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Capítulo Livro LINGUAGENS EM DEBATE
Capítulo Livro LINGUAGENS EM DEBATE
Catalogação na Fonte
Elaborado por: Josefina A. S. Guedes
Bibliotecária CRB 9/870
Inclui bibliografia.
ISBN 978-65-250-1472-2
CDD – 410
Printed in Brazil
Impresso no Brasil
Gilberto Nazareno Telles Sobral
Maria da Conceição Reis Teixeira
Valquíria Claudete Machado Borba
(org.)
LINGUAGENS EM DEBATE
DISCURSO, LÉXICO, SOCIOLÍNGUÍSTICA,
LÍNGUÍSTICAS COGNITIVA E APLICADA
FICHA TÉCNICA
EDITORIAL Augusto V. de A. Coelho
Marli Caetano
Sara C. de Andrade Coelho
COMITÊ EDITORIAL Andréa Barbosa Gouveia - UFPR
Edmeire C. Pereira - UFPR
Iraneide da Silva - UFC
Jacques de Lima Ferreira - UP
ASSESSORIA EDITORIAL Cibele Bastos
REVISÃO Josiana Araujo
PRODUÇÃO EDITORIAL Romão Matheus
DIAGRAMAÇÃO Fernando Nishijima
CAPA Sheila Alves
COMUNICAÇÃO Carlos Eduardo Pereira
Karla Pipolo Olegário
LIVRARIAS E EVENTOS Estevão Misael
GERÊNCIA DE FINANÇAS Selma Maria Fernandes do Valle
CONSULTORES Alessandra Paola Caramori (UFBA) Leda Cecília Szabo (Univ. Metodista)
Alice Maria Ferreira de Araújo (UnB) Letícia Queiroz de Carvalho (IFES)
Célia Maria Barbosa da Silva (UnP) Lidia Almeida Barros (UNESP-Rio Preto)
Cleo A. Altenhofen (UFRGS) Maria Margarida de Andrade (UMACK)
Darcília Marindir Pinto Simões (UERJ) Maria Luisa Ortiz Alvares (UnB)
Edenize Ponzo Peres (UFES) Maria do Socorro Silva de Aragão (UFPB)
Eliana Meneses de Melo (UBC/UMC) Maria de Fátima Mesquita Batista (UFPB)
Gerda Margit Schütz-Foerste (UFES) Maurizio Babini (UNESP-Rio Preto)
Guiomar Fanganiello Calçada (USP) Mônica Maria Guimarães Savedra (UFF)
Ieda Maria Alves (USP) Nelly Carvalho (UFPE)
Ismael Tressmann (Povo Tradicional Rainer Enrique Hamel (Universidad do
Pomerano) México)
Joachim Born (Universidade de Giessen/
Alemanha)
APRESENTAÇÃO
LEXICULTURA:
DIÁLOGOS PARA O ENSINO DA LÍNGUA MATERNA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81
Jane Guimarães Sousa, Karylleila dos Santos Andrade, Celina Márcia de Souza Abbade
1 INTRODUÇÃO
2 SOCIOLINGUÍSTICA E ENSINO
3 PROPOSTA DIDÁTICA
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MARIA DA CONCEIÇÃO REIS TEIXEIRA & VALQUÍRIA CLAUDETE MACHADO BORBA (ORG.)
O texto “Quem num tem emelho, ximba” foi dado como de autoria
desconhecida24 e circulou em inúmeros meios na internet. É uma espécie de
conto em formato de e-mail e foi escolhido por algumas razões, dentre elas:
a) apresenta muitos traços da variedade linguística dos soteropolitanos das
periferias e traz descrições desse contexto; b) a situação descrita no texto é
24
No blog http://fafo1975.blogspot.com/2009/, o autor Fafo declara a autoria do texto: “É um texto meu, com
a colaboração do meu amigo Fábio Bastos. Fora, de fato, escrito aos 03 de Novembro de 2000 na então ‘Sala de
Iniciação Científica’ dos estudantes de graduação em Geofísica, no Instituto de Geociências da UFBA, cidade
do São Salvador da Bahia.”
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MARIA DA CONCEIÇÃO REIS TEIXEIRA & VALQUÍRIA CLAUDETE MACHADO BORBA (ORG.)
5 A SEQUÊNCIA DIDÁTICA
tem emelho, ximba”; Leitura dramatizada em voz alta, pela professora (ou
algum aluno que se voluntarie); Discussão do texto (Interpretação partindo
do mais geral para o mais específico: solicitar impressões gerais, comentários
e chegar aos detalhes da linguagem);
2: Orientações para produção escrita de análise textual; Escrita da
análise, em sala. Entrega da análise pelos estudantes. Divisão da turma para
leitura do conteúdo do livro “Preconceito linguístico: o que é, como se faz”
(BAGNO, 2007 [1999], p. 1-67) e grifar pontos principais; Apresentações.
Discussão após cada apresentação, mediada pela professora.
3: Devolução de análises corrigidas pela professora e apresentação
de proposta de produção de um pequeno artigo em grupos, com análise.
Orientar os estudantes a selecionarem um texto (vídeo, imagem, print de
postagem, fala etc.) por grupo, para a produção do artigo com os temas
que estão sendo estudados; Divisão do livro Português: um nome, muitas
línguas (BRASIL, 2008) pelos membros da equipe, de modo que cada estu-
dante leia um artigo a fim de compreender o tema da variação linguística
e outros relacionados e possa utilizar em citação direta e indireta ao longo
da produção textual.
4: Orientações. Artigo, citação e referência; Entrega de cópias: Livro
de Bagno e do MEC (BRASIL, 2008), normas de citação (NBR 1052025) e
de referência (NBR 602326); Conversa sobre importância da organização
dos trabalhos acadêmicos, autoria, plágio e cuidados com textos selecio-
nados, como não mostrar imagens de pessoas ou dados que permitam a
identificação pessoal; Explicação dos formatos de citação direta e indireta,
conforme a NBR 10520: número de linhas, uso de aspas, paráfrase, margens
etc.; Construção da referência do livro e de um capítulo de livro, conforme
normas; Início da produção do artigo em sala.
5: Correção e orientações para reescrita. Primeira leitura e correção
de artigo de grupos pela professora em sala; Anotações pela professora
do andamento do trabalho de cada grupo e das orientações dadas para a
melhoria do texto; Atendimento para metade dos grupos por dia;
6: Última correção e orientações para apresentações orais. Segunda
leitura e correção de artigo de grupos pela professora em sala, apenas do
que foi alterado; Últimos ajustes; Orientações para apresentação oral dos
trabalhos, a acontecer nas próximas aulas.
25
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 6023. Informação e documentação - Referências -
Elaboração. Rio de Janeiro, 2018. [A norma válida e utilizada no período foi a NBR 6023 de 2002].
26
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 10520. Informação e documentação - Citações em
documentos - Apresentação. Rio de Janeiro, 2002.
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MARIA DA CONCEIÇÃO REIS TEIXEIRA & VALQUÍRIA CLAUDETE MACHADO BORBA (ORG.)
Aí galera,
Esse emelho é de Claudinei, mas aqui é Jonilson que tá falando. É porque eu não
tenho emelho aí ele me liberô pra escrevê no dele. E eu quero falá é sobre isso
mermo: emelho. A parada é o seguinte. Ôto dia eu tava procurando um serviço
no jornal aí eu vi lá uma vaga na loja de computadô, aí eu fui vê lá, colé de mermo.
Botei uma rôpa sacanage que eu tenho, joguei meu Mizuno e fui lá, a porra. Aí eu
cheguei lá, fiz a ficha que a mulé me deu e fiquei lá esperando. Nêgo de gravata
e as porra eu só “nada... tô cumeno nada!’’. Aí, eu tô lá sentado, pá, aí a mulé me
chama pa entrevista, lá na sala dela. Mulé boa da porra! Entrei na sala dela, sentei,
pá, aí ela começô: a mulé perguntano coisa como a porra, seu sabia fazê coisa como
a porra e eu só...’’sim sinhora, que eu já trabalhei nisso já”, jogano 171 da porra
na mulé e ela cumeno, a porra! Aí ela parô assim, olhô pra ficha e mim perguntô
mermo assim: “você mora aí, é ?’’, aí eu disse “é’’. Só que eu nun sô minino, botei o
endereço de um camarado meu e o telefone, que eu já tinha dado a idéa já pra ele
se ela ligasse pá ele dizê que eu sô irmão dele e que eu tinha saído, pra ela deixá
recado, que aí era o tempo dele ligá pro orelhão do bar lá da rua e falá comigo
ou deixá o recado que a galera lá dá. Eu nun vô dá meu enedreço que eu moro ni
uma bocada da porra! Aí a mulé vai pensá o que? Vai pensá que eu sô vagabundo
tomém, né pai... Nada! Aí, tá, a mulé só perguntano e eu jogando um “h’’ da porra
na mulé, e ela gostano vú... se abrindo toda... mulé boa da porra! Aí ela mim disse
mermo assim: “ói, mim dê seu emelho que aí quando fô pra lhe chamá...- a mulé já
ía me chamá já - ... quando fô pra lhe chamá, eu lhe mando um emelho.’’Aí eu digo
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LÍNGUÍSTICAS COGNITIVA E APLICADA
‘porra... e agora’ ?’’. Aí eu disse a ela mermo assim “ói, eu vou lhe dá o emelho de
um vizinho meu pra sinhora, que ele tem computadô, aí ele mim avisa’’. Mintira
da porra, que o cara mora longe como a porra e o computadô é lá do trabalho
dele, aí ele ía tê que mim avisá pelo telefone lá da rua. Aí, depois quando eu disse
isso, a mulé empenô. Sem mintira niua, ela me disse mermo assim: “aí, não: como
é que você qué trabalhá ne loja de computadô e não tem emelho?” . Aí ela bateu
no meu ombro assim e disse “Ói, hoje em dia, quem num tem emelho, ximba!’’,
falô mermo assim, véi, a miserave da mulé. Miserave! Mas aí, eu ía fazê o que, véi?
Aí uns dias depois eu acabei conseguindo um seviço de ajudante de predero: um
pau da porra! Eu pego 7 hora da manhã e leva direto, a porra, de 7 a 7, aí meio dia
para pra almuçá, comida fêa da porra, e acabô o almoço nun discansa não, volta pro
seviço. É pau, vú véi... é pau viola mermo. É por isso que eu digo, é como a mulé
disse: “quem nun tem emelho, ximba!’’. É isso aí. Os cara que nun recebero esse
emelho vai ximbá, na moral, dá um pau da porra, quando chgá fim de mês,recebê
uma merreca. Agora pra você que recebeu esse emelho, eu vô lhe dá a idéa, ói,
vá lá na loja que ainda tem a vaga! Já fui! Esse emelho é de Claudinei, mas aqui é
Jonilso que tá falando. Valeu!
Jonilso.
Fonte: http://fafo1975.blogspot.com/2009/
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LÍNGUÍSTICAS COGNITIVA E APLICADA
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LÍNGUÍSTICAS COGNITIVA E APLICADA
Figura 4 – Placa/cardápio
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MARIA DA CONCEIÇÃO REIS TEIXEIRA & VALQUÍRIA CLAUDETE MACHADO BORBA (ORG.)
7 A AVALIAÇÃO DO PROJETO
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
BAGNO, Marcos. Preconceito linguístico: o que é, como se faz. 49 ed. São Paulo:
Edições Loyola, 2007 [1999].
BAGNO, Marcos. Nada na língua é por acaso: por uma pedagogia da variação
linguística. São Paulo: Parábola, 2007.
BRIGHT, William. As dimensões da sociolinguística. In: FONSECA, Maria Stella
Vieira; NEVES, Moema Facure (Orgs.). Sociolinguística. Rio de Janeiro: Eldo-
rado, 1974.
BORTONI-RICARDO, Stella Maris. Educação em língua materna: a sociolinguística
na sala de aula. São Paulo: Parábola Editorial, 2004.
______. Nós chegemu na escola, e agora? Sociolinguística e educação. São Paulo:
Parábola, 2005.
______. A diversidade linguística do Brasil e a escola. Ministério da Educação.
Português: um nome, muitas línguas. Salto para o Futuro. Ano XVIII, boletim 8,
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BRASIL, Ministério da Educação e Desporto. Secretaria de Educação Fundamental.
Parâmetros Curriculares Nacionais: terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental.
Brasil, 1998.
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais (Ensino Médio). Ministério da Educação
e Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Brasil, 2000.
BRASIL. Ministério da Educação. Português: um nome, muitas línguas. Salto para
o Futuro. Ano XVIII, boletim 8, maio de 2008.
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