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Resumos F
Resumos F
- A sucessão inicia-se com a morte do de cujus (artigos 2031.º, número 2 do artigo 2050.º e
2032.º e consolida-se com a aceitação da herança.
- Para efeitos jurídicos, a abertura da sucessão é o lugar do último domicílio do de cujus (Artigo
2031.º e 82.º CC).
- No cálculo da legítima deve-se atender ao valor dos bens à data da morte do de cujus –
Artigo 2162.º
- Vocação – chamamento à sucessão, feita pela lei ou o de cujus, no momento da sua morte,
das pessoas já designadas para suceder – Artigo 2032.º
Artigo 62.º - A sucessão por morte é regulada pela lei pessoal, a lei da nacionalidade
do autor da sucessão. Esta era a regra fundamental para a determinação da lei
aplicável para regular de qualquer português falecido em Portugal ou fora de Portugal,
assim como de estrangeiro que falecesse em Portugal
- Sempre que o falecido tenha feito uma disposição por morte antes de 17 de Agosto
de 2015, por força do regulamento e nos termos da lei que o falecido tivesse podido
escolher, considera-se que essa lei foi escolhida como lei aplicável à sucessão (número
4 do Artigo 83.º).
- Por aplicação da lei de um estado terceiro, entende-se a aplicação de normas
jurídicas em vigor nesse estado, incluindo as de direito internacional privado, na medida em
que aquelas regras remetam para:
a) Lei de um Estado-Membro; ou
b) Lei de outro Estado terceiro que aplicaria a sua própria lei
Consulta da lei sucessória de outro estado membro:
www.e-justice.europa.eu
d) PRINCÍPIOS BÁSICOS
1. Preferência de Classe – Os herdeiros de cada uma das classes
preferem aos das classes seguintes (Artigo 2134.º)
2. Preferência do grau de parentesco dentro de cada classe – Dentro de
cada classe os parentes de grau mais próximo preferem aos de grau
mais afastado (2135.º) com exceção do que resulta do direito de
representação (2138.º).
3. Sucessão por Cabeça – Os parentes de cada classes sucedem em
partes iguais (2136.º), com as seguintes exceções:
- Se o cônjuge concorrer à herança com descendentes ou
ascendentes (Artigos 2139.º e 2142.º), nunca pode ter menos
que o quinhão de ¼ .
- Se irmãos germanos concorrerem com irmãos unilaterais –
consanguíneos ou uterinos (Artigo 2146.º)
e) SUCESSÃO DO CÔNJUGE
Exemplo:
MARIA e MANUEL (Casados na Comunhão Geral)
Deixaram 3 filhos: António, Berto e Carlos
Valor dos bens: 1200
Meação de cada Cônjuge: 600
Herança a partilhar: 600
Quinhão hereditário de cada herdeiro de Maria: 150
Cônjuge tem 600 de meação e 150 de herança = 750
Exemplo:
MARIA e MANUEL (Casados na Comunhão de adquiridos)
Deixaram 3 filhos: António, Berto e Carlos
Valor dos bens comuns: 1200
Valor dos bens próprios de Maria: 400
Meação do cônjuge: 600
Herança a partilhar 600+400=1000
Quinhão hereditário de cada herdeiro de Maria: 250
Cônjuge tem 600 de meação e 250 de herança - 850
Exemplo:
MARIA e MANUEL (Separação de Bens)
Deixaram 3 filhos: António, Berto e Carlos
Não existem bens comuns
Valor dos bens próprios de Maria: 600
Não existe meação do cônjuge
Herança a partilhar 600
Quinhão hereditário de cada herdeiro de Maria: 150
Não faz parte do direito das sucessões o regime do apanágio do cônjuge sobrevivo (Artigos
2018.º e 2019.º do CC) que constitui um direito de alimentos do cônjuge sobrevivo, um
encargo da herança, suportado pelos herdeiros e legatários do de cujus, na proporção do
respetivo quinhão.
DISSOLUÇÃO DO CASAMENTO
O cônjuge só é herdeiro se o casamento subsistir à data da morte do de cujus, logo, o cônjuge
não é chamada à sucessão se se encontrar divorciado ou separado judicialmente de pessoas e
bens, por sentença já transitada em julgado ou a ser proferida ou a transitar em julgado
(porque a ação prossegue com os herdeiros) ou se o casamento vier a ser declarado nulo ou
anulado (pois neste caso o casamento até é inexistente).
A partilha faz-se por cabeça, mas está garantido ao cônjuge a quota mínima
de ¼ da herança;
Se existirem até 3 filhos, a herança será dividida em partes iguais (cônjuge e 3
filhos). Se existirem 4 ou mais, ¼ da herança é reservada ao cônjuge e o
remanescente (3/4) será dividido pelo número de filhos.
Os descendentes dos filhos (netos, bisnetos, etc.) que não puderem ou não
quiserem aceitar a herança, são chamados à herança em virtude do direito de
representação (2140.º e 2042.º), sendo a divisão feita por estirpe e não por
cabeça.
j) SUCESSÃO DO ESTADO
- O Estado é chamado na falta de qualquer sucessível das classes anteriores, e
opera-se por direito, sem necessidade de aceitação, não podendo o Estado
repudiar (Artigo 2154.º).
- Tem que ser reconhecida judicialmente a falta de outros sucessíveis
legítimos, para que a herança seja declarada vaga para o Estado (Artigo
2155.º).
- Recai sobre os bens que o de cujus não pode dispor, isto é, a quota
indisponível da legítima;
- É uma sucessão obrigatória ou imperativa, desde que o falecida tenha
deixado parentes chegados;
- Intangibilidade da legítima – Artigo 2156.º
b) HERDEIROS LEGITIMÁRIOS
Cônjuge, descendentes e ascendentes pela ordem prevista para a sucessão
legítima (Artigo 2157.º + 2131.º a 2136.º), isto é:
- Preferência de classe;
- Preferência de grau;
- Divisão por cabeça, e
- Representação de descendentes
VALOR DA LEGÍTIMA:
½ - Legítima do cônjuge, se concorrer sem descendentes nem
ascendentes;
2/3 – Legítima de cônjuge e descendentes;
½ - Legítima de um único filho, sem cônjuge sobrevivo;
2/3 – Legítima de 2 ou mais filhos, sem cônjuge sobrevivo;
2/3 – Legítima de cônjuge em concurso com ascendentes;
½ - Legítima de pais;
1/3 – Legítima dos ascendentes em segundo grau e seguintes;
d) LEGADO EM SUBSTITUIÇÃO DA LEGÍTIMA (Artigo 2165.º)
- Não há verdadeiramente uma violação do princípio da intangibilidade
(inatacabilidade) da legítima, porquanto, se trata de uma proposta feita ao
herdeiro, o qual ou aceita a legitima e perde o direito ao legado ou aceita
o legado e perde o direito à legítima.
Assim, se o herdeiro aceita o legado, por sua vontade, repudia a legítima.
Na falta de manifestação em contrário, entende-se que o herdeiro aceitou
o legado.
O valor do legado não pode atingir a legítima dos demais herdeiros, caso
contrário, está sujeita a redução.
- Ato unilateral e irrevogável pelo qual uma pessoa dispõe para depois da morte, de
todos os seus bens ou parte deles;
- Também admite disposições de caráter não patrimonial:
- A forma do funeral
- Destino do seu cadáver (doação do corpo para a ciência)
- Designação de tutor a filho menor (1928.º/1 e 2)
- Deserdação (quando possível – Artigos 2166.º e 2167.º)
- Perfilhação (Art. 1853.º alínea b))
- Revogação expressa de anterior testamento (Art. 2312.º)
- Reabilitação de indigno (Artigo 2038.º), etc…
b) CARATERÍSTICAS
- Ato jurídico unilateral, pessoal, singular, não receptício, formal, revogável e mortis
causa;
- São proibidos testamentos “de mão comum” (Artigo 2181.º), porém existe uma
exceção;
- Ato solene/formal porque reveste a forma prevista nos artigos 2204.º e seguintes e
2210.º e seguintes;
- Os notários devem remeter à Conservatória dos Registos Centrais a informação dos
testamentos, etc. que hajam sido lavrados no mês anterior (Artigo 187.º e 202.º do
Código do Notariado);
- O testador não pode renunciar à faculdade de revogar, no todo ou em parte, o seu
testamento (Artigo 2311.º);
- Ato livremente revogável até ao último momento da vida do testador (Artigo
2179.º);
- A revogação pode ser expressa, caso haja declaração do testador noutro
testamento ou numa escritura de revogação de testamento (artigo 2312.º) ou pode
ser tácita, quando não há uma manifestação clara e expressa de revogar, mas esta
advém da incompatibilidade da última manifestação de vontade do testador com as
anteriores (Artigo 2313.º).
- Se existirem dois testamentos com a mesma data, e não se souber qual o primeiro
e último, havendo disposições contraditórias, e só quanto a estas, as mesmas têm-
se por não escritas (número 2 do artigo 2313.º);
- As disposições testamentárias estão sujeitas a caducidade nos termos do artigo
2317.º (Fica um prazo ou estabelecer a verificação de certa situação para que um
direito possa ser exercido).
c) CAPACIDADE TESTAMENTÁRIA
- Podem testar todas as pessoas com capacidade jurídica, logo, só não pode testar
quem a lei declara incapaz de o fazer (Artigo 67.º e 2188.º).
Formas comuns:
- Público
- Cerrado
Formas especiais:
- Testamentos militares
- Testamentos feitos a bordo de navio
- Testamentos feitos a bordo de aeronaves, etc.
- Testamento que é escrito e assinado pelo testador ou por outa pessoa, a seu rogo,
ou escrito por outra pessoa a rogo do testador e por este assinado.
- É um testamento fechado e lacrado pelo Notário, a quem é apresentado, o qual,
sem ler o seu conteúdo verifica a sua validade formal e procede à sua aprovação, e é
neste instrumento de aprovação que o Notário tem de consignar a razão por que o
testador não assinou o testamento, se tal ocorrer;
d) LEGADOS
4) Cumprimento do Legado
e) SUBSTITUIÇÃO
- Não obstante “vocação” seja o chamamento à sucessão, feito por lei ou por
vontade do de cujus, no momento da sua morte das pessoas já designadas para
suceder, há casos em que a sucessão é indireta e os bens do falecido não transitam
imediatamente para o seus sucessores definitivos, mas sim para outros que o de
cujus designa. Existem 3 tipos:
1) Substituição direta (Artigos 2281.º a 2285.º)
- O testador pode indicar outra pessoa ao herdeiro instituído para
o caso deste não poder ou não querer aceitar a herança.
- Afasta o direito de acrescer e de representação (no âmbito da
quota disponível)
- Exemplo: Instituo herdeiro da Quota disponível o Manuel. Se o
Manuel não quiser ou não poder aceitar a minha herança, instituo
herdeiro da Quota Disponível o Joaquim.
2) Substituição Fideicomissária (Artigos 2286.º a 2296.º)
- Tem lugar quando o testador impõe ao herdeiro instituído o
encargo de conservar a herança para que esta reverta, por sua
morte, a favor de outrem (Artigo 2286.º e 2291.º)
- Fiduciário – É o herdeiro encarregado do encargo (de conservar a
herança).
- Fideicomissário – É o beneficiário da substituição
- Só é possível num único grau (Artigo 2288.º). Mesmo que tal
substituição esteja prevista, entende-se como não escrita e não
afeta a validade da primeira substituição
- Exemplo: Lego por conta da quota disponível a Maria, o bem
imóvel X, com o encargo de o conservar, após a sua morte, para a
respetiva filha Joaquina.
- Existem situações em que a lei considera como disposições
fideicomissárias, uma vez que são fideicomissos irregulares (Artigo
2295.º)
“Acordo entre nubentes destinado a fixar a lei aplicável ao seu regime matrimonial, e/ou o seu
regime de bens e ainda, querendo, renunciar reciprocamente à condição de herdeiro
legitimário” – Maria dos Anjos Barreiros
1) PRINCÍPIOS
a) Liberdade de Estipulação
RESTRIÇÕES
Exceções:
(1) Revogação de Pactos Sucessórios quando legalmente admitidos;
(2) Simples Separação Judicial de Bens;
(3) Separação Judicial de Pessoas e Bens;
(4) Alteração da lei aplicável ao regime matrimonial desde que essa lei seja uma
das seguintes (a partir de 29/01/2019) – Artigo 22.º do Regulamento (EU)
2016/1103 do Conselho, de 24 de Junho de 2015:
- Lei do Estado da residência habitual dos cônjuges, ou de um deles, no
momento que for concluído o acordo, ou;
- Lei do Estado da nacionalidade de qualquer dos cônjuges no momento da
conclusão do acordo.
(O regulamento, por ser hierarquicamente superior ao Código Civil, veio permitir a
possibilidade de alteração da escolha da lei aplicável. Se a lei escolhida permitir
alterar, durante o casamento, o regime de bens, então este princípio fica
excecionado).
Objetivo:
(1) Evitar o eventual ascendente de um cônjuge sobre o outro após o casamento;
(2) Proteger terceiros evitando que legitimas expectativas desde quanto aos bens
do casal, responsáveis pelas dívidas dos cônjuges;
(a) Regra geral, para situações sem elemento transfronteiriço – Lei da nacionalidade
dos Nubentes ao tempo da celebração do casamento – Artigo 53.º/1;
(b) Regra geral, para situações com elemento transfronteiriço – Artigo 26.º do
Regulamento (EU) 2016/1103 do Conselho, de 24 de Junho de 2015. Aqui, na ausência
de escolha de lei, estabelece o Regulamento a hierarquia dos factores que determinam
a lei aplicável;
(1) A primeira residência habitual comum dos cônjuges depois da celebração do
casamento (solução muito diferente prevista no n.º2 do artigo 53.º do CC), ou, na falta
desta,
(2) Da nacionalidade comum dos cônjuges no momento da celebração do
casamento. Este critério não pode ser aplicado se os cônjuges tiverem mais que uma
nacionalidade comum, ou, na falta desta,
(3) A lei do Estado com o qual os cônjuges tenham em conjunto uma ligação mais
estreita no momento da celebração do casamento.
3) REQUISITOS
4) FORMA
Situação jurídica dos bens que os cônjuges possuem no momento da celebração do casamento
ou que por eles sejam adquiridos após a sua celebração.
REGIMES DE BENS
(Estatuto que regula as relações patrimoniais entre cônjuges e entre estes e terceiros – José
João Gonçalves Proença)
Desvios:
(a) Imperatividade absoluta – Artigo 1720.º
- Quando falte processo preliminar de publicações junto de autoridade nacional e
- Quando um ou ambos os cônjuges tenham, no momento da celebração do
casamento, mais de 60 anos
a) Regras gerais
- Bens próprios são administrados pelos cônjuges a quem pertencem (administração
disjunta) – Artigo 1678.º
- Bens comuns são administrados por ambos os cônjuges (Administração conjunta) –
Artigos 1678.º/2 e 1699.º
(2) – Determinados bens comuns, podem ser administrados apenas por um dos
cônjuges.
- Os proventos do trabalho, direitos de autor, bens comuns levados para o casal por
um dos cônjuges, bens comuns adquiridos gratuitamente por um dos cônjuges, são
administrados por quem os produziu, ou por cuja mão integram o património comum do
casal.
- Cada um dos cônjuges pode praticar atos de gestão ordinária (conservação) de
bens comuns (Artigo 1678.º/3/1.ª parte)
- Providências administrativas urgentes quando o outo cônjuge estiver impedido de
o fazer e o retardamento resultar graves prejuízos – Artigo 1979.º
- Qualquer dos cônjuges pode fazer movimentos bancários – Artigo 1680.º
(2) – Próprios – Podem ser livremente alineados ou onerados pelo cônjuge titular, exceto
se forem utilizados conjuntamente por ambos os cônjuges na vida do lar ou como
instrumento comum de trabalho.
4) EXEMPLOS:
b) Instrumento
- Suprimento Judicial (1684.º/3) e artigo 1000.º e seguintes do CPC
O Consentimento pode ser judicialmente suprido havendo recusa injusta ou
impossibilidade, por qualquer causa, de o prestar.
Menção na escritura: “Adverti os outorgantes que a presente escritura é anulável por falta
de consentimento do cônjuge do primeiro outorgante.”
DOAÇÕES
b) Caraterísticas essenciais:
(1) Atribuição patrimonial geradora de enriquecimento;
(2) Diminuição do Património do doador (daí que as doações não podem abranger
bens futuros – Artigo 942.º/1, não são dações o comodato, nem a prestação de
serviços gratuitos, pois nestes casos não existe diminuição do património do doador).
(3) Gratuitidade – Não existe qualquer contrapartida pecuniária pela transmissão da
propriedade ou da assunção da obrigação;
(4) Não sinalagmático – Só surgem obrigações para uma das partes (doador);
(5) Só pode haver doação de bens presentes;
(6) As doações em princípio são sempre em vida. As doações por morte só são
válidas se revestirem a forma de testamento.
d) Capacidade
- Ativa:
(1) Equiparação à capacidade contratual geral (Artigo 67.º do CC)
(2) Nem os incapazes nem os seus legais representantes podem fazer
doações, nem mesmo com autorização judicial (Artigos 949.º/2 e 1937.º alínea
a)).
(3) É regulada pelo estado em que o doador se encontrar ao tempo da
doação.
- Passiva:
(1) Fixada no momento da aceitação;
(2) Equiparação à capacidade contratual geral (Artigo 67.º do CC)
(3) Ato de mera administração
(4) Lei estabelece situações de indisponibilidade e não de incapacidade;
Exemplos: Doações puras ou a incapazes sem encargos não carecem de
aceitação – Artigo 951.º/2
Doações a nascituros e concepturos – Artigo 952.º
1. REGIME
- Aplica-se subsidiariamente o regime geral do contrato de doação.
- Trata-se de um regime especial face ao regime geral
2. CARATERÍSTICAS
- O donatário tem de ser um ou ambos os esposados (Artigo 1753.º)
- O doador pode ser o outro esposado ou um terceiro (Artigo 1754.º)
- É condição de eficácia a celebração do casamento, salvo estipulação em contrário
(Artigo 1755.º/1)
- Podem ser realizadas entre vivos (Artigo 1755.º/1), como
- Podem ser realizadas mortis causa (Artigo 1755.º/2 e 1701.º a 1703.º)
(1) – implica a derrogação do princípio geral da proibição das doações por morte
(Artigo 946.º)
(2) Implica a derrogação do princípio geral da proibição de doações de bens
futuros (Artigo 942.º)
- Este tipo de doações está sujeita a redução por inoficiosidade nos termos gerais
(Artigo 1759.º)
- Os bens doados por um esposado ao outro têm a natureza de bens próprios do
donatário, seja qual for o regime de bens, salvo convenção em contrário (Artigo
1757.º)
- As doações entre esposados (e não de 3.º aos esposados) não são revogáveis por
mútuo consentimento, depois do casamento (Artigo 1758.º)
3. FORMA
- Só podem ser feitas nas convenções antenupciais (Artigo 1756.º/2)
(1) – A sua inobservância face às doações por morte origina a nulidade – Artigo
946.º/2;
(2) A sua inobservância face às doações entre vivos origina a inaplicabilidade do
regime específico das doações para casamento;
4. EFEITOS
- Nas doações entre vivos os efeitos apenas se produzem a partir da celebração do
casamento, porém admite estipulação em contrário – 1755.º/1
- Nas doações mortis causa os efeitos apenas se produzem com a morte do doador
(Artigo 1753.º, 1701.º e 1703.º);
5. CAUSAS DE EXTINÇÃO
- Caducidade – Artigo 1760.º
(1) – Se o casamento não for celebrado dentro de um ano ou, tendo-o sido, vier a ser
declarado nulo ou anulado;
(2) Se ocorrer divórcio ou separação judicial de pessoas e bens, tenha a doação sido
feita por ambos os esposados ou de 3º a qualquer um dos esposados;
1. REGIME
- Aplica-se subsidiariamente o regime geral do contrato de doação (mas não se
aplica, por exemplo os artigos 978.º e 979.º).
- Trata-se de um regime especial face ao regime geral.
2. CARATERÍSTICAS
- Livre revogabilidade e somente pelo cônjuge doador (Artigo 1765.º)
- O doador não pode renunciar ao direito de revogar a doação (Artigo 1765.º)
3. OBJETIVO
- Reforço da situação patrimonial do cônjuge para além da que resultaria da
sucessão hereditária, daí que, tendo uma função testamentária, também aqui se
equipara o princípio da livre revogabilidade (Artigo 2187.º e 2311.º)
4. LIMITAÇÕES
(1) É proibida a doação entre cônjuges se entre eles vigorar imperativamente o
regime da separação de bens (artigo 1762.º do CC) – para obstar à possibilidade
de se tornear a imposição da separação de bens e fazer a transferência de bens
entre os patrimónios próprios dos cônjuges;
(2) A doação de coisa móvel, mesmo que acompanhada da tradição da coisa,
carece sempre de forma escrita (artigo 1763.º);
(3) Não são possíveis doações recíprocas no mesmo ato (1763.º/2), o que está em
harmonia com a proibição de testamento de “mão comum” (Artigo 2181.º)
(4) Só podem ser doados bens próprios do doador, os quais não se comunicam,
independentemente do regime de bens (Artigo 1764.º)
5. CAUSAS DE EXTINÇÃO
(1) Revogação – Artigo 1765.º
(2) Caducidade – Artigo 1766.º
- Falecendo o donatário antes do doador, exceto se este confirmar a doação nos 3
meses subsequentes ao óbito;
- Se o casamento vier a ser declarado nulo ou anulado, e
- Ocorrendo divórcio ou separação judicial de pessoas e bens;
3. DIVÓRCIO
- Efeitos:
(1) Cessam quer as relações pessoais como as relações patrimoniais
entre os cônjuges e tem os mesmos efeitos que a dissolução por morte (Artigo
1688.º);
(2) Os efeitos do divórcio produzem-se a partir da data do trânsito em
julgado da respetiva sentença/decisão, mas retroagem à data da propositura
da ação (artigo 1789.º/1)
(3) Se a separação de facto entre os cônjuges estiver provada no
processo, qualquer deles pode requerer que os efeitos do divórcio retroajam à
data que a sentença fixará em que a separação tenha começado;
(4) Os efeitos patrimoniais do divórcio só podem ser opostos a
terceiros a partir da data do registo da sentença;
(5) A Lei 61/2008, de 31 de Outubro, veio revogar o artigo 1787.º do
Código Civil, e assim terminar com o conceito de “culpa” de qualquer dos
cônjuges no divórcio, extinguindo, assim, o conceito e as consequências do
divórcio-sanção.
- Partilha:
(1) Cessando as relações patrimoniais entre os cônjuges, estes ou os
seus herdeiros recebem os seus próprios (que nem vão à partilha) e a sua
meação nos bens comuns, conferindo cada um deles o que dever a este
património (Artigo 1689.º/1);
(2) Havendo passivo a liquidar, são pagas em primeiro lugar as
dívidas comunicáveis até ao valor do património comum, e só depois as
restantes;
(3) Os créditos de cada um dos cônjuges sobre o outro são pagos
pela meação do cônjuge devedor no património comum. Não existindo bens
comuns, ou sendo estes insuficientes, respondem dos bens próprios do
cônjuge devedor;
(4) Na partilha nenhum dos cônjuges pode receber mais do que
receberia se o casamento tivesse sido celebrado segundo o regime da
comunhão de adquiridos.
* Parecer no 20/2009 SJC-CT
* Parecer Proc. no C.P. 90/2009 SJC
* Acórdão TRP Processo no 124/10.6TBOAZ.P1
4. REGIME FISCAL
- Incidência objetiva – Aquisição, a título oneroso do direito de propriedade
(sobre imóveis) – Artigo 2.º, n.º1 CIMT
- Não é aplicável a liquidação de IMT no excesso da quota parte se a mesma
resultar de ato de partilha por efeito de dissolução do casamento que não
tenha sido celebrado sob o regime da separação de bens (Artigo 2.º, número
5, alínea c));
- A liquidação do IMT é da iniciativa dos interessados, no Serviço de Finanças
do domicílio ou sede do sujeito passivo (Artigo 19.º e al. c) do n.º2 do artigo
21.º do CIMT).
- Serve de base à liquidação os instrumentos legais de divisão, e deve ser pago
no prazo de 30 dias a contar da liquidação (Artigo 36.º/7 do CIMT) e (Artigo
23.º)
- O imposto de selo incide sobre todos os atos e contratos previstos na Tabela
Geral (Artigo 1.º/1 do CIS)
- Aquisição onerosa ou por doação do direito de propriedade sobre bens
imóveis (…) sobre o valor de 0,8%;