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INFORMATIVOS SIMPLIFICADOS DO CURSO MAURÍCIO MOITINHO.

COMENTÁRIOS AO INFO 669 DO STJ.

O ACOLHIMENTO DA IMPUGNAÇÃO DO VALOR DA CAUSA EM MOMENTO


POSTERIOR À DECISÃO QUE JULGOU O MÉRITO DA CAUSA PRINCIPAL NÃO
GERA NULIDADE DO PROCESSO.

Os Arts. 336 e 337, III do Novo CPC estabelecem o seguinte:

“Incumbe ao réu alegar, na contestação, toda a matéria de defesa, expondo as razões


de fato e de direito com que impugna o pedido do autor e especificando as provas que
pretende produzir.

“Incumbe ao réu, ANTES DE DISCUTIR O MÉRITO, alegar:

III - incorreção do valor da causa;”

CUIDADO, a redação ANTES DE DISCUTIR O MÉRITO, pode te levar à falsa conclusão


de que o julgamento do pedido de impugnação ao valor da causa, pode levar à
extinção do processo sem a resolução do mérito, mas não é o que se verifica nos Arts.
485 e 293 do Novo CPC, que dizem o seguinte:

“Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando:

I - indeferir a petição inicial;

II - o processo ficar parado durante mais de 1 (um) ano por negligência das partes;

III - por não promover os atos e as diligências que lhe incumbir, o autor abandonar a
causa por mais de 30 (trinta) dias;

IV - verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e


regular do processo;

V - reconhecer a existência de perempção, de litispendência ou de coisa julgada;

VI - verificar ausência de legitimidade ou de interesse processual;

VII - acolher a alegação de existência de convenção de arbitragem ou quando o juízo


arbitral reconhecer sua competência;

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VIII - homologar a desistência da ação;

IX - em caso de morte da parte, a ação for considerada intransmissível por disposição


legal; e

X - nos demais casos prescritos neste Código.”

“O réu poderá impugnar, em preliminar da contestação, o valor atribuído à causa pelo


autor, SOB PENA DE PRECLUSÃO, E O JUIZ DECIDIRÁ A RESPEITO, IMPONDO, SE
FOR O CASO, A COMPLEMENTAÇÃO DAS CUSTAS.”

É que o Art. 485, X do Novo CPC, em que pese demonstre o rol do mencionado artigo
não é taxativo, é preciso que em hipóteses diversas das dos incisos I a IX, tenha
havido a expressa previsão no Novo CPC, e o Art. 293 gera consequência diferente,
qual seja a necessidade de complementação das custas.

Deste modo, se o Juiz ao apreciar a contestação, deixou de analisar o pedido de


impugnação ao valor da causa no momento oportuno, nada impede que o mencionado
pedido seja apreciado em momento posterior, constituindo mera irregularidade, por
aplicação dos Arts. 4º e 8º do Novo CPC que dizem:

“As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito,
incluída a atividade satisfativa.

AO APLICAR O ORDENAMENTO JURÍDICO, O JUIZ ATENDERÁ AOS FINS SOCIAIS E ÀS


EXIGÊNCIAS DO BEM COMUM, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa
humana e observando a proporcionalidade, a razoabilidade, a legalidade, a publicidade
e a eficiência.”

É o que restou decidido no AgInt no REsp 1.667.308/SP.

A ALEGAÇÃO DA OCORRÊNCIA DE PONTO FACULTATIVO EMBASADA EM ATO


DO PODER EXECUTIVO NÃO É CAPAZ, POR SI SÓ, DE COMPROVAR A
INEXISTÊNCIA DE EXPEDIENTE FORENSE PARA AFERIÇÃO DA
TEMPESTIVIDADE RECURSAL.

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O Arts. 214 do Novo CPC diz que durante as férias forenses e feriados, não se
praticarão atos processuais, exceto as citações, intimações, penhoras e atos de tutela
de urgência.

Já o Art. 216 do Novo CPC estabelece o seguinte:

“Além dos declarados em lei, SÃO FERIADOS, para efeito forense, os sábados, os
domingos e OS DIAS EM QUE NÃO HAJA EXPEDIENTE FORENSE.”

A delimitação de quais dias são ou não feriados tem uma importância muito grande na
contagem dos prazos processuais, em razão do que diz o Art. 219 do Novo CPC:

“Na contagem de prazo em dias, estabelecido por lei ou pelo juiz, COMPUTAR-SE-ÃO
SOMENTE OS DIAS ÚTEIS.”

Perceba que a redação fala em DIAS ÚTEIS, e não em “dias sem feriados”, e deste
modo, o que vai determinar a suspensão ou não do prazo processual diante de um
feriado local, é o funcionamento de fato ou não do fórum.

Por isso, que o “ponto facultativo” em razão de um feriado municipal não pode vincular
o Poder Judiciário para fins de contagem de prazos, pois se houve o normal
funcionamento da Vara, não há que se falar em inviabilização do protocolo físico da
petição, por exemplo.

Deste modo, o STJ, reiterando a sua jurisprudência pacificada, entendeu nos Edcl no
AgInt no AREsp 1510568/RJ que:

“Na contagem de prazo em dias, estabelecido por lei ou pelo juiz, computar-se-ão
somente os dias úteis.”

Curiosidade: veja a quantidade de vezes que se tentou admitir este Recurso Especial,
por ter o patrono se passado no detalhe relacionado ao ponto facultativo: ele teve que
interpor agravo de instrumento, depois agravo interno, e por fim embargos de
declaração. Todos foram não acolhidos.

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A DESONERAÇÃO DOS ALIMENTOS FIXADOS ENTRE EX-CÔNJUGES DEVE


CONSIDERAR OUTRAS CIRCUNSTÂNCIAS, ALÉM DO BINÔMIO
NECESSIDADE-POSSIBILIDADE, TAIS COMO A CAPACIDADE POTENCIAL
PARA O TRABALHO E O TEMPO DE PENSIONAMENTO.

O Art. 1694 e seu §1º do Código Civil estabelecem o seguinte:

“PODEM os parentes, OS CÔNJUGES ou companheiros PEDIR UNS AOS OUTROS OS


ALIMENTOS DE QUE NECESSITEM PARA VIVER DE MODO COMPATÍVEL COM A SUA
CONDIÇÃO SOCIAL, inclusive para atender às necessidades de sua educação.

§ 1º OS ALIMENTOS DEVEM SER FIXADOS NA PROPORÇÃO DAS NECESSIDADES DO


RECLAMANTE E DOS RECURSOS DA PESSOA OBRIGADA.”

Porém, o Art. 1695 do Código Civil cria uma justificativa para uma limitação temporal
do dever de um dos cônjuges pagar alimentos ao outros, pois o divórcio ou o término
da união estável põe fim à união entre eles:

“SÃO DEVIDOS OS ALIMENTOS QUANDO QUEM OS PRETENDE NÃO TEM BENS


SUFICIENTES, NEM PODE PROVER, PELO SEU TRABALHO, À PRÓPRIA MANTENÇA, e
aquele, de quem se reclamam, pode fornecê-los, sem desfalque do necessário ao seu
sustento.”

Por conta disto, o posicionamento dominante do STJ se consolidou no sentido de que:

“OS ALIMENTOS DEVIDOS ENTRE EX-CÔNJUGES SERÃO FIXADOS COM TERMO


CERTO, A DEPENDER DAS CIRCUNSTÂNCIAS FÁTICAS PRÓPRIAS DA HIPÓTESE SOB
DISCUSSÃO, assegurando-se, ao alimentado, tempo hábil para sua inserção,
recolocação ou progressão no mercado de trabalho, que lhe possibilite manter pelas
próprias forças, status social similar ao período do relacionamento”. (STJ – REsp
189295/SC, DJE 13/03/2020)

Deste modo, se após o decurso do tempo fixado, o alimentando não comprovou que
buscou se restabelecer após o prazo fixado, o STJ entende, desde 2011, mas

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ganhando mais força nos dias atuais, que o alimentante ficará desonerado do seu
pagamento:

“Se os alimentos devidos a ex-cônjuge não forem fixados por termo certo, o pedido de
desoneração total, ou parcial, poderá dispensar a existência de variação no binômio
necessidade/possibilidade, quando demonstrado o pagamento de pensão por lapso
temporal suficiente para que o alimentado revertesse a condição desfavorável que
detinha, no momento da fixação desses alimentos" (REsp 1.205.408/RJ, Rel. Ministra
NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 21/06/2011, DJe 29/06/2011)”

"A fixação de alimentos depende do preenchimento de uma série de requisitos e não


pode decorrer apenas do decurso do tempo. A idade avançada ou a fragilidade
circunstancial de saúde da ex-esposa, fatos inexistentes quando da separação, não
podem ser imputados ao recorrente, pois houve tempo hábil para se restabelecer após
o divórcio, já que separada faticamente do recorrente há quase duas décadas" (REsp
1.789.667/RJ, TERCEIRA TURMA, DJe 22/08/2019).

Deste modo, idade avançada, condição de saúde da ex esposa não são fatores que
determinam a obrigatoriedade da manutenção dos alimentos para após do prazo
fixado, devendo ser analisado no caso concreto, se ela buscou se qualificar para o
trabalho, e se o tempo fixado foi suficiente para tanto.

NO PAGAMENTO DIFERIDO EM PARCELAS, NÃO HAVENDO DISPOSIÇÃO


CONTRATUAL EM CONTRÁRIO, É LEGAL A IMPUTAÇÃO DO PAGAMENTO
PRIMEIRAMENTE NOS JUROS.

O Art. 352 do Código Civil estabelece o seguinte:

“A PESSOA OBRIGADA POR DOIS OU MAIS DÉBITOS DA MESMA NATUREZA, a um só


credor, TEM O DIREITO DE INDICAR A QUAL DELES OFERECE PAGAMENTO, se todos
forem líquidos e vencidos.”

Este instituto é de extrema importância nos dias atuais, e você precisa entender o
motivo, pois ele tem grandes chances de aparecer em provas de Defensoria Pública e

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Ministério Público, por conta do chamado super endividamento em decorrência dos


encargos moratórios dos contratos bancários, tais como dívidas de cartões de crédito,
créditos consignados, e contratos de empréstimo em geral tais como o de cheque
especial.

É que o Art. 352 do Código Civil fala em “pessoa obrigada por DOIS OU MAIS DÉBITOS
DE MESMA NATUREZA”, e em uma dívida de cartão de crédito, tem o valor principal e
o valor dos encargos moratórios (juros, correção,etc), e a depender da interpretação
que se entenda por “débitos da mesma natureza”, a pessoa poderá ou não escolher se
amortiza os juros, ou se amortiza o valor da dívida.

Neste sentido, o Art. 421-A do Código Civil, dispositivo recente, incluído pela Lei
13.874/2019 diz o seguinte:

“OS CONTRATOS CIVIS E EMPRESARIAIS PRESUMEM-SE PARITÁRIOS E SIMÉTRICOS


ATÉ A PRESENÇA DE ELEMENTOS CONCRETOS QUE JUSTIFIQUEM O AFASTAMENTO
DESSA PRESUNÇÃO, ressalvados os regimes jurídicos previstos em leis especiais,
garantido também que:

I - AS PARTES NEGOCIANTES PODERÃO ESTABELECER PARÂMETROS OBJETIVOS


PARA A INTERPRETAÇÃO DAS CLÁUSULAS NEGOCIAIS E DE SEUS PRESSUPOSTOS DE
REVISÃO OU DE RESOLUÇÃO;

II - a alocação de riscos definida pelas partes deve ser respeitada e observada; e

III - a revisão contratual somente ocorrerá de maneira excepcional e limitada.”

Isto nos contratos civis, mas nos contratos consumeristas, como costumam ser as
relações entre bancos e correntistas, e em muitas das vendas a prazo em geral temos
o seguinte, conforme Art. 6º do CDC:

“São direitos básicos do consumidor:

V - a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações


desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem
excessivamente onerosas;”

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Assim, a regra geral (contratos cíveis e consumeristas) é a de que se não houve a


pactuação em sentido contrário, nas vendas a prazo, o devedor pode escolher qual
pagamento irá imputar, ou seja se irá pagar primeiro os juros ou a dívida. Já nos
contratos consumeristas a solução estará no art. 6º, V do CDC.

É o que restou decidido no AgInt no REsp 1843073/SP.

NA CONCORRÊNCIA PARA A VENDA DE BENS IMÓVEIS, É VEDADA, À


ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, A FIXAÇÃO DE CAUÇÃO EM VALOR DIVERSO DO
ESTABELECIDO NO ART. 18 DA LEI N. 8.666/1993.

O Art. 18 da Lei 8.666/93 estabelece o seguinte:

“Na concorrência para a venda de bens imóveis, a fase de habilitação limitar-se-á à


comprovação do recolhimento de quantia correspondente a 5% (cinco por cento) da
avaliação”

O mencionado dispositivo tem por finalidade assegurar maior amplitude de


concorrentes na aquisição de imóveis públicos que estejam sendo vendidos após a
desafetação, e obedece ao princípio da impessoalidade, conforme Arts. 3º, §, I da Lei
8.666/93 e Art. 37 da CF/88:

“A LICITAÇÃO DESTINA-SE A GARANTIR A OBSERVÂNCIA DO PRINCÍPIO


CONSTITUCIONAL DA ISONOMIA, a seleção da proposta mais vantajosa para a
administração e a PROMOÇÃO DO DESENVOLVIMENTO NACIONAL SUSTENTÁVEL E
SERÁ PROCESSADA E JULGADA EM ESTRITA CONFORMIDADE COM OS PRINCÍPIOS
BÁSICOS DA LEGALIDADE, DA IMPESSOALIDADE, da moralidade, DA IGUALDADE, da
publicidade, da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório,
do julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos.“

§ 1o É vedado aos agentes públicos:

I - ADMITIR, PREVER, INCLUIR OU TOLERAR, NOS ATOS DE CONVOCAÇÃO,


CLÁUSULAS OU CONDIÇÕES QUE COMPROMETAM, RESTRINJAM OU FRUSTREM O
SEU CARÁTER COMPETITIVO, inclusive nos casos de sociedades cooperativas, e

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ESTABELEÇAM PREFERÊNCIAS OU DISTINÇÕES EM RAZÃO da naturalidade, da sede


ou domicílio dos licitantes ou DE QUALQUER outra CIRCUNSTÂNCIA impertinente ou
irrelevante para o específico objeto do contrato...”

Porém, a administração pública, visando receber o valor do imóvel, e muitas vezes


temerosa de que eles sejam vendidos a quem não tem condições de cumprir a
totalidade do pagamento, cria no edital a obrigatoriedade de cauções em patamares
superiores a 5%. O STJ ao julgar o REsp 1617745/DF entendeu que isto viola o
princípio da legalidade:

“CONSABIDO É QUE A ADMINISTRAÇÃO ESTÁ VINCULADA AOS DITAMES LEGAIS,


SUBORDINANDO-SE O ADMINISTRADOR AO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE INSERIDO
NO ART. 37 DA CF/88. NESSE CONTEXTO, verifica-se que o valor da caução
estabelecido no art. 18 da Lei n. 8.666/1993 visa precipuamente à garantia da
execução do contrato, SENDO VEDADA, À ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, A FIXAÇÃO DE
CAUÇÃO EM VALOR DIVERSO DO ESTABELECIDO EM LEI.”

É DISPENSÁVEL A SUBMISSÃO AO EXAME DE SUFICIÊNCIA PELOS


TÉCNICOS EM CONTABILIDADE FORMADOS ANTERIORMENTE À
PROMULGAÇÃO DA LEI N. 12.249/2010 OU DENTRO DO PRAZO POR ELA
PREVISTO.

O Art. 5º, XIII da CF/88 estabelece o seguinte:

“É livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, ATENDIDAS AS


QUALIFICAÇÕES PROFISSIONAIS QUE A LEI ESTABELECER;”

Este é o dispositivo que gera, por exemplo, a constitucionalidade do Exame de Ordem,


para o exercício da advocacia, pois trata-se de exame de verificação da habilidade que
visa investigar a “qualificação profissional” de quem deseja advogar.

No caso dos técnicos em contabilidade, atividade regulamentada pelo Decreto-Lei


9.295/1946 não havia, até a Lei 12.249/2010, a necessidade de sujeição a “Exame de

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Suficiência”, o que foi instituído através da alteração da redação do Art. 12 do Decreto


9295/1946 que passou a prever o seguinte:

“OS PROFISSIONAIS A QUE SE REFERE ESTE DECRETO-LEI SOMENTE PODERÃO


EXERCER A PROFISSÃO APÓS A REGULAR CONCLUSÃO DO CURSO DE BACHARELADO
EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS, reconhecido pelo ministério da educação, APROVAÇÃO EM
EXAME DE SUFICIÊNCIA e registro no conselho regional de contabilidade a que
estiverem sujeitos. (Redação dada pela Lei nº 12.249, de 2010)

§ 1o O exercício da profissão, sem o registro a que alude êste artigo, será considerado
como infração do presente Decreto-lei. (Renumerado pela Lei nº
12.249, de 2010)

§ 2o Os técnicos em contabilidade já registrados em Conselho Regional de


Contabilidade e os que venham a fazê-lo até 1o de junho de 2015 têm assegurado o
seu direito ao exercício da profissão.”

Veja que até ali, os técnicos de contabilidade não precisavam ser bacharéis em ciências
contáveis, mas apenas concluírem o ensino médio, e a lei fixou um prazo para que eles
fizessem o registro perante o Conselho Regional de Contabilidade. Porém, muitos
Conselhos Regionais de Contabilidade passaram a aplicar a norma retroativamente,
criando uma espécie de reserva de mercado, exigindo dos técnicos de contabilidade
entre 2010 a 1º de Junho de 2015 o Exame de Suficiência, para fins de aferição da
habilidade.

Tal conduta viola o direito adquirido, bem como o Art. 5º, II da CF/88 que diz:

“Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de
lei;”

É que a lei somente tornou obrigatório exame para os técnicos registrados após 1º de
Junho de 2015. É o que foi decidido no AgInt no REsp 1830687/RS.

O HABEAS CORPUS, QUANDO IMPETRADO DE FORMA CONCOMITANTE COM


O RECURSO CABÍVEL CONTRA O ATO IMPUGNADO, SERÁ ADMISSÍVEL

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APENAS SE FOR DESTINADO À TUTELA DIRETA DA LIBERDADE DE


LOCOMOÇÃO OU SE TRADUZIR PEDIDO DIVERSO DO OBJETO DO RECURSO
PRÓPRIO E QUE REFLITA MEDIATAMENTE NA LIBERDADE DO PACIENTE.

O Art. 5º, LXVIII da CF/88 estabelece o seguinte:

“Conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de


sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de
poder;”

Perceba que o habeas corpus, na forma como foi previsto tem objeto específico:
resguardo da liberdade de locomoção contra ilegalidade ou abuso de poder, ou seja ele
não é uma via de impugnação de toda e qualquer decisão judicial em desfavor do réu,
que tem a via recursal em seu favor. Porém, os Arts. 662 a 664 do CPP preveem algo
que torna muito atraente para a defesa a utilização do habeas corpus em relação a via
recursal, que é a celeridade da sua tramitação:

“Se a petição contiver os requisitos do art. 654, § 1o, o presidente, se necessário,


requisitará da autoridade indicada como coatora informações por escrito. Faltando,
porém, qualquer daqueles requisitos, o presidente mandará preenchê-lo, logo que Ihe
for apresentada a petição.

As diligências do artigo anterior não serão ordenadas, se o presidente entender que o


habeas corpus deva ser indeferido in limine. Nesse caso, levará a petição ao tribunal,
câmara ou turma, para que delibere a respeito.

Recebidas as informações, ou dispensadas, O HABEAS CORPUS SERÁ JULGADO NA


PRIMEIRA SESSÃO, PODENDO, ENTRETANTO, ADIAR-SE O JULGAMENTO PARA A
SESSÃO SEGUINTE.”

Ou seja, a matéria discutida em sede de habeas corpus “passa na frente”, na pauta de


julgamento, relação às apelações, recursos em sentido estrito, embargos de
declaração, agravos em execução, etc, e por conta disto acabou tendo o seu manejo
ampliado para situações diversas das que foram previstas na sua origem.

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Por conta disto, o STJ tem entendimento firmado em sede de jurisprudência em teses
no sentido de que: “o habeas corpus é ação de rito célere e de cognição sumária, não
se prestando a analisar alegações relativas à absolvição que demandam o
revolvimento de provas.” (STJ – HC 119070/SP, DJE 12/05/2015).

A defesa visando se adaptar a este entendimento passou a valer-se de duplicidade de


meios de impugnação de teses condenatórias: a interposição da apelação, e
simultaneamente a impetração do habeas corpus com as mesmas teses.

Por isso o STJ ao julgar o HC 482549 entendeu que no caso de impetração


concomitante de habeas corpus e apelação contra uma mesma sentença, somente será
o habeas conhecido no pedido referente à liberdade (por exemplo, direito de recorrer
em liberdade), ou se houver pedido diverso da apelação, mas relacionado à liberdade
(exemplo, que impugne a fixação de medidas cautelares pessoais diversas da prisão).

NÃO CABE RECLAMAÇÃO PARA O CONTROLE DA APLICAÇÃO DE


ENTENDIMENTO FIRMADO PELO STJ EM RECURSO ESPECIAL REPETITIVO.

O Art. 988 do Novo CPC em sua redação originária estabelecia o seguinte:

“Caberá reclamação da parte interessada ou do Ministério Público para:

I - preservar a competência do tribunal;

II - garantir a autoridade das decisões do tribunal;

III - garantir a observância de decisão do Supremo Tribunal Federal em controle


concentrado de constitucionalidade;

IV - garantir a observância de enunciado de súmula vinculante e de precedente


proferido em julgamento de casos repetitivos ou em incidente de assunção de
competência.”

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Porém o Art. 988, III e IV do Novo CPC sofreram alterações em sua redação peli Lei
13.256/2016, e passaram a prever o seguinte:

“Caberá reclamação da parte interessada ou do Ministério Público para:

III – garantir a observância de enunciado de súmula vinculante e de decisão do


Supremo Tribunal Federal em controle concentrado de constitucionalidade;

IV – GARANTIR A OBSERVÂNCIA DE ACÓRDÃO PROFERIDO EM JULGAMENTO DE


INCIDENTE DE RESOLUÇÃO DE DEMANDAS REPETITIVAS ou de incidente de assunção
de competência;”

Ou seja, expressamente, deixou de caber reclamação ao STJ, por conta de


inobservância de recurso especial repetitivo ou recursos 89

Já o Art. 976 do Novo CPC disciplina o IRDR, incidente de resolução de demandas


repetitivas, novidade criada pelo CPC de 2015:

“É cabível a instauração do incidente de resolução de demandas repetitivas quando


houver, simultaneamente:

I - efetiva repetição de processos que contenham controvérsia sobre a mesma questão


unicamente de direito;

II - risco de ofensa à isonomia e à segurança jurídica.”

Perceba que incidente de resolução de demandas repetitivas e recursos extraordinários


ou especiais repetitivos não são expressões sinônimas, ou seja não são o mesmo
instituto, conforme consta do Art. 928 do Novo CPC:

“Para os fins deste Código, considera-se julgamento de casos repetitivos a decisão


proferida em:

I - incidente de resolução de demandas repetitivas;

II - recursos especial e extraordinário repetitivos.

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Parágrafo único. O julgamento de casos repetitivos tem por objeto questão de direito
material ou processual.”

Neste sentido é bem ilustrativo o seguinte posicionamento do STJ na Rcl 36476/SP:

“A admissão da reclamação, na hipótese em comento, atenta contra a finalidade da


instituição do regime dos recursos especiais repetitivos, que surgiu como mecanismo
de racionalização da prestação jurisdicional do STJ, perante o fenômeno social da
massificação dos litígios.

Nesse regime, o STJ se desincumbe de seu múnus constitucional definindo mediante


julgamento por amostragem, a interpretação da lei federal que deve ser
obrigatoriamente observada pelas instâncias ordinárias. Uma vez uniformizado o
direito, é dos juízes e Tribunais locais a incumbência de aplicação individualizada da
tese jurídica em cada caso concreto.”

O CRÉDITO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS


CONSTITUÍDO APÓS O PEDIDO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL NÃO ESTÁ
SUBMETIDO AO JUÍZO RECUPERACIONAL, RESSALVANDO-SE O CONTROLE
DOS ATOS EXPROPRIATÓRIOS PELO JUÍZO UNIVERSAL.

O Art. 49 da Lei de Falências estabelece o seguinte:

“Estão sujeitos à recuperação judicial todos os créditos existentes na data do pedido,


ainda que não vencidos.”

Já os créditos que surgem após a recuperação judicial são classificados como créditos
extraconcursais, submeterão à ordem prevista no Art. 83 da Lei de Falências, conforme
Art. 67 da mesma Lei:

“Os créditos decorrentes de obrigações contraídas pelo devedor durante a recuperação


judicial, inclusive aqueles relativos a despesas com fornecedores de bens ou serviços e
contratos de mútuo, serão considerados extraconcursais, em caso de decretação de
falência, respeitada, no que couber, a ordem estabelecida no art. 83 desta Lei.”

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Ou seja, a depender de como sejam considerados os honorários de advogado fixados


após o pedido de recuperação judicial, eles serão recebidos como créditos
extraconcursais, ou seja antes da regra do Art. 83, ou como verbas trabalhistas
conforme prevê o Art. 83 da Lei de Falências diz o seguinte:

“A classificação dos créditos na falência obedece à seguinte ordem:

I - os créditos derivados da legislação trabalhista, limitados a 150 (cento e cinquenta)


salários-mínimos por credor, e aqueles decorrentes de acidentes de trabalho;

II - os créditos gravados com direito real de garantia até o limite do valor do bem
gravado;

III - os créditos tributários, independentemente da sua natureza e do tempo de


constituição, exceto os créditos extraconcursais e as multas tributárias;

IV – REVOGADO;

V – REVOGADO;

VI - os créditos quirografários, a saber:

a) aqueles não previstos nos demais incisos deste artigo;

b) os saldos dos créditos não cobertos pelo produto da alienação dos bens vinculados
ao seu pagamento; e

c) os saldos dos créditos derivados da legislação trabalhista que excederem o limite


estabelecido no inciso I do caput deste artigo;

VII - as multas contratuais e as penas pecuniárias por infração das leis penais ou
administrativas, incluídas as multas tributárias;

VIII - os créditos subordinados, a saber:

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a) os previstos em lei ou em contrato;”

O Art. 84 em sua nova redação pela Lei 14.112/2020 diz o seguinte:

“Serão considerados créditos extraconcursais e serão pagos com precedência sobre os


mencionados no art. 83 desta Lei, na ordem a seguir, aqueles relativos:

I-E - às obrigações resultantes de atos jurídicos válidos praticados durante a


recuperação judicial, nos termos do art. 67 desta Lei, ou após a decretação da
falência;”

Havia divergência no âmbito do STJ. A 3ª Turma do STJ entendia que os


honorários advocatícios devidos pela empresa em recuperação posteriormente
ao pedido de recuperação judicial seriam verbas trabalhistas, dado o caráter
alimentar dos honorários.

Porém, a 5ª Turma e a 2ª Seção do STJ entendiam que os honorários surgidos após a


sentença de recuperação judicial seriam extraconcursais, mas a Corte Especial do STJ
no EAREsp 1255986/POR entendeu o seguinte:

“A sentença (ou o ato jurisdicional equivalente, na competência originária dos


tribunais) é o ato processual que qualifica o nascedouro do direito à percepção dos
honorários advocatícios sucumbenciais.

Dessarte, em exegese lógica e sistemática, se a sentença que arbitrou os honorários


sucumbenciais se deu posteriormente ao pedido de recuperação judicial, o crédito que
dali emana, necessariamente, nascerá com natureza extraconcursal, já que, nos
termos do art. 49, caput, da Lei n. 11.101/2005, sujeitam-se ao plano de soerguimento
os créditos existentes na data do pedido de recuperação judicial, ainda que não
vencidos, e não os posteriores. Por outro lado, se a sentença que arbitrou os
honorários advocatícios for anterior ao pedido recuperacional, o crédito dali decorrente

CONTATO: E-mail professormauriciomoitinho@gmail.com


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deverá ser tido como concursal, devendo ser habilitado e pago nos termos do plano de
recuperação judicial.”

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