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II ENCONTRO DE FORMAÇÃO CONTINUADA

PARA DIRETORES ESCOLARES E

COORDENADORE PEDAGÓGICOS

Leitura Complementar

10 assuntos que não podem faltar na agenda da dupla gestora


Pelo menos uma vez por semana, diretor e coordenador pedagógico precisam se encontrar para falar sobre o
planejamento da escola. Veja quais são os temas mais importantes a tratar
Aurélio Amaral1 

Reuniões de formação acompanhadas de perto Na EMEF Décio Martins Costa, em Porto


Alegre, a diretora, Clarice Mezzomo (em pé), as orientadoras pedagógicas e as supervisoras se
reúnem toda segunda-feira, desde 1999, para discutir o acompanhamento das atividades,
avaliações e estratégias de ensino. É feita uma ata de registro e as informações são organizadas
em fichas. Com base nelas, a equipe replaneja o bimestre e define o foco do conselho de classe.
"Como o trabalho de coordenação envolve muitas pessoas, nessas reuniões afinamos o
planejamento geral e o plano de formação dos professores", explica a diretora.

Nos corredores, no pátio ou na sala dos professores, diretor e coordenador


pedagógico se encontram todos os dias. Nessas ocasiões, trocam comentários sobre o que está
acontecendo no momento na escola, tratam de problemas pontuais e até decidem sobre alguma questão
rapidamente, ali mesmo, em pé. Porém essas conversas breves não podem ser a tônica do contato entre
os dois. Para assumirem definitivamente o papel de gestores que lhes cabe, os educadores que ocupam
essas funções precisam se corresponsabilizar pelos rumos do ensino oferecido na unidade, discutirem os
problemas e, juntos, encontrarem as soluções. 

Para tanto, é interessante reservar um horário específico para que eles possam se sentar com calma,
analisar os dados da escola e empreender as iniciativas necessárias. As reuniões periódicas entre a
direção e a coordenação pedagógica são a maneira mais profissional de consolidar essa relação. 

Mas por que toda essa formalidade? Ela é necessária? Sim, pois os encontros marcados - o recomendado
é que eles aconteçam, no mínimo, uma vez por semana, de preferência em dias fixos - dão importância à
parceria entre os gestores, ajudam a otimizar o tempo e impedem que assuntos de menor importância se
sobreponham aos mais relevantes - que devem estar na pauta das reuniões. "Sem essa rotina, os
imprevistos acabariam preponderando e as interrupções no dia a dia seriam tantas que não sobraria
tempo para cumprir as atividades planejadas. E, no improviso, a discussão não adquire profundidade",
argumenta Débora Rana, selecionadora do Prêmio Victor Civita - Educador Nota 10 na Categoria Gestor,
1
https://gestaoescolar.org.br/conteudo/393/10-assuntos-que-nao-podem-faltar-na-agenda-da-dupla-gestora
e formadora de professores e coordenadores pedagógicos do Instituto Avisa Lá, em São Paulo. 

Assuntos a tratar é que não faltam - como você vai ver nesta reportagem. Juntamente com consultores e
duplas gestoras que já vivenciam uma rotina em comum, selecionamos os dez principais temas que
devem estar sempre presentes na agenda conjunta desses líderes. Conheça também a história de
algumas equipes que conseguiram planejar com mais clareza as ações pedagógicas para a escola depois
de instituir o hábito de se reunir com frequência.

1Organização do calendário escolar

Esse é um dos principais tópicos da pauta das reuniões, já que é preciso organizar a rotina interna,
adequando as semanas de provas, as reuniões de pais, a entrega das notas e as finalizações dos projetos
didáticos ao calendário fixado pela Secretaria de Educação. Vale lembrar que o planejamento dos
professores para cada turma depende dessas definições. Durante as conversas semanais entre direção e
coordenação, verifica-se se o cronograma está em ordem ou se é preciso revê-lo. Caso um feriado ou um
programa de formação externo coincidam com um encontro pedagógico semanal, uma data alternativa
será escolhida. Ela precisa se encaixar tanto no planejamento elaborado pelo coordenador como na
organização do uso dos espaços - supervisionada pelo diretor.

2 Revisão do projeto político-pedagógico (PPP)

Esse documento - que traz os objetivos da instituição e os meios para alcançá-los - pressupõe uma
revisão periódica. Uma ou duas vezes por ano, o assunto entra na pauta dos gestores para que eles
identifiquem os passos seguintes para alcançar as metas e planejem as assembleias para debater as
mudanças (como será a participação da equipe, como tornar o debate mais produtivo, o número de
encontros etc.). E, depois de tudo isso, é preciso ainda definir quem vai formalizar e supervisionar as
alterações no documento.

Equipe grande exige mais organização

Equipe grande exije mais organização Na EE Nidelse Martins Almeida, em Carapicuíba, na

Grande São Paulo, as decisões eram tomadas à medida que as demandas surgiam. Até porque,

com uma equipe pequena, não era difícil conciliar horários com pouca antecedência. Porém, a partir

de 2008, quando o grupo foi ampliado, isso ficou impossível. A diretora Maria Helena Guedes (em

pé) percebeu que era preciso instituir um dia fixo para as reuniões: "Hoje, preparamos as

formações, fazemos um balanço da semana anterior e checamos se as atividades previstas exigem

ajustes".

3Análise de resultados dos alunos

O desempenho dos estudantes norteia as ações da escola, por isso o tema vai estar sempre presente nas
reuniões. O coordenador deve sistematizar em tabelas os resultados de avaliações internas e externas, o
aproveitamento dos alunos nas atividades em sala e o progresso das turmas em um período e, em
seguida, analisá-los com a direção. "O diretor está mais atento a questões extraclasse e esse olhar pode
indicar novas soluções para um problema", diz a coordenadora Mônica Guerra, da Associação Parceiros
da Educação, em São Paulo.
4Elaboração de projetos institucionais

A escolha dos temas e das abordagens dos projetos está diretamente vinculada ao item anterior e à
análise criteriosa que os gestores devem fazer para que as iniciativas estejam em consonância com as
orientações do PPP. Ideias vindas da equipe ou dos professores, que colaborem para que os objetivos da
escola sejam atingidos, podem ser integradas ao cronograma pela coordenação e ao planejamento da
direção, que deverá prever os materiais necessários para a concretização das propostas. Se uma delas,
por exemplo, previr atividades no contraturno, a equipe gestora terá de checar se existe sala vaga ou um
espaço adequado e se é preciso ter um professor presente ou se um monitor dá conta de acompanhar os
estudantes. A finalização do projeto, igualmente, demanda decisões conjuntas sobre a exibição da
produção dos alunos e a participação da comunidade.

5Formação dos professores em serviço

Esse assunto também costuma figurar na maioria dos encontros. Como responsável pela formação de
professores, o coordenador pedagógico detecta rapidamente as necessidades da equipe docente - o que
pode ser percebido inclusive com a análise dos resultados dos alunos. "Os registros dos professores e dos
próprios coordenadores, feitos durante as observações das aulas, dão uma base mais concreta à tomada
de decisão da dupla", explica Silvana Tamassia, consultora educacional e formadora na Fundação
Lemann, em São Paulo. Muitos diretores até participam de reuniões dos formadores com os professores,
mas isso não é obrigatório. O importante é que os gestores estejam de acordo com o foco definido,
decidam como atender às necessidades de trabalho do coordenador pedagógico, providenciem um
espaço específico, disponibilizem projetores de vídeo e busquem apoio junto à equipe técnica da
Secretaria da Educação.

6 Diálogo constante com a Secretaria de Educação

As orientações da rede de ensino sobre as políticas públicas devem ser discutidas pelos gestores de cada
unidade para que haja consenso sobre como elas serão apresentadas aos docentes e incluídas na pauta
de formação. Da mesma forma, as necessidades dos professores que dependam de providências da
Secretaria devem ser levadas pelo coordenador ao diretor para que faça a interlocução com a rede. Dessa
maneira, ele terá informações mais detalhadas para fundamentar a requisição de, por exemplo, um
profissional de Atendimento Educacional Especializado - cuja necessidade fica clara em registros de aulas
da equipe docente - ou de cursos de atualização ou extensão, que se mostram importantes para o
planejamento da formação elaborado pela coordenação.

7 Preparação do Conselho de Classe

Para essa reunião, que costuma estar na pauta da dupla gestora até quatro vezes por ano, é necessário
retomar os registros dos diagnósticos e observar outros dados além das notas, como se os dias letivos do
bimestre foram cumpridos. Para que o conselho se torne, de fato, um momento formativo, é essencial
partilhar informações, observar as dificuldades institucionais e prever estratégias - quais serão as metas e
a quem serão delegadas as missões.
8 Aquisição, uso e conservação de materiais

O que comprar, para que e como usar os materiais pedagógicos são questões que diretor e coordenador
terão de responder juntos - e decidir também. Por isso, esse tema reaparece a cada nova demanda. O
coordenador identifica as necessidades dos alunos e avalia o que precisa ser adquirido com mais
urgência. Para evitar desperdício ou subutilização, os recursos - os adquiridos com verba própria e os
recebidos pela rede - têm seus usos planejados nas reuniões da equipe gestora, garantindo que todos os
alunos tenham acesso a eles. "Não se forma leitores com a biblioteca fechada", argumenta Neurilene
Martins, coordenadora pedagógica do Instituto Chapada de Educação e Pesquisa (Icep).

Decisões administrativas a favor da aprendizagem

Decisões administrativas a favor da aprendizagem Quando foi inaugurada, em 2009, a EMEF Conjunto Habitacional Sítio Conceição

II, em São Paulo, pedia alguns reparos. Era preciso pintar paredes, trocar o piso e adquirir materiais. Graças aos encontros semanais com

a coordenação pedagógica, o diretor, Anderson Adelmo, conseguiu identificar as prioridades de investimento para garantir o conforto na

sala de aula. "Assumimos um espaço antigo e, para mim, a troca das lousas parecia ser o mais urgente. Mas, nas reuniões com os

docentes, a coordenação apurou que os alunos se desconcentravam muito pela luz forte da tarde que entrava pela janela. Decidimos,

então, comprar cortinas", conta Anderson.

9Articulação com as famílias

Das reunião de pais às festas na escola, tudo passa pelo crivo da direção e da coordenação pedagógica -
atentos sempre para saber se os eventos cumprem a finalidade de envolver a família na aprendizagem
dos filhos e de divulgar o PPP. As reuniões de pais pedem uma atenção maior, pois é preciso decidir os
assuntos a discutir e como abordá-los. Que pontos do currículo, e fora dele, devem ser debatidos? "Temas
sem relação direta com o aprendizado, como drogas e violência, que são de interesse dos pais, podem
influenciar o processo de ensino", relata Regina Giffoni Brito, professora da pós-graduação do
departamento de Educação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).

10 Mobilização dos segmentos escolares

Ao liderar os profissionais que trabalham na instituição, o diretor torna-se responsável por criar um fluxo de
comunicação com cada segmento. O coordenador pedagógico, por acompanhar a prática docente, traz
detalhes sobre a motivação e o desempenho dos professores, enriquecendo o repertório do gestor para
dar devolutivas consistentes ao grupo. A pauta dos encontros com os funcionários, quando preparada pelo
diretor e o coordenador, ganha um viés formativo. "Discutir as refeições com as merendeiras é também
falar de alimentação saudável, um tema curricular. Daí a importância da articulação entre o administrativo
e o pedagógico", diz Heloísa Lück, diretora do Centro de Desenvolvimento Humano Aplicado (Cedhap),
em Curitiba.

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