheres, brancas ou negeas — determina seu comportamento. Tal visio pode, as veres, fazer as pessoas parecerem bolas em uina mesa de bilhar: elas sio jogadas de um lado para ourra ¢ no podem escolher seus proprios destinos. Mas salemos, a partir de nos- sa8 experiéncins coridianas, que as pessoas nao sdo assim. As vezes fazemos escolhas, algumas difi-

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