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ESTRUTURA DA LINGUA PORTUGUESA JOAQUIM MATTOSO CAMARA JR. G27 /OZES v SONS VOCAIS ELEMENTARES E FONEMAS 12, A alvisto minima ma saranda erticulagle da lingua é a dot tors vocals elementares, que podem ser vogals ou eansoanen A Aivisgo vesulta de um process psguico da parte do quem fala € ‘quem uve, Na realidade fisien emisaio voeal & um continuo, como assinilam quer os aparelios acti er o€ aparelhos Ae registro artculatino, 36 se trata, pls, de uma peimelra ebstraglo Infutiva-do expiito humane em face da vealldede tale, Darante muito tempo, a lingistia, s0 contentou com essa primeira e nfo-aboreda divisio, cujo estado se chamou fonéica, ‘A portir das fins do sée. XIX," com o lingtista rasso Baudouln ite Courtenay (1815-1999), profesor suecerivamente x Univeral: “inde de Kuzan ¢ na Universidade de Sio Petersburg0 (sesundo nome da eidade no tempo dos ezares), © nos Drinepios do sé KX com o Tnghlsta franco-suleo Ferdinand de Soasrore (1859- 103, do quem j6 falames aqul, e ainda como lngaleta norte. famericano.Batward. Sapir (84-1950), a quem também ifs Feterimos, deunse main um paseo no seitide da abatragio Beasley criauee, ao ludo do som Woeul elementar, o eanoeto de fonema, fando e name prapaste por Badoui, Esse conceito parte do prinepio doutristle de que no sm cal elementar 0 que realmente interessa na eomniensio ling ea é um pequeno nimero de proprielades artiulatries © seuti- fens, ov tras ing. features) e nfo todo @ conjunto da emission Hinlea, Bases tragedies datintvos, sto" oe que servent para Aistinguir numa lingua dada une eons vocals elementares” dos ‘outros. Com isso, cada fonema, od sajn, can conjunto de certos ‘tacos dstintvos, opde entre al as formas da linzws, ave o Poe fem, em face de outras formas, que nae o possuem, ot posstem fm sau lugar outro fonema; por exemplo, em portuguts: al, cala, rls résla, vil; eo, eo (atzmanens), seco, oue0; pela, Dela, Imola, teas, dees, melas, sla, sola, Chelae (nome de um convent SqPortazad, gels, cela, vethas; volo, fale; emo, eno, endo (6 ‘énimo de ecarneiro>); assim por dante.” “%™ Oho ( Dai, detinigto do fooema, dada. por Jakobeon: can proprie- ites nieas concorrentem (ato & simultiness pases famane) ‘awe se usa uma dada lingua. para’ diag ore Dulas de simifieagio diferentes (Jakobvon 1965, 284; Seg ook isto dada em 198 coincide em set sentido eral cone se {een Bloomfllt, formula um ano mals tarde: aera 205, eeorrem ‘em eonjunto felxen, coma’ o einai stant Se zerelto em fater os rovimntois (enendanoe of. sarecanater)sprodutors de sam de tal maseia, que oe i tisk SOT LY tes pat A, ids on ptt ou forma da lingua por outra. Assim, em portugues, [sau] ¢ {oa,] & sempre 0 mesmo vocdbulo. Quando muita, condozird a ertos'e ‘onfustes de crtogratia, como no’ Rio de Jane fazem muitos alunos das noses escola, que escrevem sempre mow, Dara matt © para mal, poraue pronunelam sempre [aul 1a, alts, dois tipos muito diferentes de alofones. Um delet epende do ambiente Tanétieo em que © som voral se encontta, Dice uma assimilagio aoe traqae dot outzes tons contiguan oo lum afrouxamento ow mesmo mudanga de aticnlagiee em virtue ia posigio fraea em quo’ fonema se acha. (por exemple, nas Yorals portuguesas, a posicio.étons,”expecalinente mabe final), Beses alofones, ou variantea do fonema, «ao ites poste: ais. $4 outro tipo € oda variagdo lvre, quaoda ts falantes, da lingua diverge na artiulagée do mesma fonema uu mek falante muda a atticuagio conforme o registro em gue fila, SEO 8 slofones ou variantes livres, como sacade ein Portugués com 2 (/e/ forte,promunciado, como’ vimes, pela maiora dos, falter omo um som velar, oa uvular, ou meamo com uma mers vibeasso faringes, © por outros, em minora, como ma dental malpla (into 6, resuttante de-uma sézle de vibragiee da ponta a lingua Junto tos dentes superiors), Os alofones posicionais tém muita importincis para caracte- aur 0 conjunto de fonemas da lingua, Eles dio 0 oolaaue lea ‘ia nossa fala, distinguindo, por exermplo,o falar do Ri de faneie #0 de Sto Paulo, e, sé, do maneira ger, a promincia brasleiee & portaguess, Astim, no Rio de Jansio pronuneia'se /t/ @- 78) ante de /1/ tinico de uma manirs eacprada (dita africadar), fm contraste com a dental firme que aparece em Séo Paulo. Bt Portugal pronuncts-se /b/, /4/" /a/, entre vogsin de ume, ma ira efrouxan (uma freitira), que no caso do /0/ 0 aproximna Devigosamente do tonema /v/, ¢ /e/ atone final é enunclado com 4 lingua on eentzo da boca, apenas Tigerament clovada, donde ovulta um timbre especial, que em transcricio fonétien sc indies or um ¢ invertido. (el); 34, mo lo de Janel, se emive francamente im [1 Bntretanto, o grande problema de quem fala uma. Ungua fetrangeira nfo 6 tigor a ma repredasio dow alofone, mus 0 €2 ‘mites verdadeiros tragos dstntivos dos fonemat, sm inhat, fam sentir os tragos dstintivas dos fonemas mais ea menos seme, brasileiro & maneira de /t/ ou de /s/, que também existem como fonemas em inglés, de sorte yue x frase —— alt thins (uh del, ftadon) pode sour como siti tie» (cé uma lator), oa sit io eine (eum pecadon). Bassi por dante 4, A classiticagio dos tragos distntives pode ser felta por mais deum eritrio. la pode sor aedetien, bageada nas brags das fondas conoras do ar, quando ce fala Tambéan pode scr auditiva, fomando para eritetio 0 efeltn que_o. som entido.profuz no fuvido humano. © também pode ser atleulatria, quando os (rage ‘1 definom pelos mavimentos doe Gros fonadores quando s0 fla Como diterenca entre dlasaifieacto articulatdria ©. elassfieneho fauditiva temos, para as consoantes, a siponimia entre econsritl- ‘aso sfiicativasy, que a nossa Nomenclatura Gramatical Brasi- Isira ni enlendew, fazendo das fricativse tm dvs das com ‘witlas, Na vealdade, a conctriedo 6a aproximacko muito grande centre dois 6reaos fonadores, coma para port /f/ ¢ /¥/,, ero que & fatsala dealaria superior o lilo Inferior quaze se justam. A {eiegho, ou trio, & a improssfo qu essa emstrigio prod cm posso ouvido, 0 ome de veiilante eo de echantest, respecti- ‘amente, para /=/— /2/ @ /8/ (z em elzo) — /27/ (9m jae) ‘io também ima eassiflescSo auditva; artculatoviamente essto- ‘mam ser shunnados esses fonemas consritives alveclaes ¢ plats, Fespectivamente. Mosloramente, Roman Jakobson pés em voga uma elastin lo estenclalmonte de base aeéstica (Yakobaon ~~ Helle — Fant, aoa). Antet fzra oma remodeagio, da cawitleagso artieui > (isto 6,0 eatudo dos fonemas e, ti, dos ons vocals globalmente consigerndos), somo ert natura, fhatnou a si em seus primelras passos muita coisa tonic, inte ramente fondtia, muita cosa que se enguadra essoncialment ma ‘descr fontie, embora & Tay da fonologia deva ser pesada e fvalada.. ease dadose (Fondtoss) em de ser reulmante tra- taros de inaneire fonoligiea; & preciso no traxer simplesmente ‘para a fonologia'© material fonéico em seu estado eri, com pole (@ceace por aes dcr» (Jektbeon 1967, 16-17). Say ae ee ars See ene A grande diferonga entro o tratamento articulatérlo dos fo- nnemas le Jakobson e 0 da fonetiea tradicional € que ele Doe de prle m classtieagio palaw pontos de arielagéo ma bocn (labia, labiodentas, dentais,alveolares, pré-platas, médio-palatais, ver aves). Substtua pola elastificagto Daseula no formato da alsa ‘le seioondnela qe eam eases movimentos artiealativios so. erla bee, 7d uma caixa de ressonineia indivisn com a sada vottads ra fora (consorates labia, Zafocenow); onde. & lingua ni us. HES obtra ealea de ressonancia, também indivi, voltada bre dentro, com a elevagio da lingua po fundo dn boca (fone~ mas plsterotinguss, ou digamcs,posterones). Eh uma tence axa do vessonineia, divdida em duas parto:, com a olovagio da Tinga ne sentido. dos dents, do alvesion ou Go prt-paato (fone mas Aterosinguais, ou digamos, anteriores). Ble aplica_ esas Dposighes para a elasificugio fopligica da constantes (Jakob- im 1967, 656); mab a diviedo entzo suptoriores» eposterlores> ‘embi de refere as vols esta clawsifiegdo.aoticulsiria original de Jaksbson, que ubitamoe para 0 portuguts dade 1948 (Camas 1058) © vamos opetir agi. HA spenas para restalvar que om portuguds at ‘ngais_posteriores também so sarredondadas, isto & comple- tmentadss por um arvedoadsmento dos lies, « a anteriores io, fm relagio aoe Lblos, nfo arredondadas ou dlstonsas, 15, Restam duas observagies finals Um ex-diseipulo de Jakobson, intimamente ligido 2 escola Morrie Halle, imaginou 5 trages distntivas actsticos de Jskelom, abandonando a nogio de sfomema, camo s0!ha. ob fnfunto” de dadestragce_stintivos. “Nido vejo. vantage emt ‘eimpanhi-to nota fnovaeto que Chomsky” « seus eompanhelze ‘Motaram com entusiasmo (alle 1962; idem, 1064). ‘A siferenca entre evogtl» © eomsoantes,eriads pels fonética, continua em fonimica, cu fonologia, embora um tanto. atenuada (ate certo ponto reformulada, HA dois eritérios para estabelocor essa difevenca Um, mats fonstico. do que propriamente fondmlen, 6 conse. ror a vogil como um som, prodtsido pele resconincia buea, onde ft eorrente de at paso livemente, AD contri, ha consoante, hhgva passagem da corrente de a, seja uma oelislo, ou fechs mento, tala una eonstrigho, ou aport, sefa una cao parcial que desvia a dizegdo da corvente do ar, ou uma tremulegao da fd ‘ i | lingus que imprime uma vibragio & eoeronte do ar. Is 34 para ‘ag contoantes: 1) ordem de ccusivas (anditivamente,plsivas) 2) constitvas (audiivamente freatins) ; 3) asain com oclosto ‘ou Bs vazes constiezo na boea, mas reesonneia plea nas foeeae hisais vido ao abetxamento’ do tala, no fundo do wea pala- tino, © estabelecimento de comunicagio entre a boca e 0 nari; 44) laters, cam eclando num ponto do centro dx Tingun « desvio lateral da torrente do ar; 6) vibrantes, com a vibragio rapida ou prolongade da lingua, ou da Gvula, ou fieqHo favingea. ‘Takubeon yd af uma diviaio teipartide mais simples: 1) o trago do voaliamo, priprio dae vogais; I)" trago do conse. rantimo, que exvacteriaa as conenantes' oluavas, sonstitivas © Rasals; IH) 0 trago do vecslinmo ¢ consonantimo, simutinecs (Gonuntes), due abares, cimo eonssantee «guide, ae lateraie © ‘0 ibrantis. (Jakohaon' 1967, 12). 0 segundo ertério é o comportamento do fonema na unldado ‘superior da silaba, As vorais e as consoantes lquidas ou nastls, ‘mals raraments, podem figurar como centro da slabs, “AS con” ‘oantes fieam ein volta dense cero, como também pode suceder fom a nasls © a8 Tiguldas, sam um centro ou spice (V). Os elementne podem ser_prevecilios oa poevoclics, Se i ‘lemento posvocdlice, a silaba € truvada oa fochads. Se no @ hia allaba é livre ou aberta, "Em portuguls, 0 cat de aisha 6 sempre uma vogal. $6 ‘gumaa consoantas podem scr posvoelices. = prodominam Ge alto aa silabas lives eae ae travian,

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