Você está na página 1de 4

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 3ª VARA CÍVEL DA

COMARCA DE FLORIANÓPOLIS - SC

Autos nº xxxxxx

JULIANA, brasileira, profissão, portadora do CPF/MF nº xxx, com Documento de Identidade


de n° xxx, residente e domiciliado na Rua xxx nº xxx, Florianópolis–SC, vem respeitosamente
a presença de Vossa Excelência, com fundamento nos artigos 674 e seguintes do Código de
Processo Civil, opor:

EMBARGOS DE TERCEIRO

Em face de GABRIELA, brasileira, modelo, portador do CPF/MF nº xxx, com Documento de


Identidade de n° xxx, residente e domiciliado na Rua xxx nº xxx, Florianópolis–SC, pelos
motivos de fato e de direito a seguir expostos.

I – DO CABIMENTO

No presente caso, há constrição indevida que recai sobre bem daquela que não é parte no
processo (não houve sequer o pedido de citação pela parte exequente nos autos do incidente de
desconsideração da personalidade jurídica), cabendo, portanto, a oposição dos presentes
Embargos de Terceiro, de acordo com o art. 674 do Código de Processo Civil.

II – DA TEMPESTIVIDADE
Conforme o texto processual civil pátrio, o prazo para oposição de embargos de terceiro é de
cinco dias, conforme art. 675 do CPC. Portanto, tempestivo a presente petição inicial.

III – DA LEGITIMIDADE
A embargante é parte legítima a figurar no polo ativo da demanda, conforme restará
demonstrado a seguir, de acordo com o disposto no art. 674, § 2º, inciso III, do CPC, assim
como o meio utilizado é a adequado para combater a constrição indevida realizada em seu
desfavor.

IV – DOS FATOS
Trata-se de EMBARGOS DE TERCEIRO interposto pela embargante, a fim de combater
restrição indevida realizada em seu desfavor.
Ocorre que a embargante figura como sócia da empresa Bela Musa, ao lado de Henrique e
Wilson. Em ação na qual a autora Gabriela pleiteou reparação de danos em face da empresa
Bela Musa, foi instaurado incidente de desconsideração da personalidade jurídica,
direcionando os atos executivos ao patrimônio pessoal dos sócios, inclusive da embargante.
Contudo, a embargante apenas tomou conhecimento do ocorrido ao perceber a adjudicação
em favor da credora Gabriela, anotada no documento de seu automóvel, avaliado em R$
43.000,00 (quarenta e três mil reais).
A embargante sequer teve oportunidade de exercer seu direito constitucional à ampla defesa e
contraditório, uma vez que não houve nem mesmo o pedido, muito menos a determinação de
sua citação no incidente de desconsideração da personalidade jurídica.
Ademais, a embargante em nada se beneficiou de eventual confusão patrimonial constatada
por este d. Juízo.
Assim, socorre-se a embargante dos presentes Embargos de Terceiro a fim de que seja
cancelada a constrição anotada em seu veículo.

V – DOS FUNDAMENTOS
Em razão dos fatos acima narrados, evidencia-se que a embargante está sofrendo lesão grave
em seu patrimônio e direito de propriedade, estando amparada pela legislação, em especial ao
que dispõe o artigo 674 do CPC, que diz, in verbis:
“Art. 674 – Quem não sendo parte no processo, sofrer constrição ou ameaça
de constrição sobre bens que possua ou sobre os quais tenha direito
incompatível com o ato constritivo, poderá requerer seu desfazimento ou sua
inibição por meio de embargos de terceiro..
§1º - Os embargos podem ser de terceiro proprietário, inclusive fiduciário, ou
possuidor.
§2º - Considera-se terceiro, para ajuizamento dos embargos:
(...)
III – quem sofrer constrição judicial de seus bens por força de
desconsideração da personalidade jurídica, de cujo incidente não fez parte;”
Portanto, resta demonstrado ser a embargante parte legítima para opor os embargos de
terceiro, visto que não foi citada, não participou do processo e teve bem de sua propriedade
restringido por ato judicial de penhora.
Ademais, a embargante sequer teve qualquer benefício direto ou indireto advindo de eventual
abuso perpetrado pela pessoa jurídica Bela Musa, todavia não lhe foi dada a oportunidade de
fazer tal alegação, uma vez que não houve citação.
Importante ainda ressaltar que houve o reconhecimento da relação de consumo pelo juízo,
portanto, deve ser aplicado ao caso a Teoria Menor da desconsideração da personalidade
jurídica, prevista no art. 28 do Código de Defesa do Consumidor:

“Art. 28. O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade


quando, em detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso de
poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato
social. A desconsideração também será efetivada quando houver falência,
estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica
provocados por má administração.
(...)
§ 5° Também poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que
sua personalidade for, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de
prejuízos causados aos consumidores.”

No caso em tela, não restou devidamente comprovado pela parte autora a existência de
qualquer obstáculo ao seu ressarcimento. Nota-se, após minuciosa consulta aos autos, que
sequer há provas concretas nesse sentido, nem mesmo houve diligências adequadas e
suficientes para buscar o ressarcimento pela pessoa jurídica antes da determinação da
instauração do incidente de desconsideração da personalidade jurídica. O incidente foi
instaurado, portanto, de forma prematura pelo d. Juízo e, além disso, recaindo penhora sobre
bem de sócia que nem sequer foi citada para exercer sua ampla defesa e contraditório.
Desta forma, tendo em vista que os presentes embargos encontram assentamento no
ordenamento jurídico brasileiro, requer seja recebido, reconhecido e provido pelas razões de
fato e direito explanadas.

VI – DO REQUERIMENTO EM CARÁTER LIMINAR


A condição de proprietária, possuidora e terceiro foram suficientemente provadas. Em
consonância com o art. 678 do CPC, a decisão que reconhecer suficientemente provado o
domínio ou a posse determinará a suspensão das medidas constritivas sobre os bens litigiosos
objeto dos embargos, bem como a manutenção ou a reintegração da posse, se o embargante a
houver requerido.
Requer-se, portanto, a suspensão da constrição sobre o veículo de propriedade da embargante,
de modo a evitar a iminente possibilidade de busca e a apreensão do automóvel.

VII – DOS PEDIDOS


Diante do exposto, requer-se:
a) A concessão da liminar, suspendendo-se a constrição que recaiu sobre o bem da
embargante;
b) A citação da parte embargada, pessoalmente ou na pessoa de seu procurador (art. 677,
§ 3º, do CPC) para que, querendo, apresente contestação no prazo de 15 dias, sob pena
de caracterização da revelia e verificação de seus efeitos (art. 679, CPC);
c) A confirmação da liminar no sentido de cancelar definitivamente a penhora;
d) A procedência dos presentes embargos, especialmente para que o ato de constrição
ilegal seja cancelado, com base no art. 681, CPC;
e) Em caso de procedência, pugna-se pela condenação da parte embargada ao pagamento
dos honorários advocatícios, custas e despesas processuais, com amparo nos artigos
82, § 2º, e 85, ambos do Código de Processo Civil.

Informa-se o recolhimento das custas processuais, conforme guia anexa.

Dá-se à causa o valor de R$ 43.000,00 (quarenta e três mil reais).

Nestes termos, pede deferimento.


Florianópolis, 23/05/2021.

XXX

ADVOGADA

OAB Nº XXX

Você também pode gostar