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Cape Falls 06 - Love My Pain

Bem-vindo a Cape Falls, uma cidade com valores antiquados.

Edward Banner é tão fora de sua profundidade, e ele sabe


disso. Apaixonar-se por uma garçonete que é mais jovem do que
ele é uma coisa. Apaixonar-se por uma mulher que se magoa? Isso
é outra coisa. Ele não entende isso. Mas não suporta ver isso
acontecer, e não há como voltar atrás.

Isabel Benson não viveu uma grande vida. Abandonada por


seus pais desde tenra idade, foi ela quem criou sua irmãzinha.
Quando as pressões da vida aumentaram, ela encontrou uma
solução para passar pelo que acontecia, a única coisa que poderia
usar para se controlar, se cortar. Isso é só dela. Seu pequeno
segredo, até que Edward a pegue.

Ele quer que Isabel pare, mas ela não sabe se pode. Não há
maneira fácil de ajudá-la. Mas ele não vai embora como muitas
pessoas em sua vida. Ele não deixará de amá-la e nem de ampará-
la.

Isabel pode encontrar a força para ver que não precisa mais
se machucar?

Edward permanecerá fiel à sua palavra e ficará ao lado dela?

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Ela fez isso novamente, embora ele tivesse ordenado que não se
machucasse. Edward Banner agarrou a parte de trás do seu pescoço
enquanto caminhava para fora da sua própria masmorra pessoal.
Estava tão louco que podia sentir o gosto. Ele foi ao Control, o clube
para dominantes que era de propriedade do seu amigo, William.
Edward era necessário lá e agora estava muito chateado. Se não
precisasse estar em outro lugar, Isabel não teria se machucado.

Porra!

Saindo apressado da sua masmorra, passou pela cozinha e


continuou andando. Ele pensou que poderia lidar com isso, mas não
podia. Ele tinha em primeiro lugar, a intenção de leva-la para seu
quarto. Entretanto, viu tudo o que poderia ajudá-la a se machucar. Não
queria que ela se machucasse. Em vez de jogá-la no quarto, a
acorrentou, mantendo suas mãos presas acima da cabeça para que não
pudesse se tocar.

Edward conheceu Isabel Benson há um ano, quando trabalhava


como garçonete em um restaurante. Durante esse tempo, descobriu
que ela se automutilava, se cortando. No começo, não assumiu cada
parte da sua vida. Ela só estava morando com ele nos últimos dois
meses, desde que Sophie foi para a faculdade. Não queria que Isabel
vivesse sozinha. Ele se lembrava da primeira vez que a viu e acreditou
que era a mulher mais linda que já conhecera. Um dia, a encontrou se

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cortando. Ela parecia uma viciada em drogas recebendo sua próxima
dose, só que tirava sangue do seu corpo. Edward acreditava que
poderia ajudá-la. Agora não tinha tanta certeza. Como poderia ajudar
alguém que claramente tinha alguns problemas muito sérios? Que tipo
de pessoa se corta? Tentou levá-la para conversar com um médico, mas
ela não aceitou. Ele queria que fosse ao aconselhamento, mas ela disse
que não. Não havia como forçá-la, mesmo que quisesse.

Esfregando seus olhos, parou e simplesmente ficou de pé. Ficou


fora por meia hora e quando chegou em casa, ela havia adicionado
outra linha em sua coxa.

— Eu sinto muito — ela disse.

Ela não estava arrependida. Se lamentasse, não teria feito isso.

Depois que a trouxe para casa e passou cada segundo disponível


com ela, pensou que havia ajudado. Só que realmente não ajudou. Na
primeira vez que se ausentou, Isabel usou a faca. Isso não ajudava
ninguém, nem um pouco.

Saindo da sua casa, sentou-se nos degraus sabendo que naquele


exato momento ele estava fodido. Isabel estava acorrentada na porra
da masmorra. Sua coxa estava sangrando e ele teria que cuidar dela,
mas agora estava com muita raiva. Um Dom nunca se aproximava da
sua mulher quando estava com raiva.

Não que Isabel fosse sua mulher. Não. Estava apenas ajudando-
a. Nada estava acontecendo entre eles e nunca aconteceria.

— Você não está nada bem.

Edward olhou para cima para ver Ryan, um dos Dons do clube,
vindo em sua direção. Ryan era uma pessoa regular de Cape Falls e,
uma vez que a cidade tentara fazer uma mudança, Ryan se assumiu

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como um homem dominante. Agora trabalhava no Control e se
divorciou da mulher com quem foi forçado a se casar e odiar.

Cape Falls não era uma cidade muito boa. Era um lugar antigo
com valores antiquados. Até um ano atrás, eles acreditavam que os
casamentos deveriam ser arranjados e que o lugar de uma mulher era
dentro de casa. Foi preciso terem descoberto sobre uma gangue que
havia cometido estupros contra as mulheres, para que a cidade
finalmente percebesse a verdade. Gabriel, o xerife da cidade, os forçou
a enxergar a verdade, mostrando as evidências. Desde então, a cidade
estava tentando se corrigir, para finalmente entrar no século vinte e
um.

Edward era da Inglaterra e para ele foi como voltar no tempo


enquanto estava na cidade que agora amava. Bem, não amava. Seus
amigos estavam aqui, inclusive Ryan.

— O que você está fazendo aqui? — Edward perguntou.

— Você deixou isso no clube. Não estou ajudando nenhuma


pequena sub esta noite, então pensei em vir e dar-lhe isso. Pegue. —
Ryan estendeu seu celular e ele pegou.

— Obrigado.

— Não tem problema. — Ryan sentou-se ao seu lado. — O que


está acontecendo?

— Não está acontecendo nada comigo. — Edward riu alto. — Essa


é uma mentira do caralho. — Ele olhou para Ryan. Conheceu esse
homem no ano passado e confiava nele. — Você consegue guardar um
segredo?

— Claro que sim.

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— Você conhece Isabel Benson.

— A garçonete fofa, claro. Eu a conheço. Ela é uma garota doce,


por quê?

— Atualmente, está acorrentada na minha masmorra. Ela se


machuca, Ryan.

Ele observou como Ryan ficou tenso.

— Se machuca?

— Se corta. — Edward se levantou. — Porra, pensei que poderia


ajudá-la e não estou ajudando em nada. Ela está presa porque já não
sabia o que fazer. — Ele voltou para casa e foi em direção à masmorra.

Ryan o seguiu, fechando as portas.

— Você não deveria simplesmente deixá-la sozinha. Você já lidou


com uma autoflageladora antes? — Ryan perguntou.

— Não. Claramente, duvido que alguém dissesse para prender


uma autoflageladora. E você?

— Não, mas você precisa ter cuidado aqui. Acorrentá-la não


resolverá a razão pela qual ela faz isso. Talvez ela goste de dor? Ou é
outra coisa? — Ryan perguntou.

— Eu não sei.

— Você está cuidando dela e não descobriu por que está fazendo
isso?

Edward olhou para ele.

— Estou fazendo o melhor que posso aqui.

— Acorrentá-la e parecer uma merda não ajuda.

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— Você pode sair.

— Não, acho que preciso ficar. Você pode precisar de ajuda com
isso.

— Não, se ela quiser que você vá embora, então você irá, porra.

Edward abriu a porta, certificando-se de manter Ryan fora do


caminho.

—Isabel, Ryan está aqui. Tudo bem se ele ficar ou você prefere que
ele vá embora?

Ela olhou para ele que viu suas lágrimas. Percebendo quão
emocionalmente machucada ela estava. Ele estava completamente
fodido.

— Não quero mais ninguém aqui.

— Caia fora — ele disse, virando-se para Ryan.

— Edward, você está fazendo o melhor que pode. Lembre-se disso


— aconselhou Ryan.

Edward não esperou Ryan sair. Entrando no quarto, certificou-se


de pegar a chave no caso de Ryan se intrometer novamente.

Quando ouviu a porta da frente se fechar, concentrou sua atenção


em Isabel.

— Sinto muito. — falou ela.

Olhou para a coxa dela. O sangue escorria pela perna e ele estava
puto. Deveria ter cuidado da sua lesão em vez de prendê-la.

Sem dizer uma palavra, foi em sua direção e a ajudou a sair das
correntes, movendo-a em direção à espreguiçadeira que havia no canto.
Ele não disse uma palavra enquanto olhava para o corte em sua coxa.

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— Não peça desculpa — ele disse. A última coisa que precisava
ouvir era outro pedido de perdão. Era tudo o que ela dizia e ele estava
cansado de ouvir. — Você precisa ver ou conversar com alguém?

— Não! — ela gritou e estremeceu enquanto ele pressionou seu


corte.

Edward cerrou os dentes, encarando a mulher que o estava


deixando louco. Tirou toda a pressão de cima dela. Sua irmã Sophie
estava na faculdade e ela não precisava pagar por isso. Todas as suas
dívidas foram completamente pagas e ele a levou para sua casa. Ela
poderia ter qualquer coisa que quisesse. Tudo o que tinha que fazer era
pedir e ele daria. Qualquer coisa que seu lindo coração quisesse,
Edward lutaria para dar a ela. O problema era o fato de que ela não
queria nada que ele pudesse dar-lhe. Não, Isabel queria a sensação da
lâmina contra a pele. Ele não podia dar-lhe isso e estava começando a
se perguntar o que realmente poderia fazer para ajudá-la. Sophie
também não podia ajudar. Sua própria irmã não tinha a menor ideia
que Isabel se cortava. Era um problema completamente isolado. Isabel
conseguiu manter o segredo por muito tempo. Ele não sabia o que fazer.

— Isabel. — falou, fazendo uma pausa para cuidar dela e olhá-la


nos olhos. — Você precisa de ajuda.

— Você está ajudando.

— Não estou.

— Você está.

Parou de discutir. Se Isabel fosse sua submissa, teria espancado


seu traseiro. Ela não pertencia a ele, então tinha que jogar de acordo
com um conjunto diferente de regras. Regras que não entendia. Não

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sabia nada sobre autoflageladores ou do que eram capazes. Eles se
machucam pela dor? Pela adrenalina?

— Sophie ligou hoje.

Edward fez uma pausa e olhou para Isabel. Sophie era a irmã
mais nova. Isabel foi deixada para cuidar da irmã enquanto seus pais
fugiam e Deus sabe o que mais. Foi a responsabilidade por sua irmã
que a levou a começar com os cortes?

— O que ela disse?

— Agradeceu pelo apartamento incrível. Ela está muito feliz,


Edward e não tenho como te agradecer o suficiente. Você não precisava
fazer nada desse tipo e ainda assim fez tanto.

Ele colocou a mão em seu joelho.

— Pare aí mesmo. Faço isso porque quero, docinho. Quero ajudá-


la. — Olhando para o novo corte em sua coxa, viu que não estava
fazendo um trabalho tão bom assim.

Que diabos deveria fazer? Estava perdido sobre isso. Suas coxas
e até os braços estavam marcados por feridas antigas. A visão do
sangue não parecia perturbá-la. Ela vestia roupas que cobriam as
marcas. Ninguém sabia o que fazia. Todos apenas a olhavam como uma
mulher normal. Ela era normal?

Suspirando, ele continuou a limpar a ferida. Não podia


simplesmente limpá-la. Precisava se certificar de que estava agindo da
maneira correta.

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Isabel olhou para Edward e se perguntou o que poderia fazer para
fazê-lo feliz. Ela era uma decepção. Seu coração doía enquanto o
observava limpar sua ferida. Era uma bagunça completa e total. Todos
disseram isso durante toda sua vida. Todos a deixaram e ela sabia que
estragaria tudo com Edward, assim como fez com todo o resto. Tudo o
que fez foi tentar ajudar, mas simplesmente não conseguia parar de
arruinar tudo.

— Você não precisa ajudar.

Ele fez uma pausa e olhou para ela novamente.

— Eu quero. Não estou aqui porque tenho qualquer obrigação com


você ou para qualquer coisa. Estou aqui porque quero estar aqui.

Ela lambeu os lábios repentinamente secos e não conseguiu


desviar o olhar. Estava presa em seu olhar como tinha ficado tantas
vezes antes.

— OK.

— Então, estou pensando que deveria passar algum tempo no


Control. Acho que funcionará para você.

— O clube BDSM?

— É mais do que apenas um clube. Acho que estar junto com


outras mulheres a ajudará. Não precisa mais trabalhar naquele
restaurante. Estou cuidando de você. Como estão os estudos?

— Devagar.

— Bem, pelo menos você está estudando. Estará trabalhando


comigo e verá o que faço. Sempre há algo para fazer. Papelada, limpeza,

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estocar o bar principal. A parte BDSM do clube não permite álcool. Sei
que está ficando louca aqui sem fazer nada.

E ele precisava dela perto para se certificar de que não se


machucasse. A vergonha a inundou. Ela o desapontou novamente e
agora ele não confiava nela.

O que esperava? Você pegou uma faca afiada e mergulhou em sua


pele!

— Ok. — Ela não sabia o que mais dizer.

— Você já esteve na cidade? — ele perguntou.

Ela balançou a cabeça.

— Não por algumas semanas. Ninguém mencionou nada sobre


estar morando com você. Isso é novidade.

Isabel estava vivendo em um trailer com sua irmã em uma parte


muito ruim da cidade. Era mais fácil e mais barato viver em um antigo
trailer. Além disso, seus pais possuíram o trailer antes de fugirem e ela
conseguiu lidar com a senhora que era dona da terra. Nem todos em
Cape Falls eram horríveis. Cape Falls era uma cidade com valores
antiquados. Quando Edward pediu que ela fosse morar com ele, ficou
preocupada com o que a cidade pensaria. Normalmente, eles a
chamariam de prostituta ou uma mulher com baixa moral e
praticamente todos os nomes que se poderia pensar, porque estava
morando com um homem com quem não estava casada.

— Sim, está demorando um tempo, mas Cape Falls está


finalmente entrando no século XXI. Alguns odiarão e outros gostarão.
Eu me pergunto se eles já ouviram falar de pornografia. — Ele olhou
para ela, colocando uma das mãos na frente da boca, ofegando com os
olhos arregalados.

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Ela explodiu rindo.

— Acho que eles sabem o que é a pornografia. — Isso era o que


ela adorava sobre estar com Edward. Ele era divertido e não a fazia se
sentir como uma aberração. Mesmo enquanto limpava sua coxa, não
se sentia estranha sobre isso. Na verdade, adorava a sensação de suas
mãos em suas coxas. Suas mãos eram grandes e muito gentis. Ele não
a machucou e seu corpo sempre ganhava vida sob seu toque. Adorava
como se sentia quando suas mãos tocavam seu corpo.

Houve muitas noites durante o ano passado em que ela pensou


nele, mesmo antes de se mudar. Morando no trailer, se viu imaginado
o que ele estava fazendo, se estava pensando nela. Deitada em sua
cama no quarto em frente ao dele, se perguntava o que ele fazia. Ela
não era estúpida. Homens precisavam de mulheres e ela ouvia sua mãe
e seu pai a noite toda. Nunca esteve com ninguém e até Edward entrar
na sua vida, nunca se importou com isso. Não havia outro homem que
fizesse seu corpo ganhar vida com somente um toque.

Mordendo o lábio, se perguntou se Edward alguma vez pensou


nela. No momento que pensou sobre isso, ela parou. Isso não era
possível. Alguém como Edward não pensaria em uma mulher como ela.
Ele poderia ter quem quisesse. Afinal, era um homem dominante e esse
tipo de homem tinha muitas mulheres se ajoelhando aos seus pés. Não
precisavam se preocupar em deixá-las sozinhas porque se
machucavam.

— Você está mordendo muito o lábio, querida. — Informou ele,


segurando a atadura na coxa dela.

— Não é nada.

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— Já lhe disse para me dizer quando algo está errado ou se você
não gostar de alguma coisa. Agora é um desses momentos.

Mais uma vez, ele queria que ela falasse sobre o que pensava.

Bem, Edward, estava pensando como seria se nós fizéssemos sexo


ou fodêssemos.

Quando ele estava fora de casa e ela não queria estudar, ia ao


escritório onde havia um computador muito bom e procurou sobre
tudo. Começou com informações sobre Dom e Sub. Então, ficou um
pouco mais empolgada olhando pornografia. Gostava de ver os casais
juntos e o impulso do pau dentro da mulher.

Será que ela também era louca por causa disso?

— Não há nada errado. — Estou realmente excitada e quero você.


— Vou terminar o jantar.

Ela se levantou e foi até a escada.

— Estou preocupado porque não quero que nada te aconteça —


disse Edward, fazendo com que ela parasse e se virasse. Sua mão
estava no corrimão e ela se concentrou nele, não nos equipamentos
dele que havia passado uns bons trinta minutos admirando. Alguns
dos chicotes que ele tinha causariam muitas lágrimas na carne se
batessem o suficiente.

— Você não precisa.

— Preciso. Se fizer o corte errado você estará morta em segundos,


Isabel. É perigoso que esteja fazendo isso. Para não mencionar que se
desmaiar ou não parar o sangramento, eu poderia entrar aqui um dia
para encontrá-la morta. Não quero isso.

— Não deixarei isso acontecer.

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— Como pretende impedir isso?

— Não preciso me cortar todos os dias ou todos os meses.

— Há marcas suficientes para que eu saiba que você fez demais.

Ela olhou para o chão. Eles estavam se encontrando há um ano,


um ano inteiro em que ele sabia o que ela fazia. Era estranho como
tentava ocultar isso de todos os outros, exceto dele. Sophie não tinha
ideia do que fazia. Seus pais não sabiam. Para todos ela era uma garota
normal e estável, que estava apenas tentando cuidar da sua irmãzinha.
Era tudo o que precisavam saber.

— Faço isso desde os doze anos. — Informou. Ela lhe contaria


mais, mas parou.

— Posso esperar por mais. Não quero que você se apresse com
toda a história.

— Não estou tentando me matar. Não quero morrer.

Ele respirou fundo.

— Se estivéssemos no Reino Unido, eu bateria no seu traseiro tão


rápido que nem saberia o que te atingiu.

— Nós não estamos na Inglaterra, Edward.

— Eu sei. Estamos em Cape Falls e nesse momento não acho que


ir a um especialista é ideal para você.

— Obrigada. — Ela agradeceu. — Não irei a lugar nenhum. — Ela


não queria falar com ninguém, nem dizer o que pensava quando fazia
isso. Só queria viver sua vida.

— Continue. Vá fazer o jantar, limparei esta bagunça.

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Sua bagunça. Ela não disse mais nada enquanto ia para a
cozinha. Quando entrou, olhou em volta e viu todas as facas que ainda
estavam no lugar. Ele não tentou escondê-las. Não era estúpida o
suficiente para usar uma faca.

Ela quis dizer o que disse para ele na masmorra. A última coisa
que queria era morrer. Gostava de viver, especialmente agora. Sophie
estava cuidada e Isabel conseguia cuidar de Edward. Cozinhando para
ele, lavando a roupa e cuidando da sua bela casa.

Viver em um trailer era completamente diferente de viver em uma


bela casa.

Ela adorava isso mais do que amava qualquer outra coisa.

Correndo os dedos pelo balcão de granito, foi até a geladeira.


Abrindo, viu os dois bifes suculentos.

Isabel pretendia fazer tudo o que pudesse para cuidar de Edward.


Ele não pertencia a ela e nunca pertenceria. Estava acostumada com
homens que não a queriam. Ainda assim, poderia ter certeza de que ele
era seu amigo.

Ela realmente gostava dele e eles conversavam bastante. Havia


momentos em que tinha certeza de que ele esquecia o que ela fazia.
Passaram-se alguns meses desde a última vez que se cortou. Ela nunca
viu isso como se machucar.

Não era dor o que procurava.

Não.

Estava sentindo.

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Edward não voltou a falar, manteve sua promessa. No dia
seguinte, a levou para o Control. Era o único clube BDSM da cidade e
foi através do seu amigo, William, que Edward havia chegado a Cape
Falls.

— Você tem certeza que esta é uma boa ideia? — William


perguntou.

Ambos olharam através do salão em direção ao bar principal, onde


Peter Miller conversava com ela.

— Não sei se é uma boa ideia. Mas desta forma, sei que ela não se
machucará. — Ele não podia entrar em outra sala e vê-la usando a
lâmina em seu corpo novamente.

— Não sei muito sobre automutilação, mas do que pude descobrir,


pode haver uma variedade de razões por trás disso. Abuso, falta de
atenção, mecanismo de enfrentamento.

— Não sei o que é, só sei que quero que ela pare. — Ele se sentia
indefeso e era uma emoção que não estava acostumado.

— Você percebe que ela não é problema seu? Não é sua submissa
ou sua mulher.

— Isso é fodido demais. Não virarei as costas para ela. — Ele olhou
para Isabel. Seu cabelo loiro estava puxado para trás em um rabo de
cavalo. Ela vestia um jeans e uma camisa branca de manga comprida.

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Para quem a olhasse, era como a garota da casa ao lado. Doce,
charmosa e bonita. Ele sabia que, debaixo dessas roupas, ela tinha
uma bandagem em uma coxa e o interior dos seus braços tinham várias
cicatrizes. Algumas desapareceram e outras ainda eram novas.

Ele estava fazendo o certo? Limpar os danos e depois fingir que


não aconteceram?

Edward não queria ser como todo mundo em seu passado. Todo
mundo simplesmente se afastou, deixando-a. Ele era o cara que se
afastava e não queria mais ser assim. Quando olhava para Isabel,
queria ser seu tudo. Poderia ajudá-la. Sabia disso em sua alma.

— Entendi. Mas você precisa entender, Edward, estou


acostumado com você se afastando e não ligando a mínima para
qualquer um. Você é esse cara.

— Sei que tipo de cara sou, quando se trata de Isabel, não posso
sair. Eu não vou. — Ele havia tentado. Após testemunhar pela primeira
vez ela se cortando, tentou ficar longe. Durou um dia inteiro. Ficou
louco imaginando o que diabos ela estava fazendo e não estava apenas
se preocupando. Gostava da companhia dela. Era divertida. Houve
momentos no ano passado, quando pôde esquecer o que ela fazia. Nem
tudo era sobre os cortes. Isabel adorava assistir filmes, ler livros, falar
sobre tudo e qualquer coisa. Adorava ouvir sobre crescer na Inglaterra,
algumas das palavras que ele dizia como lixo, idiotas, besteiras e coisas
assim.

Eles podiam falar por horas e, no entanto, só pareciam minutos.


Haviam jogado carta juntos e outras coisas assim.

Passar o tempo com Isabel o fazia se sentir vivo, mesmo que fosse
mais velho do que ela. Uns bons dez anos, certo, muito mais velho.

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Nem queria pensar sobre a diferença de idade. Para ele, a idade não
importava. Era uma jovem linda e havia momentos em que olhava em
seus olhos e estava convencido de que ela estava gritando, chorando,
pedindo ajuda. Ele queria ser o único a ajudá-la.

— Você está me ouvindo? — William perguntou, tirando-o de seus


pensamentos.

— Não, desculpe.

— Se você se distrair com ela, não será uma boa ideia.

— Pensei que haveria mulheres aqui. Por que não há mulheres


aqui?

— Todos nós temos vidas e nem sempre giram em torno de um


clube BDSM. Estamos todos ocupados. Laura está trabalhando para
cumprir seus prazos. Anna tem filhos para cuidar. Minha Daisy está
cuidando dos nossos bebês. Rose está limpando uma das salas de
jogos.

— Eu sei, mas de todas as pessoas com quem ela poderia


conversar ... Peter. — Ele apontou para o Dom, que de fato era um cara
muito legal. Até encontrar o amor em Rose, ele era alguém deprimido.
Será que era bom estar em torno de uma garota que gostava de se
cortar?

Você está tão longe da profundidade dos problemas dela.

— É Peter e ele está bem. Pare de se preocupar tanto. Você está


realmente me deixando louco com essa garota. Do jeito que está
fazendo ela parecer, acredito que começará a cortar todo mundo.

— Fale baixo.

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— Ela precisa ir para o hospital? — William perguntou. — Se ela
é tão assustadora e está ruim, realmente tem que procurar
profissionais.

— Não é desse jeito. É ... não sei. Posso falar com ela. Posso fazer
isso, ok? Não é como se virasse as costas e ela se cortasse. Não é uma
ocorrência regular. Não é como se todas as semanas na sexta-feira às
três horas, se cortasse. — Edward passou a mão pelo rosto. — Estou
trabalhando nisso. Ela não quer ver ninguém, já lhe perguntei isso.
Não quer. Não a jogarei em algum tipo de hospital para que eles possam
lhe picar e cutucar. Não desistirei dela. Sou o único que se importa com
isso. — Não pôde evitar dizer exatamente como se sentia.

— Você está indo bem, Edward. Ela parece bem para mim. —
William inclinou a cabeça em direção ao bar. — Eles estão apenas
conversando e se divertindo. Acalme-se, porra, antes de causar
problemas aqui. Você é o único que vejo que está com algum problema.

Edward não podia negar isso. A lesão que tinha visto era algo que
não conseguia tirar da cabeça. Estava tão preocupado e, ainda assim,
Isabel claramente estava se cortando há muito tempo. Ela costumava
encobrir, escondendo a evidência. Sua própria irmã não sabia o que
estava acontecendo.

— Venha, conversemos com eles — sugeriu William, levantando-


se.

Edward não teve tempo de avisá-lo ou detê-lo. Em segundos,


estavam no bar.

— Ei, Isabel, como você está? — William perguntou.

— Estou ótima, obrigada. Sempre quis conhecer este lugar. É


muito legal.

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— Você queria?

Ela assentiu.

— Quando trabalhei no restaurante, muitas pessoas falavam


sobre esse lugar. Estavam curiosos sobre tudo aqui. Tentaram fingir
que não estavam, mas estavam sim. Acho que muitas pessoas estão
curiosas.

— Você está curiosa? — William perguntou.

O olhar dela foi para Edward e ele observou enquanto ela mordia
aquele lábio gordo que estava morrendo de vontade de afundar os
dentes.

— Sim, estou um pouco. — Suas bochechas estavam vermelhas.


De que tipo de curiosidade ela estava falando? Houve muitas vezes nos
últimos meses em que ele queria pegá-la nos braços para fazerem amor.
Segurou-se porque não sabia o que ela queria. De todas as mulheres
que já conheceu, Isabel era uma das mais difíceis de ler. Houve
momentos em que esqueceu completamente o que viu no restaurante,
o que testemunhou.

Quando Edward viu pela primeira vez o que ela fazia, lutou com
seus próprios demônios. Quando Isabel chegou pela primeira vez,
estava mais focado em tentar obter sua ajuda, conhecê-la e ajudá-la
com a irmã. Então a irmã dela foi embora e eram apenas os dois,
íntimos. Agora, lutava consigo mesmo por causa dos seus cortes,
mesmo que por diversas vezes a forma como olhava para ele lhe dava
a certeza de que queriam as mesmas coisas.

— Bem, você cora da forma mais bonita. — William disse. — Por


que não mostra o lugar a ela, Edward? Deixe-a conhecer tudo já que
estará trabalhando aqui.

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— Essa é uma boa ideia. — Edward lhe ofereceu o braço. — Você
quer vir comigo?

— Adoraria um tour.

No momento em que ela o tocou, sentiu-se centrado, focado,


aterrado. O que também sentiu foi uma forte agitação em seu pênis. O
que acontecia todas as vezes que estava perto de Isabel. Ela não
precisava da atração dele agora. Isabel estava passando por muita
coisa, tinha que ser dessa forma ou ela se cortaria e ele entrando nela
não ajudaria nada.

Colocando sua mão sobre a dela, ele sorriu.

— Vamos fazer um tour, então.

Esta era a primeira vez que ele a levava pelo clube. Control era
uma boate na frente e um clube BDSM na parte de trás. Havia muitos
membros. A maioria deles de fora da cidade, mas nos últimos meses,
alguns dos locais se juntaram. Ryan era um deles e estava treinando
para ser um Dom.

— Você sabe o que é esse lugar? — ele perguntou.

— Como disse, ouvi rumores. Não sei o que é real e o que não é.
Estou sempre aberta.

Novamente, ele estava dividido entre a mulher que estava ao seu


lado agora e a que viu ontem à noite.

— Este é um clube BDSM e uma boate.

— Ambos?

— Sim. Isso te incomoda? — perguntou.

Ela balançou a cabeça.

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— Não. Não me importo.

— Você sabe o que é BDSM?

— Na verdade, sei. Eu, ham, fiz algumas pesquisas sobre isso e


sim, estou fascinada.

Edward fez uma pausa para olhar nos olhos dela. Ela estava
mordendo aquele lábio, mostrando-lhe que estava nervosa.

— BDSM é uma escolha de estilo de vida para uns e um hobby


para outros.

— O que é para você?

— Gosto do estilo de vida. Não quero dominação total e uma


escrava vinte e quatro por dia, os sete dias da semana ou qualquer
coisa. Gosto de jogar. Gosto de estar no controle e, quando estou no
controle, minha mulher sempre é atendida. Nada é deixado ao acaso.

— Ah.

Edward não queria pensar nisso, então mudou para um assunto


diferente.

— De qualquer forma, existem muitos níveis de dominação,


muitos níveis de submissão. Você pode adorar a dor, ser uma escrava,
ou uma pessoa com necessidade de submissão. Há muitos Dons aqui
que podem fornecer esses diferentes níveis.

— É o que você fazia na Inglaterra?

— Sim.

— Você sente falta?

— Do clima miseravelmente encharcado e úmido? Não, nem um


pouco. Prefiro aqui. Mesmo nesta pequena cidade estranha. Não teria

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conhecido você se estivesse lá. — O sorriso dela valia cada segundo de
preocupação. Observou como ela colocava um pouco de cabelo atrás
da orelha e o calor encheu suas bochechas. Ele a fez corar.

— Você está feliz por ter me conhecido, então? — Isabel


perguntou. Seu coração estava acelerado. Sua boceta estava molhada
e não conseguia parar a centelha de esperança que a enchia com suas
palavras.

—Sim, estou.

Ela queria perguntar se “mesmo com todas as peculiaridades”,


mas decidiu não forçar.

— Estou feliz por ter te conhecido também.

Nenhum deles falou e, finalmente, Edward apontou para trás


dela.

— Até que ponto você pesquisou?

— Há todos os tipos diferentes de dominação. Médico, aluna,


uniformes e outras coisas.

— Bem pequena, então.

Ela assentiu.

— Não entrei em detalhes. — Estava aterrorizada no caso de ter


esquecido de remover o histórico de busca do computador dele. Edward
não mostrou nenhuma atração por ela enquanto ela não conseguia
parar de pensar nele. Mesmo agora, estava molhada por ele enquanto

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lhe dava o tour como se estivessem em algum tipo de museu. Ele estava
falando um assunto sério e ela não conseguia se concentrar nem por
alguns minutos.

— Você não precisa entrar em detalhes. Imagino que seu trabalho


seja distante dessa área do clube.

— Essa coisa no seu porão.

— Minha masmorra.

— Hã?

— É como chamo. É uma masmorra. Uma masmorra de prazer e


dor.

— Ah.

— O que foi?

— Você é um dominante que gosta de controle.

— Sim.

— Você já usou alguma dessas... peças em uma mulher? Em um


homem?

— Não sou gay, Isabel. Gosto de mulheres. Adoro as mulheres e


as suas belas formas. Nunca usei esse equipamento em ninguém. Na
verdade, você foi a primeira pessoa que prendi à cruz e só fiz isso
porque não sabia como protegê-la melhor. Tudo naquela sala é novo.

— Mas você desejará usar essas coisas? Em uma submissa algum


dia?

Como ela ficaria se ele trouxesse outra mulher para casa? Não
que isso fosse problema seu, mas o próprio pensamento a machucava
muito.

28
— Não falaremos sobre isso, certo?

Ele deu vários passos e Isabel não pôde evitar entrelaçar os dedos,
esfregando as mãos, ela estava entrando em pânico. Gostava de
Edward. Gostava muito dele.

— Qual é o problema? — ele perguntou.

Quando ela não respondeu imediatamente, ele se aproximou,


segurando seu rosto.

— Qual é o problema? — Ele repetiu e tudo o que ela podia fazer


era sentir seus olhos se enchendo de lágrimas. Não queria chorar, mas
não podia parar.

— Não quero que você tenha outra mulher.

Seu polegar acariciou seu queixo.

— Isabel, você não precisa se preocupar com isso.

— E se eu tentar ser sua submissa? — ela perguntou.

Ele franziu a testa.

— Você não precisa se preocupar.

— Mas me preocupo e não consigo imaginar outra mulher lá, para


atender suas necessidades. — Isabel não entendia o que estava
acontecendo com ela. — Eu poderia fazer isso por você. Quero fazer
isso por você.

Edward ainda segurava seu rosto e olhava em seus olhos,


esperando. Seus olhos eram verdes. Ela nunca tinha percebido isso
antes. Chocantemente verde e, como tantas vezes antes, a cativaram.
Seu cabelo loiro estava bagunçado e ela sabia que ele era um homem
bonito e sexy. Qualquer mulher gostará dele. Seu sotaque britânico, o

29
tornava ainda mais tentador. Quando era garçonete no restaurante, viu
muitas mulheres interessadas nele.

Se não era seu sotaque ou sua sensualidade, então era a


curiosidade que todos tinham sobre o Control e sua casa em Cape Falls.
Todos tinham que ter um lugar. Cape Falls não gostava de
desconhecidos. Somente os habitantes locais eram aceitos e eles se
asseguravam de expulsar qualquer outra pessoa. Foi estranho quando
Gabriel Anderson chegou à cidade e conseguiu o emprego como xerife.
Pela primeira vez na longa história de Cape Falls, um estranho foi
permitido na cidade.

Claro, quando ele começou a namorar e depois se casou com Amy


Grant, uma mulher que fora abusada fisicamente por seu ex-marido,
muitos moradores tentaram dificultar sua vida.

Cape Falls era uma cidade de merda. Ela odiava isso aqui. Se
pudesse, teria deixado esse lugar há muito tempo, como seus pais. Que
a deixaram com Sophie e agora não havia como ela sair.

Você não quer sair.

Você tem Edward.

Queria ser tudo para ele e algo mais. Poderia até mesmo ser
possível para ela encontrar algo especial com ele?

— Querida, não preciso ter uma submissa. Estou as treinando


aqui e tenho muito trabalho para supervisionar. Não precisa fazer isso
por mim.

Cobrindo o rosto com as mãos, olhou diretamente para aqueles


olhos verdes.

— É por causa dos cortes?

30
Ela observou enquanto sua feição ficava tensa.

— Acha que sou uma aberração?

— Não! — Ele a olhou. — O que você está perguntando não é algo


que se faz como um capricho, Isabel. Estar em um estilo de vida
submissa, exige confiança e abertura. Preciso saber que me dirá e
usará palavras seguras quando for longe demais e eu pararei. Não se
trata apenas de ser um brinquedo. É muito mais.

Ele afastou as mãos e ela sentiu as lágrimas inundarem seus


olhos.

— Não há outra mulher na minha vida.

— Até que você encontre uma submissa que queira jogar nesse
lugar.

Edward suspirou e ela observou enquanto ele esfregava os olhos.


Isso não era o que queria. Não queria se tornar um problema e, mesmo
assim, não conseguia evitar. E se ele se livrasse dela? E se já não a
quisesse?

De repente, ele agarrou seu rosto e a pressionou contra a porta.

— O quê... — Não teve tempo de dizer mais nada, quando seus


lábios bateram contra os dela. Ela segurou seus ombros, não para
afastá-lo, mas para mantê-lo mais perto. Não queria deixá-lo ir.

A língua dele passou por seu lábio e ela se abriu para ele. Nunca
tinha sido beijada antes e Edward estava tornando seu primeiro beijo
memorável. Ela passava a maior parte das noites sonhando com isso.

Entrelaçando os dedos nos cabelos curtos, o abraçou e beijou de


volta com uma paixão que esperava não mostrar sua falta de

31
experiência. Ela o queria, ansiava por seu toque e precisava dele mais
do que qualquer outra coisa.

Seu coração disparou quando seu beijo se aprofundou. A mão em


sua bochecha se moveu para baixo, agarrando sua cintura e depois
segurando seu traseiro.

Muito cedo ele parou, pressionando a cabeça contra a dela e


suspirando.

Não queria que ele parasse.

— É por isso que não terei uma submissa, Isabel. Não há mais
ninguém que eu queira além de você.

— Você me quer? — Ela não esperava isso.

— Sim, te quero e sei que não deveria.

— Por quê? — ela perguntou. Não havia motivo para não poderem
estar juntos. Nada os impedia.

— Primeiro, nossas idades. Você é muito mais nova que eu.

— Não me importo com isso. Tenho vinte e cinco anos. A idade


não significa nada.

Ele bateu em sua coxa onde ela havia se cortado na noite passada.

— Isso significa algo, Isabel.

— Posso parar.

Ela observou enquanto ele cerrava os dentes.

— Sendo uma submissa, você deve seguir as instruções. Deve


fazer parte disso.

32
— Posso fazer isso. — Ela seguiu instruções a vida toda. Isabel
sabia melhor do que qualquer outra pessoa como segui-las.

Novamente, Edward pareceu triste.

— O que é? — ela perguntou. — Por favor, me dê essa chance. —


Ela nunca pensou que imploraria a um homem como estava fazendo
com Edward. Isso era patético. Mas era Edward. Não podia perdê-lo.
Não queria perdê-lo.

— Não direi não a você, mas também não concordarei


completamente — disse ele. — Vamos devagar com isso. Eu não deveria
ter te beijado assim, me desculpe.

— Eu amei. Foi o meu primeiro beijo. — Não poderia negar isso.

— Seu primeiro beijo?

Ela assentiu.

Edward olhou para ela.

— Se esse foi o seu primeiro beijo, isso significa...

— Nunca fiz sexo antes. Nunca estive em um relacionamento. —


Ela encolheu os ombros. — Nunca quis estar.

—Você quer estar em um comigo?

Ela assentiu de novo.

— Sim. Gosto de você, Edward. — Ela gostava dele, muito. Era


difícil colocar seus verdadeiros sentimentos em palavras. No seu
mundo, nunca pôde falar nada. Sempre teve que manter tudo trancado
dentro de si para que ninguém soubesse o quanto tinha medo, quando
estava com raiva. A vida com que todos tinham que lidar era aquela

33
com a qual tinham que viver. Ela estava lidando com isso há muito
tempo.

— Você sabe mesmo o que isso significa? — ele perguntou. — Ser


minha?

Isabel lambeu os lábios. Parte dela queria mentir, mas sabia que
também não seria correto.

— Não. Não sei o que tudo isso significa.

— Então, antes mesmo de pensar em assumir esse compromisso,


você precisa saber o que está oferecendo.

Não importava o que precisava fazer. Faria tudo o que ele quisesse
e seria qualquer coisa que precisasse que fosse.

34
Levar Isabel em um tour não foi tão ruim assim. Edward estava
achando tudo surreal quando se tratava dela. Ela queria ser sua
submissa, mesmo sem saber de tudo.

— Estou ferrado. — Comentou ao falar com Ryan.

— Você quer dizer, porque sua pequena cortadora está


trabalhando aqui? — perguntou Ryan.

— Fale baixo.

Isabel estava com as mulheres que finalmente decidiram vir ao


clube e Edward estava tentando não se preocupar.

— Ela está distraída. Nunca diria nada que ela realmente pudesse
ouvir. Eu tenho alguma educação.

— E você se pergunta por que sua esposa te deixou?

— Na verdade, eu a deixei porque ela estava negando o fato de ser


gay.

Edward franziu o cenho.

— Hã?

— Sim. Minha esposa era gay e nos casamos porque nossos pais
queriam e não porque queríamos. Você certamente chegou a uma
cidade estranha.

35
— Gosto de estranho. É o normal que não aguento. — Ele olhou
para Isabel, tentando entendê-la. Em um momento, ela parecia tão
frágil que imaginar uma vida juntos parecia fora de questão. Ele achava
que isso era porque sabia sobre os cortes.

Será que sem os cortes isso importaria?

Estava tão confuso e, para ele, isso significava algo.

— O que é normal? Um cara e uma garota se casando,


apaixonados, querendo filhos? É isso que você considera normal?

— Não sei o que considero normal. Só sei o que me disseram e


adivinha? Não gosto disso.

— Você quer ajudá-la? — Ryan perguntou.

— Claro que sim.

— Pela maneira como ela te olha, acho que terá que ser cuidadoso.
— Ryan estava limpando seus óculos energicamente. Edward notou
que ele gostava de tudo perfeito, limpo, mesmo na sua sala de jogos.

— O que quer dizer?

— Está apaixonada por você e se isso não for amor, significa que
ela tem sentimentos profundos, amigo.

— Eu cuido dela. Ela provavelmente está apenas agradecida...

Ryan o interrompeu.

— Conheço Isabel Benson há muito tempo. Quando era pequena,


antes da sua irmã ter nascido. Sua mãe algumas vezes a esquecia na
rua. Ela nunca pediu ajuda. Depois de um tempo, Isabel nem esperava
para ser levada para casa. Começou a voltar sozinha. Quando sua

36
irmãzinha nasceu, ela fez tudo o que pôde para cuidar dela. Durante o
ensino médio, teve empregos para ajudar a pagar as contas.

— E os pais dela?

—Eles não se importavam com as duas crianças que haviam


trazido ao mundo. A única coisa com que se preocupavam era com eles
mesmos e festejar. Isabel cuidou de Sophie. Manteve um teto sobre
suas cabeças. Sacrificou tudo e não pediu ajuda, nem mesmo
reclamou.

— Como você sabe tudo isso? — Edward perguntou.

— Sou de Cape Falls. Todos sabem disso e fomos ensinados a


olhar para o outro lado ou a ver com vergonha se alguém ousasse pedir
ajuda. Este lugar é um buraco de merda, Edward. Nós cometemos os
nossos erros e posso apostar que teremos mais um pouco ao longo do
caminho. Isabel está apaixonada por você. Ela nunca teria aceitado sua
ajuda se não tivesse sentimentos por você. Isabel nunca pede ajuda e
também não aceita nenhuma.

Edward virou-se para a mulher e observou. Mesmo dessa


distância ele viu que ela estava desconfortável. Mas não precisava ir
salvá-la. Estava somente nervosa por estar ao redor de novas pessoas.
Além disso, Sophie antes de sair para a faculdade deu-lhe algumas
atualizações, indicando sinais do que procurar. Adorava Isabel e só
queria o melhor para ela.

Tudo o que ele queria era fazer a coisa certa por ela.

— Ela quer ser minha submissa. — Informou ele.

— Uau, esse é um grande compromisso.

37
— Ela estava preocupada que eu encontrasse outra mulher. Acho
que está preocupada comigo expulsando-a ou algo assim.

Ryan cantarolou enquanto olhava para as mulheres.

— Isso faria sentido. Por toda sua vida ela colocou os outros em
primeiro lugar, mas agora acho que quer você e não sabe como lhe dizer
isso. Provavelmente tem medo que você veja alguma falha nela ou
encontre outra pessoa. Vi a maneira como Isabel te olha, Edward.
Como se sente sobre ela?

— Eu a quero. — Desde o primeiro dia em que foi ao restaurante


e olhou em seus lindos olhos cheios de dor. Edward não queria saber
o que aquela dor significava. Entrar em sua autoflagelação mudou sua
vida e a dela. Com a evidência bem na frente do seu rosto, não
conseguiu se afastar.

Ele ficou e, desde então, pouco a pouco, fez mudanças em sua


vida. Livrar-se do trailer onde morava foi a maior.

— Sobre o que as duas senhoras estão falando? — Gideon


perguntou, sentando-se no bar.

— Não está de uniforme hoje?

— Não, o adjunto em treinamento me deu a tarde de folga. Além


disso, não estamos muito ocupados no momento.

— Você não está? — Ryan perguntou. — Pensei que a cidade de


Cape Falls o mantinha ocupado.

— Houve muitas mudanças no ano passado. As pessoas estão


lidando com suas diferenças e me deixando fora disso. — Gabriel
esfregou os olhos. — É bom. É lento, mas bom. Recebi uma ligação no

38
outro dia para reclamar sobre uma menina com uma saia curta. Era
indecente e pecaminoso me disseram.

— Como você lidou com isso? — perguntou Edward.

— Escutei e depois perguntei como seu neto estava. Sobre o que


vocês estão falando?

— Isabel quer ser submissa de Edward. — respondeu Ryan.

— Jesus, você não consegue se conter?

— Não sabia que deveria. — Ryan encolheu os ombros. — Esqueça


o que acabei de dizer. É tudo mentira, juro.

— Você e Isabel, faz sentido — disse Gabriel.

— Por que isso faz sentido?

— Simplesmente faz. Você é a primeira pessoa que realmente


conseguiu algo com ela, então isso deve significar algo.

Edward nem sabia se estava chegando a ela ou se ela continuava


do jeito que sempre foi.

— Você está trabalhando hoje à noite? — perguntou Gabriel.

— Não. Não estou como Dom esta noite.

— Hoje é Peter. Edward está amanhã à noite. Por quê? —


perguntou Ryan.

Gabriel deu de ombros.

— Só estava curioso.

Quando Edward não aguentou mais, pediu desculpas e foi buscar


Isabel. Iriam passar muito tempo juntos no clube e ele não queria
bombardeá-la com muita informação imediatamente. Testemunhar os

39
submissos no clube poderia ser ruim para ela. Isabel se machucava
fácil e ele realmente não sabia como reagiria a esse tipo de estilo de
vida. Não queria apressá-la.

— Você está pronta para ir? — ele perguntou.

— Sim, estou pronta. — Ela sorriu e ele percebeu que estava


agradecida.

Ela se despediu e ele deu um sorriso para as outras mulheres.


Quando estavam sozinhos, ele abriu a porta e esperou que entrasse no
carro.

— Estou pensando que poderíamos sair para jantar — ele disse,


entrando no carro.

— Legal. Estou feliz com isso.

— Como foi com as mulheres? — perguntou.

— Todas são muito divertidas. Elas queriam saber se você estava


me tratando bem. Eu disse a verdade. — Ela sorriu para ele.

Novamente, ele não podia acreditar que tudo era completamente


normal. Isabel não reagiu nem mudou, mesmo que ambos soubessem
o que tinha feito na noite passada.

Não faça isso.

Não traga isso à tona.

— O que há de errado? — perguntou ela.

—Não é nada, querida. Então, você não perguntou sobre


submissas? — Ele queria pensar em outra coisa agora.

— Não, eu não. Parecia um pouco pessoal e não conheço todas


bem o suficiente.

40
Ele não os convidou para sua casa ao longo do último ano. Ao ver
todos regularmente no Control, não via o ponto de convidá-los para sua
casa.

— Você tem algum amigo? Não me lembro de você recebendo


algum convidado.

— Não. Não tenho amigos. Não convidaria ninguém sem sua


permissão.

— Minha casa é sua casa, querida. Você pode convidar qualquer


um.

— Tudo bem, mas não tenho amigos, então tudo está mais que
bom.

Ele não gostou disso.

— Você já teve algum amigo?

Ela balançou a cabeça.

— Não. Eu estou bem. Nunca fui próxima de ninguém. Nunca


houve necessidade. Há Sophie e sempre estivemos perto.

As peças estavam começando a se encaixar e Edward estava


começando a ver por que Isabel era como era. Cuidar da sua irmã e
morar em uma cidade como Cape Falls, não havia ninguém a quem
pudesse recorrer. Desde muito jovem, ela teve que lidar com isso. Pais
que não se importavam e uma cidade que olhava para o outro lado.
Carregou tudo em seus ombros jovens.

41
Isabel olhou para o menu do sofisticado restaurante italiano. Ela
nunca esteve em um lugar tão grande. Edward os tirou de Cape Falls
e os levou em direção a um restaurante da cidade vizinha.

— Você pode pedir o que quiser. — Informou ele.

— Não há preços aqui. — Ela apontou para o menu e se


aproximou.

— Eu sei. Você não precisa se preocupar com nada. Apenas peça


e se divirta.

Inclinando a cabeça, ela olhou para cima e para baixo no menu.


Havia tantas opções diferentes e seu estômago começou a rosnar.

— O que você achou do Control?

— É realmente bom. Notei que você não me levou para nenhuma


das salas de jogos que eles têm lá.

— Como você sabe que elas são chamadas de salas de jogos? —


ele perguntou.

Ela sorriu.

— Daisy me disse. — Ao fechar o menu, ela o entregou. — Você


pede para mim. Surpreenda-me.

— Ok, então. — Ele sinalizou para o garçom e ela o observou,


mordendo o lábio. A maneira como ele falou com o garçom foi tão
confiante e tão seguro de si mesmo. Ela amava o jeito que se
comportava sem se importar com o que alguém pensava sobre ele. —
Isso está bem? — ele perguntou.

— Sim, perfeito.

Ele sorriu.

42
— Você não estava nem ouvindo.

— Você está certo. Não estava.

Ela descansou o queixo em suas mãos e sorriu para ele. Seus


lábios a chamavam e ela os queria de volta em seus lábios mais do que
qualquer coisa.

— Você está pensando no meu beijo, não é? — perguntou,


colocando os braços sobre a mesa, inclinando-se para frente.

Tudo se desvaneceu quando ele se aproximou.

— Sim, estou.

— Você quer meus lábios nos seus? — ele perguntou.

— Você precisa perguntar?

Oh meu Deus, estou flertando. Estou realmente flertando.

Edward inclinou a cabeça para o lado.

— Quando a vi pela primeira vez no jantar naquele pequeno e


bonito uniforme de garçonete, queria fazer muito mais do que te beijar.

— O que você queria fazer comigo?

Ela pressionou as coxas juntas conforme uma onda de calor a


inundava. Era uma virgem de vinte e cinco anos, era lamentável. Ele
seria o primeiro? Claro que sim. Era Edward ou ninguém. Não havia
como estar com mais alguém. Ninguém mais chamou sua atenção
como ele.

Edward se inclinou tão perto que sentiu sua respiração contra seu
rosto.

43
— Queria te dobrar sobre a mesa, levantar sua saia, puxar sua
calcinha para baixo e colocar meu pau tão profundo dentro da sua
boceta que você não poderia andar corretamente por dias.

O calor encheu suas bochechas e ela escorregou para frente em


sua cadeira, criando um pouco de atrito do jeans contra seu clitóris.

— Eu teria gostado disso.

Edward riu.

— Acho que você teria gritado comigo, querida. Mas, não acho que
ficaria tão chocada.

— Não ficaria. É o que quero. — Ela olhou para ele, imaginando


se pularia o jantar. — Você quer ir para casa? — Ela estava muito
impaciente para esperar por ele para dar o próximo passo.

Edward estendeu a mão, segurando a sua.

— Não. Não vamos para casa. Nós ficaremos aqui, nos


conheceremos e levaremos nosso tempo. Não há pressa para isso.

— Você não precisa ir devagar por mim.

— Quero ir devagar e quero isso por mim. — Ele segurou as mãos


dela com as palmas para cima e depois as cobriu com as próprias mãos.
Se empurrasse as mangas da sua camisa, as cicatrizes do seu passado
seriam fáceis de ver. — Preciso que você cure.

— Eu não…

— Com o tempo, algumas dessas cicatrizes desaparecerão, mas o


que preciso é que venha até mim quando sentir vontade de se cortar.
— Pediu ele.

44
Ela franziu a testa. Eles realmente não falaram sobre isso. Além
dele ficar com raiva e, depois de alguns momentos tensos, tudo pareceu
desaparecer ao fundo. Esta foi a primeira vez que alguém falou com ela
assim.

Lambendo os lábios, ela sentiu seu coração acelerar. Ninguém


sabia o que tinha feito. Não era algo que anunciava.

— Tem algo que você usa? Um kit especial? — perguntou.

Ela assentiu com a cabeça enquanto lágrimas enchiam seus


olhos. Pela primeira vez em sua vida sentiu-se em destaque, o foco total
de atenção.

— Quero esse kit.

Suas mãos tremiam e ela tentou puxá-las, mas Edward segurou


seus braços, mantendo-a no lugar. De um jeito estranho, sentiu-se
presa, como se alguém estivesse segurando-a completamente.

— Por quê?

— Devemos construir certo nível de confiança. Você quer ser


minha submissa, então tenho algumas exigências. A primeira é que
você não se machuque e que venha até mim sempre que sentir
necessidade de fazê-lo.

Ela nunca confiou em ninguém.

Não havia ninguém em seu mundo que pudesse ajudá-la.

— Estou sozinha.

— Não! Você não está sozinha. Isabel, olhe para mim, querida.

Ela encarou seus olhos verdes e ficou completamente cativada.

— Você nunca mais estará sozinha. Eu juro.

45
— Você começará a remover outros objetos da casa agora? As
facas da cozinha? — perguntou ela.

Ele balançou a cabeça.

— Isto é sobre confiança. Se você não pode confiar em mim com


isso, então não posso confiar em você como minha submissa. É simples
assim.

Ela respirou fundo várias vezes. Ser sua ou continuar me cortando.

— Não há nenhuma maneira de mudar essa condição?

— Não estou pedindo muito, docinho.

Está sim!

— Se eu lhe der o que quer, então o que ganho? — ela perguntou.

— Você me pegou. Completamente. Iremos para o Control juntos.


Explorarei tudo com você. — O aperto em suas mãos aumentou e
quando ela olhou para baixo, o viu acariciando seu pulso.

Foi legal. Mais do que legal. Ele acariciou até as pontas dos seus
dedos e então a agarrou.

— Preciso que perceba que sou a pessoa em quem pode confiar,


Isabel. Não vou a lugar nenhum. Ficarei em Cape Falls.

— E se precisar de você e você não estiver?

— Ligarei e, como minha submissa, você seguirá as instruções.


Nunca a levei à minha masmorra além de te amarrar como no outro
dia. Uma vez que terminarmos o almoço, lhe darei uma experiência
adequada na minha sala de jogos. Sem jogos, o prazer certamente virá,
assim como a dor. Você gosta de dor? — perguntou ele.

— Não sei.

46
Ela sabia que não se importava com a dor, pois a sensação da faca
afundando em sua carne era um alívio bem-vindo. Havia sempre o
ponto em que doía demais e ela parava. Isso nunca foi um problema
antes. O corte dava-lhe um alívio e nunca realmente analisou sobre o
que gostava nisso. Era o controle, a sensação de poder fazer algo que
ninguém mais poderia. Ser punida por Edward seria diferente? Poderia
lidar com esse tipo de dor?

—Então, você quer ou não? — Edward perguntou. — Se não


quiser, nada muda. Voltamos a viver do nosso jeito. Seu trabalho no
clube ainda está lá, mas você tem que ir ao hospital ou ver alguém,
Isabel.

— Não preciso falar com ninguém.

— Certificarei de que você faça isso.

Ela realmente queria voltar para aquela vida?

Ele tinha sido doce, encantador e ela adorava cada segundo da


sua companhia, mas sempre quis mais. Até certo ponto, se sentia
gananciosa. Ela o queria tanto. Não queria voltar para o que fazia. Na
verdade, os cortes não ajudavam em nada. Ela não podia evitar a
sensação de que precisava disso.

— Estou dentro.

47
Edward ficou na porta do porão, ou como gostava de pensar, sua
masmorra do prazer. Antes mesmo da casa ter sido equipada com
móveis, ele se certificou que este quarto fosse perfeito. Ser um Dom
estava no sangue dele. Era o que apreciava, o que ansiava. Agora,
queria Isabel mais do que qualquer outra coisa no mundo.

No momento em que entraram na sua casa, ela foi buscar o kit.


Isabel nunca usou suas facas para se cortar e ele se lembrou de um
pequeno kit quando a viu se cortar no banheiro.

Quando ouviu seus passos, ficou tenso, esperando.

Ela contornou a cozinha e ele a viu mordiscando o lábio


novamente. Suas mãos tremiam quando entregou o kit.

— Isto é o que você usa?

— Sim.

A caixa era pequena. Parecia uma caixa de bugigangas. Era


delgada, fina e muito usada, mostrando a idade.

— Quanto tempo? — ele perguntou.

— Desde os treze anos.

Isso foi um longo tempo se cortando. Merda. Isto era como sua
Bíblia, sua forma de vida e ela estava entregando a ele. Isabel realmente
queria isso e quando olhou nos olhos dela, viu a força dentro deles.

48
— Ninguém mais sabe? — ele perguntou.

Ela balançou a cabeça.

— Nem mesmo Sophie.

— Como? Ela morava com você.

— Não era algo que eu anunciava. Você foi a primeira pessoa e


apenas porque não fechei a porta direito. Protegi Sophie. Ela não
precisava ver o que eu fazia e não era da conta de mais ninguém. Não
me sinto à vontade com isso, com nada disso.

Ele estendeu a mão, acariciando sua bochecha com um dedo.

—Eu sei e o fato de você ter me dado isso, significa muito e


prometo que não se arrependerá.

— Ok.

Edward observou enquanto ela olhava para a caixa, ele viu o


anseio dentro dela. Abrindo a porta para sua masmorra do prazer, a
instruiu a liderar o caminho. A luz já estava acesa e ele seguiu atrás
dela, observando.

Quando ele entrou no grande espaço, observou ela parada,


congelada.

Seu quarto era vermelho escuro com móveis pretos. Gostava da


sensação básica dentro da sua sala do prazer. Havia uma pequena
janela no canto superior que permitia alguma luz. Mas também tinha
cortinas para se certificar de que tudo estava escuro, como estava
agora. Gostava de privacidade, mas também gostava do fluxo livre de
ar.

— Agora, nós não temos nenhum acordo real, então você pode ser
exatamente como é.

49
— O que você quer dizer?

— Se chegarmos a um acordo mútuo, eu, como seu Dom e você


como minha submissa, exigirei certas coisas. Coisas importantes.

— Como o que? — ela perguntou.

— Quando quisermos vir aqui e jogar, exigirei que se apresente


em uma pose submissa. Para começar, pode ficar vestida, mas com o
tempo gostaria que estivesse completamente nua, de joelhos, coxas
ligeiramente abertas e as mãos com as palmas para cima. Sua cabeça
pode estar curvada e quando estiver nessa posição, gostaria que
pensasse em mim e o que quero que faça para me agradar.

— Posso fazer isso.

— Meu foco será te agradar, Isabel. Esta não é uma via de mão
única. Minha missão será dar-lhe prazer, trazer mais amor, alegria e
estrutura para sua vida.

— Estrutura? — ela perguntou, parecendo confusa.

— Sim. Sempre que sentir a necessidade de se machucar, cortar,


ou qualquer nome que dê a isso, precisa entrar em contato comigo.
Estou providenciando para que um telefone seja entregue aqui amanhã
de manhã. Você terá meu número e todas as formas de entrar em
contato comigo. Se não puder entrar em contato, você telefonará para
qualquer um dos números que lhe darei. Eles saberão o que você
precisa e eu serei o único a fornecer.

— Você falou sobre mim?

— Foi difícil não fazer isso. Sou novo nisso, Isabel. Cometerei
erros, assim como você. A partir deste dia, não haverá mais cortes.

50
— Posso fazer isso. — Ela estava esfregando as mãos e Edward
segurou as duas.

— Tenho chicotes, correntes, vibradores, braçadeiras, açoites,


bastões, você escolhe. Posso trazer prazer e dor, mas apenas se você
quiser.

— E se eu não quiser?

— Então paramos. Não uso palavras de segurança. Apenas me


diga não e pararei.

Ela assentiu.

— Isso é só ... demais.

— É muito para lidar. Você tem minha permissão para usar o


clube e pedir ajuda a todas as submissas, até mesmo os Dominantes
de lá para entender melhor. Pedirei a eles que lhe forneçam as
informações que precisar.

Ela segurou suas mãos firmemente.

— Gosto disso. Vi alguns vídeos na internet. Não sei quão precisos


eram. Algumas coisas eram um pouco hardcore1.

— Pode ser. Isto é somente sobre mim e você, e será mais fácil.
Não se preocupe com qualquer outra coisa.

Ele a moveu para que ambos estivessem sentados na beira da


cama.

— Isso é bom — ela disse, sorrindo.

— Gosto de conforto.

1
Hardcore é uma palavra inglesa que não possui uma tradução literal na língua portuguesa, mas pode ser interpretada com o
significado de “algo feito ou executado de forma extrema”.

51
— Eu também. — Ela colocou um pouco de cabelo atrás da sua
orelha.

— Quero que você me conte sobre sua primeira vez.

— Sou virgem, Edward. Isso não era uma mentira.

Ele apertou os lábios contra os dela, sorrindo.

— Não. Sei que você não esteve com mais ninguém. Quero saber
sobre a primeira vez que você se cortou, como se cortou, por que fez
isso?

Ela lambeu os lábios e as lágrimas encheram seus olhos.

— Por favor.

— Preciso saber. — Ele estendeu a mão, afastando-lhe o cabelo.


Ela tirou a tiara e os cachos caíram ao redor do seu rosto. — Você não
precisa se envergonhar ou ficar chateada. Não te prenderei, não para
impedi-la de fazer algo. Nós não estamos falando de jogos agora. Isto é
sobre o que você fez. Isso me assustou. Juro que nunca mais farei algo
assim, a menos que estejamos brincando juntos.

Ele observou enquanto ela olhava através do seu ombro e seu


rosto estava pálido.

— Eu, erm... — Lágrimas corriam por suas bochechas e ele as


limpou.

— Não há castigo aqui. Só quero entender o que está acontecendo.

Ela assentiu com a cabeça e limpou algumas lágrimas que


continuavam caindo em suas bochechas.

— Eu tinha treze anos. É tão estranho porque há momentos e


datas que nem me lembro, mas aquele dia, nunca esquecerei.

52
Ela fez uma pausa e ele observou como estava respirando
profundamente. Ele segurou suas mãos. Este dia, qualquer que fosse,
mudou a mulher na frente dele. Aos treze anos, ela se cortou e
encontrou alguma coisa e continuou a fazê-lo até os vinte e cinco anos.

— Sophie nasceu e há uma diferença de seis anos entre nós. Ela


tinha... sete. — Ela fechou os olhos por um segundo e franziu a testa.
— Mamãe e papai saíram para festejar a semana toda. Não tinha visto
nem ouvido falar deles. O trailer, no entanto, estava impecável. Limpei-
o todos os dias. Ficamos sem comida na quinta-feira e eu não sabia o
que fazer. Erm…, Sophie, nunca teve um filtro. Eu sempre soube
manter minha boca fechada, você sabe, não diga a ninguém que está
sozinha por dias a fio. Geralmente, havia comida suficiente. Desta vez
não havia e, Sophie estava fazendo alguma atividade escolar extra.
Acho que era um clube de livros. Eu sabia desde cedo que ela iria para
a faculdade e seria alguém especial.

Ela abriu os olhos e sorriu para ele.

— Ela sempre me deixou tão orgulhosa. Pega as coisas com


facilidade.

Ela lambeu os lábios.

— Então, a escola ligou para a assistência social e, em uma


semana, nossa vida quase se tornou uma merda total. A senhora que
veio era da cidade vizinha, já que não há ninguém da assistência aqui.
Com a cidade não muito longe, não havia necessidade de ter alguém.

Edward viu a emoção e o medo nos olhos dela. Estava


machucando-a falar sobre isso. Ele segurou suas mãos, tentando dar-
lhe o máximo de conforto possível com o toque das suas mãos.

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— Mamãe e papai foram investigados. A senhora nos julgou mais
do que adequados e depois foi embora. Meus pais mostraram que nos
forneciam um teto sobre nossas cabeças, comida e nós íamos para a
escola. Não tínhamos contusões de nenhum tipo, nunca nos
machucaram. Por que nos levariam para longe de pais que nos
tratavam bem? A cidade de Cape Falls, também não gosta de estranhos
e todos apoiaram meus pais. Quando ela saiu, meus pais,
simplesmente... estavam tão bravos e tão desapontados comigo.
Disseram-me que deveria ter mantido a boca de Sophie fechada, que
se precisasse de comida, então deveria ir à loja. Continuavam gritando
e ameaçando, com raiva, tudo estava se acumulando e eu não sabia o
que fazer ou o que pensar e, finalmente, eles saíram do trailer para ir
buscar Sophie porque eu era inútil. Não equivalia a nada e estava
sozinha.

Lágrimas corriam pelo seu rosto agora.

— Tinha um kit de matemática na mesa e eu estava fazendo


círculos, formas, essas coisas. — Ela fez uma pausa e olhou para longe.
— Estava tão brava, tão cansada e por fim... culpada. Sophie era minha
responsabilidade. Deveria ter lidado com ela, não deveria tê-la deixado
ir à escola. Não consegui controlar o que fiz. Peguei o compasso. Você
conhece aquele em que se coloca o lápis em uma ponta e a outra é
afiada?

— Sei qual é.

— Peguei isso e bati na minha coxa. Foi só.... Não sei por que fiz
isso, só que não consegui parar. Eu usava um jeans desbotado, é o tipo
de tecido grosso, mas consegui atravessar, senti a dor contra a pele e
apertei ainda mais até finalmente perfurar a pele. No momento em que
a pele se rompeu, parei. — Ela respirou fundo. — Eu consegui respirar,

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pude pensar com mais clareza e entender o que aconteceu. Não consigo
nem começar a descrever como foi... libertador. Fiquei finalmente livre.
Eles não podiam controlar isso, nem poderiam tirar isso de mim.

— Sophie nunca soube?

— Ela ainda não sabe. Por um longo tempo, alguns meses, não fiz
nada. Era meu segredo, sabe. Foi bom ter um segredo, então tudo
começou a se acumular novamente e o compasso simplesmente não
funcionou como da última vez. Papai tinha esses aparelhos de barbear
antiquados com lâminas. Ele gostava de ter um barbear bem rente. Eu
estava no nosso minúsculo banheiro e ele os havia deixado lá. Muitos
deles. Nem me lembro do que pensei. Peguei um, olhei para a lâmina e
era como se estivesse fora de mim. Não tinha nenhum controle. Era
apenas um meio para o que eu queria que acontecesse. Eu mantive
essa lâmina e guardei os outros longe para que Sophie não se
machucasse.

— Você vem usando lâminas desde então? — perguntou ele.

— Sim.

Ele estendeu a mão para limpar suas lágrimas. A dor em seus


olhos era tão aguda, tão profunda e tão assustadora de ver. Ela era
uma mulher de vinte e cinco anos que deveria estar curtindo sua vida.
Em vez disso, foi forçada a criar uma criança que nem sequer teve. Isso
era muito para uma criança, um bebê.

— Posso fazer uma pergunta? — Ele falou.

— Sim.

— Você quer morrer?

— Não. Não quero.

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— Bom. Nós podemos fazer isso. Acho que posso ajudá-la. Se você
quiser minha ajuda.

— Sim, eu quero.

Uma semana depois.

— Todos os submissos são iguais? — Isabel perguntou, assistindo


enquanto Peter limpava uma das salas de jogos do Control.

— O que você quer dizer?

— Todos sabem que querem um Mestre? Todos eles têm


problemas que precisam ser tratados? — Edward estava com William
no momento e ela teve que falar com Peter para receber toda a
informação que queria. Sentou-se no banco de palmadas, as pernas
balançando para frente e para trás. As salas de jogos eram lugares
divertidos para se estar, especialmente quando ninguém estava lá.
Pôde olhar ao redor e explorar sem medo de ser denunciada.

— Por que você está constantemente me fazendo perguntas? —


ele perguntou.

— Você está mais perto da minha idade e não parece tão mal-
humorado quanto os outros homens. Todos parecem ferozes e você
parece um pouco divertido. — Ela sorriu para ele. — Posso perguntar?
Edward disse que se tivesse alguma pergunta poderia fazer isso.

— Você e ele fizeram alguma coisa? — perguntou Peter.

— O que você quer dizer?

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— Exploraram a sala de jogos?

— Não. Nós estamos indo com calma. — Edward também estava


esperando certas feridas se curarem. Isabel não conseguia se lembrar
de um momento em que estava tão impaciente pela cura de um corte,
mas estava levando seu tempo.

Desde que confessou a ele sobre a primeira vez e o que aconteceu


depois disso, sentiu-se livre. Como se não importasse mais com o que
aconteceu com ela. Alguém entendia e não a viu como uma aberração.

— Você tem certeza que esta é a vida que deseja? Estar aqui no
Control e ajudar os outros submissos assim como você? — perguntou
Peter.

— Edward me disse que não é um tipo de show vinte e quatro


horas por dia, sete dias na semana que ele quer. Ele gosta de jogar.

— E você quer jogar?

— Quero ser o que ele precisa. — respondeu ela. Isso era estranho,
falar sobre suas decisões com Peter. — Não podemos falar sobre isso?

— Está bem. Coisas pessoais não são permitidas.

— Você gosta de ser dominante? — ela perguntou. Este era um


terreno mais seguro. Até agora, em casa, nada mudou. Ela e Edward
compartilhavam um tempo juntos, refeições e diversão. Não
compartilhavam um quarto, nem compartilhavam seus desejos. Na
maioria das noites, ela se deitava na cama pensando nele, se
perguntando o que ele estava fazendo, o que estava pensando e
esperando que estivesse fazendo o mesmo. Ela se tocou, mas desde que
Edward pegou seu kit e eles firmaram esse acordo, seu próprio prazer
parecia errado.

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Para resistir à tentação, ela nem tinha assistido nenhum dos
vídeos de pornografia que tanto amava. Em vez disso, se concentrou no
clube, aprendendo o máximo que pôde.

— Sim, gosto. Isso me relaxa, sei que traz muito prazer por ser
quem sou, especialmente para Rose.

Ela viu o sorriso em seus lábios enquanto falava o nome da sua


esposa.

— Você a ama, não é? — ela perguntou.

— Sim, amo, com todo meu coração. Ela é a razão pela qual acordo
todos os dias e respiro.

Uma tristeza esmagadora engoliu Isabel. Foi como um baque


repentino que a levou para baixo. Ninguém nunca a amou ou mostrou
aquele tipo de sorriso que estava aparecendo nos lábios de Peter
naquele momento.

Olhando para o chão, Isabel se perguntou porque alguém a


amaria. Ela estava danificada. Olha o que ela fez para si mesma!

— Ei, você está bem? — perguntou Peter.

— Sim, estou bem. Apenas sairei um pouco. Lamento ter


incomodado.

Isabel chegou à porta antes que ele a alcançasse, parando-a com


uma das mãos em seu braço.

— O que há de errado? — ele perguntou. — Você estava bem,


balançando as pernas e agora não está.

— Estou bem. Honestamente. Continuarei a limpeza. — Ela saiu


da sala, precisando de algum tempo sozinha.

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Passando os dedos pelos cabelos, respirou fundo várias vezes. A
tristeza era normal para ela. Estava acostumada a se sentir triste. O
que não estava acostumada era estar em torno de pessoas que
claramente se amavam e amavam com todo o coração. Agarrando o
equipamento de limpeza do armário de abastecimento, saiu para o
salão principal que servia como boate ao invés de um clube BDSM.

Havia várias pessoas se movendo, as ignorou. Tirando o esfregão,


alinhou seus suprimentos e encheu o balde com água quente e
desinfetante. A fragrância de pinho a acalmou. Quando os tempos eram
ruins no trailer, ela descobriu que o desinfetante de pinho barato
ajudava todos os males, até a tristeza. Limpava o trailer de cima para
baixo antes de Sophie chegar em casa apenas para que sua irmã
pudesse entrar em uma linda casa cheirosa.

Ela amava tanto sua irmã.

Voltando ao presente, colocou o esfregão no balde, rodando-o


antes de pressioná-lo contra a peneira, torcendo o excesso de água.
Começou a trabalhar na limpeza do chão.

As pessoas entravam e saíam enquanto ela esfregava o chão e


depois secou cada espaço que limpou, trocando a água e o pano para
que não houvesse chance de manchar. Em poucas horas, isso não
importaria. As pessoas se misturavam, dançavam e derramavam todas
as coisas naquele andar, mas pelo menos agora estava limpo.

Quando colocou o esfregão e o balde de volta no armário de


limpeza, o telefone começou a tocar.

Franzindo o cenho, tirou-o do bolso do jeans para ver o número


de Sophie.

Ao atender o telefone, ela sorriu.

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— Olá, irmã — disse ela.

— Olá estranha. Não tenho notícias de você há tanto tempo. Onde


esteve?

Dirigindo-se para o ar fresco, ela riu.

— Faz uma semana.

— Uma semana muito longa e solitária. Edward manteve você


ocupada?

— Na verdade não. Estou trabalhando no clube. Você conhece,


aquele que causou muitos problemas.

— No Control?

— Sim.

— Por quê? — Sophie perguntou.

— Eu quis. É divertido e gosto das pessoas que estão aqui. — Eles


fizeram com que ela percebesse mais do que nunca que não tinha
ninguém. Engolindo o nó na garganta, mudou a conversa. — E você?

— Não se preocupe comigo, querida. Você e eu sabemos que estou


bem. A faculdade está indo bem, mais do que excelente. Também
conheci alguém. Ele é um amor e mal posso esperar para que você e
Edward o encontrem. E a faculdade? Pensei que você estava fazendo
aula online. Você não queria ir comigo?

Ela podia ver sua irmã balbuciando.

— Você e eu sabemos que não sou feita para a educação superior.

Sophie rosnou.

— Estou me cansando de você sempre se derrubar.

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— Não sou inteligente. — Não, sou a estúpida.

— Você é inteligente. Você quem me ajudou todos esses anos,


Isabel. Você poderia fazer e ser o que quisesse.

Sentada nos degraus da parte de trás do clube perto da cozinha,


ela olhou através do bosque. Quando o Control abriu pela primeira vez,
toda a cidade se queixou. Ninguém gostava de William, o dono, e eles
também não gostaram do fato dele não se importar com o que qualquer
um pensava. Embora ela não o conhecesse, admirava sua coragem de
fazer qualquer coisa que queria e não se importar com as
consequências.

Ninguém disse nada e ele manteve seu clube aberto.

Lentamente, pouco a pouco, a cidade estava mudando, mas não


rápido o suficiente.

— Estou feliz onde estou, Sophie. Você sabe disso.

— Mamãe e papai não voltarão, Is.

— Sei. Não estou falando por eles.

— Então, quem? — Sophie perguntou.

— Você está bem, querida? — perguntou Edward, quase como se


seu pensamento o tivesse materializado.

— Edward? — Sophie perguntou.

— Tenho que ir. Ligue de novo em breve. — Antes que a irmã


pudesse dizer mais alguma coisa, ela desligou. — Ei. — Ela
cumprimentou. — Pensei que estava ocupado.

— Estava. Peter estava preocupado e pensou que eu deveria vir e


te verificar.

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— Estou bem. — Ela empurrou o celular, querendo fazer qualquer
coisa além de olhar para ele. Era embaraçoso pensar no que ela fazia.
— Eu só... gosto de limpar.

— Como está tudo? — ele perguntou, sentando-se ao lado dela.

— Está bem. Está tudo bem. Eu teria ligado se não estivesse bem.

Ele a encarou por alguns segundos.

— Você parece triste.

— Estou bem.

— Você continua dizendo isso.

Ela sorriu.

— É porque não há nada errado. Sério, estou bem. — Os


sentimentos que ela estava experimentando não eram novos. Estava
acostumada com eles. Eram um tipo de conforto estranho.

— A chave para um bom relacionamento é ser honesto um com o


outro, Isabel. Preciso que você confie em mim antes que possamos fazer
qualquer outra coisa. — Ele pegou sua mão. — Sei que está mentindo
para mim, mas posso ver que acredita que está bem. Você viveu com
isso por tanto tempo que nem percebe o que está acontecendo. Apenas
lembre-se, nem sempre serei tão indulgente sobre isso. Quero que seja
aberta comigo, honesta sobre tudo. Preocupo-me com você. Quero que
seja feliz e esteja segura. A única maneira que posso fazer isso é se
confiar em mim o suficiente para se abrir. — Ele então se inclinou para
perto e deu um beijo na bochecha dela.

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— Há algo de errado com ela? — Sophie perguntou, três dias
depois.

— Nada mesmo. Só preciso que você fale comigo sobre todos os


seus problemas.

Edward ouviu seu suspiro ao telefone.

— Não gosto disso. Falo com Is sobre tudo e agora você está me
dizendo que não posso. Não gosto disso.

Ele passou a mão pelo rosto, tentando limpar a cabeça. O whisky


escocês que bebeu não fez efeito o suficiente para adormecer seu
cérebro ou seu pênis.

— Isabel se sacrificou muito por você ao longo dos anos e ela


nunca teve alguém para se apoiar. Nem pais, parentes ou mesmo
amigos. Sou a única pessoa que ela tem. Não estou pedindo que você
não fale com ela. Estou dizendo-lhe que quaisquer problemas, qualquer
dinheiro que precisar, contas ou problemas, você me telefona. Ninguém
mais. Tratarei disso.

Sophie ficou em silêncio na outra extremidade.

— Você a ama?

— O quê?

— Você terá muitos problemas por alguém que não ama.

63
— Eu me importo muito.

— Você se olha no espelho quando diz isso? Eu diria que está


apaixonado e está se certificando de que minha irmã dependa de você.
Acha que não sei que minha irmã tem problemas? Eu sei.

Edward ficou tenso. Se descobrisse que Sophie sabia da merda


que Isabel estava fazendo, ficaria louco.

— O que você quer dizer?

— Estou fazendo uma aula, sobre psique humana ou algo assim.


De qualquer forma, isso me levou a pensar em Is. Você sabe que nunca
a vi chorar?

— O quê? — Edward perguntou.

— Sim. Enquanto crescíamos, nunca chorou, nunca discutiu. Eu


diria que era um capacho, mas você sabe o que, acho que ela apenas
confiava demais. Odeio meus pais, e realmente odeio a cidade de Cape
Falls. Eles não se importam com ninguém além de si mesmos. Nunca
soube a verdade do que realmente estava acontecendo. Estar na
faculdade, falar com as pessoas, Is merece muito mais. Estou lhe
perguntando, você ama minha irmã ou pelo menos se preocupa com
ela? Agradeço tudo o que fez por mim. De verdade. Se você machucar
minha irmã, eu pessoalmente te machucarei, Edward Banner.

Sophie não tinha ideia da extensão da dor de Isabel. Ninguém


tinha. Ela foi muito boa em manter tudo para si mesma. Ele pensou
em Sophie e, tanto quanto alegou amar a irmã, não tinha a menor ideia
sobre ela. Sim, Sophie era uma pessoa simpática, gentil, atenciosa e
tudo isso, mas nunca procurou perto de casa para ver onde era
necessária. Edward se perguntou se o jeito que as pessoas de Cape
Falls realmente se sentiam de alguma forma se projetou em Sophie. Ela

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simplesmente assumiu que pelo fato de Isabel ser a irmã mais velha,
tinha que passar por tudo, enquanto ela era uma pequena pirralha.

Ele estava começando a entender, não na totalidade, mas queria


ajudar, mais do que qualquer coisa. Ninguém jamais parou para
considerar Isabel. Ninguém além dele e se certificaria de que ninguém
mais fizesse isso de novo. O que mais o assustou foi que não havia
tanta ajuda com a condição de Isabel...

Pelo menos ela se abriu para ele, deu-lhe uma razão para
acreditar que se importava e que queria a ajuda que ele queria dar.

— Eu me preocupo com sua irmã, Sophie. Nunca faria nada para


machucá-la. Eu a ajudarei e ser essa pessoa para confiar. Confie em
mim e tudo o que peço é que me procure, ok? — ele perguntou.

Ele não queria perguntar. Queria instruir e seguir seu caminho.

— Sim, ok. Não pararei de falar com ela. Também não mentirei.

— Não estou pedindo que minta. Quero que você considere o que
ela passou para chegar aqui. Ela precisa de mim e eu preciso dela —
ele declarou. — Você não tem ideia do que está acontecendo com sua
irmã. Você presume tudo e sabe o quê? Isso é bom. Isabel não pode
confiar em você ou em qualquer outra pessoa.

Naquele momento, ele odiava Sophie e todas as pessoas de Cape


Falls.

— Edward? Eu não...

— Não quero ouvir nada. Eu lhe disse o que fazer e se você valoriza
sua irmã por um segundo, fará o que digo. Não pedirei novamente.

— Você a ama?

— Sim. Tenho que ir agora.

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Ela disse adeus. Pendurando o telefone, ele encarou o quarto onde
Isabel estava dormindo. Levou alguns segundos para se acalmar e para
controlar a raiva.

Três dias atrás, Peter chegou até ele e lhe contou o que aconteceu.
Edward não sabia ainda o que estava errado ou por que Isabel de
repente se retirou, mas queria descobrir. Tudo o que seu amigo estava
fazendo era falar sobre sua esposa e Isabel mudou. Por quê?

Depois de três dias dela no Control, de falar com ela sobre os


diferentes tipos de submissas e as diferentes salas de jogos, não estava
mais perto de descobrir a verdade. Entrando no seu quarto, sentou-se
em uma cadeira, olhando para ela. Pouco depois das oito da manhã,
ainda parecia tão tranquila.

Ela usava uma camisola comprida que cobria seus braços e


pousava nos joelhos. Nunca houve uma parte dela exposta por muito
tempo. A camisola cobria mais suas cicatrizes do que a modéstia.

Quando Peter o chamou, ele estava no escritório de William


falando com um médico sobre autoagressão. Daisy também estava lá e
ouviu o conselho mínimo que o médico pode dar. A automutilação era
diferente para cada um e tinha muitas causas diferentes.

Ele não achou que Isabel faria um pedido de ajuda. Ela não pediu
ou queria ajuda e a situação não mudou quando ele assumiu a frente.

Não houve abuso em sua vida também. Seus pais simplesmente


não se importavam. Ela não tinha outros problemas para se preocupar
e o médico havia avisado que não era sobre saúde mental. Qualquer
um tem a capacidade de se auto prejudicar.

Esta era uma situação muito complexa. Ele não queria pensar
nisso como um problema. Este não era um problema que precisava ser

66
resolvido. O médico advertiu que nunca conseguiria impedir que ela
repetisse seu ciclo e, se tentasse algo tão drástico, poderia enviá-la em
uma espiral como forma de lidar com isso. Nunca se machucou ao
ponto de ser hospitalizada, de uma maneira estranha, tinha controle.
Edward não conseguia entender. Se alguém se machucava, então tinha
que haver algo errado. Automutilação, não era assim. Odiava esse
sentimento de desamparo.

Edward acreditava, pela breve informação que Sophie havia


fornecido, pelo que Isabel havia dito e o que sabia, que esses cortes
eram a única maneira dela se expressar. A dor da faca, o controle, tudo
estava em suas mãos e ela finalmente podia sentir ou, pelo menos,
amortecer tudo. Perca sua cabeça e apenas se concentre na lâmina e
na pele.

Ele abriu o kit. Era tão limpo, tão conciso e tão químico na sua
pequena caixa. Havia lenços umedecidos e lâminas novas. Não havia
lâminas enferrujadas. Todas estavam afiadas e prontas para uso.
Duvidava que ela tivesse usado a mesma lâmina duas vezes.

Isabel rolou e soltou um pequeno gemido.

Como ele poderia ajudar essa mulher?

Ela significava muito para ele.

Seu amigo havia dito para ele começar a pensar sobre seus
sentimentos quando se tratava dela. Isabel não era apenas uma mulher
que poderia usar e descartar. O próprio pensamento o deixou
aborrecido.

Não queria jogá-la fora.

Edward queria mantê-la. Queria amá-la e ser amado por ela.

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Olhando para a mulher que o tinha nas mãos, sabia que isso era
muito além do cuidado. Estava conectado com essa mulher. Não
importava o que, tinha que ter certeza de que ela estava segura, era
cuidada e que era amada. Mais do que tudo, ela era amada.

Isabel abriu os olhos e sorriu.

— Ei — ela disse.

— Ei você.

— Que horas são? — ela perguntou, gemendo e girando para olhar


o relógio. — Dormi demais.

— Sim e não há necessidade de enfatizar isso.

— E quanto ao Control?

— É o nosso dia de folga. Tenho um acordo com o chefe para que


possa tirar folga se preciso e já que você me pertence, posso levá-la
comigo. — Ele se levantou da cadeira e caminhou para a cama.
Sentando-se estendeu a mão, afastando o cabelo do seu rosto.

— Devo estar uma bagunça.

Ele balançou a cabeça.

— De modo algum. Você é linda.

— Então, nosso dia de folga? O que você gostaria de fazer?

Suas bochechas tinham uma cor vermelha gloriosa. Ela não


conseguia nem aceitar quando ele a chamava de linda.

— Você não recebeu muitos elogios na sua vida, não é?

Ela balançou a cabeça.

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— Você não precisa dizer coisas agradáveis para mim. — Ela se
sentou com o cobertor ao redor do colo. Ele observou enquanto
colocava o cabelo atrás da orelha e soltou um suspiro. — Não preciso
de mimos.

— Não sonharia com mimos. Eu te elogiarei e você aceitará. Então,


diga: obrigada, Edward.

Ela revirou os olhos.

— Diga. — Ele se certificou de usar seu tom de voz de Dom, então


ela sabia que não estava brincando.

— Obrigada, Edward.

— Sei que sou linda — disse ele.

— Não posso dizer isso.

— É o que quero ouvir e o que acho.

Mais uma vez com outro virar de olhos.

— Sei que sou linda. — Ela apertou as mãos contra o rosto. —


Uau, isso parece tão errado. Não consigo acreditar que disse isso.

Ele riu.

— Não farei você dizer isso em público na frente de todos. Você


precisa se acalmar um pouco, baby. Aceite um elogio porque eles virão.

Ele estendeu a mão, afastando as suas do caminho e colocando


um dedo abaixo do seu queixo. Olhando nos olhos dela, ele se
encontrou derretendo mais uma vez. A cor não importava para ele.
Havia tanta emoção em suas profundezas. Atrás deles estava uma
mulher com tanto calor e paixão que com a orientação certa, poderia
alimentá-la e cultivá-la. Não desistiria dela nunca.

69
Isso para ele, era para toda a vida. Ela iria lhe pertencer. William
achava que estava louco por fazer esse compromisso tão cedo depois
de apenas anunciar suas intenções. Edward simplesmente sabia.
Nenhuma mulher jamais o deixou se sentindo assim.

Ele a queria.

— Seus olhos me impressionaram primeiro, Isabel. No dia em que


entrei no restaurante. Eu ficaria o dia todo e a noite se pudesse. Tudo
o que sempre quis foi ver o que realmente estava acontecendo na sua
cabeça.

— Tenho certeza de que houve muitas mulheres na sua vida ao


longo dos anos.

—Houve. Tive minha parcela de mulheres mais jovens, mais


velhas, curiosas, fáceis. Até fiz algumas brincadeiras e sim, adorei cada
segundo que estive dentro delas.

Ele viu o ciúme nos olhos dela.

— Mas nenhuma delas me fez querer sentar e olhar para elas.


Estive com mulheres, as fodi e as tirei da minha vida em uma hora.
Você, Isabel, é diferente.

— Aposto que você diz isso a todas.

Ele balançou a cabeça.

— Não. Eu não digo. Nunca fui o tipo de pessoa que diz qualquer
merda se não quiser dizer. Você diz coisas que não significa nada e as
pessoas acabam se machucando. Não faço isso. Essas mulheres
sabiam que eu só queria uma coisa. Nunca quis me sentar e assisti-
las, ou gastar meu tempo para conhecê-las. Certamente não queria
compartilhar refeições, minha vida, minha casa, meus amigos. Quero

70
compartilhar isso com você. Nunca esconderei nada de você, amor. Eu
prometo.

Lágrimas encheram seus olhos e ele notou que suas mãos


estavam se contorcendo no colo.

— Verdade e confiança, completas?

— Sim.

Ela assentiu.

— Eu estava..., erm, estava triste no outro dia. Era como se um


interruptor fosse desligado e não pudesse parar. Peter estava falando
sobre Rose, sua esposa e vi o sorriso em seus lábios. É o tipo de sorriso
que as pessoas que se amam dão umas às outras. Até meus pais
sorriam assim um para o outro, mesmo que fosse passageiro.

— Por que isso te deixou triste?

— Porque ninguém jamais pensou em mim assim. Sei que é bobo


e me sinto completamente estúpida por pensar nisso. Acho que estava
apenas chateada e um pouco ciumenta. Ninguém me amará tão
profundamente. Todos os homens do Control adoram suas mulheres
assim? — perguntou ela.

Ele assentiu.

— No entanto, nem todo amor é assim.

— Eu quero aquilo. Você não?

— Sim.

— Você nem hesitou.

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— É o que quero, querida. Quero esse tipo de amor. — Ele pegou
sua mão e deu um aperto. — Talvez possamos encontrar isso um com
o outro?

— Você realmente acha que isso é possível?

— Tudo é possível. Você acabou de se dar uma chance de


acreditar.

Edward deixou-a para se trocar e quando se vestiu, ela o


encontrou na cozinha para o café da manhã. Não havia nada fora do
comum até agora. Eles falaram sobre as últimas manchetes no jornal
e sobre a qualidade do bacon e ovos.

Ela não conseguiu tirar a conversa deles da sua cabeça.

— É o que quero, querida. Quero esse tipo de amor. Talvez


possamos encontrar isso um com o outro?

— Você realmente acha que isso é possível?

— Tudo é possível. Você acabou de se dar uma chance de acreditar.

Era possível que Edward se apaixonasse por ela? Ela já conhecia


seus sentimentos por ele. Amava-o, sabia sem dúvida que sim. Seus
sentimentos quando se tratava dele foram construídos desde a primeira
vez que ele entrou no restaurante.

Foi cativada por Edward e agora queria ser tudo que ele precisava.

Fazia quase duas semanas que ele lhe tirara o kit e não sentia a
falta disso. Não havia um ritual semanal em sua vida para o kit. Não

72
era como se ela houvesse estipulado um dia todas as semanas e então
seguisse isso.

Ela usava quando não aguentava mais. O período mais longo que
ficou sem se machucar foram três meses. Três meses ela pode
aguentar. Duas semanas eram fáceis.

Limpando a louça, sentiu Edward chegar ao lado dela. Ele


começou a secar os pratos que ela estava lavando.

O corte em sua coxa estava curado e não sabia como dizer a ele.

Seu corpo estava em chamas por ele. Ela o queria muito. Seus
sonhos à noite ficaram mais quentes.

Sem liberação, estava achando difícil se concentrar em qualquer


outra coisa. Suas mãos pareciam tão grandes e ela se perguntava como
seriam em seu corpo, tocando-a. Sua imaginação estava fazendo motim
agora.

— Minhas pernas estão bem. — Comentou ela, deixando as


palavras escaparem e se encolhendo quando terminou.

— Desculpe?

— Minha perna. Está bem. Não há mais machucado. — Ela ainda


o cobria com band-aid porque não queria arriscar que abrisse e
sangrasse.

Entregando-lhe o último prato, limpou a pia e lavou as mãos.

— Mostre-me. — Pediu ele.

Olhando para ele e ao redor da cozinha, ela lambeu os lábios


secos. Não estava nervosa em lhe mostrar a perna curada. Não, estava
mais nervosa com ele descobrindo a verdade sobre sua excitação. Ela
estava molhada. Até sua calcinha estava molhada.

73
Deixe de ser criança. Você tem vinte e cinco pelo amor de Deus.
Contenha-se.

Desabotoando o jeans, baixou o zíper e desceu a calça até os


joelhos. A camisa que usava cobria as coxas, então a levantou. Tudo o
que queria fazer era se cobrir. A maioria de suas velhas cicatrizes
estavam desbotadas, algumas delas apenas tiras prateadas
semelhantes às feridas feitas em cirurgia. A diferença é que não eram
perfeitas.

Ela nunca tinha ido tão longe ou se machucado até o ponto em


que precisasse ir ao hospital para dar pontos. Como com todas as
coisas em sua vida, ela teve cuidado.

Segurando sua camisa no ápice de suas coxas, estava rezando


para que ele não percebesse sua calcinha molhada, nem o cheiro da
sua excitação.

Isabel realmente acreditava que podia sentir o próprio cheiro.

Edward se ajoelhou e ela o observou enquanto tirava o band-aid


da coxa. A crosta estava firme e limpa. Durante o tempo que pode,
manteve-o exposto, de modo que a crosta se formasse rapidamente. Até
tinha optado por algumas saias para ajudar com o processo, saias
longas, até os tornozelos, escondendo tudo.

— Remova o jeans. — Exigiu ele.

Ela tirou os chinelos e saiu do jeans enquanto ele inspecionava


sua perna.

— Acho que limpei muito bem — ele disse.

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Inclinando a cabeça, ela apertou os dentes. A última coisa sobre
a qual estava pensando era o corte. A respiração dele estava no topo
das suas coxas, perto da sua boceta.

Ela nunca se sentiu assim e a esmagadora sensação de desejo a


envolvia.

— Você está bem? — ele perguntou.

— Sim, sim, estou bem. — Não, na verdade não estou. Você quer
a verdade, estou com vergonha. Porcaria, a primeira solução para o
nosso relacionamento, mesmo sendo bem-sucedido, é a verdade e a
confiança. — Estou excitada. — Isso ia contra tudo o que conhecia e
acreditava. Eu não deveria falar o que estava pensando ou sentindo.

Olhando-o, ela viu que ele estava sorrindo.

— Foi errado eu dizer isso? — perguntou ela estremecendo.

— Você me deixou orgulhoso, Isabel. Pensei que mentiria, mas


não. — Ele agarrou suas coxas e ela adorou quão grande eram suas
mãos. Mesmo que suas pernas tivessem pequenos pontos de celulite,
ele não estava consciente disso. Tinha mais cicatrizes do que celulite.
Amava comida e cozinhar para Edward era um dos poucos prazeres
que manteria.

— Como você sabia? — ela perguntou.

— Posso sentir o cheiro e também posso ver que sua calcinha está
molhada.

Ela fechou os olhos e gemeu.

— Sou seu homem, não sou?

— Você é? — Ela franziu a testa, sem saber como responder a


isso. — Certo.

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Ele riu e então ela ofegou quando a mão em sua coxa se moveu
entre suas pernas. Edward acariciou sua boceta e, pela primeira vez,
sentiu... algo diferente. Não era a irmã mais velha de Sophie ou Isabel,
o fracasso, a que se cortava ou a garçonete. Era somente Isabel.

Ao fechar os olhos, inclinou a cabeça para trás enquanto ele


pressionava os dedos contra seu clitóris, fazendo-a gritar.

Havia mais para ela do que o corte, do que sua irmã, do que tudo
o que já aconteceu.

Era uma pessoa inteira e ninguém jamais quis saber quem ela
era. Somente Edward. Ele era o único que se importava, que queria
saber e ser parte de quem ela era. Não havia mais ninguém no mundo
com o qual pudesse ser sincera. Ele era o único com quem podia
conversar, ser natural. Edward era a única pessoa que a queria.

76
Edward percebeu sua excitação e sabia que estava lutando para
esconder sua necessidade dele. Tinha ficado um pouco desapontado
quando ela inicialmente mentiu, mas então lutou e disse a verdade. A
felicidade que sentia não poderia nunca ser tirada dele. Eles fizeram
progresso. Era pequeno, mas para ele, era real. Eles finalmente
avançaram.

Afastando-se, agarrou a parte de trás do seu pescoço e olhou nos


olhos dela. A mulher que estava em seus braços agora era diferente da
mulher que tinha acorrentado por frustração.

— Isabel — disse ele, falando seu nome.

Pressionando seus lábios contra os dela, apreciou o jeito que suas


mãos agarraram seus ombros, segurando-o. Suas unhas se afundaram
em sua carne enquanto ele continuava acariciando sua boceta através
da calcinha.

Ela nunca teve um homem entre suas coxas. Isso era tudo novo.
Ele tinha verificado seu computador enquanto ela estava se vestindo.
Não houve buscas recentes por pornografia. Ele se sentou algumas
vezes nessa mesma cadeira, imaginando-a assistindo aqueles vídeos
pornográficos e se tocando. Agora mantinha uma grande caixa de
lenços em sua gaveta para se limpar sempre que surgisse a
necessidade.

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— É errado eu sentir desejo por ela, Doc?

— O que quer dizer?

— Eu a quero. Quero fazer sexo com ela, porra, construir uma vida
com ela. Está errado? Isso me faz algum tipo de pervertido? —
perguntou. Isso era o que passava por seus pensamentos por todo o ano
passado. Poderia pensar em uma vida sexual com ela, quando sabia o
que fazia? Parecia quase impossível acreditar que poderia querê-la e
ainda assim sua excitação nunca morreu. Sua necessidade por ela
nunca se dissipou.

Quando olhava para a sua bunda linda e suculenta, imaginava


agarrar as bochechas quando montasse sua boceta. Seus seios eram
bonitos e grandes. Desejou o dia em que eles estivessem balançando na
frente do seu rosto, implorando para que os sugasse.
— Não, não está errado. Isabel ainda é uma mulher com muitos dos
mesmos desejos. Ela não mudou quem é. Existem muitos homens e
mulheres que sofrem de automutilação em diferentes formas que
continuam uma vida normal, têm filhos e continuam vivendo. Não estou
dizendo que não é sem consequências, Edward. Se você a quiser o
suficiente, então encontrará uma maneira de ajudá-la. Não precisa lidar
com isso, apenas ajude. Por tudo o que sabe, alguém para conversar
pode ser o que ela precisa para parar com isso.

— Pode ser tão simples?

— Não sei. Este é o ponto da automutilação. Não há cura conhecida


e não há pesquisas sobre o assunto, não o suficiente, eu receio. Pode ser
extremo ou apenas algo que aconteceu uma ou duas vezes.

Saindo dos seus pensamentos, Edward olhou para Isabel. Ele


estava lutando com seu desejo por ela, segurando-o. Antes de falar com

78
o médico, pensou que sua reação a ela era errada, algo que deveria
esconder. Não era. Longe disso.

— Qual é o problema? — ela perguntou, abrindo os olhos. Eles


estavam cobertos de luxúria.

— Você quer que eu brinque com sua boceta? — ele perguntou.

Ela assentiu. Não houve hesitação.

— Vou querer que você tire tudo, Isabel. Quero você


completamente nua, então quero que coloque essa linda bunda na
mesa na minha frente e espalhe as coxas. — Ele não conseguiu resistir
a lhe dar outro beijo, então bateu os lábios contra os dela antes de
voltar para a mesa de jantar. Seu olhar ainda estava no dela enquanto
se sentava, esperando.

Isabel mordiscou seu pequeno lábio fofo novamente, olhando para


o quarto, esperando, pensando. Ele viu sua mente trabalhando,
tentando pensar. Inclinando-se em sua cadeira, ele fez algo que
prometeu que não faria. Tirou seu pau do jeans. Edward observou
enquanto seus olhos se ampliavam.

— Você vê isso? — ele perguntou.

Ela assentiu.

— Isso é tudo por você. — Ele não a foderia hoje. Nenhum deles
estava pronto para o sexo ainda. Quando chegasse a hora de tirar sua
virgindade, ambos estariam mais do que preparados. Dirigindo a mão
para cima e para baixo ao longo do seu pau, ele olhou para o corpo
dela. — Você virá aqui para ver qual o prazer que tenho para você? —
Ele deu uma piscadela e observou enquanto ela ria.

— Você certamente sabe como fazer uma garota corar, Edward.

79
— Você não é uma garota, longe disso.

— O que eu sou? — perguntou, tirando a camisa. O sutiã que


usava era branco liso. Ele faria compras para ela e obteria algumas
coisas realmente sexy para Isabel desfilar apenas para ele. Seria um
deleite vê-la em uma bela lingerie que ele escolhesse.

— Você é toda mulher.

Ela deu um passo em direção a ele. Sua calcinha combinava com


o sutiã e ele sacudiu a cabeça.

— Eu quero que tire tudo isso.

— E você? — perguntou ela.

Ele levantou e começou a remover suas roupas. Antes que ela


pudesse piscar, ele estava completamente nu.

— Estou todo aqui, querida. Não tenho nada para esconder. — Ele
se afastou da mesa e se virou para que ela visse todas as partes dele.
— Sou todo seu.

Ela estava mordendo o lábio e ele queria aqueles mesmos lábios


enrolados em torno do seu pênis. Segundos se passaram, não sabia
quantos e não se importava. Eles teriam o dia inteiro um para o outro.

Finalmente, depois do que pareceu uma vida inteira, ela colocou


as mãos para trás e soltou o sutiã. Seus grandes seios avançaram e ele
finalmente olhou para aqueles lindos e apertados mamilos. Eles
estavam vermelhos e implorando para serem sugados.

Seu corpo era muito melhor do que ele imaginara. Em seguida,


ela tirou a calcinha. Isabel tinha cabelos finos no ápice das suas coxas,
do qual ele não se importava. Ela deixou as mãos caírem e olhou para
ele.

80
Ela era uma mulher linda, todas as curvas naturais e ele adorava
que logo lhe pertenceria. Iria reivindicar todas as partes dela para si.

— Estou nervosa.

— Você não tem motivos para estar. Se quiser parar agora, não
vamos mais longe.

Ela inclinou a cabeça indicando seu pênis.

— E quanto a ele?

Ele riu.

— Estou no controle aqui, querida. Você não quer, nós não


faremos. É simples assim.

— Não quero parar. Desculpe. Nunca fiz nada assim.

— Eu sei. — Ele estendeu a mão. — Então, por que não fazemos


isso juntos?

Ela colocou a mão na dele, ele a pegou, aproximando-a. Ele não


bateu seus corpos juntos. Sabia que não estava pronta para isso. Ainda
não.

Ajudou ela a subir na mesa, sentou-se e colocou as mãos em suas


coxas.

— O que você está pensando? — ele perguntou.

— Você perguntará isso agora?

— Sim. Por que não? Somos só nós dois. Temos o dia todo e não
quero que você fique nervosa.

Ela respirou fundo.

81
— Tudo bem, estou meio preocupada. Não sei o que acontecerá.
Estou realmente esperando que ninguém ligue. Especialmente Sophie.

— Por que não?

— Porque não sei o que diria a ela. E se ela perguntar o que estou
fazendo?

— Você diz a ela que está passando algum tempo comigo. — Ele
estendeu a mão, empurrando um pouco o cabelo atrás do seu ombro.
— Não é grande coisa. Ninguém telefonará. Nem entrar, e sabe o quê?

— O quê?

— Mesmo que o fizessem, eu expulsaria quem fosse da casa e não


responderia ao telefone. Este é o seu tempo e o meu. Não desejarei ser
interrompido.

Ela agarrou seu rosto e bateu os lábios nos dele. Afundando os


dedos nos cabelos, ele a segurou forte enquanto mergulhava a língua
em sua boca. Isabel gemeu e lentamente quebrou o beijo.

— Você nunca deixa de me surpreender.

— Você também me surpreendeu.

— Eu sei. Realmente gostei dessa mesa de jantar e agora cada vez


que sentar aqui, posso pensar em quão bonita você é quando te levar
ao orgasmo.

Suas bochechas estavam coradas e o sorriso em seu rosto valia


cada segundo de preocupação com ela.

— Apenas por curiosidade, — disse ele — você já pensou em nós


dois juntos?

Ela assentiu.

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— Toda noite. Penso em nós.

— Você se tocou?

Novamente, ela assentiu.

— Mostre-me. — Ele agarrou suas pernas e se moveu para uma


posição um pouco mais confortável para ela. Descansando os pés dela
nas suas coxas, agarrou os joelhos e espalhou suas pernas. Mesmo
com sua boceta exposta, manteve seu olhar no dela. — Mostre-me como
você se toca.

Ele não desviou o olhar, mesmo quando sua mão se moveu entre
suas coxas.

Os olhos dela estavam dilatados e seus lábios eram sexys e


grossos, implorando para serem beijados ou fodidos por seu pênis.
Quando seus dentes se afundaram em seu lábio mais uma vez e um
pequeno gemido veio da sua boca, não conseguiu resistir. Deixando
cair o olhar pelo corpo dela, olhou para a boceta bonita e rosa. Os lábios
estavam espalhados e viu como ela estava molhada. Seu creme cobriu
o dedo enquanto escorregava ele para cima e para baixo em sua fenda,
provocando seu clitóris inchado.

O cheiro da sua excitação estava embriagando-o e queria saboreá-


la.

Sua boca estava seca por ela. Sentir seu sabor nunca seria
suficiente e temia que nem em uma vida inteira.

83
Parecia que Edward queria devorá-la e ela queria seus lábios em
seu corpo. Acariciando seu clitóris, ela não resistiu a olhar para o pênis
dele e percebeu que ele ainda estava duro. Edward se inclinou para
frente e ela ofegou quando ele abriu os lábios da sua boceta. Olhando
para baixo, viu seus dedos grandes segurando-a aberta.

— Encoste — disse ele.

Seguiu suas instruções mesmo quando seu coração disparou. Ela


não estava com medo. Tudo o que queria fazer era pedir por favor.

Você o ama.

Durante mais de um ano, ele esteve em seus pensamentos. Ela


não sabia o que sentia, apenas o que fazia quando se tratava dele.

Ela colocou suas costas sobre a mesa e descansou os pés na beira.

Edward se moveu e ela observou enquanto ele afastava as


cadeiras. Ele começou no centro do seu pescoço, escorregando um dedo
para baixo, mergulhando em seu ombro e, em seguida, para sua
boceta. Assim que estava no fim da mesa, parou.

— Este corpo pertence a mim, Isabel. Ao machucá-lo, você está


me machucando, entendeu?

Ela assentiu.

— Sim, entendi. Eu sou sua.

— Bom.

Ele se inclinou e abriu os lábios da sua boceta. Com o toque da


sua língua, Isabel experimentou mais prazer do que qualquer outra vez
na sua vida inteira. Ele não parou com uma lambida, chupou seu
clitóris, fazendo-a levantar da mesa com o prazer que era demais, mas
não queria que ele parasse, nem mesmo por um segundo. Ele soltou

84
seu clitóris, passando a língua sobre o botão inchado antes de se
mudar para sua entrada. Não a penetrou, mas continuou provocando-
a.

Ela o queria dentro dela, embora ele lhe disse que não faria isso
hoje.

Mordendo os lábios, tentou conter seu orgasmo. Seu corpo estava


se inflamando, dirigindo-a para o pico que queria mais do que qualquer
coisa.

— É isso, goze para mim, Isabel. Não pare. Você não precisa
segurar nada. Dê esse orgasmo para mim. — Pediu ele.

Ela gritou seu nome enquanto seu corpo inteiro se convulsionava


em um poço de prazer. Tudo se acalmou quando ela gozou,
estremecendo. Isabel não sabia o que aconteceu. Ela gozou muitas
vezes antes, mas nada assim. Ela não conseguia se concentrar nem
entender o que diabos estava acontecendo.

Ele passou a língua sobre seu clitóris uma última vez, se


afastando. Seus sucos estavam no queixo dele e ela os sentia
escorrendo até seu ânus e provavelmente na mesa.

Suas bochechas estavam coradas e ela limpou a garganta.

— O seu gosto é melhor do que qualquer coisa que já tive na


minha boca, querida.

Ela gemeu.

— Isso é uma coisa boa?

— Isso aí. Lamberei muito sua boceta. Ela é muito suculenta e


gostosa.

Ela cobriu o rosto e depois abriu os dedos para olhar para ele.

85
— E você? — perguntou ela.

Ele balançou a mão no ar.

— Sou um menino grande. Sei como cuidar de mim mesmo.

— E se eu quiser cuidar disso? — Ela sentou-se na mesa e


balançou as pernas, se levantando.

Não havia uma parte dela que ele não viu antes. Pela primeira vez,
ela não sentiu a necessidade de cobrir seu corpo.

Afundando em seus joelhos, ela olhou para ele.

— Você não precisa fazer isso se não quiser.

— Eu quero, Edward.

Ela envolveu os dedos em torno do seu pênis e ficou maravilhada


com quão grande era. Edward não era um homem pequeno. Passando
a mão ao longo do seu pênis, abaixou o prepúcio, para ver a ponta em
forma de cogumelo.

— Não use os dentes para começar — instruiu.

Colocando a língua para fora, ela lambeu sobre a ponta e observou


enquanto ele sibilava e fechava os olhos.

— Dói? — perguntou, parando.

— É tão bom. Você não faz ideia de como é bom. Quero mais.
Enrole os seus lábios sobre o meu pênis. Sugue na sua boca.

Tudo em sua vida desapareceu e Edward tornou-se seu foco


principal. Cobrindo a cabeça do seu pênis com os lábios, lentamente
ela se afundou nele, levando-o até a parte de trás da garganta. Fechou
os olhos e puxou para trás, até que ele bateu na garganta mais uma
vez.

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Ele gemeu.

Sua mão tocou seus cabelos e ele passou os dedos pelas mechas.
Ela gemeu enquanto ele puxava um pouco.

Abrindo os olhos, não conseguiu resistir a outro olhar no rosto


dele.

— Você é tão bonita, Isabel. Minha pequena submissa linda.


Ninguém mais saberá quão perfeita você é.

Ela era perfeita?

Ela não era perfeita e ainda assim ele pensava que era.

Seu coração disparou e envolveu seus dedos em torno da base do


seu pênis, trabalhando a ponta com a boca.

Edward assumiu, controlando a profundidade dos seus impulsos.


Ele não foi muito profundo. No momento em que bateu na parte de trás
da sua garganta, ele fez uma pausa e aliviou um pouco mais.

— Oh, porra, querida. Você não tem ideia de quão perfeita sua
boca é. — Ele gemeu e fodeu o rosto dela.

Seu pênis pareceu inchar na boca de Is e de repente ele puxou


para fora. Por um segundo, se perguntou se havia feito algo errado até
que um fluxo branco de porra pousou em seu peito.

Edward gozou por todo seu peito e seios, drenando cada gota.

Quando terminou, caiu de joelhos ao lado dela.

Segurou seu rosto, puxou-a para perto e bateu os lábios sobre os


dela.

Sim, não havia dúvida. Ela se apaixonou e não havia como voltar
atrás.

87
Três semanas depois

— Você tem certeza sobre isso? — perguntou William.

Edward olhou para o amigo. Estavam na mansão dos irmãos Steer


com todos os seus amigos e familiares. As crianças estavam correndo
e causando caos. O sol estava brilhando e a churrasqueira estava em
chamas. Na época que conheceu Isabel, vários dos seus amigos
estavam planejando sair de Cape Falls.

Os irmãos Steer eram alguns deles.

No começo, Edward pensou que Cape Falls era um lugar estranho.


Claro, já viu quão assustador era o pensamento antiquado deles. Para
muitas pessoas, Cape Falls foi um pesadelo. Certamente foi para sua
namorada, Isabel.

— O que você quer dizer?

— Com Isabel. Há uma mudança dentro de você. Parece quase


normal.

As últimas três semanas foram... como estar no céu. O dia de folga


que passavam juntos era uma felicidade e ele não queria que isso
parasse. Claro, ele teve que parar porque não era pago para ser

88
desleixado. O Control estava crescendo, mas ainda tinha um papel
como Dom residente para ajudar os treinadores.

— Sou sempre normal.

William resmungou.

— Por favor, você não é normal. Você nunca foi o tipo de ajudar
uma garota como Isabel.

— Ouvi dizer que sua garota, Daisy, era uma cadela de primeira
classe no começo.

— E? — perguntou William, já parecendo defensivo.

— As pessoas mudam, William. Você e eu, não somos as mesmas


pessoas que éramos vinte anos atrás. A vida nos muda e nós aceitamos
ou não. Não sou o mesmo cara que chegou a Cape Falls. Aquela mulher
lá, mesmo com toda sua merda, me faz um homem melhor. Isso é tudo
que sempre quis. Uma mulher que tenha o poder de me melhorar e
você sabe o quê? Entendi. Estou levando ela a sério, falhas e tudo. —
Ele bateu nas costas do amigo. — Você deveria estar feliz por mim.
Finalmente achei isso.

— Então, é amor? — perguntou William.

— É alguma coisa.

— Estou feliz por você.

— Sobre o que vocês estão gemendo? — perguntou Ryan. Ele


segurava uma garrafa de refrigerante na mão, parecendo um pouco
triste.

— Amor verdadeiro. — Esclareceu Edward.

— É superestimado. Acredite em mim.

89
— Sua ex se mudou? — perguntou William.

Ryan balançou a cabeça.

— Não sei. Não nos falamos desde o divórcio. Pensei que éramos
amigos. Acho que esperava que continuássemos amigos e que não
haveria dificuldades.

— Você disse a sua esposa que não a amava e que nunca a amou.

Ryan esfregou o nariz.

— Você sabe, estou pensando em entrar no meu carro e dirigir tão


longe dessa cidade quanto puder.

— Você quer sair? — perguntou Edward.

— Sim. Penso sobre isso o tempo todo. Não há nada para mim
aqui. Não tenho nada a perder e a cidade levará muito tempo para
seguir em frente. Estamos caminhando lentamente em direção ao
século XXI, mas não rápido o suficiente. Quero sair, explorar. Não
quero que os meus últimos dias sejam aqui.

Edward olhou para o amigo.

— Você pensou bem sobre isso?

— Durante muito tempo. Mesmo quando era casado, estava


tentando fugir. Nada me segura aqui. Nunca segurou. Cresci aqui, nem
sei porque não fui embora.

— É a maldição de Cape Falls se você me perguntar. — Diz Peter


Steer, se aproximando deles. Ele levanta as mãos. — Desculpe, não
pude evitar de ouvir demais. Você sabe como é.

— A maldição? — perguntou Edward.

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— Não é algo que acho que alguém realmente se preocupe. Pensei
muito nisso. A cidade está cheia de pessoas que odeiam isto aqui.
Mesmo assim, não vão embora. Olhe para Peter e Laura. Eles
cresceram aqui e nenhum deles se foi. Eu também não. Penso que se
não sair quando somos jovens, não iremos mais. É a maldição de Cape
Falls.

— Saia enquanto puder. — falou Ryan. — Faz sentido.

— Você sairá? — perguntou Peter.

— Sim. Você quer saber. Quando chegar em casa essa noite,


arrumarei tudo. O que preciso está aqui no Control.

— Notei que você não se mudou. — Observou William, apontando


para Ryan.

— O aluguel é barato. Consegui viver uma vida boa sem


preocupações. — respondeu Ryan, rindo. — Aprecio tudo que vocês
fizeram por mim.

— Você acha que voltará? — perguntou Edward.

— Não sei. É difícil dizer agora.

Edward olhou sobre o ombro de Peter e viu que sua mulher estava
sozinha.

— Com licença.

Ele deixou os caras sozinhos conversando. Passando um braço ao


redor da sua cintura, puxou-a para perto.

— Como está o meu anjinho?

Ela riu.

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— Estou bem. Todo mundo está perguntando como estamos
passando. Nunca tive tanta atenção. — Ela cobriu suas bochechas. —
Estou meio envergonhada. Eles querem saber se você ainda parece um
britânico no quarto.

Ele mordiscou sua orelha, amando o som da sua risada. Edward


gostava de provocá-la mais do que qualquer coisa.

— Você deve dizer-lhes que é quando piora, especialmente quando


estou comendo a sua boceta.

— Você é mau, Edward.

— Você nem sabe quão mal posso ser.

— Eu sei. Você não vai tão longe comigo. — Ela passou a mão
para cima e para baixo em suas costas.

Eles não tinham ido além de explorar. Ele não queria apressá-la
e agora sabia com certeza que o corte em sua coxa estava
completamente curado. Hoje, ela usava um vestido até o joelho com um
cardigã que cobria seus braços. Mesmo que quisesse exibi-la um
pouco, ela não deixaria. Isabel tinha que manter a maior parte do seu
corpo coberto.

Ele deu um beijo na cabeça dela.

— Logo. — Informou ele.

— Você sabe que a maioria dos homens adoraria deflorar uma


virgem.

— Se alguém chegar perto de você, vou matá-lo, Isabel.

— Eu não quis dizer nada com isso.

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— Eu sei, baby. Importo-me com você e não arruinarei sua
primeira vez correndo como um adolescente excitado. Nós temos todo
o tempo no mundo.

Ele agarrou a parte de trás da cabeça dela e deu um beijo em seus


lábios.

— Obrigada. — Agradeceu ela.

— Por quê?

— Por não fazer eu me sentir estranha.

— Você é muitas coisas, mas estranha não é uma delas.

— Certo e quais outras coisas seriam? — perguntou ela. O sorriso


em seus lábios o enche de muita alegria e felicidade. Ele estava louco
realmente. Houve muitas vezes ao longo dos anos em que não teria
dado a mínima se a mulher que ele fodeu sorrisse ou não. Teria tomado
o que queria e, com certeza, teria deixado a mulher satisfeita. Nunca
teria sonhado em mudar seu mundo inteiro por uma mulher. Ao levar
Isabel para sua casa, ajudar sua irmã, levá-la para o Control, tudo isso
significava algo para ele, algo mais profundo.

— Vejamos… você é uma pirralha. Ouvi os outros homens


conversando no clube que você tem muitas perguntas.

Suas bochechas aqueceram.

— Você disse que eu poderia lhes perguntar qualquer coisa.

— Eu sei e não tenho problemas com isso. Não sabia que você era
uma pequena coisa curiosa.

— Eu sou muito curiosa e sei que você está indo devagar comigo.
Só quero poder te dar o que me dá. — Ela estendeu a mão, tocando seu
rosto.

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— Obrigada.

— Você não tem nada para agradecer. Acredite, vamos para a sala
de jogos. Com todas as perguntas que você tem feito, espero que saiba
uma coisa ou duas. — E só porque não conseguiu resistir, ele deu um
tapa no traseiro dela.

Ela riu e se inclinou contra ele.

— Sobre o que vocês estavam falando?

— Acho que Ryan vai finalmente embora.

— Mesmo?

Edward assentiu.

—Parece que sim. Ele não está interessado na cidade de Cape


Falls. A cidade nunca fez nada por ele. Peter pensa que há uma
maldição.

— Que tipo de maldição?

— Você sai enquanto é jovem ou nunca sai.

— Espero que Sophie fique fora daqui.

— Por quê? — Edward perguntou.

— Ela sempre foi um espírito livre, Edward. Esta cidade, a mataria


pouco a pouco. Você me contou tantas coisas maravilhosas sobre o
mundo e me faz acreditar que isso poderia acontecer aqui, onde uma
cidade teve que ficar chocada com a violência de uma gangue que
estuprava em grupo para fazer qualquer coisa acontecer.

— Isso fez o conforto da cidade pequena muito menor.

— Sim, realmente fez.

94
Edward olhou para Gabriel, o xerife que queria deixar a cidade
segura, para sua esposa, Amy. Então olhou para os irmãos Steer.
Mesmo William falou sobre deixar a cidade algumas vezes. Houveram
tantas multas, tanto dano, tanta dor apenas para abrir um simples
clube. Ele se perguntava se houvesse outra onda de ódio em relação ao
Control, seu amigo partiria ou não?

Olhando para Isabel, ela precisava sair para começar de novo em


um novo lugar? Essa cidade poderia puxá-la para baixo de maneiras
que ele sequer imaginava?

Isabel estava sozinha. Edward teve que ir entregar um recado para


William. Olhando para a porta da sala de jogos, ela mordiscou o lábio.
Passou tantas semanas, observando, aprendendo, fazendo perguntas.
O estilo de vida era intenso e ainda assim ela estava ansiosa por esse
tipo de libertação. Ela viu mulheres caírem de joelhos para receber seu
Mestre e observou o amor nos seus olhos, enquanto o Mestre acariciava
ternamente suas bochechas.

Estendendo a mão, abriu a porta do porão e desceu os degraus


para a sala de jogos. Seu coração estava acelerado quando desceu. A
luz já estava acesa enquanto olhava para os instrumentos de prazer e
dor. Ela não sabia o que era e para o que servia, nem se importava.
Este era o quarto de Edward. Sua sala de jogos. Era uma convidada
aqui, mas esperava que logo fosse algo mais.

95
Virando-se em um círculo completo, ela sabia o que tinha que
fazer. Removendo a roupa, cuidadosamente a dobrou e colocou em uma
cadeira. Quando estava completamente nua, caminhou em direção ao
espelho de corpo inteiro e olhou para si mesma. Baixando os braços,
permitiu-se olhar para o corpo que passara anos prejudicando. Sua
perna estava completamente curada e sentiu lágrimas nos olhos
enquanto olhava para o estrago. A parte superior das suas coxas
tinham a pior evidência do que tinha feito para si mesma. Seus braços
eram os próximos.

Levantando os braços, olhou para eles. As marcas prateadas dos


cortes antigos. Os que ela fez, que não eram muito profundos,
desapareceram. O que Sophie pensaria sobre ela se soubesse a
verdade?

— Você é inútil. Você não faz nada direito. Tudo o que precisávamos
que fizesse era cuidar da sua irmã!

— Você é tão grossa e estúpida. Você não sabe de nada?

Ao fechar os olhos, afastou as palavras odiosas que cresceu


ouvindo. Essas eram apenas algumas. Havia muitas outras crescendo
dentro dela.

Ele nunca vai realmente te querer.

Você é um elo fraco.

Uma falha.

Franzindo o cenho, também afastou essas dúvidas. Houve


momentos em que sentiu que estava sendo esmagada de dentro para
fora. Ela não sabia como lutar dentro da sua cabeça, tentava manter-
se à deriva. Estava se afogando sem barco salva-vidas e ela não queria
morrer.

96
Eu nunca quis morrer.

Um novo começo.

Poderia ser possível recomeçar longe de Cape Falls? Longe dos


julgamentos da cidade e sua crueldade. Nem todos em Cape Falls eram
viciosos somente apenas aqueles que pareciam ter muito a esconder.

— Você não se machucará novamente. — Mesmo dizendo para si


mesma, não sabia se poderia acreditar em suas próprias palavras. Ela
queria. Viu o quanto isso afetou Edward e a última coisa que queria
fazer era causar-lhe qualquer tipo de dor.

Você não se cortará.

Você não se prejudicará.

Você não se machucará.

Afastando-se do espelho, foi até o ponto que Edward mostrou e se


ajoelhou. Descansando as mãos nos joelhos com as palmas para cima,
espalhou as coxas para que estivessem bem abertas e então esperou.

Edward enviou uma mensagem para que ela soubesse que ele não
demoraria muito, por isso estava ajoelhada no chão, as pernas
espalhadas, esperando.

— Eu posso fazer isso. Eu posso fazer isso.

Não só poderia fazer isso, ela queria.

O tempo passou e ela não se importava. Continuou esperando.


Mesmo quando seu coração acelerou, ainda esperou.

Finalmente, ouviu a porta abrir, ele deve ter encontrado a carta


que ela deixou pendurada na maçaneta da porta da frente.

97
Ela baixou a cabeça e não demorou muito para ele descer as
escadas. Segundos depois, viu seus sapatos em frente a ela e ainda
assim permaneceu na mesma posição.

— Você me agradou tanto — disse Edward.

Ele acariciou sua cabeça e seu rosto até o queixo. Com um dedo
em seu queixo, levantou sua cabeça e ela olhou nos olhos dele. O
sorriso em seu rosto valia cada segundo de dúvida que teve.

— Você tem certeza disso?

Ela assentiu. Eles haviam explorado as regras e Edward tinha


contado do que gostava e não gostava. Não haveria mudança em seus
nomes. Ele não a chamaria de sub, ou subby ou qualquer outro nome
que ouviu alguns dos homens chamando suas mulheres. Ela não
deveria se referir a ele como mestre ou senhor. Ele só queria ser Edward
e ela devia ser Isabel. Nada realmente mudaria. Eram as mesmas
pessoas, apenas seu jogo estava prestes a ser completamente diferente.
Seu coração estava acelerado enquanto o encarava.

— Você realmente quer jogar? — ele perguntou.

— Sim. Eu quero.

Ela queria jogar. Queria pertencer a ele e dar-lhe o que precisava.


Não havia limites para o que queria fazer com ele.

Durante a noite eles compartilhavam a cama, mas ainda não


haviam feito sexo. Ela implorou, queria isso, mas como tantas vezes
antes Edward recusou. Estavam mais perto do que nunca. Ele
segurava a chave para todas as partes dela. Ela o amava mais do que
qualquer coisa no mundo e faria o que quisesse.

98
Não que ele também não quisesse. Não era só sobre o que Edward
queria. Isso era sobre o que ambos queriam, o que ambos desejavam.
Ela fantasiou sobre esse quarto e o que ele faria com seu corpo.

Edward estendeu a mão e colocou a dela na dele. Puxou-a para


ficar de pé e a trouxe para perto, sua mão esticada em suas costas logo
acima do seu traseiro.

— Vê-la esperando por mim me excitou e agradou muito.

— Estou feliz.

Ele pressionou a cabeça contra a dela e eles balançaram de um


lado para o outro. Ela estava ciente do seu corpo contra o dela. A
maneira como ele era uma rocha. Ela o observou treinar várias vezes.
Durante todo o tempo ela ficava molhada enquanto ele fazia isso.
Observar Edward a cativava. Estar com ele fez com que ela acreditasse
em um futuro que pensou que não era possível.

Edward correu as pontas dos seus dedos para cima e para baixo
em sua coluna vertebral. Com cada escorregadela para baixo, se
aproximava mais do seu traseiro até que finalmente correu a ponta do
dedo na dobra da bunda dela. Ele se afastou e olhou para o seu corpo.
Ela estava com uma necessidade irresistível de se cobrir, mas se
conteve. Isso não era o que queria fazer. Não queria se esconder dele.
Ele era a única pessoa para quem queria permanecer aberta.

— Olhe para mim, Isabel — disse ele.

Olhar fixamente para os olhos dele era fácil. Cada vez que fazia
isso, sentia-se como se estivesse se perdendo novamente. Ao contrário
de tantas vezes no passado, quando olhou para Edward, não viu nada.
Ele também não viu nada quando olhou para ela. Ele a viu. Para

99
Edward, ela existia em seu mundo, em sua vida e era mais do que
suficiente para torná-la real.

— Quero que você vá e se deite na cama. Abra suas coxas para


mim.

Ela sorriu. Ele sempre queria que espalhasse suas coxas para ele.
Mesmo quando estavam na cama juntos, ele a teria deitada
completamente aberta para ele.

Deitou na cama e abriu as coxas.

— Agora quero que você brinque com essa linda boceta, Isabel.
Quero assistir você provocando seu clitóris e ver como goza, mas só
quando eu mandar. Você não pode simplesmente gozar. Preciso saber
que mereceu.

Ela assentiu.

Isabel não sabia como faria isso, mas para Edward, ela faria.

Escorregando os dedos entre suas coxas, o observou. Por alguns


minutos, ele olhou entre suas coxas, observando, esperando e depois
mudou de lugar. Ela não conseguiu afastar seus olhos. Ele puxou a
camisa, jogando-a na direção da cadeira, onde ela cuidadosamente
dobrou suas roupas. Em seguida, tirou o jeans e então sua boxer se
curvando até ficar completamente nu diante dela. Seu pênis estava
duro, apontando para frente. Ela lambeu os lábios, querendo-o em sua
boca.

Edward se aproximou da cama e passou as mãos por suas coxas.


Quando ela foi parar, ele balançou a cabeça.

— Não quero que pare. Continue.

100
Ela estava ofegante, mas continuou a brincar com o clitóris
enquanto Edward observava. Ele estava tão perto, seu pênis tão perto
dela.

Era quase demais imaginar que ele iria querê-la e fodê-la.

No momento em que olhou nos olhos dele, ela viu o calor, a


necessidade e isso espelhou a expressão dela completamente.

101
Ver Isabel esperando por ele em uma pose submissa realmente o
atingiu com força. Edward observou enquanto ela passava seus dedos
por sua fenda, a deixando úmida e suculenta. Seu clitóris estava muito
inchado quando apareceu para fora do seu capuz, brilhando para ele.
Ele lambeu os lábios, desejando um gosto dela.

Esta noite ele a foderia.

Esta noite a faria dele.

Não havia como voltar atrás.

Não havia outra maneira. Precisava tê-la como sua. Agarrando


seus joelhos, ele observou como ela estremeceu, gemendo seu nome
enquanto se tocava.

Para a maioria das mulheres que aceitou como submissa, exigiu


que o chamassem de "Senhor" ou "Mestre". Tudo o que queria ouvir dos
lábios de Isabel era o som do seu próprio nome quando ela gozasse.
Nunca se aborreceria de ouvir seu nome saindo dela, especialmente
durante seu orgasmo.

Acariciando o interior das suas coxas, a provocou, roçando os


finos pelos da sua boceta antes de se afastar. Ela se arqueou em direção
ao seu toque, ele sorriu. Dando um tapa na face interna da sua coxa,
balançou a cabeça.

— Não, você não pode ter o meu toque ainda. Quero observar você.

102
— Sim, Edward.

— Diga-me, doce Isabel, você está pensando em mim assim? —


Ela assentiu. —Você tem pensado em me trazer aqui? — Mais uma vez,
um aceno de cabeça. — Usando este equipamento. — Edward a viu
acenar com a cabeça novamente. — Diga-me o que pensou.

Ela mordeu o lábio e, quando parou de acariciar seu clitóris, ele


lhe deu um tapa na mão.

— Não disse para parar.

Seus dedos começaram a se mover novamente e só quando estava


satisfeito, olhou nos olhos dela.

— Você estava dizendo.

— Pensei em você me dobrando sobre o banco de palmadas.

— Você foi travessa em suas fantasias?

Ela balançou a cabeça.

— Não. Você me quer no banco para ver minha bunda.

— E o que uso para punir você? Uma coleira, um chicote?

— Não, sua mão. Amo suas mãos no meu corpo, Edward. Você
bate na minha bunda até ficar vermelha. Não porque fui má, mas
porque ambos precisamos disso. Seu toque marcando meu corpo.

Porra, ele estava ficando mais duro ainda só de pensar nisso.

— E então, o que acontece?

— Você espalha minha bunda e coloca seu pênis na minha boceta.

— Você é virgem nas suas fantasias?

— Não. Você já me tomou, me fez sua a esta altura.

103
Ele faria isso agora. Só queria mais algum tempo para jogar antes
de fazer isso.

— O que mais você imaginou?

— Você me amarrou na sua cruz. Como você fez quando me


machuquei. Apenas minhas mãos estão fora do caminho e estou à sua
mercê. Você pode fazer o que quiser, me foder, me amar, qualquer
coisa.

Lá estava ... “me amar”.

Tudo o que ela queria era ser amada.

Eu tenho você, baby. Você é mais amada do que imagina.

— Só quero jogar com você, Edward. Quero ser tudo.

— E você será. Agora, você está pronta, Isabel? — ele perguntou.

— Pronta?

— Quero que você goze para mim.

Ela gemeu, arqueando-se e com alguns golpes em seu clitóris, se


despedaçou. Ele observou sua boceta começar a pulsar, sabendo que
seu pau faria o mesmo. Um rubor vermelho cobriu seu peito. Seus
mamilos estavam bonitos e duros, seu corpo inteiro pronto para ser
fodido, pronto para ser reivindicado.

— Essa foi a visão mais bonita que já vi — disse ele, se afastando


da cama. — Fique onde está. — Ele virou as costas para ela, indo em
direção a uma de suas prateleiras onde mantinha o que queria usar.

Os grampos de borboleta eram de uma linda cor roxa, brilhante e


nova. No momento em que os viu, sabia que tinha que tê-los para
Isabel. Eles simplesmente pareciam bonitos demais para não os levar.

104
Voltando para a cama, parou ao lado do seio esquerdo. O mamilo
ainda estava muito duro. Inclinando-se, pegou o mamilo na boca,
sugando-o. Quando fez isso, tirou o grampo de borboleta da sua
pequena caixa, abriu o fecho e colocou-o em seu mamilo.

Ela gritou e quando ele colocou a mão entre suas coxas,


provocando sua fenda, ainda estava molhada e ficando mais úmida a
cada segundo. Removendo o dedo, sugou o creme em sua boca,
limpando tudo. Movendo-se ao redor da cama, foi para o outro mamilo
e repetiu a mesma ação.

Desta vez, seu gemido foi mais gutural, mas ainda estava lá. Ele
amava suas respostas e quando terminou recuou da cama para
admirar seu trabalho.

Perfeição.

O grampo de clitóris seria demais para ela agora. Colocando a


caixa ao lado, ele se moveu em direção a cama.

— Não usarei mais ferramentas no momento, querida. —


Informou ele. Ajoelhado na beira da cama, ele se moveu entre suas
coxas e apoiou os braços sobre ela. Seu pênis escorregou entre os lábios
inchados do seu sexo. Não empurrou para sua entrada, apenas
descansou sobre ela, olhando em seus olhos.

— Você pode usar qualquer brinquedo com o qual queira jogar.

— Você é meu brinquedo, Isabel. Vou brincar com você. —


Sentando de volta, ele acariciou seu corpo, tocando cada centímetro da
sua bela pele. Deu às borboletas um pequeno puxão, observando-a se
contorcer com o prazer do toque. — Amo quão sensível você é.

— Quero você, Edward.

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— Eu sei, querida. — Em breve.

Movendo-se para sua boceta, abriu os lábios do seu sexo para


olhar o clitóris ainda inchado. Quando a acariciou, ela estremeceu e se
arqueou na cama. Ela ainda estava tão sensível como esperava. Saindo
da cama, abriu os lábios e acariciou seu clitóris com a língua. Sugando
o broto duro em sua boca, a ouviu gemer e gritar seu nome enquanto
violava sua entrada. Ele agarrou sua bunda, enquanto chupava e
lambia seu clitóris a dirigindo em direção a um segundo orgasmo.

Quando ela estava no ponto onde não havia retorno, ele soltou
sua bunda, pegou os grampos e soltou-os.

Ela gritou quando seu orgasmo correu sobre seu corpo. Ele bebeu
seu gozo, saboreando o gosto enquanto ela pulsava repetidamente.

Finalmente, quando acabou, ele sabia que não podia esperar mais
um segundo. Não queria esperar. Movendo-a em direção aos
travesseiros para que pudesse descansar, agarrou uma das suas mãos
e entrelaçou os dedos. Batendo os lábios sobre os dela, alcançou entre
eles e começou a escorregar seu pênis dentro dela. Mesmo quando ela
gritou seu nome quando ele tirou sua virgindade, Edward não parou.

Pressionando cada centímetro do seu pênis dentro dela, Edward


reivindicou Isabel como dele.

Abrindo os olhos, ele gemeu enquanto olhava nos olhos dela.


Havia lágrimas brilhando dentro deles.

— Por favor, não chore, querida. Eu não aguentei.

— Desculpe. — Ela fungou. — Você fez isso.

— Você pertence a mim agora, Isabel. Não há como fugir.

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— Eu nunca quis fugir. Nem uma vez. Queria pertencer a você,
completamente. — Ela levantou, pressionando a cabeça contra a dele.
— Obrigada.

— Você não tem nada para me agradecer, amor. Sinto muito por
ter te machucado.

— Não me importo.

Ele pressionou seus lábios contra os dela, sentindo seu corpo


enquanto se tornava vivo. Edward agarrou suas mãos e as pressionou
contra a cama em ambos os lados da cabeça dela. Elevando-se,
lentamente começou a fazer amor com ela. Não estava fodendo. Como
estava se sentindo agora, isso não era apenas uma foda. Estava
amando sua mulher exatamente como ela merecia. Com cada impulso
dentro da sua boceta, observou e sentiu as respostas dela para ele.

Ela encontrou seus impulsos, montando seu pênis enquanto ele


subia em seu corpo.

Realmente não havia mais ninguém no mundo para ele e teria


certeza de que não havia mais ninguém para ela. Eles pertenciam um
ao outro, por mais estranhos que pareciam para os outros. Ele poderia
dar-lhe o que ninguém mais poderia, seu amor e atenção indivisíveis.

Mergulhando a língua em sua boca, fez a afirmação final enquanto


enchia sua boceta com seu esperma. Ela agora era sua em todos os
sentidos que importavam.

107
—O que ele está fazendo? — Isabel perguntou.

Ela sentava-se ao lado de Rosie e Daisy enquanto assistia à


demonstração acontecendo na sua frente. Ryan, ainda não tinha saído
e não sabia por quê. Ela o ouviu dizer várias vezes que não havia nada
o mantendo em Cape Falls.

Seu olhar não estava na cena, na verdade. Estava no terceiro


homem dominante à direita. Seus braços estavam dobrados e a camisa
que usava estava esticada sobre seu muito impressionante peito. Um
peito que estava agarrando naquela manhã enquanto ele a acordava
com seu pênis dentro dela.

— Neste momento, William está mostrando a Ryan a melhor forma


de segurar a corda. A mulher lá, Casey, é uma garota doce. Ela ficará
bem. Nada de ruim acontecerá. — respondeu Daisy. — O chicote em
espiral é bastante perigoso e, se não praticar com isso, pode causar
muito dano.

— Você não está um pouco enciumada que seu marido está lá em


cima com uma mulher seminua? — Isabel perguntou, pegando uma
pipoca do saco. Edward tinha entregado a ela antes do show. Haviam
várias pessoas assistindo. Ela ficou surpresa com quantos, mas nem
todos os que vieram ao Control viviam em Cape Falls.

O Control oferecia um lugar de descanso e relaxamento para


qualquer pessoa no estilo de vida BDSM. Apenas pensar nisso fez Isabel
se lembrar da semana passada na sala de jogos de Edward. Eles tinham
ido de suas mãos, para um chicote e para um açoite. Ela adorava o
remo. A sensação da madeira dura contra o traseiro era absolutamente
deliciosa.

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Edward também usou o tempo para acorrenta-la e ter seu
caminho perverso. Ela gostou disso. Gostava quando estava à mercê
dele. Ele fez as coisas mais deliciosas para seu corpo.

—Não. Se você olhar para William, ele não está interessado na


mulher. Além disso, como outras pessoas poderiam aprender? Confio
no meu marido. Sei que sou o que ele quer, ninguém mais.

Isabel fez uma pausa enquanto estava comendo sua pipoca.


Sentia-se assim com Edward, mesmo que não tivessem falado sobre
seus sentimentos. Não importava como era o que ambos sentiam.

Terminando a porção de pipoca, engoliu o nó na garganta.

— Você está bem? Você ficou um pouco pálida.

— Sim, sim, estou bem. Vou tomar um pouco de ar fresco. É


provavelmente o que preciso. — Ela entregou a pipoca para Daisy e
saiu da sala.

Não entendeu o que estava errado. Esfregando o peito, correu para


a saída e no momento em que abriu a porta, respirou profundamente.

— Você é uma perda de tempo. Não é boa para nada.

— Por que nos incomodamos em confiar em você?

— Você é grossa. Você é estúpida.

— Porra, idiota.

— Por que você não cresce?

Isabel começou a ofegar quando o sangue encheu sua cabeça. Não


sentia isso há mais de um mês. Era uma necessidade avassaladora.
Correndo em direção à beira da floresta, agarrou-se na primeira árvore
que encontrou e apoiou a cabeça no tronco duro.

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— Não, não, não, não, não, não, não, não. — Ela gritou a última
palavra. Sabia o que queria e não podia fazê-lo. Não queria fazê-lo.

— Baby, o que há de errado? — Edward perguntou.

Ela fechou os olhos e sacudiu a cabeça contra a árvore, ignorando


o arranhão.

— Está acontecendo? — ele perguntou.

Ela não precisava que ele explicasse a pergunta. Era fácil saber
do que ele estava falando.

— Por favor, apenas...

— Não vou a lugar nenhum. Você deveria saber disso. Diga-me o


que aconteceu. O que desencadeou isso?

— Nada.

— Você quer, não é? Quer o seu kit, encontrar um local isolado,


pegar uma lâmina e cortar sua pele.

Com os olhos ainda fechados, ela soltou um gemido. Sim,


maldição. Ela queria. O suor se juntou na sua testa e seu estômago
começou a girar. Toda vez que isso acontecia, ela fazia exatamente
como ele acabou de descrever.

Não havia realmente uma rotina. Era por isso que sempre
carregava seu kit. Se estivesse lá, sabia que poderia contar com isso.
Seu kit especial a ajudou acima de tudo.

Diga a ele.

Lute contra isso.

Com os olhos ainda fechados, começou a falar, apenas para parar


e limpar a garganta. Ela estava tremendo. Nunca havia lutado tanto

110
contra essa necessidade. Parecia quase como um vício, algo que não
podia controlar. No entanto, não era a necessidade de se cortar. Não,
era a necessidade de livrar sua mente das vozes.

— Daisy.

— O que ela disse? O que ela fez?

— Ela não disse nada ruim ou malicioso. Foi... sou eu. Sou uma
estúpida. Sou a única que não consegue lidar com isso. Sou tão inútil.

— Nunca ouvi você dizer tanta bobagem sobre si mesma.

Ela riu. Bobagem! Tão britânico.

— Então, se ela não disse nada ruim o que foi que ela disse?

Lambendo seus lábios secos e frios, ela respirou através da


náusea.

— Ela não me disse nada além de como confia em William. Ela


sabe que ele não a magoará. Sabe que a ama.

Enquanto falava, a escuridão que ameaçava consumi-la começou


a desaparecer e, pouco a pouco, começou a sentir novamente.

— E você acha que não pode sentir essas coisas comigo.

Virando-se para Edward, finalmente olhou para ele. Seus braços


estavam ao longo do corpo e seus punhos cerrados. Ele parecia tenso,
até mesmo nervoso. Ela que causou isso.

— Como você pode sentir essas coisas por mim? Olhe para mim.

— Eu estou, querida. Sempre.

Ela balançou a cabeça.

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— Não valho a pena. Sou.… olhe para mim. Sou um pesadelo. —
Lágrimas mais uma vez encheram seus olhos e caíram por suas
bochechas. Segurou a árvore como se fosse uma tábua de salvação. —
Sou uma pessoa horrível. Não consigo nem lidar com outras pessoas
quando dizem o quanto elas se amam. Não sou digna de amor.

— Não, você não é.

Ela soluçou enquanto segurava a árvore.

— Quero meu kit de volta.

— Não.

— Sim, eu preciso dele. Isto não está funcionando. Não consigo


fazer isso.

Edward caminhou em sua direção, colocando os braços sobre os


dela.

— Eu não vou a lugar algum e você me ouvirá.

— Não tenho que ouvir você.

— Você está certa. Não precisa me ouvir. Também não sou digno,
baby. Ninguém me ama. Sou apenas a piada de um cara britânico que
gosta de uma garota que provavelmente é jovem o suficiente para ser
minha filha. Quer saber? Não dou a mínima. Sei o que quero e sei como
me sinto e ninguém pode tirar essa merda de mim. Ninguém. — Com
isso ele pressionou os lábios contra o pescoço dela. — Seus pais não
deveriam ter feito a merda que fizeram com você. Eles estavam errados
e não mereciam você. Sophie também não te merece. Ninguém merece
você. Nem mesmo eu.

Com seus braços ao redor dela, Isabel lentamente sentiu seus


demônios começarem a se acalmar.

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— Pode confiar em mim, Isabel. Você pode depender de mim. Eu
não te contaria ainda porque não sabia se você estava pronta, mas não
esperarei mais um segundo. Eu te amo.

Ela engasgou e virou a cabeça para olhar por cima do ombro para
ele.

— Você ama?

— Sim, eu amo. Quer saber por que estou aqui? Por sua causa.
Teria saído de Cape Falls há muito tempo. Você é o único motivo que
me mantém aqui. Ninguém mais, nada mais. Mudarei para onde você
precisar ir. Irei onde quer que você precise ir. — Ele pressionou outro
beijo em seu pescoço. — Não me segurarei e não a deixarei ir. — Suas
mãos se moveram de seus braços para envolver sua cintura. — Eu amo
você, Isabel. Por favor, me diga – um dia você poderia me amar?

Ela soluçou.

— Eu te amo. Sinto muito. Não consigo... odeio ser assim. Eu te


amo tanto. Sinto muito. Não quero ser assim. Quero lutar por você, por
nós. — Ela soltou a árvore e girou para envolver seus braços ao redor
de seu pescoço. Segurou-o com muita força, não querendo deixa-lo ir.

— Sempre que alguém falar sobre amor e como se sente, quero


que você se lembre desse momento. Quero que você saiba que não
importa o quê, eu te amo mais do que qualquer coisa. Lutarei, até
mesmo se você tiver que fazer o que precisa fazer. — Ele agarrou seu
queixo e olhou nos olhos dela. — Eu não vou a lugar nenhum. Você
não me afastará porque simplesmente não é possível que isso aconteça.
Amo você, Isabel Benson e isso nunca mudará. — Ele lhe deu um beijo
nos lábios e ela derreteu. Não havia outra palavra para isso. Ela
derreteu contra ele.

113
Ele me ama.

Ele me ama.

Era como uma grande nuvem fofa dentro dela.

Ela ganharia o seu amor.

Lutaria contra a escuridão dentro de sua cabeça e ganharia.

114
Três meses depois

— Estes são seus pais? — Edward perguntou. Olhando para o


arquivo que Gabriel lhe dera. Ele estava sentado no escritório do xerife
na praça da cidade de Cape Falls.

— Sim, peças raras. Eles são animais de festa, Edward. Até os


arquivos deles aqui. — Gabriel levantou-se, indo para o grande arquivo
onde tirou uma pasta marrom enorme. — Acredite ou não, havia
muitas pessoas em Cape Falls que não concordavam com o que estava
acontecendo em sua casa. Professores, pessoas da cidade, até pessoas
do restaurante e do supermercado. Não havia muito amor pelos
Bensons. — Gabriel entregou-lhe o arquivo.

— Então o que aconteceu? Por que ninguém seguiu com essas


queixas?

— O cara antes de mim não achava necessário. Este lugar nem


tem uma assistente social. Não sei como Cape Falls fez isso, mas eles
foram capazes de evitar qualquer tipo de pessoa não natural brincando
com a cidade deles.

— Pessoas não naturais?

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— Você sabe, pessoas com pouca consciência. — Gabriel caiu em
sua cadeira com um suspiro. — Você sabe que vim para Cape Falls por
várias razões. Pensei que era apenas um lugar agradável, sabe? Pensei
que poderia fazer algo bom por aqui.

— Você acha que não pode?

— Realmente não sei mais. — Gabriel passou a mão pelo rosto. —


Não me interprete mal, este lugar é melhor do que há um ano e meio
atrás. Concedo isso, mas é.… não sei. Veja o que aconteceu com Amy.
Ela pedia ajuda por ter um marido abusivo e eles a tratavam como
merda. E o que aconteceu com Rose. Não podemos esquecer dos irmãos
Steer. Parte de mim está esperando por alguma merda acontecer
apenas para que possa ter outra desculpa para pegar Amy, meus filhos
e ir embora.

— O que Amy quer? — perguntou Edward.

— Ficar aqui, acho. Ela gosta daqui e acha que é um bom lugar
para as crianças, mas eu não sei. Ela nunca esteve longe de Cape Falls.
Acho que qualquer outro lugar a assusta.

— Entendi.

— Você viveu na Inglaterra. Acha que seria bom para meus filhos?

Edward explodiu rindo.

— Você faria bem. Apenas não ligue para eles, pessoas não
naturais. Não gostamos disso.

Gabriel sorriu.

— Estou ficando velho, acho.

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— A cidade ama você, Gabriel. Eles prometeram fazer mudanças.
Isso levará um tempo e você mostrou a eles exatamente o que estavam
fazendo.

— Você está me pedindo para não ir? — ele perguntou.

— Estou pedindo para considerar não ir, ok? Pense nisso. Você
fez muitas mudanças aqui, certo?

— Sim.

— Não importa se você sair, outra pessoa terá que se sentar


naquela cadeira. Não sei sobre você, mas se não for um sujeito
parecido, então todo esse trabalho árduo estará indo ralo abaixo.
Desculpe, é verdade. Algumas pessoas gostam de viver na era das
trevas. Manter as mulheres sob os polegares dos homens cria esse nível
de controle. Você quer isso?

— Não. — Gabriel riu. — Foi com o que Amy me avisou. Parece


que vocês dois pensam da mesma forma.

— Ou talvez nós dois saibamos o quanto você é bom e agora Cape


Falls precisa de você. Sei que este lugar é um maldito pesadelo. Vi a
maneira como eles me olham quando estou com Isabel. As vezes faz
minha pele arrepiar, mas eles podem ir e chupar meu grande pau. Sou
o único que fez alguma coisa. Entrei e ajudei a minha mulher e
continuarei ajudando, não importa o que aconteça.

— Esse é um discurso muito bom. Não vejo você correndo para o


escritório tão cedo.

Edward riu.

— Não o cortarei. Você me conhece, não posso beijar o traseiro de


ninguém por muito tempo.

117
— Verdade.

— Então, você fica?

— Acho que ficarei.

— Isso é bom. — Ele cruzou a mesa para apertar a mão do seu


amigo.

— E Ryan? Ele se foi?

— Ainda não. É estranho. Sei que ele fez a mala e colocou sua
merda no carro, mas ainda não cruzou os limites da cidade. Acho que
ele vai até o limite de Cape Falls, fica lá por um tempo e depois volta.

— A maldição de Cape Falls.

— Você acredita nisso? — Edward perguntou.

— A maior parte do tempo. Veja quantas pessoas ficaram. Os


únicos que não ficam são os que somente visitam o clube porque estão
literalmente de passagem.

Edward concordou.

— Olhando para este arquivo, você acha que há alguma chance


que eles voltem aqui?

— Os pais dela?

— Sim. Preciso estar preparado no caso de algo ruim acontecer.


— Ele não podia acreditar que a impediu de se machucar. Para ele,
ainda era uma pequena vitória, mas havia visto uma pequena mudança
dentro de Isabel. Era pequena, mas estava lá e tinha que aceitar isso.
Tinha que acreditar que ela poderia ser confiável sem ele por perto.

Três meses depois do incidente da árvore, três meses dele


provando seu amor. Ainda via a dor e o inferno com que Isabel vivia

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todos os dias. Muitas vezes ele a encontrou com os olhos fechados,
murmurando algo sob sua respiração.

Ele acreditava que o tempo em sua sala de jogos ajudava. Toda


noite, a levou para a sala de jogos. Às vezes brincavam com seus
brinquedos e ele dava um pequeno castigo para ela. Na maioria das
vezes a tinha na cama fazendo amor ou a fodendo até esquecer seu
próprio nome. Nunca o dele. Ele nunca cansou de ouvir seu nome em
seus lábios.

O som o excitava ainda mais.

— Não posso dizer. Sempre há uma chance de alguém se


apresentar, você deve saber disso — disse Gabriel.

—Certo. Obrigado por isso. De verdade. Se você precisar


conversar, me ligue.

— Farei isso. Fique longe de problemas.

— Você nunca me pegará, mesmo se eu estiver em apuros. —


Edward piscou para o amigo e saiu do escritório do xerife. Saindo para
o sol brilhante, ignorou a agitação do mercado. Para um grupo de
moradores locais que não gostavam de ser invadidos, eles certamente
gostavam de seus dias de feira e sua porcaria artesanal.

Saiu do escritório e foi em direção ao seu carro.

Isabel estava no Control com um grupo de garotas. Elas estavam


tendo um almoço de mulheres lá. William não gostava que Daisy fosse
a nenhum outro lado e o restante dos caras, Gabriel incluído, preferia
que elas fizessem sua reunião em um lugar onde não seriam julgadas.

Puxando o celular, discou o número de Sophie.

119
— Olá, minha nova pessoa favorita em todo o mundo — atendeu
Sophie, rindo.

Ele e Isabel disseram a Sophie que eram um casal. Claro, ela tinha
que telefonar para ele para informá-lo que ela já estava esperando por
isso.

— É melhor continuar assim.

— Claro. Minha irmã favorita está aí?

— Receio que não. Ela está em um almoço com algumas mulheres.

— Sim, você está fazendo ela sair, não é? Sabia, no momento em


que te vi, que você seria um cara legal. Eu te amo, Edward. Não “dessa”
maneira, obviamente. Quero dizer, como um irmão.

— Sei o que você quer dizer.

— Só estou tão animada pensando em você e Is juntos. Vocês


terão os bebês mais lindos e eu cuidarei deles. Inferno que sim, eu vou.
Falando sobre a nossa pequena família, o que faremos no Natal?

— O Natal está a alguns meses de distância.

— Você sabe quão rápido o tempo voa? Estará aqui antes de


percebermos. Irei para casa e quero que todos nós tenhamos um
grande Natal em família. Como isso soa? Bem, seríamos nós três.

Ele tinha esquecido quão falante Sophie poderia ser. Pobre Isabel.
Ela provavelmente nunca pode dizer uma palavra.

— Podemos deixar isso quieto por agora? — perguntou ele. —


Lidaremos com o Natal um pouco mais perto dele. Agora, estou
pensando em outras coisas.

— Entendido. O que você precisa, irmão?

120
Ele revirou os olhos.

— É sobre seus pais.

— O que sobre eles?

— Quando foi a última vez que você os viu? — ele perguntou.

— Acho que foi alguns dias após Is fazer dezoito anos. Eu tinha
doze. Eles nos disseram que estariam de volta em alguns dias.
Disseram que deixaram algum dinheiro para ela. Depois, que me
lembre, era apenas nós duas. Is trabalhando para nos manter e eu indo
para a escola. Ela me ajudou a estudar e passar no vestibular. Você
sabia que ela deixou o curso que ela estava fazendo? — Sophie
perguntou.

— Não, não sabia. — Edward esfregou suas têmporas. — Não leve


isso para o lado pessoal, mas Is era apenas uma criança. Por que
ninguém levou você embora?

Sophie suspirou.

— Não sei. Sei que Is estava com medo de alguém tentar. Ninguém
tentou. Todo mundo sabia que nossos pais tinham ido embora. Boa
viagem para eles também. Nunca gostei de como conseguiam fazer Is
chorar. Já faz quase oito anos. Duvido que eles voltem. Provavelmente
estão mortos em algum lugar.

— Você não parece muito chateada com isso. — Afirmou ele.

— Só existe um parente que conheço e é Isabel. Ela é minha mãe,


meu pai, minha melhor amiga, meu tudo, Edward. Eu a amo. Ela é
minha Is. Não acho que ela sabe o quanto aprecio tudo o que ela fez
por mim. Mesmo quando estava sendo uma idiota para ela. Ela

121
simplesmente se sentava lá e aceitava. Eventualmente, eu era a única
humilhada.

Edward sabia que Isabel não se sentava lá e aceitava. Ela tinha


outros meios para lidar com o que estava acontecendo naquela cabeça.

— Como foi o almoço? — Edward perguntou.

Isabel se sentou no banco de passageiro do carro e sorriu.

— Foi divertido. — Ela estava se aproximando das meninas cada


dia mais. Ela e Amy imediatamente se entenderam.

— Bom. Acabei de falar com Sophie.

— Ela está bem? — Isabel perguntou. Ela não falava com a irmã
a alguns dias.

— Ela está bem. Nós estávamos conversando sobre tudo e nada.


Ela já está falando sobre o Natal.

— Ela ama o Natal. Nós decorávamos o trailer o máximo possível.


Era um pouco difícil de fazer, mas nós fazíamos com o que tínhamos.
Era divertido.

— Você terá trabalho com meu lugar então. Não se preocupe com
a despesa também. Estará tudo coberto.

— Você sempre é tão bom para mim. — Ela recostou a cabeça no


banco e sorriu para ele. — Senti sua falta.

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— Também senti sua falta. — Ele segurou sua mão e deu um
beijo, aquecendo-a. Ela pressionou suas coxas juntas lembrando a
sensação de quando ele entrava dentro dela. — Por que você não me
disse que tinha deixado o curso online?

— Escapou da minha mente.

Quando foi retirar a mão, Edward segurou.

— Quero que você comece novamente.

— Por quê?

— Porque me lembro de como você estava falando sobre isso, ok?


Você poderia ter ido para a faculdade. Vi os resultados do teste. Você
se formou com uma nota decente. Não foi desleixada.

— Não tenho vontade de fazer faculdade ou cursos online. Eu


tentei e isso não combina comigo. — Ela cerrou os dentes enquanto o
encarava.

Ele parecia tão desapontado.

Nenhum dos dois falou por vários minutos e ela se perguntou o


que ele estava pensando, então perguntou a ele.

— O que estou pensando?

— Sim, eu quero saber.

— Não sei agora. Estou apenas em um lugar estranho. Não


entendo por que você desistiria de um curso que gostou. Era inglês,
não era?

— Sim, era. Você não entende.

— Então, me explique.

123
— Foi muito difícil, ok? Não sou natural em algo assim. Eu só...
não quero perder meu tempo. Sim, foi divertido fazer algo diferente,
mas não me chamou a atenção. Não vi o ponto de desperdiçar o tempo
de outra pessoa. Havia estudantes lá com paixão real e eu
simplesmente não tinha isso.

— Então você está desistindo em vez de lutar por isso.

Ela fez uma pausa.

Não restava nenhum argumento. Estava desistindo, mas por quê?

Nenhum som veio dos seus lábios quando olhou para ele. Não
sabia o que dizer ou o que pensar.

Edward estacionou na garagem da sua casa.

— Não estou desistindo, na verdade não. Não gostei, Edward. Isso


não é desistindo. Tomei essa decisão.

— Quando você saiu? — ele perguntou.

— Há alguns meses, depois de conversar com Sophie. — Ela tinha


ouvido enquanto Sophie falava sobre suas aulas, explicando os
diferentes tópicos que estava aprendendo e o quanto estava excitada.
Para Isabel, isso a lembrava de tudo o que não podia ter e era apenas
um sonho. — Não sou uma pessoa ciumenta.

— Naquele momento você sentiu isso? — ele perguntou.

— Eu amo minha irmã mais do que qualquer coisa. Não posso


fazer o que ela faz. Isso simplesmente me fez querer não me conformar
com o fracasso. Desisti da minha chance de ensino superior.
Finalmente percebi que não é o que quero fazer.

Edward estendeu a mão, segurando sua bochecha.

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— Eu acho que seu problema é que sempre espera falhar, e você
nunca falhará.

— Como você pode dizer isso? — Ela apontou para seus braços e
depois suas coxas. — Olha o que eu faço.

— Isso não tem nada a ver com fracasso, querida. Nada mesmo.
Sophie é uma mulher forte, engraçada e independente. Ela deixará
alguém louco por se apaixonar por ela. Você deveria estar orgulhosa.
Você fez isso. Ninguém mais. Você a ajudou. Trabalhou horas loucas
em um restaurante para mantê-la vestida, alimentada e se certificou
de que ela obtivesse a educação que merecia.

Ele cobriu sua mão enquanto estava coçando a coxa.

Isabel sentiu-se envergonhada. Ele a fez parecer uma mulher


forte, mas ela não era forte.

Lute!

Não deixe isso ganhar!

Seja mais forte!

Seja mais dura!

— Quando olho para você, não vejo falhas e sei quão difícil foi para
você, querida. Posso ver quão difícil foi. Não sei como passou por isso.
Você era mãe antes mesmo de se tornar irmã. Essa merda não está
certa.

Ela sorriu.

— Você sempre sabe o que dizer para me fazer sentir maravilhosa.


— Ela bateu os cílios.

— Você realmente quer voltar a estudar? Com toda honestidade?

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— Não, não quero. Sei o que quero e não quero continuar
desperdiçando meu tempo com algo que odeio. Não quero ir para a
faculdade.

— Então estou feliz por você por tomar essa decisão sozinha.

O sorriso simplesmente cresceu.

— Você realmente tem uma maneira de me fazer sentir normal.

— Posso fazer você se sentir um milhão de vezes melhor do que


normalmente.

— Oh, você pode?

Ele pegou sua mão e colocou-a contra seu pau duro.

— Isso dá a impressão de que estou brincando?

— Não. Isso parece que você realmente quer se divertir.

Ele segurou sua bochecha e bateu os lábios sobre os dela.

— Sala de jogos ou quarto?

— Quarto.

— Então leve sua bunda para lá. Quero você nua, caso contrário,
sem jogos.

Ela gritou, saindo do carro e correndo para a porta da frente.


Mesmo enquanto suas mãos tremiam, destrancou a porta da casa.
Deixando cair as chaves, sabendo que Edward as pegaria, correu para
o andar de cima. Isabel o ouviu seguindo logo atrás.

Chegando ao seu quarto, começou a remover as roupas.


Certificou-se de estar de frente para a porta para que pudesse vê-lo
entrar. No momento em que ele entrou, Isabel estava de pé vestida
somente com o sutiã e a calcinha vermelhos que ele amava tanto.

126
Ele ergueu a camisa sobre a cabeça, mostrando os incríveis
abdominais que ela amava. Edward dobrou o dedo, dizendo-lhe para ir
em direção a ele. Ela não lutou contra isso.

Ao se aproximar, engasgou enquanto ele colocava um braço em


volta da sua cintura e a movia para a cama. Ele não a deixaria cair.

Suas mãos estavam por todo seu corpo.

Em momentos como esses, Isabel conseguia esquecer tudo. As


marcas em seu corpo eram apenas memórias ruins.

Ele abriu o sutiã.

Ela gritou quando ele pegou seu mamilo na boca no momento em


que o tecido estava fora do caminho.

Edward grunhiu contra sua carne.

— Não posso resistir a você.

— Não quero que você resista. — Ela levantou seu rosto e bateu
os lábios sobre os dele. Mergulhando a língua em sua boca, aprofundou
o beijo, choramingando quando ele bateu no seu traseiro ao mesmo
tempo em que o agarrou.

Em segundos, a calcinha foi rasgada do seu corpo e descartada


em uma pilha no chão.

— Pensei que você gostasse dela.

— Eu gosto. Gosto muito mais de você nua. — Ele a inclinou para


a cama. Antes dela bater na cama, seus dedos estavam entre suas
coxas, entrando nela. — Amo quão apertada você é.

Ela cavalgou o dedo, querendo-o profundamente dentro dela.

— Sim, sim! — Disse ela, murmurando seu nome.

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— É isso aí. Diga-me o que você quer, querida. Diga-me o quanto
você quer.

— Quero você. Quero que você me foda. Quero que você me


reivindique. Por favor. Foda-me, Edward.

Ela gritou de novo quando ele a virou sobre o estômago e a puxou


para os joelhos. Edward segurou seus cabelos e puxou-os para trás,
fazendo-a olhar para eles no espelho em frente a cama.

— Olhe para nós, querida. — Ele passou a língua no pescoço dela.


— Você é tão incrivelmente bonita. — Sua mão grande que estava livre
pegou seu seio. Ele beliscou seu mamilo e depois escorregou para entre
as coxas dela.

Ela ficou paralisada enquanto ele empurrava um dedo dentro


dela, seguido por um segundo. Ele a encheu, preparando-a para o seu
pênis.

— A quem você pertence? — ele perguntou.

— Você.

Ela era dele. Não havia dúvida. Todas as partes dela pertenciam
a ele e não havia luta, não que ela quisesse lutar.

Ele a empurrou para frente e ela agarrou o lençol. A ponta do seu


pênis pressionou contra a abertura dela e Isabel ofegou quando Edward
começou a preenchê-la. Cerrando os dentes, fechou os olhos e tentou
se impedir de empurrar para trás contra ele.

Quando ele empurrou alguns centímetros dentro dela, suas mãos


foram para seus quadris, segurando-a no lugar.

Com um impulso acentuado, se encaixou profundamente dentro


dela que gritou seu nome.

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— É isso aí, querida. Grite meu nome. Sou eu que está fodendo
você. Sou o único que te ama e nada mudará isso. Você pertence a
mim.

Ele montou sua boceta e não havia como negar. Ela pertencia a
ele e nunca haveria mais ninguém.

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— O que você acha que isso fará? — Isabel perguntou.

A semana passada tinha sido tensa. Ela o afastou do trabalho


enquanto lutava para lidar com seus pensamentos. Edward segurou
sua mão e lhe ofereceu apoio e o amor que ela precisava. Ele não sabia
se sua sugestão a ajudaria ou dificultaria. Isabel teve dias bons e dias
ruins. Havia semanas e meses incríveis e essa semana foi ruim.

— Não sei o que fará. Não sei se isso a ajudará. Só sei que tenho
que fazer algo.

— E se isso não ajudar?

— Então nós continuaremos. — Ele saiu do antigo parque de


trailers. Havia vários que ainda serviam como residência e ele sabia que
aquele em que Isabel costumava morar ainda estava lá. Não estava
mais ocupado e perguntou ao proprietário se poderiam parar para ver.
A mulher que possuía os trailers estava de acordo com isso e parecia
uma boa pessoa. Os pais de Isabel haviam comprado o trailer, então
tudo o que Isabel tinha que se preocupar era com a manutenção, o que
novamente era estressante o suficiente. Pelo menos, seus pais não
deixaram o aluguel para ela pagar também.

Isabel fez o suficiente para viver. Se tivesse que lidar com um


aluguel, seria um pesadelo. Ele nem quis pensar no tipo de perigos que

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ela e a irmã poderiam ter encontrado. Ela nem percebia o perigo em
que estava, o que só o irritava.

— O que você pensa quando olha para o trailer? — ele perguntou.

— Não sei. Sinto uma sensação de alívio irresistível. Eu consegui


sair daqui. Tirei Sophie daqui. Ela não deveria estar aqui. Sei disso. Às
vezes me pergunto se eu deveria ter chamado o serviço social ou algo
assim. Isso teria me tornado uma pessoa melhor?

— Não. Se você tivesse feito isso, Sophie talvez não fosse a mulher
que é hoje. Você fez o melhor por ela, querida. Não se arrependa disso.

— E se eu fosse mais jovem? — perguntou. — Houve tantas vezes


enquanto eu crescia que eu poderia ter dito a eles a verdade. — Ela riu.
— Eu tinha oito anos e trocava fraldas. Ensinei Sophie a ir ao banheiro
e começar a usar o penico. Eu limpava tudo. Cozinhava. Na época,
parecia tão natural. Já tinha visto outras mulheres fazerem isso. Sabe?
Na televisão e aqui ao redor do parque. Era apenas uma forma de vida
para mim.

— Você quer ter filhos? — ele perguntou.

— Quero. Acho que seria uma boa mãe. — Ela explodiu rindo. —
Sim, certo, seria uma boa mãe. Isso é uma piada.

— Por quê? Você fez um excelente trabalho com Sophie. Ela foi
bem cuidada e amada. Você amava tanto sua irmã que desistiu de tudo.
Você a levou para a escola, a pegou, cuidou dela, a ajudou. Você fez o
que qualquer outra mãe faria. Você simplesmente não recebeu o título
de mãe.

— Não importa.

131
— Não, não é verdade. Qualquer criança que chamar você de mãe
receberá um ótimo tratamento.

Ela olhou para ele.

— Você quer filhos?

— Sim, quero e adivinhe?

— O quê?

— Quero todos com você. Acho que você seria uma excelente mãe
e não conheço ninguém em quem confiaria meus bebês. — Ele se
inclinou e deu um beijo em seus lábios. Ele observou quando Isabel
lambeu os lábios, parecendo um pouco chocada. — Vamos. Vamos ver
esse trailer.

Ela soltou um suspiro quando saíram do carro. Ele se aproximou


dela, segurando sua mão e lhe oferecendo o conforto que ela poderia
precisar.

— Uau, parece que nunca fui embora. — Ela avançou e ele viu o
pouco espaço disponível que elas tinham. — Sophie tinha uma dessas
coisas redondas, não consigo lembrar como se chamavam e ela passava
horas tentando fazê-las girar em torno da sua cintura. — Ela foi em
direção a porta do trailer e ele percebeu como hesitava.

Eles subiram alguns degraus e entraram.

Era um espaço muito pequeno, uma pequena mesa perto das


janelas, um espaço mínimo para cozinhar, uma pequena área de estar
e algumas portas na parte de trás.

Ela foi até essas portas e colocou a mão em uma delas. Quando
abriu, revelou o banheiro onde tudo começou.

— Odeio isso aqui — ela disse.

132
— Eu sei, querida.

— Não, você não entende. Nunca disse a eles para se foderem.


Nunca disse para cuidarem de nós. Eles apenas festejavam e se
divertiam. Eu tinha que ficar em casa e lidar com tudo. — Ela estava
tremendo e Edward colocou as mãos em seus ombros para tentar
estabilizá-la, para acalmar seus nervos. Ela inspirou várias vezes e ele
sentiu a raiva ainda aumentando. Isabel estava longe de terminar com
isso. — Eles simplesmente saíram. Duas filhas e, na verdade, nem
sequer se despediram.

— Não há problema em odiá-los. Eles não estavam lá para você.


— Ele a puxou de volta contra ele e pressionou um beijo em seu
pescoço.

— Eu pensei que merecia a falta de amor deles, Edward. Que fiz


algo errado e que estraguei tudo todo esse tempo, mas não. Não tinha
bagunçado e estava tudo bem. Fiz tudo por eles.

— Eles que perderam, baby. Totalmente perda deles e meu ganho.


Você é forte, amor. Você não é fraca. — Ele envolveu seus braços em
volta da cintura dela.

— Eles eram os fracos. — Afirmou ela.

— Sim, Isabel. Você era a mais forte. Não há muitas pessoas que
poderiam ter feito o que você fez. Você foi a única que lidou com a
merda toda mesmo quando não deveria. — Ele beijou sua cabeça e a
abraçou, recusando-se a soltá-la. — É por isso que sei que será uma
mãe incrível. Você ama ferozmente. Ama sua irmã e fez tudo o que pôde
para protegê-la. Isso não te deixa fraca, isso te fortalece. Você é uma
mulher forte, Isabel. Só precisa perceber isso.

133
O silêncio caiu no pequeno trailer. Das lembranças que Sophie
lhe contara e do que sabia sobre o passado de Isabel, podia vê-las
brincando ainda crianças.

Não havia nenhuma foto delas quando crianças, mas ele


conseguia imaginar uma garotinha fofa, se virando sozinha até que sua
irmã aparecesse.

Isabel girou em seus braços e envolveu os dela em volta do seu


pescoço.

— Obrigada por me trazer aqui.

Ele agarrou sua bunda e pressionou-a contra seu pênis.

— De nada. Espero que ajude a enxergar o que vejo sempre que


olho para você.

— Sim, agora consigo. Eu realmente amo você, Edward.

— Bom — ele disse, pressionando um beijo em seus lábios. — Não


deixarei você ir.

— Não quero ser solta. — Ela suspirou. —Sophie me ligou.

— Sim.

— Ela disse que você está sendo um cabeça de cocô.

— Ela quer transformar minha casa na gruta do Papai Noel com


presentes e essas coisas. Quem limpará tudo quando ela voltar para a
faculdade?

— Eu. Limparei tudo. Por favor, podemos fazer tudo este ano? Eu
sei que é pedir muito, mas eu farei tudo.

Ele suspirou.

— Ainda está a dois meses de distância.

134
— Eu sei, mas quero que ela tenha esse Natal. Por favor.

Ele revirou os olhos.

— Acho que já sabe que sou um otário para você. Tudo o que
precisa fazer é pedir e eu darei.

— Bom, podemos sair agora? Não quero ficar aqui nem mais um
minuto.

— Com prazer. — Edward pegou sua mão e a levou de volta para


o carro. Esperava dar a Isabel outro sentimento quando se tratava de
como ela via sua vida enquanto crescia. Por tudo o que tinha ouvido,
sabia que ela era uma mulher forte. Uma mulher que claramente não
via seu próprio valor.

Ele não achava que este seria o fim da sua luta. Estava em
consultas constantes com o médico, recebendo conselhos e dicas sobre
a melhor maneira de lidar com cada estágio. Estava realmente feliz por
estarem fazendo progresso.

Estendendo a mão, pegou a dela, entrelaçando os dedos. Eles


passariam por isso juntos.

— Ele realmente foi embora? — Isabel perguntou.

Peter estava entregando os copos e ela colocava-os na prateleira


atrás do bar.

135
— Sim. Eu verifiquei os limites de Cape Falls. Não havia nenhum
sinal dele. Nenhum sinal dele em lugar nenhum. Até passei na casa da
ex dele e ela não o viu. Ryan decidiu fazer a pausa.

— Estou feliz por ele.

— E você? Está pensando em ir embora?

Ela balançou a cabeça.

— Não. Cape Falls é minha casa. Se Edward quiser ir, irei com
ele. — Já fazia algumas semanas desde que ele a levou ao parque de
trailers onde cresceu.

Isabel não sabia exatamente o que aconteceu. Tudo o que sabia


era que se sentia diferente, mais forte. Uma vez que todos os copos
estavam na prateleira, ela pegou a caixa e se dirigiu para os fundos.

— Você realmente ama ele?

— Claro. Ele é incrível. — Ela colocou um pouco de cabelo atrás


da orelha quando pegou uma caixa de cerveja e levou-a para o bar
principal. Colocando-a no chão, estava ciente de que Peter a observava.
— Por que pergunta?

— Não sei. Pareceu demorar muito para vocês dois se juntarem.

— Edward é um cavalheiro. — Ela não podia parar de sorrir


quando se lembrava dos primeiros dois meses em que estavam juntos
na sua casa. Bem, não juntos, juntos, apenas amigos. Ele era seu
melhor amigo.

Peter bufou.

— Acredite em mim quando digo que Edward é tudo menos um


cavalheiro.

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— Acho que você está errado. Eu o amo e ele me fez melhor.

— Você também o fez melhor. — Afirmou William, vindo do fundo


do bar. — Você está apenas auxiliando as mulheres agora?

Isabel olhou para William, que estava olhando para Peter.

— Desculpe. Vou seguir em frente.

Ele os deixou sozinhos.

— Ele não estava incomodando você, estava? — William


perguntou.

— Não, está tudo bem. Nós estávamos conversando. Desculpe-me.


Isso foi inapropriado?

— Não. Peter pode ser um pé no saco às vezes. Não quero que ele
preocupe você. A única pessoa que Peter ama é sua esposa e a ama
muito. Você é boa para Edward e ele se importa muito com você.

— Não deixarei Edward. Ele tem sido incrível para mim. Não sou
fraca.

Isabel respirou fundo, sentindo-se mais poderosa.

— Eu amo seu amigo, William. Não vou machucá-lo.

William olhou para ela por alguns segundos.

— Você sabe que eu o aconselhei a deixar você.

O sorriso permaneceu congelado em seu rosto.

— Como?

— Conheço Edward há muito tempo. Ele nunca fica por perto se


é trabalho duro. Subestimei seu amor por você. Você é boa para ele e
agora vejo o que Edward disse sobre você.

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— O que ele disse? — ela perguntou.

— Ele disse que você o fez melhor. Quase não o reconheceria se


não tivesse visto a mudança dentro dele. Acho que você percorreu um
longo caminho, Isabel. Não conhecia você antes, mas não importa o
que vem fazendo, é bom para ele. Você é boa para ele e tem o meu maior
respeito e lealdade.

— Obrigada.

— Se houver algo que você precisar, qualquer coisa, prometo que


tudo o que precisar fazer é pedir e garantirei que você obtenha.

Ela contornou o bar e se aproximou dele. Envolvendo os braços


ao redor do seu pescoço, deu-lhe um abraço.

— Obrigada. Realmente, muito obrigada.

— Ei, o que você está fazendo abraçando minha garota? Você sabe
que isto é proibido, certo?

— Sim, eu sei. — respondeu William, acariciando suas costas. —


Simplesmente não posso resistir a provocar você. — Ele se afastou. —
Viu o que quero dizer? Ele é muito possessivo com você, querida.

— Sou um pouco possessiva com ele também. — Ela se voltou


para Edward e se aconchegou ao seu lado. — Eu o amo.

— Vou deixá-los sozinhos.

William saiu e ela voltou para trás do bar. Estava trabalhando na


boate principal. No bar da parte do BDSM, álcool não era servido.
Bebidas eram aceitas, mas era mais uma variedade de chás, café e
refrigerante.

— Quero saber sobre o que você e ele estavam falando? — Edward


perguntou.

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Ela encolheu os ombros.

— Eu acho que ele estava apenas me dando sua aprovação. — Ela


estendeu os braços.

— Você sentiu que precisava?

Isabel pensou sobre isso por um segundo e finalmente acenou


com a cabeça.

— Sim. Todos te amam, Edward. Todos se preocupam e querem o


melhor para você. Não querem uma garota louca te arruinando.

Ele estendeu a mão, segurando a sua.

— O único louco aqui sou eu. Estou loucamente apaixonado por


você.

— Ah, você é tão doce. — Inclinando-se no balcão, ela pressionou


seus lábios contra os dele.

— É uma maldita maldição. — Esbravejou Ryan, batendo a porta.


Ele deixou cair a mala no chão e abriu caminho para o bar. — Preciso
de algo forte e que queime quando descer.

Ela olhou para Edward, esperando seu consentimento. Somente


quando ele deu, ela derramou uma bebida forte.

— O que aconteceu? — Edward perguntou.

— Eu cruzei os limites da cidade e dirigi por umas três horas,


então simplesmente não aguentei mais. Aqui é onde eu vivo. Esta é a
minha vida e não posso simplesmente sair. Começar de novo, não tirará
isso de mim. Tenho que fazer isso funcionar aqui em Cape Falls.

— Você não é o único que pensa assim — disse Gabriel, entrando.


— Estou especulando por aí e eu também falei com os irmãos Steer.

139
Cape Falls está se movendo em uma direção positiva, uma nova direção
e precisarei de toda a ajuda de vocês para guiá-la.

Edward olhou para ela.

— Nós estaremos aqui para ajudar. Não vamos a lugar nenhum.

Uma vez que ela terminou de manusear a cerveja e colocou-a nos


devidos lugares, todos os caras e várias das mulheres haviam se
juntado a eles.

Isabel os deixou sozinhos e saiu para tomar um pouco de ar


fresco. Estava começando a esfriar novamente. Ela não podia acreditar
quanto tempo havia se passado e o que havia acontecido em sua vida.

Abaixando-se no degrau, ela puxou os joelhos até o peito e olhou


para o terreno ao redor deles. Ela amava quando esfriava e tinha uma
desculpa para se cobrir e se aconchegar em roupas largas.

Com o silêncio que a rodeava, ela permitiu que sua mente vagasse,
pensasse sobre tudo o que estava acontecendo dentro do seu mundo,
passado e presente. Depois da sua visita ao parque de trailers, ela fez
uma promessa de lutar contra os sentimentos ardentes dentro dela.
Sempre que a escuridão ameaçava levá-la, ela lutava contra isso.
Mesmo quando a pressão crescia dentro dela, ela encontrava alguns
meios para pará-lo.

Edward ajudou muito e houve momentos em que ela realmente só


queria ser engolida inteira e nunca mais pensar em toda a porcaria que
aconteceu em sua vida. Foi no passado e precisava se lembrar disso.

— Ei, querida. — Edward falou, sentando-se ao lado dela.

— Pensei que você estava conversando com os outros.

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— Eu estava e então estava mais interessado no que você estava
fazendo. — Ele pegou sua mão e ela olhou para seus dedos
entrelaçados. Unidos. Foi isso o que a fez mais forte também. Edward,
ele nunca pediu. E lhe deu muito.

Ele lhe deu a liberdade de respirar sem o medo da vida engolindo-


a.

— Sei que há momentos em que você quer me pedir para devolver


suas coisas. — Edward começou. — Isso não desaparece com tanta
facilidade, não é?

— Não. Não. Queria que houvesse um interruptor que


simplesmente desligasse. Não tenho razões para isso e não é você.

— Eu sei. Venho conversando com um médico e ele vem me


ajudando da melhor maneira possível a entender, para me ajudar a ser
melhor para você.

Ela apertou sua mão.

— Obrigada, Edward. Não poderia ter feito isso sem você.

— Não fiz nada, querida. Você fez tudo isso, não eu. Simplesmente
me apaixonei por você e queria ajudá-la de qualquer maneira que
pudesse.

— Você é um cara especial, Edward. Muito especial.

Ele colocou um pouco do seu cabelo atrás da orelha.

— E você, meu anjo lindo, é a mulher mais forte que conheço. —


Ele agarrou sua nuca e pressionou seus lábios contra os dela. — Você
me deixa tão orgulhoso.

Lágrimas encheram seus olhos e começaram a cair por suas


bochechas. Eram lágrimas de felicidade. Eram lágrimas de esperança.

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Ela pode fazer isso.

Ela pode ser forte para os dois.

Ela não falharia.

Ela teria sucesso.

142
— Isso é tão incrível! — Disse Sophie, colocando a próxima bola
na árvore. — Como você fez isso?

Edward sorriu, lembrando-se de todas as deliciosas maneiras que


Isabel o convencera a comprar uma árvore. Claro, ela não precisava
fazer nada. Ele daria a ela qualquer coisa que quisesse e não precisava
de nada para fazer isso funcionar.

— Tenho meus métodos. — respondeu Isabel, olhando para ele.


Ele deu uma piscadela e adorou a forma como ela corou.

O belo vermelho complementou sua pele pálida. Era uma das


razões pelas quais amava bater na sua bunda linda e ver sua marca
por toda parte. Ele entregou mais algumas bugigangas que comprou
para a árvore.

Na verdade, comprou tanta porcaria que todos os que passassem


pela sua casa saberiam que estavam comemorando. Não havia apenas
uma guirlanda na porta. Não, ele tinha vários Papai Noel piscando, as
renas voadoras, os bonecos de neve, as luzes cintilantes, os duendes.
Enquanto crescia ele não teve todas essas coisas que havia comprado,
mas isso era sobre fazer novas tradições e já tinha uma para a manhã
de Natal que ele havia pego ontem.

Sophie estava ciente do seu plano de propor e estava até mesmo


ajudando ele a se certificar de que fosse o mais romântico possível.

143
Seriam apenas os três, com o que ele estava mais do que feliz.
Isabel não gostava de grandes multidões e ela certamente não precisava
delas.

— Vocês dois parecem tão fofos juntos. — Elogiou Sophie. —


Como vocês se encontraram?

— Eu estava com fome e sua irmã era a garçonete. No momento


em que a vi, soube que era amor.

Sophie riu e, quando estava de costas para eles, observou Isabel


dizer-lhe "obrigada".

Não contaria a Sophie o que aconteceu todos aqueles meses atrás,


quando entrou e testemunhou o que ela tinha feito. O médico com
quem falou havia desaconselhado a dizer a alguém e, ele pediu ao
pessoal do Control que sabia, a não dizer nada, para manterem suas
opiniões para si mesmos e que ele poderia lidar com isso.

— Alguém quer chocolate quente? — Isabel perguntou.

— Sim, eu quero — disse Sophie. Edward concordou e Isabel saiu


da sala. — Mal posso esperar para ver sua cara. Posso ver o anel?

Ele revirou os olhos.

— Você acabará estragando isso, é para ser uma surpresa.

— Eu sei, eu sei, simplesmente não posso esperar. — Sophie fez


uma pequena dança animada, fazendo-o rir. — Você não tem ideia de
como estou animada por ela. Todos nós seremos uma grande família.
Vocês terão filhos? Oh meu Deus, ela está grávida?

— Não, ela não está grávida e sim, espero que com o tempo
possamos ter filhos. Primeiro, quero que ela tenha algum prazer.

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— Concordo totalmente. Se alguém o merece é a Is. — Ela apertou
as mãos e continuou repetindo a palavra, por favor.

— Tudo bem, tudo bem. — Ele enfiou a mão no bolso e tirou um


único anel de diamante. Era um anel básico, mas lindo. No momento
em que o viu, soube que sua garota adoraria.

— Oh, isso é perfeito, Edward. Ela o amará. Você a ama, não é?

— Estou prestes a pedir-lhe para se casar comigo. Claro que a


amo.

Ele guardou o anel no bolso e assentiu para que ela voltasse para
a árvore. — Não dê pistas.

— Não vou. Estou tão animada. Já faz muito tempo desde que
estive em casa. Você pode acreditar que realmente senti falta de Cape
Falls? — ela perguntou. — Quão confuso é isso?

— Não é confuso. — Ele pensou sobre Ryan e como ele se sentiu


perdido. — É uma maldição.

— Não, não é uma maldição. Mesmo com todas as suas falhas,


Cape Falls ainda é como um lar.

— Você voltará para cá?

— Claro. Para onde mais eu gostaria de ir? Quero estar aqui


quando for a tia Sophie. — Ela deu um pequeno suspiro. Sophie era a
que sempre estava cheia de energia e espírito.

— Aqui vamos nós — disse Isabel, trazendo três canecas


fumegantes em uma bandeja.

Ele se levantou, tirou a bandeja das mãos dela e a colocou na


mesa de café. Pegando uma caneca, entregou para Isabel enquanto
Sophie pegava a dela.

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A árvore já tinha as luzes acesas e ele pegou o controle remoto.

— Feliz Natal, senhoras.

A árvore começou a piscar.

Isabel suspirou e descansou contra ele.

— Está perfeito.

Sophie piscou para ele que revirou os olhos. Ela estragaria sua
surpresa. Edward queria que o dia da sua proposta a Isabel significasse
algo, que fosse uma lembrança que ela nunca esqueceria.

Eles limparam os restos da decoração e, enquanto Sophie


aspirava, Isabel começou a comer. Ele não achava que fosse possível
ter uma família novamente. Sua antiga família tinha ido embora, morta
para ele, ou pelo menos tão bom quanto poderia ser para ele. Esta era
sua casa, seu modo de vida e pretendia fazer cada segundo valer a
pena.

O jantar foi divertido. Ele adorava ver as duas irmãs juntas, rindo,
falando sobre a vida delas enquanto cresciam. Isabel parecia bem. Ela
parecia feliz e saudável, o que significava tudo para ele.

Mais tarde naquela noite, depois que Sophie foi para a cama e
Isabel subiu, ele fechou a casa.

Entrando no quarto, viu que Isabel ainda não estava na cama. O


banheiro estava com a luz acesa. Ele foi até lá e encontrou Isabel nua,
olhando para o reflexo dela.

— Você está bem? — ele perguntou.

Ela assentiu.

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— Sim, só estava olhando. — Seus dedos estavam acariciando o
comprimento de uma cicatriz ou pelo menos as linhas de múltiplas
cicatrizes. — Há momentos em que parece que este é o corpo de outra
pessoa. O que fiz, não parece certo. Não parece verdade.

Edward cruzou os braços, ouvindo.

— Queria não ter feito isso. Gostaria de não sentir a necessidade


de contar com isso. Não é quem sou agora. No entanto, ainda posso
sentir isso e me assusta. — Ela levantou a cabeça para olhar para ele.
— Estou tão feliz. Com você, com Sophie, com a nossa vida, mesmo
com Cape Falls, que nunca pensei por um segundo em admitir. —Ela
riu. — A vida é um trem louco, realmente. Não é?

— Ela se move muito rápido. Você só precisa aprender a


aproveitar o passeio.

Ela assentiu.

— Eu não gostava do passeio. Quando eu era mais jovem, odiava


a vida, odiava tudo e estava errada. Você me mostrou muito sobre mim
mesma, do que sou capaz e eu te amo muito, Edward.

Ele entrou no banheiro e colocou os braços em volta da cintura


dela. Observando seu corpo no espelho, olhou para aquelas cicatrizes
e elas não o repeliram. Elas o deixaram triste, mas Isabel estava
superando isso.

— Eu estou com tanto medo. — Ela falou.

— Por quê?

— Porque, mesmo quando olho para mim e vejo o que fiz, ainda
penso sobre isso às vezes. As vezes isso é tudo em que consigo pensar.

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— Então nós levamos um dia de cada vez, como sempre fizemos.
Não tenho pressa para que isso entre nós termine, querida. Já lhe disse
uma vez e direi de novo. Estou nisso para a vida.

Ela segurou seus braços e se virou.

— Eu amo você, Edward, demais.

— Então continuamos um dia de cada vez, um pelo outro e pela


vida que estamos construindo juntos.

Ele pressionou seus lábios contra os dela, tomando o beijo que


desejou durante todo o dia.

Ela choramingou.

— Podemos? — ela perguntou.

— Nós podemos se você puder gozar sem fazer um som. Você é


muito barulhenta. Não sei se alguém já lhe disse.

Ela revirou os olhos.

— Eu não sou a única que é barulhenta. Temos que ter cuidado.


Sophie tem ouvidos sensíveis.

— Nós podemos ficar calados. — Ele pegou sua mão e levou-a para
o quarto. — Posso provar isso para você.

— Você se lembra de todos os outros Natais quando tínhamos


sanduíches de manteiga de amendoim e geleia? — Sophie perguntou.

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— Sim, eu me lembro. — Isabel picou um pouco de salsa e
acrescentou ao tempero que tinha criado. Havia algumas frutas
cítricas, muitas especiarias, sal e açúcar. Agora, só precisava adicionar
o peru.

Pegando a grande ave, colocou-a na água. Depois que cobriu o


peru, colocou-o na geladeira e se afastou.

— Isso será tão incrível.

— Posso fazer uma pergunta? — Isabel perguntou.

— Pode me perguntar qualquer coisa.

Ela lambeu os lábios e lavou as mãos, tentando encontrar as


palavras certas para dizer a sua irmã.

— Eu era boa irmã?

— Claro.

— Ajudando você, trabalhando e fazendo outras coisas. Eu era


uma boa pessoa? Você acha que eu seria uma boa mãe?

Sophie se levantou e deu a volta no balcão. Como Edward fizera


alguns dias atrás, Sophie colocou os braços em volta da cintura de
Isabel e abraçou-a perto.

— Acho que você seria a mãe mais incrível e eu deveria saber.


Você é minha irmã, Isabel e amo você. Nós duas sabemos que você era
mais como uma mãe para mim, mesmo quando estava sendo uma
idiota total para você e não merecia qualquer gentileza.

— Todo mundo merece um pouco de bondade.

— Não, eles não, Is. Você sabe, não há muitas pessoas que fariam
o que você fez.

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— Claro que existem.

— Não. Eu sempre estava preocupada que você achasse que era


fraca ou estúpida ou algo assim. Especialmente quando desistiu do seu
curso. Você trabalhou duro todos os dias para me ajudar. Para ter
certeza que eu tivesse as notas certas para conseguir uma boa bolsa
de estudos. Is, sou eu que lhe deve, querida. Não estaria estudando
para ser terapeuta se não fosse por você.

Ela congelou.

— O que você quer dizer?

— Quero ajudar pessoas. Quero ajudar os jovens que estão em


posições semelhantes, que têm o mundo inteiro em seus ombros e
nenhuma maneira de sair. — Sophie beijou sua têmpora. — Quero
ajudar o mundo do jeito que você me ajudou.

Isabel respirou profundamente e finalmente acariciou o braço de


Sophie.

— Você está ficando toda mole comigo.

— Bom, porque estou muito feliz. Você encontrou Edward e estou


me dando muito bem em todos os meus testes. A vida é incrível.

— Você disse isso duas vezes. Estou preocupada, acho.

— Que tudo desaparecerá? — Sophie perguntou.

— Sim, acho que sim.

Sua irmã mais nova sacudiu a cabeça.

— Não desaparecerá. Só melhorará. Somos nós que estamos no


controle do nosso próprio destino, querida. Você me disse isso.

— O quê?

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— Na quinta série, lembra? Eu estava sendo intimidada porque
morava em um parque de trailers e você tinha que remendar meu jeans.
Bem, você sempre me disse que eu poderia permitir isso me deixar para
baixo ou poderia erguer meu queixo, pois eu podia viver em um trailer,
mas era uma pessoa muito boa e ninguém poderia tirar isso de mim.
Tenho o controle da minha própria vida. Foi o que você me disse e que
é melhor aproveitar ao máximo.

Lágrimas encheram seus olhos mais uma vez. Isabel estava


sempre chorando agora.

— Uau, eu soava tão sábia.

Sophie começou a rir.

— Sim, foi meio estranho, mas é assim que é.

— Oh, querida, o que interrompi? — Edward perguntou, entrando


na cozinha.

— Nada. Estamos apenas tendo uma conversa de coração para o


coração. — Informou Isabel.

Sophie colocou o braço nos ombros de Isabel.

— Disse a ela que acho que Is será uma ótima mãe. Você não acha
que ela será?

Isabel olhou nos olhos dele e esperou.

— Não tenho dúvidas. Você será uma mãe incrível Isabel e sei que
meus filhos te amarão muito.

— Seus filhos?

— Nossos filhos. Nós teremos muitos deles. Quero encher esta


casa com o som do riso de crianças. Precisarei disso depois de toda a

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empolgação de Sophie. Quando ela voltar para a faculdade, este lugar
não será o mesmo novamente.

— Você fará falta. — Isabel falou, beijando a bochecha de Sophie.

— Claro que farei. Eu sou demais, lembra? Sou incrível.

Isabel começou a rir. Ela não pôde evitar. Sua irmã era um pouco
maluca às vezes.

— É agora. — Edward disse.

— Sério? — Sophie a soltou e gritou, batendo palmas. — Faça.


Agora.

— O que está acontecendo aqui? Você está agindo ainda mais


estranha que o normal, e o normal já é bastante estranho para você.

Edward se moveu em sua direção e então caiu em um joelho.

Seu coração acelerou quando percebeu o que significava um


joelho dobrado.

Puta merda.

— Isabel Benson, você é a única mulher para mim. No momento


em que te conheci, me apaixonei por você e não nos esqueçamos da
luxúria. Você é a mulher mais preciosa do mundo para mim, amo você
com todo meu coração. Você pode me dar a maior honra de se tornar
minha esposa para que possamos começar com todas essas crianças
maravilhosas?

Ela ficou sem palavras. O anel era pequeno, delicado e bonito.


Olhando para o homem dos seus sonhos, abriu e fechou a boca.

— Você quer se casar comigo?

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— Sim, quero me casar com você. Já te disse. Estou nisso para a
vida e não mudará. Você quer se casar comigo e me tornar o homem
mais sortudo em Cape Falls?

Olhando em seus olhos, ela sabia que ele falava a verdade.


Edward acreditava que era o homem mais sortudo do mundo. Mesmo
com tudo o que sabia, ainda pensava assim.

— Sim, mas você está errado. Eu sou a mulher mais sortuda do


mundo.

— Sim, ela disse sim. Eu posso ser a dama de honra? Não, espere,
eu quero ser dama de honra. Por favor, por favor, por favor?

— Sabe que para uma mulher adulta, você age como uma criança
às vezes. — Edward disse.

— Por favor, não é todo o dia que sua irmã mais velha se casa e
fiz parte disso. Ei, o que aconteceu com sua ideia de proposta no grande
dia, hein? Isso é amanhã, olá, você não deveria estar esperando? —
Sophie perguntou.

Isabel não conseguia parar de rir. Sua irmã sempre foi o tipo de
pessoa que dizia coisas como esta.

— Você me proporia no dia de Natal? — ela perguntou, envolvendo


seus braços em volta do pescoço dele.

Sophie estava cantando músicas de Natal, misturadas com a


marcha nupcial.

— Sim, ia. Queria que fosse um momento que você nunca


esquecesse. Toda vez que você estiver preparando o peru, você saberá
que amo você e queria que peru fosse o prato mais romântico do
mundo.

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Ela não conseguia parar de rir. Estava tão feliz.

— Este será o resto de nossas vidas, não importa o que aconteça?

— Não importa o que, eu quero dizer todas as partes de você,


Isabel. Amarei e apreciarei cada parte de você. — Ele pressionou seus
lábios contra os dela, e ela derreteu como tantas outras vezes antes.

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Três anos e meio depois

Isabel olhou para a caixa na sua mão. Seu estômago estava


ligeiramente inchado com o segundo filho de Edward. Mia, sua primeira
garotinha, estava com Sophie no quintal. Eles estavam fazendo seu
primeiro churrasco. Edward passou toda a primavera organizando isso
e agora iam se banquetear. Todos os seus amigos do Control estavam
lá, incluindo alguns dos locais.

Três anos e meio havia criado muito crescimento em Cape Falls.


Não estava tudo claro, mas a animosidade, os valores antiquados que
antes eram tão comuns nas ruas, tinham começado a desaparecer.

Ela já não ouvia sussurros ou fofocas. Todo mundo estava


seguindo em frente e tentando construir uma nova reputação para
Cape Falls, uma que estava absorvendo o talento artesanal da cidade e
a levando em direção a um futuro melhor.

Se passaram quatro anos e meio desde a última vez que se cortou.


O último foi o corte em sua coxa, aquele pelo qual Edward a acorrentou
quando se sentiu completamente desamparado. No início, o desejo foi
forte e, às vezes, ela se assustara com a força do mesmo. Ao longo dos
anos, desapareceu. Quando Mia chegou, Isabel ficou com tanto medo
que se certificou de manter seu foco na sua garotinha. Ela começou a

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pensar cada vez menos sobre as pressões e mais sobre como apreciar
o que tinha.

Ela não precisava mais se cortar e, embora fosse um processo


longo, estava pronta. Olhando para a lata que segurava o que parecia
ser cada chave da sua vida, viu que agora estava vazia.

Colocando uma das mãos em seu estômago, descobriu que


respirava muito mais fácil e, se não fosse por Edward mostrando-lhe a
força que tinha, não sabia o que seria dela.

Por toda sua vida ela pensou que era fraca e, ainda assim, fora
forte. Só não tinha visto isso ainda.

Deixando o quarto, desceu as escadas, sorrindo para os


convidados. Eles estavam adorando a comida que ela e Sophie haviam
preparado.

Olhando para a irmã, viu que Sophie tinha Mia apoiada no quadril
enquanto falava com Ryan. Aqueles dois começaram a se aproximar.
Não sabia se alguma coisa aconteceria. Sua irmã era uma grande bola
de energia.

— Ei, querido — ela disse, parando perto de Edward.

— Onde você esteve? — ele perguntou. — Eu fiquei


completamente ocupado. Mas consegui salvar um pedaço de frango
suculento para você.

— Você é uma estrela, obrigada. Podemos conversar por um


minutinho?

— Claro, claro. William, cuide da churrasqueira por favor.

Ela pegou a mão dele e foram para um local mais privado.

— Tudo está bem, querida?

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—Sim, está. — Ela estendeu a lata. — Queria dar isso a você. —
Edward olhou para a lata por vários segundos. — Vá em frente, pegue.
Não morderá.

Ele pegou a lata e abriu-a.

— Está vazia.

— Eu sei. Eu sabia onde estava o tempo todo. Eu vi onde você a


colocou e me livrei de tudo. Essa era a minha jornada para seguir. Era
o que eu tinha que fazer.

Ela esfregou os braços. Quase todas as cicatrizes desapareceram,


mas ela ainda as sentia lá. Uma lembrança distante do passado que
ela abraçou uma vez.

— Eu te amo, Edward, mais do que qualquer coisa no mundo.


Você viu muito e amo você por isso. De verdade.

Ela se aproximou e envolveu os braços ao redor do pescoço dele.

— Além dos nossos bebês, você acabou de me dar o maior


presente do mundo. Como posso igualar a isso?

Ela sorriu.

— Simples. Tudo o que você precisa fazer é me amar pelo resto de


nossas vidas.

— Feito. — Ele bateu os lábios nos dela, selando o resto de suas


vidas.

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