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FUNDAÇÃO EDSON QUEIROZ

UNIVERSIDADE DE FORTALEZA
Centro de Ciências da Saúde – CCS
Curso de Psicologia
Disciplina: Fundamentos Epistemológicos
Profa. Cybele Ribeiro Espindola

ATIVIDADE AVALIATIVA
AV1

Equipe: Ricardo Henrique Arruda de Paula (matrícula 2122939).

INSTRUÇÕES GERAIS:

A pontuação desse trabalho é de no máximo 10,0 pontos (AV1)


Deve ser feito em grupo de até 5 pessoas. É facultativo realizar
individualmente, dupla ou trio.
Entrega até dia 16/09/2021 - final do dia
(via email cybelepsiespindola@gmail.com/cybelepsiespindola@unifor.br)

Questões Discursivas

1)Elabore uma resenha crítica do vídeo: “A Questão do Público e Privado”


-Maria Homem-aproximadamente 13 min. Comente como esses conceitos
são aplicados no contexto dos reality shows (3,0 pontos).
Link do Vídeo
https://www.youtube.com/watch?v=sNYH_SGig7A

Ao longo da história ocidental a divisão entre o público e o privado sempre


esteve marcada por intensos conflitos. Em determinados momentos houve uma
maior incidência de uma dessas esferas sobre a outra. Por exemplo, na
democracia ateniense, onde a vida publica tinha preponderância sobre a
privada, a maior punição sofrida por um cidadão que sobrepusesse suas
vontades (privadas) à esfera pública, era o ostracismo, ou seja, o afastamento
da esfera pública, local onde ocorriam todas as mais importantes relações
interpessoais entre cidadãos esfera mais valorizada naquela época. O espaço
público, no decorrer da história, veio perdendo a importância para o privado. No
Brasil vários autores trataram sobre essa questão, entre eles Gilberto Freyre,
que nos mostrou como as regras do patriarcado, da vida privada, se tornaram
válidas para o mundo privado e Sérgio Buarque de Holanda, que pontuou a
cultura personalística como um mecanismo de fortificar a esfera privada em
detrimento da pública. No vídeo, o cerne da questão tratada por Maria Homem é
o embate entre essas duas forças e, sobretudo, a maior representatividade, nos
dias-atuais, da esfera da vida privada. Se, com o surgimento da modernidade,
segundo Maria Homem, há uma privatização do território subjetivo, há uma linha
que separaria a intimidade do público, há uma porta que separaria a casa da
rua, na contemporaneidade essa demarcação já não é eficaz. O que vem
ocorrendo, e aqui já me reporto ao contexto dos reality shows, por exemplo, o
Big Brother, é o império do plenamente visível, é a excessiva da visibilidade e
em tempo real daquilo que antes pertencia ao espaço reservado dos indivíduos
(algo que Baudrillard chamou de o obsceno, em contraposição à cena). Esse
grande irmão, de Orwell, que tudo vê, esse panóptico foucaultiano que tudo
enxerga, no Big Brother ele é mais um instrumento que difunde o que as
pessoas já estão querendo fazer, que é oferecer o universo privado para o
outro. Há o fetiche de mostrar uma possível autenticidade, uma espécie de real,
aquilo que Alain Badiou identificou no século XX como uma paixão pelo real,
pela coisa em si. No entanto, o que se vê nesses programas é o que Maria fala
de uma montagem narcísica de um Eu ideal para ser aprovado pelo outro, por
quem está vendo. A busca pelo real encontra o realizado, o inexistente coberto
pelo manto cênico de uma alteridade projetada para o processo de visualização,
virtualização, como fetiche do real, do autêntico, do verdadeiro. O hiper-real,
aquilo que atinge um de nossos sentidos, a visão, não é percebido como uma
montagem para o outro e sim como uma porta que se abre para se penetrar na
ilimitada realidade. Desse modo, sustentar essa idealização do Eu, é oferecer a
irrealidade absoluta como presença do real (denominação de Umberto Eco). Há
uma inversão, o que se mostra, e quem se mostra, a imagem, é tida como real,
inverte-se a leitura, o privado é publicizado, a imagem, como disse Slavoj Zizek,
destruiu a nossa realidade.

2)Defina os 4 principais tipos de conhecimento existentes (Senso comum,


científico, filosófico, teológico). Em seguida, discorra se há uma
hierarquia? Algum conhecimento é considerado superior, mais importante
que os outros? Argumente seu ponto de vista (2,5 pontos).
1. Senso Comum: O senso comum é o espaço do cotidiano, das experiências
individuais e ou coletivas. É um conjunto de regras pautadas no conhecimento
intuitivo, espontâneo, formulado a base de tentativas e erros, ou da observação,
da tradição, da oralidade e ou ancestralidade, é uma visão-de-mundo que
produz teorias práticas e simplificadas de como lidar com questões da vida. Isso
não o torna um conhecimento menor, se o traduzimos em um paradigma
indiciário, baseado na semiótica, como Carlo Ginzburg o fez.

2. Conhecimento Científico: No decorrer da história da humanidade o


conhecimento advindo do senso comum não foi suficiente diante do avanço
civilizacional. O crescimento das cidades, a expansão urbana, em suma, a
chegada do antropoceno, traz em seu bojo um conjunto de coisas boas e más.
O desenvolvimento urbano e social trouxe também guerras e doenças, eventos
que precisaram de outro tipo de conhecimento, um que fosse produzido a partir
do chamado progresso civilizatório, o conhecimento científico. O conhecimento
científico se refere a um corpo de conhecimentos obtidos por métodos baseados
na observação sistemática.

3. Conhecimento Filosófico: A Filosofia é uma palavra grega, isso não quer dizer
que ela tenha nascido na Grécia, mas que uma forma, um modo de
pensamento, de saber, gestou-se geograficamente lá e o Ocidente apoderou-se
dessa origem, dizendo que a filosofia nasceu entre os gregos. Um pensamento
filosófico, uma busca pela compreensão da realidade, uma avaliação do real, da
vida, uma investigação acerca da verdade, uma reflexão sobre o Todo, o Ser,
esse tipo de pensamento ocorreu em todas as partes do mundo, aqui no Brasil,
por exemplo, entre nossos índios. No entanto, numa certa tradição ortodoxa do
pensamento ocidental, a origem desse tipo de conhecimento é grega. Segundo
Aristóteles, os primeiros mitólogos foram os primeiros filósofos, foram aqueles
que buscaram entender e verbalizar (explicar) a origem das coisas.

4. Conhecimento teológico: O conhecimento teológico, ou o conhecimento


baseado em crenças, também é cosmopolita, sempre foi. Encontramos entre
povos no Oriente e no Ocidente. Se pegarmos o ramo judaico-cristão podemos
observar que esse tipo de pensamento é formado a partir do mito de uma
deidade (monoteísmo), que criou tudo, a terra, o universo e os homens e
baseado em um conjunto de narrativas sobretudo de cunho moral, o
pensamento judaico-cristão buscou colocar o conhecimento racional a serviço
da fé.
Provável hierarquia: Toda espécie de conhecimento, o artístico, científico,
filosófico, ancestral, religioso, antropológico, sociológico, enfim, forma um
rendilhado de séries históricas, de práticas discursivas e não-discursivas, de
experiências humanas, de produção de sentidos e significados, que,
entrelaçados, formam uma rede de relações humanas. Essa renda, essa trama,
é tecida, urdida por subjetividades, formam vestígios, sinais do que fomos e
somos, e todas elas nos explicam, a partir do momento que somos o que
fizemos e fazemos.

Ponto de vista: Infelizmente ainda se pensa, dentro e fora dos muros


acadêmicos, de forma europeizada. Fala-se de uma antiguidade, uma idade
média, de uma modernidade e não se diz que tudo isso são mitos, tipos de
conhecimento que se gestaram numa Europa e para dar sentido a eles. No
entanto universalizamos e até mesmo essencializamos o conhecimento. As
narrativas sobre o mundo dizem quem somos, mas nós não sabemos, muitas
vezes, quem somos, o que fizemos, que tipos de conhecimentos nossos
ancestrais urdiram. Sabemos das revoluções, conhecemos (ou dizemos que
conhecemos) as características dos pensamentos teológicos, científicos,
filosóficos e, no entanto, apenas reproduzimos aquilo que nos mandaram repetir
como nossos conhecimentos, mas que, na realidade, era e são deles. Uma vez
ouvi de Ariano Suassuna que o teatro grego nasceu na Grécia, mas que
também entre nossos povos indígenas tivemos manifestações teatrais, portanto,
o teatro não nasceu lá, o que houve lá, naquela geografia, foi uma manifestação
cultural grega, que não podemos e nem devemos universalizar.

3) Figueiredo (2014) aponta que o interesse em conhecer cientificamente o


“psicológico” surge devido a duas condições: A experiência da
subjetividade privatizada e a experiência da crise da subjetividade
privatizada. Tomando por base essa proposição de Figueiredo (2014),
responda o item abaixo (2,0).
(Fonte: FIGUEIREDO, L. C. M., SANTI, P. L. R. Psicologia: Uma (nova)
introdução. São Paulo: Educ, 1997).
a)Aponte e descreva pelo menos três condições históricas que viabilizaram o
surgimento da “experiência da subjetividade privatizada” na modernidade. Por
que o homem da Idade Média não poderia ter criado a Psicologia?

1. O Renascimento, por oposição ao período medievo. O homem da idade


média tinha seu pensamento atrelado, subjugado, a uma ordem superior
universal e metafísica que, moralmente, o constrangia, o dirigia e o punia. O
Renascimento foi a primeira época que elegeu livremente um passado,
conforme Ágnes Heller, ele resgata a antiguidade grega na arte, arquitetura,
filosofia e, com isso, constrói um novo modo de ser. O Homem Vitruviano,
símbolo artístico dessa época, invoca Protágoras, o sofista, quando disse que o
homem seria a medida de todas as coisas. O mundo, de certa forma, foi
dessacralizado e o homem passou a ser, em tese, o centro do universo.

2. No século XVI surgem com mais ênfase, personagens, reais ou fictícios nas
artes, na literatura e isso contribuiu para a construção da interioridade dos
leitores. O surgimento da imprensa. A difusão da leitura silenciosa, que
possibilitou a independência do controle de leituras comunitárias.

3. Por fim, a valorização da interioridade, a valorização do Eu, que se pode


observar em Michel de Montaigne, em seu livro Ensaios, em que ele dá um
testemunho clássico da valorização da interioridade.

O homem medievo, de modo geral, tinha seu pensamento guiado e restringido


pela crença, pela fé. O corpo, os desejos, pensamentos, todos os sentidos
eram, de certo modo, tolhidos, pelo critério cristão. A vontade individual deveria
ser corrigida aos preceitos do mito cristão. O homem estava em consonância
com uma ordem universal, um deus onipresente e onipotente. Ali, naquele
período histórico, não havia o sentimento de sujeito, de individualização, de
subjetividade e, portanto, não pôde ali ser o tempo da criação da psicologia.
4) Psicologia ou Psicologias? Debatam essa questão (1,5).

Para o senso comum, quando se fala em psicologia somos direcionados às


mais diversas situações, por exemplo, a psicologia do senso comum é posta
quando alguém diz o que pensa a respeito de uma atitude do outro, quando
uma pessoa ouve os problemas de outras e emite opiniões, enfim, para o senso
comum, age como psicólogo aquele que sabe ouvir e emitir conselhos que
sejam interpretados como bons, ou sábios. O que importa é a praticidade da
solução para o problema. No entanto, isso não é psicologia, é uma forma de
explicar algo com o termo psicologia, mas não se trata, logicamente, da
psicologia enquanto ciência.
A psicologia enquanto ciência, estuda o ser humano e tem como objeto

Questão Objetiva

5) Penna (2000) afirma que Epistemologia significa: “Reflexão sobre a


natureza do conhecimento, suas formas, suas características, suas
origens, seus limites, seus obstáculos e, sobretudo, sobre o tema da
verdade” (p. 17). Ao investigar a epistemologia da Psicologia, Abib (2009),
discute duas perspectivas possíveis: a “epistemologia unitária” e a
“epistemologia pluralizada”. Com base nestas duas perspectivas sobre
epistemologia, avalie as afirmações a seguir (valor da questão: 1,0 ponto)

I - Da perspectiva da epistemologia unitária, o que conhecemos como história


da psicologia é, na verdade, uma pré-história desta disciplina, afinal, sua história
como ciência iniciará no momento em que ela adquirir unidade.

II – Considerando a perspectiva da epistemologia unitária, a psicologia pode ser


considerada como ciência.

III – Considerando a perspectiva da epistemologia pluralizada, a história da


psicologia é história da cultura, ou seja, é história das tradições de pensamento
psicológico e filosófico, é história das ideias.
IV – Como projeto científico, já no seu ponto de partida, a psicologia é plural, por
isto, a perspectiva da epistemologia pluralizada considera que a psicologia não
é uma ciência.

É correto apenas o que se afirma em:

a) II

b) III

c) I e III

d) I e IV

e) II e IV

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