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O Que Comunicao J E D Bordenave
O Que Comunicao J E D Bordenave
ÍNDICE
— Prólogo 7
— O meio ambiente social da comunicação... 12
— Do grunhido ao satélite 23
— O ato de comunicar 35
— É impossível não comunicar 50
— Que "significa" isto? 62
— Os dois gumes da linguagem 76
— O poder da comunicação e a comunicação
do poder 92
— Indicações para leitura 102
PRÓLOGO
• os conteúdos ou mensagens que elas compar- É teórica e praticamente impossível dizer onde
tilham; começa e onde termina o processo da comunicação.
• os signos que elas utilizam para representá-los; Razões internas ou externas podem levar duas
• os meios que empregam para transmiti-los. pessoas a se comunicarem. Embora a fase visível
É importante assinalar que a própria natureza da comunicação possa ser iniciada por uma delas,
encarregou-se, durante o longo curso da evolução sua decisão de comunicar pode ter sido provocada
de nossa espécie, de nos preparar para a comuni- pela outra, ou por uma terceira pessoa, presente
cação. Ela nos forneceu os órgãos capazes de criar ou ausente, ou por muitas causas coincidentes.
signos e também os órgãos que podem recebê-los Não é possível, assim, enumerar as fases de uma
e interpretá-los. comunicação como se fossem partes de uma
Assim, a boca humana é capaz de produzir seqüência linear e ordenada. A comunicação, de
infinitas combinações de sons, e o ouvido pode fato, é um processo multifacético que ocorre
captar e distinguir milhares dessas combinações. ao mesmo tempo em vários níveis — consciente,
O rosto, os olhos e as mãos podem mover-se de mil subconsciente, inconsciente —, como parte
maneiras para criar gestos expressivos. E os olhos orgânica do dinâmico processo da própria vida.
podem captar esses movimentos, distingui-los e Qualquer tentativa de "dissecar" o processo
vital da comunicação é um exercício pouco realista, língua, ouvido. Entretanto, a pessoa não
embora possa ter utilidade didática ou explicativa. emite tudo o que ela contém nem recebe tudo
Contudo, podem ser mencionadas algumas o que a ela vem do meio ambiente. De modo
fases que costumam participar do processo da que outra fase do processo é a seleção.
comunicação. As fases podem se dar em qualquer • A seleção: Deste caldeirão onde fervem as
ordem, ou simultaneamente, e podem até entrar experiências da pessoa, seus conhecimentos e
em conflito umas com as outras. Vejamos: crenças, valores e atitudes, signos e capaci-
• A pulsação vital: A dinâmica interna de dades, a pessoa seleciona alguns elementos
qualquer pessoa está sempre pulsando, ferven- que deseja compartilhar com outras pessoas.
do, vibrando, como verdadeiro caldeirão vital Ás vezes esta seleção é provocada por estímu-
onde se encontram em ebulição pensamentos, los que vêm de fora, outras vezes pela decisão
lembranças, sentimentos, novas sensações e da própria pessoa de tornar consciente — para
percepções, desejos e necessidades. A pulsação refletir sobre eles — alguns elementos de
vital ocorre em todo o corpo, mas seu centro seu repertório.
é o cérebro. O organismo humano compor- • A percepção: No caso de estímulos que vêm
ta-se, então, como um sistema aberto em de fora, o homem "sente" a realidade que o
constante interação consigo mesmo e com o rodeia por meio de seus sentidos — vista,
meio ambiente. ouvido, olfato, tato e paladar —, e assim
• A interação: A pulsação vital permanente no percebe as palavras, gestos e outros signos
interior da pessoa consiste num precário que lhe são apresentados.
equilíbrio dinâmico que, para ser mantido, • A decodificação: Percebidos os signos, a
tem obrigatoriamente de se adaptar ao meio pessoa tem que determinar o que eles repre-
ambiente físico e social que rodeia o organis- sentam, a que código pertencem. Como o
mo, quer se acomodando a ele, quer tentando artesão e seu filho pertencem ambos à mesma
transformá-lo. Em outras palavras, a pessoa cultura — a nordestina —, os signos que eles
necessita entrar em interação com o meio usam têm o mesmo significado para os dois.
ambiente. Ora, uma das maneiras de interagir De fato, eles usam o mesmo código: para
com o meio ambiente é a comunicação. falar, usam o idioma português (com suas
A pessoa emite e recebe mensagens por todos variações regionais e locais); para gesticular,
os canais disponíveis: olhos, pele, mãos, usam os gestos que aprenderam de seus
antepassados. Então, tão logo o filho percebe acervo. A flexibilidade mental do receptor,
as palavras e os gestos de seu pai, ele os sua mente aberta ou fechada, seu nível de
decodifica, isto é, para cada signo, encontra, tensão ou ansiedade, sua segurança ou auto-
na sua memória, um objeto ou idéia corres- confiança e t c , intervêm na aceitação ou
pondente. rejeição da mensagem. Às vezes a incorpo-
• A interpretação: Às vezes, entretanto, mesmo ração é só parcial e uma parte da mensagem
que o filho decodifique as palavras e os é rejeitada.
gestos do pai, não entende claramente o • A reação: Os resultados da incorporação da
sentido ou o significado da mensagem. O que mensagem na dinâmica mental própria do
ele entende é diferente do que o pai pretendia receptor podem ser claramente visíveis, como
que entendesse. "Pai, não estou entendendo quando a pessoa, considerando-se insultada
o que o senhor quer que eu faça." Além da pela mensagem, agride seu interlocutor.
decodificação, então, vem outra fase, a de Mas, às vezes, a transformação provocada
interpretação, que consiste em compreender pela mensagem é puramente interna. Quando
não apenas o que cada palavra significa, mas o ator no teatro consegue emocionar sua
o que a mensagem inteira pretende dizer. platéia, pode aparecer externamente pouca
A interpretação exige que se coloque a demonstração de que internamente ela
mensagem em um contexto, que se a compare esteja comovida.
com outros elementos do repertório e com
o conhecimento que se tem das intenções
do interlocutor. Qualquer pessoa, por exem- As funções da comunicação
plo, pode decodificar as palavras ser-ou-não-
ser-essa-é-a-questão; porém, quantas pessoas
interpretam o verdadeiro significado da O sistema de signos que o homem criou para sua
frase: "Ser ou não ser, essa é a questão"? comunicação não é um conjunto mecânico de
• A incorporação: Se a mensagem é interpre- peças que se armam como um quebra-cabeças
tada de uma maneira tal que a pessoa não seguindo normas de engenharia da linguagem.
se considera ameaçada em seu sistema de A comunicação é um produto funcional da
idéias, valores e sentimentos, a mensagem é necessidade humana de expressão e relaciona-
facilmente incorporada ao repertório ou mento. Por conseguinte, ela satisfaz uma série de
funções, entre as quais as que se seguem: a falar?".
— Função imaginativa: criar um mundo próprio
— Função instrumental: satisfazer necessidades de fantasia e beleza.
materiais ou espirituais da pessoa. Exemplos: "Vamos fazer de conta que
Exemplos: "Eu quero isto", "Tenho fome", "Havia uma vez um rei . . . " , " 0 que eu
"Estou caindo", "Preciso um conselho seu", faria se ganhasse na loteria esportiva?".
"Ajude-me a resolver este problema".
— Função informativa: apresentar nova infor- Outra função da comunicação é indicar a quali-
mação. dade de nossa participação no ato de comunicação:
Exemplos: "Tenho algo para te dizer", "Aten- que papéis tomamos e impomos aos outros, que
ção! O Conselho de Segurança da ONU votou desejos, sentimentos, atitudes, juízos e expecta-
10 contra 1 . . . " . tivas trazemos ao ato de comunicar.
— Função regulatória: controlar o compor- E a comunicação deve fazer tudo isto ao mesmo
tamento de outros. tempo, de maneira tal que o que se está dizendo
Exemplos: "Faça como eu lhe digo", "Será coincida com a forma com que se diz e com o
que tenho que repetir a mesma coisa para contexto social em que se fala. A comunicação
você um milhão de vezes? Obedeça a lei". não apresenta uma pilha de signos e símbolos,
— Função interacional: relacionar-se com outras senão um "discurso", isto é, uma obra de sentido
pessoas. e de coerência que somente nós, homens, podemos
Exemplos: "Você e eu vamos tomar conta construir.
disso t u d o " , " E u amo você". As qualidades únicas da comunicação humana
— Função de expressão pessoal: identificar destacam-se quando a comparamos com a comu-
e expressar o " e u " . nicação animal. Porque os animais também pos-
Exemplos: "Sou contrário aos regimes de suem signos, órgãos emissores e órgãos receptores.
direita", "Eu amo a liberdade mas também Mas os signos animais não foram criados delibe-
defendo a justiça social". rada e arbitrariamente como foram criados os
— Função heurística ou explicativa: explorar signos humanos. Aqueles formam parte automática
o mundo dentro e fora da pessoa. do equipamento genético da espécie. Como tais,
Exemplos: "Pai, por que a lua muda de eles não mudam nunca. O cachorro de Cleópatra
tamanho? " , "Como é que a criança aprende no antigo Egito latia da mesma maneira e nas
mesmas circunstâncias em que late hoje o cachorro perguntou o Coronel. 'Nada', respondeu o
de Elizabeth Taylor em Hollywood. Tampouco filho, 'Eles dizem que me matarão se o Alcázar
os animais inventam signos novos ou modificam não se render'. 'Se for verdade', replicou o
o significado dos antigos. Coronel Moscardó, 'encomenda a tua alma a
É que os signos dos animais parecem ser mais Deus, grita 'Viva Espanha' e morre como um
sinais que signos: eles indicam reações a estímulos herói. Adeus, meu filho, um derradeiro beijo.'
presentes ou lembrados. Os animais se comunicam 'Adeus, meu pai', respondeu Luis, 'um beijo
da mesma maneira instintiva com a qual cons- bem grande'. Candido Cabello voltou ao tele-
troem seus ninhos, fogem dos perigos e copulam fone e o Coronel Moscardó anunciou-lhe que
para reproduzir sua espécie. não precisava de prazo para decidir. ' 0 Alcázar
Daí que a comunicação animal carece do poten- jamais se renderá', declarou antes de desligar
cial de beleza e de paixão que o homem coloca o telefone. Luis Moscardó foi morto a 23
em suas mensagens. Beethoven, surdo, com- de agosto."
pondo sua Sonata Patética para expressar a
tormenta que rugia em sua alma desesperada, (A Guerra Civil Espanhola, por Hugh Thomas,
é um fenômeno exclusivamente humano. Como Editora Civilização Brasileira, 1964, p. 244).
é unicamente humana a despedida do Coronel
Moscardó de seu filho refém, que seria fuzilado
se o pai não entregasse o Alcázar de Toledo,
durante a Guerra Civil Espanhola:
A leitura crítica
No primeiro sentido, as pessoas em geral não • Desde o pré-escolar até o segundo grau,
desenvolvem todo seu potencial de comunicação, a matéria Comunicação e Expressão deveria
embora, certamente, poderiam elas, com um pouco receber a maior ênfase. Ela poderia até ser o
eixo central de todo o currículo, sobretudo Slogans Jornal mural
nas primeiras séries. Usar-se-ia uma aborda- Desenhos Estórias em
gem a partir de problemas reais. Através de Cartazes quadrinhos
"estudo situacional" inicial, podem ser Fotografias Fotomontagem
escolhidos "núcleos geradores" que levem a Fotos seriados Fotonovela
uma melhor compreensão da realidade graças Colagens Teatro vivo
a diversas "leituras" da mesma: leitura deno¬ Artigos de Teatro de fantoches
tativa, leitura conotativa e leitura estrutural. revista Retroprojetor
Nestas leituras entrariam, como auxiliares do
conhecimento, todas as demais disciplinas:
biologia, botânica, história, matemática etc. Na educação formal e nao-formal de adultos,
Na etapa final, o método ofereceria aos o potencial de comunicação deve também
aprendizes a oportunidade de comunicarem ser desenvolvido. Na educação formal dando
criativamente suas propostas para o melho- mais importância à capacidade de comunicar
ramento da realidade, observada e analisada do que de absorver conhecimentos, isto é, de
dentro dos núcleos geradores. socializar o aprendido em benefício da
Tanto na investigação da realidade como na aplicação social da profissão ou ocupação.
apresentação dos projetos e propostas, os Na educação não-formal, tornando-a mais um
aprendizes utilizariam todos os meios de processo de resolução de problemas que de
comunicação convenientes, tais como: adoção de práticas recomendadas. Com
efeito, a educação não-formal de adultos tem
Conferências Poesia se caracterizado até agora pela diretividade e
Mesa-redonda Estudo de casos pelo utilitarismo: assim, os extensionistas
Entrevista Sociodrama rurais só procuram transmitir tecnologia
Painel de Oratória agropecuária; os educadores sanitários só
"conhecedores" Dinâmica de grupos procuram transmitir práticas de saúde; os
Simpósio Projeções (filmes, assistentes sociais só tentam transmitir proce-
Comissão diapositivos, dimentos jurídicos e trabalhistas. Só recente-
informativa diaposonoras etc.) mente alguns agentes de mudança se deram
Reportagem Contos conta de que muito mais importante do que
adotar conhecimentos e práticas específicas população, desmistificando os meios, se se quer
é desenvolver a capacidade de identificar conseguir a construção de uma sociedade
problemas da realidade através da interação participativa.
com os demais e com o meio, para depois
articular estes problemas e buscar-lhes solução Resumindo, o extraordinário poder da comuni-
ou, caso os recursos próprios do grupo sejam cação para o desenvolvimento da criatividade na
insuficientes, levá-los ao conhecimento dos auto-expressão, da fraternidade na convivência
poderes públicos pertinentes. e da força política na luta pela transformação das
Ora, tudo isto exige o desenvolvimento da estruturas sociais está ainda esperando ou uma
capacidade de comunicar. A aquisição do teoria social que a valorize ou um método que
poder de reivindicação implica a coesão a concretize.
grupai, a autoconfiança e a posse de habili-
dades de exposição, argumentação e persuasão
da opinião pública, todas estas capacidades A comunicação do poder
baseadas na comunicação.
Paradoxalmente, um terceiro nível onde o
poder da comunicação pode ser desenvolvido O inesperado desenvolvimento e difusão da
pela educação são as faculdades e escolas consciência associativa e a multiplicação conse-
de comunicação. Com efeito, a formação qüente de grupos ecológicos, associações de classe,
atual dos comunicadores sociais dá ênfase associações de bairro e de vizinhança, comuni-
aos aspectos técnicos e administrativos do dades eclesiais de base e t c , mostram que foi
manejo dos meios, mas pouca atenção às quebrado — oxalá definitivamente — o antigo
estratégias de utilização da comunicação num conformismo e passividade da sociedade civil.
sentido educativo e dinamizador das trans- Ante ela, ergue-se formidável, toda uma tradição
formações sociais. Os comunicadores saem de monopólio e de manejo da comunicação pelas
da faculdade moldados para o trabalho em classes dominantes, dispostas a perpetuar os
meios do tipo comercial-empresariaI e, orgu- padrões de elitismo, privilégio, coerção e explora-
lhosos de seu profissionalismo, caem na ção que caracterizaram nossa história. 0 uso da
tentação de esquecer que a capacidade de comunicação, evidentemente, foi apenas um dos
comunicar deve ser estendida a toda a meios empregados, junto a sanções econômicas,
discriminação educacional, nepotismo e, ainda, de jornalistas e radialistas nas folhas de paga-
exílio, tortura e outros de triste memória. mento oficiais para que veiculem matérias
Na manipulação da comunicação, as classes favoráveis ao governo; a influência das firmas
dominantes mobilizaram tantos tipos de medidas anunciadoras na política editorial dos meios
que sua enumeração seria impossível. Entretanto, comerciais etc.
uma tentativa de classificação destas medidas
distingue entre: Há ainda as táticas diversionistas do governo
quando, para apartar a atenção do' povo dos
Comunicação dirigida: consistindo na manipulação problemas de base, fomenta filmes, programas
da linguagem, obrigatoriedade de certos signi- de rádio e de T V isentos de qualquer valor
ficados, imposição de certos conteúdos, proibi- educativo ou conscientizador, como os programas
ção de outros (censura), utilização de adjetivos de calouros, os jogos competitivos, os concursos
laudatórios para as autoridades do momento. com prêmios, as pornochanchadas, assim como
também os horóscopos, colunas sociais de mexe-
Comunicação limitada: envolve qualquer medida
ricos, suplementos dominicais de orientação
para a manutenção das massas na ignorância; a
frívola e consumista etc.
educação sendo orientada para forçar as classes
Nos programas de TV do tipo "pão e circo",
baixas a manterem seus códigos restritos, que
aplicam-se métodos de repetição rítmica e ritual
não lhes permitem articular seus interesses e
que condicionam as pessoas, embotando seu
participar do jogo político.
sentido crítico e estético e evitando o desenvol-
Comunicação constrangida: os esforços realizados vimento de sua consciência crítica. As crianças
por grupos privados e governamentais para participantes destes programas recebem forte
estruturar e limitar a comunicação pública com dose de doutrinação consumista e mercantilista,
a finalidade de conseguir que prevaleçam seus ficando condicionadas a uma crescente dependên-
interesses: a obrigação imposta pelo proprietário cia dos reforços e gratificações oferecidos pela
de um jornal no sentido de que todos os jorna- indústria cultural.
listas obedeçam à linha editorial mesmo contra
os ditames de sua consciência; o controle da
opinião dos jornais através do monopólio
estatal de distribuição do papel; a manutenção
A comunicação de resistência pela participação pessoal, e esta passa forçosa-
mente pela comunicação.
Deseja-se colocar o poder da comunicação a
Havendo a sociedade civil constatado que o serviço da construção de uma sociedade onde a
vasto poder da comunicação não está sendo utili- participação e o diálogo transformantes sejam
zado para promover o crescimento integral das possíveis.
pessoas de todas as classes sociais, sendo antes
empregada como um narcótico que oferece ao
povo "pão e circo" em troca de sua desistência
da luta pela transformação da sociedade, a
resistência contra este tipo de comunicação já
começou.
A luta tem adotado a forma de movimentos em
favor de tipos de comunicação chamados:
«» comunicação alternativa
comunicação participatória
comunicação militante
comunicação popular
comunicação de resistência
comunicação folclórica ou tradicional
Embora cada denominação expresse algumas
diferenças de significado, a idéia comum permeando
os diversos movimentos é a de que o homem
social, até agora reduzido à qualidade de um
parâmetro numa equação econômica e submetido
a um planejamento hierarquizada que não o
consulta seriamente, hoje luta por uma sociedade
participativa, i g u a l i t á r i a e antielitista. A transfor-
mação de urna sociedade liberal representativa Os meios de comunicação:
numa sociedade participativa passa forçosamente verdadeiras extensões do homem.
O mesmo ocorre com as obras de Marshall
McLuhan: A G A L Á X I A DE GUTENBERG
(Editora Nacional, 1972); OS MEIOS SÃO A
MASSAGEM (Record), OS MEIOS, EXTENSÕES
DO HOMEM etc. O livro TEORIAS DE COMU-
NICAÇÃO DE MASSA, de Melvin De Fleur,
contém dados relevantes (Zahar Editores),
enquanto COMUNICAÇÃO DE MASSA, de
Charles R. Wright, oferece uma perspectiva
INDICAÇÕES PARA LEITURA sociológica e muitos resultados de pesquisas.
A TEORIA DA INFORMAÇÃO, de Marcello
C. D'Azevedo (Vozes, 1971), desenvolve o ponto
de vista da comunicação como transmissão de
A escolha de leituras adicionais dependerá das informação.
perguntas que o leitor sinta levantar-se em sua Que implicações ideológico-políticas tem a
mente: comunicação ?
Como evoluiu a comunicação e quais são suas Uma excelente coletânea de autores escolhidos
perspectivas? cuidadosamente por sua posição progressista
O FUTURO DA COMUNICAÇÃO, Da galáxia a respeito da comunicação é MEIOS DE COMU-
de Gutenberg à aldeia global de McLuhan, de NICAÇÃO: REALIDADE E MITO, de Jorge
R. A. Amaral Vieira, publicado por Achiamé, Werthein (org.), publicado pela Editora Nacional,
2 a edição, 1981, é a resposta. 1979. O livro COMUNICAÇÃO E PLANEJA-
MUTAÇÕES EM EDUCAÇÃO SEGUNDO MENTO, de Juan Díaz Bordenave e Horácio
MCLUHAN, de Lauro de Oliveira Lima, da Editora Martins de Carvalho, critica os modelos vigentes
Vozes, 1973, é um excelente complemento. de planificação e uso da comunicação na sociedade
Qual é a natureza e a função da comunicação capitalista. COMUNICAÇÃO E INDÚSTRIA
na sociedade? CULTURAL, de Gabriel Cohn (Ed. Nacional,
Embora ultrapassado em vários aspectos, o livro 1977), situa a comunicação no mundo empresarial
de Wilbur Schramm, PROCESSO E EFEITOS DA que produz e vende mensagens. Paulo Freire, em
COMUNICAÇÃO DE MASSAS, continua útil, sua obra EXTENSÃO OU COMUNICAÇÃO?,
revela a violência antipedagógica da educação SOCIAL SEMIOTIC, The Social Interpretation
não-formal diretiva. A Paz e Terra acaba de lançar of Language and Meaning, Londres, Edward
COMUNICAÇÃO DOMINADA, resumindo os Arnold 1979.
modos de influência dos Estados Unidos nos A PRAGMÁTICA DA COMUNICAÇÃO HUMA-
meios latino-americanos de comunicação. Quem NA, de Watzlawick, Beavin e Jackson, focaliza
puder conseguir um exemplar do relatório da a influência da comunicação sobre a personalidade
Comissão da UNESCO para o Estudo dos Problemas e a conduta.
da Comunicação, que apareceu em espanhol E sobre Comunicação Alternativa; Popular,
com o t í t u l o : UN SOLO MUNDO, VOCÊS Participatória, existem textos publicados em
MULTIPLES. COMUNICACION E INFORMA¬ português?
CION EN NUESTRO TIEMPO, publicado por Lamentavelmente, com exceção de FOLKCO¬
Fondo de Cultura Economica en México, 1980, MUNICAÇÃO, a Comunicação dos Marginalizados,
terá ante si uma visão global da situação e pers- de Luiz Beltrão (Cortez Editora, 1980), não há
pectivas da comunicação no cenário mundial. quase nada publicado em forma de livro. Jorge
Como é que a linguagem humana funciona Werthein e Marcela Gajardo estão preparando uma
realmente? Como se formam os significados na coletânea sobre Educação e Participação, para
sociedade? Como afetam os comportamentos? a editora Paz e Terra. Está também no prelo, na
Existem textos sobre Semiologia e suas três Paz e Terra, outra coletânea intitulada COMU-
grandes divisões: a Semântica, a Sintática e a NICAÇÃO E DEMOCRACIA NA AMÉRICA
Pragmática, traduzidos para o português. Alguns LATINA, organizada por Elizabeth Fox e Hector
deles são os seguintes: Schmucler.
Ronald Barthes - ELEMENTOS DE SEMIO-
LOGIA, Cultrix 1979.
R. Jakobson - LINGÜÍSTICA E COMUNI-
CAÇÃO, Cultrix 1973.
I. Hayakawa - A LINGUAGEM NO PENSA-
MENTO E NA AÇÃO, Livraria Pioneira Editora,
1966.
Ainda não traduzido mas excelente é o "Paper-
back" de M. A. K. Halliday LANGUAGE AS
Sobre o autor
Caro leitor:
As opiniões expressas neste livro são as ao autor,
p o d e m não ser as suas. Caso você a c h e que vale a
p e n a escrever um outro livro sobre o mesmo tema,
nós estamos dispostos a estudar sua p u b l i c a ç ã o
c o m o mesmo título como "segunda visão".