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PSIQUIATRIA - Caderno Do Luiz König
PSIQUIATRIA - Caderno Do Luiz König
KÖNIG
Caderno de
Psiquiatria
Conteúdo
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Observações
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Mas na P2 da 76 houve questão em que a alternativa correta era a que o médico devia deixar para fazer
interpretações apenas no final da entrevista. Não concordo com isso, mas foi considerada a certa.
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Bibliografia:
Psicopatologia
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• Os sintomas incluem:
o Forma: estrutura básica que se manifesta plasticamente (ex.: ouvir
uma voz que os outros não ouvem)
o Conteúdo: aquilo que preenche e dá significado para a alteração
estrutural (ex.: o que a voz está dizendo)
• Desdobramentos dos temas relacionados ao debate sobre normalidade:
1. Psiquiatria e Psicologia legal ou forense
2. Epidemiologia dos transtornos mentais: pesquisa, epidemiologia pode
contribuir para o conceito de normalidade
3. Psiquiatria cultural e Etnopsiquiatria: pesquisa e debates; conceito de
normalidade impõe a análise sociocultural
4. Planejamento em saúde mental e políticas de saúde: estabelecer critérios
de normalidade, para verificar as demandas assistenciais
5. Orientação e capacitação profissional: para definição de capacidade e
adequação de um indivíduo para exercer atividades (ex.: operar
determinadas máquinas; conduzir veículos)
6. Prática clínica: capacidade de discriminar, no processo de avaliação clínica,
se o fenômeno é normal ou patológico, se faz parta de um momento
existencial do indivíduo ou se é francamente patológico
• Normal e patológico: critérios de normalidade
o Ausência de doença: definição negativa
o Idealista: o ideal é o supostamente “sadio”, mais “evoluído”
o Estatístico: norma e frequência, aplica-se a fenômenos quantitativos
o Bem-estar: A OMS definiu em 1946 a saúde como “completo bem-
estar físico, mental e social”. Conceito amplo e impreciso
o Funcional: aspectos funcionais e não quantitativos. Fenômeno é
patológico quando é disfuncional e produz sofrimento para o
indivíduo ou para o seu grupo social
o Como processo: consideram aspectos dinâmicos do
desenvolvimento. Útil na psicopatologia do desenvolvimento
o Subjetiva: ênfase à percepção do indivíduo em relação a seu estado
de saúde e vivências subjetivas
o Normalidade como liberdade: doença mental como perda da
liberdade existencial
o Operacional: critério arbitrário com finalidades pragmáticas
explícitas
• Praticamente todas as definições acima têm problemas em circunscrever um
critério aceitável de normalidade, sendo a melhor a funcional
• Nenhuma forma de conhecimento pode abrir mão de um parâmetro que
diferencie uma condição dita normal de suas variações, que podem inclusive
atingir um determinado nível que se considere patológico (pensar aqui não
num binário branco/ preto, mas num espectro de cor, que comporta
gradações)
• A patologia não cria novas funções, apenas amplia, atenua ou distorce funções
somáticas ou existentes (ex.: ver pessoas que não existem “amplia” a
capacidade de visão, que já existia)
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ALTERAÇÕES DA CONSCIÊNCIA
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ALTERAÇÕES DA ATENÇÃO
ALTERAÇÕES DA ORIENTAÇÃO
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ALTERAÇÕES DA MEMÓRIA
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ALTERAÇÕES DA SENSOPERCEPÇÃO
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Respectivamente: captar impressões que passam despercebidas e diminuição da sensibilidade aos
estímulos.
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Respectivamente: percepção visual de que os objetos são maiores e menores do que realmente são.
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ALTERAÇÕES DO HUMOR
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• Desejo: visa algo que busca sua satisfação. É móvel, moldado ou transformado
social e historicamente (ex.: ter o carro do ano; ser loira etc.)
• Necessidade: é fixa e inata, independentemente da cultura e da história
individual (ex.: de proteção; alimentar-se; amar e ser amado etc.)
• Inclinação: é a tendência a desejar, de gostar. Relacionada com a personalidade
do indivíduo, duradoura ou estável (ex.: uns gostam mais de atividades ao ar
livre; outros de ficar em casa; depende do estilo de cada um)
• Processo volitivo:
o Fase de intenção ou propósito: tendência básica do indivíduo –
inclinações e interesses
o Fase de deliberação: ponderação consciente
o Fase de decisão propriamente dita: momento do início da ação
o Fase de execução: ação para realizar o que foi decidido
• Alterações quantitativas:
o Abulia: ausência ou perda da vontade; pode até haver a vontade, mas
falta a energia necessária
o Hipobulia ou diminuição da energia volitiva: redução da vontade.
Associada à apatia, à fadiga, à dificuldade de decisão
o Negativismo: ação oposta à desejada ou esperada
o Obediência automática: ação inquestionada condizente com um
comando
• Atos impulsivos:
o Resposta rápida do comportamento, frente a um estímulo, sem
planejamento – o sujeito parte direto à execução, sem pensar
o Abole as fases de intenção, deliberação e decisão
o Não há preocupação com as consequências desses atos, intolerância à
frustração
o Impulso patológico
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ALTERAÇÕES DA PSICOMOTRICIDADE
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DISTÚRBIOS DO PENSAMENTO
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JULGAMENTO
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o De ciúmes ou infidelidade
o Erótico (erotomania): alguém importante, uma celebridade, está
apaixonado pela pessoa
o De ruína
o De culpa e auto-acusação
o Hipocondríaco
Bibliografia:
Desenvolvimento da personalidade
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• Finneas Gate foi a primeira pessoa a sobreviver com uma estaca de ferro
atravessando seu córtex cerebral, que com isso provocou uma mudança
importante de personalidade, ou seja, “quem ele era”. Isso prova que uma
mudança cerebral muda quem a pessoa é (porém um acontecimento não-
físico, como por exemplo uma separação indesejada, também pode mudar
“quem a pessoa é” – isso contraria um pouco o que o professor acredita; a
questão na real é que uma alteração no cérebro não é apenas causa das
alterações psíquicas, mas pode ser também uma consequência destas – esse é
exatamente o problema atual da pesquisa em neurociências: o que provocou o
quê – ex.: o hipocampo em deprimidos atrofia por causa da depressão ou é ele
que provoca a depressão por já ser atrofiado? Teríamos de fazer estudos
longitudinais por décadas e décadas, ou seja, pela vida inteira de uma amostra
bem grande de indivíduos para saber quais experiências ambientais e de vida
influenciaram mudanças na neuroimagem ou se alterações congênitas já
visíveis nestas induziram determinados comportamentos ou distúrbios ao
longo da vida)
• A personalidade diz respeito a nosso jeito, a como interagimos com o mundo e
com as pessoas. Evidencia as diferenças entre as pessoas
• John Locke propôs o modelo mecanicista, pelo qual pessoas são espécies de
máquinas que reagem a estímulos ambientais
• Máquina, nessa acepção, seria a soma de suas partes, se entendermos os
componentes, entendemos o todo. As pessoas pensam, mas também reagem a
estímulos ambientais. Elas seriam uma tabula rasa sobre a qual a sociedade se
inscreveria (ele quer dizer aqui que o bebê nasce “zerado” e tudo o que ele se
torna acontece a partir dos fatos da vida – na verdade é um modelo empirista,
baseado na experiência, mas como ele falou “mecanicista” é melhor usar na
prova o termo que ele usou em aula)
• Em oposição a Locke, Rousseau propôs o modelo organicista. Seríamos
organismos ativos em seu desenvolvimento, não apenas reagentes, mas
atuantes sobre o desenvolvimento (portanto ativos e não passivos). Esse
modelo supõe mudanças qualitativas contínuas
• Modelos teóricos de desenvolvimento: psicanalítico (emoções e impulsos
inconscientes); de aprendizagem (comportamento observável); cognitivo
(processos de pensamento); contextual (sócio-histórico); evolucionista/sócio
biológico (bases evolucionistas)
• Modelo psicanalítico:
o Impulsos biológicos: vida em sociedade
o Id: recém-nascidos – princípio do prazer
o Ego: razão – princípio da realidade – gratificar o id, sendo aceitável para
o superego (tenta fazer o “meio de campo” entre as exigências
irracionais do id e as imposições e o controle do superego)
o Superego: consciência e valores morais. Altamente exigente
o Observação (caso alguém resolva se aprofundar no assunto): as
traduções modernas abandonaram essa terminologia e usam “isso”,
“eu” e “supereu”
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O Prof. Raffael adora perguntar sobre a “teoria da mente” em prova. É realmente um conceito
importante. Consiste na habilidade de perceber que os outros têm sua própria vida mental, emocional etc.,
sendo capaz de colocar-se na perspectiva de outra pessoa e compreendê-la para acessá-la.
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Depressão
• Epidemiologia:
o A depressão ocupa a 11ª posição entre as doenças com maior índice de
morbidade e mortalidade no mundo pela OMS
o A prevalência de transtorno depressivo ao longo da vida é em torno de
15%, com tendência a aumentar
o Mulheres: 2 a 3 vezes mais comuns que em homens
o 2ª causa de absenteísmo pela OMS
• Visão do século XXI: base genética/molecular (protetora ou predisponente) →
celular → circuito neuronal → comportamento → meio:
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• Por isso, começa-se a entender que a depressão pode ser uma doença
inflamatória que se comunica com processos inflamatórios em todo o corpo
• O diagnóstico de TDM requer a presença daqueles sintomas previstos no DSM-
5 (ver tutorial sobre o assunto). O problema do DSM-5 é que a classificação se
dá “de cima para baixo” (é nosológica) e não “de baixo para cima” (etiológica,
isto é, explicativa do que causa a depressão)
• O luto por 2 meses como diferencial da TDM, previsto no DSM-IV, foi retirado
do DSM-5, daí por que, quando do seu lançamento, falou-se indevidamente
numa “psiquiatrização” do luto (o mesmo para a tristeza normal, todos nós
passamos por ela em algum momento sem configurar uma patologia!)
• Diferenças entre luto e depressão:
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• Hoje não se conta mais um prazo para o término do luto, mas sim olha-se para
os sintomas presentes a fim de se diferenciar um estado de outro
• Afetividade negativa / positiva (orientar-se pela ausência / presença de
sintomas):
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• São sinais de alerta para organicidade: início súbito e sintomas volitivos muito
predominantes (abulia) → pedir laboratórios, incluindo VHS e PCR
• Associação de depressão e ansiedade em doenças clínicas crônicas:
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Antidepressivos
CLASSES
• IMAO:
o Trinailcipromina: parnate 10 mg
o Dose usual: 10-60 mg
o Bloqueio irreversível da MAO-A e MAO-B
o Precauções:
▪ Dieta sem tiramina: alimentos embutidos (vina, salame etc.) e
envelhecidos (queijos, vinhos etc.)
▪ Interação: várias drogas do SNC
o Os efeitos adversos podem ser bem graves (arritmias, distúrbios
metabólicos etc.), às vezes fatais
• Tricíclicos:
o Inibem de maneira não seletiva a serotonina, a noradrenalina,
muscarínicos (M1), H1, alfa-1 e canais de sódio
o H1 → provoca sono e aumento de apetite
o M1 → constipação, visão borrada, boca seca, retenção urinária e
sonolência
o Alfa-1 → tontura, sonolência e alteração da pressão arterial
(principalmente hipotensão ortostática)
o Os 4 principais são: amitriptilina, nortriptilina, imipramina e
clomipramina (são muito parecidos entre si)
▪ Amitriptilina: único tricíclico disponível no SUS, faz bloqueio da
serotonina e noradrenalina. É o que apresenta mais efeitos
colinérgicos, muscarínicos e H1, sendo, portanto, o com mais
efeitos colaterais. Indicação também para cefaleia, enxaqueca e
fibromialgia. 75-300 mg
▪ Imipramina: tem menos bloqueio colinérgico (entre os ADTs, é o
que apresenta maior tolerabilidade). Usa-se também em
crianças com enurese
▪ Clomipramina: maior potência serotoninérgica. É quase um
ISRS. Funciona bem para depressão, ansiedade e é padrão-ouro
em TOC
▪ Nortriptilina: é o mais noradrenérgico dos tricíclicos. Para
sintomas ligados a energia, o bloqueio noradrenérgico é melhor
(combate abulia, hipobulia, fadiga etc.) e para potencializar o
efeito ISRS é uma boa opção (para uso associado); 50-150 mg
▪ Deve-se começar com uma dose pequena e alcançar a dose
mínima em alguns dias (ex.: começar amitriptilina com 25 mg e
após alguns dias chegar a 75 mg, que é a dose mínima)
▪ Para outras queixas, como cefaleia, pode-se utilizar dosagens
mais baixas, mas para depressão é necessário respeitar sempre a
dose mínima
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Lítio
• Encontrado in natura (não tem patente)
• Não se sabe ao certo o seu mecanismo de ação
• Disponibilizado em 300 mg (SUS) ou 450 mg
• Dose inicial: 600 mg para < 70 kg e 900 para > 70 kg
• Efeito adverso: nefrotoxicidade e faixa terapêutica estreita
• Cuidar com tireoide (compete com iodo, podendo induzir hipotireoidismo)
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Anticonvulsivantes
• Valproato: melhor que o lítio em mania disfórica (lítio melhor em mania
eufórica); mecanismo de ação sobre canais de cálcio e GABA; pode dosar assim
como o lítio, porém a faixa terapêutica não é tão estreita; o divalproato dá
menos efeitos adversos do que o valproato; apresentação 250 e 500;
metabolização hepática, podendo fazer hepatite grave (ao contrário do lítio,
que é renal). Bom para a fase maníaca (se usado em combinação com
lamotrigina, que é boa para a fase depressiva, diminuir doses, pois apesar de
ser uma boa combinação, um potencializa a dose do outro)
• Carbamazepina: o problema não é a eficácia, mas sim a interação
medicamentosa, pois acelera as vias hepáticas CYP3A4, 1A2, 2C19 (reduzir a
dose). ACOs também induzem as mesmas vias. Cuidado com interações,
especialmente em gestantes do 1º TRI (efeito teratogênico)
• Lamotrigina: melhor para a fase depressiva. Tem tolerabilidade razoável, mas
se chegar rapidamente na dosagem pode fazer Steven-Johnson (começar com
25 e aumentar devagar até chegar a 100)
• Topiramato: não é estabilizador de humor! É apenas adjuvante
Antipsicóticos
• Todos os antipsicóticos, sem exceção, agem na dopamina. Os típicos com
bloqueio de alta afinidade e atípicos com baixa afinidade; o aripiprazol faz um
agonismo parcial
• Típicos:
o Principais antipsicóticos: haloperidol (bloqueia a sinapse e só sai
quando é metabolizado) e clorpromazina (foi testado inicialmente
como antialérgico em pacientes psicóticos). Ambos disponíveis no SUS
• Atípicos:
o Bloqueio da dopamina: 4 vias no cérebro (mesocortical, mesolímbica,
tuberoinfundibular, estriatal), mas a que importa para os transtornos
psiquiátricos é a mesolímbica (sintomas positivos)
o Efeitos colaterais: parkinsonismo / movimento (nível nigroestriatal);
parte cognitiva e atenção (mesocortical); aumento da prolactina (nível
tuberoinfundibular)
o Efeitos extrapiramidais: tremor; acatisia (inquietude motora: andar sem
parar, “amassar barro”, movimento tronco-pendular; mais grave que a
discinesia); distonia aguda (espasmos), tremor, parkinsonismo
(bradicinesia, rigidez e tremores), discinesia tardia
o Principais:
▪ Olanzapina: se houver pressão da dopamina na sinapse, mesmo
se presente a olanzapina, esta é desligada do receptor,
permitindo que a dopamina aja e depois volte. Assim, evita o
efeito de parkinsonismo. Tem função no quadro bipolar, a dose
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CASO CLÍNICO:
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• Nessa conferência o Professor Renato não fez aula expositiva e apenas tirou
dúvidas dos alunos 5
• No DSM-5, o transtorno faz parte de uma categoria própria, mas até o DSM-IV
era visto dentro do transtorno de ansiedade
• O transtorno aparece como patológico, em geral, a partir do 3º mês após a
exposição. Mas com mais de 1 mês já dá para considerar. A reação muito
intensa é de stress agudo
• Não há prazo máximo para categorizar a doença: o prazo de permanência e até
de surgimento dos sintomas é indefinido
• Tempo de tratamento: enquanto os sintomas persistirem, especialmente o
comportamento de evitação. Quando a disfunção estabiliza (o paciente volta às
atividades normais, pode-se tirar o antidepressivo após 6 meses, por questão
de segurança)
• Hiperexcitação está presente como agitação, hipervigilância etc.
• Nos casos de maior incidência, como em mulheres, há várias teorias, como por
exemplo uma predisposição a lutar para proteger a prole e fatores hormonais
(na minha pós em TCC o professor falou do problema das “variáveis ocultas”
nos estudos correlacionais: no caso da incidência maior de TEPT, ansiedade e
depressão entre mulheres, costuma-se cruzar apenas gênero e presença do
sintoma como únicas variáveis, mas se esquece que a maior vulnerabilidade da
mulher a agressões e violência, como uma questão sociocultural, faz aumentar
o número de vítimas mulheres, aumentando consequentemente o número de
sintomas. Na PUC não ouvi isso, porém é a teoria que entendo mais aceitável,
pois o fator biológico, por si só, não deveria ser capaz de explicar totalmente a
maior predisposição do gênero feminino a essas doenças. O aspecto
sociocultural é relevantíssimo também)
• A fobia e o TEPT têm um elemento comum, que é o comportamento de
evitação
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Estudar bem os 4 grupos de critérios de TEPT no DSM-5. Foram objeto de questão discursiva na prova
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Pânico e
transtorno de ansiedade generalizada (TAG)
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TRANSTORNO DE PÂNICO
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FOBIA ESPECÍFICA
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12-14 anos); o tempo médio até o início do tratamento é de 7 anos; e 50% têm
início súbito, após algum evento estressante
• As comorbidades são muito comuns: depressão (2/3); fobia simples (22%);
ansiedade social (18%); transtorno alimentar (17%); dependência de álcool
(14%), pânico (12%) e Síndrome de Tourette (7%)
• Não há um tempo mínimo para diagnóstico
• Fatores biológicos: há desregulação da serotonina / noradrenalina;
neuroimunológica (infecção estreptocócica). As regiões cerebrais: cíngulo
anterior; córtex órbito-frontal e núcleo estriado (gânglio da base); familiares
têm 3-5 vezes mais chance de desenvolver TOC
• Fatores comportamentais: obsessões são estímulos condicionados; estímulos
neutros geram medo ou ansiedade e a compulsão vem como algo capaz de
reduzir a ansiedade, criando um padrão de aprendizagem. A compreensão
psicanalítica é que há um regresso à fase anal do desenvolvimento
• Fatores mau de prognóstico: ceder às compulsões; início na infância;
compulsões bizarras; necessidade de hospitalização; comorbidade com
transtorno depressivo; baixo insight; transtorno de personalidade
• Bom prognóstico: bom ajuste social e ocupacional; evento precipitante;
sintomas episódicos
• Cerca de 20-30% têm melhora; 40-50% melhora parcial e 20-30% sem resposta
• 75% dos pacientes respondem à associação de psicoterapia com
farmacoterapia
• Farmacoterapia: ISRS (altas doses) primeiro em monoterapia e depois com
associação; clomipramina (pode começar também com monoterapia) e
antipsicóticos
• TCC: exposição / habituação e reestruturação cognitiva
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TRANSTORNO DE ACUMULAÇÃO
TRICOTILOMAINA E ESCORIAÇÃO
INTRODUÇÃO
• No século XVIII, Philippe Pinel modificou o modo como a doença mental era
tratada e reorganizou as instituições asilares
• Mais tarde, no século XIX, os transtornos mentais foram impactados pelas
ideias da Psicanálise de Sigmund Freud, da Teoria da evolução de Charles
Darwin, da Epidemiologia, do surgimento das medicações, da evolução da
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A esse grupo dá-se o nome de sintomas positivos. Em contraste, os sintomas negativos referem-se a
funções que estão ausentes, como, por exemplo, o afeto embotado. Ver sua descrição mais adiante, no
item Esquizofrenia.
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▪ Grandioso
▪ De ciúme
▪ Persecutório
▪ Somático
▪ Misto
o Envolve:
▪ Prejuízos sociais, profissionais e conjugais
▪ Humor irritado e disfórico reativo
▪ Raiva e agressividade
o Sua prevalência é de cerca de 0,2% da população, com idade média de
início aos 40 anos
o É mais comum ocorrer após um evento estressor
o Como visto, o funcionamento global nesse transtorno mostra-se melhor
do que na esquizofrenia
o Indivíduos com o transtorno delirante têm alteração nos gânglios da
base e no sistema límbico
o Cerca de 50% dos pacientes se recuperam com acompanhamento a
longo prazo, 20% mostram diminuição dos sintomas e 30% não exibem
qualquer mudança
o São fatores de risco:
▪ Idade avançada
▪ Condição de imigrante
▪ História familiar
▪ Isolamento social
▪ Comportamento sensorial
o São fatores de melhor prognóstico:
▪ Altos níveis de adaptação funcional
▪ Sexo feminino
▪ Aparecimento antes dos 30 anos
▪ Duração curta
▪ Início súbito
o Uma forma particular de manifestação do transtorno delirante consiste
na chamada folie à deux (“loucura a dois”, em tradução livre) ou
transtorno psicótico compartilhado
▪ Segundo o DSM-5, trata-se de sintomas delirantes em parceiro
de indivíduo com transtorno delirante
▪ Consiste, assim, na transferência de delírios de uma pessoa para
outra
▪ O sentido da “contaminação” do delírio é do membro mais
influente da relação para o mais sugestionável
▪ Esse membro mais sugestionável apresenta características como
papel secundário na relação; menor inteligência; maior
ingenuidade; passividade; autoestima mais baixa
▪ Trata-se de transtorno raro, com etiologia familiar
o O tratamento do transtorno delirante comporta:
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• Transtorno esquizofreniforme:
o Apresenta os mesmos sintomas da esquizofrenia (ver adiante), porém a
duração deve ser entre 1 mês e no máximo 6 meses
o Pode ter especificador de bom prognóstico nas seguintes condições:
início de sintomas psicóticos proeminentes em 4 semanas da primeira
mudança percebida no comportamento ou no funcionamento habitual;
confusão ou perplexidade; bom funcionamento social e profissional pré-
mórbido; ausência de afeto embotado ou plano
ESQUIZOFRENIA
• DALY ou Disability-Adjusted Live Year é uma métrica utilizada pela ONU7 que
diz respeito ao tempo de prejuízo causado por conta de uma doença. Esse
tempo refere-se tanto àquele perdido em função da mortalidade em função da
doença (a diferença em anos entre a idade da morte prematura e a expectativa
de vida da população) quanto ao tempo em vida perdido em virtude da
morbidade, ou seja, das manifestações da doença que impedem o indivíduo de
viver plenamente
• As desordens psiquiátricas ocupam a terceira posição no ranking das
patologias de maior contribuição para com os DALYs globais e, entre aquelas, a
esquizofrenia aparece em quinto lugar, após o transtorno depressivo maior, os
transtornos ansiosos, os transtornos por uso de substâncias e do alcoolismo
• Doença causadora de prejuízo funcional importante a esquizofrenia foi
descrita, em artigo da revista Nature (1998) como a pior doença a afetar a
humanidade, mais do que a AIDS (tradução livre)
• Na Europa, menos de 20% dos pacientes estão empregados; atinge 20% dos
moradores de rua dos Estados Unidos; é mais fácil encontrar pessoas com o
diagnóstico em prisões do que em hospitais
• A recuperação sustentada é baixa: cerca de 15% em 25 anos
• Sua prevalência se dá sobre aproximadamente 1% da população, com ligeiro
predomínio na população masculina
• Metade dos homens e um terço das mulheres têm internação antes dos 25
anos de idade, sendo a idade de pico mais precoce nos homens
• As mulheres têm pico bimodal, na adolescência e entre os 45 até os 60-64 anos
de idade
• Ocorre uma alta estabilidade diagnóstica: 80%-90% o mantêm em 10 anos
• Historicamente, era inicialmente descrita como dementia praecox e
paraphrenia, tendo mais tarde Bleuler cunhado o termo esquizofrenia. Em
seguida, Kurt Schneider acrescentou novos conhecimentos à compreensão da
doença, seguindo-se o chamado Consenso de Washington e por fim ganhando
a doença seus contornos atuais a partir do DSM-III
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8 Glantz, L.A.; Lewis, D.A. Decreased dendritic spine density on prefrontal cortical pyramidal neurons in
schizophrenia. Arch Gen Psychiatry. 2000;57:65-73. Disponível em:
https://jamanetwork.com/journals/jamapsychiatry/fullarticle/481552. Acesso em: 18.jul.2019
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Receptor de glutamato e canal de íons em células nervosas
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TRATAMENTOS
ANTIPSICÓTICOS
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Caiu na P2 da 76.
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Ingestão de grande quantidade de álcool em um único episódio
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• Qualquer profissional de saúde pode usar esse teste, que é feito durante a
anamnese (não vamos dizer para o paciente “agora vamos aplicar o teste
CAGE”, vamos fazer essas perguntas naturalmente enquanto conversamos)
• Marcadores diagnósticos:
o Gama-GT: valores acima de 35 U no consumo intenso
o Transferrina deficiente em carboidrato (CDT): valores acima de 20 U nos
bebedores de 8 ou mais doses por dia
o VCM: valores acima de 88 fl
• Os 3 acima são os mais importantes e mais utilizados para mostrar para o
paciente e gravidade de seu quadro. Outros são:
o Teste de função hepática
o Lipídeos no sangue, ácido úrico etc.
o Hemograma
• Break-even da bebida: tabela em que se coloca quanto o indivíduo bebeu e as
horas. Essa tabela nos mostra o horário em que essa quantidade de álcool será
metabolizada e, consequentemente, o horário em que a alcoolemia estará
estabilizada
Drogas
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Drogas – tratamento
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nas aparências, mas sim perguntar diretamente ao paciente, por mais inviável
que pareça, sobre o uso de substâncias
• O “eye-opener” do CAGE (necessidade de beber de manhã) é um indicador
importante. Náusea em relação a ideia de tomar café da manhã e de escovar os
dentes é outro indício muito sugestivo de abuso do álcool. A mesma coisa para
o tremor em mãos
• Estágios para a mudança (de acordo com a abordagem em entrevista
motivacional): pré-ponderação, ponderação, determinação, ação, manutenção
e recaída
• No caso do tabagismo, há em média 5 a 7 recaídas até que o paciente
interrompa o uso permanentemente. No alcoolismo não há uma contabilização
oficial. As recaídas têm relação com os mecanismos de defesa acionados ao
longo das tentativas e a ideia é que cada recaída não é em si um fracasso, mas
uma nova lição aprendida que o fortalece e auxilia a enfrentar e até mesmo a
evitar as próximas situações de recaída
• Critérios de internamento:
▪ Intoxicados que não podem ser tratados em segurança no ambulatório
▪ Em risco de síndrome de abstinência
▪ Com comorbidade clínica
▪ História anterior de fracasso em tratamento ambulatorial
▪ Comportamento de risco ou de danos
▪ Intoxicação grave
▪ Abstinência grave
▪ Doenças clínicas
▪ Insucesso em tratamentos menos intensivos
▪ Comorbidade psiquiátrica
▪ Depressão com ideação suicida, psicose
▪ O uso em si é um risco para o paciente e para os outros
• Contexto do tratamento:
▪ Ambulatorial
▪ Residencial (internamento domiciliar, onde o paciente fica restrito a
uma área específica, como por exemplo o banheiro e o quarto) – nesse
caso o paciente é encaminhado a internamento institucional sob
qualquer descumprimento ao estabelecido para o seu tratamento
domiciliar
▪ Hospitalar
▪ CAPS AD
▪ Clínica especializada, comunidades terapêuticas (em geral religiosas)
▪ Hospital-dia
▪ Hospital clínico
• Tipos de internamento do ponto de vista legal:
▪ Internação voluntária
▪ Internação involuntária (mais crítica, em que o paciente é conduzido à
instituição contra a sua vontade; aplica-se aos casos que atendam
critérios de risco, com apoio de força policial especializada nesse tipo de
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Entrevista motivacional
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o Balança decisória
o Escalas de 1 a 10 (“De 1 a 10, qual a sua vontade de parar de fumar
hoje?”; indagar os motivos do paciente para dar essa nota)
o Criar um plano de mudança junto com o paciente:
▪ Os motivos mais importantes para a mudança são: ____
(discrepância)
▪ Minhas metas principais, ao fazer essa mudança, são: ____
(preferencialmente meta positiva)
▪ Planejo fazer essas coisas de modo a atingir meus objetivos:
• Plano de ação
• Quando
▪ Os primeiros passos que planejo dar para mudar são: ____
▪ Como outras pessoas poderiam me ajudar a mudar dessas
maneiras
▪ (Resuma um plano, adequado à meta, que reflita a decisão do
paciente)
o Reflexão de mudanças prévias
▪ Use exemplos de outras mudanças de comportamento na vida
do paciente: quanto tempo levou? O que fez dar certo/errado?
o Armadilhas
▪ Resistência: normalmente acontece quando o paciente é
colocado em um estágio para o qual não está pronto. A exceção
são casos extremos, em que pode ser feito internamento
involuntário
▪ Ambivalência: característica marcante em quase todos os
estágios, mesmo em abstêmios
▪ Assimetria com família: família co-dependente
• As intervenções são breves:
o 1 ou 2 sessões / consultas podem ser o suficiente para iniciar mudança
o Podem ter um resultado bom mesmo a longo prazo
o Na TCC, a gente costuma usar a técnica da entrevista motivacional
como um conjunto separado de sessões preliminares à terapia, para
que o paciente decida se quer ou não tratar determinado problema. Se
a escolha dele ao final dessas sessões for por se tratar, então iniciamos
o protocolo da TCC para tratar a demanda / patologia específica do
paciente (aí varia, são mais 12, 18, 20, 25 sessões, conforme o caso).
Outras abordagens que não a TCC também podem se utilizar da EM
como “prévias” ao início do processo psicoterapêutico propriamente
dito. Muitos profissionais trabalham só com a EM individualizadamente.
Em qualquer caso, a duração é quase sempre a mesma: mínimo 2 ou 3 e
no máximo 5 sessões
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Transtornos alimentares
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AN
• Critérios diagnósticos: (A) recusa em manter o peso ideal; (B) medo patológico
do ganho de peso; (C) alteração da percepção do peso e dos contornos
corporais)
• Sempre haverá restrição. A purgação (diuréticos, vômitos, exercícios
extenuantes) ocorre em alguns casos específicos
• Quadro clínico: amenorreia; caquexia; edema; hipotermia; baixa densidade
óssea; escoliose; alterações dermatológicas (cabelos e unhas secos e
quebradiços, pele seca e amarelada como na hipercarotenemia; lanugo em
costas, braços e pernas para evitar perda de calor; acrocianose; atrofia de
mamas); uso de roupas largas; irritabilidade; alterações CV (bradicardia,
hipotensão ortostática; ICC na realimentação; prolapso mitral, morte súbita por
QT prolongado e arritmias; ECG alterado)
• Complicações: alterações endócrinas (gonadais, tireoidianas, fatores de
crescimento, dislipidemia); hematológicas, CV, GI
BN
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COMPORTAMENTOS AN-BN
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TCAP OU BINGE-EATING
OUTROS DIAGNÓSTICOS
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Tratar pode ser um problema. Não tratar também. Portanto, deve-se avaliar o que se deve
fazer, afinal, as medicações chegam até o bebê. Mas é pior a medicação ou as
complicações da doença? Tudo deve ser conversado com a família da criança.
Lactação: a grande maioria das medicações são excretadas no leite, por terem baixo peso
molecular e alta lipossolubilidade (leite é gorduroso). Porém, a amamentação é MUITO
importante, até os 6 meses, seja para a proteção do bebê ou a relação mãe-filho. Traz
benefícios psicológicos para a mãe e o filho. A decisão pela não amamentação deve ser
feita entre a familia e o médico.
A concentração do fármaco na mãe é diferente do nível plasmático do leite. No leite, não
tem deposição, permanece e aumenta a hora que a mãe ingere a medicação. Ou seja, a
concentração aumenta quando a mãe toma a medicação.
A lipossolubilidade é importante. Quanto mais lipossolúvel, mais tem medicação no leite.
A ligação proteica, na forma livre, é a que passa para o leite. Ou seja, alta ligação proteica
são preferíveis para a mãe, porque passam menos para o leite, tem menos livre para o
leite.
Medicação ideal: peso molecular maior, menos lipossolúvel, meia vida mais curta e alta
concentração com proteína plasmática. Isso faz uma medicação mais segura.
Tempo de pós-parto: nos primeiros 4 dias de pós-parto há maior risco da transferência da
medicação – colostro, porque as células epiteliais tem maior abertura e vai mais
medicação para o bebê. Após esse período, os níveis de prolactina vão aumentar, diminui
a progesterona e diminui a passagem.
Função renal e hepática do RN: se for prematuro, tem mais risco de não conseguir
metabolizar as medicações. A maturidade hepática se dá a partir de 2 semanas a termo. A
filtração renal se iguala com 2 meses após o nascimento. As drogas são melhor toleradas
no bebe a termo que no prematuro.
Com relação ao aleitamento materno exclusivo, devemos avaliar a quantidade de leite
que o bebê está tomando. É difícil medir em ml, estima-se que em cada mamada tem
150ml/kg/dia. Ou seja, se o bebê mama exclusivo, recebe mais medicação pois recebe
mais leite.
A razão do leite/plasma é a razão do fármaco no leite materno.
As drogas mais novas são menos conhecidas e devemos calcular mais. As drogas mais
estudadas tem melhor relação do volume sérico e efeitos adversos. Não pode ser feito
estudo em gestantes e bebês, então usualmente é retrospectivo e observacional.
A decisão quanto ao uso do fármaco durante a gestação e lactação deve ser embasada no
conhecimento dos possíveis benefícios para a mãe e nas informações sobre os potenciais
riscos para o concepto.
Antidepressivos: A razão do impacto da medicação depende do remédio e das
características do paciente. A gravidez não protege a mulher da depressão e ansiedade, as
quais são fatores de risco de depressão pós-parto. São medicações bastante estudadas ao
longo do tempo e nenhuma manifestação clínica significativa foram percebidas. Os ISRS
são bons, mas a PAROXETINA NO PRIMEIRO TRI TEM RISCO! Deve-se, portanto,
evitar a paroxetina (segundo o Raffael). Os IMAO devem ser EVITADOS na gestação.
Para a lactação, notriptilina é o mais seguro nesse caso. Tricíclicos e venlafaxina tem
níveis baixos ou ausência de efeitos adversos. A fluoxetina faz sintomas adversos no
bebê, diminui a curva de crescimento. A mãe deve ficar observando, os nenês que mamam
mais tem mais risco de efeitos adversos.
Antipsicóticos: Tanto na gravidez quanto na lactação, são medicações que são utilizadas.
Tem que usar porque os riscos de estarem sem são maiores. São preferíveis os
antipsicóticos de alta potência (Haloperidol) apesar dos efeitos piramidais. Clozapina e
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Olanzapina podem aumentar a fertilidade. Os atípicos parecem ser mais seguros, com
baixo risco de malformação, abortamento e parto prematuro. São seguros e não provocam
essas alterações. Clozapina tem risco de agranulocitose.
Suponhamos que a paciente está usando uma substância que não se recomenda na
gravidez, eu devo tentar trocar o fármaco para um de maior segurança. Assim também
se ela quiser amamentar.
Benzodiazepínicos: Diazepam no primeiro tri é controverso. Não foi encontrada em
metanalise grandes malformações. Mas, em alguns casos, foram encontradas fendas
palatinas.
Síndrome do Floopy Baby: hipotonia muscular, baixo apgar, hipotermian, reflexo da
tosse e sucção e depressão neurológica. No 3º trimestre pode precipitar abstinência nos
RN. O bebe faz abstinência após o nascimento, porque ele recebeu o benzo intra-utero.
• Malformação congênita – Alprazolam, diazepam
• Risco de aborto – Alprazolam
Interrupção dos benzo ideal é de 1 a 2 meses antes da concepção, evita síndrome de
abstinência, deve permanecer sem até o final da gestação. Se tiver ataque de pânico, é
preferível imipramina a benzo.
Clordiazepóxido pode induzir a abstinência ao redor da 3ª e 4ª semana, pós parto.
Diazepam em doses altas no parto (30 a 40), faz hipotonia, letargia, dificuldade de sucção.
Oxazepam é mais seguro que Diazepam na pré-eclâmpsia.
Se não for possível evitar os benzo, Alprazolam e lorazepam tem meia vida mais curta,
preferíveis.
Lactação: fazem adição e abstinência pois passam pelo leite materno. Podem diminuir o
estado de alerta e alteram a regulação da temperatura. O Diazepam faz sedação, perda de
peso, depressão respiratória e abstinência nos RN. Clonazapam pode fazer apneia na
lactação.
Estabilizadores de humor: A exposição ao lítio no primeiro trimestre aumentaria o risco
de malformação cardíaca, principalmente anomalia de Ebstein. Mas esse aumento é de
0,005%, baixíssimo, e os riscos de ficar sem o lítio são piores. Deve-se manter o lítio.
Recomenda-se usar doses divididas e ou reduzidas, forma de liberação prolongada,
evitando-se a restrição de sódio e evitar a administração de diuréticos. Devo evitar a
diminuição do sódio, o qual diminuído leva ao aumento do lítio.
No TAB leve e moderado, avaliar se pode ficar sem o lítio para voltar depois. Se eu tenho
um TAB grave, considero o uso da medicação em toda a gestação. Devo fazer os US,
aminiocentese, ecocardiograma, etc. A gestação por si só diminui os niveis séricos de lítio
em cerca de 30 a 50%. Por perder liquido no intra parto, a concentração do lítio aumenta
também. Devo evitar AINES.
Caso haja decisão da retirada de lítio, fazer com cautela, atenção para suicídio.
Lactação: não é indicado!!! Esta contraindicado o lítio porque reduz o Clearance renal até
o 5º mês de idade, cerca de 40% da concentração do lítio materno passa para o leite, a
amamentação pode causar disfunção da tireoide, cianose, flacidez e alterações no ECG.
Anticonvulsivante: o pior é ácido valproico > fenitoína > carbamazepina. Associados a
defeitos no tubo neural do acido valproico e carba e fenitoina com fenda labial e defeito
cardíaco e urogenital. Deve-se suspender ao longo da gestação, tomar vitamina K no
primeiro trimestre. Monitorizar a parte morfológica, avaliar os riscos de malformação e
dosar alfafetoproteina para detecção precoce do defeito em tubo neural e amniocentese
para detectar a espinha bífida.
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• Critérios do DSM-5:
• O professor citou critérios que estão um pouco diferentes do DSM-5. Não sei se
são na verdade do DSM-IV ou se ele apenas adaptou
• Caso exemplo:
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“Sintomas físicos inexplicáveis do ponto de vista médico” (Sabrina Hauer – Turma 76).
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• Caso exemplo:
TRANSTORNO CONVERSIVO
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A. Um sintoma ou condiçã o mé dica (outro[a] que nã o um transtorno mental) está presente.
B. Fatores psicoló gicos ou comportamentais afetam de maneira adversa a condiçã o mé dica em uma
das seguintes maneiras:
1. Os fatores influenciaram o curso da condiçã o mé dica conforme demonstrado por uma
associaçã o temporal pró xima entre os fatores psicoló gicos e o desenvolvimento, a
exacerbaçã o ou a demora na recuperaçã o da condiçã o mé dica
2. Os fatores interferem no tratamento da condiçã o mé dica (p. ex., má adesã o)
3. Os fatores constituem riscos de saú de adicionais claros ao indivíduo
4. Os fatores influenciam a fisiopatologia subjacente, precipitando ou exacerbando sintomas
e demandando atençã o mé dica
C. Os fatores psicoló gicos e comportamentais do Crité rio B nã o sã o mais bem explicados por um
transtorno mental (p. ex., transtorno de pâ nico, transtorno depressivo maior, transtorno de es- tresse
pó s-traumá tico
Especificar a gravidade atual:
Leve: aumenta o risco médico (p. ex., adesão inconsistente ao tratamento anti-hipertensivo)
Moderada: agrava a condição médica subjacente (p. ex., ansiedade agravando a asma)
Extrema: resulta em risco grave potencialmente fatal (p. ex., ignora sintomas de IAM)
• Caso exemplo:
TRANSTORNO FACTÍCIO
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• Caso exemplo:
Transtornos de personalidade
Modelos de personalidade:
• Eysenck – modelo de 3 fatores. Para esse modelo, todas as pessoas tem esses 3
elementos. A interrelação entre eles forma o eu de cada um:
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Emergências psiquiátricas
PSICOSES
• São quadros ligados ou não a uma doença determinada, que contêm delírios,
alucinações, pensamentos e comportamentos desorganizados.
• O atendimento emergencial das psicoses precisa, inicialmente, distinguir as
primárias das secundárias:
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DELIRIUM
• Embora sintomas psicóticos não façam parte dos critérios diagnósticos acima,
eles podem ocorrer (e, inclusive, são comuns no quadro)
• Especificadores: agudo, persistente, hiperativo, hipoativo ou misto
• Tratamento: da causa-base; antipsicóticos para os sintomas positivos;
considerar retirar todas medicações sedativas e anticolinérgicas
o Farmacológico: bloqueio dopaminérgico por fármacos de alta afinidade;
evitar BDZ (mas em casos extremos podem ser administrados os de
meia-vida curta, como o midazolan); não mudam o prognóstico do
delirium.
o Medidas não farmacológicas: controle de estímulos sensoriais como
manter calendário e relógio no quarto, fotos da família ou presença de
familiares; tentar manter a pessoa o mais orientada possível;
treinamento de equipe (tolerância, dizer ao paciente o que será feito,
evitar contenções desnecessárias);
• Delirium tremens: mesmos critérios do delirium, porém junto com a
abstinência de álcool (tremor, agitação, alucinação – zoopsia, convulsão, febre,
taquicardia etc.). Além do álcool, também pode ocorrer em outros agentes
gabaérgicos.
o Tratamento: correção hidroeletrolítica; acido fólico e tiamina13. Uso de
BDZ: lorazepam, mas podem ser os demais BDZ de meia-vida longa,
preferencialmente VO; cuidar com tolerância cruzada (BDZ x álcool);
dose de manutenção: metade da dose de ataque. O objetivo do BDZ é
repor o GABA. Se EV, diluir em SF e instilar lentamente, pois se em bolus
pode fazer depressão respiratória
13
Em questão de prova da 76 que perguntava a opção farmacológica para intervenção em intoxicação
aguda por álcool, a resposta correta era tiamina!
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PACIENTE AGITADO
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• A duração máxima tem de ser de 2 horas. Mais que isso, a ideia é indicar nova
contenção, se necessidade
• Cuidar com a vigilância pela enfermagem, não deixando o paciente sozinho
(riscos: desafetos do paciente podem vir para tentar machucá-lo; depressão
respiratória; broncoaspiração)
• Regra geral:
TRANSTORNOS DE ANSIEDADE
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EVENTOS TRAUMÁTICOS
• O que não fazer: BDZ, pois altera o nível do cortisol endógeno e favorece que a
memória fique ainda mais na amígdala cerebral
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SINTOMAS PSICOSSOMÁTICOS
• Psicossomática:
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• Tipos de sintomas:
o Conversivo (sintoma neurológico, parestesia)
o Dissociativo (amnesia, despersonalização, desrealização)
o Factício (fato real inexistente, motivo inconsciente)
o Simulação (fato real inexistente, motivo consciente)
• Diferença entre crise epiléptica e crise conversiva (semiologia CNEP):
SUICÍDIO
• Falar sobre suicídio pode ser perigoso por fazer indução, modelagem de
métodos para efetivar a prática, influenciar pessoas predispostas. As mortes
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têm aumentado nos últimos anos por causa da falta de políticas para a área. Há
também poucos gastos com pesquisas médicas sobre o tema
• Não é fácil nem tranquilo atender pacientes com risco de suicídio
• Efeito Werther: é como ficou conhecida a onda de suicídios ocorrida na Europa
à época do lançamento do livro de Goethe, no século XVIII
• Efeito Papageno: consiste no inverso do efeito Werther. Baseado numa ópera
de Mozart, o personagem que ia tentar suicídio é salvo por pessoas que tentam
dissuadi-lo de executar a ideia
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• Estatísticas:
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• Philippe Pinel (1745 – 1826) e Jean-Étienne Dominique Esquirol (1772 – 1840): novo
paradigma sobre o tratamento de pessoas com transtorno mental. Separação dos
doentes mentais dos demais marginalizados, ruptura com a abordagem mais punitiva
então predominante e instituição de tratamento físico e de cunho moral
• Sigmund Freud (1856-1939): visão da loucura menos voltada ao corpo e sim à mente.
Seus conceitos de inconsciente, neurose e psicose foram difundidos nos hospitais
psiquiátricos
• A Psiquiatria do início do século XX: isolou os doentes mentais de suas famílias e da
sociedade, colocando-os em manicômios. Acreditava-se que tal isolamento era
necessário para a proteção dos doentes e da sociedade
• Período pós-II Guerra Mundial: movimento de transformação / abolição dos hospitais
psiquiátricos; era de crescimento econômico e de reconstrução social, com destaque
para os movimentos civis e maior tolerância e sensibilidade às diferenças e minorias
• Reforma psiquiátrica: questionamento da instituição asilar e da prática médica,
humanização da assistência com ênfase na reabilitação ativa em detrimento da
custódia e da segregação: mais participação, compromisso e inclusão em detrimento
do atendimento asilar, carcerário, que priorizava o isolamento
• Brasil, março de 1986: 8a Conferência Nacional da Saúde. Nova concepção de saúde,
feita com participação popular e expressa pela ideia de “direito do cidadão e dever do
Estado”. Princípios básicos: universalização do acesso à saúde, descentralização e
democratização, promoção de políticas de bem-estar social através do Estado e visão
da saúde como qualidade de vida
• Rio de Janeiro, junho de 1987: I Conferência Nacional de Saúde Mental. O Movimento
dos Trabalhadores de Saúde Mental (MTSM) revisa estratégias e repensa princípios.
Surge o primeiro movimento da luta antimanicomial, a partir do que as críticas à
117
Luiz König
Psiquiatria passam a ser dirigidas não mais à falência terapêutica mas ao conjunto das
questões sociais, tendo como fio condutor a exclusão e a cidadania
• Projeto de Lei n. 3.657/89 do deputado Paulo Delgado (1989): direitos dos doentes
mentais em relação ao tratamento e extinção progressiva dos manicômios públicos e
privados, a serem substituídos por serviços extra-hospitalares. Transformado na Lei n.
10.216, de 6 de abril de 2001, atualmente em vigor, que dispõe sobre a extinção
progressiva dos manicômios e sua substituição por novas modalidades de
atendimento como Hospitais-Dia (HDs), Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) e Lares
Protegidos14
• Modelos atuais de prática em saúde mental: asilar e psicossocial
o Modelo asilar: a instituição típica é o hospital psiquiátrico. O hospital continua
mantendo a ênfase nas determinações orgânicas dos problemas (doença) e na
terapêutica medicamentosa, com a crença no modelo curativo de
normatização do sujeito. Não há interconexão entre os profissionais da equipe
multidisciplinar. Trabalho é centrado na figura do médico e da medicação.
Demais profissionais secundários e auxiliares
o Modelo psicossocial: há inúmeros dispositivos institucionais extra-
hospitalares: Centros de Atenção Psicossociais (CAPS), Núcleos de Atenção
Psicossocial (NAPS), Hospitais Dia (HDs), Ambulatórios de Saúde Mental,
equipes multiprofissionais de saúde mental inseridas em centros de saúde e
Hospitais Gerais. Considera os fatores políticos e biopsicossocioculturais como
determinantes da loucura, atribuindo importância à existência do sujeito (com
suas subjetividades) e a sua participação no tratamento (em que se discute
autonomia do sujeito e cogestão do tratamento psiquiátrico). Acentuada
ênfase à reinserção social do indivíduo, especialmente na recuperação da
cidadania, investindo-se no trabalho com a família e com a comunidade
• Devido à insuficiência de recursos econômicos no Brasil, programas comunitários são
escassos, insatisfatórios, ineficientes e ineficazes
• Proposta da reforma psiquiátrica: objetiva uma nova ética, respeito às diferenças e
preservação da identidade e da cidadania. Visa também a participação ativa da
comunidade, dos familiares e dos profissionais no tratamento da doença mental. Parte
do pressuposto de que o indivíduo tem condições de conviver no seu meio social,
apesar da patologia, se estiver sendo acolhido por meios eficazes de tratamento, que
excluem o enclausuramento
• Tal luta reflete o anseio por uma sociedade baseada em novos valores e relações
sociais (familiares, comunitárias e de trabalho)
• Estigmatização e a discriminação às pessoas portadoras de transtornos mentais:
barreira a essa novo status, requerendo uma abordagem em diversos níveis,
abrangendo a educação dos profissionais e dos trabalhadores em saúde, o fechamento
das instituições psiquiátricas asilares que servem para preservar e reforçar o estigma,
a provisão de serviços de saúde mental na comunidade e a implementação de leis para
proteger os direitos dos doentes
• O combate ao estigma também requer campanhas de informação pública para educar
e informar a comunidade sobre a natureza, o grau e o impacto dos transtornos
mentais, a fim de dissipar mitos e incentivar atitudes e comportamentos mais positivos
14
Na P2 da 76 caiu uma questão sobre o assunto. A falsa era a que dizia que essa Lei visava reduzir os
custos do tratamento.
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• Critérios de hiperatividade-impulsividade:
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O número de critérios de acordo com a idade foi objeto de questão de prova da 76.
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Psicoterapias
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