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Universidade de Aveiro

Departamento de Química

MÓDULO - MIA
DE
Laboratório B1 - MIA

2022/2023
TRABALHO 1 - DETERMINAÇÃO DE MAGNÉSIO NUMA ÁGUA
ENGARRAFADA POR ESPECTROFOTOMETRIA DE ABSORÇÃO
ATÓMICA

1. OBJECTIVOS
• Identificar os diversos componentes de um espectrofotómetro de absorção atómica e conhecer as
respetivas funções
• Identificar as principais diferenças entre um espectrofotómetro de absorção atómica e um
espectrofotómetro de absorção molecular
• Identificar os parâmetros instrumentais que é necessário ajustar para que uma determinada
quantificação possa ser feita por espectrofotometria de absorção atómica em chama
• Determinar a concentração de magnésio na água engarrafada e comparar com o valor indicado no
rótulo.
• Estimar a incerteza associada à concentração da amostra calculada a partir de uma recta de
calibração com padrões externos

2. INTRODUÇÃO
2.1. Fundamentos da espectroscopia de absorção atómica
Em espectroscopia atómica as amostras são vaporizadas a uma temperatura bastante elevada,
decompondo-se em átomos. A absorção ou emissão de radiação aos comprimentos de onda
característicos desses átomos pode então ser medida. Devido à sua sensibilidade e à facilidade com
que pode analisar-se um grande número de amostras, a espectroscopia atómica é muito utilizada como
técnica analítica na indústria e em laboratórios de análises químicas. Neste trabalho vai determinar-
se a concentração de magnésio numa água de mesa, usando a espectrofotometria de absorção atómica
como método de análise. A calibração será feita com padrões externos.
Na Figura pode ver-se uma representação esquemática de um espectrofotómetro de absorção atómica
com atomização por chama.

chama
fonte Monocromador Detector

acetileno
Interruptor de ar
radiação (Chopper) Processador de
capilar
interrup sinal/registador

Nebulizador-queimador

Copo com amostra

A amostra (solução) é arrastada para o nebulizador-queimador pelo fluxo rápido do oxidante


que passa numa ponta de um capilar que tem a outra ponta mergulhada na amostra. Desta forma a

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amostra líquida é aspirada e pulverizada em pequenas gotas, formando um aerossol. O fluxo de
oxidante, combustível e gotículas de amostra passa por um sistema que promove a mistura e rejeita
as gotas de maior tamanho que se acumulam na parte de baixo da câmara de nebulização e são
escoadas por um dreno (para um recipiente onde se recolhe o esgoto). A mistura oxidante/combustível
mais usada é ar/acetileno (mistura que vai ser usada neste trabalho). As gotículas de menor tamanho
são arrastadas para a chama. Uma chama de ar-acetileno atinge uma temperatura no intervalo 2125-
2400 ºC. Após evaporação do solvente os solutos são volatilizados e dissociados dando origem a
átomos.
A chama deve estar alinhada com o feixe de radiação proveniente da fonte (lâmpada), a qual
emite radiação aos comprimentos de onda a que absorvem os átomos do elemento a analisar. Assim,
a radiação, ao passar na chama, é parcialmente absorvida por esses átomos, provocando a transição
dos mesmos do estado fundamental para um estado excitado. A chama é, portanto, a fonte de energia
que permite a atomização dos componentes da amostra e é, simultaneamente, o compartimento da
amostra.
A absorvência medida é proporcional à concentração de átomos do analito na chama e
esta é proporcional à concentração do elemento na amostra líquida, se esta for introduzida na
chama a uma velocidade estável e reprodutível.

2.2. Análise quantitativa

A análise quantitativa por espectrofotometria de absorção atómica baseia-se na lei de Beer


que prevê que a absorvência é proporcional à concentração do analito
A= .b.C (1)

No entanto, não se observa uma relação linear em toda a gama de concentrações. No caso do
magnésio o limite máximo das concentrações para as quais se observa resposta linear é de 0,5 ppm,
conforme está indicado no manual de métodos que acompanha o aparelho.

3. REALIZAÇÃO EXPERIMENTAL
3.1. Reagentes e soluções fornecidos
Solução padrão de Magnésio para absorção atómica (1000 ppm de Mg)
Água engarrafada (com indicação do teor em Mg)

3.2. Preparação de solução padrão de magnésio 5 ppm


• Prepare 200 mL de uma solução padrão 5 ppm de Mg, por diluição da solução fornecida.

3.3. Calibração com padrões externos


• Prepare uma série de 5 padrões, em balões de 50 mL, com as concentrações 0,1; 0,2; 0,3; 0,4 e
0,5 ppm de Mg, por diluição adequada da solução 5 ppm preparada em 3.2.
3.4. Preparação e análise da amostra
Com base no valor da concentração de Mg2+ indicada no rótulo da garrafa, verifique se é necessário
efectuar uma diluição prévia da amostra de forma a que a sua concentração se situe dentro da gama
de concentrações dos padrões (perto do centroide da recta). Se necessário, faça a diluição da amostra
(escolha o material adequado, conforme o rigor necessário para essa diluição).
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Meça a absorvência de cada um dos padrões (entre cada uma das leituras com soluções diferentes
aspire água destilada). Meça também a absorvência da água destilada (branco) e a absorvência da
amostra diluída (ver ponto 4 sobre o uso do espectrofotómetro de absorção atómica)

3.5. Uso do espectrofotómetro de Absorção Atómica (Perkin Elmer, Analyst 100)


4.1. Ligar o aparelho e deixar a lâmpada aquecer durante 10 a 15 minutos.
4.2. Selecionar o comprimento de onda indicado nas instruções do fabricante (para o Magnésio
=285,2 nm)
4.3. Alinhar a lâmpada e o queimador.
4.4. Ligar os gases e ajustar os caudais conforme as instruções do fabricante. Acender a chama. Os
caudais do combustível (acetileno) e do comburente (ar) são ajustados de forma a obter uma
chama oxidante (chama azul, excesso de ar), conforme recomendado para a análise do magnésio.
4.5. Aspirar a solução 0,3 ppm de Mg e fazer pequenos ajustes do queimador (e do caudal de aspiração
se necessário) de forma a obter uma absorvência  0,200.
4.6. Aspire água destilada e acerte o zero com o comando “AUTOZERO”.
4.7. Aspire as soluções, alternando sempre com água destilada, e tome nota das absorvências (faça a
média de 4 leituras para cada solução).

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RELATÓRIO
DETERMINAÇÃO DE MAGNÉSIO NUMA ÁGUA ENGARRAFADA POR
ESPECTROFOTOMETRIA DE ABSORÇÃO ATÓMICA
Autores: (escreva os nomes dos alunos que realizaram o trabalho, um em cada linha, e o respectivo nº mecanográfico)
Turma:_______Grupo:_______Data de realização: ____

1. Calibração

• Apresente uma tabela com as concentrações rigorosas dos padrões e respetivas absorvências
• Represente graficamente a absorvência em função da concentração de Mg2+, para os padrões
preparados. Caso se verifique uma relação linear determine os parâmetros da recta, usando o
método dos mínimos quadrados. Escreva a equação da recta e represente-a no gráfico (use
folha de cálculo, Excel por exemplo)
• Determine o desvio padrão residual da recta
• Calcule o limite de deteção do método

2. Análise da amostra
• Indique claramente qual a água de mesa que analisou e quais as informações no rótulo
(concentração de Mg2+ indicada no rótulo, data da última análise)
• Indique qual a diluição que fez da amostra e explique porque escolheu essa diluição
• Calcule a concentração de magnésio na amostra diluída e o respetivo intervalo a 95% de
confiança. Indique claramente as fórmulas usadas, e o que são os parâmetros nelas incluídos e use
o Excell para fazer os cálculos. Indique claramente na folha de cálculo o que está nas colunas ou
células (títulos). O ficheiro Excell deve ser enviado ao professor. No relatório só apresenta os
resultados dos cálculos, como por exemplo a equação da reta, o intervalo de confiança da
concentração da amostra, indicando quais as fórmulas que usou para fazer o tratamento estatístico
dos resultados e o significado dos símbolos que aparecem nessas fórmulas.
• Calcule a concentração de Mg2+ na água de mesa analisada e o respetivo intervalo de confiança

3. Conclusão
• Apresente o resultado obtido e o respectivo intervalo de confiança e comente a precisão do
resultado
• Compare o valor obtido com o valor rotulado na garrafa e comente.

4. BIBLIOGRAFIA

Analytical Chemistry 2.0 (livro disponibilizado no moodle, capítulo 10, secção 10D)
D. C. Harris, “Quantitative Chemical Analysis”, 4th ed., W. H. Freemn and Company, New York,
1996, capítulo 21 (Biblioteca da UA, 543A.332 – vários exemplares)
D. A. Skoog, D. M. West, F. J. Holler, “Fundamentals of Analytical Chemistry”, 7 th ed., Saunders
College Publishing, 1996, Capítulo 26, pg 611-626 (Biblioteca da UA)

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TRABALHO 2 - DETERMINAÇÃO DE NÍQUEL E ZINCO NUMA MISTURA

1.OBJECTIVOS
• Saber aplicar resinas de troca iónica na separação de iões e compreender o seu funcionamento
• Ser capaz de explicar a importância do pH nas titulações com EDTA e procurar qual o pH
adequado a uma dada titulação
• Explicar o funcionamento do indicador
• Identificar situações em que se recorre a titulação por retorno com EDTA

2.INTRODUÇÃO

Neste trabalho vai determinar a concentração de dois catiões numa solução, por titulação com
EDTA. Para titular separadamente cada um deles, vai proceder a uma separação prévia dos mesmos
usando uma resina de troca iónica.

2.1.Constituição e funcionamento das resinas de troca iónica


As resinas de troca iónica são polímeros que contêm grupos funcionais ionizados aos quais
estão electrostaticamente ligados iões de carga oposta que podem ser trocados por outros com carga
do mesmo sinal. As resinas de troca catiónica contêm grupos funcionais negativos que atraem catiões.
As resinas de troca aniónica possuem grupos funcionais positivos que atraem iões negativos.
Muitas resinas de troca iónica são co-polímeros de estireno e divinilbenzeno, em que alguns
anéis benzénicos foram modificados pela introdução de grupos funcionais, como grupos sulfonato (
− SO3− ) nas resinas de troca catiónica, ou grupos alquilamónio ( − NR3+ ) nas resinas de troca aniónica.
Numa coluna de resina de troca aniónica, existem iões negativos electrostaticamente ligados aos
grupos funcionais positivos da resina. Ao passar uma amostra pela coluna, esses iões negativos
trocam com iões negativos da amostra que ficam, assim, retidos na coluna.
Muitos metais podem ser separados em colunas de troca aniónica se forem previamente convertidos
em aniões por complexação com um ligando aniónico, como por exemplo o Cl-. Neste trabalho, a
separação dos iões Zn2+ e Ni2+ baseia-se na sua diferente tendência para formar complexos aniónicos
com Cl-. Numa solução de Zn2+ e Ni2+ em HCl 2 mol L-1, formam-se complexos clorozincato (II)
estáveis (como ZnCl3- e ZnCl42-) enquanto o Ni2+ não é apreciavelmente complexado neste meio.
Assim, ao passar a solução por uma coluna de resina de troca aniónica, o Zn(II) fica retido enquanto
o Ni2+ é eluído. O Zn(II) que ficou retido pode ser depois eluído com água destilada, pois a diminuição
da concentração de Cl- no eluente provoca a dissociação dos clorocomplexos de Zn(II).

Os iões separados podem então ser titulados com EDTA, sendo no entanto a titulação do Ni 2+
efectuada por retorno (adição de um excesso de EDTA e titulação do que sobra com uma solução
padrão de Zn2+). A titulação do Níquel por retorno deve-se ao facto de este reagir lentamente com o
EDTA e, além disso, bloquear o indicador negro de eriocromo-T (Harris, 1996)

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2.2.O EDTA como ligando
O ácido etilenodiaminotetraacético (EDTA) é um ácido fraco que pode perder 4 protões
(simbolizemo-lo por H4Y). O EDTA na forma Y4- é um ligando hexadentado que forma complexos
octaédricos com um grande número de catiões metálicos.

Figura: estruturas: (a) do anião Y4- e (b) dos complexos (quelatos) que ele forma com catiões
M; neste trabalho M é o catião Zn2+ ou Ni2+

Os complexos de EDTA-catião metálico contêm um catião metálico M com carga positiva n+


ligado a um ião Y4-. A carga do ião complexo formado será n-4. Por exemplo, no caso do complexo
do EDTA com Zn2+ a carga do ião complexo formado é -2 (=2-4)
O ácido etilenodiaminotetraacético é muito pouco solúvel e por isso as soluções de EDTA são
em geral preparadas a partir do sal disódico, Na2H2Y.

2.3.A importância do pH nas titulações com EDTA

Quando se adiciona uma solução de Na2H2Y gota a gota a uma solução de catião Mn+, o H2Y2-
tem de perder os protões para se ligar ao catião Mn+.
Perda dos protões
H2Y2- H+ + HY3-
HY3- H+ + Y4-
Ligação ao catião metálico
Mn+ + Y4- Mn-4

Para que uma reacção possa ser usada em análise titulométrica, ela deve ser praticamente
completa no ponto de equivalência, o que significa, neste caso, que praticamente todo o EDTA
adicionado deve reagir com o catião metálico para formar o complexo Mn-4. Ora, os iões H+ competem
com os iões Mn+ para se ligarem ao Y4-. Quanto mais baixo for o pH, mais alta a concentração de iões
H+ na solução para competir com o catião metálico e menor a extensão da complexação.
De facto, Y4- pode captar até 6 protões, mas para valores de pH superiores a 2,0 podemos
considerar apenas os seguintes equilíbrios ácido-base envolvendo o EDTA:
1) H4Y H+ + H3Y-
2) H3Y- H+ + H2Y2-
3) H2Y2- H+ + HY3-
4) HY3- H+ + Y4-
O equilíbrio correspondente à formação do complexo é

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5) Mn+ + Y4- Mn-4
A constante de equilíbrio para a reação 5) é a constante de formação do complexo:

[𝑀𝑌 𝑛−4 ]
6) 𝐾𝑓 =
[𝑀𝑛+ ] × [𝑌 4− ]

Se o pH diminuir, a concentração de H+ aumenta, o que faz deslocar os equilíbrios 1) a 4) no sentido


inverso. Assim, a concentração de Y4- diminui e o equilíbrio 5) também se desloca no sentido inverso,
isto é, a extensão da complexação diminui.

Assim, diminuindo o pH, diminui a fracção de EDTA que reage com o catião metálico (devido à
competição das reacções de protonação do ligando) e, para valores de pH inferiores a um certo valor
limite, a titulação deixa de ser praticável. Cada catião metálico requer um pH superior a um dado
valor mínimo para poder ser titulado com EDTA.

Quanto maior for a constante de formação do complexo MYn-4, isto é, quanto maior for a afinidade
do Y4- para o catião metálico, mais "capaz" é o catião de competir com os protões na ligação ao Y 4-.
Por esse motivo, quanto maior for a constante de formação de um complexo de um catião metálico
com Y4-, mais baixo é o limite mínimo do pH para a titulação desse catião com EDTA.

2.4. Como funciona o indicador

O indicador negro de eriocromo-T usado no presente trabalho é também um ligando que


complexa com catiões metálicos. Quando está ligado a um catião metálico o indicador apresenta côr
avermelhada (rosada, em solução diluída). Quando está livre, isto é, não complexado com catião
metálico, o indicador apresenta cor azul, se o pH da solução estiver compreendido entre 7 e 11. De
facto, o indicador negro de eriocromo-T, quando não está complexado com catião metálico, pode
existir em solução nas formas H2In-(vermelho), HIn2-(azul) e In3-(laranja). Na gama de pH 7-11, a
forma predominante é a azul.
Assim, suponhamos que se vai titular um dado catião metálico com EDTA.
Começa por adicionar uma pequena porção de indicador negro de eriocromo-T à solução de
catião metálico, a qual tem um pH ajustado a um valor entre 7 e 11. O indicador fica complexado e a
solução fica avermelhada. Entretanto começa a titular com EDTA. O EDTA vai complexando com
os catiões metálicos livres e quando chega ao ponto de equivalência, o EDTA desloca o indicador
dos complexos metal-indicador, isto é, o indicador cede os catiões a que está ligado e fica livre, ou
seja, fica azul. Para que um indicador possa ser usado numa análise complexométrica com EDTA, o
catião metálico deve formar complexos mais estáveis com o EDTA do que com o indicador (ter mais
afinidade para o EDTA do que para o indicador), pois só assim, durante a titulação de catião metálico
com EDTA, o indicador liberta o catião metálico e fica livre (não complexado) quando se atinge o
ponto de equivalência, observando-se mudança de cor. A coincidência da mudança de cor do
indicador com o ponto de equivalência depende da estabilidade relativa dos complexos metal-
indicador e metal-EDTA. Se o complexo metal-indicador for pouco estável o indicador liberta o
catião metálico e fica livre antes de atingir o ponto de equivalência. Se o complexo metal-indicador
for demasiado estável, a alteração de cor ocorre depois do ponto de equivalência, quando o EDTA já
foi adicionado em excesso. Diz-se que um catião bloqueia o indicador quando, no ponto de
equivalência, o indicador não liberta o catião metálico a que está ligado ou porque o catião forma
complexos mais estáveis com o indicador do que com o EDTA, ou porque a dissociação do complexo
metal-indicador é demasiado lenta.

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2.5. Titulação do Ni2+ por retorno

O Ni2+ reage lentamente com o EDTA e bloqueia o indicador negro de eriocromo-T, pois forma
complexos extremamente estáveis com o negro de eriocromo-T e não liberta o catião. Além disso, a
cinética das reacções de formação e dissociação do complexo Ni2+-indicador é também muito lenta
Esses problemas podem ser resolvidos recorrendo a uma titulação por retorno: adiciona-se excesso
de EDTA e titula-se o EDTA que sobrou com outro catião metálico. (Veja material de apoio sobre
titulações e exercício resolvido exemplificativo dos cálculos numa titulação por retorno.)

Adiciona-se excesso de EDTA e aquece-se, de forma a garantir que o Ni2+ está todo complexado com
EDTA. Depois de arrefecer, titula-se o EDTA que ficou por reagir com uma solução padrão de Zn2+.
Nesta titulação, deve garantir-se que o indicador não está presente demasiado tempo na solução antes
de terminar a titulação, para não dar tempo a que o indicador reaja com o Ni2+, retirando-o ao EDTA.

3. REALIZAÇÃO EXPERIMENTAL

Nota Prévia obre a realização experimental do trabalho:


Este trabalho deve ser realizado em duas aulas. Na aula em que realiza o trabalho anterior,
deve proceder à separação dos iões, isto é, deve realizar a PARTE I do trabalho (3.1, 3.2, 3.3)
Na aula seguinte, faz a titulação dos iões separados (partes 3.4, 3.5 e 3.6.)

PARTE I

3.1. Preparação da coluna cromatográfica de troca aniónica


• Introduza uma pequena bola de lã de vidro no fundo de uma bureta de 25 mL, acima da torneira
• Num copo, prepare uma suspensão de resina Bio-Rad Dowex-1-X8 na menor quantidade possível
de HCl 2 mol L-1 e transfira-a para a bureta; arraste a resina para a bureta, com HCl, até atingir 10
a 15 mL de resina dentro da bureta. Se for preciso vá abrindo de vez em quando a torneira para
retirar o excesso de ácido, mas sem deixar nunca o nível do ácido descer abaixo do nível da resina;
deixe assentar.
• Prepare uma proveta com 100 mL de HCl 2 mol L-1. Lave a coluna com 5 porções de 5-10 mL
desse HCl. Após cada porção, deixe o nível do ácido baixar até à superfície da resina, antes de
adicionar a porção seguinte. Passe o resto do HCl e no fim deixe o nível de ácido ficar apenas
ligeiramente acima do nível da resina.
• Durante a última parte da lavagem da coluna (passo anterior) use uma proveta de 10 mL para
recolher o efluente da coluna e veja como deve ajustar a abertura da torneira da coluna de forma a
obter o caudal aproximado de 3-4 mL/min pretendido em 3.3 (em 1 minuto deve recolher 3-4 mL
de efluente na proveta)

3.2. Preparação da amostra (a qual contem uma mistura de sais de Ni2+ e de Zn2+)
Num balão volumétrico de 50 mL introduza 20 mL de amostra e 25 mL de HCl 4 mol L-1 e perfaça o
volume com água destilada.

3.3. Separação de níquel e zinco


• Prepare uma proveta com 50 mL de HCl 2 mol L-1.
• Coloque um frasco por baixo da coluna de troca aniónica.
• Meça com rigor um volume de 5,00 mL da solução preparada em 3.2 e transfira-o para o topo da
coluna.
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• Abra a torneira até a amostra penetrar completamente na coluna, mas sem baixar o nível de líquido
abaixo do nível de resina.
• Lave o interior da coluna com 4 porções de 2 a 3 mL de HCl da proveta e após cada porção deixe
o nível do ácido baixar até ligeiramente acima da superfície da resina
• Elua o níquel fazendo passar o restante HCl 2 mol L-1 através da coluna, a um caudal de cerca de
3 a 4 mL/min. No fim, deixe o nível de ácido baixar até ficar apenas ligeiramente acima do nível
da resina e feche a torneira.
• Troque o frasco de recolha do efluente da coluna, por outro limpo. (Guarde o conteúdo do frasco
para titular na aula seguinte)
• Prepare uma proveta com 100 mL de água destilada. Lave o interior da coluna com 4 porções de
2 a 3 mL de água da proveta e após cada porção deixe o nível do líquido baixar até ligeiramente
acima da superfície da resina
• Continue a eluição do zinco com a restante água destilada, a um caudal aproximado de 3 a 4
mL/min. (Guarde o conteúdo do frasco para titular na aula seguinte)

PARTE II – AULA SEGUINTE

3.4. Preparação de uma solução padrão de EDTA


Prepare uma solução padrão de EDTA, aproximadamente 0.01 mol L-1, a partir do sal de EDTA
fornecido, previamente seco. Prepare um volume que lhe permita realizar as análises que tem de
efectuar.

3.5. Titulação do níquel


• Evapore a solução de níquel quase até à secura, numa placa de aquecimento. Não deve
sobreaquecer após secura para que o NiCl2 residual não se transforme em NiO
• Após arrefecer um pouco, adicione cerca de 100 mL de água destilada
• Adicione 40,00 mL de solução padrão de EDTA ~0,01 M e 10 mL de tampão pH 10.
• A formação do complexo Ni2+ com EDTA é relativamente lenta e, por isso, a solução contendo
Ni2+ e EDTA deve ser aquecida (80ºC).
• Após arrefecimento até à temperatura ambiente, titule com a solução padrão de zinco 0,0100 M
até ter adicionado aproximadamente 15 mL. Adicione um pouco da mistura sólida de negro de
eriocromo-T/NaCl (adicione aos poucos, porções extremamente pequenas na ponta da espátula,
até ser nitidamente visível a cor azul do indicador livre). Completar imediatamente a titulação
até obter a cor avermelhada (rosada) do indicador complexado com o Zn2+. (Por que motivo o
negro de eriocromo-T não é adicionado logo no início?).

3.6. Titulação do zinco


• À solução de zinco adicione 10 mL de tampão de pH 10 e um pouco da mistura sólida de negro
de eriocromo-T/NaCl (adicione aos poucos, porções extremamente pequenas na ponta da
espátula, até ser nitidamente visível a cor avermelhada do indicador complexado com Zn2+)
• Titule com a solução padrão de EDTA até a cor do indicador mudar de avermelhado para azul.

3.7. Soluções e reagentes fornecidos

Resina de troca aniónica Dowex 1- X8


HCl 4 mol L-1 e 2 mol L-1

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Amostra contendo Ni(II) e Zn(II)
Sal dissódico de EDTA di-hidratado (previamente seco)
Solução tampão de pH=10 (NH3/NH4+)
Indicador Eriochrome Black T (fornecido sob a forma de uma mistura sólida com NaCl)
Solução padrão de zinco 0,01 M (deve registar a concentração exacta indicada no rótulo)

4. QUESTIONÁRIO (deve estar respondido no caderno no início da 2ª aula de realização do


trabalho)

4.1. Pipetou 25,00 mL de uma Amostra aquosa contendo Ni2+ e Zn2+ para um balão de 50,00 mL,
adicionou 20 mL de HCl 5,0 M e diluiu a 50,00 mL com água destilada. Aplicou 5,00 mL desta
solução numa coluna de troca aniónica e fez a separação dos iões Ni2+ e Zn2+ conforme
procedimento descrito em 3.3. Após evaporação do ácido da solução resultante da eluição do Ni2+,
adicionou 100 mL de água destilada, 40,00 mL de EDTA 0,01150M e 10 mL de tampão de pH
10. Após reacção completa do Ni2+ com o EDTA, titulou-se o EDTA que sobrou com solução
padrão de Zn2+ 0,0105 M. Se a concentração de Ni2+ na amostra aquosa inicial fosse 0,100 M,
que volume de solução de Zn2+ esperaria gastar?

4.2. Por que motivo se aquece a solução contendo Ni2+ e EDTA?

4.3. Por que motivo, na titulação do Ni2+ por retorno, quando se titula o excesso de EDTA com Zn2+,
o indicador não é adicionado logo no início da titulação?

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Faça um registo claro dos resultados


Calcule a concentração de Zn2+ e Ni2+ na amostra fornecida
Use os resultados dos vários grupos da turma para calcular a concentração média e o respetivo
intervalo de confiança (a 95%). Comente os resultados

6. BIBLIOGRAFIA
Analytical Chemistry 2.0 (livro disponibilizado no moodle, capítulo 9, pg 459-461 e 469-470)
Harris, D.C., 1996. Quantitative Chemical Analysis, W.H. Freeman and Company, New York, 4th
Ed., 699-703, 807-809.
Vogel, A.I., 1989. Vogel’s Textbook of Quantitative Analysis, Longman, 5th Ed., 186-193.

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TRABALHO 3 - DETERMINAÇÃO DE SÓDIO EM LEITE POR
ESPECTROFOTOMETRIA DE EMISSÃO DE CHAMA

1. OBJETIVOS
• Saber quais os elementos metálicos a que é aplicável a análise por emissão atómica em chama e
porquê
• Identificar os parâmetros instrumentais a ajustar para que um dado elemento seja analisado por
espectrofotometria de emissão atómica em chama
• Compreender o motivo por que, na análise de certo tipo de amostras, é necessário efetuar a
quantificação do analito usando o método da adição de padrão como método de calibração
• Compreender por que motivo se adiciona ácido tricloroacético ao leite antes de realizar a
quantificação do sódio
• Determinar a concentração de sódio no leite analisado e comparar com o valor do rótulo

2. INTRODUÇÃO
Neste trabalho vai determinar o conteúdo de sódio numa amostra de leite, por espectrofotometria de
emissão atómica, usando o método de adição padrão como método de calibração.
O instrumento que vai usar é o mesmo que utilizou para o trabalho 3.
À temperatura da chama, embora a maioria dos átomos se encontre no nível fundamental, alguns
estão excitados. A distribuição de átomos pelos diferentes níveis energéticos segue a lei de
distribuição de Boltzman:

N * g * −E / kT
= e
N0 g0
onde
N* g*
é a relação entre as populações de um nível excitado (*) e do nível fundamental (0), éa
N0 g0
relação entre as degenerescências dos dois níveis, E (=E*-E0) é a diferença de energia entre os dois
níveis, k é a constante de Boltzmann e T é a temperatura (K).
Os átomos excitados, ao passarem para o estado fundamental, emitem radiação e é a intensidade dessa
radiação que é medida em espectroscopia de emissão. Como se pode ver pela equação de Boltzmann,
a população de átomos no estado excitado, para uma dada temperatura da chama, é maior para átomos
em que a diferença energética (E) entre o estado excitado e o estado fundamental é menor. Por esse
motivo, a espectrofotometria de emissão atómica com atomização por chama praticamente só é usada
para análise de metais alcalinos (que requerem pouca energia para serem excitados).
Hoje em dia existem outros métodos de atomização e excitação, a temperaturas bastante mais
elevadas, que permitem uma maior sensibilidade e uma aplicação da espectroscopia de emissão
atómica a outros elementos metálicos Veja diapositivos e apontamentos das aulas TP

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Calibração pelo método da adição de padrão
No método de adição de padrão que vai aplicar, prepara várias soluções contendo a mesma
quantidade de amostra e quantidades variáveis de uma solução padrão do analito, X. Em seguida,
mede a intensidade de emissão (I) de cada uma das soluções preparadas.

amostra Sempre o mesmo volume de amostra

Solução padrão do analito Volumes diferentes em cada balão

A intensidade de emissão é proporcional à concentração total de analito (C)


I = k.C

Mas a concentração total de analito em cada balão tem duas contribuições e é dada por:
C = (Ca+Cp)

onde Ca é a concentração de analito devida à amostra e Cp é a concentração devida ao padrão


adicionado.

A intensidade de emissão é então dada por:

I = k (Ca+Cp) ou seja, I = k C a + k Cp

Como todas as soluções contêm a mesma concentração de amostra,


k Ca = constante = a

Assim, se representar I em função de Cp obtem-se uma reta (ajustada pelo método dos mínimos
quadrados)
m=k
I = a + m × Cp com: a=k×C a

Logo, Ca = a/m

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É preciso notar que Ca não é a concentração da amostra, mas sim a concentração da amostra depois
de diluída no balão (contribuição da amostra para a concentração de cada solução de calibração).

3. PARTE EXPERIMENTAL
(pense com que rigor devem ser medidos os volumes indicados no procedimento)
3.1. Reagentes e soluções fornecidos
Solução padrão de Sódio comercial (1000 ppm de Na)
Leite UHT
Solução de ácido tricloroacético a 20% (m/v)
Se substituir o leite UHT por leite em pó, prepare 25,00 mL de leite reconstituído por
dissolução de 3,2 g (rigorosamente pesado) de leite em pó em água destilada morna. (este
passo é omitido no caso de leite UHT)

3.2. Preparação da amostra

• Registe no caderno qual o leite analisado e qual a informação do rótulo da embalagem relativa
ao conteúdo de sódio ou de sal (NaCl)
• Para um tubo de centrífuga adicione 6 mL de leite e 3 mL de ácido tricloroacético a 20 %.
Centrifugue até à clarificação da solução (cerca de 10 min a 4000 rpm).
• Filtre e transfira quantitativamente o líquido sobrenadante para um balão de 100 mL (funil de
filtração com filtro de pregas sobre o balão). Perfaça o volume do balão com água destilada e
homogeneíze. Não agite muito violentamente para evitar que se forme espuma. Dilua 30 mL
desta solução a um volume final de 100 mL, usando água destilada (solução A).

3.3. Método da adição de padrão


• Prepare 200 mL de uma solução padrão 5 ppm de Na+, por diluição da solução padrão fornecida.
• Prepare uma série de 6 balões de 50 mL aos quais se adiciona uma quantidade fixa (2 mL) da
amostra (solução A) e quantidades variáveis da solução 5 ppm de Na+, nomeadamente, 0, 1, 2,
3, 4 e 5 mL. Perfaça o volume com água destilada.
• Meça a intensidade de emissão para cada uma destas soluções, aspirando sempre água destilada
entre leituras. Faça cinco leituras para cada solução.

3. USO DO ESPECTROFOTÓMETRO DE ABSORÇÃO ATÓMICA (Perkin Elmer, Analyst 100)


EM MODO DE EMISSÃO ATÓMICA

3.1.Ligar o aparelho.
3.2.Alinhar o queimador. Para este efeito pode usar-se uma lâmpada de um elemento qualquer (por
exemplo Cu) cujo feixe serve de orientação para fazer o alinhamento.

14
3.3.Ligar os gases e ajustar os caudais conforme as instruções do fabricante. Acender a chama e
reajustar os caudais do combustível (Acetileno) e do oxidante (ar) de forma a obter uma chama
oxidante (azul).
3.4. Selecionar o modo de emissão
3.5.Aspirar a solução de Na+ mais concentrada e introduzir os parâmetros (comprimento de onda e
fenda) conforme indicado nas instruções do fabricante (para o Sódio =589.0 nm)
3.6. Reajustar alinhamento da chama de forma a maximizar a intensidade da emissão
3.7.Aspirar água destilada e acertar o zero com o comando “AUTOZERO”.
3.8.Aspirar as soluções, alternando sempre com água destilada; tome nota da intensidade da
emissão (média de 5 leituras).

5. BIBLIOGRAFIA

1. D. C. Harris, “Quantitative Chemical Analysis”, 9th ed., W. H. Freemn and Company, New York,
2016, capítulo 21
2. D. A. Skoog, D. M. West, F. J. Holler, “Fundamentals of Analytical Chemistry”, 7th ed., Saunders
College Publishing, 1996, Capítulo 26, pg 611-626 (Biblioteca da UA)
3. David Harvey, Analytical Chemistry 2.0, capítulo 5 (calibração, pg 164-167)

6. ASPECTOS A CONSIDERAR NA PRÉ-PREPARAÇÃO DO TRABALHO

Diferenças entre a absorção e a emissão atómicas


Critério para escolher, para analisar um elemento, entre a absorção atómica de chama e a emissão
atómica
Critério para escolher um método de calibração

RELATÓRIO
Aspetos a incluir na parte de Resultados e Discussão

• Indicar qual foi a amostra de leite analisada e qual a informação do rótulo que lhe dá ou permite
estimar a concentração de sódio esperada. Por vezes, o que vem indicado no rótulo é a
concentração de sal (NaCl). A partir desta, calcule a concentração esperada de Ca2+, expressa em
g/L
• Numa frase curta, sumariar o tratamento feito à amostra para obter a solução A e explicar muito
sucintamente como analisou o sódio nesta solução.
• Numa tabela, apresentar os volumes de solução padrão 5,00 ppm usados para preparar as soluções
de calibração, as concentrações rigorosas de padrão nessas soluções e as respetivas intensidades
de emissão (use o nº correto de algarismos significativos nos volumes e concentrações). Na
legenda incluir referência ao volume dos balões onde foram preparados os padrões e o volume de
solução A adicionado em cada balão.

15
• Apresentar uma figura devidamente formatada e legendada com a representação gráfica da
intensidade de emissão em função da concentração de Na+ adicionada (concentração de padrão)
nas soluções de calibração (mostrar no gráfico os pontos experimentais e a reta ajustada pelo
método dos mínimos quadrados). No texto, escreva a equação da reta e indique qual o coeficiente
de correlação da regressão linear. Com base na representação gráfica anterior, no gráfico dos
resíduos e no coeficiente de correlação, comente a adequabilidade do modelo (resposta linear).
• Com base nos resultados obtidos calcule a concentração de sódio no leite (apresente os cálculos)
• Com base no conjunto dos resultados da turma, que devem ser apresentados em Tabela, calcule o
valor médio da concentração de sódio no leite obtida na turma e o respetivo intervalo a 95% de
confiança.

• Comente o resultado obtido (precisão e comparação com o valor esperado no leite analisado).
Tenha em consideração o rigor com que é conhecida a concentração esperada (conforme indicação
do rótulo do leite analisado).

Nota: Os resultados devem ser apresentados e discutidos de forma SINTÉTICA, com um texto
fácil de ler e com uma explicação clara que siga uma sequência lógica.

3. Conclusão
• Sumarie as principais conclusões

16
TRABALHO 4 - ESTUDO DE PROBLEMAS ANALÍTICOS ASSOCIADOS À
DETERMINAÇÃO DE CÁLCIO POR ESPECTROFOTOMETRIA DE
ABSORÇÃO ATÓMICA

1. Objectivos
• Aplicar métodos de deteção de interferências em absorção atómica: realização de um teste de
recuperação e análise de uma amostra de controlo
• Analisar soluções padrão de cálcio com e sem fosfato e tirar conclusões sobre a interferência do
fosfato na análise do cálcio
• Estudar a possibilidade de eliminação da interferência do fosfato adicionando EDTA.
• Analisar a amostra de controlo, recorrendo à adição de EDTA aos padrões e amostra.

2. INTRODUÇÃO

• Devido à sua sensibilidade e à facilidade com que pode analisar-se um grande número de amostras,
a espectroscopia atómica é muito utilizada como técnica analítica na indústria e em laboratórios
de análises químicas. Em espectroscopia atómica as amostras são vaporizadas a uma temperatura
bastante elevada, decompondo-se em átomos. A este processo dá-se o nome de atomização. A
absorção de radiação aos comprimentos de onda característicos desses átomos pode então ser
medida.
• Na Figura 1 pode ver-se uma representação esquemática de um espectrofotómetro de absorção
atómica com atomização por chama.

chama
fonte Monocromador Detector

acetileno
Interruptor de radiação ar
(Chopper) Amplificador
capilar
Nebulizador-
-queimador
Copo com amostra
Registador

Figura 1 – Espectrofotómetro de absorção atómica

17
A absorvência medida é proporcional à concentração de átomos de analito na chama.

A matriz da amostra, isto é, os outros constituintes da amostra além do analito, podem influenciar a
concentração de átomos na zona da chama atravessada pela radiação, fazendo com que uma amostra
e uma solução padrão com a mesma concentração de analito deem absorvências diferentes, ao ser
analisadas. Por exemplo, se a viscosidade da amostra for superior à dos padrões, isso irá diminuir a
velocidade de aspiração da amostra para a chama. A amostra e uma solução padrão com a mesma
concentração dariam absorvências diferentes. Assim, uma análise dessa amostra feita usando soluções
padrão menos viscosas para calibração, conduziria a um resultado errado. Neste caso, a calibração
pelo método de adição de padrão resolveria o problema, uma vez que igualaria a matriz de todas as
soluções usadas na calibração. No entanto, o método da adição de padrão não permite corrigir todos
os tipos de interferências.

Um outro tipo de interferência que pode ocorrer, é o que é causado por aniões que formam compostos
de baixa volatilidade com o catião metálico que se está a analisar, reduzindo a eficiência da
atomização. Assim, uma amostra com este tipo de interferente dará uma absorvência inferior à de um
padrão com a mesma concentração da amostra, mas onde o anião interferente está ausente.
A adição de agentes libertadores ou de agentes protetores são formas de eliminar este tipo de
interferência. Um agente libertador liga-se ao anião interferente impedindo que este se ligue ao analito
(o agente libertador compete com o analito na ligação ao interferente). Um agente protetor liga-se ao
analito impedindo que este se ligue ao interferente (o agente protetor compete com o interferente na
ligação ao analito).

Aprofunde este assunto através da consulta do livro Anal. Chem 2.0, capítulo 10, página 607 e 608 –
ligação no moodlee (ou nas referências 6.4 e 6.5)
http://www.asdlib.org/onlineArticles/ecourseware/Analytical%20Chemistry%202.0/Text_Files.html

Teste de recuperação (reveja o que foi dado na TP sobre este assunto)

Quando se analisa uma amostra pelo método de calibração com padrões externos, uma forma de
detetar se existem interferências consiste em fazer um teste de recuperação. Para isso podem preparar-
se duas soluções:

Solução A) Faz-se uma diluição da amostra, isto é, coloca-se um dado volume de amostra num balão,
e dilui-se com água até à marca. Analisa-se e determina-se a concentração desta solução

Solução B) Noutro balão faz-se a mesma diluição da amostra (mesmo volume de amostra num balão
igual), mas antes de perfazer o volume do balão adiciona-se uma quantidade conhecida de padrão.
Analisa-se e determina-se a concentração desta solução

A concentração da solução B dará maior do que a da solução A porque, além da amostra, também
adicionámos padrão.

18
O aumento de concentração esperado pode ser calculado a partir do volume de padrão adicionado.
Por exemplo, se adicionarmos 5,00 mL de um padrão 10,00 ppm e o balão for de 50,00 mL, o aumento
de concentração esperado ao passar da solução A para a B é 1,00 ppm.
A recuperação é a razão entre o aumento observado e o aumento esperado e é normalmente expressa
em percentagem.

Parte experimental

Esquema do trabalho:
De um modo geral, para uma análise por espectrofotometria de absorção atómica, os padrões de
calibração são preparados por diluição de uma solução padrão “mãe” comercial, com água destilada
(veja como fez no trabalho de determinação da concentração do magnésio numa água engarrafada,
por espectrofotometria de absorção atómica). Seguindo um procedimento idêntico, prepara os padrões
P1 a P5 da Tabela 1, mede as respetivas absorvências e determina a equação da reta de calibração.
Mede então a absorvência da solução amostra (solução A1 da Tabela 1 – amostra diluída) e determina
a concentração da amostra.

Para verificar se há alguma interferência devida à matriz da amostra, faz um teste de recuperação
(para isso analisa a solução A2). Obtendo uma baixa percentagem de recuperação, pode questionar-
se se cometeu algum erro no procedimento ou se há de facto uma interferência devida à matriz.
Compara o resultado que obteve com os obtidos pelos restantes grupos para verificar que são todos
coerentes e que portanto o resultado do seu grupo não é anómalo e que não deve ter ocorrido erro no
procedimento. deve ter se. Uma vez que a amostra fornecida tem uma concentração conhecida é-lhe
então fornecida a informação sobre a concentração real de cálcio na amostra. Pode então comparar a
média da turma com o valor de referência e assim confirmar a indicação dada pelo teste de
recuperação de que há um erro sistemático na análise.

Tendo também acesso à informação de que

3.1. AMOSTRAS E REAGENTES FORNECIDOS


Padrão de Ca2+ 1000 mg/L
Solução aquosa de sal dissódico de EDTA 5% (m/V)
Solução tampão de pH 10 (NH3/NH4Cl)
Solução aquosa de Na2HPO4 1,010-3 M
Amostra (contem 15 mg/L de Ca2+ e 110-3 mol/L de fosfato).

NOTA: Deve preparar todas as soluções e fazer a medição das absorvências no fim.
Deve proceder de forma muito rigorosa na medição dos volumes com pipeta volumétrica (veja
procedimento no moodle), no acerto de volumes dos balões, e homogeneização das soluções.

ROTULE OS BALÕES ONDE PREPARA AS SOLUÇÕES;

3.2. Preparação de uma solução padrão de Ca2+ 50,00 ppm


Prepare 200 mL de solução padrão 50 ppm a partir da solução fornecida 1000 ppm.
19
3.3. Preparação de soluções padrão de Ca2+ para analisar no espectrofotómetro de absorção
atómica

Em balões volumétricos de 50 mL prepare as soluções padrão de Ca2+ indicadas na Tabela 1.

Os padrões P1 a P5 são preparados apenas por diluição da solução 50,00 ppm com água destilada.

Os padrões P5B e P5C têm a mesma concentração de Ca2+ que o padrão P5, mas ambos contêm
KH2PO4. O padrão P5C distingue-se do padrão P5B, por conter também EDTA (sal Na2H2Y) e
tampão.

Os padrões P1D a P5D têm as mesmas concentrações que os padrões P1 a P5, mas é-lhes
adicionada uma quantidade fixa de EDTA e tampão antes de perfazer o volume do balão

Tabela 1 – Soluções padrão de Ca2+ preparadas em balões volumétricos de 50 mL

soluçã Volume de Volume de solução de Volume de Volume de Absorvência


o padrão de Ca2+ KH2PO4 ~0,001M solução de tampão de
50,00 mg/L EDTA 5% pH 10
(mL)
(mL) (mL) (mL)
P1 1
P2 2
P3 3
P4 4
P5 5
P5B 5 10
P5C 5 10 10 2
P1D 1 10 2
P2D 2 10 2
P3D 3 10 2
P4D 4 10 2
P5D 5 10 2

3.4. Preparação da amostra para análise e de amostra com adição de padrão para teste de
recuperação
Em balões de 50 mL prepare as soluções indicadas na Tabela 2

20
Tabela 2 - Soluções diluídas da amostra, com e sem adição de padrão (em balões de 50 mL);
solução Volume de Volume de Volume de Volume de Absorvência
amostra padrão de solução de tampão de
Ca2+ 50,00 EDTA 5% pH 10
mg/L (mL) (mL)
A1 10 mL
A2 10 mL 2 mL
A3 10 mL 10 mL 2 mL

Sugestão: IMPRIMA ESTA PÁGINA E COLE AS TABELAS NO CADERNO DE


LABORATÓRIO PARA REGISTO DAS ABSORVÂNCIAS OU FAÇA TABELAS
IDÊNTICAS NO CADERNO

3.5. LEITURA DAS ABSORVÂNCIAS DAS SOLUÇÕES PREPARADAS

3.5.1. Ligar o aparelho e otimizar as condições de operação


Estas operações deverão ser efetuadas com o docente:
• Instalar a lâmpada de cátodo oco de cálcio, no compartimento da fonte
• Selecionar os parâmetros instrumentais a usar na análise:
Corrente da lâmpada
Fenda do monocromador
Comprimento de onda da risca atómica usada na análise
Modo de registo do sinal (tempo de integração e nº de réplicas)
• Fazer o alinhamento da lâmpada
• Fazer o alinhamento do queimador com o feixe da lâmpada
• Colocar a ponta do capilar do nebulizador/queimador num copo com água destilada (ou
desionizada)
• Abrir as torneiras dos gases na bancada, por trás do espectrofotómetro (a garrafa de acetileno na
central de gases deve ter sido previamente aberta) e verificar se o exaustor da absorção atómica
está ligado
• Ajustar os fluxos dos gases antes da ignição (carregar em [gases ON/OFF] no painel frontal do
aparelho e ajustar o caudal do oxidante a 4 unidades e o caudal do combustível a 2.5 unidades, nos
fluxímetros respetivos)
• Acender a chama, mas só depois de deixar passar algum tempo para que o exaustor retire os gases
introduzidos na zona do queimador, durante o teste anterior
21
• Com o capilar em água destilada, ajustar o zero de absorvência.
• Com o padrão de verificação, fazer ajustes no alinhamento do queimador para obter a leitura
correcta (ver manual do espectrofotómetro)
• Voltar a introduzir o capilar em água destilada e reajustar o zero

4.2. Fazer as leituras de absorvência das soluções


Introduza o capilar na solução padrão ou amostra e registe o valor médio de quatro leituras de
absorvência. Tenha o cuidado de aspirar sempre água entre amostras, para retirar do tubo os
restos da solução anterior
Tenha sempre o recipiente com água destilada suficientemente cheio

REGISTO E ANÁLISE DE RESULTADOS (PARA INCLUIR NO RELATÓRIO)


4.1. Preparação da solução de Ca2+ 50 ppm
Explique como foi preparada a solução (solução mãe usada, volume pipetado e volume final

4.2. Calibração com padrões externos de cálcio e análise da amostra


De um modo geral, para uma análise por espectrofotometria de absorção atómica, os padrões de
calibração são preparados por diluição de uma solução padrão “mãe” comercial, com água destilada
(veja como fez no trabalho de determinação da concentração do magnésio numa água engarrafada,
por espectrofotometria de absorção atómica). Os padrões P1 a P5 foram preparados dessa forma. No
seu relatório faça uma tabela idêntica à que se segue e preencha-a

Padrão P1 P2 P3 P4 P5
Concentração
de Ca2+ (mg/L)
Absorvência
(Mostre como fez a determinação da concentração do padrão P1; basta mostrar os cálculos para esse
padrão e apresentar as concentrações de todos na tabela)
Registe a absorvência da amostra diluída (A1).
Usando a reta de calibração obtida com estes padrões, e a absorvência da amostra diluída (solução
A1) determine a concentração de Ca2+ na solução A1 e na amostra fornecida (não diluída).

4.3. Teste de recuperação


Para testar se a análise feita em 4.2 está sujeita a erros sistemáticos, fez um teste de recuperação, isto
é, preparou e analisou a solução A2 (amostra com padrão adicionado).
Registe a absorvência da solução A2
Com base na reta de calibração determinada em 4.2, e na absorvência da solução A2, calcule a
concentração desta solução e calcule o aumento de concentração observado em relação à solução A1.
Calcule o aumento de concentração esperado na solução A2, a partir do volume e concentração do
padrão adicionado
22
Determine a percentagem de recuperação e comente o resultado.
Reúna os resultados obtidos pelos vários grupos para a percentagem de recuperação e veja se o
valor médio obtido é significativamente diferente de 100% (95% de confiança)

4.4. Comparação da concentração de Ca2+ na amostra, obtida pelo método 4.2, com o valor de
referência
Analise os resultados obtidos pelos diferentes grupos da turma usando o método de calibração e
análise descrito em 4.2, e compare a média da turma com o valor real da concentração de Ca2+ na
amostra fornecida (veja se há ou não uma diferença significativa, com 95% de confiança).
Esta comparação e o teste de recuperação, que indicações lhe dão sobre a existência de erros
sistemáticos na análise feita pelo método 4.2?

4.5. Estudo da interferência do fosfato na análise do cálcio e do modo de a resolver


Os padrões de cálcio P5, P5B, P5C e P5D têm todos a mesma concentração de Ca2+. Então por que
razão não dão todos a mesma absorvência?
Compare as absorvências dos seguintes padrões e explique as diferenças: P5B com P5; P5C com
P5B; P5D com P5
Compare as absorvências de P5C e P5D e tire conclusões sobre a eficiência do EDTA (com a
concentração usada) na resolução da interferência do fosfato

4.6. Calibração com padrões P1D a P5D e análise da amostra (análise com adição de EDTA aos
padrões e amostra)
Os padrões P1D a P5D têm as mesmas concentrações de Ca2+ que os padrões P1 a P5, mas todos
eles contêm a mesma quantidade de EDTA e tampão. Registe as concentrações e as absorvências
destes padrões numa tabela como a indicada abaixo

Padrão P1D P2D P3D P4D P5D


Concentração
de Ca2+ (mg/L)
Absorvência

Registe a absorvência da amostra diluída à qual adicionou também EDTA e tampão (solução A3).
Usando a reta de calibração obtida com estes padrões, e a absorvência da amostra diluída contendo
EDTA e tampão (solução A3) determine a concentração de Ca2+ na amostra fornecida.
Compare as absorvências dos padrões P5 e P5D e conclua se bastava adicionar EDTA apenas à
amostra, para eliminar a interferência do fosfato, ou se havia necessidade de fazer nova reta de
calibração com padrões contendo também EDTA.
Analise os resultados obtidos pelos diferentes grupos da turma usando o método de calibração e
análise, descrito em 4.6, e compare a média da turma com o valor real da concentração de Ca2+ na
amostra fornecida (veja se há ou não uma diferença significativa, com 95% de confiança).

23
6. Bibliografia
6.1. Dunnivant, F. M. “Analytical Problems Associated with the Analysis of Metals in a Simulated
Hazardous Waste”, J. Chem. Educ. 79 (2002) 718-720.
6.2. Christian, G. D. “Atomic Absorption Spectroscopy”, Wiley-Interscience, New York, 1970,
pg.250-256 (Biblioteca da UA, 543A.112)
6.3. Welz, B. “Atomic Absorption Spectroscopy”, 3th edition, Wiley-VCH, Weinheim, 1999, pg
274-289 (Biblioteca da UA, 543.4A.40)
6.4. D. A. Skoog, F. J. Holler, T. A. Nieman, “Principles of Instrumental Analysis”, 5th ed., Saunders
College Publishing, 1998 (Biblioteca da UA, 543G.26).

6.5. D. C. Harris, “Quantitative Chemical Analysis”, 4th ed., W. H. Freeman and Company, New
York, 1996, capítulo 21 (Biblioteca da UA, 543A.332 – vários exemplares)

6.6. D. A. Skoog, D. M. West, F. J. Holler, “Fundamentals of Analytical Chemistry”, 7th ed., Saunders
College Publishing, 1996, Capítulo 26, pg 611-626 (Biblioteca da UA, 543G, 65)

24
OS TRABALHOS 5, 6 E 7 SÃO ROTATIVOS

A distribuição dos trabalhos pelas 3 semanas de realização dos mesmos em cada


semana, é a seguinte:

GRUPO 1 GRUPO 2 GRUPO 3 GRUPO 4 GRUPO 5 GRUPO 6


1ª semana T5 T5 T6 T6 T7 T7
2ª semana T6 T6 T7 T7 T5 T5
3ª semana T7 T7 T5 T5 T6 T6

T5 – Doseamento condutimétrico do ácido acetilsalicílico num comprimido de aspirina


T6 – Determinação de fósforo numa água por espectrofotometria de absorção molecular
no UV-vis
T7 – Determinação de cloreto por potenciometria direta

25
TRABALHO 5 - Doseamento condutimétrico do ácido acetilsalicílico num
comprimido de aspirina

1. INTRODUÇÃO

Nas titulações condutimétricas mede-se a condutividade da solução a titular durante a adição


do titulante. A condutividade depende da natureza e da concentração das espécies presentes na
solução. A representação gráfica dos valores da condutividade ao longo da titulação revela curvas
cujo aspeto depende do tipo de espécies iónicas presentes e da sua concentração. As curvas
condutividade versus volume de base adicionado apresentam, na generalidade dos casos, variações
bruscas do declive na vizinhança do ponto de equivalência.
O presente trabalho consta de duas titulações condutimétricas, baseadas em duas reações ácido-
base. A reação do ácido acetilsalicílico com o KOH pode representar-se pela equação:

OCOCH3 OCOCH3
+ -
+ K + OH + K+ +H2O
-
COOH COO

A célula de condutividade é formada por dois elétrodos de platina platinizada, iguais e paralelos, que
definem um volume de solução de dimensões Al, em que A(cm2) representa a área dos elétrodos e
l(cm) a distância entre eles. A resistência R(Ohm) desse volume de solução será dada por:
R=(l/A) (1)
em que  é a resistividade da solução. A condutância é o inverso da resistência e a condutividade, k
(-1cm-1 =S cm-1) é o inverso da resistividade. Sendo assim:
k=1/R(l/A) (2)
A grandeza l/A é denominada constante da célula e, no caso de se efetuarem determinações de valores
absolutos de condutividade, deve ser determinada experimentalmente. No caso de se efetuarem
titulações, ou seja, quando se trabalham valores relativos, a constante da célula não necessita de ser
medida, bastando que se mantenha constante durante a titulação.

2. UTILIZAÇÃO DO CONDUTIVÍMETRO

• Ligar o aparelho à corrente e colocar o interruptor geral na posição ON.


• Manter a célula em água destilada e antes e depois de cada utilização lavar cuidadosamente sem
tocar os dois elétrodos de platina.
• Para efetuar as leituras, mergulhar a célula até aos orifícios laterais de maneira a que se faça a
circulação da solução. A célula deve estar numa posição vertical.
• Agitar suavemente a solução antes de cada leitura (após a adição do reagente) mas só efetuar a
leitura com a solução em repouso (1min).
• Para a mesma titulação deve utilizar-se, sempre que possível, a mesma escala de leitura.

26
3. REALIZAÇÃO EXPERIMENTAL

3.1. Reagentes
• KOH
• C8H5KO4, hidrogenoftalato de potássio, seco a 120ºC
• comprimidos de aspirina

3.2. Solução de aspirina


Pese rigorosamente um comprimido de aspirina e dissolva-o num copo com água destilada
(menos de 250 ml), aquecendo ligeiramente. Deixe arrefecer a solução, transfira-a para um balão
volumétrico de 250 cm3, e perfaça o volume (a solução fica turva devido ao amido usado como
excipiente).

3.3. Solução de KOH


Prepare 250 cm3 de uma solução de KOH 0,1mol dm-3 com água destilada previamente fervida
e fria.

3.2. Padronização da solução de KOH por titulação condutimétrica


Pese rigorosamente 0,3-0,4g de hidrogenoftalato de potássio, previamente seco. Transfira para
um copo, adicione cerca de 150 cm3 de água fervida e fria e tape com um vidro de relógio. Agite
lentamente até que o sólido se dissolva.
Titule esta solução com KOH 0,1 mol dm-3, tendo o cuidado de agitar suavemente a solução
após cada adição do titulante e esperar que a solução fique em repouso, antes de fazer a leitura da
condutividade. Siga as instruções do condutivímetro para fazer as leituras. A adição de KOH deve
ser efectuada de maneira a ter aproximadamente o mesmo número de pontos experimentais antes e
depois do ponto de equivalência.

3.3. Titulação condutimétrica do ácido acetilsalicílico na aspirina


Meça 100 cm3 da solução de aspirina para um copo de 250 cm3 e adicione cerca de 50 cm3 de
água destilada. Titule esta solução com a solução de KOH, observando os cuidados acima descritos.
Considerando que cada comprimido de aspirina tem aproximadamente 500mg de ácido
acetilsalicílico, preveja o volume de KOH que espera gastar para atingir o ponto de equivalência e
tenha o cuidado de fazer adições de forma a ter pontos suficientes, nas zonas adequadas, para poder
determinar o ponto de equivalência. Para isso, preveja a forma da curva que espera obter.

4. APRESENTAÇÃO DE RESULTADOS E CÁLCULOS


• Apresente uma tabela com os valores da condutividade  (S.cm-1) e da condutividade corrigida
kcorr em função do volume de titulante adicionado (Vb), para cada uma das titulações. (Nota: kcorr
= k x (Va+Vb)/Va)
• Represente graficamente kcorr em função de Vb; determine o ponto de equivalência, para cada uma
das titulações.
• Calcule a concentração da solução de hidróxido.
• Calcule o conteúdo de ácido acetilsalicílico por comprimido de Aspirina e compare o resultado
com o valor indicado pelo fabricante (500mg/comprimido).
• Calcule a percentagem de ácido acetilsalicílico na aspirina

27
5. BIBLIOGRAFIA
1 Gonçalves, M. L.; “Métodos Instrumentais para Análise de Soluções”, Fundação Calouste
Gulbenkian, Lisboa, 1983.
2. Willard, H.; Merritt; L: Dean, J,; “Análise Instrumental”, 2ª ed., Fundação Calouste Gulbenkian,
Lisboa, 1974.
3. Ohlweiler, O. A. “Química Analítica Quantitativa, vol.3, 2ª ed. Livros Técnicos e Científicos,
1976.

28
TRABALHO 6 – DETERMINAÇÃO DE FÓSFORO NUMA ÁGUA POR
ESPECTROFOTOMETRIA DE ABSORÇÃO MOLECULAR NO UV-VIS

1. OBJECTIVOS

• Compreender os princípios em que se baseia uma análise espectrofotométrica


• Identificar os componentes de um espectrofotómetro de ultravioleta-visível e a sua função
• Conhecer a lei de Lambert-Beer e saber aplicá-la
• Conhecer as formas específicas de fósforo possivelmente existentes em águas naturais e residuais
• Conhecer as formas da preparação da amostra para análise consoante a forma de fósforo a
quantificar
• Familiarizar-se com métodos de digestão no tratamento prévio da amostra
• Realizar a análise quantitativa de fósforo total numa amostra com recurso a uma reta de calibração
com padrões externos

2. INTRODUÇÃO

2.1. O fósforo em águas naturais


O fósforo pode apresentar-se na forma de ortofosfato, polifosfato ou fósforo orgânico podendo
encontrar-se naturalmente em águas de superfície e subterrâneas. No entanto, um nível demasiado
elevado de ortofosfato é indicação de uma possível contaminação com águas residuais domésticas ou
industriais ou com fertilizantes agrícolas. Os detergentes são um exemplo de um produto de grande
consumo que contém elevadas quantidades de ortofosfato como agente complexante. O excesso de
fosfatos e nitratos nas águas proporciona o desenvolvimento excessivo de algas e plantas aquáticas
conduzindo à eutrofização do aquífero com consequências nefastas para o equilíbrio do ecossistema.
O teor de fosfatos é um parâmetro utilizado no sistema de classificação de águas.
O método utilizado neste trabalho é específico para o ião ortofosfato (PO43-). O método baseia-
se na adição de reagentes que reagem com o fosfato formando um produto de cor azul. Os reagentes
são adicionados em excesso e a absorvência devida ao produto azul é proporcional à concentração de
fósforo existente na amostra (quanto maior a concentração, maior a intensidade da cor azul da
solução). Para a quantificação é utilizada espectrofotometria no visível.
Dependendo do tratamento prévio da amostra antes da análise, é possível determinar várias
formas de fósforo. Os polifosfatos (e alguns compostos orgânicos com fósforo) podem ser
convertidos em ortofosfato por hidrólise ácida e os compostos orgânicos com fósforo podem ser
convertidos em ortofosfato por oxidação com persulfato.
➢ Ortofosfato: fósforo inorgânico (PO43-, HPO42-, H2PO4-, H3PO4) na amostra quantificado
por colorimetria directa da amostra
➢ Fósforo hidrolisável: fósforo em formas hidrolisáveis por tratamento da amostra com
ácido sulfúrico, menos o teor em ortofosfato pré-determinado por colorimetria direta da
amostra. O fósforo hidrolisável inclui polifosfatos e algum fósforo orgânico
➢ Fósforo orgânico (oxidável) total: fósforo na amostra após digestão com persulfato
menos os teores em ortofosfato e em fósforo hidrolisável

29
AMOSTRA

Filtrar
0,45m

Resíduo Filtrado

Hidrólise com Digestão com


Colorimetria H2SO4, persulfato,
direta Colorimetria. Colorimetria

Ortofosfato Ortofosfato e fósforo Fósforo total


dissolvido hidrolisável dissolvido

Figura 1: Representação esquemática da metodologia para a determinação das diferentes formas


de fósforo dissolvido

Neste trabalho experimental pretende-se determinar o fósforo total dissolvido.


A determinação de fósforo pelo método descrito pode ser realizada em água potável, águas de
superfície e salinas, bem como em águas residuais domésticas e industriais dentro do intervalo de
concentrações: 0,01-0,5 mg/L.

2.2. Espectrofotómetro de ultravioleta-visível

Um espectrofotómetro de UV-visível é um instrumento que permite medir a absorvência de uma


amostra em função do comprimento de onda.
Os constituintes principais de um espectrofotómetro de UV-visível estão indicados esquematicamente
no diagrama de blocos da Figura 2.

30
Mono- Processador de
Fonte cromador Detetor sinal/registador

Compartimento da amostra, onde é


colocada a célula com a solução amostra

Figura 2 – Diagrama de blocos representativo de um espectrofotómetro de absorção molecular no


UV-visível

O monocromador é um seletor de comprimento de onda (Figura 3). A radiação policromática entra


através de uma fenda. O elemento dispersor dispersa a radiação policromática proveniente da fonte
separando os feixes de vários comprimentos de onda que a constituem (efeito idêntico ao da dispersão
da luz branca do sol, dando origem às cores do arco-íris). Uma fenda de saída do monocromador
permite selecionar “o comprimento de onda” que incide na amostra. O espectrofotómetro tem um
dispositivo que permite rodar o elemento dispersor e variar assim “o comprimento de onda” que é
focado na fenda de saída do monocromador. Desta forma, é possível variar o comprimento de onda
que incide na amostra.
Note-se que nenhum monocromador é capaz de selecionar um único comprimento de onda. Pela fenda
de saída do monocromador sai uma banda estreita de comprimentos de onda

Espelhos
côncavos

Elemento
dispersor
Fenda de Fenda de
entrada saída

Figura 3 – Esquema de um monocromador

31
2.3. Análise quantitativa. A lei de Lambert-Beer

A aplicação de espectroscopia em análise quantitativa, baseia-se na lei de Lambert-Beer.


Segundo a lei de Lambert-Beer, a absorvência de uma solução a um dado comprimento de onda é
dada por

A= .b.C (1)

em que C é a concentração da espécie absorvente (mol/dm3), b, o percurso ótico (cm) da célula que
contem a amostra (ver figura 1 dos apontamentos “Introdução aos métodos espectrofotométricos”,
referência 1) e  representa a absortividade molar, característica da espécie absorvente. Os parâmetros
da relação linear entre a absorvência e a concentração são determinados por meio de uma calibração.
No presente trabalho far-se-á a calibração com padrões externos. Medindo as absorvências de uma
série de soluções padrão do analito, sempre na mesma célula (b constante) obtém-se uma reta de
calibração que pode ser usada para determinar a concentração de analito na amostra a partir do valor
da absorvência desta.
A lei de Lambert-Beer é válida em soluções diluídas e em condições de radiação incidente
monocromática.
Note-se que o feixe incidente na amostra, selecionado pelo monocromador, não é absolutamente
monocromático, mas sim uma banda, embora bastante mais estreita do que a banda de absorção do
analito. Para minimizar o facto de o feixe incidente na amostra não ser absolutamente monocromático,
deve trabalhar-se ao valor de comprimento de onda correspondente ao máximo da banda de absorção,
pois, nessa situação,  praticamente não varia com pequenas variações do comprimento de onda. Por
outro lado, consegue-se o máximo de sensibilidade.
Na Figura 4 está representada uma banda de absorção de um analito. Se se ajustasse o
monocromador do espectrofotómetro de forma a selecionar a banda B de comprimentos de onda, fora
do máximo da banda de absorção, para fazer as leituras de absorvência de várias soluções padrão,
poderia não se obter uma reta ao representar a absorvência em função da concentração (lei de
Lambert-Beer não era obedecida). Esses desvios à lei de Lambert-Beer devem-se ao facto de  do
analito variar com o comprimento de onda na gama de comprimentos de onda selecionada pela fenda
de saída do monocromador. Seria melhor ajustar o monocromador de forma a selecionar a banda A.

32
comprimento de onda

Figura 4 – Representação da absorvência versus concentração (figura à direita) no caso de a


banda de comprimentos de onda selecionada pelo monocromador ser a banda A
ou a banda B correspondentes a zonas do espetro (figura da esquerda) onde a
absortividade molar varia muito pouco (zona A) ou bastante (zona B) com o
comprimento de onda

3. REALIZAÇÃO EXPERIMENTAL

3.1. Reagentes e soluções fornecidos

• Persulfato de amónio (sólido)


• Dihidrogenofosfato de potássio (sólido previamente seco a 105ºC durante 2h e guardado no
exsicador, Mr=136,09)
• Soluções de NaOH 10 M, 1 M, 0,01 M e 0,001 M e soluções de H2SO4 0,1 e 0,01 M (para ajustes
de pH)
• Solução de ácido sulfúrico 11 N (5,5 M)
• Reagente combinado (solução contendo ácido sulfúrico + tartarato de potássio e antimónio +
molibdato de amónio + ácido ascórbico) – manusear no nicho (consulte fichas de segurança destes
reagentes). Usar luvas.

3.2. Preparação da amostra para determinação de fósforo total dissolvido:


Prepare a amostra, seguindo o seguinte procedimento:
• Num copo de 100-150 mL, de forma alta, coloque 50,00 mL de amostra e adicione 1 mL de H2SO4
11 N e 0,4 g de persulfato de amónio.
• Ferva suavemente, sobre uma placa de aquecimento, previamente aquecida, durante 30-40
minutos ou até o volume se reduzir a cerca de 10 mL. Não deixe secar.
• Deixe arrefecer, dilua a amostra a cerca de 25-30 mL e ajuste o pH a 7,0  0,2 com NaOH 10 M,
1M, 0,1M, 0,01M e/ou 0,001M, usando um medidor de pH. Dispõe também de soluções de H2SO4
de várias concentrações para o ajuste de pH, caso o valor pretendido seja ultrapassado.
• Transfira quantitativamente para um balão volumétrico de 50,00 mL, mas não perfaça o volume
com água destilada, antes de adicionar o reagente combinado, conforme descrito no ponto 3.6
33
Faça um ensaio em branco seguindo exatamente o mesmo procedimento descrito para a
amostra, mas substituindo os 50,00 mL de amostra por 50,00 mL de água destilada.

3.3. Preparação de solução padrão de fósforo 50 mg L-1 (50 mg de P por litro):


Num copo pequeno, pese rigorosamente cerca de 0,10 g de KH2PO4, dissolva em água destilada,
transfira quantitativamente para um balão volumétrico de 500,0 mL e perfaça o volume com água
destilada. Homogeneíze bem a solução.

3.4. Preparação de solução padrão de fósforo 1,0 mg L-1:


Pipete 10,00 mL da solução anterior para um balão de 500,0 mL e perfaça o volume com água
destilada. Homogeneíze bem a solução.

3.5. Preparação dos padrões de calibração


A partir da solução 3.4 (1,0 mg L-1), prepare uma série de 6 padrões de calibração, pipetando os
volumes a seguir indicados para cada um de 6 balões volumétricos de 50,00 mL. Não perfaça o
volume com água destilada, antes de adicionar o reagente combinado, conforme descrito no
ponto 3.6. No registo que fizer no caderno, registe os volumes pipetados com o número de
algarismos significativos correto, de acordo com a tolerância do material usado.

balão 1 2 3 4 5 6
Volume a pipetar (mL) 0 5 10 15 20 25

3.6. Medição das absorvências dos padrões e das amostras


No nicho, adicionar 8,0 mL de reagente combinado a cada um dos padrões e a cada uma das
amostras e brancos preparados conforme indicado em 3.5 e 3.2, e perfaça o volume dos balões
com água destilada
Após um mínimo de 10 minutos, mas não mais de 30 minutos, meça as absorvências das
soluções ao comprimento de onda do máximo de absorção. Faça um espectro do padrão mais
concentrado, entre 500 e 950 nm, para selecionar o comprimento de onda.

4. QUESTIONÁRIO

4.1. Qual é a concentração de fósforo, expressa em mg/L, numa solução preparada por dissolução de
0,200 g de KH2PO4 em água, perfazendo um volume final de solução de 200,0 mL
4.1. Como seleciona o comprimento de onda a que vai fazer as leituras de absorvência?
4.2. Para que serve a análise do branco?

5. TRATAMENTO DE RESULTADOS

Estruture o relatório à semelhança do trabalho em que se explicou qual deve ser essa estrutura.
Na parte de resultados e discussão siga as seguintes indicações para o tratamento de resultados:

34
• Calcule a concentração rigorosa dos padrões
• Faça a representação gráfica das absorvências dos padrões em função da respetiva
concentração. Caso se verifique uma relação linear determine os parâmetros da reta usando o
método dos mínimos quadrados e represente-a no gráfico.
• Comente o resultado do branco
• Determine a concentração de fósforo (P) total dissolvido, em mg/L.
• Entregue o relatório com os itens anteriores.
• No fim desta série de trabalhos, analise os resultados da turma e entregue um anexo ao
relatório em que determina o intervalo a 95% de confiança para a concentração total de fósforo
na amostra e faça uma análise crítica dos resultados

6. BIBLIOGRAFIA

1. Methods for Chemical Analysis of Water and Wastes, EPA, Phosphorus, all forms, Method
365.2 (Colorimetric, Ascorbic Acid, Simgle Reagent), March 1979.

35
TRABALHO 7 DETERMINAÇÃO DE CLORETO OU COBRE, POR
POTENCIOMETRIA DIRETA USANDO UM ELÉTRODO SELETIVO

1. OBJETIVOS
• Explicar o funcionamento de um elétrodo seletivo;
• Enumerar e aplicar os cuidados necessários no manuseamento dos elétrodos;
• Compreender a necessidade de ajustar a força iónica dos padrões e da amostra ao mesmo valor e
adotar o procedimento necessário para fazer esse ajuste;
• Fazer uma análise quantitativa usando o método de potenciometria direta com calibração com
padrões externos;
• Verificar se o elétrodo seletivo apresenta comportamento Nernstiano.

2. INTRODUÇÃO
Em potenciometria direta mede-se a diferença de potencial entre um elétrodo indicador e um
elétrodo de referência, ambos mergulhados na solução a analisar. O elétrodo de referência é na
verdade uma semi-pilha, cujo potencial é independente da composição da solução a analisar. O
elétrodo indicador é um elétrodo de membrana seletivo para um dado ião. Neste caso, o elétrodo
indicador será um elétrodo seletivo de cloreto para os alunos que realizarem a parte experimental A
e será um elétrodo seletivo de cobre para os alunos que realizarem a parte experimental B.
Na Figura 1 está representado um esquema da célula eletroquímica constituída pelos dois elétrodos
mergulhados na solução a analisar.

Figura 1. Representação esquemática da célula eletroquímica constituída pelo elétrodo seletivo para o ião, o
elétrodo de referência e a solução a analisar.

36
O elétrodo seletivo, representado à direita na Figura 1, é constituído por um elétrodo de referência
interno, mergulhado numa solução interna que contém iões Mz (z=carga do ião) para os quais a
membrana é seletiva. A membrana faz a separação entre a solução interna e a solução amostra. Se a
atividade dos iões Mz for maior na solução amostra do que na solução interna, haverá um fluxo
momentâneo de iões Mz de fora para dentro. Por exemplo, no caso de um elétrodo seletivo de Cu2+,
mergulhado numa solução de Cu(NO3)2, se a concentração de Cu2+ for maior na solução amostra do
que na solução interna, haverá migração de iões Cu2+ de fora para dentro. Como a membrana é seletiva
para os iões Cu2+, e não deixa passar os iões NO3-, esse fluxo momentâneo de cargas positivas de fora
para dentro gera uma acumulação de carga positiva do lado de dentro de que resulta uma diferença
de potencial através da membrana. Essa acumulação de carga positiva do lado interno da membrana
contraria a passagem de mais iões positivos Cu2+ e rapidamente se atinge um equilíbrio. A diferença
de potencial através da membrana é uma das parcelas que contribui para a diferença de potencial
medida. Essa diferença de potencial através da membrana depende da atividade dos iões Cu 2+ na
amostra, enquanto as outras parcelas são constantes.
Quando um elétrodo seletivo para o ião Mz e um elétrodo de referência são mergulhados numa
solução que contém iões Mz, a diferença de potencial entre os dois elétrodos é dada pela expressão:
RT
E = K + 2,303 log a M (1)
zF
Onde:
K é uma constante
aM representa a atividade do ião Mz na solução amostra
z é a carga do ião
T é a temperatura em Kelvin
R é a constante dos gases, 8,314 J K-1 mol-1
F é a constante de Faraday, 96 485 C (coulombs)

A atividade de um ião é o produto da sua concentração pelo coeficiente de atividade:

 
aM = M z  M (2)

O coeficiente de atividade depende da força iónica, a qual é uma medida da concentração total de
iões na solução. Atendendo à definição de atividade (equação 2), a equação (1) pode escrever-se:

E = K + 2,303
RT
zF
(  )
log M z  (3)

37
No caso de a força iónica ser constante, o coeficiente de atividade do ião Mz, , é constante e a
equação (3) pode escrever-se sob a forma:

E = K  + 2,303
RT
zF
 
log M z (4)

onde,
RT
K ' = K + 2,303 log  (5)
nF

A equação (4) corresponde a uma reta (y = a + bx), onde y = E (diferença de potencial medida) e x =
log [Mz].
Portanto, mantendo constante a força iónica das soluções, espera-se observar uma relação linear
entre a diferença de potencial dos dois elétrodos (E) e o logaritmo da concentração do ião que
se está a analisar. De acordo com a equação (4), o declive previsto para a reta é:
𝑹𝑻
𝒃 = 𝟐, 𝟑𝟎𝟑 × 𝒛𝑭 (6)

onde R= 8,314 J K-1 mol-1


T é a temperatura em K
F = 96485 C mol-1

A 25 ºC, b tem o valor de 0,05916/z V (Volts). O valor experimental do declive pode diferir
ligeiramente do valor previsto teoricamente, mas deve ser muito próximo (diferença tipicamente
inferior a 10%).

Ajuste da força iónica


A força iónica é dada por:
1 (7)
 =  ci zi2
2i
onde ci representa a concentração de cada ião i na solução e zi representa a carga desse ião.
Para manter a força iónica constante adiciona-se uma concentração fixa e elevada de eletrólito
forte inerte, aos padrões e amostras. Dessa forma, os iões do eletrólito forte adicionado são os
principais contribuintes para a força iónica da solução, pois estão em concentração muito superior à

38
dos outros iões presentes nos padrões e amostras e por isso a contribuição destes últimos é
desprezável.

3. QUESTIONÁRIO (a realizar para a preparação do trabalho no caderno de


laboratório, comum aos trabalhos 7A e 7B)

3.1. Para fazer a calibração prepara uma série de padrões com a força iónica ajustada e concentrações
conhecidas de Cl-. Indique a que correspondem as grandezas y e x na equação da reta de calibração y
=a+bx
3.2. Espera que o declive da reta de calibração seja positivo ou negativo? Justifique.
3.3. Calcule a força iónica das seguintes soluções:
a) NaCl 1,010-2 M
b) NaCl 1,010-4 M
c) solução 1,010-2 M em NaCl e 0,5 M em NaNO3
d) solução 1,010-4 M em NaCl e 0,5 M em NaNO3
3.4. Com base nos cálculos da alínea anterior, comente o efeito da adição de uma concentração
constante e elevada de um eletrólito forte às soluções de cobre como processo de controlar a força
iónica.
3.5. Explique a necessidade de ajustar a força iónica dos padrões e amostras ao mesmo valor.

39
TRABALHO PRÁTICO 7A - DOSEAMENTO POTENCIOMÉTRICO DE
CLORETO

4. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL
4.1. Reagentes/soluções fornecidas
• Cloreto de sódio p.a. (previamente seco a 120 ºC, durante 1 h)
• Solução de NaNO3, 1,0 M
• Amostra de água

4.2. Soluções a preparar


A partir do sal NaCl, prepare 100 mL de uma solução padrão de NaCl, aproximadamente 0,2 M em
ião cloreto.
Prepare uma solução padrão aproximadamente 0,010 M em ião cloreto por diluição da solução
anterior, num balão volumétrico de 100 mL.

4.3. Preparação dos padrões


Para 3 balões volumétricos de 50 mL, transfira com uma micropipeta 5, 2,5 e 1 mL da solução padrão
aproximadamente 0,2 M em ião cloreto, respetivamente. Escolha o material adequado para medir os
volumes da solução padrão aproximadamente 0,2 M, tendo em consideração se é ou não necessário
rigor na medição. Adicione 25 mL da solução de NaNO3 1,0 M a cada balão e perfaça o volume com
água destilada.
Noutros 3 balões volumétricos de 50 mL introduza 5, 2,5 e 1 mL da solução padrão aproximadamente
0,010 M em ião cloreto, respetivamente. Escolha o material adequado para medir os volumes da
solução padrão aproximadamente 0,010 M, tendo em consideração se é ou não necessário rigor na
medição. Adicione 25 mL da solução de NaNO3 1,0 M a cada balão e perfaça o volume com água
destilada.

4.4. Calibração
Utilizando um potenciómetro equipado com um elétrodo seletivo de cloreto e um elétrodo de
referência, meça o valor da diferença de potencial para as várias soluções padrão anteriormente
preparadas. Meça a temperatura das soluções (deverá ser igual para todos os padrões e para a amostra,
sabe explicar porquê?).

40
4.5. Preparação e análise da amostra
Dilua 10 mL da amostra fornecida a 100 mL, tendo o cuidado de, antes de perfazer o volume do
balão, adicionar o volume de solução de NaNO3 1,0 M necessário para igualar a força iónica da
amostra à força iónica dos padrões.
Meça o valor da diferença de potencial para a solução resultante da diluição da amostra. Caso o valor
obtido se encontre fora da gama de respostas dos padrões, demasiado próximo de um extremo da reta
de calibração, ou na zona de resposta não linear, proceda a uma diluição mais adequada e repita a
medição do potencial.

5. INDICAÇÕES PARA O REGISTO DE RESULTADOS NO CADERNO (a organizar na


preparação do trabalho prático):
5.1 Preparação da solução padrão de NaCl aproximadamente 0,2 M
Massa pesada:
Material usado:

5.2. Preparação da solução padrão de NaCl aproximadamente 0,010 M, por diluição da anterior
Material usado:

5.3. Calibração
Preencha uma tabela idêntica à seguinte, indicando a solução mãe usada para preparar cada padrão,
o volume que retirou dessa solução que usou para preparar o padrão e o potencial lido para esse
padrão

Padrão nº 1 2 3 4 5 6
Solução mãe usada na
preparação
Volume de solução mãe/ mL
Potencial/ mV

5.4. Diluição da amostra


Material usado:

5.5. Potencial do elétrodo na amostra diluída


Após diluição de 10 mL de amostra a 100 mL conforme indicado em 4.5, registe o potencial na
solução diluída. Comente se é necessário fazer nova diluição. Em caso afirmativo, indique qual a

41
nova diluição efetuada, explique como a efetuou (material usado e volume de NaNO3 adicionado) e
registe o novo valor de potencial.

Atenção: As Instruções para realização do relatório são comuns ao T 7B e encontram-se


descritas na seção 6.

42
TRABALHO PRÁTICO 7B - DOSEAMENTO POTENCIOMÉTRICO DE
COBRE

4. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

4.1 Reagentes/soluções fornecidas

• Solução de NaNO3 1,0 M.


• Amostra
• Solução padrão de Cu(NO3)2 0,200 M

4.2 Preparação da solução de cobre 0,010 M

Prepare 100 mL de uma solução padrão aproximadamente 0,010 M em ião Cu2+ por diluição da
solução de Cu(NO3)2 0,200 M.

4.3. Preparação dos padrões

Para 3 balões volumétricos de 100 mL, transfira com uma micropipeta 5, 2,5 e 1 mL da solução
padrão 0,200 M em ião Cu2+, respetivamente. Escolha o material adequado para medir os volumes da
solução padrão 0,200 M, tendo em consideração se é ou não necessário rigor na medição. Adicione
10 mL da solução de NaNO3 1,0 M a cada balão e perfaça o volume com água destilada. Noutros 3
balões volumétricos de 100 mL introduza 5, 2,5 e 1 mL da solução padrão 0,010 M em ião Cu2+,
respetivamente. Escolha o material adequado para medir os volumes da solução padrão 0,010 M.
Adicione 10 mL da solução de NaNO3 1,0 M a cada balão e perfaça o volume com água destilada.

4.4. Calibração

Utilizando um potenciómetro equipado com um elétrodo específico de cobre e um elétrodo de


referência (por exemplo, o elétrodo de prata/cloreto de prata), meça o valor da diferença de potencial
para as várias soluções padrão anteriormente preparadas. Meça a temperatura das soluções (deverá
ser igual para todos os padrões e para a amostra, porquê?).

43
4.5. Preparação e análise da amostra

Dilua 10 mL de amostra fornecida a 100 mL, tendo o cuidado de, antes de perfazer o volume do
balão, adicionar o volume de solução de NaNO3 1,0 M necessário para igualar a força iónica da
amostra à força iónica dos padrões (considere desprezável a contribuição dos iões da amostra para a
força iónica).

Meça o valor da diferença de potencial para a solução resultante da diluição da amostra. Caso o valor
obtido se encontre fora da gama de respostas dos padrões, demasiado próximo de um extremo da reta
de calibração, ou na zona de resposta não linear, proceda a uma diluição mais adequada e repita a
medição do potencial.

5. INDICAÇÕES PARA O REGISTO DE RESULTADOS NO CADERNO (a organizar na


preparação do trabalho prático):
5.1. Preparação da solução padrão aproximadamente 0,010 M em Cu2+
Concentração da solução mãe fornecida:
Material usado:

5.2. Calibração
Preencha uma tabela idêntica à seguinte, indicando a solução mãe usada para preparar cada padrão,
o volume que retirou dessa solução que usou para preparar o padrão e o potencial lido para esse
padrão

Padrão nº 1 2 3 4 5 6
Solução mãe usada na
preparação
Volume de solução mãe/ mL
Potencial/ mV

5.3. Diluição da amostra


Material usado:

5.4. Potencial da amostra diluída


Após diluição de 10 mL de amostra a 100 mL, registe o potencial da solução diluída. Comente se é
necessário fazer nova diluição. Em caso afirmativo, indique qual a nova diluição efetuada e explique
como a efetuou (material usado e volume de NaNO3 adicionado)

44
6 – RELATÓRIO – PARA T 7A E T 7B
Siga as mesmas instruções relativamente à estrutura do relatório que foram dadas para os trabalhos
práticos anteriores. Especificamente, este relatório deve também incluir:

+ No trabalho 7A indique claramente qual foi a massa de NaCl pesada e calcule as concentrações
exatas da solução mãe, da solução intermédia e das soluções padrão. No caso do trabalho 7B indique
qual a concentração da solução padrão mãe de cobre fornecida e calcule as concentrações da solução
intermédia e das soluções padrão usadas na calibração.

+ Apresente uma Tabela com os valores das concentrações exatas dos padrões preparados em 3.3,
valores dos respetivos logaritmos e os valores dos potenciais lidos para cada solução.

+ Indique qual a força iónica dos padrões e como foi ajustada.

+ Apresente o gráfico da reta de calibração, a equação da reta de calibração ajustada aos dados pelo
método dos mínimos quadrados, e o coeficiente de correlação. Comente.

+ Compare o valor experimental do declive da reta de calibração com o valor teórico (veja equação
6 da introdução) e indique se o elétrodo apresenta resposta Nernstiana (declive de acordo com o
previsto teoricamente, sendo aceitável diferença até 10%).

+ Explique como fez a diluição da amostra (a indicada no guia) e qual foi e como determinou o
volume de solução de NaNO3 1,0 M a adicionar para ajustar a força iónica. Apresente o valor do
potencial na solução obtida com esta diluição. Comente, indicando se a diluição foi adequada e caso
ache que não, diga que nova diluição deveria fazer ou fez. Apresente os cálculos necessários.

+ Caso tenha feito uma nova diluição da amostra diferente da indicada no guia, indique qual foi a
diluição, o volume de NaNO3 1,0 M adicionado e qual foi o potencial lido nessa solução diluída da
amostra.

+ A partir da reta de calibração estime a incerteza no logaritmo da concentração da amostra diluída.


Atendendo ao modo como calcula a concentração a partir do logaritmo, aplique a lei da propagação
das incertezas (ver formulário e diapositivos sobre propagação de incertezas das aulas de MIA,
ou, caso não frequente a disciplina, peça ajuda ao seu professor) para calcular a incerteza na
concentração da amostra diluída.

+ Calcule a concentração de cloreto (T 7A) ou de cobre (T7 B) na amostra original e o respetivo


intervalo de confiança.

+ Comente a incerteza relativa.


45
7. BIBLIOGRAFIA

1. Skoog, D. A.; West, D. M.; Holler, F. J. “Fundamentals of Analytical Chemistry”, 7ªed., Saunders
College Publishing, Philadelphia, 1996, Cap. 18 (18A, 18B, 18C, 18D-2, 18D-6) e Cap. 19 (19A e
19B)
2. Gonçalves, M. L.; “Métodos Instrumentais para Análise de Soluções”, Fundação Calouste
Gulbenkian, Lisboa, 1983, Cap. 7, pg. 737, 738

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TRABALHO 8 - DETERMINAÇÃO DE CAFEÍNA E ÁCIDO BENZÓICO EM
REFRIGERANTES POR HPLC-UV

1. OBJECTIVOS
• Identificar os diferentes componentes e respetiva função, de um instrumento de HPLC;
• Compreender o mecanismo de separação dos compostos e propor variações na composição do
eluente para melhorar a separação;
• Calcular a resolução entre dois picos consecutivos e avaliar criticamente o resultado;
• Determinar o limite de deteção e o limite de quantificação do método usado;
• Determinar quantitativamente a cafeína e o ácido benzoico num refrigerante;

2. INTRODUÇÃO

2.1. Aditivos em refrigerantes e a sua análise por HPLC

A cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC) com deteção por UV-visível ou acoplada a
outros métodos de deteção, é o método mais comum usado na análise de aditivos em diversos
alimentos, nomeadamente em refrigerantes1,2.
Verifica-se que grande parte dos refrigerantes (em inglês, “soft drinks”) contém cafeína e
ácido benzóico ou o seu sal de sódio (usado como conservante)3,4. O benzoato de sódio tem suscitado
alguma preocupação do ponto de vista das consequências que pode ter na saúde humana3 e os
fabricantes de refrigerantes têm vindo a deixar de usá-lo. Atualmente, respondendo à crescente
preocupação sobre os efeitos da cafeína e de outras drogas na saúde, a indústria de refrigerantes tem
também vindo a introduzir no mercado bebidas livres de cafeína, e a usar como adoçante nas bebidas
“diet”, o aspartame e a sacarina.
Neste trabalho experimental pretende-se que se fique a conhecer a técnica cromatográfica de
HPLC, através da sua utilização na separação, identificação e quantificação de dois aditivos existentes
em algumas das bebidas mais consumidas no dia a dia5: os refrigerantes.

2.2. Separações por HPLC


A cromatografia consiste na separação dos componentes de uma mistura tirando partido das
suas diferentes interações com duas fases: a fase estacionária e a fase móvel. Existem diversos tipos

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de cromatografia. Na cromatografia líquida, a fase móvel é líquida e a fase estacionária é líquida ou
sólida.
Na cromatografia líquida de alta eficiência (sigla inglesa HPLC = high performance liquid
chromatography) usa-se uma pressão elevada para fazer passar a fase móvel através de uma coluna
que contém a fase estacionária constituída por partículas muito pequenas (tipicamente 3-5 m), o que
permite separações com elevada resolução. Assim, um dos componentes principais do cromatógrafo
é a bomba que bombeia a fase móvel.
Na Figura 1 pode ver-se um esquema dos componentes de um cromatógrafo de HPLC:

Figura 1 – Esquema de um cromatógrafo de HPLC

A bomba bombeia a fase móvel (constituída por um ou mais solventes) e fá-la passar através
da fase estacionária contida na coluna cromatográfica. O injetor permite introduzir uma pequena
quantidade de amostra na corrente a alta pressão. Assim, a amostra é arrastada pela fase móvel,
através da coluna, onde vai ocorrer a separação dos solutos presentes na solução amostra. Solutos
com maior afinidade para a fase estacionária ficam mais tempo retidos e vão demorar mais tempo a
sair da coluna. À saída da coluna está um detetor que, neste trabalho, é um detetor de UV-visível, em
que a absorvência da solução que sai da coluna está a ser medida em contínuo. Quando um composto
que absorve ao comprimento de onda de deteção chega ao detetor, a absorvência aumenta e o
registador ou computador regista um pico cromatográfico. Assim, para cada solução obtemos um
cromatograma, ou seja, um gráfico do sinal do detetor em função do tempo decorrido desde que se
fez a injeção da solução. O tempo ao fim do qual um dado composto chega ao detetor é o tempo de

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retenção desse composto (tr). Se os compostos estiverem bem separados, compostos diferentes são
caracterizados por tempos de retenção diferentes.
Assim, nesta aula, os tempos de retenção da cafeína e do ácido benzoico vão ser determinados
analisando soluções padrão e vão ser usados para identificação da presença destes compostos nos
refrigerantes a analisar. Se no cromatograma da amostra aparecer um pico ao tempo de retenção da
cafeína atribuímos esse pico à cafeína presente na amostra. Quando se usam os tempos de retenção
para identificar os compostos numa amostra desconhecida, há que ter muito cuidado pois pode haver
outro composto na amostra que apareça ao mesmo tempo de retenção do analito, por ter polaridade
semelhante e não ter sido separado do analito. Não é o caso da coca-cola, nestas condições de análise.
Neste trabalho, o tipo de cromatografia líquida de alta eficiência que vai usar é cromatografia
líquida de partição de fase reversa. Na cromatografia líquida de partição os solutos distribuem-se
entre a fase móvel líquida e a fase estacionária que é uma película líquida imobilizada na superfície
de partículas sólidas ou uma fase ligada quimicamente à superfície dessas partículas e que se
comporta de forma semelhante a uma película líquida. A cromatografia de partição pode ser de fase
reversa ou de fase normal, conforme a polaridade das fases estacionária e móvel:

Cromatografia de fase normal:


Fase estacionária polar
Fase móvel apolar, hidrofóbica (exemplo de solvente: hexano)
Cromatografia de fase reversa:
Fase estacionária apolar, hidrofóbica;
Fase móvel polar, hidrofílica (solventes típicos: água, metanol, acetonitrilo)

Na análise de uma solução aquosa de dois compostos orgânicos pouco polares, por
cromatografia de fase reversa, o soluto menos polar, mais hidrofóbico, será o que apresenta maior
tempo de retenção, pois tem mais afinidade para a fase estacionária e menos afinidade para a fase
móvel. Na Figura 2, ilustrativa do processo de separação em cromatografia de fase reversa, o
composto B tem maior tempo de retenção do que o composto A.

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Figura 2 – Separação de dois solutos A e B em cromatografia de fase reversa

Se aumentarmos a polaridade da fase móvel, a afinidade dos solutos para a fase móvel diminui
e os tempos de retenção aumentam, aumentando mais para os compostos menos polares, o que faz
com que os compostos se separem melhor. O aumento do tempo de retenção leva também a um
alargamento dos picos.
O índice de polaridade de uma fase móvel constituída por dois solventes, A e B, é calculado
da seguinte forma:
 =  A PA +  B PB
PAB (1)

onde PA` e PB` são os índices de polaridade dos dois solventes e  a fração volúmica de cada solvente.
O índice de polaridade é uma medida numérica da polaridade relativa de vários solventes.
Como exemplo, listam-se alguns índices de polaridade: cicloexano = 0.04, tetracloreto de carbono =
1.6, tolueno = 2.4, dietileter = 2.8, etanol = 4.3, acetato de etilo = 4.4, metanol = 5.1, acetonitrilo =
5.8, água = 10.2, ácido acético glacial = 6.20.
A resolução entre dois picos cromatográficos (RS), obtida com uma dada coluna usando
determinadas condições de eluição, mede a capacidade da coluna para, nessas condições, separar dois
analitos. Com base nos dados de um cromatograma, o cálculo da resolução entre dois picos A e B
pode ser feito utilizando a seguinte fórmula:
(𝑡 )𝐵 −(𝑡𝑅 )𝐴
𝑅𝑆 = (𝑊𝑅 (2)
𝐵 +𝑊𝐴 )/2

onde (tR)A e (tR)B são os tempos de retenção dos analitos A e B, e WA e WB são as larguras das bases
dos picos correspondentes aos analitos A e B.

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Portanto a expressão (2) equivale a:

𝑑𝑖𝑓𝑒𝑟𝑒𝑛ç𝑎 𝑒𝑛𝑡𝑟𝑒 𝑜𝑠 𝑡𝑒𝑚𝑝𝑜𝑠 𝑑𝑒 𝑟𝑒𝑡𝑒𝑛çã𝑜


𝑅𝑒𝑠𝑜𝑙𝑢çã𝑜 =
𝑚é𝑑𝑖𝑎 𝑑𝑎𝑠 𝑙𝑎𝑟𝑔𝑢𝑟𝑎𝑠 𝑛𝑎 𝑏𝑎𝑠𝑒

Note-se que a resolução não tem unidades, e como tal, as larguras dos picos devem vir nas
mesmas unidades que os tempos de retenção.

Na Figura 3a) mostram-se 3 cromatogramas com diferentes resoluções entre dois picos. A
resolução deverá ter um valor superior a 1,5 para que se possam considerar dois analitos consecutivos
bem separados. Num pico perfeito, a largura na base é cerca de 1,7 vezes a largura a meia altura,
como se mostra na Figura 3b); nesse caso, pode-se medir a largura a meia altura e calcular a largura
na base.

a) b)

Figura 3 – Cromatogramas com diferentes resoluções (a); marcação da largura na base e a meia altura num
pico cromatográfico (b).

2.3. Quantificação dos analitos


A área do pico de um composto é proporcional à quantidade de composto injetada na coluna.
Se o volume injetado for sempre o mesmo nos padrões e amostras, então a área do pico
cromatográfico de cada analito é proporcional à concentração desse analito nas soluções.
Neste trabalho faz-se a calibração com padrões externos. Preparam-se vários padrões mistos, isto é,
soluções contendo cafeína e ácido benzoico, com concentrações conhecidas. Para cada padrão, mede-
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se as áreas dos picos da cafeína e do ácido benzoico e faz-se uma reta de calibração para cada
composto. Com as áreas dos picos da cafeína e do ácido benzoico na amostra determinam-se as
respetivas concentrações.
As análises cromatográficas são muito demoradas. Se a obtenção do cromatograma de cada
solução demorar 15-20 minutos, a análise de 5 padrões demoraria no mínimo 75 minutos, e só se
faria uma injeção de cada padrão. Assim, é comum não se fazer a calibração diariamente quando se
fazem análises por HPLC. No entanto, será sempre necessário analisar padrões para verificar se a
reta de calibração anterior ainda é válida. Analisa-se um ou dois padrões e, a partir das áreas dos
picos de cada analito e das retas de calibração para cada um, determinam-se as respetivas
concentrações que são comparadas com as concentrações verdadeiras dos padrões de verificação. A
diferença deve ser inferior a 5-10%.

2.3. Assuntos a considerar para a realização e estudo do trabalho6


• Constituição de um cromatógrafo de HPLC (fazer um diagrama de blocos e identificar função de
cada componente).
• Diferença entre cromatografia (de partilha) de fase normal e de fase reversa.
• De que forma a alteração da polaridade do eluente (fase móvel) pode afetar a separação dos
componentes (que alterações ocorreriam se aumentasse a proporção de metanol no eluente, no
caso deste trabalho).
• Como vai proceder para identificar os picos do cromatograma.
• Para que serve a análise dos padrões de verificação.
• Como vai fazer o cálculo da concentração de cada componente a analisar no refrigerante.

Recomenda-se a visualização do seguinte vídeo no youtube:


https://www.youtube.com/watch?v=eCj0cRtJvJg (são cerca de 6 minutos, é muito claro, com
animações, e está lá uma boa parte do que é explicado nesta introdução; veja nesse vídeo o
funcionamento do injetor, não explicado nesta introdução)

3. PARTE EXPERIMENTAL
3.1. Soluções fornecidas

• Solução de cafeína (10 mg em 50 mL)


• Padrões mistos de cafeína e ácido benzoico com concentrações indicadas no rótulo (soluções
padrão contendo concentrações conhecidas dos dois componentes)

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3.2. Equipamento
Cromatógrafo de HPLC com detector de UV-Vis: coluna de fase reversa C18

3.3. Preparação da coluna cromatográfica (não é feita pelo aluno)


• Fase móvel: mistura de 50% de metanol com 50% de uma solução aquosa de ácido acético 1 mol
dm-3 (pH=4.2). O pH da solução de ácido acético pode ser acertado com uma solução de NaOH a
50% e verificado num aparelho de pH. A composição da fase móvel poderá ter de sofrer pequenos
ajustes que estarão feitos antes do início da aula.
• A coluna deve ser equilibrada com a fase móvel com um caudal de 0,8 mL/min.
• O detetor de UV-Vis é ajustado para o comprimento de onda 254 nm. Como acha que é escolhido
o comprimento de onda para deteção?

3.4. Padrões de verificação


Ser-lhe-ão fornecidos dois padrões já preparados para verificação da reta de calibração.

3.5. Preparação das amostras


As amostras, antes de serem analisadas, precisam de ser desgaseificadas num banho de ultra-sons
durante 10 minutos, e depois filtradas através de um filtro de 0.8 m. A filtração é importante para
maximizar o tempo de vida da coluna. Um volume de 5 ml de cada amostra é o suficiente. Se houver
necessidade de diluir alguma amostra, essa informação ser-lhe-á dada na aula.

3.6. Registo dos cromatogramas das soluções padrão e das amostras (dois grupos em comjunto)

• Injete no cromatógrafo de HPLC 20 L de solução de cafeína e determine o tempo de retenção da


cafeína.
• Injete 20 L do padrão de verificação de concentração mais elevada, e registe o cromatograma
usando uma velocidade do papel mais elevada (terá ajuda para isto). Comparando os tempos de
retenção dos picos neste cromatograma e no cromatograma da solução de cafeína, identifique os
picos e determine o tempo de retenção do ácido benzoico. Este é o cromatograma que irá usar para
determinar a resolução.
• Injete 20 L do padrão de verificação de menor concentração e registe o cromatograma.
• Injete 20 L de cada amostra e registe os respetivos cromatogramas.

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3.7. Validação da reta de calibração
Ser-lhe-ão fornecidos os valores das concentrações de cafeína e ácido benzoico nos padrões que
foram usados para fazer a reta de calibração no início da semana e os cromatogramas dessas soluções.
A equação da reta é também fornecida, mas terá de refazer os cálculos no relatório.

Com base na equação da reta de calibração e nas áreas dos picos dos analitos nos cromatogramas dos
padrões de verificação, calcule a concentração de cada analito nos padrões. Compare as concentrações
obtidas com as concentrações verdadeiras dos padrões. Se a diferença for superior a 10% do valor
verdadeiro, teria de preparar mais padrões para determinar nova reta de calibração. No entanto, dadas
as limitações de tempo, tal não será efetuado.

Manutenção da coluna cromatográfica


Para manter a eficiência e melhorar o tempo de vida da coluna, é recomendado que após o fim
do trabalho se faça passar água durante cerca de 20 minutos e depois metanol, ou o eluente
recomendado para deixar a coluna armazenada.

4. ASPETOS A CONSIDERAR NO TRATAMENTO E DISCUSSÃO DE RESULTADOS

4.1. Análise dos cromatogramas


• Apresente o cromatograma do padrão 5, obtido com maior velocidade do papel do integrador.
• Explique como procedeu para determinar os tempos de retenção dos analitos (cafeína e ácido
benzoico) – veja 2º ponto de 3.6.
• Explique como calculou as larguras na base dos picos, em unidades de tempo. Faça as marcações
no cromatograma do padrão 5.
• Calcule a resolução dos dois analitos e comente.

4.2. Determinação do conteúdo de ácido benzoico e cafeína nas amostras


• Explique como procedeu para verificar se a reta de calibração era válida.
• Para cada analito, represente graficamente a área do pico em função da concentração de padrão,
usando os cromatogramas dos padrões usados para construir a reta (reta fornecida se esta for válida
ou reta feita novamente se isso não se verificar). Caso se verifique uma relação linear, determine
os parâmetros da reta pelo método dos mínimos quadrados e represente-a no gráfico.
• Determine o limite de deteção e o limite de quantificação do método para cada analito.

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• Calcule a concentração de cada analito nas amostras de bebida analisadas e o respetivo intervalo
de confiança (95%).
• Comente os resultados com base nas indicações dos rótulos dos recipientes das bebidas e
identifique diferenças entre as amostras analisadas.

5. BIBLIOGRAFIA

1. Zygler, A., Wasik, A. Namiesnik, J. Analytical methodologies for determination of artificial


sweeteners in foodstuffs, Trends in Analytical Chemistry, 2009, 9,1082-1102
2. Asci, B., Zor, S.D., Donmez, O.A. Development and validation of HPLC method for the
simultaneous determination of five food additives and caffeine in soft drinks, International
Journal of Analytical Chemistry, 2016, article number 2879406
3. Saltmarsh, M. Recent trends in the use of food additives in the United Kingdom, J. Sci.. Food
Agric., 2015, 95, 649-652
4. Keast, R.S.J., Ridell, L. Caffeine as a flavour additive in soft-drinks. Appetite, 2007, 49, 255-259
5. B. A. Bidlingmeyer. The analysis of artificial sweetners and additives in beverages by HPLC”, J.
Chemical Education, 1991, 68, A185-A200
6. D. A. Skoog, F. J. Holler, T. A. Nieman, “Principles of Instrumental Analysis”, 5th ed., Saunders
College Publishing, 1998 (Biblioteca da UA).

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