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IA pode ser

destrutiva para o
jornalismo, diz
magnata da mídia
Barry Diller
Chefe do IAC diz que está disposto a mudar a lei de
direitos autorais, se necessário
o

11.mai.2023 às 18h55
Daniel ThomasAnna NicolaouLaura Pitel
LONDRES, NOVA YORK E BERLIM | FINANCIAL TIMES
O bilionário da mídia americana Barry Diller alertou que o uso de
IA (inteligência artificial) será destrutivo para o jornalismo, a
menos que os editores possam usar a lei de direitos autorais para
exercer controle.
Falando na Cúpula Global de Jornalismo Investigativo Sir Harry
Evans, em Londres, Diller disse que permitir o livre acesso da IA
ao conteúdo da mídia seria um erro, e que a noção de "uso justo" –
que pode ser usada para cobrir material protegido por direitos
autorais em conjuntos de dados para aprendizado de máquina–
precisa ser redefinida.
"Você não pode ter uso justo quando existe uma máquina injusta
que não conhece limites", disse Diller, presidente do grupo de
mídia e internet IAC.
Barry Diller e Diane von Furstenberg posam para foto no Met
Gala, em Nova York - Andrew Kelly - 1º.mai.2023/Reuters
Grupos de mídia estão cada vez mais preocupados com o uso de
suas publicações como base para a criação de IA generativa. O
diretor-executivo da News Corp, Robert Thomson, disse este ano
que o grupo já está buscando compensação financeira de uma
empresa de IA pelo uso de seu conteúdo "proprietário".
Diller disse na quarta-feira (10) que trabalharia ao lado da News
Corp e da editora alemã Axel Springer na tentativa de proteger seu
jornalismo dessa ameaça.
"Estamos liderando um grupo que vai dizer que vamos mudar a lei
de direitos autorais, se necessário, trabalhar para dizer que vocês
não podem pegar nossos materiais, ou iremos a litígio. O que você
publica, você tem o direito de controlar", disse ele.
Diller acrescentou que haverá uma onda de destruição na
indústria de jornalismo, a menos que haja uma estrutura para que
as empresas editoras sejam pagas. "Eu acho que é um erro terrível
os editores permitirem que ela sugue todos os trabalhos
conhecidos que já foram feitos."
Axel Springer disse que "não é transparente como o software de
IA opera e de que maneira o conteúdo jornalístico é rastreado,
raspado, usado e salvo. Esta é uma oportunidade para garantir
que não repetiremos os erros de regulamentação da plataforma e
criaremos um ecossistema justo e saudável desde o início".
O chefe da Axel Springer, Mathias Döpfner, alertou no início deste
ano que a IA representa grandes riscos e grandes oportunidades
para a mídia.
"A inteligência artificial tem o potencial de tornar o jornalismo
independente melhor do que nunca –ou simplesmente substituí-
lo", disse ele.
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Conheça os especialistas em IA que falaram no TED 2023

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O fundador da Scale AI e mais jovem bilionário da lista da Forbes,
Alexandr Wang, falou na segunda sessão do TED desta terça (18) sobre
uso Gilberto Tadday/Gilberto Tadday/TEDMAIS
No entanto, uma pessoa familiarizada com as discussões do setor
minimizou o papel de Axel Springer –dono dos jornais Bild e Die
Welt, bem como do site de notícias políticas dos EUA Político– na
cruzada de Diller, descrevendo a empresa como "uma voz entre
muitas", e não a líder do "ataque".
Procurada pelo New York Times, a News Corp se recusou a
comentar.
Diller também alertou sobre o impacto do recente escândalo sobre
Rupert Murdoch na Fox News. Ele afirmou que o caso iria
"manchá-lo e sua reputação para sempre [...] Ele e seu filho
envenenaram a atmosfera, e esse é um legado ruim".
A Fox demitiu o principal apresentador, Tucker Carlson, depois
que foi obrigada a pagar US$ 787,5 milhões (R$ 3,9 bilhões) em
um acordo num processo de difamação movido pela Dominion
Voting Systems sobre alegações de fraude na eleição presidencial
de 2020 nos EUA.
"A poderosa equipe de jornalistas, analistas e apresentadores de
opinião da Fox News é mais confiável para os telespectadores do
que qualquer outra fonte de notícias", afirmou a Fox.
Também falando no evento, John Poulos, executivo-chefe da
Dominion, disse que não se arrepende de ter aceitado o acordo em
vez de levar o caso à Justiça, acrescentando que representava um
"preço muito alto a cobrar da verdade no jornalismo".
Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves

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