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Fundamentação Teórica Atua
Fundamentação Teórica Atua
O Brasil sempre gasta mais do que precisa" […] "A gente tem muita
gordura no gasto. Se queimar essa gordura, está de bom tamanho. E
estamos partindo de uma base que não é assim tão pequena. Numa
situação tão complicada, crescer pela inflação, variável constante, não é
uma coisa tão apertada." […]"Ainda vamos ter um pico antes da dívida
começar a cair. Por isso a PEC é longa, tem uma inércia nessa conta. Ela
não vai trazer o déficit para zero em um ano. (G1, 2016)
Fundamentação Teórica
Neste modo Kalecki apresenta sua teoria de demanda efetiva onde ele
denunciava a doutrina sobre o pensamento que excluía a superprodução,
considerava que o sistema era completamente capaz da plena utilização dos
recursos de produção desprezando as flutuações cíclicas considerando-as apenas
como fricções insignificantes ideia essa que se inspira na economia individual onde
é logica o pensamento que uma poupança maior é gerado a partir de um consumo
menor. Kalecki aqui chama a atenção de um outro componente que não fora falado
nem pelos clássicos e nem mesmo por Keynes que solidificam suas teorias de
demanda efetiva levando em conta o consumo e o investimento. Kalecki por sua vez
adiciona o nível de distribuição de renda como componente de alto destaque em sua
teoria. Kalecki enxerga que apesar da teoria de Keynes aparecer como algo análogo
ela peca em não ter uma base forte, essa fragilidade pode fazer com que autores
neoclássicos por exemplo os utilize como base e ao fazerem ajustes o trazem de
volta a lei de Say.
A considerar que que talvez a distribuição de renda não seja um fator tão
determinante como a da demanda efetiva de Keynes ou das teorias dos autores
clássicos, os mesmos consideram a distribuição de renda como algo que não se
altera, Kalecki diz que não é só por que o nível de distribuição da renda pelos
salários ter esse caráter mais inflexível, que ele é de fato rígido, não podendo ter
mudanças no nível de renda da classe trabalhadora por exemplo. Através de fatores
atribuídos de forma microeconômicas, no caso alterações nas condições de
concorrência onde aparece destacado o conceito de grau de monopólio, a
distribuição de renda pode sim se alterar, inclusive positivamente a favor dos
trabalhadores em relação ao poder de barganha com os empresários.
Não descartando a lei de Say, essa melhora nos salários atribuído ao poder
de barganha por exemplo, levaria a um decréscimo no nivél de lucro da capitalista.
Para Kalecki isso não ocorre, pois para ele o nível de renda tem alterações de
acordo com o gasto dos capitalistas em relação a investimento e a consumo dos
mesmos. Dessa maneira a única consequência que se ver a priori do aumento do
nível de salários do trabalhador é aumento da renda desses.
Para formular a teoria da distribuição de renda, Kalecki partiu de uma base
microeconômica, onde se focou na formação de preços e nas margens de lucro em
caráter de mercado de oligopólio (ou algo semelhante a oligopólio). Nessas
condições de mercado os preços de cada empresa são estabelecidos em direção
aos custos unitários, mais especificamente pelos custos direto unitários como as
matérias primas e os salários. Nesse modo a margem de lucro é estabelecida pela
relação entre esse custo direto unitário e o preço refletindo em poder de mercado de
cada empresa manifestando a pouca ou nula flexibilidade dos preços em caso de
rigidez nos custos diretos que pode ter como consequência uma grande
concorrência em relação aos preços pois aumenta a possibilidade de perda do
mercado para concorrentes potenciais e os efetivos, isso se não haver aumento do
nível das barreiras de mercado, isso é o aumento da dificuldade de novas empresas
entrarem nesse mesmo mercado.
Porém o poder de fixação de preços que se apresentam pelo grau de
monopólio, não aparece apenas nessa relação de concorrência entre as empresas,
mas também aparecem igualmente em relação aos trabalhadores. Ela espelha em
todo seu desdobramento a essência do processo de concorrência. Assim para
Kalecki o grau de monopólio aparece como uma complexa relação entre: uma
empresa, seus concorrentes, seus fornecedores e os trabalhadores. Essa relação
deve ser vista no ponto de vista dinâmico onde se apresenta o caráter de mark-up,
ou seja, a forma que os preços se modificam em relação ao comportamento dos
custos primários.
Nesse sentido, no modo que se mostra o conceito do nível de monopólio não
apenas como concorrência entre empresas, também se apresenta o atrito entre os
trabalhadores e os capitalistas. A partir disso mostra-se o processo que cumpre o
processo de distribuição de renda entre o lucro dos donos dos meios de produção e
os salários dos trabalhadores. Pode se dizer que para Kalecki essa discussão não
se apresenta de forma secundaria para o mesmo, e sim se transforma em uma
discussão primordial em sua teoria da demanda efetiva e assim acaba por exprimir
as relações dentro do sistema econômico capitalista.
Essa discussão sobre a distribuição de renda para Kalecki é a forma como ele
consegue introduzir as classes sociais na analise aparecendo como componentes
fundamentais dentro de uma relação de concorrência e produção. Porém outra
forma que Kalecki introduz a discussão sobre as classes dentro de sua teoria se faz
pela ideia da capacidade de cada classe consumir e investir ou seja na efetuação de
seus gastos. Kalecki no entanto não tem a pretensão de realizar definição das
classes e sim fazer um estudo de comportamento entre eles, que facilitaria assim a
analise da teoria da demanda efetiva.
Em relação a ideia de como a classe trabalhadora realiza seus gastos,
Kalecki fala sobre a incapacidade do trabalhador em poupar. Ele exclui a
possibilidade de que o trabalhador gaste mais do que sua renda o permite, assim
endividando-os. Pois para ele isso aparece de forma mais qualitativa, isso é mais
uma questão individual ou até mesmo uma exceção a regra. O que ele tenta
explicitar em relação a realização do gasto inclusive da baixa propensão a poupar do
trabalhador é sobre a “autonomia” do gasto em relação a renda. Mesmo que se
eliminasse essa autonomia do gasto, e que fosse julgado fosse a qualidade do
gasto, analisando a possibilidade de poupar através do salário do trabalhador, da
mesma forma se tornaria desigual em relação ao gasto e o lucro agregado dos
capitalistas.
O resultante de determinados lucros e salários e assim a renda agregada se
dá pelas variáveis de renda pelo gasto, investimento e consumo dos capitalistas e
consumo da classe trabalhadora, considerando que a distribuição de renda e a
proporção do salário gasto ao consumir já esteja “dada”. Kalecki deixa de forma
clara como se dá o lucro dos capitalistas, que é através do consumo e investimento,
da mesma forma o nível dos salários e da produção.
Na hipótese de que os salários são iguais ao consumo dos
trabalhadores, este não pode ir além ou fica aquém do montante de
salários. Com as despesas dos capitalistas não há essa limitação. Eles
podem aumentar, no período seguinte, seu consumo ou suas aplicações em
investimento além de sua renda atua, utilizando-se de crédito ou de suas
próprias reservas monetárias. podem também gastar em consumo e
investimento menos do que sua renda atual, para pagar dívidas ou ampliar
suas reservas. Mas, se gastarem mais ou gastarem menos, a igualdade
acima nos mostra claramente que a renda dos capitalistas como um todo
deve aumentar ou diminuir devem aumentar ou diminuir exatamente quanto
aumentaram ou diminuíram suas despesas. A produção global deve se
elevar-se até o nível no qual [dada a distribuição de renda] a renda obtida
pelos capitalistas dessa produção se iguala à sua ampliada despesa em
consumo e investimento. (KALECKI, Theory of business Cycles, P. 76)