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Ourearte

Escola de Música e Artes de Ourém

Robert Schumann

“In der Fremde”


Trabalho realizado por:
Leonor Reis Pereira, 7º grau
Disciplina:
Formação Musical
Docente da disciplina:
João Paulo Fernandes
Estudo do Período
1 Romântico
Ensino Secundário, 2022-23
Índice
ÍNDICE ..................................................................................................................................................................... 3

INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................................4

O ROMANTISMO ....................................................................................................................................................5

BIOGRAFIA DO COMPOSITOR ......................................................................................................................... 6

PRINCIPAIS OBRAS ...................................................................................................................................................7

CONTEXTUALIZAÇÃO DA PEÇA ...................................................................................................................... 8

ANÁLISE DA PEÇA ............................................................................................................................................... 9

CONCLUSÃO ............................................................................................................................................13

WEB GRAFIA: ........................................................................................................................................................14

que remete para a valorização do homem nos 3


tempos antigos.
Introdução
Um dos conceitos fundamentais à formação de um estudante de música consiste na
capacidade do artista de compreender que a música, ao longo do tempo, foi sofrendo
alterações, consoante um conjunto de fatores sociais, culturais, entre outros.
Consequentemente, hoje em dia, fomos instruídos a distinguir e identificar esses períodos
musicais.

Com o objetivo de auxiliar a compreensão e evoluir a capacidade de identificação e de


distinção de cada um desses períodos musicais, os alunos do Ensino Secundário da Escola de
Música e Artes de Ourém – a Ourearte – têm sido propostos pelo docente da disciplina de
Formação Musical, João Paulo Fernandes, a realizar trabalhos de pesquisa e de análise de
obras dos diversos períodos musicais ao longo do ano letivo. Este trabalho teórico apresentado
é realizado no âmbito dessas propostas, de escolha de um compositor da época e de análise
de uma das suas obras, com um especial foco no Período Romântico.

Para atingir tal objetivo, movida por motivos de pessoal gosto e agrado pela obra, e com
alguma curiosidade de pesquisar mais sobre um compositor da época, acabeipor escolher
pesquisar e apresentar um pouco da história de Robert Schumann e de uma das suas obras “In
Der Fremde”
Linha do Tempo Musical, que sintetiza os principais períodos da História da Música

Schumann

Principais nomes da composição de música de

que remete para a valorização do homem nos 4


tempos antigos.
O Romantismo
O período romântico, ou romantismo corresponde a um período na História da
Música que surgiu na Europa no século XVIII, num período de revolução industrial e
de revoluções iluministas, em que a razão humana era especialmente valorizada
nos conceitos artísticos e filosóficos.

Segundo Jacques Barzun, os artistas, quer musicais, quer literários, quer outros, Jacques Barzun,
historiador
deste período podem ser enquadrados em três gerações: a primeira, a segunda e a
terceira. Se, por um lado, na primeira, são explorados pontos como o subjetivismo, o sonho, o
exagero, e a consideração da mulher como uma musa, por outro, na segunda, são
notadas características como o pessimismo e um certo gosto pela dor e pela
morte. Por fim, na terceira são denunciados os vícios e os males da sociedade,
com algum humor e ironia.

Antecede o Romantismo o Classicismo, um período que


abrange, aproximadamente, datas contidas em meados do
entre 1750 e 1820, em que, de uma forma geral, encontra-se
presente na música um estilo mais claro, equilibrado e refinado.
Eça de Queirós,
Este período fora marcado por grandes nomes como Haydn,
artista da Terceira
Wolfgang Amadeus Mozart, Beethoven ou Mozart (compilado disponível em Geração
compositor do Classicismo https://youtu.be/Rb0UmrCXxVA ), entre outros.

Após o Romantismo, encontramo-nos frente ao Modernismo que


surgiu no início do século XX, sendo um período que se distingue de
todos os que lhe antecederam por algumas características, entre elas a
expansão ou abandono da tonalidade ou a incorporação de novos sons
na composição. Tais características podem ser percetíveis em
https://youtu.be/ne4PoC7V0Mk , um compilado das obras de
Igor Stravinsky. Outros grandes compositores da época são
Stravinsky
Paul Hindemith, Séréi Prokofiev e Dmitri Shostakovich.

Finalmente, o Romantismo é um período da música que se


deu entre meados do século XIX e inícios do século XX
(aproximadamente entre 1820 e 1900). As primeiras impressões da
mudança de estilo musical deram-se nas obras de Beethoven, em
especial nalgumas das suas sinfonias que adquiriram um estilo mais
Beethoven individualista e interiorizada, como podemos concluir através de uma das
suas sonatas para piano “Pathetique”, em https://youtu.be/kqvBJc9IovI .
Algumas das características deste período na música e as ideias que transmite
são o individualismo, a valorização exagerada das emoções, o subjetivismo e o
egocentrismo. Outros nomes que tiveram inegável destaque nesta altura foram
Robert Schumann (https://youtu.be/Z8AuECXCTU0 ), Richard Chopin
Wagner e Frédéric Chopin (https://youtu.be/3mi145S-HfQ ).

Schumann

FWagner
Biografia do Compositor

Robert Alexander Schumann foi um compositor alemão


que nasceu no ano de 1810, em Zwickau, na Saxónia,.
Ficou conhecido pelas peças que compôs para piano e
pelos seus trabalhos para orquestra.

Schumann começou a estudar


piano aos seis anos, mas, mais
tarde, o seu pai pressionou-o a ir
estudar Direito para a Universidade de Leipzig. Zwickau

Nessa altura, começou a ter aulas de piano com


Friedrich Wieck. Acabou por se casar com a filha do
seu mestre, Clara, uma excelente pianista, que se
acredita ter composto grande parte das peças de
Schumann
Universidade de Leipzig
para piano.

Em 1829, instalou-se em Heidelberg, onde


compôs valsas ao estilo de Franz Schubert.
A partir de 1835, começou a compor e a dar alas às
suas capacidades e estilo variado e emotivo, que
cativa os ouvintes. Nessa altura, marcou a tendência
para a "construção em mosaico", uma sequência de
breves partes ligadas entre si por uma ideia poética,
Friedrich Wieck
ou musical, com um pensamento sucinto.

Em 1850, um desequilíbrio nervoso transformou-se numa doença


mental incurável, levando Schumann a viver a fase mais dramática da
sua vida. Depois de uma tentativa de se afogar no Rio Reno, em foi
internado num asilo de doentes mentais, onde acabou por morrer, em
1856, em Endenich na Prússia.

Clara Schumann

Heidelberg

Rio Reno
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Principais obras
Eis uma lista das obras mais conhecidas do compositor:

 Davidsbündlertänge (1837),
 Phantasiestücke (1837),
 Kindersgenen (1838),
 Kreileriana (1838),
 Arabaske (1838),
 Humoreske (1838),
 Novelletten (1838),
 Faschingsschwank aus Wien (1838-40),
 Symphony N.º 1 in B-Flat Major (1841),
 Piano Quintet in E-Flat Major (1843),
 Piano Concerto in A Minor (1845)
 Symphony N.º 3 in E-Flat Major (1850-51)

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Contextualização da Peça

A peça, disponível
emhttps://youtu.be/3KiZSE0PQCs , pertence ao ciclo
de canções para voz e piano Liederkreis, Op. 39,
composta no ano de 1840. A parte musical fora obra
de Schumann, enquanto a letra é da autoria do poete
alemão Joseph Freiherr von Eichendorff.
Este ciclo é composto por 12 canções em alemão:

1. "In der Fremde"


2. "Intermezzo"
3. "Waldesgespräch"
4. "Die Stille"
5. "Mondnacht"
6. "Schöne Fremde"
7. "Auf einer Burg"
8. "In der Fremde"
9. "Wehmut"
10. "Zwielicht"
Joseph Freiherr von Eichendorff
11. "Im Walde"
12. "Frühlingsnacht"

Eis a letra original da canção e a respetiva tradução para português:

In der Fremde Longe do país natal


Aus der Heimat hinter den Blitzen rot Do país natal além dos relâmpagos
Da kommen die Wolken her, Chegam as nuvens,
Aber Vater und Mutter sind lange tot, Mas o meu Pai e a minha Mãe estão há
Es kennt mich dort keiner mehr. muito mortos
E ninguém me conhece lá mais.
Wie bald, ach wie bald kommt die stille Zeit,
Da ruhe ich auch, und über mir Quão cedo, ah! quão cedo vem
Rauscht die schöne Waldeinsamkeit, O tempo da paz
Und Keiner kennt mich mehr hier. Em que também eu repousarei, e sobre
mim
Murmurará a bela solidão dos bosques,
E ninguém aqui me conhecerá mais.

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Análise da peça

No geral, o caráter da obra é melancólico, em que o sujeito se apercebe da sua solidão e de


que está sozinho, é bastante sentimental e saudoso, muito focada nos seus sentimentos, que
são características comuns ao período romântico em que se insere. A peça tem uma forma A-
B-A. A métrica é binária, com compasso quaternário (4/4). Podemos encontrar também a
indicação Nitch Schnell, que significa “não muito rápido”.

Começa na tonalidade de fá sustenido menor. Podemos confirmá-lo devido à armação de


clave, devido a subidas no 6º e 7º graus da tonalidade(mi e ré) e também através da audição
da peça identificamos o caráter melancólico em que se inicia e que posteriormente será
retomado. No último compasso do terceiro sistema da primeira folha, ocorre uma modulação
para lá maior; ao ouvir a peça vemos que adquire um caráter mais esperançoso, para enfatizar
as expressões de paz já colocadas na letra do poema. Este contraste que separa as duas
estrofes é bastante evidente. No segundo compasso do primeiro sistema da segunda página,
identificamos uma alteração dos sóis, que passam de sustenidos para naturais, e vemos
também algumas subidas nos lás. Estes fatores fazem-nos acreditar que modulamos para a
tonalidade de si menor, que volta a enfatizar a tristeza e a solidão do sujeito. Por fim,
voltamos a modular para fá sustenido menor, em que ficamos até ao final da peça. Isto é
evidenciado a partir do segundo compasso do terceiro sistema da segunda página, em que
deixamos de ter alterações nos sóis e voltamos a presenciar mis e rés subidos. Esta modulação
traz-nos de volta ao início e aos pensamentos solitários do narrador. As alterações nos lás
perto do final podem ser interpretadas como acordes de alteração cromática ou como
pequenas modulações para si menor.

Em relação a ornamentação, podemos identificar apogiaturas (como na primeira página no


primeiro compasso do segundo sistema na voz, no segundo compasso do terceiro sistema, ou
como na segunda página no primeiro compasso do quarto sistema). O piano tem também
algumas acentuações nas notas mais agudas de alguns acordes, que funcionam como uma
espécie de trampolim. As dinâmicas variam entre piano e pianíssimo, o que novamente
enfatiza a solidão e a tristeza do sujeito.

O piano tem uma função de demonstrar uma tempestade que está ao longe ao longo da peça,
ao criar alguma tensão que se repete como um metrónomo com o acompanhamento. Começa
por tocar as notas do acorde da fundamental da tonalidade (acorde de fá sustenido menor
desconstruído), que vai repetindo. No terceiro compasso vemos uma subida no mi, o que é
comum visto que é o 7º grau da tonalidade menor. No último compasso do segundo sistema,
o si é subido, o que podemos interpretar como a subdominante, que fora subida para evitar a
dissonância da 4ª aumentada e torná-la numa quinta perfeita.

Do segundo para o terceiro compasso do terceiro sistema, temos uma cadência perfeita (v-i),
que marca o fim da primeira estrofe, e que nos indica o fim de uma passagem para passar para
outra menos melancólica. A obra acaba com o primeiro grau antecedido do primeiro grau
invertido na segunda inversão. No último compasso são repetidas as notas do acorde da
fundamental, o compasso anterior termina com o iv com a quinta omitida (fá, bastante
comum nesta obra e bastante repetido). A cadência final é então plagal.

A repetição das notas do piano ao longo da obra, os acordes de alteração cromática e algumas
alterações em algumas notas criam uma certa tensão que se assemelham a uma tempestade
que está ao longe e que acompanha o choro e a angústia do sujeito.
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Conclusão
Em suma, o romantismo corresponde a um importante período da
história da música, com características em que o sentimentalismo e o
individualismo são valorizados. Neste intervalo temporal vieram a
conhecer-se vários nomes de talentosos compositores, como Chopin.

Schumann foi um dos principais compositores deste período devido ao


seu sentimentalismo e escrita de qualidade.

Por fim, achei de extrema relevância a realização desta fundamentação teórica e análise de
uma peça do romantismo. Devido à elaboração deste trabalho, pude familiarizar-me um
bocadinho mais com a estrutura de fundamentações e apresentações de temas propostos.

Graças a este trabalho pude também alargar o meu


conhecimento sobre outro importante período da música,
desafiei as minhas capacidades de análise de obras, e de
aplicação de conceitos lecionados nas aulas das diferentes
disciplinas, o que me dará algum impulso e gosto por o
realizar em futuras tarefas, tal como me impulsionou para
proceder a uma maior audição de música de séculos passados.

Agradeço por fim, a oportunidade de ter elaborado um


trabalho como este, pois pude encontrar uma chave capaz de
abrir os meus horizontes musicais e me tenha permitido
celebrar a diversidade musical!

Muito obrigada pela atenção!

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Web grafia:

https://www.infopedia.pt/apoio/artigos/$robert-schumann
https://www.rtp.pt/antena2/letras-de-cancoes/letra-s/robert-schumann_1329_1349
https://www.oxfordlieder.co.uk/song/504
https://en.wikipedia.org/wiki/Liederkreis,_Op._39_(Schumann)

A aluna Rute Frias merece também estar aqui presente e deve receber bastante crédito, pois
esta prestou-me um grande auxílio na análise da peça.

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