Você está na página 1de 66

INTRODUÇÃO GERAL

A educação “cumpre um papel insubstituível desde a família até


a universidade, passando por todas as nossas práticas cotidianas. É
na família que somos educados na primeira alimentação. Lá é o lu-
gar onde devemos aprender, desde cedo, hábitos de alimentação
saudável. É na primeira infância que se forma o paladar e com ele
os hábitos alimentares saudáveis. Lá é o lugar onde aprendemos a
partilha, a fraternidade, a solidariedade. Lá aprendemos a superar a
cultura da indiferença, quando o exemplo de nossos pais e avós são
testemunhos de caridade concreta para com os mais necessitados.
Na escola precisamos aprofundar e aperfeiçoar estes bons hábitos,
dando razões para eles”.
A Campanha da Fraternidade 2023 (CF 2023), cuja temática
aborda a fraternidade e a fome, tem no espaço escolar um am-
biente apropriado para fomentar a reflexão, a vivência de valores
humanos e cristãos, o estudo, o aprofundamento e o levantamen-
to de propostas de solução ao problema da fome. Esse desafio
deve envolver toda a comunidade educativa de forma dinâmica,
responsável e coletiva.
Ao tratar do problema da fome, teremos que ter em vista o con-
texto em que a escola está inserida e o quanto esta situação atinge
seus educandos, famílias e comunidade local. Também devemos ter
um olhar sensível para a situação regional e nacional, porque é um
problema que clama pela solidariedade de todos. Assim conclama o
objetivo geral da CF 2023: “SENSIBILIZAR a sociedade e a igreja para
enfrentar o flagelo da fome, sofrido por uma multidão de irmãos e
irmãs, por meio de compromissos que transformem esta realidade
a partir do Evangelho de Jesus Cristo”.
Os Projetos Interdisciplinares apresentam às escolas de Educação
Básica sugestões de caminhos estruturados para dinamizar o estu-
do, a reflexão e o aprofundamento da temática da fome a partir
da realidade escolar. São propostas abertas que contemplam
as contribuições e o jeito próprio de cada unidade educa-
tiva conduzir seus processos internos no assunto. É importante
ressaltar que tudo foi pensado com um olhar de conjunto, isto é,
todas as etapas e dinâmicas focam no coletivo escolar – gestão,
equipe de coordenação, docentes, educandos, famílias e pesso-
as de bem da comunidade local.
Em sua estrutural geral, os Projetos Interdisciplinares estão
organizados contemplando alguns elementos norteadores, a
saber: I) Os objetivos da Campanha da Fraternidade 2023; II) O
pensamento do Papa Francisco sobre a situação da fome; III) O
conceito de Segurança Alimentar contemplado na Lei específi-
ca; IV) As competências Gerais da BNCC para a Educação Bási-
ca, destacando a 2ª e a 10ª que estão mais voltadas à temática
em discussão; V) na Educação Infantil, evidenciamos os direi-
tos e objetivos de aprendizagem, os campos de experiências e
os eixos estruturantes; VI) nos demais segmentos (Ensino Fun-
damental e Novo Ensino Médio) destacamos as competências
e habilidades, por área do conhecimento e por componente
curricular, e valores vivenciais, por faixa etária; VII) por fim, des-
crevemos os processos didático-pedagógicos cuja finalidade
é proporcionar possibilidades de reflexão, estudo, pesquisas e
ações concretas e transformadoras envolvendo os estudantes,
educadores, famílias e demais pessoas da comunidade onde a
escola está presente.
Nosso intento é apontar caminhos e iniciativas para desenca-
dear processos transformadores no âmbito da educação, apro-
veitando o potencial existente em cada agente educativo. Para
tornar concreto e real esse propósito, segundo o Papa Francis-
co, faz-se urgente e necessário “iniciar processos”, isto é, traçar
percursos, alargar horizontes e criar pertenças. Ao fazer isso,
estamos cumprindo o mandato de Jesus: “Dai-lhes vós
mesmos de comer!” (Mt 14,16).
ENFOQUES INSPIRADORES
I. OBJETIVOS DA CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2023

1.1. Objetivo Geral

SENSIBILIZAR a sociedade e a igreja para enfrentar o flagelo


da fome, sofrido por uma multidão de irmãos e irmãs, por meio
de compromissos que transformem esta realidade a partir do
Evangelho de Jesus Cristo.

1.2. Objetivos Específicos

1) COMPREENDER a realidade da fome à luz da fé em Je-


sus Cristo;
2) DESVELAR as causas estruturais da fome no Brasil;
3) INDICAR as contradições de uma economia que mata pela
fome;
4) APROFUNDAR o conhecimento e a compreensão das
exigências evangélicas e éticas de superação da miséria e da
fome;
5) ACOLHER o imperativo da Palavra de Deus, que nos con-
duz ao compromisso e à corresponsabilidade fraterna;
6) INVESTIR esforços concretos em iniciativas individuais,
comunitárias e sociais que levem à superação da miséria e da
fome no Brasil;
7) ESTIMULAR iniciativas de agricultura familiar agroecológi-
ca e a produção de alimentos saudáveis;
8) RECONHECER e fomentar iniciativas conjuntas entre
comunidade de fé e outras instituições da sociedade civil or-
ganizada;
9) MOBILIZAR a sociedade para que haja uma sólida política
de alimentação no Brasil, pautada na soberania alimentar po-
pular, que garanta que todos tenham vida.
II. PAPA FRANCISCO

1. Na Fratelli Tutti, o Papa


Francisco fala do escândalo da
fome e chama o atual sistema
de assassino: “As crises sociais,
políticas e econômicas fazem
morrer à fome milhões de crian-
ças, já reduzidas a esqueletos
humanos por causa da pobreza
e da fome; reina um inaceitável
silêncio internacional” (n. 29).

2. “... a política mundial não


pode deixar de colocar entre
seus objetivos principais e ir-
renunciáveis o eliminar efeti-
vamente a fome. Com efeito,
quando a especulação finan-
ceira condiciona o preço dos ali-
mentos, tratando-os como uma
mercadoria qualquer, milhões
de pessoas sofrem e morrem
de fome… a fome é criminosa e
a alimentação é um direito ina-
lienável” (n. 189).
III. SEGURANÇA ALIMENTAR
De acordo com a Escala Brasileira de Medida Direta e Domici-
liar da Insegurança Alimentar (EBIA) , a segurança alimentar está
garantida quando a família tem acesso regular e permanente a
alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem compro-
meter o acesso a outras necessidades essenciais.
Na insegurança alimentar leve, há preocupação ou incerteza
quanto o acesso aos alimentos no futuro e qualidade inadequada
dos alimentos resultantes de estratégias que visam a não compro-
meter a quantidade de alimentos. Na moderada, há redução quan-
titativa de alimentos entre os adultos e/ou ruptura nos padrões de
alimentação resultante da falta de alimentos.
Na insegurança alimentar grave, há redução quantitativa seve-
ra de alimentos também entre as crianças, ou seja, ruptura nos
padrões de alimentação resultante da falta de alimentos entre
todos os moradores. Nessa situação, a fome passa a ser uma ex-
periência vivida no domicílio.

IV. COMPETÊNCIAS GERAIS DA BNCC DA EDUCAÇÃO


BÁSICA (BNNC, 2018, p. 9-10)

1. Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construí-


dos sobre o mundo físico, social, cultural e digital para entender e
explicar a realidade, continuar aprendendo e colaborar para a cons-
trução de uma sociedade justa, democrática e inclusiva.
2. Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem pró-
pria das ciências, incluindo a investigação, a reflexão, a análise crítica,
a imaginação e a criatividade, para investigar causas, elaborar e testar
hipóteses, formular e resolver problemas e criar soluções (inclusive
tecnológicas) com base nos conhecimentos das diferentes áreas.
3. Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e cultu-
rais, das locais às mundiais, e, também, participar de práticas di-
versificadas da produção artístico-cultural.
4. Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-moto-
ra, como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e digital –, bem
como conhecimentos das linguagens artística, ma-
temática e científica, para se expressar e partilhar
informações, experiências, ideias e sentimentos
em diferentes contextos e produzir sentidos que
levem ao entendimento mútuo.
5. Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de
informação e comunicação de forma crítica, significativa,
reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as
escolares) para se comunicar, acessar e disseminar infor-
mações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer
protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva.
6. Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apro-
priar-se de conhecimentos e experiências que lhe possibilitem en-
tender as relações próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas
alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com
liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade.
7. Argumentar com base em fatos, dados e informações confiá-

veis, para formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e


decisões comuns que respeitem e promovam os direitos huma-
nos, a consciência socioambiental e o consumo responsável em
âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em
relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta.
8. Autoconhecimento e Autocuidado – Conhecer-se, apreciar-
-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreendendo-se
na diversidade humana e reconhecendo suas emoções e as dos
outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas.
9. Empatia e Colaboração – Exercitar a empatia, o diálogo, a re-
solução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e pro-
movendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com aco-
lhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos
sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem
preconceitos de qualquer natureza.
10. Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabi-
lidade, flexibilidade, resiliência e determinação, tomando deci-
sões com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos,
sustentáveis e solidários.
PROJETO INTERDISCIPLINAR I
EDUCAÇÃO INFANTIL – EDUCANDOS DE UM A CINCO ANOS

“O alimento é a mediação da vida e a vida é a


primeira mediação de Deus”. Benedito Ferraro

A BELEZA E OS BENS DA CRIAÇÃO À DISPOSIÇÃO DE TODOS

I – COMPETÊNCIAS GERAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA (BNCC 2018, p. 9 e 10)


CG2 BNCC – Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à aborda-
gem própria das ciências, incluindo a investigação, a reflexão, a análise
crítica, a imaginação e a criatividade, para investigar causas, elaborar e
testar hipóteses, formular e resolver problemas e criar soluções (inclusi-
ve tecnológicas) com base nos conhecimentos das diferentes áreas.
CG10 BNCC – Agir pessoal e coletivamente com autonomia, respon-
sabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, tomando decisões
com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis
e solidários.

II – DIREITOS DE APRENDIZAGEM (BNCC 2018, p. 38)


2.1 Conviver com outras crianças e adultos, em pequenos e grandes
grupos, utilizando diferentes linguagens, ampliando o conhecimento
de si e do outro, o respeito em relação à cultura e às diferenças entre
as pessoas.
2.2 Brincar cotidianamente de diversas formas, em diferentes espa-
ços e tempos, com diferentes parceiros (crianças e adultos), ampliando
e diversificando seu acesso a produções culturais, seus conhecimentos,
sua imaginação, sua criatividade, suas experiências emocionais, corpo-
rais, sensoriais, expressivas, cognitivas, sociais e relacionais.
2.3 Participar ativamente, com adultos e outras crianças, tan-
to do planejamento da gestão da escola e das atividades
propostas pelo educador quanto da realização das atividades da
vida cotidiana, tais como a escolha das brincadeiras, dos mate-
riais e dos ambientes, desenvolvendo diferentes linguagens e ela-
borando conhecimentos, decidindo e se posicionando.
2.4 Explorar movimentos, gestos, sons, formas, texturas, cores,
palavras, emoções, transformações, relacionamentos, histórias,
objetos, elementos da natureza, na escola e fora dela, ampliando
seus saberes sobre a cultura, em suas diversas modalidades: as
artes, a escrita, a ciência e a tecnologia.
2.5 Expressar, como sujeito dialógico, criativo e sensível, suas ne-
cessidades, emoções, sentimentos, dúvidas, hipóteses, descobertas,
opiniões, questionamentos, por meio de diferentes linguagens.
2.6 Conhecer-se e construir sua identidade pessoal, social e cul-
tural, constituindo uma imagem positiva de si e de seus grupos
de pertencimento, nas diversas experiências de cuidados, intera-
ções, brincadeiras e linguagens vivenciadas na instituição escolar
e em seu contexto familiar e comunitário.

III – CAMPOS DE EXPERIÊNCIAS (BNCC 2018, p. 40-43)

“Os campos de experiências constituem um arranjo curricular


que acolhe as situações e as experiências concretas da vida co-
tidiana das crianças e seus saberes, entrelaçando-os aos conhe-
cimentos que fazem parte do patrimônio cultural” (BNCC 2018).
3.1 O eu, o outro e o nós – “É na interação com os pares e
com adultos que as crianças vão constituindo um modo pró-
prio de agir, sentir e pensar e vão descobrindo que existem ou-
tros modos de vida, pessoas diferentes, com outros pontos de
vista” (BNCC 2018, p. 40).
3.2 Corpo, gestos e movimentos – “Na Educação Infantil,
o corpo das crianças ganha centralidade, pois ele é o partícipe
privilegiado das práticas pedagógicas de cuidado físico, orien-
tadas para a emancipação e a liberdade, e não para a submis-
são. Assim, a instituição escolar precisa promover oportunida-
des ricas para que as crianças possam, sempre animadas pelo
espírito lúdico e na interação com seus pares, explorar e viven-
ciar um amplo repertório de movimentos, gestos, olhares, sons
e mímicas com o corpo, para descobrir variados modos de ocu-
pação e uso do espaço com o corpo” (BNCC 2018, p. 41).
3.3 Traços, sons, cores e formas – “Conviver com diferentes
manifestações artísticas, culturais e científicas, locais e univer-
sais, no cotidiano da instituição escolar, possibilita às crianças,
por meio de experiências diversificadas, vivenciar diversas for-
mas de expressão e linguagens, como as artes visuais (pintu-
ra, modelagem, colagem, fotografia etc.), a música, o teatro, a
dança e o audiovisual, entre outras” (BNCC 2018, p.41).
3.4 Escuta, fala, pensamento e imaginação – “Na Educa-
ção Infantil, é importante promover experiências nas quais as
crianças possam falar e ouvir, potencializando sua participação
na cultura oral, pois é na escuta de histórias, na participação em
conversas, nas descrições, nas narrativas elaboradas individual-
mente ou em grupo e nas implicações com as múltiplas lingua-
gens que a criança se constitui ativamente como sujeito singu-
lar e pertencente a um grupo social” (BNCC 2018, p. 42).
3.5 Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações –
“... a Educação Infantil precisa promover experiências nas quais
as crianças possam fazer observações, manipular objetos, in-
vestigar e explorar seu entorno, levantar hipóteses e consultar
fontes de informação para buscar respostas às suas curiosida-
des e indagações. Assim, a instituição escolar está criando opor-
tunidades para que as crianças ampliem seus conhecimentos
do mundo físico e sociocultural e possam utilizá-los em seu co-
tidiano” (BNCC 2018, p.43).

IV – OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
(BNCC 2018, p. 44-52)
“Na Educação Infantil, as aprendizagens essenciais compre-
endem tanto comportamentos, habilidades e conhecimentos
quanto vivências que promovem aprendizagem e desenvolvi-
mento nos diversos campos de experiências, sempre tomando
as interações e a brincadeira como eixos estruturantes”.
V – EIXOS ESTRUTURANTES (BNCC 2018, p. 37)
“... os eixos estruturantes das práticas pedagógicas dessa eta-
pa da Educação Básica são as interações e a brincadeira, expe-
riências nas quais as crianças podem construir e apropriar-se de
conhecimentos por meio de suas ações e interações com seus
pares e com os adultos, o que possibilita aprendizagens, desen-
volvimento e socialização.
A interação durante o brincar caracteriza o cotidiano da infân-
cia, trazendo consigo muitas aprendizagens e potenciais para
o desenvolvimento integral das crianças. Ao observar as intera-
ções e a brincadeira entre as crianças e delas com os adultos, é
possível identificar, por exemplo, a expressão dos afetos, a me-
diação das frustrações, a resolução de conflitos e a regulação
das emoções”.

VI – VALORES

2 - Ouvir a voz das crianças, adolescentes e jovens a quem


transmitimos valores e conhecimentos, para construir juntos
um futuro de justiça e paz, uma vida digna para toda a pessoa;
6 - Empenhar-nos no estudo para encontrar outras formas de
compreender a economia, a política, o crescimento e o progres-
so, para que estejam verdadeiramente ao serviço do homem e
da família humana inteira na perspectiva duma ecologia integral.
Crianças de 1 Ano – Cultivo da Amizade
Crianças de 2 Anos – Respeito ao próximo
Crianças de 3 Anos – Autonomia
Crianças de 4 Anos – Amor próprio
Crianças de 5 Anos – Partilha
VII – DINAMIZAÇÃO E PROCESSOS
DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
INTRODUÇÃO

A temática proposta pela Campanha da Fraternidade 2023, Fra-


ternidade e Fome, é muito complexa e tem diferentes abrangên-
cias dependendo do contexto social de cada cidade ou região
em que está inserida a comunidade escolar. Em muitas escolas,
certamente é uma situação presente e cotidiana entre seus edu-
candos e famílias. Para outras, uma realidade um pouco mais
distante geograficamente. No entanto, todos conhecemos algu-
ma pessoa que passa essa necessidade todos os dias. Portanto,
cabe-nos refletir sobre a fome de forma que toque o coração das
crianças, dos educadores, das famílias e da comunidade escolar,
despertando-as para a solidariedade e a entreajuda àqueles que
padecem desse mal, especialmente as crianças.
A reflexão com os educandos da Educação Infantil requer todo
um olhar existencial, um respeito peculiar para cada faixa etá-
ria de vida e uma análise sobre o alcance das estratégicas e di-
nâmicas de ensino-aprendizagem escolhidas. Nosso objetivo é
abordar a temática da insegurança alimentar a partir do conhe-
cimento e experiência prévios das crianças no contexto familiar
para entendermos e compreendermos o mundo em que vivem
em relação ao consumo de alimentos. Ao mesmo tempo, preci-
samos chegar até aquelas que ao nosso redor padecem de ali-
mentação mínima para sua sobrevivência.
Por esta razão, despertá-las para a solidariedade,
a partilha e o reconhecimento de que precisam
aproximar-se das que estão em situação de vul-
nerabilidade social é o objetivo principal de nossa
proposta. Além disso, conscientizá-las para consumir,
na medida do possível, alimentação saudável e natural em
vista da saúde integral.
SEQUÊNCIA DIDÁTICO-PEDAGÓGICA
DINÂMICA: SACIAR A FOME, O QUE TENHO A OFERECER?

1º Passo: Primeiramente, a equipe de coordenação e professores


da Educação Infantil devem apropriar-se integralmente da proposta
do projeto interdisciplinar para saber o que providenciar antecipa-
damente. É necessário organizar a dinamicidade do que é sugerido
e buscar o aprofundamento que o assunto exige. Especificamente
para essa dinâmica, deve-se solicitar às crianças, com ajuda das fa-
mílias, que tragam pratos de papel, frutas variadas, recorte de ima-
gens de embalagens e fotos de alimentos consumidos em casa para
serem utilizadas no momento de registro da atividade.
2º Passo: Propomos à equipe de coordenação e professores que
organizem as crianças do segmento por faixa etária (ano/série), tur-
mas ou grupos à escolha livre. Organizamos algumas abordagens
temáticas que poderão servir de sugestão a serem distribuídas
para cada grupo. Mesmo trabalhando temáticas mais específicas
por grupo, não descuidar de um olhar de conjunto para que todos
estejam sintonizados nos objetivos comuns da reflexão. Segue nos-
sa proposta de abordagens:
Grupo 1 (crianças de um e dois anos) – Diferentes cores e sabores
dos alimentos: O que sabemos sobre os alimentos que comemos?
Grupo 2 (crianças de três anos): Experiências da fome: Já passou fome?
Grupo 3 (crianças de quatro anos): Lições da partilha: o que te-
nho para compartilhar?
Grupo 4 (crianças de cinco anos): Direito à alimentação saudável
3º Passo: Contação de História – Como sempre, uma boa histó-
ria exige uma boa preparação, desenvoltura do(a) contador(a) com
familiaridade do texto e um ambiente bem gos-
toso, onde as crianças estejam bem acomodadas
e motivadas para ouvi-la.
Para ilustrar e iluminar a temática proposta pela
Campanha da Fraternidade 2023 com as crianças
dessas faixas etárias, sugerimos a história do “Camilão,
o comilão”, de Ana Maria Machado . Para tanto, caberá
ao(à) educador(a) preparar-se antecipadamente para ter
domínio completo de todos os detalhes. No ambiente da
contação, organize as crianças em círculo, facilitando a
interação e participação de todas.
Era uma vez...
Camilo era um leitão. Um pouco grande, o Camilão. Não era um
porco dos mais porcos, mas era preguiçoso. E muito guloso. Um
comilão esse Camilão.
Mas não queria saber de trabalhar para ganhar comida. Prefe-
ria comer cada dia em casa de um amigo, ou então pedia comidi-
nha aos outros. Ninguém se incomodava, porque gostavam dele, e
achavam graça naquela gulodice, que não fazia mal a ninguém. Só
mesmo ao Camilão!
Um dia Camilão saiu de casa com uma cesta vazia. No fundo, só um
guardanapo. E na roça do seu Manduca, encontrou o cachorro fiel.
- Bom dia, amigo. O que você está fazendo?
- Trabalhando, tomando conta destas melancias.
- Puxa, quanta melancia! E eu aqui com tanta fome que acho
até que vou desmaiar. Será que você podia me arranjar uma?
- Está bem. Uma só não faz falta. Tome.
E lá se foi Camilão pela estrada com sua cesta. Na cesta, uma me-
lancia, o guardanapo por cima. E encontrou o burro Joca puxando
uma carroça.
- Bom dia, amigo. Que é que você está fazendo?
- Trabalhando. Levando essas abóboras para o mercado.
- Puxa, quanta abóbora! E eu aqui com tanta fome e que acho
até que vou desmaiar. Será que você podia me arranjar uma?
- Está bem. Tome duas. Não vão fazer falta.
E lá se foi Camilão pela estrada, com sua cesta. Na cesta, uma
melancia e duas abóboras e o guardanapo por cima. E encontrou a
vaca Mimosa, lá no curral.
- Bom dia, amiga. Que é que você está fazendo?
- Trabalhando. Fazendo manteiga, queijo, requeijão.
- Puxa, quanta coisa! E eu aqui com tanta fome que acho até
que vou desmaiar... Será que você podia me arranjar alguma coisa?
- Está bem. Tome três queijos e quatro litros de leite.
E lá se foi Camilão pela estrada com sua cesta. Na cesta, uma me-
lancia, duas abóboras, três queijos, quatro litros de leite e, por cima,
o guardanapo.
E encontrou a galinha Quiqui, na porta do galinheiro, a mesma
conversa, o mesmo pedido. Quiqui gritou lá para dentro:
- Meus filhos “seu Camilo quer milho!”
E os pintinhos trouxeram cinco espigas de milho para Camilão.
E lá se foi Camilão pela estrada, com sua cesta. Na cesta, uma me-
lancia, duas abóboras, três queijos, quatro litros de leite, cinco espi-
gas de milho, o guardanapo por cima. E encontrou o macaco. Desta
vez não foi tão fácil, que Simão era muito esperto. Mas Camilo tanto
que pediu que acabou ganhando.
- Está bem. Um cacho inteiro eu não vou dar, mas tome meia
dúzia de bananas.
E lá se foi Camilão pela estrada, com sua cesta. Na cesta, uma me-
lancia, duas abóboras, três queijos, quatro litros de leite, cinco espi-
gas de milho e seis bananas e o guardanapo por cima.
E encontrou a abelha Zizi, ocupadíssima, recolhendo pólen. Con-
versou, pediu, acabou ganhando sete potes de mel.
E lá se foi Camilão pela estrada, com sua cesta. Na cesta uma me-
lancia, duas abóboras, três queijos, quatro litros de leite, cinco espi-
gas de milho e seis bananas e sete potes de mel, o guardanapo por
cima. E encontrou o coelho Orelhudo.
Acho que agora você já adivinhou o que aconteceu. Isso mesmo... O
coelho disse que estava trabalhando e Camilão veio com aquela con-
versa de dizer que estava com fome e ia desmaiar. Acabou ganhando
oito alfaces e nove cenouras. Botou tudo dentro da cesta, cobriu com
o guardanapo e.... lá se foi Camilão pela estrada, com sua cesta.
Na cesta quantas melancias? Uma. Quantas abóboras? Duas. E
queijos? Três. E litro de leite? Quatro. E espigas de milho? Cinco. E
quantas bananas mesmo? Ah, seis. E quantos potes de mel? Muito
bem, sete. Mais oito alfaces e nove cenouras. Um monte de comida.
Mas ele não estava satisfeito.
Encontrou o esquilo, conversou, pediu, acabou ganhando.
E lá se foi Camilão para um lugar sossegado da mata, com sua cesta.
Na cesta, uma melancia, duas abóboras, três queijos, quatro litros
de leite, cinco espigas de milho, seis bananas, sete potes de mel, oito
alfaces, nove cenouras. E mais dez avelãs que o esquilo deu.
Agora, o que você acha que aconteceu? Você pensa que Camilão
se escondeu para comer tudo sozinho? E depois ficou com a maior
dor de barriga do mundo? Se você quiser, a história pode acabar as-
sim. Mas acho que isso já aconteceu antes, muitas vezes, até demais.
E que desta vez vai acontecer uma coisa diferente.
Nosso amigo leitão pode ser guloso, mas todo mundo gosta dele.
Porque divide o que tem.
Camilão vai dar uma festa de comilança. E convidar todos os ami-
gos que deram alguma coisa a ele.
Eu também vou levando onze laranjas. Você quer ir? Vai levar
doze... o que? E seu irmão? E seu amigo?
4º Passo: Reflexão. Com ajuda das crianças, elencar quais os ali-
mentos o leitão gostava de comer e ir relacionando com aqueles que
cada criança come/gosta de comer. Na historinha, todos os amigos
tinham algum alimento para partilhar com o Camilão. E se algum
dos amigos não tivesse nada para dar, o que o Camilão faria? E nós, o
que faríamos? Alguém conhece alguma criança ou pessoa, que não
tem o que comer? O que poderemos fazer por ela?
5º Passo: Suco ou Salada de Frutas. Distribuir as frutas trazidas
pelas crianças para que possam sentir a textura, cores, aromas e
sabores. Ao final ou em momento oportuno, fazer um suco ou sa-
lada de frutas para socializar entre elas.
6º Passo: Registro de atividades...
a) Envolver as crianças, desenhando o contorno do corpo de
cada uma delas em papel kraft e compô-lo com as imagens de
alimentos que costumam consumir enviadas pelas famílias. As-
sim a construção ficará mais real e com sentido para as crianças.
b) Distribuir os pratos trazidos pelas crianças, motivando-as
para que, individualmente, monte o seu “prato ideal”. Dispor as
imagens de alimentos trazidas pelas crianças, classificando-as
em grupos como legumes, ovos, carnes, grãos. As crianças pode-
rão participar desta divisão. Ou se desejarem, a mesma ação po-
derá ser construída com massinha de modelar.
c) Depois de pronto, o “prato ideal”, as crianças poderão brin-
car de servir umas às outras em pequenos grupos, fazendo um
levantamento de qual foi o seu preferido.
d) Classificar os alimentos em saudáveis/não saudáveis, poden-
do fazer uma tabela/listagem ou trabalhar com a ideia da pirâmi-
de alimentar.
7º Passo: Após as atividades, conversar com as crianças sobre
aquelas pessoas que não tem o que comer em suas refeições, que
dependem de doações de alimentos e outras necessidades bá-
sicas. Socializar com elas informações e dados locais de pessoas
que vivem nessa situação. Também mencionar entidades ou ins-
tituições beneficentes e de ensino que acolhem crianças e adul-
tos em vulnerabilidade social.
Para aprofundamento – Insegurança alimentar na primeira infância...
Conforme Maria Paula de Albuquerque , pediatra nutróloga, dou-
tora em ciências pela UNIFESP e membro do Grupo de Nutrição e
Pobreza do Instituto de Estudos Avançados da USP, estudos científi-
cos cada vez mais especializados e focados na primeira infância têm
demonstrado a importância da alimentação e da nutrição saudáveis
tanto às gestantes quanto às crianças menores de 5 anos de idade.
Esses primeiros anos de vida, desde o momento da concepção até
o final da primeira infância (5 anos), são cruciais para o pleno desen-
volvimento físico, cognitivo e emocional. Do contrário, uma alimen-
tação inadequada leva a um desequilíbrio metabólico que a criança
carrega para sua vida adulta, acompanhada de doenças como dia-
betes, hipertensão, obesidade e morte prematura por Doenças Crô-
nicas Não Transmissíveis na vida adulta.

Segundo a estudiosa, algumas perguntas que podem levantar


demandas e fomentar espaços de construção coletiva e controle
social, são: O que os gestores realizam em prol da boa alimentação
e nutrição das crianças em sua cidade? Como a sua cidade, o bairro
e o local de trabalho apoiam o aleitamento materno? Como é a ali-
mentação na escola da sua criança? A escola adquire pelo menos
30% dos produtos da agricultura familiar? Como sua cidade apoia a
agricultura familiar? Como está o acesso a alimentos in natura e or-
gânicos no seu bairro? Como estão as escolhas alimentares de sua
família? E como estão suas habilidades culinárias?
VIII – ILUMINAÇÃO BÍBLICA
Gn 1,26-31 : A Criação à disposição de todos.

Ambientação e Dinamização – O momento da iluminação bíblica


e o momento orante dentro da dinâmica dos projetos interdiscipli-
nares, são espaços especiais em que crianças e educadores param
para a escuta da Palavra de Deus e o que ela diz a respeito da re-
flexão até aqui desenvolvida sobre o assunto. Por esta razão, é im-
portante o cultivo do silêncio, da meditação e da introspecção do
que ouviremos. Portanto, organizem um ambiente apropriado para
esse exercício. As crianças poderão ser dispostas em círculo; ao cen-
tro, expor uma Bíblia e ao seu redor colocar uma vela acesa e vários
alimentos familiares às crianças; também uma panela e um prato
vazios e outros elementos que traduzam o sentido da fome. Para a
proclamação, o(a) educador(a) responsável poderá fazê-la em forma
de contação de história.
Proclamação...
Leitura do Livro do Gênesis 1,26-31: “E Deus disse: – Façamos o ho-
mem à nossa imagem e semelhança; que eles dominem os peixes
do mar, as aves do céu, os animais domésticos e todos os répteis.
E Deus criou o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou;
homem e mulher os criou.
E Deus os abençoou e Deus lhes disse: - Crescei, multiplicai-vos,
enchei a terra e submetei-a; dominai os peixes do mar, as aves do
céu e todos os animais que se movem sobre a terra.
E Deus disse: - Vede, eu vos entrego todas as ervas que dão se-
mente sobre a face da terra; e todas as árvores frutíferas que dão
semente vos servirão de alimento; e para todos os animais da terra,
para todas as aves do céu, para todos os répteis da terra – para todo
ser que respira – a erva verde lhes servirá de alimento.
E assim foi.
E Deus viu tudo o que havia feito: e era muito bom”.
Para a reflexão e o aprofundamento...

Observamos na historinha ouvida que Deus tomou todo o cui-


dado e zelo na criação de tudo. Organizou-a de forma harmônica;
preparou as condições ideais e ambientais para que cada ser pu-
desse se desenvolver da melhor forma; em cada canto do planeta
a natureza se apresenta de forma diferente e adaptada a um clima
e um ambiente apropriados; tudo e todos em sintonia com o ser
humano, também em seus diferentes rostos e culturas, porém à
imagem e semelhança de seu Criador. “Deus cuida de nós como
cuida da natureza”.
Mas também somos sabedores de que justamente esta mesma
natureza não está sendo bem cuidada por nós como Deus quis, está
doente. Inúmeras coisas ruins estão acontecendo com nosso meio
ambiente: lixo por todos os cantos, desmatamento em vista de maior
lucro e dinheiro, poluição das águas e rios, desrespeito à vida huma-
na, gente desnutrida e faminta, sem alimentação ao seu alcance...
Esta situação requer de cada um de nós maior responsabilida-
de e sensibilidade uns para com os outros e a natureza como um
todo. Necessitamos tomar mais cuidado com o que consumimos,
procurando descobrir a origem dos alimentos, dos produtos e as
pessoas que se envolveram para que chegassem até nós. A nature-
za disponibiliza tudo para nós, mas também espera em troca nossa
gentileza, nosso carinho, nosso cuidado, nossa preservação e nossa
relação de amizade. Assim poderemos mais e mais melhorar nos-
sas condições de vida e vivermos de forma sustentável, usufruindo
de todos os benefícios oferecidos pelo nosso planeta.
(Ao término da reflexão, poderá ser feita a Oração do Pai Nosso,
seguida da Oração da Campanha da Fraternidade, motivando as
crianças para preces espontâneas de agradecimento pela alimen-
tação que usufruem em suas famílias e na escola).
Momento Orante – Oração da
Campanha da Fraternidade 2023
Pai de bondade,
ao ver a multidão faminta,
vosso Filho encheu-se de compaixão,
abençoou, repartiu os cinco pães e dois peixes
e nos ensinou: “dai-lhes vós mesmos de comer”.
Confiantes na ação do Espírito Santo, vos pedimos:
inspirai-nos o sonho de um mundo novo,
de diálogo, justiça, igualdade e paz;
ajudai-nos a promover uma sociedade mais solidária,
sem fome, pobreza, violência e guerra;
livrai-nos do pecado da indiferença com a vida.
Que Maria, nossa mãe, interceda por nós
para acolhermos Jesus Cristo em cada pessoa,
sobretudo nos abandonados, esquecidos e famintos.
Amém.
IX – AÇÕES TRANSDISCIPLINARES

• Realizar momentos de sensibilização, escuta e autoconheci-


mento, especialmente com crianças muito pequenas, utilizando
todos os sentidos do corpo humano (visão, audição, olfato, pala-
dar e tato). A criança se comunica consigo mesma e com os adul-
tos por inteira através da experiência do tocar-se, do sentir-se, do
olhar-se, do envolver-se e da degustação de algum alimento pre-
parado com sua ajuda. Pode-se utilizar música instrumental, ex-
perimento culinário, gestos com membros do corpo e expressões
faciais, danças e jogos interativos e integrativos...
• Desenvolver atividades com o Tapete Tátil ou Sensorial que dis-
põe de diversos elementos propícios às brincadeiras e ao desenvol-
vimento dos sentidos das crianças, especialmente o tato. Através
do olfato e tato poderão sentir as diferentes texturas de alimentos
em decomposição e alimentos em perfeito estado de consumo, es-
pecialmente frutas, legumes e hortaliças. Utilizar luvas para o ma-
nuseio desses alimentos. Para tornar a experiência mais concreta,
trazer para as crianças a observação das obras de Giuseppe Arcim-
boldo para que façam a leitura das frutas, verduras e elementos que
aparecem. Posteriormente, ter a disposição alguns desses elemen-
tos para que as crianças possam montar a sua própria obra de arte .
• Promover ações solidárias envolvendo as próprias crianças, suas
famílias, a comunidade escolar e a sociedade em geral para arre-
cadação de alimentos e produtos de higiene e limpeza, e destinar
às famílias carentes e em situação de vulnerabilidade social de sua
cidade. É importante que as crianças sejam envolvidas em todas
as etapas, inclusive na organização do espaço de coleta, conta-
gem e separação dos alimentos e produtos de limpeza e entrega
às pessoas destinadas.
• Promover atividades de pinturas utilizando diferentes mate-
riais disponíveis na escola e na família, motivando as crianças a
reproduzirem e/ou retratarem, pela arte, expressões e gestos que
identifiquem situações de pessoas que passam fome e sofrem
por desnutrição. Aqui sugerimos que as crianças possam preparar
e otimizar as caixas de papelão que receberão os donativos com
pinturas, desenhos e outras “expressões artísticas” conforme su-
gestões advindas de delas próprias.
X – DESAFIOS INTERDISCIPLINARES

Os desafios interdisciplinares sugerem atividades práticas que


poderão ser desenvolvidas com crianças de 1 a 5 anos, porém res-
peitando cada faixa etária e aplicando graus de complexidade à
medida que as crianças possam interagir e compreender plena-
mente o que é proposto.
Campo de Experiência: Corpo, gestos e movimentos...
Brincar de faz de conta com as crianças preparando/simulando
um ambiente de alimentação farta, tais como: arrumar a mesa,
buscar as hortaliças em uma horta para receber aqueles que es-
tão com fome, fazer a partilha dos alimentos.
Com a ajuda do(a) professor(a), motive-as a fazer gestos, ex-
pressões e movimentos corporais que expressem acolhida, afe-
to, solidariedade, compaixão e proximidade das mesmas pes-
soas nessa situação. Refletir com elas sobre a importância e os
reflexos de uma alimentação saudável no estado de saúde e
bem-estar das pessoas.
Campo de Experiência: Espaços, tempos, quantidades, relações
e transformações...
Na medida das condições e possibilidades da escola, organizar
com as crianças e suas famílias duas experiências de campo fun-
damentais para a ampliação do conhecimento da temática: uma
visita ao supermercado ou feira de produtos coloniais mais próxi-
mo da escola para averiguar a diversidade de alimentos ofertados,
diferentes quantidades e tamanhos, alimentos naturais e transfor-
mados, diversidades de aromas, cores, formatos e tamanhos, e uma
outra visita ao Aterro Sanitário ou “Lixão” da cidade. Nesta visita, ob-
servar tudo o que é descartado; investigar o que é reaproveitável;
e observar se têm famílias usufruindo dos resíduos descartados. É
sumamente importante tomar todos os cuidados necessários para
evitar a exposição das crianças ao contato direto com os produtos
descartados, protegendo-as em sua saúde e integridade física.
CAMPO DE EXPERIÊNCIA: O EU, O OUTRO E O NÓS

A equipe de coordenação e os professores da Educação Infantil


poderão organizar diversas ações de impacto social envolvendo as
crianças, as famílias e a comunidade escolar, tais como: campanha
de arrecadação de alimentos e produtos de higiene e limpeza, or-
ganizando a sua destinação correta; promover visitas a entidades e
instituições que acolham e atendam crianças em vulnerabilidade so-
cial; promover aula de campo junto às famílias da agricultura familiar
nas proximidades da escola para conhecer todo processo de cultivo
e produção de alimentos orgânicos; visitar ONGs ou instituições que
reaproveitam as sobras de verduras, frutas, legumes e outros, desti-
nando-as à alimentação de pessoas em situação de pobreza...
Campo de Experiência: Escuta, fala, pensamento e imaginação...
Explorar com as crianças o que elas necessitam para estarem bem
nutridas, saudáveis, e como é este acesso à alimentação. Este cam-
po de experiência está interligado a todos os demais que diante
cada ação realizada, trazer a consciência das crianças para as temá-
ticas e ouvir o que compreendem e representam sobre a temática.

XI – PROPOSTA DE CULMINÂNCIA
Promover e realizar uma grande Ação Solidária envolvendo
toda comunidade escolar para a arrecadar alimentos não perecí-
veis e produtos de higiene e limpeza para ser destinada às pessoas
em situação de vulnerabilidade social ou instituições que acolham
e cuidam de pessoas nessa situação.
Participar de Redes de Apoio ou ONGs que atuam em sua cidade
na coleta e reaproveitamento de alimentos descartados em super-
mercados, feiras de produtos coloniais, agricultura familiar e outros
centros de distribuição de gêneros alimentícios, e destinam as co-
letas para a preparação de refeições disponibilizadas às pessoas ca-
rentes. Aqui trata-se muito mais do envolvimento das famílias nes-
sa ação do que das crianças propriamente ditas.
Desenvolver projeto de conscientização voltado ao Consumo de
Alimentação Saudável no ambiente escolar e familiar, envolvendo
todos os estudantes, educadores e famílias vinculados à comuni-
dade escolar.
PROJETO INTERDISCIPLINAR II
ENSINO FUNDAMENTAL ANOS INICIAIS (EFAI)

“Eram assíduos em escutar os ensinamentos dos apóstolos,


na solidariedade, na fração do pão e nas orações”
Atos 2,42.

A SEGURANÇA ALIMENTAR É FRUTO DA PARTILHA

“Se eu tenho fome, o problema é meu.


Se meu irmão tem fome, o problema é nosso”
(Dom Helder Camara).
I – COMPETÊNCIAS GERAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA
(BNCC 2018, p. 9 e 10)
CG2 BNCC – Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abor-
dagem própria das ciências, incluindo a investigação, a reflexão, a
análise crítica, a imaginação e a criatividade, para investigar causas,
elaborar e testar hipóteses, formular e resolver problemas e criar
soluções (inclusive tecnológicas) com base nos conhecimentos das
diferentes áreas.
CG10 BNCC – Agir pessoal e coletivamente com autonomia, res-
ponsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, tomando
decisões com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos,
sustentáveis e solidários.
II – COMPETÊNCIAS DO ENSINO FUNDAMENTAL ANOS
INICIAIS, POR ÁREA DO CONHECIMENTO

2.1 Linguagens (Competência 4 – BNCC 2018, p. 65):


“Utilizar diferentes linguagens para defender pontos de vista
que respeitem o outro e promovam os direitos humanos, a cons-
ciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito lo-
cal, regional e global, atuando criticamente frente a questões do
mundo contemporâneo”.

2.2 Matemática (Competência 7 – BNCC 2018, p. 267):


“Desenvolver e/ou discutir projetos que abordem, sobretudo,
questões de urgência social, com base em princípios éticos, de-
mocráticos, sustentáveis e solidários, valorizando a diversidade
de opiniões de indivíduos e de grupos sociais, sem preconceitos
de qualquer natureza”.

2.3 Ciências Humanas (Competência 6 – BNCC 2018, p. 357):


“Construir argumentos, com base nos conhecimentos das Ci-
ências Humanas, para negociar e defender ideias e opiniões que
respeitem e promovam os direitos humanos e a consciência socio-
ambiental, exercitando a responsabilidade e o protagonismo vol-
tados para o bem comum e a construção de uma sociedade justa,
democrática e inclusiva”.

2.4 Ciências da Natureza (Competência 3, BNCC 2018, p. 324):


“Analisar, compreender e explicar características, fenômenos e
processos relativos ao mundo natural, social e tecnológico (incluin-
do o digital), como também as relações que se estabelecem entre
eles, exercitando a curiosidade para fazer perguntas, buscar res-
postas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos co-
nhecimentos das Ciências da Natureza”.

2.5 Ensino Religioso (Competência 3, BNCC 2018, p. 347):


“Reconhecer e cuidar de si, do outro, da coletividade e da nature-
za, enquanto expressão de valor da vida”.
III – HABILIDADES DA BNCC, POR COMPONENTE CURRICULAR
4.1. Área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
4.1.1 Língua Portuguesa (EF15LP01 – BNCC 20218, p. 95): “Identificar a função social
de textos que circulam em campos da vida social dos quais participa cotidianamen-
te (a casa, a rua, a comunidade, a escola) e nas mídias impressa, de massa e digital,
reconhecendo para que foram produzidos, onde circulam, quem os produziu e a
quem se destinam”.
4.1.2 Arte (EF15AR20 – BNCC 2018, p. 203): “Experimentar o trabalho colaborativo, co-
letivo e autoral em improvisações teatrais e processos narrativos criativos em teatro,
explorando desde a teatralidade dos gestos e das ações do cotidiano até elementos de
diferentes matrizes estéticas e culturais”.
4.1.3 Educação Física (EF67EF09 – BNCC 2018, p. 233): “Construir, coletivamente, pro-
cedimentos e normas de convívio que viabilizem a participação de todos na prática
de exercícios físicos, com o objetivo de promover a saúde”.

4.2 Área de Matemática 4.3. Área de


e suas Tecnologias Ciências da Natureza
4.2.1 Matemática (EF04MA28 – BNCC 2018,
e suas Tecnologias
p. 293): “Realizar pesquisa envolvendo vari- 4.3.1
Ciências ((EF05CI09 –
áveis categóricas e numéricas e organizar BNCC 2018, p. 341): “Discutir a
dados coletados por meio de tabelas e grá- ocorrência de distúrbios nutri-
ficos de colunas simples ou agrupadas, com
cionais (como obesidade, sub-
e sem uso de tecnologias digitais”.
nutrição etc.) entre crianças
e jovens a partir da análise de
seus hábitos (tipos e quantida-
4.4. Área de Ciências Hu- de de alimento ingerido, práti-
manas e suas Tecnologias ca de atividade física etc.)”.
4.4.1 Geografia (EF02GE04 – BNCC
2018, p. 373): “Reconhecer semelhanças e
diferenças nos hábitos, nas relações com 4.5. Área de
a natureza e no modo de viver de pessoas Ensino Religioso
em diferentes lugares”.
4.4.2 História (EF04HI03 – BNCC 4.5.1 Ensino Religio-
2018, p. 413): “Identificar as transformações so (EF02ER07 – BNCC 2018, p.
ocorridas na cidade ao longo do tempo e 445): “Identificar significados
discutir suas interferências nos modos de atribuídos a alimentos em di-
vida de seus habitantes, tomando como ferentes manifestações e tra-
ponto de partida o presente”. dições religiosas”.

IV – VALORES
1º Ano – Conhecer-se e cuidar-se
2º Ano – Cooperação / Solidariedade / Empreendedorismo
3º Ano – Respeito e convivência com a diversidade
4º Ano – Interação e integração
5º Ano – Diálogo e partilha
V – DINAMIZAÇÃO E PROCESSOS
DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
INTRODUÇÃO

As crianças são as mais frágeis vítimas da fome, porque elas estão


na fase de desenvolvimento emocional, cognitivo, afetivo, psíquico
e biológico. Para o desenvolvimento integral e pleno, faz-se neces-
sário uma alimentação saudável e diversificada, vivências positivas
e interação social com seus pares, adultos e grupos afins que ofer-
tam condições ideais para toda a vida.
Nesse Projeto Interdisciplinar, com estudantes do Ensino Funda-
mental Anos Iniciais, propomos um estudo direcionado à investiga-
ção, à luz do Texto Base da Campanha da Fraternidade 2023, sobre a
origem dos alimentos que consumimos, a identificação das pessoas
que não têm acesso à alimentação adequada e diária e as devidas
razões que impedem esse acesso, os impactos na saúde das crian-
ças e as formas de solução da fome ao nosso alcance.
O estudo visa promover o debate, a reflexão e o contato dos edu-
candos diretamente com as pessoas ou grupos sociais atingidos
pela fome ou em situação de vulnerabilidade social. Essa interação
deve despertar os envolvidos para a sensibilidade e a promoção de
ações proativas em favor da resolução do problema em pauta.
O protagonismo das crianças sempre deve ter um espaço privi-
legiado no decorrer das etapas do estudo, favorecendo o exercício
da criatividade, espontaneidade, cooperação, responsabilidade e
envolvimento consciente na causa.
SEQUÊNCIA DIDÁTICO-PEDAGÓGICA
DINÂMICA: FOME: COMO PODEMOS ACABAR COM ELA?

Passo 1 – Apropriação. Nesse primeiro momento, tanto os profes-


sores quanto a equipe de coordenação pedagógica, deverão apro-
priar-se previamente da temática da Campanha da Fraternidade
2023 abordada e desenvolvida no Texto-Base. Isso facilitará na com-
preensão do enfoque aqui em questão. A função específica da equi-
pe é estudar, refletir, organizar, dinamizar e acompanhar todas as
etapas do projeto interdisciplinar a ser desenvolvido, por ano/série
ou por turma, conforme o contexto da escola à livre escolha.
Passo 2 – Socialização da problematização. Distribuir para cada gru-
po ou ano/série, de acordo com as estratégias escolhidas pela equipe
de coordenação e professores, as ações ou propostas de estudo e pes-
quisa envolvendo as crianças, respeitando as faixas etárias e as possibi-
lidades ao alcance dos estudantes. Todos os grupos deverão manter o
foco no assunto em questão, conforme distribuição a seguir:
Grupo 1 (1º Ano) – De onde vêm os alimentos? Investigar com as
crianças: quais são as mãos que produzem os alimentos que consu-
mimos? Quais alimentos são produzidos nas proximidades da nos-
sa cidade e quais são oriundos de outras regiões do país?
Grupo 2 (2º Ano) – Pessoas passam fome, por que será? Quem são
elas? Propor às crianças para que reúnam os pais e familiares para
compartilharem casos de pessoas que passam fome em seu bairro:
Onde moram? Em que condições vivem? De onde vem o alimento
que recebem? Como a família poderia ajudá-los?
Grupo 3 (3º Ano) – Impactos da fome na saúde das crianças. Pes-
quisar os problemas de saúde das crianças originados pela ausên-
cia de uma alimentação diária completa e saudável. Quais doenças
estão ligadas à falta de alimentação?
Grupo 4 (4º Ano) – Como resolver o problema da fome? Que ca-
minhos conhecemos? Fazer um levantamento das alternativas e
ações existentes em nossa cidade ou região para sanar o problema
da fome. Descrever quais passos e caminhos propostos por institui-
ções envolvidas na solução do problema da fome.
Grupo 5 (5º Ano) – Como promover o consumo de alimentos saudá-
veis na escola e na família? Trata-se de pesquisar as possibilidades e
alternativas para criar uma cultura de consumo de alimentos saudá-
veis, mudar hábitos alimentares e experimentar iguarias diferentes
das conhecidas.
Passo 3 – Sensibilização. Após a organização dos grupos, promover
um momento de sensibilização para compreender o significado e
sentido da fome, as causas que geram a fome, o conhecimento das
pessoas que passam fome em nossa cidade e região, a importância de
uma alimentação saudável, o conhecimento da origem dos alimen-
tos e as inúmeras formas para cooperar nas soluções do problema da
fome. Isso poderá ser feito a partir da socialização das experiências e
do conhecimento prévio das crianças e seus familiares, acrescidas da
análise de textos específicos e de outras informações e testemunhos
de pessoas que estão envolvidas na resolução e atendimentos às pes-
soas que passam fome.
Passo 4 – Socialização. Estipular prazos e escolher formatos de socia-
lização das informações e experiências coletadas para serem compar-
tilhadas entre os membros do grupo e, se viável, para o grande grupo.
Cremos que o formato de “Fórum” ou “Oficinas” é o mais apropriado.
Trata-se de criar um espaço para compartilhar todas as experiências
recolhidas e torná-las do conhecimento de todos.
Passo 5 – Feedback. Após a socialização das informações e resul-
tados da pesquisa-estudo ao grande grupo, reservar um momento
para colher os sentimentos, as opiniões e as experiências vivenciadas
por cada educando.

VI – ILUMINAÇÃO BÍBLICA
ATOS 2,41-47: TRAÇOS DE UMA COMUNIDADE FRATERNA

Ambientação e dinamização – Preparar um ambiente que facilite a


escuta, a meditação e a introspecção da iluminação bíblica e do mo-
mento orante. Esse é um momento de buscar inspiração e luzes no
texto bíblico para iluminar o caminho de busca de soluções para o pro-
blema da fome. O que a experiência dos primeiros cristãos tem a nos
ensinar? Para isso organize um espaço destacando a Bíblia juntamen-
te com uma vela acesa, flores ou folhagem e pãezinhos para ser com-
partilhados com o grupo. Ao redor da Bíblia, em círculo ou em formato
de “U”, todos poderão ficar sentados confortavelmente de forma
que facilmente poderão interagir entre seus pares. Uma músi-
ca instrumental poderá ajudar na concentração dos educandos,
além de propiciar um clima orante.
A proclamação da Palavra poderá ser feita por um dos par-
ticipantes, se possível, em forma de contação de história. Para
isso o texto deverá ser previamente preparado.
Professor(a): O ato de educar permeia praticamente todas as
nossas ações cotidianas a todo tempo, independentemente
do lugar em que estivermos. As nossas interações com outras
pessoas tanto do círculo familiar quanto na esfera social e esco-
lar, têm contribuições importantes na formação geral do nosso
caráter, no aprimoramento do conhecimento e na vivência de
valores salutares para a nossa maturidade enquanto seres hu-
manos em formação. O texto bíblico que ouviremos traz uma
pequena amostra do quanto a experiência de fé também tem
traços que ecoam na nossa rotina de vida. Esse é um momento
muito especial, preparemo-nos para acolher o que Deus quer
nos falar a respeito.

Proclamação...
Leitura do Livro dos Atos dos Apóstolos 2,41-47: “Os que acei-
taram as palavras dele se batizaram, e nesse dia umas três mil
pessoas se incorporaram. Eram assíduos em escutar os ensi-
namentos dos apóstolos, na solidariedade, na fração do pão e
nas orações. Diante dos prodígios e sinais que os apóstolos fa-
ziam, um sentido de reverência se apoderou de todos. Os fiéis
estavam todos unidos e possuíam tudo em comum; vendiam
bens e posses, e os repartiam segundo a necessidade de cada
um. Diariamente acorriam fielmente e unânimes ao templo;
em suas casas partiam o pão, compartilhavam a comida com
alegria e simplicidade sincera. Louvavam a Deus e todo o mun-
do os estimava. O Senhor ia incorporando à comunidade todos
os que iam se salvando”.
Para reflexão e aprofundamento ...

O texto é o chamado segundo resumo (At 1,12-14; 2,42-47; 4,32-


35; 5,11-16), síntese ou “retrato” das primeiras comunidades cris-
tãs. Trata-se de um estilo ideal de vida baseado em quatro pi-
lares que sustentavam a vida comum: unidos e perseverantes
na escuta dos ensinamentos dos apóstolos, na solidariedade, na
fração do pão e na oração.
É um modelo de vida comum que estava distante de tantas ou-
tras realidades de comunidades cristãs ou não, contemporâneas
do autor de Atos dos Apóstolos. Mas é uma amostra grátis da vida
cristã que aponta para o esforço comum, para a dedicação das pes-
soas em prol da justiça social com direitos iguais e que demonstra
a responsabilidade coletiva com o bem-estar de todos. Isso é resul-
tado de muito trabalho. Diz o texto que os cristãos eram perseve-
rantes no ensino dos apóstolos, isto é, havia uma disciplina cotidia-
na de escuta, compreensão e entendimento da Palavra de Deus.
Não havia necessitado entre eles, porque todos tinham consciên-
cia que os bens materiais deviam estar em vista de sanar as neces-
sidades prioritariamente dos despossuídos. A fonte que sustentava
os membros da comunidade advinha da oração e da espiritualida-
de que os movia em direção ao bem. Por fim, a alegria contagiante
tomava conta de todos. Quando há clima de bem querer, respeito
mútuo, justiça e direitos respeitados entre as pessoas, a felicidade
é a primeira expressão de realização.
Sem dúvida, o texto trata de um ideal de vida comunitária. Mas
não é um ideal simplesmente utópico, inacessível e inalcançável.
Sabemos pelos relatos dos escritos bíblicos, que as comunidades
cristãs também viviam em constante tensão e conflitos devido a
perseguição. Que entre os próprios membros nem todos eram
concordes às decisões comuns. Que em alguns o espírito egoísta
predominava a prática de vida. No entanto, havia um empenho
coletivo pelo êxito de todos.
Os pilares que sustentavam a vida comum da cristandade pri-
mitiva servem de inspiração para desenvolver ações solidárias na
defesa da resolução do problema da fome em nossas cidades.
Provoca-nos a unir os esforços conjuntos na busca de solução ur-
gente ao problema da fome; é uma solução coletiva, que deman-
da o envolvimento de todos.
Momento orante – Oração da
Campanha da Fraternidade 2023
(Antes de fazer a Oração da Campanha da Fraternidade,
o(a) educador(a) que conduz o momento de iluminação
da Palavra e o momento orante, poderá convidar o grupo
para rezar a Oração do Pai Nosso. Ao chegar na segunda
parte – “O pão nosso de cada dia...” – pedir aos partici-
pantes para expressarem suas intenções especialmente
por aquelas famílias e pessoas conhecidas que passam
necessidade de alimentação, vestuários e outras... Após o
Pai Nosso, então seguir com a Oração da Campanha da
Fraternidade).

Pai de bondade,
ao ver a multidão faminta,
vosso Filho encheu-se de compaixão,
abençoou, repartiu os cinco pães e dois peixes
e nos ensinou: “dai-lhes vós mesmos de comer”.
Confiantes na ação do Espírito Santo, vos pedimos:
inspirai-nos o sonho de um mundo novo,
de diálogo, justiça, igualdade e paz;
ajudai-nos a promover uma sociedade mais solidária,
sem fome, pobreza, violência e guerra;
livrai-nos do pecado da indiferença com a vida.
Que Maria, nossa mãe, interceda por nós
para acolhermos Jesus Cristo em cada pessoa,
sobretudo nos abandonados, esquecidos e famintos.
Amém.
VII – AÇÕES TRANSDISCIPLINARES
- Organizar visitas de campo a Projetos Sociais ou Instituições
Assistenciais que desenvolvam ações voltadas à solução dos pro-
blemas da fome. O objetivo dessa experiência é ampliar os conhe-
cimentos e apropriar-se de sua forma de organização social, vivên-
cia e interação com o público atendido e levantar as contribuições
para a resolução da fome.
- Propor aos estudantes a promoção e a organização de ações
solidárias pontuais de abrangência na comunidade local ou cam-
panhas de doação de alimentos e materiais de limpeza e higiene
para ser destinadas às populações e grupos humanos em situação
de fome extrema.
- Promover aulas de campo que contemplem o contato com
os produtores da agricultura familiar que fornecem a alimentação
básica à rede de supermercados e feiras de hortifruti da cidade. O
propósito é conhecer todos as etapas de cultivo, manejo e produção
de alimentos orgânicos e a relação das famílias com a natureza.
- Organizar ações de conscientização do consumo de ali-
mentos saudáveis no ambiente familiar e escolar, utilizando
as tecnologias de informação e outras ferramentas digi-
tais ao alcance dos estudantes.
VIII - DESAFIOS INTERDISCIPLINARES
Área de Linguagens –
Cada educando poderá ser desafiado a produzir e apresentar ao
grupo alguma curiosidade descoberta ao longo do desenvolvimen-
to do projeto. O(a) professor(a) regente terá a função de acompa-
nhar a escolha pessoal, decidida conjuntamente com os membros
do grupo, de forma que não haja repetição e, ao mesmo tempo,
contemple todas as áreas de conhecimento da BNCC. A proposta
é evocar a diversidade de conhecimentos produzidos na temática
em estudo – poderá ser retratado através da pintura (Artes), culiná-
ria (iguaria saudável não conhecida do grupo), poesia, música sobre
conscientização, vestimenta típica de moradores de rua, cenários e
situações em que vivem pessoas com fome...
Os(as) professores(as) regentes poderão motivar os educandos a
fazer a coleta de rótulos de alimentos industrializados, fazer a leitura
e socialização das informações sobre a origem, processos de indus-
trialização, prazos de validade, modos de consumo. Também pode-
rão desafiar as crianças para a construção de maquetes ilustrando
todo o processo desde o cultivo até a chegada ao consumidor final.

Área de Matemática –
Propor aos estudantes uma pesquisa de observação. Trata-se de
observar e registrar em uma planilha a quantidade de pessoas que
passam fome em sua cidade, em que região ou bairro se concen-
tram, como vivem e quem as ajudam. Após a coleta dos dados, em
sala de aula, com a participação de todos, propomos a criação de
mapa geográfico retratando a situação levantada. Também po-
derá ser ilustrada com fotos e outros elementos específicos. A
utilização de recursos digitais e tecnológicos enriquecem as
atividades desenvolvidas.
Área de Ciências da Natureza –
Sugerir aos educandos que investiguem quais doenças são causa-
das pela fome e desnutrição e quais componentes alimentares são
necessários para a manutenção de hábitos saudáveis. Socializar as
informações e iniciativas com o grande grupo.

Área de Ciências Humanas –


Realizar entrevistas com pessoas e profissionais da área de Nutrição
e Medicina, a fim de obter orientações e alternativas para evitar doen-
ças causadas pela ausência de consumo de alimentação saudável.

Área de Ensino Religioso –


Investigar quais as contribuições das religiões em favor da saú-
de alimentar. Aqui vale a pena acessar o site da Pastoral da Criança
(https://www.pastoraldacrianca.org.br/) para compreender as ações
promovidas pela organização em favor das mães lactantes e das
crianças na primeira infância em todo o Brasil. As escolas que estão
nas proximidades da cidade de Curitiba/PR, poderão promover en-
contros vivenciais junto à instituição, especialmente no Museu da
Vida (https://www.pastoraldacrianca.org.br/museudavida/).

IX – PROPOSTA DE CULMINÂNCIA
Promover e realizar uma grande Ação Solidária envolvendo toda
comunidade escolar para a arrecadar alimentos não perecíveis e
produtos de higiene e limpeza para ser destinada às pessoas em si-
tuação de vulnerabilidade social ou instituições que acolhem e cui-
dam de pessoas nessa situação.
Participar de Redes de Apoio ou ONGs que atuam em sua cida-
de na coleta e reaproveitamento de alimentos descartados em
supermercados, feiras de produtos coloniais, agricultura familiar
e outros centros de distribuição de gêneros alimentícios, e desti-
nam as coletas para a preparação de refeições disponibilizadas às
pessoas carentes.
Desenvolver projeto de conscientização voltado ao Consumo de
Alimentação Saudável no ambiente escolar e familiar, envolven-
do todos os estudantes, educadores e famílias vinculados à co-
munidade escolar.
PROJETO INTERDISCIPLINAR III
ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS (EFAF)

“A solução para a fome não está no dinheiro, mas na partilha”.


Ildo Bohn Gass

O COMBATE À FOME É RESPONSABILIDADE DE TODOS

“Como é possível que ainda haja, no nosso tempo, quem morra de fome,
quem esteja condenado ao analfabetismo, quem viva privado dos cuidados
médicos mais elementares, quem não tenha uma casa onde se abrigar?”
São João Paulo II
I – COMPETÊNCIAS GERAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA
(BNCC 2018, p. 9 e 10)

CG2 BNCC – Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à


abordagem própria das ciências, incluindo a investigação, a refle-
xão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade, para investigar
causas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver problemas
e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos conheci-
mentos das diferentes áreas.
CG10 BNCC – Agir pessoal e coletivamente com autonomia, res-
ponsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, tomando
decisões com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos,
sustentáveis e solidários.

II – COMPETÊNCIAS DO ENSINO FUNDAMENTAL


ANOS FINAIS, POR ÁREA DO CONHECIMENTO
2.1 Linguagens (Competência 4EF – BNCC 2018, p. 65):
“Utilizar diferentes linguagens para defender pontos de vista
que respeitem o outro e promovam os direitos humanos, a cons-
ciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito lo-
cal, regional e global, atuando criticamente frente a questões do
mundo contemporâneo”.

2.1.1 Componentes Curriculares: Língua Portugue-


sa, Língua Inglesa, Educação Física e Artes.
2.2 Matemática (Competência 7EF – BNCC 2018, p. 267): “De-
senvolver e/ou discutir projetos que abordem, sobretudo, ques-
tões de urgência social, com base em princípios éticos, demo-
cráticos, sustentáveis e solidários, valorizando a diversidade de
opiniões de indivíduos e de grupos sociais, sem preconcei-
tos de qualquer natureza”.
2.2.1 Componente Curricular: Matemática.
2.3 Ciências Humanas (Competência 6EF – BNCC 2018, p.
357): “Construir argumentos, com base nos conhecimentos das
Ciências Humanas, para negociar e defender ideias e opiniões
que respeitem e promovam os direitos humanos e a consciên-
cia socioambiental, exercitando a responsabilidade e o protago-
nismo voltados para o bem comum e a construção de uma so-
ciedade justa, democrática e inclusiva”.

2.3.1 Componente Curricular: Geografia e História.


2.4 Ciências da Natureza (Competência 8EF – BNCC 2018, p.
324): “Agir pessoal e coletivamente com respeito, autonomia,
responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, recor-
rendo aos conhecimentos das Ciências da Natureza para tomar
decisões frente a questões científico-tecnológicas e socioam-
bientais e a respeito da saúde individual e coletiva, com base em
princípios éticos, democráticos, sustentáveis e solidários”.

2.4.1 Componente Curricular: Ciências.


2.5 Ensino Religioso (Competência 3EF – BNCC 2018, p. 337):
“Reconhecer e cuidar de si, do outro, da coletividade e da natu-
reza, enquanto expressão de valor da vida”.
2.5.1 Componente Curricular: Ensino Religioso.
III – HABILIDADES DA BNCC, POR COMPONENTE CURRICULAR
Área de Linguagens
1. Língua Portuguesa (EF69LP13 – BNCC 20218, p. 145): “Engajar-se e contribuir com
a busca de conclusões comuns relativas a problemas, temas ou questões polêmicas de
interesse da turma e/ou de relevância social”.
2. Arte (EF69AR31 – BNCC 2018, p. 211): “Relacionar as práticas artísticas às diferentes
dimensões da vida social, cultural, política, histórica, econômica, estética e ética”.
3. Educação Física (EF67EF09 – BNCC 2018, p. 233): “Construir, coletivamente, pro-
cedimentos e normas de convívio que viabilizem a participação de todos na prática de
exercícios físicos, com o objetivo de promover a saúde”.
4. Língua Inglesa (EF09LI01 – BNCC 2018, p. 261): “Fazer uso da língua inglesa para
expor pontos de vista, argumentos e contra-argumentos, considerando o contexto e os
recursos linguísticos voltados para a eficácia da comunicação”.

Área De Matemática Área de ciências da natureza


1. Matemática (EF06MA33 – 1. Ciências (EF07CI09 – BNCC 2018, p.
BNCC 2018, p. 305): “Planejar e co- 347): “Interpretar as condições de saúde
letar dados de pesquisa referente da comunidade, cidade ou estado, com
a práticas sociais escolhidas pelos base na análise e comparação de indi-
alunos e fazer uso de planilhas ele- cadores de saúde (como taxa de morta-
trônicas para registro, representa- lidade infantil, cobertura de saneamento
básico e incidência de doenças de veicu-
ção e interpretação das informa-
lação hídrica, atmosférica entre outras) e
ções, em tabelas, vários tipos de
dos resultados de políticas públicas desti-
gráficos e texto”. nadas à saúde”.

Área De Ciências Humanas


1. Geografia (EF07GE06 – BNCC 2018, p. 387): “Discutir em que medida a pro-
dução, a circulação e o consumo de mercadorias provocam impactos ambientais,
assim como influem na distribuição de riquezas, em diferentes lugares”. Ou: (EF-
09GE13 – BNCC 2018, p. 393): “Analisar a importância da produção agropecuária na
sociedade urbano-industrial ante o problema da desigualdade mundial de acesso
aos recursos alimentares e à matéria-prima”.
2. História (EF09HI16 – BNCC 2018, p. 429): “Relacionar a Carta dos Direitos Hu-
manos ao processo de afirmação dos direitos fundamentais e de defesa da dignida-
de humana, valorizando as instituições voltadas para a defesa desses direitos e para
a identificação dos agentes responsáveis por sua violação”.

IV – VALORES Área De Ensino Religioso


6º Ano – Convivência 1. Ensino Religioso (EF07ER07 – BNCC
7º Ano – Resiliência 2018, p. 455): “Identificar e discutir o papel
das lideranças religiosas e seculares na defe-
8º Ano – Tolerância
sa e promoção dos direitos humanos”.
9º Ano – Empatia
V – DINAMIZAÇÃO E PROCESSOS
DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
INTRODUÇÃO

O Texto-Base da Campanha da Fraternidade 2023 oferece dados e


informações de contextualização da situação da fome no Brasil, lan-
ça luzes a partir da Palavra de Deus para iluminar nossas reflexões e
sugere ações para mudar essa triste realidade porque passam nos-
sos irmãos em situação de pobreza extrema.
O enfoque da abordagem envolvendo os educandos desse seg-
mento tem como ponto de partida justamente o que traz o Texto-
-Base. Evidentemente, sabemos que é um material de apoio im-
portante, porém não o único. Os estudantes devem ser instigados
e motivados a buscarem outras fontes, especialmente locais, que
trarão informações mais próximas da realidade da comunidade
escolar.
É proposital o envolvimento da equipe de coordenação e profes-
sores no acompanhamento de todas as etapas do Projeto Interdisci-
plinar, porque têm a missão de sensibilizar e motivar os educandos
a exercitarem o protagonismo, a criatividade e a cidadania em favor
daqueles que vivem em situação de vulnerabilidade social. Aliado a
isso, as proposições de intervenção social trazidas pelos estudantes,
devem ser apreciadas pela equipe e dados os devidos encaminha-
mentos para ter pleno sentido aos envolvidos.
Os resultados esperados ao final do projeto devem trazer contri-
buições didático-pedagógicas para o processo de ensino-aprendi-
zagem e experiências vivenciais fundamentais para a formação hu-
mana-cristã de todos os envolvidos.
SEQUÊNCIA DIDÁTICO-PEDAGÓGICA
Passo 1 – Propomos à coordenação e professores (as), envolven-
do os estudantes do Ensino Fundamental – Anos Finais (EFAF), que
organizem grupos de estudo no intuito de conhecer, investigar e
estudar a situação da fome no Estado e região onde a escola está
situada. Sugerimos utilizar o Texto-Base da Campanha da Frater-
nidade 2023 (n. 29-113) como subsídio inicial de estudo e pesquisa,
buscando dados e informações em outras fontes locais. Indepen-
dentemente da modalidade de ensino remoto ou híbrido adotado
no momento, o uso dos recursos tecnológicos é de suma impor-
tância, porque oferta aos estudantes o desenvolvimento de outras
habilidades além das que explicitamos na proposta do projeto.
Passo 2 – Com a mediação da equipe pedagógica e professo-
res, os educandos farão a escolha e a distribuição das temáticas
sugeridas ou outros enfoques temáticos à escolha dos envolvidos.
Segue nossa sugestão de organização a partir do Texto-Base da
Campanha da Fraternidade 2023:
6º Ano – As causas da fome no Brasil (Texto-Base, n. 29 a 58)
7º Ano – As consequências da fome (Texto-Base, n. 67 a 93)
8º Ano – Ações de combate à fome (Texto-Base, n. 94 a 113)
9º Ano – E nós, em que podemos contribuir? (Texto-Base, n. 157 a 171)
Passo 3 – Organizar um cronograma prevendo as principais eta-
pas do estudo, definindo prazos para a realização do estudo/pes-
quisa, levantamento de dados, análise e demais ações em prepa-
ração e realização da socialização.
Passo 4 – Os educandos, em seus referidos grupos, deverão con-
centrar suas pesquisas e estudos, buscando refletir sobre os aspec-
tos relevantes e as principais contribuições para elaborar propostas
de intervenção no ambiente escolar e na comunidade em geral.
Cada grupo deverá organizar a socialização das reflexões utilizan-
do-se de planilhas digitais, gráficos e outros recursos tecnológicos
à disposição.
Passo 5 - Cada grupo deverá sugerir uma proposta de interven-
ção social envolvendo a comunidade educativa.
Passo 6 – Após a conclusão do estudo e socialização das refle-
xões, em momento oportuno, abrir espaço para compartilhar os
sentimentos, percepções, vivências e lições tiradas do estudo.
VI – ILUMINAÇÃO BÍBLICA
MATEUS 14,13-22: “DAI-LHES VÓS MESMOS DE COMER!”

Ambientação e dinamização – Para esse momento de escu-


ta, reflexão e meditação da Palavra, pode-se organizar um am-
biente de forma que os participantes fiquem acomodados em
círculo e, ao centro e em destaque, dispor uma Bíblia, uma vela
acesa, folhagem ou flores e um pão integral para ser partilhado.
Alguém do grupo poderá preparar previamente o texto bíblico
e recontá-lo em forma de contação de história, interagindo com
os participantes. Uma música instrumental executada anterior à
proclamação, ajudará a criar um ambiente apropriado à escuta
da narrativa evangélica.
Proclamação...
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus
14,13-22: “Ao saber disso, Jesus partiu daí numa barca, sozinho,
para um lugar despovoado. Mas a multidão ficou sabendo disso
e o seguiu a pé desde os povoados. Jesus desembarcou e, ao
ver a grande multidão, sentiu compaixão e curou os enfermos.
Ao entardecer, os discípulos foram dizer-lhe: - O lugar é despo-
voado e a hora é avançada; despede as pessoas para que vão às
aldeias comprar alimento.
Jesus lhes respondeu: - Não precisam ir; dai-lhes vós de comer.
Responderam: - Aqui não temos mais que cinco pães e dois peixes.
Ele disse-lhes: - Trazei-os aqui.
Depois mandou a multidão sentar-se na grama, tomou os cin-
co pães e os dois peixes, levantou os olhos ao céu, deu graças e o
deu a seus discípulos; eles o deram às pessoas. Todos comeram,
ficaram satisfeitos, recolheram as sobras e encheram doze ces-
tos. Os que comeram eram cinco mil homens, sem contar mu-
lheres e crianças. Em seguida mandou que os discípulos
embarcassem e passassem à frente para a outra mar-
gem, enquanto ele despedia a multidão”.
Para o aprofundamento...
Qual é a intenção e interesse de Mateus ao relatar a partilha
dos pães e peixes? O que significa para nós hoje? Qual novida-
de em termos de proposta-mensagem o texto bíblico quer nos
ensinar? O que tem a ver com a proposta da Campanha da Fra-
ternidade 2023?
Refletindo atentamente sobre a narrativa, observamos que
se evidenciam duas propostas de solução para o problema da
fome das multidões. Uma apresentada pelos apóstolos que está
baseada no dinheiro: “despede as pessoas para que vão às al-
deias comprar alimento” (Mt 14,15). Certamente não é a solução
mais justa, porque nem todos tinham condições de comprar seu
próprio alimento; em meio à multidão há muita gente pobre e
enferma que espera pela compaixão e cura de Jesus. A outra, su-
gerida por Jesus, está em nossas mãos: “dai-lhes vós de comer”
(Mt 14,16); ao nosso alcance: “temos aqui cinco pães e dois peixes”
(Mt 14,17); sob nossa responsabilidade.
A solução não está em grandes e sofisticados projetos, mas em
uma nova forma de organização capaz de fazer uma distribuição
justa das riquezas produzidas pelo povo em uma nação. Confor-
me o Evangelho, essa nova forma é traduzida pelo milagre da par-
tilha: “Todos comeram, ficaram satisfeitos, recolheram as sobras e
encheram doze cestos. Os que comeram eram cinco mil homens,
sem contar mulheres e crianças” (Mt 14,20).
Conforme a abordagem do texto base da Campanha da Fra-
ternidade 2023, constatamos que há uma multidão de pessoas
que passam fome diariamente no Brasil. Por outro lado, tam-
bém sabemos que somos uma nação que produz alimentos
o suficiente para suprir toda as necessidades da população. O
que falta então? Conscientização de que todos somos respon-
sáveis para encontrar caminhos de resolução do problema da
fome por meio da redistribuição das riquezas produzidas pela
população, da oferta de oportunidades de emprego e por ou-
tras tantas formas de organização viável.
São esses apelos que Jesus lança à sociedade e às lide-
ranças de nosso tempo!
Partilha do pão...
Ao final da reflexão e meditação do texto bíblico, o(a) educador(a)
poderá dinamizar a partilha do pão entre todos os participantes da
seguinte forma:
1) solicitar a um casal de estudantes que tome e segure nas
mãos o pão, enquanto será feita a oração e bênção;
2) para a oração, o(a) professor(a) convida a todos para que es-
tendam as mãos sobre o pão e rezem juntos a oração do Pai Nosso
ou a Oração da Campanha da Fraternidade 2023;
3) Por fim, partilhe o pão entre todos.
(Enquanto partilha-se o pão, todos poderão escutar a execução
da música “Pão em todas as mesas, acessando o link: PÃO EM TO-
DAS AS MESAS (Zé Vicente) - YouTube. Na sequência, conclui-se o
momento com a Oração da Campanha da Fraternidade 2023).
Momento orante – Oração da
Campanha da Fraternidade 2023
Pai de bondade,
ao ver a multidão faminta,
vosso Filho encheu-se de compaixão,
abençoou, repartiu os cinco pães e dois peixes
e nos ensinou: “dai-lhes vós mesmos de comer”.
Confiantes na ação do Espírito Santo, vos pedimos:
inspirai-nos o sonho de um mundo novo,
de diálogo, justiça, igualdade e paz;
ajudai-nos a promover uma sociedade mais solidária,
sem fome, pobreza, violência e guerra;
livrai-nos do pecado da indiferença com a vida.
Que Maria, nossa mãe, interceda por nós
para acolhermos Jesus Cristo em cada pessoa,
sobretudo nos abandonados, esquecidos e famintos.
Amém.
VII - AÇÕES TRANSDISCIPLINARES
- Ação Solidária – Promover uma grande Campanha de Doa-
ção de alimentos não perecíveis e materiais de higiene e limpeza
para ser destinada a instituições assistenciais ou ONGs de acolhi-
mento e cuidado a estas populações em situação de vulnerabili-
dade social. Essa ação solidária deverá ser promovida e realizada
por todos os estudantes do Ensino Fundamental Anos Finais com
envolvimento de todas as famílias, a comunidade escolar e a socie-
dade em geral. É importante que os estudantes participem de to-
das as etapas – organização, formato, pontos de coletas, separação
dos alimentos e produtos de higiene e limpeza, preparação de kits,
escolha das instituições e logística de entrega dos donativos.
- Hortas Comunitárias – Com ajuda e consultoria de profissio-
nais da área de agronomia vinculados às famílias dos estudantes
ou outras instituições do ramo, em parceria com lideranças comu-
nitárias, agropecuárias, produtores de hortifruti e o poder público
municipal, promover oficinas práticas para criação e manutenção
de Hortas Comunitárias nos bairros e localidades mais carentes da
cidade. O objetivo principal é ofertar uma alternativa de alimenta-
ção saudável e gratuita a essa população vulnerável.

VIII - DESAFIOS INTERDISCIPLINARES


Área de Linguagens –
Os estudantes, com supervisão dos(as) professores(as) da área de
conhecimento, poderão produzir e gravar Podcasts, criar blogs, ali-
mentar o Site da escola com notícias e textos formativos, entre ou-
tras iniciativas dos grupos, sobre a temática da fome e o consumo
de alimentos saudáveis com o objetivo de divulgar informações e
outras demandas de interesse da comunidade escolar e social.
Poderão criar Mapas Sociais para divulgar à comunidade escolar
onde estão concentradas as populações locais de pessoas em si-
tuação de vulnerabilidade social por causa da fome e desnutrição.
Área de Matemática –
Propor aos estudantes a elaboração, organização e aplicação de
uma pesquisa com próprios educandos do segmento do Ensino
Fundamental Anos Finais sobre o consumo de alimentos saudá-
veis no ambiente escolar e familiar. Com acompanhamento e su-
pervisão dos(as) professores(as) da área de conhecimento, organi-
zar todos os passos necessários à aplicação da pesquisa: elaboração
das principais questões, público-alvo, formato de aplicação, uso de
instrumentos e recursos tecnológicos apropriados, coleta de dados,
análise e socialização das informações coletas...

Área de Ciências da Natureza –


Propor aos estudantes a criação ou organização de um Manual
de Alimentação Saudável e Consumo Sustentável a partir dos estu-
dos e pesquisas realizadas ao longo do projeto. O propósito é evitar
o consumo de alimentos que tragam risco à saúde dos adolescen-
tes e jovens, indicando alternativas de alimentação saudável e sa-
borosa nessa fase de vida.

Área de Ciências Humanas –


Realizar visitas a instituições de acolhimento e cuidado de pes-
soas em vulnerabilidade social por causa da fome e desnutrição
no intuito de saber quais necessidades mais urgentes e de que
forma a comunidade escolar poderá ajudá-las.

Área de Ensino Religioso –


A partir do estudo e pesquisa da temática ou das experiências
e vivências realizadas em contato com pessoas que passam fome,
refletir sobre os tipos de crenças essas pessoas ainda alimentam e
os sinais de esperança que as mantém vivas.
IX – PROPOSTA DE CULMINÂNCIA

Promover e realizar uma grande Ação Solidária envolvendo


toda comunidade escolar para a arrecadar alimentos não perecí-
veis e produtos de higiene e limpeza para ser destinada às pesso-
as em situação de vulnerabilidade social ou instituições que aco-
lhem e cuidam de pessoas nessa situação.
Participar de Redes de Apoio ou ONGs que atuam em sua cida-
de na coleta e reaproveitamento de alimentos descartados em
supermercados, feiras de produtos coloniais, agricultura familiar
e outros centros de distribuição de gêneros alimentícios, e des-
tinam as coletas para a preparação de refeições disponibilizadas
às pessoas carentes.
Desenvolver projeto de conscientização voltado ao Consumo de
Alimentação Saudável no ambiente escolar e familiar, envolvendo
todos os estudantes, educadores e famílias vinculados à comuni-
dade escolar.
PROJETO TRANSDISCIPLINAR IV
ENSINO MÉDIO

“Não há democracia com a fome,


não há desenvolvimento com a pobreza,
e muito menos, justiça com desigualdade”.
Papa Francisco

NUTRIÇÃO E SEGURANÇA ALIMENTAR: PROPOSTAS


DE COMBATE À FOME

I – COMPETÊNCIAS GERAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA


(BNCC 2018, p. 9 e 10)
CG2 BNCC – Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abor-
dagem própria das ciências, incluindo a investigação, a reflexão, a
análise crítica, a imaginação e a criatividade, para investigar cau-
sas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver problemas e
criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos conhecimen-
tos das diferentes áreas.
CG10 BNCC – Agir pessoal e coletivamente com autonomia, res-
ponsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, tomando
decisões com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos,
sustentáveis e solidários.
II – COMPETÊNCIAS DO ENSINO MÉDIO, POR ÁREA DO
CONHECIMENTO

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias (C2, BNCC 2018, p. 490):


Compreender os processos identitários, conflitos e relações de po-
der que permeiam as práticas sociais de linguagem, respeitando as
diversidades e a pluralidade de ideias e posições, e atuar socialmen-
te com base em princípios e valores assentados na democracia, na
igualdade e nos Direitos Humanos, exercitando o autoconhecimen-
to, a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação,
e combatendo preconceitos de qualquer natureza.

Matemática e suas Tecnologias (C2, BNCC, 2018, p. 531):


Propor ou participar de ações para investigar desafios do mundo
contemporâneo e tomar decisões éticas e socialmente
responsá-veis, com base na análise de problemas sociais, como os
voltados a situações de saúde, sustentabilidade, das implicações
da tecnolo-gia no mundo do trabalho, entre outros, mobilizando e
articulando conceitos, procedimentos e linguagens próprios da
Matemática.

Ciências da Natureza e suas Tecnologias (C3, BNCC 20218, p. 553):


Analisar situações-problema e avaliar aplicações do
conhecimen-to científico e tecnológico e suas implicações no
mundo, utilizan-do procedimentos e linguagens próprios das
Ciências da Natureza, para propor soluções que considerem
demandas locais, regionais e/ou globais, e comunicar suas
descobertas e conclusões a públicos variados, em diversos
contextos e por meio de diferentes mídias e tecnologias digitais
de informação e comunicação (TDIC).

Ciências Humanas e Sociais Aplicadas (C5, BNCC 2018, p. 570):


Identificar e combater as diversas formas de injustiça,
preconcei-to e violência, adotando princípios éticos, democráticos,
inclusivos e solidários, e respeitando os Direitos Humanos.

Projeto de Vida e Empreendedorismo (C6 das Competên-


cias Gerais da BNCC 2018, p. 9) –
Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e
apro-priar-se de conhecimentos e experiências que lhe
possibilitem en-tender as relações próprias do mundo do trabalho
e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu
projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e
responsabilidade.
III – HABILIDADES POR ÁREA DO CONHECIMENTO

Linguagens, Código e suas tecnologias (EM13LGG303,


BNCC 2018, p. 485):
‘Debater questões polêmicas de relevância social, analisando di-
ferentes argumentos e opiniões manifestados, para negociar e sus-
tentar posições, formular propostas, e intervir e tomar decisões de-
mocraticamente sustentadas, que levem em conta o bem comum
e os Direitos Humanos, a consciência socioambiental e o consumo
responsável em âmbito local, regional e global’.

Matemática e suas Tecnologias (EM13MAT202, BNCC


2018, p. 526):
‘Planejar e executar pesquisa amostral usando dados coletados
ou de diferentes fontes sobre questões relevantes atuais, incluindo
ou não, apoio de recursos tecnológicos, e comunicar os resultados
por meio de relatório contendo gráficos e interpretação das medi-
das de tendência central e das de dispersão’.

Ciências da Natureza e suas tecnologias (EM13CNT310,


BNCC 2018, p. 560):
“Investigar e analisar os efeitos de programas de infraestrutura e
demais serviços básicos (saneamento, energia elétrica, transporte,
telecomunicações, cobertura vacinal, atendimento primário à saú-
de e produção de alimentos, entre outros) e identificar necessida-
des locais e/ou regionais em relação a esses serviços, a fim de avaliar
e/ou promover ações que contribuam para a melhoria na qualidade
de vida e nas condições de saúde da população”.

Ciências Humanas e Sociais Aplicadas (EM13CHS403,


BNCC 2018, p. 576):
“Caracterizar e analisar os impactos das transformações tecnoló-
gicas nas relações sociais e de trabalho próprias da contemporanei-
dade, promovendo ações voltadas à superação das desigualdades
sociais, da opressão e da violação dos Direitos Humanos”.

IV – VALORES
1ª Série – Responsabilidades
2ª Série – Protagonismo
3ª Série – Empreendedorismo
V – DINAMIZAÇÃO E PROCESSOS
DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
INTRODUÇÃO

A temática da Campanha da Fraternidade 2023 sobre a Fome


traz uma profunda reflexão voltada à situação brasileira – prin-
cipais grupos humanos atingidos pelo flagelo, as principais
causas e consequências, as iniciativas de organizações e insti-
tuições no combate à fome e outras contribuições da socieda-
de em geral. Essas reflexões contribuem para uma consciência
global da problemática e apontam alguns itinerários provoca-
tivos de engajamento juvenil.
Por esta razão, é oportuno oferecer aos adolescentes e jovens
estudantes do Novo Ensino Médio um ambiente escolar atrati-
vo, desafiante e com o rosto das juventudes. Um espaço apro-
priado e saudável que favoreça o desenvolvimento de suas po-
tencialidades, suas competências e suas habilidades com suas
linguagens próprias e seus anseios, respondendo às aspirações
e intencionalidades que o projeto propõe.
O objetivo é provocar nos adolescentes e nos jovens um “sair
de suas rotinas” e um deixar-se desafiar para propor alternativas
de resolução do problema da fome, especialmente em que
as juventudes estejam envolvidas. Mas não só: o pro-
blema da fome atinge as famílias, especialmente
crianças e idosos.
SEQUÊNCIA DIDÁTICO-PEDAGÓGICA
SEMINÁRIO – TODOS CONTRA A FOME: AS CAUSAS, AS
SOLUÇÕES E OS DESAFIOS PARA ACABAR COM A FOME

Propomos aos estudantes e professores do Novo Ensino Médio e


comunidade educativa, que organizem pesquisas, estudos, refle-
xões, debates e ações concretas para a resolução dos problemas
da fome, especialmente na cidade e região onde está localizada
a escola. Uma das sugestões de dinamização aqui descrita é em
formato de seminário, com grupos de estudos, mesas redondas,
reunindo lideranças e estudiosos do assunto, socialização das ex-
periências e o levantamento de propostas de intervenção social
para sanar o problema.
Como ponto de partida para a construção das reflexões, sugeri-
mos a leitura, estudo e análise do Relatório do II Inquérito Nacional
sobre a Segurança Alimentar no Contexto da Pandemia de Covid-19
no Brasil, da Rede PENSSAN , e os dados registrados no Texto-Ba-
se da Campanha da Fraternidade 2023. A partir dessas primeiras
fontes de leitura e pesquisa, todos devem ser provocados a buscar
outras tantas fontes complementares que corroborem para uma
reflexão robusta e completa da temática em pauta.
A socialização e o compartilhamento de todas as informações
coletadas, poderá seguir um roteiro organizado conforme suges-
tão descrita abaixo ou outros caminhos à escolha dos envolvidos.
Desenvolvimento:
Passo 1 – Em conjunto, a equipe de coordenação pedagógica,
os(as) professores (as) e os estudantes do Novo Ensino Médio, pode-
rão escolher e distribuir entre as turmas, anos/séries ou em grupos
menores, a critério dos envolvidos, as temáticas propostas ou ou-
tras específicas de interesse dos estudantes a serem incluídas e/ou
substituídas; designar um ou mais professor(es) para acompanhar
e mediar os estudos de cada grupo; e cada grupo deverá escolher
um de seus membros ou um casal de estudantes que terão a in-
cumbência de coordenar todas as atividades no decorrer do pro-
cesso de preparação, organização e realização do seminário.
Passo 2 – Todos deverão organizar um cronograma com prazos de-
finidos para cada etapa de preparação, organização e realização do
seminário. Dentro do cronograma, definir uma data de culminância,
isto é, dia e horário de realização do seminário em si, possibilitando
um tempo hábil para a garantir a presença e participação de espe-
cialistas nos assuntos escolhidos.
Passo 3 – Em comum acordo, fazer a escolha e a distribuição das
temáticas entre os grupos previamente definidos. Organizar a pes-
quisa, levantamento e análise de dados estatísticos a partir das fon-
tes sugeridas em cada assunto e outras tantas que os educandos
descobrirem ou sugeridas pelos professores(as) orientadores(as).
Toda a pesquisa deve ser realizada extraclasse, fora da sala de aula.
Grupo de Estudo 1 – As causas da fome em sua cidade ou região
Grupo de Estudo 2 – Os rostos e as vozes de quem passa fome
Grupo de Estudo 3 – Iniciativas e ações em favor da Segurança Alimentar
Grupo de Estudo 4 – Quem produz alimentos e o destino da produção
Grupo de Estudo 5 – Escola: espaço de promoção de uma alimen-
tação saudável e sustentável
Grupo de Estudo 6 – E nós, o que faremos? Em que colaboraremos?
Passo 4 – Cada grupo deverá organizar uma síntese dos principais
elementos relevantes da pesquisa sobre a abordagem específica para
ser socializada no dia do seminário, especialmente centrado na pers-
pectiva de contribuição para a ampliação do diálogo e do encontro no
ambiente onde vivem. Também deverá escolher uma forma didático-
-pedagógica de apresentação ao grande grupo utilizando a criativida-
de e aplicando as ferramentas e recursos digitais e novas tecnologias.
Passo 5 – A equipe de professores motivará os estudantes, aguçan-
do a criatividade e a curiosidade, para que no decorrer da pesqui-
sa e estudo os estudantes possam criar ou recriar uma ação
de repercussão e intervenção social no ambiente escolar e/
ou na sociedade em geral. Esta tarefa poderá ser cons-
truída por todos os membros do grupo, em duplas
ou de outra forma à escolha livre dos estudantes.
Fará parte dos desafios interdisciplinares.
Passo 6 – Sugestão de programação para o dia do seminário:
1) Momento de acolhida, recepção de todos os convidados e Mo-
mento Orante contemplando a oração da CF 2023 (escolher um
grupo de estudantes para dinamizar);
2) Reservar espaço para a equipe de coordenação do seminário
contextualizar o desenvolvimento da pesquisa e estudo, socializar
as etapas do evento e outras orientações necessárias;
3) Momento de socialização dos resultados pesquisados e dados/
informações analisados;
4) Espaço para cada especialista fazer sua exposição em relação à
temática;
5) Espaço para questionamentos, opiniões e esclarecimentos;
6) Momento dos agradecimentos e encerramento do seminário; e
7) Gesto Concreto – o grande grupo poderá eleger um compro-
misso a ser assumido por todos no sentido de colaborar para a pro-
moção da segurança alimentar.
Passo 7 – Posteriormente a realização do seminário, em momento
oportuno, o(s) professor(es) orientador(es) poderá(ão) conduzir(em)
um momento de avaliação, partilha das vivências e lições de vida
que os estudantes abstraíram da experiência.
VI – ILUMINAÇÃO BÍBLICA
MATEUS 25,31-45: RESPONSABILIDADE E COMPRO-
MISSO SOCIAL COM O BEM-ESTAR DE TODOS

Ambientação e dinamização – O momento da escuta da Pala-


vra seguido do momento orante é um espaço de introspecção e
meditação em que todos são convidados a vivenciar. Para tanto,
faz-se necessário escolher um ambiente em que os participantes
estejam sentados confortavelmente e dispostos em círculo, facili-
tando a interação e participação em todas as etapas da vivência. É
importante organizar a Bíblia, uma vela acesa, um pão ou pães ou
alguns alimentos e outras simbologias familiares ao grupo em lu-
gar de destaque. É necessário também que alguém do grupo pre-
pare previamente o texto bíblico para ser proclamado com clareza
e expressividade. O uso de música instrumental ajudará na concen-
tração dos participantes.
Proclamando a Palavra...
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus
25,31-45: “Quando chegar o Filho do Homem com majestade,
acompanhado de todos os seus anjos, sentar-se-á em seu trono
de glória e comparecerão diante dele todas as nações. Ele separa-
rá uns de outros, como um pastor separa suas ovelhas das cabras.
Colocará as ovelhas à sua direita e as cabras à sua esquerda. Então
o rei dirá aos da direita: Vinde, benditos de meu Pai, para herdar o
reino preparado para vós desde a criação do mundo. Porque tive
fome e me destes de comer, tive sede e me destes de beber, era
migrante e me acolhestes, estava nu e me vestistes, estava enfer-
mo e fostes ver-me. Os justos lhe responderão: Senhor, quando te
vimos faminto e te alimentamos, sedento e te demos de beber,
migrante e te acolhemos, nu e te vestimos; quando te vimos en-
fermo ou encarcerado e fomos visitar-te? O rei lhes responderá:
Eu vos asseguro: o que fizestes a estes meus irmãos menores, a
mim o fizestes. Depois dirá aos da esquerda: Afastai-vos de mim,
malditos, para o fogo eterno preparado para o Diabo e seus anjos.
Porque tive fome e não me destes de comer, tive sede e não me
destes de beber, era migrante e não me acolhestes, estava nu e
não me vestistes, estava enfermo e encarcerado e não me visitas-
tes. Eles replicarão: Senhor, quando te vimos faminto ou sedento,
migrante ou nu, enfermo ou encarcerado e não te socorremos?
Ele responderá: Eu vos asseguro: o que não fizestes a um destes
mais pequenos, não o fizestes a mim. Estes irão para o castigo
perpétuo, e os justos para vida perpétua”.
Interiorização... Em silêncio, acompanhar a música “Seu nome
é Jesus Cristo e passa fome” acessando o link Seu Nome é Jesus
Cristo e Passa Fome - YouTube.
Para reflexão e aprofundamento...
A narrativa do Evangelho nos descreve, numa linguagem sim-
bólica e apocalíptica, uma parábola para indicar a chegada defini-
tiva do Reino de Deus. Para Jesus, o Reino de Deus é justiça plena
e compromisso com a vida em sua integralidade. Trata-se de um
julgamento a ser realizado somente no final dos tempos à seme-
lhança de um pastor que separa as ovelhas dos cabritos ao final
do dia. Neste julgamento, Jesus fará a separação entre as pessoas
boas e as más, as justas e as injustas.
Observamos que os critérios apontados por Jesus a serem ava-
liados no julgamento final referem-se as ações de justiça e mise-
ricórdia praticadas pelo ser humano no decorrer de sua vida, es-
pecialmente para com aqueles mais necessitados e à margem da
esfera da dignidade de filhos de Deus; referem-se às relações mú-
tuas entre seus pares. Essas atitudes e práticas, segundo o texto
bíblico, têm dimensões transcendentes e são conhecidas e san-
cionadas por Deus.
Na verdade, trata-se da situação de convivência de todos no mun-
do. É uma realidade em que convivem pessoas de bem e aquelas
que nada fazem pela promoção do outro; pessoas preocupadas
com o bem comum e outras insensíveis à dor alheia; pessoas que
lutam e acreditam num mundo mais justo e fraterno e outras que
procuram destruir o que resta de garantias de direitos humanos,
preservação do meio ambiente e valores vividos por grupos so-
ciais, famílias e lideranças comunitárias.
Mas a essência desse Evangelho está centrada no amor ao próximo
e se endereça a todas as pessoas de bem, cristãs ou não. O critério de
justiça é a prática do bem e o cuidado com a vida de pessoas, a partir
de sua situação de vulnerabilidade e necessidade vital.
À luz da temática da Campanha da Fraternidade 2023, o rela-
to bíblico descreve um contexto de ausência de cuidado com
a vida fragilizada presente nos tempos de Jesus. Observamos
gente faminta e sem ter as mínimas condições de sobrevi-
vência; gente sem saneamento básico e sem acesso à água
potável; muitos migrantes em terra estrangeira sem atenção
e sem acolhida; gente maltrapilha e mendigando nas ruas e
estradas; muitas pessoas enfermas e sem atendimento mé-
dico, à espera da morte; e, por fim, muita gente encarcerada
e sem amparo da justiça humana. É justamente essa realida-
de que Jesus apresenta à humanidade no juízo final. Quando
questionado pelos justos a respeito dessas ações, Jesus res-
ponde categoricamente: “Eu vos asseguro: o que fizestes a
estes meus irmãos menores, a mim o fizestes”.
Em nossos dias, no contexto em que vivemos, temos outros
tantos grupos humanos que necessitam de ações conjuntas ur-
gentes e soluções duradouras. Há uma multidão crescente de
pessoas que passam fome diariamente nas periferias das gran-
des cidades e no campo. Pessoas sem condições mínimas de
sobrevivência e à margem do desenvolvimento econômico bra-
sileiro e desassistidas em todas as esferas do poder público. São
pessoas que necessitam de nossa solidariedade e ajuda mate-
rial para não morrerem à míngua.
Diante desse cenário podemos nos perguntar: Enquanto
estudantes e jovens, o que podemos fazer para, pelos me-
nos, amenizar a dor dessas pessoas? Como podemos nos
mobilizar para ajudar nossos próprios colegas e famí-
lias ligadas à escola? Pessoalmente, que ação farei
em prol das pessoas com fome?
Momento de Sensibilização e Oração
da Campanha da Fraternidade 2023
(Após a reflexão deixar uns instantes de silêncio para a me-
ditação, introspecção e oração. Como sensibilização, sugeri-
mos assistir e acompanhar, em silêncio, a música: “Quem
tem fome, tem pressa”, através do link https://www.youtube.
com/watch?v=cu-JBXjiwqY. Na sequência, o(a) professor(a)
ou um dos participantes poderá motivar a partilha do pão
entre os presentes à luz do texto bíblico, concluindo com a
oração do Pai Nosso e a Oração da CF 2023).
Pai de bondade,
ao ver a multidão faminta,
vosso Filho encheu-se de compaixão,
abençoou, repartiu os cinco pães e dois peixes
e nos ensinou: “dai-lhes vós mesmos de comer”.
Confiantes na ação do Espírito Santo, vos pedimos:
inspirai-nos o sonho de um mundo novo,
de diálogo, justiça, igualdade e paz;
ajudai-nos a promover uma sociedade mais solidária,
sem fome, pobreza, violência e guerra;
livrai-nos do pecado da indiferença com a vida.
Que Maria, nossa mãe, interceda por nós
para acolhermos Jesus Cristo em cada pessoa,
sobretudo nos abandonados, esquecidos e famintos.
Amém.
VII - AÇÕES TRANSDISCIPLINARES
• Propor aos estudantes a organização e realização de uma ação
viável a partir das proposições de melhorias sugeridas pela FAO.
O Quadro Estratégico da FAO 2022-2031 – Organização das Na-
ções Unidas para Alimentação e a Agricultura –, prevê quatro me-
lhorias, além de apoiar a Agenda 2030, através da transformação
para sistemas agroalimentares MAIS eficientes, inclusivos, resi-
lientes e sustentáveis, para alcançar uma melhor produção, me-
lhor nutrição, um melhor ambiente e uma vida melhor, incluindo
toda a vida humana e do planeta.
Em que consistem essas melhorias?
1) Melhor produção – Garantir padrões sustentáveis de consu-
mo e produção, por meio de cadeias de suprimentos agrícolas e ali-
mentares eficientes e inclusivas nos níveis local, regional e global,
garantindo a resiliência e a sustentabilidade dos sistemas agroali-
mentares sob condições climáticas e ambientais em mudança.
2) Melhor nutrição – Acabar com a fome, alcançar a segurança
alimentar e melhorar a nutrição em todas as suas formas, em par-
ticular promovendo alimentos nutritivos e aumentando o acesso
a dietas saudáveis.
3) Melhor ambiente – Proteger, restaurar e promover o uso
sustentável dos ecossistemas terrestres e marinhos e lutar contra
as alterações climáticas (redução, reutilização, reciclagem, ges-
tão de resíduos) através de sistemas agroalimentares mais efi-
cientes, inclusivos, resilientes e sustentáveis.
4) Uma vida melhor – Promover o crescimento econômico in-
clusivo, reduzindo as desigualdades (áreas urbanas e rurais, paí-
ses ricos e pobres, homens e mulheres).
• Ações pessoais: o que posso fazer?
o Partilhar do muito ou do pouco que se tem com aqueles
que mais necessitam;
o Praticar a partilha na família, na escola, no trabalho etc.;
o Questionar o próprio estilo de vida e de alimentação;
o Ser solidário(a) com os que passam fome aguda – jamais
renunciar à solidariedade;
o Colaborar nas campanhas de arrecadação de alimentos de
entidades sérias e transparentes;
o Abolir o desperdício de alimentos, estabelecendo práticas de
reaproveitamento saudável;
o Participar dos conselhos de direitos (humanos, da criança e do
adolescente, da juventude, da pessoa idosa, de saúde...);
o Praticar o voluntariado;
o Participar mais ativamente das discussões sociais de políti-
cas públicas;
o Tomar maior conhecimento e envolver-se nas iniciativas públicas
(governamentais ou não) de combate à pobreza em seu município.

VIII - DESAFIOS INTERDISCIPLINARES


Criação de Podcasts, Vídeos e Blogs – Incentivar os estudantes
a criar Podcasts, Vídeos, Blogs e outros, com conteúdos sobre Se-
gurança Alimentar por meio dos diferentes componentes cur-
riculares utilizando recursos tecnológicos e digitais em vista de
compartilhá-los entre seus pares e a comunidade educativa. Os
conteúdos digitais devem estabelecer conexão entre as áreas do
conhecimento, além de tornar a aprendizagem mais significativa
para o cotidiano dos estudantes.
Produção Científica – Promover atividades de produção científica,
tais como: artigos científicos, pesquisas, produções culturais entre
outras, visando o incentivo à autoria de produções em geral. A pro-
posta é organizar um espaço na nuvem – site, plataforma acadê-
mica, ambiente virtual – para que todos os estudantes, professores
e demais colaboradores da escola possam acessar seus escritos e
diferentes produções.
Mostra do Conhecimento – Promover anualmente com a colabo-
ração e envolvimento dos estudantes uma Feira ou Mostra do Co-
nhecimento para expor as novidades na área da criação e invenção
de projetos ou propostas de intervenção social sobre segurança ali-
mentar, visando a melhoria das condições de vida dos próprios es-
tudantes, da comunidade escolar ou da população em geral. O
uso das tecnologias é fundamental estar presente no processo
de desenvolvimento e aplicabilidade.
Campanha por uma alimentação saudável na escola: Organi-
zar um Grupo de Gestão composto por representantes de toda
a comunidade educativa com o objetivo de promover, organizar
e disseminar uma cultura de alimentação saudável na escola. O
Grupo terá a missão de acolher e viabilizar as sugestões de ações
advindas da comunidade educativa em favor do objetivo pro-
posto. Entre as ações que poderão contemplar o objetivo estão:
campanha de conscientização, ações de consumo de alimen-
tos saudáveis, confecção de cartazes, banners e outros meios
de conscientização nos vários ambientes e espaços da escola,
orientações aos serventes e prestadores de serviços das cantinas,
lanchonetes e restaurantes escolares, uso das redes sociais para
publicações de vídeos, podcasts e depoimentos, orientações às
famílias, orientação sobre a oferta de produtos saudáveis disponí-
veis nas empresas do ramo na cidade e região, visitas de estudos
a organizações, cooperativas e famílias produtoras de alimentos
sem uso de agrotóxicos...
Feira de produtos orgânicos e da agricultura familiar: Estimu-
lar os estudantes para viabilizar juntamente com as lideran-
ças comunitárias do setor e os responsáveis do Poder Público
Municipal, a organização de uma feira de produtos orgânicos,
hortifruti e da agricultura familiar para promover o consumo
de alimentos saudáveis e movimentar a economia local e
de subsistência das famílias envolvidas. Conjuntamente
com todos os envolvidos escolher um lugar apropria-
do e central para as instalações de infraestrutura
mínima necessária e viável ou vários locais de
forma itinerante e periódica.
IX - PROPOSTA DE CULMINÂNCIA
Promover e realizar uma grande Ação Solidária envolvendo toda
comunidade escolar para a arrecadar alimentos não perecíveis e
produtos de higiene e limpeza para ser destinada às pessoas em
situação de vulnerabilidade social ou instituições que acolhem e
cuidam de pessoas nessa situação.
Participar de Redes de Apoio ou ONGs que atuam em sua cida-
de na coleta e reaproveitamento de alimentos descartados em
supermercados, feiras de produtos coloniais, agricultura familiar
e outros centros de distribuição de gêneros alimentícios, e des-
tinam as coletas para a preparação de refeições disponibilizadas
às pessoas carentes.
Desenvolver projeto de conscientização voltado ao Consumo
de Alimentação Saudável no ambiente escolar e familiar, envol-
vendo todos os estudantes, educadores e famílias vinculados à
comunidade escolar.

“Nada é melhor para alguém do que comer e beber,


e exibir os frutos de seus trabalhos:
e vejo que isto vem da mão de Deus”
Ecl 2, 24

SUGESTÕES DE BIBLIOGRAFIA E SUBSÍDIOS DA CF 2023
I – Literatura da FTD
• BARBIERI, Stela; VILELA, Fernando. Como mudar o mundo? Ilustrações de Fer-
nando Vilela. 1ª ed. São Paulo: FTD, 2015.
• BRAZ, Júlio Emílio. Crianças na escuridão. 1ª ed. São Paulo: FTD, 2018.
• CARRARO, Fernando. Jovem = Atitude + Ação. 1ª ed. São Paulo: FTD,2012.
• CARRARO, Fernando. O ABC da Solidariedade. Ilustrações de Valentina Fraiz. 1ª
ed. São Paulo: FTD, 2019.
• CARRARO, Fernando. O catador de papel. Ilustrações de O Silva. 1ª ed. São Pau-
lo: FTD, 2018.
• CARRARO, Fernando. Quem ama compartilha. Ilustrações de Marcos Guilher-
me. 1ª ed. São Paulo: FTD, 2009.
• CARRARO, Fernando. Somos parte da mudança. Ilustrações de Thiago Lopes.
1ª ed. São Paulo: FTD, 2018.
• CARRARO, Fernando. Um mundo melhor para todos. Ilustrações de Mozart
Couto. 1ª ed. São Paulo: FTD, 2009.
• CARRASCOZA, João Anzanello. Caleidoscópio de vidas. Ilustrações de Adriano
Catenzaro. 1ª ed. São Paulo: FTD, 2019.
• CHALITA, Gabriel. Solidariedade e gratidão. Coleção Cidadania e Liberdade de
Escolha. 1ª ed. São Paulo: FTD, 2011.
• GEISLER, Luísa. A angústia das pequenas coisas ridículas. 1ª ed. São Paulo:
FTD, 2021.
• HUGO, Victor. Os miseráveis. Tradução, ilustração e adaptação Antonio Carlos
Viana. 1ª ed. São Paulo: 2013, FTD.
• LA PEÑA, Matt de. Última parada, rua do mercado. Ilustrações de Christian Ro-
binson. 1ª ed. São Paulo: FTD, 2018.
• SAVARY, Flávia. Vida, aqui vou eu! Ilustrações de Daniel Kondo. 1ª ed. São Paulo:
FTD, 2014.
II – Livros e textos sobre a Campanha da Fraternidade 2023
• CNBB. Texto-Base da Campanha da Fraternidade 2023. Brasília/DF: Edições
CNBB, 2022.
• FAO. Marco Estratégico da FAO para 2022-2031. In: https://www.fao.org/3/ne-
577es/ne577es.pdf. Acesso em: 13/08/2022.
• FAUSTINO, Jussara. Fome no Brasil. In: https://www.coladaweb.com/sociologia/
fome-no-brasil. Acesso em: 13/08/2022.
• IBGE. Insegurança alimentar grave atinge 10,3 milhões de brasileiros. In: https://
agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2020-09/ibge-inseguranca-alimentar-grave-
-atinge-103-milhoes-de-brasileiros. Acesso em 12/06/2022.
• IPEA. Pesquisa mostra agravamento da insegurança alimentar no país.
In: https://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=arti-
cle&id=38897. Acesso em 12/06/2022.
• LANCELOTTI, Padre Julio. Amor à maneira de Deus. Uma entrevista com o Pa-
dre Julio Lancelotti. In: https://www.vidapastoral.com.br/edicao/amor-a-maneira-de-
-deus-uma-entrevista-com-pe-julio-lancellotti/.
• MEC. Base Nacional Curricular Comum (BNCC 2018). In: http://basenacional-
comum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf. Acesso em:
02.05.2022.
• MEC. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (DCNEI 2010).
Resolução nº 05/2009, do CNE e CEB. In: http://www.seduc.ro.gov.br/portal/legisla-
cao/RESCNE005_2009.pdf. Acesso em: 02/05/2022.
• MINISTÉRIO DA SAÚDE. Guia Alimentação para a população brasileira. In:
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_alimentar_populacao_brasilei-
ra_2ed.pdf. Acesso em: 07/09/2022.
• MUNIZ, Flávia. Aventura no supermercado. Coleção Assim Assado. 1ª ed. São
Paulo: Quinteto, 2019.
• PAPA FRANCISCO. Mensagem para o Dia Mundial da Alimentação. In: ht-
tps://www.vatican.va/content/francesco/pt/messages/pont-messages/2020/docu-
ments/papa-francesco_20201016_videomessaggio-giornataalimentazione.html.
Acesso em: 13/08/2022.
• PAPA FRANCISCO. Mensagem sobre O Pacto Educativo Global. https://www.
vatican.va/content/f rancesco/pt/messages/pont-messages/2020/documents/
papa-francesco_20201015_videomessaggio-global-compact.html. Acesso em:
02/05/2022.
• PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA. Lei nº 11.346, de 15 de setembro de 2006. Cria
o Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional – SISAN com vistas em
assegurar o direito humano à alimentação adequada e dá outras providências.
In: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11346.htm. Acesso
em: 13/08/2022.
• Principais textos Bíblicos para estudos da Campanha da Fraternidade 2023:
A fome profetizada e a reação da comunidade cristã (At 11,27-30); A gratuidade do
reinado de Deus (Is 55,1-3); A prática das comunidades cristãs (At 2,42-46; 4,32); Ai
dos que se banqueteiam (Am 6,1-6); As diversas narrativas da multiplicação dos
pães nos sinóticos (Mc 6,31-44; 8,1-9; Mt 15,32-39; Lc 9,10-17); Jeremias e os dois ces-
tos de figo (Jr 24,9-10); O maná e as codornizes (Ex 16); O pão dos pobres (Eclo 34,25-
27); O primeiro relato da ceia eucarística (1Cor 11, 18-34); O profeta Elias e a viúva de
Sarepta (1Rs 8,8-18); O profeta Eliseu multiplica os pães (2Rs 4,42-44); O que não
fazer ao faminto (Eclo 4,1-6); O rico epulão e o pobre Lázaro (Lc 16,19-31); O sermão
escatológico (Mt 25,35-45); Oráculo sobre os maus pastores (Ez 34); Os verbos da
ação de Deus (Ex 3,7-14); Pai, dá-nos o pão de cada dia (Mt 6,9-13); Quando Abraão
alimenta os estrangeiros sua casa se torna fecunda (Gn 18,1-16); Se teu filho pede
um pão, tu darás uma pedra? (Mt 7,8-11); Todo o discurso do pão da vida no quarto
evangelho (Jo 6), especialmente o sinal dos pães (Jo 6,1-15).
• REDE BRASILEIRA DE PESQUISA EM SOBERANIA E SEGURANÇA ALIMEN-
TAR E NUTRICIONAL (PENSSAN). Fome avança no Brasil em 2022 e atinge 33,1 mi-
lhões de pessoas. In: https://pesquisassan.net.br/2o-inquerito-nacional-sobre-inse-
guranca-alimentar-no-contexto-da-pandemia-da-covid-19-no-brasil/. Acesso em:
12/06/2022.
• REDE PENSSAN. Relatório do II Inquérito Nacional sobre Insegurança Ali-
mentar no contexto da pandemia da Covid-19 no Brasil. In: https://olheparaafome.
com.br/wp-content/uploads/2022/06/Relatorio-II-VIGISAN-2022.pdf. Acesso em
12/06/2022.
II – Vídeos – CURTAS METRAGEM e MÚSICAS
• A fome no Brasil. Mapa da Fome, Insegurança Alimentar e Epidemia da
Fome. A fome no Brasil | Mapa da Fome, Insegurança Alimentar e Epidemia de
Fome - YouTube
• A fome que come. Curta Agroecologia || A fome que come - YouTube
• BBC NEWS. Como o Brasil que alimenta 1 bilhão no mundo tem 10 milhões
passando fome. Como o Brasil que alimenta 1 bilhão no mundo tem 10 milhões
passando fome - YouTube
• BÚSSULA PODCATS +. Movimento “Panela Cheia”: Todos contra a fome. In:
Podcast A+ | 55 – Movimento “Panela Cheia”: todos contra a fome • PODCAST A+
(spotify.com). Acesso em: 10/09/2022.
• CPPNAC. A agonia da fome. In: https://www.youtube.com/watch?v=YU3e-
QazpnlQ. Acesso em 04/06/2022.
• CPPNAC. A fome na periferia da Metrópole. In: https://www.youtube.com/
watch?v=p2-e9Dx___U. Acesso em 04/06/2022.
• CPPNAC. A fome no século XXI: A construção política da fome e as Relações
Internacionais. In: https://www.youtube.com/watch?v=KKmRC7OBeXQ&t=1093s.
Acesso em: 04/06/2022.
• CPPNAC. Como se mede a fome no Brasil e no Mundo. In: https://www.you-
tube.com/watch?v=-76_-Lo06L4. Acesso em 04/06/2022.
• ENTREABERTA PODCAST. Como efetivamente ajudar quem passa fome?.
In: Como efetivamente ajudar quem tem fome? • Entreaberta (spotify.com). Aces-
so em: 10/09/2022.
• FAO. Algodão: a fibra que une. Algodão: a fibra que une - YouTube.
• Fome e insegurança alimentar no Brasil. Fome e insegurança alimentar no
Brasil - YouTube
• HANSEN, Pe. Jean Poul. Campanha da Fraternidade 2023: abertura, tema
e objetivos. In: https://www.youtube.com/watch?v=em-OR8sYg7g. Acesso em:
13/08/2022.
• LESSA, Bráulio. A receita da fome. A receita da fome - YouTube. Acesso em:
12/10/2022.
• MINISTÉRIO DA CULTURA. Cultura do Desperdício. Por uma sociedade
mais consciente. https://www.youtube.com/watch?v=EDBEDtGH-8k. Acesso em:
19/09/2022.
• MORAES, Vinícius de. Poema: A rosa de Hiroshima, interpretação de Secos e
Molhados. In: https://www.youtube.com/watch?v=DwVc0G3IKU4).
• PETROBRAS. Comida que alimenta. Comida Que Alimenta - YouTube.
• PORTAL KAIRÓS. Campanha da Fraternidade 2023: primeiros estudos. In:
https://www.youtube.com/watch?v=sNnFVga2CgA. Acesso em: 13/08/2022.
• PRIOLI, Gabriela. O Brasil no Mapa da Fome. In: https://www.youtube.com/
watch?v=7dx3JYLl4Ls. Acesso em 04/06/2022.
• PRIORI, Gabriela. O Brasil no mapa da fome. O BRASIL NO MAPA DA FOME
- YouTube.
• Quem tem fome, tem pressa. https://www.youtube.com/watch?v=cu-JBX-
jiwqY. Acesso em: 27/08/2022.
• Quem tem fome, tem pressa. In: https://www.youtube.com/watch?v=cu-
-JBXjiwqY. Acesso em: 01/10/2022.
• TURRA, Fr. Luiz; SANTANA, José Acácio. “Dai-lhes vós mesmos de comer”. In:
https://www.letras.mus.br/catolicas/dai-lhes-vos-mesmos-de-comer/. Acesso em:
07/09/2022.

Você também pode gostar