Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Patrimônialismo e Suas Antiteses
Patrimônialismo e Suas Antiteses
coronelismo e o clientelismo no
contexto da Primeira República.
● OBJETIVOS DA AULA
O PATRIMONIALISMO
Desde o início dessa breve história de cinco séculos, foi
logo ficando patente a dificuldade que temos de construir
modelos compartilhados de zelo pelo bem comum. Em seu
lugar, várias formas de compadrio, a moeda de troca dos
favores, o recurso a pistolões, o famoso hábito de furar fila,
de levar vantagem [...] se enraizaram nesta terra do uso
abusivo do Estado para fins privados. O certo é que
persistirá no Brasil um sério déficit republicano enquanto
práticas patrimoniais e clientelistas continuarem a
imperar no interior do nosso sistema político e no coração
de nossas instituições públicas. “República” significa “coisa
pública” — bem comum —, em oposição ao bem particular:
a res privata. Pensada nesses termos [...] “nossa República
nunca foi republicana”.
[...] Ficam expostas a cidadania precarizada de certos
grupos sociais brasileiros e as práticas de segregação a que
continuam sujeitos. Sobretudo para os setores vulneráveis
da sociedade, a regra democrática permanece muitas vezes
suspensa no país, e nosso presente, ainda muito marcado
pelo passado escravocrata, autoritário e controlado pelos
mandonismos locais.
[....] o patrimonialismo, é resultado da relação viciada
que se estabelece entre a sociedade e o Estado, quando
o bem público é apropriado privadamente. Ou, dito de
outra maneira, trata-se do entendimento equivocado, de
que o Estado é bem pessoal, “patrimônio” de quem
detém o poder. (SCHWARCZ, 2019, p. 64-65)
O trabalhador rural e o fazendeiro
[...] Completamente analfabeto, ou quase, sem
assistência médica, não lendo jornais, nem revistas,
nas quais se limita a ver as figuras, o trabalhador
rural, a não ser em casos esporádicos, tem o patrão
na conta de benfeitor. E é dele, na verdade, que
recebe os únicos favores que sua obscura existência
conhece. Em sua situação, seria ilusório pretender
que esse novo pária tivesse consciência do seu
direito a uma vida melhor e lutasse por ele com
independência cívica. O lógico é o que
presenciamos: no plano político, ele luta com o
“coronel” e pelo “coronel”. Aí estão os votos de
cabresto, que resultam, em grande parte, da nossa
organização econômica rural.
São, pois, os fazendeiros e chefes locais que
custeiam as despesas do alistamento e da eleição.
Sem dinheiro e sem interesse direto, o roceiro não
faria o menor sacrifício nesse sentido. Documentos,
transporte, alojamento, refeições, dias de trabalho
perdidos, e até roupa, calçado, chapéu para o dia da
eleição, tudo é pago pelos mentores políticos
empenhados na sua qualificação e comparecimento.
[...] É, portanto, perfeitamente compreensível que o
eleitor da roça obedeça à orientação de quem tudo
lhe paga, e com insistência, para praticar um ato
que lhe é completamente indiferente. (LEAL, 1978,
p. 35-36/38-39)
https://bncamazonas.com.br/coronelismo-igreja-e-voto/
https://noticias.uol.com.br/colunas/marco-antonio-villa/2022/03/29/basta-de-coronelismo-
evangelico.htm