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JUIZ DE FORA NO CONTEXTO DA ESCRAVIDÃO E DO IMPÉRIO: A

CONSTITUIÇÃO DE UM NÚCLEO URBANO OITOCENTISTA E A SUA


GRADUAL TRANSFORMAÇÃO EM UM IMPORTANTE CENTRO
MERCANTIL E MANUFATUREIRO – 1830/1880

Luís Eduardo de Oliveira – Doutorando PPGH-UFF.

Resumo: Entre as décadas de 1830 e 1840, Santo Antonio do Juiz de Fora e seus
arredores de rústicos pontos de abastecimento de tropas transformaram-se em pólo de
produção de café, em função dos elevados preços alcançados por esse produto, da
disponibilidade de áreas para o seu cultivo e da oferta regular de mão-de-obra escrava.
Esta comunicação analisa os vínculos da expansão da cafeicultura em tal região mineira
com o processo de modernização conservadora responsável, na segunda metade do
século XIX, pela consolidação do distrito-sede desse município como o principal núcleo
urbano, comercial e manufatureiro do complexo agroexportador da Zona da Mata.

Palavras-chaves: cafeicultura, modernização conservadora, Juiz de Fora – MG.

Abstract: It enters the decades of 1830 and 1840, Santo Antonio do Juiz de Fora and its
outskirts of rustic points of supplying of troops they had been changedded into region of
coffee production, in function of the raised prices reached for this product, of the
availability of areas for its culture and of it offers to regulate of enslaved workforce.
This communication analyzes the bonds of the expansion of the coffee culture in such
region with the modernization conservative process responsible, in the second half of
century XIX, for the consolidation of the district-headquarters of this borough as the
main urban, commercial and manufacturing nucleus of the coffee exporter complex of
the Zone da Mata.

Keywords: coffee culture, modernization conservative, Juiz de Fora - MG.

No final da década de 1880, a exemplo do que fez nos mais importantes centros
urbanos mineiros da época, o jornalista M. Charles Morel percorreu Juiz de Fora e
coletou diversas informações para compor o opúsculo Province de Minas, um dos
diversos guias sobre as províncias brasileiras editados em 1888 pelo L’Etoile du Sud,
periódico em língua francesa que circulava então no Rio de Janeiro. 1 Eis, em síntese, a
opinião do visitante francês sobre a “primeira das cidades de Minas”, particularmente
no momento em que a escravidão deixava de ser a forma fundamental de relações de
trabalho no país:

1
Ver “L’Etoile du Sud – Revue commerciale, financière et marititime”. In: Almanak Laemmert - Almanak
Administrativo, Mercantil e Industrial do Rio de Janeiro – 1889, p. 1959. Disponível:
http://brazil.crl.edu/bsd/bsd/almanak/al1889/00001696.gif. Capturado on-line em: 12 de dez. 2005.
“Vamos nos ocupar da cidade que tem ultimamente realizado mais progresso no
estado de Minas. (...) Dista 276 Km do Rio de Janeiro, pela antiga estrada de ferro D.
Pedro II, 230 Km, mais ou menos, de Ouro Preto (...) No seu seio, nota-se o
movimento, a atividade de todo um povo devorado pela sede de progresso. (...) A sua
principal produção é o café, que se cultiva em larga escala. (...) A sua indústria, de
mais a mais, progride. Já existem estabelecimentos fabris em que a força motora é o
vapor, assim como oficinas de construção de primeira ordem. (...) São em grande
número as lojas de fazendas, de modas, assim como os armazéns de gêneros
alimentícios e de molhados.(...) Numerosos, igualmente, os relojoeiros, os joalheiros,
os carpinteiros, os marceneiros, entre os quais há verdadeiros artistas, cujos trabalhos
nada deixam a desejar. (...) Acreditamos firmemente que o futuro da bela cidade será
brilhante. Durante os últimos anos, tal tem sido o seu desenvolvimento que nada mais
poderá detê-lo.” 2

Cerca de cinco anos depois, em 1893, estas impressões positivas e otimistas


sobre a cidade e seus habitantes foram atestadas e atualizadas por outro representante da
imprensa carioca, que, revelando uma fina sintonia com o discurso das elites de Juiz de
Fora, descreveu o distrito-sede do município da seguinte forma:
“Juiz de Fora é uma cidade de grande futuro, nela há vida e animação, e por toda a
parte se nota o poder da iniciativa particular. Para qualquer ponto que se dirija, o
visitante encontra uma prova de esforço e de trabalho inteligente de seus habitantes;
há nela fábrica de tecidos, de chapéus, de calçados, de marcenaria e outras, belos
edifícios públicos e particulares, e muitos outros motivos para atrair a atenção e
convencer do empenho que está a população de engrandecer a bela cidade, iluminada
pela eletricidade, de largas e direitas ruas, que só têm o inconveniente de não serem
calçadas, mas que estão em grande parte arborizadas.” 3

Estes dois trechos de elogios à Juiz de Fora e seus moradores - publicados num
período em que a abolição formal do trabalho escravo, a instituição do regime
republicano e a intensificação da atividade cafeeira na Zona da Mata impulsionaram
fortemente o desenvolvimento populacional, comercial e manufatureiro do núcleo
urbano de seu município-pólo - fornecem-nos um quadro deveras eloqüente das
transformações sócio-econômicas em curso nessa cidade oitocentista no decisivo
momento de sua passagem para a ordem capitalista. Na verdade, o dinamismo e o vigor
que se assiste então nessa urbe mineira é fruto do recrudescimento de um processo de
modernização iniciado bem antes, entre as décadas de 1860 e 1870, e cujos aspectos
mais significativos procurarei descrever e analisar no decorrer da presente comunicação.

2
Ver Annuario de Minas Gerais. Belo Horizonte, Ano V, 1913, pp. 495-497.
3
Ver “Juiz de Fora”, O Pharol, Juiz de Fora - MG, 29/01/1893, p. 1.

2
Os primeiro núcleos colonizadores da região hoje ocupada pelo município Juiz de
Fora, na porção oeste da Zona da Mata mineira, foram organizados nas décadas iniciais
do setecentos, concomitantemente com o começo da distribuição oficial de sesmarias
nas terras que margeavam o Caminho Novo das Minas. Tal política fundiária objetivava,
sobretudo, garantir o cultivo de alimentos para o abastecimento regular de tropeiros,
muares, escravos e soldados que transitavam por aquela que havia se tornado, então, a
principal via de circulação de pessoas, riquezas e mercadorias entre Diamantina, Ouro
Preto e o Rio de Janeiro. 4 O baixo valor venal de tais sesmarias e o prestígio que elas
conferiam aos seus detentores junto às autoridades coloniais possibilitaram que, na
segunda metade do século XVIII, a atual área central da cidade se tornasse parte
integrante de um único grande latifúndio, primeiro sob o domínio de Antonio Vidal e
seus filhos e depois sob o controle de Antônio Dias Tostes. Após 1812, este último
potentado se tornou o senhor deste imenso patrimônio territorial, composto por diversas
fazendas e um significativo número de terrenos incultos – terrenos estes que só serão
explorados com maior intensidade com a gradativa formação de unidades cafeeiras no
povoado e em suas redondezas. 5
Na verdade, esta grande extensão de terras abrangia quase todo o primitivo
arraial de Santo Antonio do Juiz de Fora, que, entre os anos de 1791 e 1850, esteve
submetido jurídica e administrativamente à vila de Barbacena. A partir do terceiro
decênio do oitocentos, o café já aparece como cultura subsidiária em diversas
propriedades circunvizinhas daquele povoado, que até então se dedicava mais fortemente
à produção de gêneros alimentícios e à criação de animais. Na década seguinte, no
entanto, a produção cafeeira intensifica-se na região, ao que tudo indica, sob influência
direta das áreas vizinhas do Vale do Paraíba Fluminense, onde desde o início do século
XIX o cultivo deste produto de exportação experimentava uma franca e vigorosa
expansão.

4
Ver Angelo Alves Carrara. As Zonas da Mata de Minas de Minas Gerais, I Seminário de História
Econômica e Social da Zona da Mata Mineira, Juiz de Fora: CES/JF, CR-ROM, 2005 e Rita Almico,
Fernando Lamas e Luiz Fernando Saraiva. A Zona da Mata Mineira: subsídios para uma historiografia, V
Congresso Brasileiro de História Econômica e 6º Conferência Internacional de História de Empresas.
Caxambu: ABPHE, 2003.
5
Ver Sonia Regina Miranda. Cidade, capital e poder: políticas públicas e questão urbana na velha
Manchester Mineira. Dissertação de Mestrado, Niterói : UFF, 1990, pp. 85-92 e Mônica Ribeiro de
Oliveira. Negócios de famílias: mercado, terra e poder na formação da cafeicultura mineira, 1780-1870.
Bauru / Juiz de Fora: Edusc / Funalfa, 2005, pp. 58-59.

3
Mônica Ribeiro de Oliveira ressalta que ao passo que o café produzido no Vale
Paraíba Fluminense alcançava preços cada vez melhores nos mercados internacionais, o
produto afigurava-se como a grande oportunidade de investimento e ascensão ao status
de grande proprietário de terras e escravos nas áreas vizinhas da Zona da Mata mineira –
sobretudo, nos arredores dos atuais municípios de Juiz de Fora, Matias Barbosa, Mar de
Espanha, Rio Preto e Além Paraíba. Neste sentido, os dados estatísticos apresentados
pela autora apontam para o aumento contínuo da produção e da rentabilidade do produto
no segundo quartel do século XIX:
“No período de 1829/30, Minas já exportava 81.400 arrobas, no valor de
148:500$000, representando um aumento na ordem de 735% comparado ao decênio
anterior. Dez anos mais tarde, a safra de 1839/40 registrou 243.473 arrobas,
correspondendo a um aumento de 300% e para o decênio seguinte, 1850/51, a
produção mais que triplicou na ordem de 900.597 arrobas, com a Zona da Mata
responsável por mais de 99% da exportação total mineira.” 6

Desta forma, entre as décadas de 1830 e 1840, Santo Antonio do Juiz de Fora e
seus arredores de rústicos pontos de abastecimento de tropas transformaram-se,
gradativamente, em pólo de produção cafeeira, em função não apenas da disponibilidade
de áreas para o cultivo e dos elevados preços alcançados pelo café nos mercados
externos, como também da oferta regular de mão-de-obra, garantida pelo intenso e
lucrativo tráfico inter e intraprovincial de escravos, e da imposição de um regime
fundiário baseado na grande propriedade, que possibilitou uma brutal concentração de
terras e de renda nas mãos de um grupo restrito de fazendeiros. 7 Foi também durante
esses anos, por outro lado, que naquele antigo arraial ocorreu a definição de um espaço
para assumir características tipicamente urbanas, dentro de um território até então
dividido em sesmarias. Contribuiu decisivamente para tal processo de urbanização a
construção do trecho local da Estrada Nova entre os pontos hoje conhecidos como
Benfica (zona norte) e a colina do Alto dos Passos (zona sul). A execução de tal obra
resultou, de imediato, na transferência do crescente fluxo regional de tropeiros para o
lado direito do rio Paraibuna e na formação de um novo núcleo de povoação às margens

6
Ver Mônica Ribeiro de Oliveira. Op. cit., pp. 60-61.
7
Ver Cláudio Heleno Machado. Tráfico interno de escravos na região de Juiz de Fora na segunda metade
do século XIX, I Seminário de História Econômica e Social da Zona da Mata... Op. cit.; Rômulo
Andrade. Escravidão e Cafeicultura em Minas Gerais: O Caso da Zona da Mata, Revista Brasileira de
História, São Paulo: ANPUH, vol. 11, n. 22, mar./ago. 1991, pp. 93-131 e Luiz Fernando Saraiva.
Estrutura de Terras e transição do trabalho em um grande centro cafeeiro, Juiz de Fora, 1870-1900,
Revista Científica da FAMINAS, Muriaé: FAMINAS, vol. 1, n. 2, mar./ago. 2005, pp. 192-196.

4
dessa via, que se configurou no principal eixo de desenvolvimento sócio-econômico do
distrito-sede do município nas décadas seguintes à sua instalação. 8
Com efeito, ao longo dos anos de 1840 e 1850 os mais destacados integrantes da
aristocracia agrária e escravista, que se cristalizara na região, empreenderam variadas
ações para obter a autonomia política do povoado e dotá-lo do aparelho administrativo e
da infra-estrutura indispensáveis à definição de seu status urbano. Interessava-lhes,
sobretudo, a rápida configuração e desenvolvimento do espaço que elegeram para
investir e multiplicar parte significativa de seus capitais e, concomitantemente, exercer o
controle social sobre uma população livre e cativa que crescia em ritmo acelerado, ao
passo que se envolvia com atividades cada vez mais especializadas, complementares ou
não à base agrária.
As informações censitárias disponíveis para o período confirmam esse acelerado
processo de incremento e diversificação sócio-profissional dos habitantes do lugar. De
acordo com dados compilados por Mônica Ribeiro de Oliveira, a partir de mapas
populacionais da província e do município, em 1833-1835 o antigo arraial de Santo
Antonio do Juiz de Fora possuía uma população de 1.532 pessoas, das quais 538 eram
livres e 949 eram cativas. Já em 1855, como uma das conseqüências diretas da
intensificação da atividade cafeeira na região, o número total de habitantes saltou para
6.466 indivíduos, sendo 2.441 livres e 4.025 escravos – o que aponta para um
incremento populacional médio da ordem de 16,10% ao ano. 9
II

Em 1850, como afinal desejavam suas elites, o distrito de Santo Antônio do Juiz
de Fora foi desmembrado administrativamente de Barbacena e elevado à categoria de
vila com a denominação de Santo Antônio do Paraibuna. No entanto, somente três anos
depois houve a instalação e o início da primeira legislatura da Câmara Municipal da
futura cidade de Juiz de Fora, que nesse momento, como sugere uma descrição presente
no Annuario Historico-Chorographico de Minas Geraes de 1909, “não passava de uma

8
A Estrada Nova ou do Paraibuna ligava Ouro Preto à Paraibuna, arraial situado na divisa das províncias
mineira e fluminense, a partir de trechos aproveitáveis do Caminho do Ouro e da construção de variantes
deste, como a reta à margem direita do Rio Paraibuna, que cortava e valorizava boa parte das terras de
Antônio Dias Tostes e em torno da qual, desde então, se desenvolverá o núcleo urbano de Juiz de Fora.
Ver Sonia Regina Miranda. Op. cit., p. 89.
9
Ver Mônica Ribeiro de Oliveira. Op. cit., pp. 198-200.

5
povoação modesta, cujas construções, levantadas sobre um vasto pântano” abrigavam
um comércio ainda pouco diversificado, embora em franco crescimento. 10
Em abril de 1853, destarte, no momento que o poder legislativo local era
instalado, seus primeiros ocupantes apreciaram a um “minucioso plano de arruamento da
vila, com aproveitamento das poucas vias já existentes”, do qual constavam três praças,
dezesseis ruas transversais e duas paralelas ao grande eixo norte-sul, que correspondia à
parte do trecho local da Estrada do Paraibuna. Cerca de sete anos depois, os vereadores
encomendaram uma nova planta cadastral para a cidade, que além de regularizar o
alinhamento de ruas mal delineadas, projetou novas vias e delimitou a região central
através de um triângulo formado pela Rua Direita (atual Avenida Barão do Rio Branco),
Rua do Imperador / Estrada União e Indústria (hoje Avenida Getúlio Vargas) e pela rua
Espírito Santo, que ainda preserva sua denominação original. 11
Nas décadas posteriores, conseqüentemente, tais terrenos – que ainda hoje
correspondem aos principais quarteirões do centro comercial e financeiro de Juiz de Fora
– se valorizarão continuamente, uma vez que nesse espaço se concentrarão tanto as
atividades mercantis e industriais, quanto parte significativa da população do distrito-
sede do município. Será ainda nessa área central em que, ao longo da segunda metade
do século XIX e nos primeiros decênios do século seguinte, ocorrerá um maior grau de
inversão em serviços urbanos, notadamente aqueles que se destinavam à garantia do bem
viver e à manutenção da supremacia social, política e econômica das classes dominantes
do lugar. 12
Entre 1853 e 1872 a população da freguesia de Santo Antonio do Paraibuna -
que englobava os moradores da cidade, dos povoados e das áreas rurais do distrito-sede
do município de Juiz de Fora -, experimentou um notável crescimento de 190,36%,
passando de 6.466 para 18.775 pessoas, numa média de 10,02% ao ano. No mesmo
período, como demonstram os dados compilados na Tabela 01, o incremento anual
médio da população livre (19,76%) foi bastante superior ao da população cativa (4,11%)

10
O distrito de Santo Antonio de Juiz de Fora foi elevado à categoria de vila a 31 de maio de 1850, por lei
provincial nº 472. Os foros de cidade, sob a designação de Paraibuna, e o topônimo Juiz de Fora,
decorrem de outras duas leis provinciais, respectivamente: a de número 759, de 2 de maio de 1856, e a de
número 1.262, de 19 de dezembro de 1865. Ver Annuario Historico-Chorographico de Minas Geraes -
1909 (Anno III). Belo Horizonte, 1909, pp. 569-570 e Esteves Albino. Álbum do município de Juiz de
Fora. Belo Horizonte: Imprensa Oficial, 1915, pp. 54 e 63.
11
Ver Luiz Alberto do Prado Passaglia. A preservação do patrimônio histórico de Juiz de Fora – medidas
iniciais. Juiz de Fora: PJF / IPLAN, 1982, pp. 36-39 e LESSA, Jair. Juiz de Fora e seus pioneiros (do
Caminho Novo à Proclamação). Juiz de Fora: UFJF / Funalfa, 1986, pp. 59-63 e 80-84.
12
Ver Sonia Regina Miranda. Op. cit., pp. 89-98.

6
nessa freguesia, que, em menos de duas décadas, elevou sua participação percentual no
total de habitantes recenseados no município de 29,29% para 44,01%. 13

TABELA 01 – EVOLUÇÃO DO CRESCIMENTO POPULACIONAL DA


CIDADE E DO MUNICÍPIO DE JUIZ DE FORA – 1853-1872
1853 1872
Segmentos da população
Cidade Município Cidade Município

Nacionais 7.153
2.441 9.033 23.518
Livres

Estrangeiros 4.451

Escravos 4.025 13.037 7.171 19.141

Total 6.466 22.070 18.775 42.659

Fontes: Antonio Henrique Duarte Lacerda. Op. cit., pp. 52-54 e “Quadro Geral da população da paróquia
de Santo Antônio do Juiz de Fora”, Recenseamento da População do Império do Brasil de 1872. Rio
de Janeiro, 1872, p. 1027. Disponível em: http://biblioteca.ibge.gov.br/colecao_digital_publicacoes.php.
Capturado on-line em: 01 ago. 2006.

Marco fundamental tanto para o incremento e diversificação da população


quanto das atividades urbanas no município, nessas décadas, foi a constituição de um
sistema viário tecnologicamente avançado para a época e que possibilitou uma
interligação eficaz entre Juiz de Fora e o Rio de Janeiro, inicialmente através da
Rodovia União e Indústria, inaugurada em 1861, e, cerca de catorze anos depois pelos
trilhos da Estrada de Ferro D. Pedro II. 14 Tais empreendimentos, em primeiro lugar,
abriram novos horizontes à cafeicultura da Zona da Mata, permitindo o escoamento
regular e em larga escala de uma produção que, como indicam os dados coligidos na
Tabela 02, continuou expandindo-se vigorosamente até 1926, beneficiada não apenas

13
Tais índices, por sua vez, apontam para a um vigoroso processo de urbanização iniciado ainda nos anos
de 1840, processo este que se acentuará no decorrer do último quartel do século XIX. Ver Antonio
Henrique Duarte Lacerda. Os padrões das alforrias em Juiz de Fora, um município cafeeiro em
expansão (Zona da Mata de Minas Gerais,1844-88). Dissertação de Mestrado, Niterói: UFF, 2002, p. 47 e
Mônica Ribeiro de Oliveira. Op. cit., pp. 200-201.
14
A Rodovia União e Indústria, ligando Juiz de Fora à Petrópolis (desse ponto para os portos do Rio de
Janeiro a viagem continuava pela antiga estrada da serra da Estrela e, em seguida, pelos 14,5 Km de
trilhos da E. F. Mauá), foi construída entre 1855 e 1861 pela Companhia União e Indústria (CUI), criada
em 1853. Em 1875, por outro lado, Juiz de Fora passou a ser servida também pela “Linha do Centro” da
Estrada de Ferro D. Pedro II, que a partir de Barra do Piraí “descia” o Vale do Paraíba Fluminense até
Entre-Rios (hoje Três Rios), de onde “subia” em direção à Minas, em trajeto mais ou menos paralelo ao da
Rodovia União e Indústria. Ver Luiz José Stehling. Juiz de Fora, a Companhia União e Indústria e os
alemães. Juiz de Fora: FUNALFA, 1979, pp. 121-145.

7
pela facilitação do transporte, como também pela disponibilidade de terras e de mão-de-
obra, mesmo após a Abolição, e a organização de um sistema creditício e financeiro
vinculado aos interesses dos cafeicultores da região. 15

TABELA 02 – PARTICIPAÇÃO DA PRODUÇÃO CAFEEIRA DA ZONA DA


MATA NA PRODUÇÃO DO ESTADO DE MINAS GERAIS – 1847/1848 – 1926
Produção em arrobas
Período %
Minas Gerais Zona da Mata

1847/1848 745.381 743.707 99,77

1850/1851 900.264 898.184 99,76

1886 5.776.866 4.316.067 74,71

1888 5.047.600 4.433.800 87,83

1903/1904 9.404.136 5.993.425 63,73

1926 12.793.977 9.105.543 71,77

Fonte: Anderson José Pires. “Café e indústria em Juiz de Fora: uma nota introdutória”. In: Juiz de Fora
história, texto e imagem. Juiz de Fora: FUNALFA Edições, 2004, p. 33.

A construção da União e Indústria, com seus vários ramais, a chegada dos trilhos
da ferrovia D. Pedro II e o estabelecimento de uma malha ferroviária na Zona da Mata
mineira, capitaneada pela Estrada de Ferro Leopoldina, por outro lado, contribuíram
também para que Juiz de Fora se configurasse, nos últimos três decênios do século XIX,
como um dos mais importantes entrepostos comerciais do estado. 16 Isto porque, durante
quase todo esse período, parte significativa dos produtos exportados e importados por
diversas regiões de Minas Gerais (centro, oeste, parte do sul e da Zona da Mata) e de
Goiás tinha que passar pela cidade, permitindo que nela se desenvolvesse um vigoroso

15
Ver Anderson José Pires. Capital Agrário, Investimento e crise na cafeicultura de Juiz de Fora (1870-
1930). Dissertação de Mestrado. Niterói: UFF, 1993 e Luiz Fernando Saraiva. Estrutura de Terras e
transição... Op. cit., pp. 185-189.
16
Além dos 144 quilômetros macadamizados e carroçáveis da Rodovia União e Indústria, a Companhia
União e Indústria construiu também, até 1868, outros quatro ramais (Posse-Aparecida, Serraria-Mar de
Espanha, Paraibuna-Flores e Juiz de Fora-Ubá), com 264 quilômetros de caminhos vicinais interligando
aquela estrada-tronco às mais importantes áreas cafeeiras do Vale do Paraíba Fluminense e da Zona da
Mata mineira. Ver STEHLING, Luiz José. Op. cit., p. 143 e Peter Blasenhein. “Uma história regional: a
Zona da Mata Mineira (1870-1906)”. In: V Seminário de Estudos Mineiros – A República Velha em
Minas. Belo Horizonte: UFMG/PROED, 1982, pp. 77-79.

8
comércio varejista e atacadista e, ao mesmo tempo, inúmeras atividades manufatureiras.
Como conseqüência, desde meados da década de 1860 o distrito-sede do município
passou a aglutinar grandes interesses, tornando-se a partir de então palco de vultosos
negócios, de intensa circulação de mercadorias e acumulação capitais. 17
Entre 1870 e 1877, o número de estabelecimentos mercantis e manufatureiros e de
profissionais em exercício na cidade aumentou cerca de 67%, saltando de 189 para 316,
verificando-se nesse mesmo período uma significativa diversificação dos ramos de
negócios, serviços e produção. Como conseqüência não apenas desse incremento das
atividades econômicas urbanas, mas sobretudo em função do crescimento da cafeicultura
na região, na passagem da década de 1870 para a seguinte, Juiz de Fora passou a ser o
primeiro município arrecadador de impostos da província, superando São João Del-Rei e
Ouro Preto. 18

III

Todo esse processo de diversificação e crescimento econômico refletiu-se na


ampliação e melhor estruturação da área central de Juiz de Fora, que a partir das
décadas de 1870 e 1880, em especial, passou a contar com importantes equipamentos de
uso coletivo e recebeu sucessivos melhoramentos, implementados tanto pela
municipalidade quanto por concessionários e investidores particulares. A este respeito, é
deveras valioso o esclarecimento de Sonia Regina Miranda de que, até o início
República, a Câmara Municipal não dispunha de autonomia financeira e administrativa
completa em relação aos demais níveis governamentais, sendo por isso obrigada a
restringir suas funções ao estabelecimento de um código de posturas e aos cuidados com
a forma e o embelezamento da cidade. 19
Portanto, em muitas atividades – como nas obras de saneamento, construções de
estradas e pontes, iluminação a querosene e instalação de chafarizes e reservatórios
d’água, por exemplo -, a ação da Câmara local vinha, na verdade, a reboque da iniciativa
particular, tutelando-a e consagrando um modelo de consumo privilegiado dos serviços
públicos. Por outro lado, parte da infra-estrutura ligada à modernização do núcleo urbano

17
Ver Maria Carlota Paula. As Vicissitudes da Industrialização Periférica: o caso de Juiz de Fora (1930-
1970). Dissertação de Mestrado. Belo Horizonte: UFMG, 1976, pp. 60-62; Anderson José Pires. Capital
Agrário, Investimento ... Op. cit., pp.110-113 e Domingos Giroletti. Industrialização de Juiz de Fora
(1850-1930). Juiz de Fora: EDUFJF, 1987, pp. 28-35 e 46-47.
18
Domingos Giroletti. Op. cit., pp. 47-51.
19
Ver Sonia Regina Miranda. Op. cit., pp. 99-106.

9
do município, especialmente na década de 1880, foi viabilizada a partir de concessões
imperiais ou provinciais a grupos ou capitalistas privados – como são os casos do bonde
com tração animal, da telefonia e da iluminação elétrica.
Convém também frisar, nesta mesma perspectiva, que tais medidas e ações
destinavam-se não apenas à criação de condições infra-estruturais para o
desenvolvimento das atividades agrícolas, comerciais e manufatureiras no município,
como também a aproximar sua sede política e administrativa dos padrões, valores e
avanços tecnológicos das potências capitalistas européias, notadamente os que se
relacionavam à forma, funcionalidade, segurança e salubridade do espaço urbano
utilizado pelos segmentos mais abastados e socialmente influentes da população local –
segmentos estes que procuravam através desse esforço modernizador, em última
instância, conservar e reforçar constantemente a supremacia sócio-econômica que
exerciam sobre a cidade e a região. Afinal, como ressalta James William Goodwin Jr.,
particularmente entre 1853 e 1888:
“Não apenas pelo reconhecimento da Corte trabalha a elite política de Juiz de Fora.
Seus esforços objetivam, principalmente, a transformação da Cidade do Juiz do Fóra
num símbolo do seu poder e do sucesso de seu estilo de vida – leia-se, da economia
cafeeira de exportação, baseada na exploração do trabalho escravo. A pretensão é
tornar o centro urbano um lugar atraente, para o bem viver de uma elite poderosa e
em sintonia com as modernas noções de higiene, planejamento urbano, transporte,
cultura e segurança. Uma cidade moderna, uma cidade oitocentista.” 20

Nelson Lage Mascarenhas, por sua vez, ao procurar reconstituir o cenário sócio-
econômico e o ambiente político encontrado por seu avô, Bernardo Mascarenhas,
quando este se transferiu para Juiz de Fora com vultosos capitais e planos para
multiplicá-los em negócios variados, associando-se para tanto a potentados e
investidores locais, não se absteve de realçar também a contradição fundamental que
envolvia esse “adiantado” centro urbano mineiro por volta de 1887:
“Juiz de Fora se engrandecera, se enfeitara, tinha requintes de luxo. Os homens
abastados da terra construíam palacetes na cidade e dividiam o tempo entre as
fazendas, por ocasião das colheitas, a Corte e não raro a Europa. A atividade agrícola
dos grandes do lugar criara extensa nobreza rural, com hábitos aristocráticos. (...) Os
estabelecimentos comerciais eram bem sortidos e, revelando a influência da época,
crismavam-se com nomes franceses. (...) Ao lado desse progresso, em contraste
chocante, apareciam os avisos sinistros de escravos fugidos: Lourenço, crioulo, de 35
anos, boa prosa; Joaquim, preto, 18 anos, boa presença; Cristino, preto, 19 anos,
descanelado, corpo fino, levou roupa de riscado; Cipião, preto, 35 anos, pouca barba,
20
Ver James William Goodwin Jr., A modernidade como projeto conservador: a atuação da Câmara
Municipal em Juiz de Fora (1850-1888), Locus: revista de história. Juiz de Fora: UFJF, vol. 3, n. 1, pp.
126-127 e GENOVEZ, Patrícia Falco. As malhas do poder: as elites de Juiz de Fora na segunda metade
do século XIX. Dissertação de Mestrado. Niterói: UFF, 1996.

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tem falta de um dedo em um dos pés; Pedro, preto, 27 anos, fala descansada, e já com
cabelos branco... E no fim do anúncio o prêmio abjeto: ‘Quem o apreender e levar à
fazenda acima será gratificado com a quantia de 100$000, e pondo em qualquer
cadeia e avisando, com 50$000’.” 21

De fato, às vésperas da Abolição os cafeicultores da região agarravam-se feroz e


intransigentemente ao escravismo, ao mesmo tempo em que aumentavam a inversão de
seus capitais agrários em um espectro bastante variado de negócios, investimentos e
propriedades no distrito-sede de Juiz de Fora, dando provas assim de sua extrema e não
menos intrigante “racionalidade econômica”. Em 1886, com efeito, havia naquele
município 20.905 cativos, enquanto na Zona da Mata e em Minas Gerais concentravam-
se, respectivamente, 101.588 e 286.497 mancípios - o que fazia desta a principal
província escravista do Brasil no final do Império. 22 A viabilidade e estabilidade
relativa do regime de trabalho escravo até às vésperas de sua extinção legal, segundo
Peter Blasenhein, explica em parte a forte repulsa manifestada pela aristocracia matense
diante da campanha abolicionista, bem como ainda “a reação exagerada à Abolição sem
indenização, depois de 13 de maio, e a resposta ambígua à primeira legislação
importante sobre a imigração, aprovada pela Assembléia Provincial em 1887.” 23 Luiz
Fernando Saraiva, por sua vez, ressalta que tal comportamento não implicou, em
momento algum, uma recusa desses proprietários rurais em apostarem em atividades de
caráter “modernizante”, uma vez que “quase todas as grandes empresas e instituições
financeiras e comerciais da região têm no capital desses fazendeiros uma importante
parcela de seus recursos.” 24
Na última década imperial, portanto, sob o impulso decisivo dos capitais gerados
na cafeicultura escravista, mas contando também com a inversão de parte dos
21
No último quartel do século XIX, a família Mascarenhas era um dos clãs empresariais mais ricos de
Minas Gerais. Após deixar a presidência da Cia. Cedro & Cachoeira, Bernardo Mascarenhas (1847-
1899), se fixou em Juiz de Fora em 1887, iniciando a construção de sua fábrica de tecidos e a da primeira
usina hidroelétrica da Companhia Mineira de Eletricidade (CME), incorporada em janeiro de 1888 com
recursos captados pelo industrial junto a seus familiares e à grandes comerciantes e fazendeiros da cidade
e região. Ver Nelson Lage Mascarenhas. Bernardo Mascarenhas. O surto industrial de Minas Gerais. Rio
de Janeiro: Aurora, 1954, p. 111; Paulo Tamm. A família Mascarenhas e a indústria têxtil em Minas
Gerais. Belo Horizonte: Tipografia Brasil, s/d; Alisson Mascarenhas Vaz,. Bernardo Mascarenhas:
desarrumando o arrumado. Um homem de negócios do século XIX. Belo Horizonte: Cia de Fiação e
Tecidos Cedro e Cachoeira, 2005, pp. 308-315.
22
Dados oficiais compilados por Cláudio Heleno Machado, por outro lado, evidenciam que enquanto o
número de cativos de todo o resto de Minas Gerais sofreu um decréscimo de 21,69% entre 1876 e 1886,
caindo de 365.861 para 286.497 indivíduos, Juiz de Fora se caracterizou pelo crescimento ou, no mínimo,
pela manutenção de sua população escrava nesse mesmo período. Ver Cláudio Heleno Machado. Op. cit.,
pp. 06-16.
23
Ver Peter Blasenhein. Op. cit., p. 75.
24
Ver Luiz Fernando Saraiva. Op. cit., pp. 190-200.

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consideráveis lucros que a exploração cada vez mais intensa da mão-de-obra urbana,
cativa e livre, propiciava aos proprietários de oficinas, manufaturas e casas de negócios,
localizadas em seu distrito-sede, em especial, Juiz de Fora se consolidará como o
primeiro dos municípios de Minas Gerais em termos econômicos - ainda que no plano
político, isto implicasse numa pragmática subordinação de suas elites ao poder
incrustado em Ouro Preto e na região da província. 25 Nesse decênio, como assinalam
diversos autores, ocorre uma melhoria geral da infra-estrutura e uma ampliação
significativa dos serviços e atividades existentes naquela cidade, com destaque para a
organização da Companhia Ferrocarril Bondes Juiz de Fora (1881) e de uma subsidiária
da Companhia Telefônica do Brasil (1883), além da intensificação dos investimentos da
Câmara Municipal em obras como as de construção de um novo sistema de
abastecimento de água e coleta de esgotos ou as de alinhamento e colocação de passeios
nas ruas e aterragem de pântanos da área central. No triênio iniciado em 1887, por outro
lado, organiza-se o setor financeiro local, com a fundação de dois bancos, o Territorial e
Mercantil de Minas e o de Crédito Real de Minas Gerais, cujas ações pertenciam, em
sua maioria, a grandes comerciantes, industriais e cafeicultores, que seriam ainda os
principais acionistas da recém-criada Companhia Mineira de Eletricidade - empresa
concessionária do serviço de iluminação pública e residencial baseado na energia
hidroelétrica. 26
Foi também na década de 1880 que ocorreu a instalação em Juiz de Fora de
estabelecimentos industriais de grande porte, notadamente no ramo de “fiação e
tecelagem”, o mais importante da cidade até meados do século XX e que teve nas
fábricas Industrial Mineira e Mascarenhas os seus dois primeiros empreendimentos
locais. Nos primeiros vinte e cinco anos republicanos, estas empresas passarão por um
processo contínuo de expansão de sua capacidade produtiva e de seus lucros, processo

25
Sem dispor de força política suficiente para conseguir apoios para projetos que não tratassem da
proteção e incentivo à expansão da economia cafeeira, sua real e maior preocupação, as elites de Juiz de
Fora e da Zona da Mata, de modo geral, se subordinaram aos representantes das outras regiões de Minas
na Assembléia Provincial nos últimos anos do Império. Como esclarece Peter Blasenhein, “enquanto o
governo da província fortalecia a economia regional e o café prosperava, a Mata aceitou uma posição
subalterna” - a despeito de seu regionalismo de fachada e das ameaças secessionistas de união à província
vizinha do Rio de Janeiro. Ver Peter Blasenhein. Op. cit., pp. 75-77.
26
Ver Sonia Regina Miranda. Op. cit., pp. 99-108; Domingos Giroletti. Op. cit., pp. 82-90; Anderson
Pires. Op. cit., pp. 113-114 e Jair Lessa. Op. cit., pp. 144-146; 197-202 e 217-218.

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este garantido não apenas por um mercado consumidor em franco crescimento, como
também pela exploração extensiva e intensiva da mão-de-obra operária. 27
Diante do exposto até aqui é possível inferir, primeiramente, que a materialização
inicial do projeto de modernização de Juiz de Fora nas últimas décadas do Império
dependeu, em grande medida, da implementação por parte do Estado e de investidores
privados (proprietários rurais e urbanos, empresas concessionárias de obras e serviços
públicos, comerciantes e industriais, locais ou não) de um conjunto de medidas e ações
destinadas, em síntese, tanto a criarem a infra-estrutura indispensável à expansão das
atividades econômicas, quanto a permitirem o contínuo reforço da supremacia exercida
pelas elites agrárias e mercantis juizforanas sobre a população cativa e pobre do
município. Por outro lado, como decorrência direta dessa modernização conservadora,
já na primeira metade da década de 1880 as condições objetivas para o desenvolvimento
material e a organização política e social da cidade em bases capitalistas estavam
lançadas ou em vias de serem criadas – ainda que tais processos, evidentemente, só
pudessem ocorrer de forma plena a partir do decênio seguinte, após a extinção da
escravatura e o fim do regime monárquico no Brasil.

27
Ver Sílvia M.ª B.V Andrade. Classe Operária em Juiz de Fora: uma história de lutas (1912-1924). Juiz
de Fora: EDUFJF, 1987 e Eliana de Freitas Dutra. Caminhos Operários nas Minas Gerais. São Paulo:
Hucitec, 1988.

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