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Ciclo do

ácido cítrico
SUMÁRIO
1. Visão geral..................................................................................................................... 3

2. Etapas da via................................................................................................................. 5

3. Etapas reguladoras..................................................................................................... 12

4. Interface com outras vias........................................................................................... 14

5. Relevância clínica........................................................................................................ 15

Referências....................................................................................................................... 17
1. VISÃO GERAL

As células utilizam energia armazenada na forma de trifosfato de adenosina (ATP)


oriunda do catabolismo dos nutrientes da alimentação. O metabolismo dos alimen-
tos ocorre tanto de forma anaeróbica, por meio da fermentação, quanto mediante a
presença de oxigênio, conhecido como respiração celular.
A respiração celular consiste em um processo de três etapas que culmina no
consumo de oxigênio e produção de gás carbônico nas mitocôndrias das células. O
primeiro estágio, caracteriza-se pela oxidação de moléculas combustíveis orgânicas,
como glicose, ácidos graxos e alguns aminoácidos, em acetil-coenzima A (acetil-
-CoA). No segundo estágio, o acetil-CoA entra no ciclo do ácido cítrico (CAC) e é oxi-
dado enzimaticamente à CO2, conservando energia na forma de NADH, FADH2 e GTP.
No terceiro e último estágio, conhecido como cadeia respiratória, as coenzimas redu-
zidas são oxidadas doando prótons e transferindo elétrons ao oxigênio. Nessa etapa,
a energia é conservada na forma de ATP por meio da fosforilação oxidativa.
O ciclo do ácido cítrico, também conhecido como ciclo de Krebs ou ciclo dos
ácidos tricarboxílicos, é uma via formada por oito reações químicas reguladas enzi-
maticamente na mitocôndria das células. Essa via é fundamental para a célula por
sua importância na produção de ATP como por sua participação em vias anabólicas
essenciais. No ciclo do ácido cítrico ocorre um tráfego de compostos que podem
sair ou entrar na via em determinados pontos dependendo das necessidades do
organismo.
As mitocôndrias são as organelas que geram energia química nas células euca-
rióticas. Elas possuem duas membranas e um grande espaço interno denominada
matriz mitocondrial, local no qual ocorre o ciclo do ácido cítrico. A membrana mi-
tocondrial externa é livremente permeável a metabólitos, enquanto a membrana
interna, não. Nesta, ocorre a cadeia transportadora de elétrons, última etapa da
respiração celular, e há enzimas ATP sintase, succinato desidrogenase e ATP-ADP
translocase. Na matriz mitocondrial estão presentes todas as enzimas do CAC com
exceção da succinato desidrogenase. Esse compartimento apresenta um pH menor
quando comparado com o espaço intermembranas, situado entre a membrana inter-
na e externa, o que é muito importante para a translocação de H+ e produção de ATP
na última fase da respiração.

Ciclo do ácido cítrico   3


Figura 1. Regiões da mitocôndria.
Fonte: Por Vecton/shutterstock.com

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VISÃO GERAL DA RESPIRAÇÃO CELULAR

Processo aeróbico

Respiração celular

Oxidação de nutrientes Ciclo do Ácido Cítrico Cadeia respiratória

Síntese de Acetil-CoA Oxidação enzimática do Acetil-CoA Oxidação das coenzimas


reduzidas

CO2, coenzimas reduzidas e GTP ATP

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2. ETAPAS DA VIA

O ciclo do ácido cítrico é a etapa responsável pela oxidação do acetil-CoA em CO2.


Essa via acontece por meio de 8 reações químicas reguladas enzimaticamente e
resulta na produção de coenzimas reduzidas e GTP, os quais serão convertidos em
energia na forma de ATP, posteriormente.
As etapas dessa via metabólica seguem uma sequência bioquímica lógica. Cada
estágio envolve uma oxidação que conserva energia ou serve como um prelúdio para
oxidação, reposicionando grupos funcionais para facilitar a oxidação ou descarboxi-
lação oxidativa. A oxidação direta do acetil-CoA a gás carbônico produziria metano,
que, além de ser quimicamente estável, os organismos não possuem cofatores e
coenzimas necessárias para oxidá-lo, salvo algumas exceções como as bactérias
metanotróficas. Dessa forma, para garantir a extração do máximo da energia poten-
cial dos alimentos, a estratégia desenvolvida pelos organismos foi realizar uma con-
densação aldólica do acetil-CoA com o oxaloacetato, que marca o início do ciclo do
ácido cítrico. O grupo carbonil do oxaloacetato atua como eletrófilo e é atacado pelo
grupo metil do acetil-CoA formando citrato e CoA livre. Essa reação é altamente exer-
gônica e é catalisada pela enzima citrato-sintase.

REAÇÃO 1. Condensação aldólica do acetil-CoA e oxaloacetato sintetizando citrato.


Fonte: Autoria própria

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Relembrando  Uma reação exergônica é aquela que acontece
mediante realização de trabalho. Essas reações ocorrem espontaneamente na
natureza, tendo, portanto, variação de energia livre de Gibbs negativa. Por outro
lado, reações endergônicas possuem variação de energia livre de Gibbs positi-
va, uma vez que seus produtos contêm mais energia livre do que os reagentes.
Dessa forma, para que essa reação ocorra, é necessário que seja fornecida
energia ao sistema.

Após o citrato ter sido sintetizado, ele é isomerizado à isocitrato pela catálise da enzima
aconitase. Em princípio, o composto sofre uma desidratação seguida de uma hidratação,
resultando na mudança de posição do grupo hidroxila para o átomo de carbono vizinho.
Essa reação é reversível, mas tem o seu equilíbrio deslocado para a direita em razão do
fato de que o isocitrato é rapidamente consumido pela etapa seguinte. A enzima isocitra-
to-desidrogenase catalisa a descarboxilação oxidativa irreversível do citrato para produzir
α-cetoglutarato. Nessa reação ocorre a liberação da primeira molécula de CO2 produzida
no ciclo e, também, da primeira molécula de NADH, das três que serão produzidas.

REAÇÃO 2. Isomerização do citrato à isocitrato.


Fonte: Autoria própria

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REAÇÃO 3. Oxidação do isocitrato à α-cetoglutarato e CO2.
Fonte: Autoria própria

Em seguida, o α-cetoglutarato é oxidado a succinil-CoA e CO2. Essa etapa tam-


bém consiste em uma descarboxilação oxidativa e é catalisada pelo complexo en-
zimático α-cetoglutarato-desidrogenase. O NAD+ atua como aceptor de elétrons e
é reduzido a NADH. O grupo CoA age como um transportador do grupo succinil e
conserva a energia da oxidação do α-cetoglutarato pela formação da ligação tioéster.
Posteriormente, ele é convertido em succinato por uma reação oxidativa endergôni-
ca catalisada pela enzima succinil-CoA-sintetase com liberação de um GTP.

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REAÇÃO 4. Oxidação do α-cetoglutarato à succinil-CoA e CO2.
Fonte: Autoria própria

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REAÇÃO 5. Conversão do succinil-CoA à succinato.
Fonte: Autoria própria

O succinato formado é oxidado a fumarato pela flavoproteína succinato-desi-


drogenase. Nessa reação, o FAD recebe dois hidrogênios do succinato e forma um
FADH2. Em seguida, a fumarase catalisa a hidratação do fumarato em malato, posi-
cionando um grupo hidroxila ao lado de um carbono da carbonila. Por fim, esse com-
posto é oxidado à oxaloacetato pela enzima L-malato-desidrogenase, convertendo o
carbono ligado à hidroxila em uma carbonila resultando na restauração do oxaloace-
tato utilizado no início do ciclo e formação de um NADH. O equilíbrio químico dessa
reação é muito deslocado para a esquerda. No entanto, como o oxaloacetato é con-
tinuamente removido em virtude da sua participação nessa via cíclica, suas baixas
concentrações deslocam o sentido da reação para a sua formação.

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REAÇÃO 6. Oxidação do succinato à fumarato.
Fonte: Autoria própria

REAÇÃO 7. Hidratação do fumarato à malato.


Fonte: Autoria própria

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REAÇÃO 8. Oxidação do malato à oxaloacetato.
Fonte: Autoria própria

A energia das oxidações do ciclo do ácido cítrico é conservada na forma das co-
enzimas reduzidas e GTP. Durante a cadeia respiratória, a etapa seguinte da respi-
ração celular, o NADH e o FADH2 geram muitas moléculas de ATP pela fosforilação
oxidativa. Cada molécula de NADH impele a formação de aproximadamente 2,5 mo-
léculas de ATP e cada molécula de FADH2, 1,5 moléculas de ATP. Então, consideran-
do que cada molécula de glicose gera 2 moléculas de piruvato e, consequentemente,
2 moléculas de acetil-CoA, o rendimento da respiração celular é de 32 ATP por cada
molécula de glicose, sendo que 20 moléculas de ATP são geradas graças ao ciclo do
ácido cítrico.

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Figura 2. Ciclo do ácido cítrico.
Fonte: Por gstraub/shutterstock.com.

3. ETAPAS REGULADORAS

A regulação do ciclo do ácido cítrico depende da disponibilidade de substrato,


concentração de produtos e inibição alostérica por retroalimentação das enzimas
que catalisam as etapas iniciais. Essa via, sobretudo, é regulada nas três fases exer-
gônicas, que são aquelas catalisadas pela citrato-sintase, isocitrato-desidrogenase e
α-cetoglutarato-desidrogenase, sendo possíveis limitantes da velocidade.
Ao ingerir um alimento, iniciam-se, no organismo, mecanismos para digestão dos
nutrientes. O excesso de glicose e de outros substratos do catabolismo estimulam
a glicólise e outras vias que culminam no aumento da concentração de acetil-CoA. A
maior disponibilidade de reagente, portanto, estimula a atividade da citrato-sintase,
que catalisa a produção de isocitrato e NADH. Em consequência, a isocitrato-desi-
drogenase é estimulada e, posteriormente, a α-cetoglutarato desidrogenase também.
Como resultado da progressão do ciclo do ácido cítrico, ocorre a produção de
intermediários, coenzimas reduzidas e GTP. À medida que a concentração de pro-
dutos aumenta, há uma inibição das vias que levam à sua formação. Ademais, o
acúmulo de NADH, produto da oxidação do citrato e do α-cetoglutarato, também leva

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à inibição dessas etapas. Além disso, o aumento de NADH inibe a etapa de restau-
ração do oxaloacetato, diminuindo a sua disponibilidade para reagir com o acetil-
-CoA. Outro fator inibitório importante é o succinil-CoA, produzido com a catálise da
α-cetoglutarato-desidrogenase. O aumento de sua concentração leva a inibição da
enzima que catalisa sua síntese e, também, inibe alostericamente a citrato-sintase.
Dessa forma, pode-se dizer que as concentrações dos substratos e dos intermediá-
rios ajustam o fluxo desta via, a depender das necessidades do organismo.
Ademais, o ciclo dos ácidos tricarboxílicos é regulado pela disponibilidade de ADP.
O consumo de energia pelos processos fisiológicos e metabólicos levam a hidrólise
do ATP em ADP e fosfato inorgânico. Dessa maneira, há um aumento da razão entre
as concentrações de ADP e ATP, o que é chamado de situação de baixa energia. A
conjuntura, portanto, acelera a velocidade de reações que utilizam ADP para produzir
ATP, estimulando o ciclo do ácido cítrico. Em contrapartida, a diminuição da quanti-
dade de ADP e aumento de ATP inibem os processos catabólicos.

REGULAÇÃO DO CICLO DO ÁCIDO CÍTRICO

ATP, NADH e
succinil -CoA
Citrato -sintase
Inibição
Insulina
alostérica

Disponibilidade Regulação do Isocitrato - ATP e NADH


de substrato CAC desidrogenase

ADP
Concentração
de produtos

NADH, Succinil -
CoA , ATP e GTP
α -cetoglutarato -
desidrogenase

α -cetoglutarato

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4. INTERFACE COM OUTRAS VIAS

A importância do ciclo do ácido cítrico vai além da sua capacidade energética.


Essa via é o pivô do metabolismo intermediário e consegue integrar várias vias me-
tabólicas do nosso corpo. Além de permitir que compostos ingressem no ciclo em
alguma das suas 8 reações, pode exportar intermediários para serem utilizados por
outras vias biossintéticas a depender da necessidade do organismo. O ciclo do áci-
do cítrico é uma via anfibólica, que serve para processos anabólicos e catabólicos.
A título de exemplo, podem ser citados o oxaloacetato que pode ser deslocado para
gliconeogênese ou, juntamente com o α-cetoglutarato, para síntese de aminoácidos.
O succinil-CoA é um intermediário fundamental para síntese do anel porfirínico dos
grupos heme, transportadores de oxigênio na hemoglobina, e transportadores de elé-
trons nos citocromos.
À medida em que intermediários do ciclo do ácido cítrico são deslocados para
servirem de substrato de outras vias, eles são repostos por reações anapleróticas.
Normalmente, a saída e reposição dos compostos estão em situação de equilíbrio
dinâmico que mantém as concentrações quase constantes. A piruvato carboxilase
é um exemplo de enzima que catalisa uma reação anaplerótica importante. Ela
catalisa a conversão de piruvato em oxaloacetato no fígado e nos rins. Outra enzima
envolvida nessas reações é a enzima málica, que converte piruvato em malato. O
α-cetoglutarato pode ser produzido a partir de uma reação de aminotransferase no
glutamato bem como pela catálise da glutamato desidrogenase. Vários outros ami-
noácidos glicogênicos podem servir como substrato para restauração de intermediá-
rios do ciclo.

INTEGRAÇÃO COM OUTRAS VIAS

Reações Outras vias


Intermediários
anapleuróticas Biossintéticas

Ciclo do ácido
cítrico

Via anfibólica

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5. RELEVÂNCIA CLÍNICA

A deficiência de enzimas do ciclo do ácido carboxílico é rara, em razão da vitali-


dade dessa via para sobrevivência. Entretanto, vários casos de déficit de fumarase
foram descritos. Os indivíduos afetados com essa doença autossômica recessiva
apresentam severa deficiência neurológica, encefalopatia e distonia logo após o
nascimento. Ainda apresentam quantidades anormais de fumarato, α-cetoglutarato,
citrato e malato na urina.
Outro ponto de relevância clínica é o veneno fluoroacetato. Essa substância se liga
à acetil-CoA e forma fluoroacetil-CoA, que acaba substituindo a acetil-CoA no ciclo
do ácido cítrico, A citrato-sintase catalisa a reação dessa substância com o oxalo-
acetato, formando fluorocitrato, que passa a inibir a aconitase. Consequentemente,
o funcionamento do ciclo do ácido cítrico é bloqueado, prejudicando a produção de
energia. Ademais, essa condição propicia acúmulo de citrato em vários tecidos e re-
dução de várias vias metabólicas.
Muitas vitaminas também são essenciais para o funcionamento do ciclo de Krebs,
assim como do funcionamento do corpo em geral. Cinco vitaminas são precursoras
de coenzimas do ciclo. A vitamina B12 é necessária para síntese de succinil-CoA a
partir de alguns aminoácidos e ácidos graxos com número ímpar de carbonos. Essa
vitamina pode ser obtida pela ingestão de alimentos como fígado, leite integral, ovos,
carne de porco, galinha entre outros.
O pirofosfato de tiamina, forma biologicamente ativa da vitamina tiamina (B1),
serve como coenzima na formação e degradação de alfa-cetóis pela transcetolase e
na descarboxilação oxidativa dos alfa-cetoácidos. A deficiência dessa vitamina leva
a uma diminuição da produção de ATP uma vez que as etapas de síntese de acetil-
-CoA a partir de piruvato e síntese de succinil-CoA a partir do alfa-cetoglutarato são
prejudicadas.
A niacina e a riboflavina (vitamina B2) também merecem destaque. Essas subs-
tâncias são ativadas e dão origem às coenzimas que participam das reações de
oxidação-redução das células. A partir da niacina obtêm-se NAD+ e NADP+ e, através
da riboflavina, FMN e FAD. Como já foi visto, essas enzimas são vitais para realizar o
transporte de elétrons e prótons ao longo das reações de forma a permitir a ocorrên-
cia das reações redox.
Por fim, pode-se mencionar o pantotenato, que é indispensável visto que faz par-
te da coenzima A. As fontes principais dessa substância são os ovos, o fígado e as
leveduras.

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RELEVÂNCIA CLÍNICA

Bloqueio
Veneno B12
do CAC

Fluoroacetato B1

Relevância
Vitaminas B2
clínica

Niacina

Pantotenato

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CICLO DO ÁCIDO CÍTRICO

Isocitrato-
desidrogenase

Inibição
alostérica Citrato -sintase
α-cetoglutarato- Veneno
desidrogenase
Disponibilidade
de substrato
Fluoroacetato

Concentração
de produtos

Regulação Relevância Vitaminas


do CAC clínica

CO 2 , coenzimas Oxidação enzimatica Ciclo do ácido


reduzidas e GTP do Acetil-CoA cítrico

Reações Outras vias


Intermediários
anapleuróticas biossintéticas

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REFERÊNCIAS
ALBERTS, B; et al. Fundamentos da biologia celular. Tradução: Ardala Elisa Andrad et
al. 4. ed. Porto Alegre: ARTMED, 2017.
CHAMPE, P. C. et al. Bioquímica ilustrada. Tradução Carla Dalmaz. et al. 3. ed. Porto
Alegre: ARTMED, 2006.
DELVIN, T. M. Manual de Bioquímica com Correlações Clínicas. 6. ed. São Paulo:
Blucher, 2007.
NELSON, D. L. Princípios de bioquímica de Lehninger. [Coordenação da tradução de]
Ana Beatriz Gorini da Veiga et al. 6. ed. Porto Alegre: ARTMED, 2014.
NOGUEIRA, V. A.; et al. Intoxicação por monofluoroacetato em animais. Pesquisa
Veterinária Brasileira, Rio de Janeiro, 2011. Disponível em: https://www.scielo.br/j/
pvb/a/3749w5rbMBTTh3RqZyjrjRL/?lang=pt. Acessado em: 21 jun. 2021.

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